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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ
     SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO SUPERIOR
FUNDAÇÃO CEARENSE DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E 
                                   TECNOLOGICO­ FUNCAP.
         LICEU DEP. FRANCISCO ALVES SOBRINHO –ACOPIARA –CE
                     FORMADORA: Maria Sonia Taveira de Andrade


LEITURA, TEXTO E SENTIDO
O   que   é   ler?   Para   que   ler?Como   ler?   Evidentemente,   as   perguntas   poderão   ser 
respondidas   de   diferentes   modos,   os   quais   revelarão   uma   concepção   de   sujeito,   de 
língua, de texto e de sentido que se adote .

A concepção de língua como  representação do pensamento corresponde á de sujeito 
psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações. Trata­se de um sujeito 
visto como um ego que constrói uma representação mental e deseja que seja “captada” 
pelo interlocutor da maneira como foi mentalizada.
Nessa   concepção   de   língua   como   representação   do   pensamento   e   de   sujeito   como 
senhor absoluto de suas ações e de seu dizer, o texto é visto como um produto­ 
lógico­ do pensamento ( representação mental) do autor, nada mais cabendo ao  leitor 
senão “ captar” essa representação mental, juntamente com as intenções( psicológicas) 
do produtor, exercendo, pois, um papel passivo.
A leitura assim, é entendida como atividade de captação das idéias do autor, sem se 
levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor, a interação autor­texto­
leitor com propósitos construídos socio­cognitivo­ interacional. O foco de atenção é, 
pois o autor e suas intenções, e o sentido está centrado no autor, bastando tão somente 
ao leitor captar essas intenções.
Foco no texto
Por   sua   vez,   á   concepção   de   língua   como   estrutura   corresponde   a   de   sujeito 
determinado,   “assujeitado”   pelo   sistema,caracterizado   por   uma   espécie   de   “   não 
consciência,   ”.   O   princípio   explicativo   de   todo   e   qualquer   fenômeno   e   de   todo   e 
qualquer   comportamento   indivudual   repousa   sobre   a   consideração   do   sistema,   que 
lingüístico, quer social.
Nessa concepção de língua como código  ­ portanto como instrumento de comunicação 
–   e   de   sujeito   como   (pré)   determinado   pelo   sistema,   o   texto   e   visto   como   simples 
produto de codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor  ouvinte, bastando 
a este, para tanto o código utilizado.
Consequentemente, a leitura, é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em 
sua   linearidade,   uma  vez   que  “  tudo   está  dito”.  Se,  na  concepão  anterior,  ao   leitor 
cabia,o   reconhecimento   do   sentido   das   palavras   e   estruturas   do   texto.   Em   ambas, 
porém   ,   o   leitor   é   caracterizado   por   realizar   uma   atividade   de   reconhecimento,   de 
reprodução.
Na concepção interacional( dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores 
construtores   sociais,   sujeitos   ativos   que   _   dialogicamente   –   se   constroem   e   são 
construídos no texto, considerado o próprio lugar da interação e da constituição dos 
interlocutores.
A leitura é uma atividade na qual se leva em conta experiências e os conhecimentos do 
leitor. A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código 
linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da decodificação de um emissor 
a ser decodificado por um receptor passivo.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e 
interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, 
sobre   o   autor,   de   tudo   o   que   sabe   sobre   a   linguagem   etc.   Não   se   trata   de   extrair 
informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata se de uma atividade 
que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais 
não é possível proficiência. È o uso desses procedimentos que possibilita controlar o 
que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de compreensão, avançar na busca 
de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.(PCNs)
 KOCH, Ingedore V. e Elias, Vanda Maria.Ler e compreender:Os sentidos do texto. São 
Paulo, 2008.

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  • 1. GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO SUPERIOR FUNDAÇÃO CEARENSE DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E  TECNOLOGICO­ FUNCAP. LICEU DEP. FRANCISCO ALVES SOBRINHO –ACOPIARA –CE FORMADORA: Maria Sonia Taveira de Andrade LEITURA, TEXTO E SENTIDO O   que   é   ler?   Para   que   ler?Como   ler?   Evidentemente,   as   perguntas   poderão   ser  respondidas   de   diferentes   modos,   os   quais   revelarão   uma   concepção   de   sujeito,   de  língua, de texto e de sentido que se adote . A concepção de língua como  representação do pensamento corresponde á de sujeito  psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações. Trata­se de um sujeito  visto como um ego que constrói uma representação mental e deseja que seja “captada”  pelo interlocutor da maneira como foi mentalizada. Nessa   concepção   de   língua   como   representação   do   pensamento   e   de   sujeito   como  senhor absoluto de suas ações e de seu dizer, o texto é visto como um produto­  lógico­ do pensamento ( representação mental) do autor, nada mais cabendo ao  leitor  senão “ captar” essa representação mental, juntamente com as intenções( psicológicas)  do produtor, exercendo, pois, um papel passivo. A leitura assim, é entendida como atividade de captação das idéias do autor, sem se  levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor, a interação autor­texto­ leitor com propósitos construídos socio­cognitivo­ interacional. O foco de atenção é,  pois o autor e suas intenções, e o sentido está centrado no autor, bastando tão somente  ao leitor captar essas intenções. Foco no texto Por   sua   vez,   á   concepção   de   língua   como   estrutura   corresponde   a   de   sujeito  determinado,   “assujeitado”   pelo   sistema,caracterizado   por   uma   espécie   de   “   não  consciência,   ”.   O   princípio   explicativo   de   todo   e   qualquer   fenômeno   e   de   todo   e  qualquer   comportamento   indivudual   repousa   sobre   a   consideração   do   sistema,   que  lingüístico, quer social. Nessa concepção de língua como código  ­ portanto como instrumento de comunicação  –   e   de   sujeito   como   (pré)   determinado   pelo   sistema,   o   texto   e   visto   como   simples  produto de codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor  ouvinte, bastando  a este, para tanto o código utilizado. Consequentemente, a leitura, é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em  sua   linearidade,   uma  vez   que  “  tudo   está  dito”.  Se,  na  concepão  anterior,  ao   leitor  cabia,o   reconhecimento   do   sentido   das   palavras   e   estruturas   do   texto.   Em   ambas,  porém   ,   o   leitor   é   caracterizado   por   realizar   uma   atividade   de   reconhecimento,   de  reprodução. Na concepção interacional( dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores  construtores   sociais,   sujeitos   ativos   que   _   dialogicamente   –   se   constroem   e   são 
  • 2. construídos no texto, considerado o próprio lugar da interação e da constituição dos  interlocutores. A leitura é uma atividade na qual se leva em conta experiências e os conhecimentos do  leitor. A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código  linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da decodificação de um emissor  a ser decodificado por um receptor passivo. A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e  interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto,  sobre   o   autor,   de   tudo   o   que   sabe   sobre   a   linguagem   etc.   Não   se   trata   de   extrair  informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata se de uma atividade  que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais  não é possível proficiência. È o uso desses procedimentos que possibilita controlar o  que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de compreensão, avançar na busca  de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.(PCNs)  KOCH, Ingedore V. e Elias, Vanda Maria.Ler e compreender:Os sentidos do texto. São  Paulo, 2008.