Este trabalho apresenta um resumo do relatório final de conclusão de curso de Janaína Machado sobre o tema "Islamismo 2.0". O trabalho analisa como os jovens muçulmanos estão resistindo menos à modernidade e globalização ocidental usando ferramentas digitais para questionar seus governos autoritários. Também discute o choque de civilizações entre Oriente e Ocidente e a dificuldade do Islã em se modernizar. O Irã é usado como caso de estudo, tendo passado por revoluções e protestos recentes lider
I. O documento discute a geopolítica da Europa após a queda do Muro de Berlim em 1989, com a reformulação de fronteiras e surgimento de um novo mapa político no leste europeu.
II. A segunda questão analisa um texto de 1977 que fala sobre a Amazônia ter sido sempre uma terra explorada por interesses externos sem estruturar interesses próprios.
III. Discutem ainda temas como o Eixo do Mal, a Guerra da Coreia e conflitos no Oriente Médio.
I. O documento contém perguntas sobre os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
II. As perguntas cobrem tópicos como as consequências dos ataques, as respostas militares dos EUA no Afeganistão e Iraque, e os efeitos contínuos destes eventos.
III. As questões examinam os pontos de vista sobre as ações dos EUA contra o terrorismo e os países do "Eixo do Mal" após os ataques de 11 de setembro.
O documento resume os principais conflitos no Oriente Médio desde a Guerra do Afeganistão na década de 1970 até os esforços de paz na Síria, incluindo as invasões soviética e americana no Afeganistão, a revolução iraniana, as guerras do Golfo, a Primavera Árabe e a guerra civil síria.
O documento discute vários tópicos de política internacional e direitos humanos, incluindo:
1) A definição de superpotência e as características dos Estados Unidos e União Soviética como superpotências após a Segunda Guerra Mundial.
2) A Declaração Universal dos Direitos Humanos e os princípios de que todos os seres humanos nascem livres e iguais.
3) As visões de política externa de Barack Obama e John McCain, particularmente em relação ao Iraque, Irã e Rússia.
I. O documento apresenta uma avaliação de história sobre o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
II. As questões abordam os efeitos do atentado, as justificativas para a invasão do Afeganistão e Iraque, e a repercussão geopolítica dos ataques.
III. Charges e notícias ilustram a reação dos EUA à ameaça terrorista e os conflitos no Oriente Médio após os ataques.
1) Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 envolveram o sequestro de 4 aviões comerciais pela Al-Qaeda, que foram usados para atacar o World Trade Center e o Pentágono, matando quase 3 mil pessoas.
2) A resposta dos EUA incluiu a invasão do Afeganistão para derrubar o Talibã e lançar a chamada "Guerra ao Terror".
3) Vídeos e declarações posteriores mostraram Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda, assumindo a responsabilidade
O documento resume as teorias da conspiração sobre os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York, questionando se o governo americano esteve envolvido e se os ataques foram uma farsa para justificar uma guerra no Oriente Médio. Apresenta 13 evidências, como a falta de listas de passageiros dos aviões e a antecipação da culpa em grupos terroristas.
Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos envolveram o sequestro de quatro aviões comerciais pela organização terrorista Al-Qaeda, resultando na destruição das Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York e parte do Pentágono nos arredores de Washington D.C., causando a morte de quase 3.000 pessoas. Os ataques levaram os EUA a lançar uma "guerra global contra o terrorismo" e invadir o Afeganistão e Iraque. Dez anos depois, os EUA ainda vivem com
I. O documento discute a geopolítica da Europa após a queda do Muro de Berlim em 1989, com a reformulação de fronteiras e surgimento de um novo mapa político no leste europeu.
II. A segunda questão analisa um texto de 1977 que fala sobre a Amazônia ter sido sempre uma terra explorada por interesses externos sem estruturar interesses próprios.
III. Discutem ainda temas como o Eixo do Mal, a Guerra da Coreia e conflitos no Oriente Médio.
I. O documento contém perguntas sobre os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
II. As perguntas cobrem tópicos como as consequências dos ataques, as respostas militares dos EUA no Afeganistão e Iraque, e os efeitos contínuos destes eventos.
III. As questões examinam os pontos de vista sobre as ações dos EUA contra o terrorismo e os países do "Eixo do Mal" após os ataques de 11 de setembro.
O documento resume os principais conflitos no Oriente Médio desde a Guerra do Afeganistão na década de 1970 até os esforços de paz na Síria, incluindo as invasões soviética e americana no Afeganistão, a revolução iraniana, as guerras do Golfo, a Primavera Árabe e a guerra civil síria.
O documento discute vários tópicos de política internacional e direitos humanos, incluindo:
1) A definição de superpotência e as características dos Estados Unidos e União Soviética como superpotências após a Segunda Guerra Mundial.
2) A Declaração Universal dos Direitos Humanos e os princípios de que todos os seres humanos nascem livres e iguais.
3) As visões de política externa de Barack Obama e John McCain, particularmente em relação ao Iraque, Irã e Rússia.
I. O documento apresenta uma avaliação de história sobre o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
II. As questões abordam os efeitos do atentado, as justificativas para a invasão do Afeganistão e Iraque, e a repercussão geopolítica dos ataques.
III. Charges e notícias ilustram a reação dos EUA à ameaça terrorista e os conflitos no Oriente Médio após os ataques.
1) Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 envolveram o sequestro de 4 aviões comerciais pela Al-Qaeda, que foram usados para atacar o World Trade Center e o Pentágono, matando quase 3 mil pessoas.
2) A resposta dos EUA incluiu a invasão do Afeganistão para derrubar o Talibã e lançar a chamada "Guerra ao Terror".
3) Vídeos e declarações posteriores mostraram Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda, assumindo a responsabilidade
O documento resume as teorias da conspiração sobre os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York, questionando se o governo americano esteve envolvido e se os ataques foram uma farsa para justificar uma guerra no Oriente Médio. Apresenta 13 evidências, como a falta de listas de passageiros dos aviões e a antecipação da culpa em grupos terroristas.
Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos envolveram o sequestro de quatro aviões comerciais pela organização terrorista Al-Qaeda, resultando na destruição das Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York e parte do Pentágono nos arredores de Washington D.C., causando a morte de quase 3.000 pessoas. Os ataques levaram os EUA a lançar uma "guerra global contra o terrorismo" e invadir o Afeganistão e Iraque. Dez anos depois, os EUA ainda vivem com
Este documento contém 20 perguntas sobre atualidades globais, incluindo questões sobre revoltas no mundo árabe, direitos das mulheres no Afeganistão sob o Talibã, conflitos no Oriente Médio e imigração. As perguntas abrangem tópicos como política, sociedade e cultura em diferentes partes do mundo.
A venezuela sob o risco de guerra civil e de conflito internacionalFernando Alcoforado
1) A Venezuela está dividida entre apoiadores e opositores de Maduro e corre o risco de guerra civil e intervenção militar dos EUA.
2) Juan Guaidó se autoproclamou presidente com apoio dos EUA e de outros países, enquanto Rússia, China e outros apoiam Maduro.
3) Há tensão nas fronteiras sobre a entrada de "ajuda humanitária" dos EUA, que Maduro vê como pretexto para intervenção.
1. O documento apresenta um resumo sobre geografia do 12o ano sobre temas como a globalização, a Guerra Fria e o petróleo. 2. Aborda questões como as causas e consequências dos choques petrolíferos, os atores e dimensões da globalização, e os acontecimentos da Guerra Fria como a queda do Muro de Berlim. 3. Inclui gráficos sobre a evolução do preço do petróleo entre 1970-2015 e discute possíveis causas para a recente queda e futura estabilização dos preços
O documento resume as principais informações sobre conflitos armados no mundo. Em três frases:
O século XX foi marcado por grandes guerras que ceifaram muitas vidas. Apesar da queda dos conflitos entre estados, guerras civis internas continuaram aumentando, atingindo novos grupos de vítimas. As guerras são incentivadas por disputas de poder e recursos naturais, e causam graves problemas humanitários e econômicos.
O documento resume alguns dos principais conflitos mundiais atuais e históricos, incluindo a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque. Aponta que esses conflitos trouxeram sofrimento para a maioria das pessoas, enquanto beneficiaram apenas fabricantes de armas e grupos no poder. Defende que a paz só será alcançada por meio da tolerância e do entendimento entre culturas diferentes.
O Tocantins contribui significativamente para a biodiversidade do Brasil e do mundo devido à sua grande variedade de florestas, rios, lagos e animais. Sua população também é diversificada, formada por pessoas de diferentes estados e nações. O Tocantins desempenha um papel fundamental para a preservação da biodiversidade global e nacional graças à sua rica diversidade ambiental e cultural.
O projeto o qual se refere o seguinte artigo, trata da influência cultural adquirida pelo Brasil através dos povos árabes. Ressaltando pontos importantes como as obras, a culinária, a língua e a religião. Trazendo também comentários sobre a realização da mostra semestral que ocorre nas Faculdades Promove de Sete Lagoas.
O documento resume a história do livro As Mil e Uma Noites, contando como Xerazade salvou sua vida contando histórias noturnas para o Rei Xariar, incluindo a primeira história sobre um pescador e um gênio preso em uma lâmpada.
O documento discute os conflitos de cunho terrorista na Ásia no século XXI, incluindo o conflito na Caxemira entre Índia e Paquistão e o reconhecimento dos líderes do sul da Ásia de que o terrorismo é a maior ameaça à região.
O documento fornece uma breve história da técnica de animação stop motion, desde os seus primórdios no início do cinema até realizadores modernos. Detalha pioneiros como Mélies, Blackton, Cohl e Starevicz e como o stop motion foi usado em efeitos especiais em filmes como King Kong. Também discute o trabalho de animadores como Harryhausen, Tippett, Lucas e Burton que popularizaram a técnica.
O documento descreve a civilização Islâmica, abrangendo sua cultura, ciência e influência. Resume a religião do Islã e como se espalhou, além de detalhar os avanços científicos dos muçulmanos em matemática, astronomia, medicina, química e outras áreas. O documento conclui que os muçulmanos tiveram grande influência no conhecimento moderno.
O documento descreve a religião islâmica, incluindo seus locais de culto (mesquitas), livro sagrado (Alcorão), crenças principais (monoteísmo e fé em Alá) e rituais (orações de sexta-feira). Conclui que todas as religiões devem ser respeitadas.
Luís XVI foi rei da França de 1774 a 1792. Sua esposa era Maria Antonieta da Áustria. As finanças reais estavam em má situação e pioraram durante a Revolução Francesa, levando à deposição de Luís XVI. Ele tentou fugir mas foi capturado e guilhotinado em 1793, provocando a união dos soberanos europeus contra a França revolucionária.
Este documento discute o artificialismo da mensagem bíblica por pregadores sensacionalistas numa geração pós-moderna. O autor analisa os indícios históricos do distanciamento da mensagem bíblica, como a formação de famílias denominacionais e correntes teológicas. Ele também discute a artificialidade nas pregações, o radicalismo das ideias e o sensacionalismo. Por fim, o autor apresenta componentes favoráveis para uma construção teológica e espiritual na pós-modernidade, como ensinar o estudo bíblic
Este documento resume o estilo gótico em Portugal e o Mosteiro da Batalha em particular, um dos principais exemplos da arquitetura gótica no país. O texto descreve a evolução do estilo gótico em Portugal, o papel das ordens religiosas, as características arquitetônicas como abóbadas ogivais. Também destaca a construção do Mosteiro da Batalha como o maior projeto gótico no país e seu papel na disseminação deste estilo para outras obras.
Antes do Islã, os árabes eram politeístas e viviam na península Arábica. Maomé fundou o Islã no século VI, unificando os árabes politicamente e religiosamente em torno de Alá. Após a morte de Maomé, o Califado expandiu o Islã rapidamente através do Oriente Médio, Norte da África e Península Ibérica.
Aula 06 como identificar um problema de pesquisa e formulação de problemas ...profjucavalcante
O documento discute como identificar e definir problemas de pesquisa de mercado. Ele explica que um problema de pesquisa não é literalmente um problema, mas sim uma oportunidade para obter informações que podem melhorar estratégias ou desenvolver novos produtos. Também descreve as etapas para definir e operacionalizar um problema de pesquisa, incluindo análise de dados secundários, definição formal do problema e formulação da proposta de pesquisa.
Este documento discute a cobertura imediata dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York pela revista Veja e pelo jornal Folha de S. Paulo. Analisa como essas mídias relataram os eventos e se houve algum tratamento preconceituoso. Também aborda conceitos como cultura de massa, marketing do terror e a influência da lógica do consumo no jornalismo.
O documento define terrorismo como o uso de violência física ou psicológica para incutir medo em uma população e obter efeitos psicológicos que ultrapassem as vítimas, sendo utilizado por uma variedade de grupos para alcançar objetivos políticos ou separatistas. Ele também discute brevemente as origens históricas do terrorismo e alguns tipos como terrorismo de estado e religioso.
O documento discute o avanço do terrorismo do Estado Islâmico à luz da teoria do "choque de civilizações" de Samuel Huntington. Afirma que o EI busca expandir seu califado radical pelo mundo por meio de métodos terroristas, financiado principalmente pelo petróleo iraquiano. Também critica as ações dos EUA no Oriente Médio por terem contribuído para o fortalecimento do EI.
OS COLAPSOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE NO SÉCULO XXI E COMO EVITAR SUAS NEFASTA...Faga1939
Este artigo tem por objetivo demonstrar que o mundo evolui para os colapsos do capitalismo, da globalização, ambiental, social, humanitário e de tudo no século XXI que impõem a necessidade da existência de um governo democrático mundial que seja capaz de evitar suas nefastas consequências. O sociólogo Immanuel Wallerstein e o economista Michael Roberts prognosticaram o colapso do capitalismo e da globalização no século XXI. José Eustáquio Diniz Alves afirmou que a Terra pode evoluir para o colapso ambiental e social. John Casti prognosticou o colapso de tudo e Edgar Morin prognosticou a inevitabilidade do desastre diante da incapacidade humana de formular uma política de civilização e de humanidade. Uma nova sociedade terá que surgir e que só será viável se for conduzida por um governo mundial democrático que seja capaz de planejar e controlar os sistemas caóticos existentes para evitar as nefastas consequências sobre a humanidade do colapso de tudo como prevê Immanuel Wallerstein, Michael Roberts, José Eustáquio Diniz Alves, John Casti e Edgar Morin. Urge a construção de uma nova sociedade centrada no real progresso econômico, político, social e ambiental. A crise intelectual do pensamento da era contemporânea é que faz com que o mundo em que vivemos funcione de forma caótica como uma nave à deriva rumo ao desastre. Precisamos de um novo Iluminismo para o século XXI. No centro do novo pensamento, deve estar a proteção de todas as formas de vida e do planeta.
Este documento contém 20 perguntas sobre atualidades globais, incluindo questões sobre revoltas no mundo árabe, direitos das mulheres no Afeganistão sob o Talibã, conflitos no Oriente Médio e imigração. As perguntas abrangem tópicos como política, sociedade e cultura em diferentes partes do mundo.
A venezuela sob o risco de guerra civil e de conflito internacionalFernando Alcoforado
1) A Venezuela está dividida entre apoiadores e opositores de Maduro e corre o risco de guerra civil e intervenção militar dos EUA.
2) Juan Guaidó se autoproclamou presidente com apoio dos EUA e de outros países, enquanto Rússia, China e outros apoiam Maduro.
3) Há tensão nas fronteiras sobre a entrada de "ajuda humanitária" dos EUA, que Maduro vê como pretexto para intervenção.
1. O documento apresenta um resumo sobre geografia do 12o ano sobre temas como a globalização, a Guerra Fria e o petróleo. 2. Aborda questões como as causas e consequências dos choques petrolíferos, os atores e dimensões da globalização, e os acontecimentos da Guerra Fria como a queda do Muro de Berlim. 3. Inclui gráficos sobre a evolução do preço do petróleo entre 1970-2015 e discute possíveis causas para a recente queda e futura estabilização dos preços
O documento resume as principais informações sobre conflitos armados no mundo. Em três frases:
O século XX foi marcado por grandes guerras que ceifaram muitas vidas. Apesar da queda dos conflitos entre estados, guerras civis internas continuaram aumentando, atingindo novos grupos de vítimas. As guerras são incentivadas por disputas de poder e recursos naturais, e causam graves problemas humanitários e econômicos.
O documento resume alguns dos principais conflitos mundiais atuais e históricos, incluindo a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque. Aponta que esses conflitos trouxeram sofrimento para a maioria das pessoas, enquanto beneficiaram apenas fabricantes de armas e grupos no poder. Defende que a paz só será alcançada por meio da tolerância e do entendimento entre culturas diferentes.
O Tocantins contribui significativamente para a biodiversidade do Brasil e do mundo devido à sua grande variedade de florestas, rios, lagos e animais. Sua população também é diversificada, formada por pessoas de diferentes estados e nações. O Tocantins desempenha um papel fundamental para a preservação da biodiversidade global e nacional graças à sua rica diversidade ambiental e cultural.
O projeto o qual se refere o seguinte artigo, trata da influência cultural adquirida pelo Brasil através dos povos árabes. Ressaltando pontos importantes como as obras, a culinária, a língua e a religião. Trazendo também comentários sobre a realização da mostra semestral que ocorre nas Faculdades Promove de Sete Lagoas.
O documento resume a história do livro As Mil e Uma Noites, contando como Xerazade salvou sua vida contando histórias noturnas para o Rei Xariar, incluindo a primeira história sobre um pescador e um gênio preso em uma lâmpada.
O documento discute os conflitos de cunho terrorista na Ásia no século XXI, incluindo o conflito na Caxemira entre Índia e Paquistão e o reconhecimento dos líderes do sul da Ásia de que o terrorismo é a maior ameaça à região.
O documento fornece uma breve história da técnica de animação stop motion, desde os seus primórdios no início do cinema até realizadores modernos. Detalha pioneiros como Mélies, Blackton, Cohl e Starevicz e como o stop motion foi usado em efeitos especiais em filmes como King Kong. Também discute o trabalho de animadores como Harryhausen, Tippett, Lucas e Burton que popularizaram a técnica.
O documento descreve a civilização Islâmica, abrangendo sua cultura, ciência e influência. Resume a religião do Islã e como se espalhou, além de detalhar os avanços científicos dos muçulmanos em matemática, astronomia, medicina, química e outras áreas. O documento conclui que os muçulmanos tiveram grande influência no conhecimento moderno.
O documento descreve a religião islâmica, incluindo seus locais de culto (mesquitas), livro sagrado (Alcorão), crenças principais (monoteísmo e fé em Alá) e rituais (orações de sexta-feira). Conclui que todas as religiões devem ser respeitadas.
Luís XVI foi rei da França de 1774 a 1792. Sua esposa era Maria Antonieta da Áustria. As finanças reais estavam em má situação e pioraram durante a Revolução Francesa, levando à deposição de Luís XVI. Ele tentou fugir mas foi capturado e guilhotinado em 1793, provocando a união dos soberanos europeus contra a França revolucionária.
Este documento discute o artificialismo da mensagem bíblica por pregadores sensacionalistas numa geração pós-moderna. O autor analisa os indícios históricos do distanciamento da mensagem bíblica, como a formação de famílias denominacionais e correntes teológicas. Ele também discute a artificialidade nas pregações, o radicalismo das ideias e o sensacionalismo. Por fim, o autor apresenta componentes favoráveis para uma construção teológica e espiritual na pós-modernidade, como ensinar o estudo bíblic
Este documento resume o estilo gótico em Portugal e o Mosteiro da Batalha em particular, um dos principais exemplos da arquitetura gótica no país. O texto descreve a evolução do estilo gótico em Portugal, o papel das ordens religiosas, as características arquitetônicas como abóbadas ogivais. Também destaca a construção do Mosteiro da Batalha como o maior projeto gótico no país e seu papel na disseminação deste estilo para outras obras.
Antes do Islã, os árabes eram politeístas e viviam na península Arábica. Maomé fundou o Islã no século VI, unificando os árabes politicamente e religiosamente em torno de Alá. Após a morte de Maomé, o Califado expandiu o Islã rapidamente através do Oriente Médio, Norte da África e Península Ibérica.
Aula 06 como identificar um problema de pesquisa e formulação de problemas ...profjucavalcante
O documento discute como identificar e definir problemas de pesquisa de mercado. Ele explica que um problema de pesquisa não é literalmente um problema, mas sim uma oportunidade para obter informações que podem melhorar estratégias ou desenvolver novos produtos. Também descreve as etapas para definir e operacionalizar um problema de pesquisa, incluindo análise de dados secundários, definição formal do problema e formulação da proposta de pesquisa.
Este documento discute a cobertura imediata dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York pela revista Veja e pelo jornal Folha de S. Paulo. Analisa como essas mídias relataram os eventos e se houve algum tratamento preconceituoso. Também aborda conceitos como cultura de massa, marketing do terror e a influência da lógica do consumo no jornalismo.
O documento define terrorismo como o uso de violência física ou psicológica para incutir medo em uma população e obter efeitos psicológicos que ultrapassem as vítimas, sendo utilizado por uma variedade de grupos para alcançar objetivos políticos ou separatistas. Ele também discute brevemente as origens históricas do terrorismo e alguns tipos como terrorismo de estado e religioso.
O documento discute o avanço do terrorismo do Estado Islâmico à luz da teoria do "choque de civilizações" de Samuel Huntington. Afirma que o EI busca expandir seu califado radical pelo mundo por meio de métodos terroristas, financiado principalmente pelo petróleo iraquiano. Também critica as ações dos EUA no Oriente Médio por terem contribuído para o fortalecimento do EI.
OS COLAPSOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE NO SÉCULO XXI E COMO EVITAR SUAS NEFASTA...Faga1939
Este artigo tem por objetivo demonstrar que o mundo evolui para os colapsos do capitalismo, da globalização, ambiental, social, humanitário e de tudo no século XXI que impõem a necessidade da existência de um governo democrático mundial que seja capaz de evitar suas nefastas consequências. O sociólogo Immanuel Wallerstein e o economista Michael Roberts prognosticaram o colapso do capitalismo e da globalização no século XXI. José Eustáquio Diniz Alves afirmou que a Terra pode evoluir para o colapso ambiental e social. John Casti prognosticou o colapso de tudo e Edgar Morin prognosticou a inevitabilidade do desastre diante da incapacidade humana de formular uma política de civilização e de humanidade. Uma nova sociedade terá que surgir e que só será viável se for conduzida por um governo mundial democrático que seja capaz de planejar e controlar os sistemas caóticos existentes para evitar as nefastas consequências sobre a humanidade do colapso de tudo como prevê Immanuel Wallerstein, Michael Roberts, José Eustáquio Diniz Alves, John Casti e Edgar Morin. Urge a construção de uma nova sociedade centrada no real progresso econômico, político, social e ambiental. A crise intelectual do pensamento da era contemporânea é que faz com que o mundo em que vivemos funcione de forma caótica como uma nave à deriva rumo ao desastre. Precisamos de um novo Iluminismo para o século XXI. No centro do novo pensamento, deve estar a proteção de todas as formas de vida e do planeta.
1) O documento descreve os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, perpetrados pela organização Al-Qaeda. 2) Detalha a investigação do FBI que apontou Al-Qaeda e Osama Bin Laden como responsáveis pelos ataques. 3) Explica a resposta dos EUA com a invasão do Afeganistão para derrubar o Talibã que abrigava a Al-Qaeda.
1. O documento analisa o contexto histórico-socioeconômico de Cuba pré-Revolução, incluindo a ditadura de Batista e a influência dos EUA através da Emenda Platt.
2. Faz uma análise crítica do filme "Soy Cuba" e seu retrato da revolução cubana.
3. Apresenta um poema sobre o filme e referências bibliográficas.
Mestrado em relações internacionais com o mundo árabe e islâmicoJosé Alves
Este trabalho analisa os desafios colocados pelo terrorismo islâmico e crime organizado no século XXI, discutindo a mutação do terrorismo com a entrada de novos atores assimétricos como a Al Qaeda e a simbiose entre terrorismo e crime organizado que pode ameaçar os Estados-nação. Aborda também o crescente poder do setor religioso no apoio à expansão do islamismo e a aproximação entre redes extremistas e crime organizado.
O desafio das Relacoes Internacionais, Prof. Doutor Rui Teixeira Santos (ULHT...A. Rui Teixeira Santos
O documento discute os principais desafios das relações internacionais no século 21, incluindo a globalização versus desglobalização, o surgimento de novos atores globais como os BRICS, e a necessidade de melhor governança global diante de questões como direitos humanos, economia e meio ambiente.
O documento discute a relação entre o terrorismo islâmico, o multiculturalismo e a resistência à islamização na Europa. Argumenta que a ideologia multiculturalista desarma culturalmente as populações europeias, permitindo a expansão da jihad no continente. Também sugere que questionar as ideias encontradas no Alcorão que sustentam o terrorismo é visto como "islamofobia" pelo pensamento politicamente correto.
Charge do profeta Maomé publicada em jornal dinamarquês provocou protestos no mundo islâmico. O documento discute a teoria do "Choque de Civilizações" de Huntington, que argumenta que após a Guerra Fria os conflitos ocorreriam entre civilizações diferentes, como Ocidental vs Islâmica. Críticos como Said apontam que Huntington simplifica demais as culturas.
Charge do profeta Maomé publicada em jornal dinamarquês provocou protestos no mundo islâmico. O documento discute a teoria do "Choque de Civilizações" de Huntington, que prevê conflitos entre civilizações pós-Guerra Fria baseados em diferenças culturais e religiosas. Críticos como Said apontam que a tese subestima a heterogeneidade cultural e possibilidade de diálogo entre civilizações.
O documento discute os ataques de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas, incluindo suas consequências e como foram percebidos nos EUA e na Europa. Especialistas analisam como o medo do terrorismo aumentou e como os muçulmanos foram estigmatizados. Há também debates sobre se a "guerra ao terror" está sendo vencida e qual a melhor abordagem para combater o terrorismo.
Este artigo demonstra o fracasso do neoliberalismo em todo o mundo e a necessidade de ser constituído um governo mundial para ordenar a economia globalizada.
1178 la atu_con_01e_001_021_003_002_005 (1)Marcia Valeria
O documento descreve a bipolaridade do pós-guerra e o fim da União Soviética em três frases:
1) O mundo ficou dividido entre os Estados Unidos e a União Soviética após a Segunda Guerra, em um período de tensão conhecido como Guerra Fria. 2) A queda do Muro de Berlim em 1989 marcou o início do fim da bipolaridade. 3) A União Soviética finalmente desmoronou-se em 1991 com a formação da Comunidade de Estados Independentes.
Este documento discute o terrorismo, definindo-o como o uso de violência por grupos políticos contra a ordem estabelecida para causar danos psicológicos. Detalha vários grupos terroristas como o Hezbollah, ETA e Al Qaeda, e atentados notáveis como os de 11 de setembro e 11 de março. Conclui que embora mostre apenas uma pequena parte do mundo do terrorismo, é importante sensibilizar as pessoas para tentar acabar com ele.
O documento discute as mudanças nas provas de concursos públicos no Brasil, com maior ênfase no conteúdo de atualidades. Explica que é importante um servidor público estar atualizado, mas ler notícias não é suficiente - é preciso contextualizar os fatos atuais com o passado recente. Recomenda estudar história para compreender melhor os acontecimentos atuais.
1) O documento discute como o terrorismo está associado ao fundamentalismo islâmico e como fatores como a intervenção militar dos EUA no Oriente Médio e a islamofobia na Europa contribuem para seu crescimento.
2) Argumenta que o sistema capitalista global e a falta de governança mundial são responsáveis pela barbárie contemporânea, incluindo violência e crises.
3) Defende que é necessária a criação de um governo mundial democrático para lidar com problemas globais como terrorismo e mudanças climáticas, que nen
WALTER WHITE
O DOSSIÊ
ROSENTHAL
(Entrevista concedida pelo
Assessor Parlamentar
Harold Wallace Rosenthal,
ao Jornalista Walter White).
EDIÇOES ACÁCIA LIVRE
RIO DE JANEIRO
1989
Semelhante a Islamismo 2.0 monografia janaína machado versão final - revisada (20)
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfenpfilosofiaufu
Caderno de Resumos XVIII Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFU, IX Encontro de Pós-Graduação em Filosofia da UFU e VII Encontro de Pesquisa em Filosofia no Ensino Médio
Sistema de Bibliotecas UCS - Chronica do emperador Clarimundo, donde os reis ...Biblioteca UCS
A biblioteca abriga, em seu acervo de coleções especiais o terceiro volume da obra editada em Lisboa, em 1843. Sua exibe
detalhes dourados e vermelhos. A obra narra um romance de cavalaria, relatando a
vida e façanhas do cavaleiro Clarimundo,
que se torna Rei da Hungria e Imperador
de Constantinopla.
O Que é Um Ménage à Trois?
A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças comportamentais no âmbito da sexualidade humana, tendo inversão de valores indescritíveis, que assusta as famílias tradicionais instituídas na Palavra de Deus.
Islamismo 2.0 monografia janaína machado versão final - revisada
1. UNIVERSIDADE LA SALLE RJ
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
“ISLAMISMO 2.0”
SO
JANAÍNA MACHADO
RIO DE JANEIRO
JUNHO/2006
2. JANAÍNA MACHADO
ISLAMISMO 2.0
Este é o trabalho final de Janaína Machado de Oliveira, aluna do curso de Pós-
graduação em Relações Internacionais, da Universidade La Salle de Niterói, Rio de
Janeiro. O professor Carlos Frederico Coelho foi escolhido pela aluna como
orientador e receberá o trabalho de conclusão do curso para avaliação.
Rio de Janeiro, 01 / 08 /2011
Professor Orientador Específico
3. Este trabalho é dedicado a minha mãe,
Juranda Machado e in memorian ao
meu pai, Haroldo José de Oliveira.
4. “O Ocidente tem o relógio, o Oriente tem
o tempo...”.
Ditado popular iraniano
5. RESUMO
Machado, Janaína. Islamismo 2.0
Prof. Orientador Específico: Carlos Frederico Coelho
Rio de Janeiro: UNILASALLE 2011
Relatório de Conclusão de Estágio.
O presente trabalho pretende comprovar, por meio de reportagens publicadas
em jornais, revistas, livros e material pesquisado via Internet, que o Islamismo e os
países tipicamente muçulmanos, já no século XXI, ainda resistem às modernidades
introduzidas pelo crescente avanço tecnológico criado especificamente pelo mundo
ocidental e à globalização. Apesar disso, jovens muçulmanos com menos de 25
anos, em recentes levantes, em países islâmicos, mostraram ao mundo que a
resistência impera somente em alguns países e essencialmente por causa de seus
governantes e seus ditadores. Milhares foram às ruas protestar contra seus
governos munidos de ferramentas modernas, criadas pelo ocidente, para questionar
a política, a religião, a cultura, a submissão e a crescente repressão imposta pela
tradição autoritária dos aiatolás. Não desejam mais repressão, falta de liberdade de
expressão, ditadura, torturas, prisões, pobreza e diversas mazelas frequentemente
divulgadas pela imprensa com relação aos seus países. Pela primeira vez o mundo
viu uma Revolução supostamente dita como Digital, onde tudo era divulgado via
Twitter, YouTube, Facebook, celular e outras ferramentas que pudessem acessar a
Internet. Estes jovens depois de muito tempo não tiveram medo de enfrentar a
milícia subordinada à Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), uma polícia criada
para proteger, mas que pratica a vigilância e a opressão a toda à população, pronta
para denunciar qualquer iraniano que não apoie o governo.
O Choque de Civilizações, a divisão entre o Ocidente e o Oriente e, o porquê
do mundo muçulmano ser movido pelo ódio em relação aos países ocidentais
também será tratado neste trabalho. Teremos como base de estudo um único país
que passou por muitas transformações, golpes, revoluções e recentes protestos: o
Irã. Este país presenciou a Revolução Islâmica de 1979, tem um complicado
relacionamento com os Estados Unidos e presenciou um recente levante, no mês de
junho de 2009 que sacudiu os iranianos e mundo.
6. O uso das redes sociais foi fundamental para que os jovens fossem às ruas
mostrar à sua revolta e a verdadeira face do Islã e do atual Irã. O poder de Alá
sucumbiu à modernidade e apareceu um novo Islamismo, movido pela força da web
2.0.
Palavras-chaves: Choque do Oriente e Ocidente, Modernização, Avanço
Tecnológico, Globalização, Revolução Islâmica, Islã, Irã, Estados Unidos,Redes
Sociais, Web 2.0.
7. SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................08
1.1 UMA BREVE HISTÓRIA DO ISLÃ......................................................................15
1.2 O CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES ........................................................................22
1.3 A DIFICULDADE DO ISLAMISMO A MODERNIZAÇÃO.....................................32
2 IRÃ - HISTÓRIA E A SUA RELAÇÃO COM OS ESTADOS UNIDOS.....................40
2.1 IRÃ E SUAS REVOLUÇÕES...............................................................................54
2.2 A REVOLUÇÃO 2.0 - UM MUNDO DE CONTRADIÇÕES..................................63
3 A CIVILIZAÇÃO NA ERA 2.0...................................................................................76
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................88
5 REFERÊNCIAS.......................................................................................................96
8. APRESENTAÇÃO
DO ACADÊMICO:
Nome: Janaina Machado de Oliveira
Endereço: Rua São João nº 171/ 102 Bloco A Centro Niterói
Email: janaina.machado@planobconsultoria.com Fone: 21 93384330
Empresa onde trabalha: Plano B Consultoria Empresarial e Assessoria de
Imprensa
Setor: Sócia-diretora
Ramo de Atividade: Consultoria Empresarial, Comunicação, Mídias e Redes
Sociais e Assessoria de Imprensa.
9. 8
1. INTRODUÇÃO
No dia 11 de setembro de 2001, o mundo testemunhou uma das maiores
mudanças no curso da história. Três pontos diferentes e estratégicos dos Estados
Unidos, são atacados simultânea e inesperadamente. Milhares de vidas se perderam.
Um dos maiores símbolos americanos, o World Trade Center, as duas Torres
Gêmeas, localizada no sul da ilha de Manhattan, na cidade de Nova York, caem como
se fossem folhas de papel picado. O Pentágono, localizado na capital Washington,
tem uma de suas partes destruídas e um avião da United Airlines, cai em uma área
florestal da Pensilvânia, matando todos a bordo. Um terror que ficaria marcado não
somente na memória dos americanos, mas em todas as civilizações. Não haverá,
decerto, uma explicação tangível e aceitável para o ocorrido.
O horror se espalhou pelo mundo no momento em que as terríveis cenas foram
transmitidas ao vivo pela TV. Tudo parou. O autor dos atentados, o rico saudita,
Osama Bin Laden com a ajuda do grupo terrorista islâmico Al Qaeda não poderia
imaginar que o plano seria tão perfeito e visto ao vivo por bilhões de pessoas.
O mundo naquela manhã de 11 de setembro de 2001 havia acordado para a
sua “primeira guerra do século XXI”. Foi assim que o Ex-presidente George W. Bush
falaria sobre os atentados em sua primeira declaração oficial. Uma “Cruzada” em
defesa da “civilização”. Havíamos começado a travar uma “Guerra ao Terror” e o
Oriente seria classificado definitivamente como o “Eixo do Mal”.
Esta cruzada sempre será lembrada por cenas terríveis, nascidas antes,
durante e depois do 11 de setembro. O mundo já havia presenciado um primeiro
ataque as Torres Gêmeas, no ano de 1993. Um carro bomba explodiu na garagem de
uma das Torres ferindo milhares de americanos e matando muitos agentes do
Federal Bureau Investigation (FBI) que trabalhavam nos andares superiores da
área atingida.
Este atentando foi o primeiro de muitos que teriam sucesso e que acabaram
por criar uma xenofobia contra qualquer muçulmano. Velho, adulto, homem, mulher,
10. 9
ou criança são atacados e todos os lugares, principalmente nos Estados Unidos.
Durante o governo de George W. Bush, dezenas de muçulmanos suspeitos de
terrorismo são presos e levados para interrogatórios em Guantánamo, na ilha de
Cuba. Iraquianos são humilhados e torturados nas prisões de Abu Ghraib, em Bagdá.
O mundo passa a ter uma visão distorcida do islamismo, dos muçulmanos e de todo o
Oriente Médio.
O orientalista Bernard Lewis, que criou o termo “Choque de Civilizações” e
inadequadamente apropriado após o primeiro ataque de 1993, pelo escritor Samuel
Huntington, explica claramente essa expressão:
“(...) delinear a visão de um mundo dividido em conjunto
geo-culturais fechados sobre as próprias certezas
1
absolutas.”
O futuro da humanidade começa a depender do êxito ou do fracasso coletivo
em lidar com a dificuldade da coexistência entre as diferenças existentes entre o
Ocidente e o Oriente. Mas tanto o Ex-presidente Bush, quanto os políticos ocidentais,
têm feito grandes esforços para deixar claro que esta atual “Guerra”, e na qual as
grandes potências estão envolvidas, é apenas contra o terrorismo. De acordo com
Osama Bin Laden, descrito em um dos livros de Bernard Lewis, a guerra não é contra
o terrorismo:
“Para eles e seus seguidores, essa é uma guerra religiosa,
uma guerra do Islã contra os infiéis e, portanto,
inacreditavelmente, contra os Estados Unidos, a maior
potência do mundo infiel.” 2
Os discursos de Bin Laden, sempre foram referentes à história e aos infiéis. O
seu vídeo de 7 de outubro de 2001, logo após os atentados de 11 de setembro,
refere-se à “humilhação e desgraça” e as pessoas, às quais ele se dirigia,
entenderam perfeitamente qual o fato histórico citado pelo terrorista.
1
Magnoli, Demétrio, “Terror Global”, São Paulo, PubliFolha, Série 21, pág. 7, 2008.
2
Lewis, Bernard, “A Crise do Islã - Guerra Santa e Terror Profano”, Rio de Janeiro, Zahar Editor pág.11, 2003.
11. 10
Ele fazia referência à perda do sultanato otomano, o último dos grandes
impérios muçulmanos restantes, em 1918 para os britânicos e franceses, assim como
as antigas províncias otomanas de língua árabe, que separadas deram origem a
novas “nações”, que ganharam outros nomes e fronteiras. São elas: Iraque, Palestina
e Líbano. Mais tarde os britânicos dividiram a Palestina, criando uma divisão entre as
duas margens do Jordão. A parte oriental transformou-se em Jordânia e a margem
ocidental Cisjordânia. Até hoje área nervosa do Oriente e geradora de grandes
conflitos.
A Professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Pau-
lo (UNIFESP), Cristina Soreanu Pecequilo, em seu artigo “A estranheza da democra-
cia” 3, escrito para o site Carta Maior explica que um dos termos mais utilizados na
retórica da política internacional, ao lado de paz e guerra, é democracia. Segundo a
professora traduzida e manipulada pelos mais diferentes interesses e grupos políti-
cos, a palavra pode ser levada a extremos como ao justificar a invasão norte-
americana ao Iraque em 2003 ou a Guerra Contra o Terror de 2001 do Afeganistão
em 2001. Ela explica que para os Estados Unidos, trata-se de motivação de uso cor-
rente para legitimar intervenções externas para o seu público interno e que ultrapassa
fronteiras. Mesmo com o patente unilateralismo de George W. Bush, alguns veículos
e analistas chegaram a definir este momento como o início de uma “Primavera dos
Povos” para o Oriente Médio, similar a 1989 na Europa Oriental.
E sabemos que democracia não existe na maioria dos países muçulmanos.
Quase todos são governados por ditadores a mais de três décadas para revolta da
população, subjugando-os a repressões, maus-tratos, prisões indevidas, pobreza, má
qualidade de vida, falta de trabalho entre outros graves problemas.
Esta nova “Guerra” impôs para a humanidade um desafio mais urgente do que
o fundamentalismo islâmico. Este “Choque de Civilizações” poderia ter sido evitado
de várias formas, sem xenofobia, sem “Cruzada” e sem “Guerra ao Terror”. Poderia
3
Pecequilo,Cristina Soreanu, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo, artigo;
“A estranheza da democracia” , site Carta Maior, de 12/02/2011.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17431
12. 11
ser evitado se as grandes potências, principalmente os Estados Unidos se
propusessem a um diálogo aberto com os países islâmicos.
Para os fundamentalistas islâmicos, que aparentemente estão liderando e
controlando a luta anti-imperialista e que mostra este fascínio pelo terror, nos diz
muito sobre a degeneração de correntes de esquerda que não conseguem esconder
sua profunda hostilidade à democracia e ao Ocidente. Os atentados, as revoltas, são
revelações claras de uma nova sociedade que está surgindo e que não quer mais
viver sob o véu da intolerância, criada por xiitas e sunitas.
Podemos evitar este choque desde que ambos os lados façam concessões e
esforços necessários. Isto é possível? Há esforços praticados por ambas as partes?
Fica muito claro que é necessário muito exercício de compreensão de ambos os
lados. Alguém tem que ceder.
“Ao Ocidente, cabe entender como a riqueza histórica do
mundo muçulmano se vincula à sua ira atual - e como o
próprio mundo ocidental é cúmplice, de certa forma, da
crise contemporânea do islã. Um entendimento da
dinâmica interna do mundo muçulmano, assim como de
sua interação com os povos vizinhos, constitui o primeiro
passo para desenhar políticas mais compassivas, e mais
efetivas, frente a ele.” 4
O Ocidente, - mais para os americanos do que para os europeus-, a unidade
básica da organização humana é a nação. Isto virtualmente é considerado um país.
Nesta totalidade está incluída a religião. Já os muçulmanos, tendem a ver não uma
nação subdividida em grupos religiosos, mas sim, uma religião subdivida em nações.
Segundo Bernard Lewis, em seu livro, “A Crise do Islã”, de 2003, páginas 14 e 15
este pensamento ou esta formação de Estados-nações, que compõem o “Oriente
Moderno”, podem ser observadas a partir do tempo de dominação imperial anglo-
francesa e que se seguiram à derrota do Império Otomano. Muitos outros países
surgiram com novos nomes: Turquia; Irã, antiga Pérsia; Paquistão, uma invenção do
4
Demant, Peter; “O Mundo Muçulmano”, São Paulo, Editora Contexto,, Introdução, 2004
13. 12
século XX que foi designado um país inteiramente definido por sua religião e lealdade
islâmicas. Um país que fez por muito tempo parte do território indiano e que se
preocupou entre muitas outras coisas com a sucessão do Talibã e seus sucessores
no vizinho Afeganistão.
Muito aconteceu no século XX e XXI e este “Choque de Civilizações” que
poderia ser evitado, tem se acirrado com novos eventos e novas guerras, sem
justificativas e sem aprovações do Conselho de Segurança da ONU. Após os ataques
de 11 de setembro, o mundo assiste a uma perseguição que não tem fim, mesmo
com a morte do terrorista Osama Bin Laden, em 1º de maio de 2011 e seus terroristas
formadores do grupo Al Qaeda.
Para justificar a sua “Guerra ao Terror” e a sua “Cruzada”, o Ex-presidente
norte-americano, George W. Bush mandou tropas do exército americano invadir o
Iraque, com o objetivo de instaurar um novo governo e a democracia. Para isso,
perseguiu incansavelmente o ditador Saddam Hussein, antes aliado dos americanos.
O Iraque foi invadido com a justificativa de que no país havia armas químicas, que
poderiam acabar com a paz mundial. Nada foi achado e nada foi provado. Onze anos
depois, uma república ainda não foi instaurada no Iraque e o Ex-ditador, Saddam
Hussein, capturado pelos soldados americanos, foi enforcado após um curto
julgamento por crimes de guerra cometidos contra seu próprio povo e a humanidade.
Sem conseguir controlar seus soldados, o mundo assistiu via satélite
atrocidades cometidas nas prisões de Abu Ghraib e Guantánamo, praticadas pelo
exército americano. Os Estados Unidos mostravam definitivamente que o controle
estava sendo perdido.
Democracia está à palavra da nova geração islâmica. Eles estão mudando o
mundo e chamando a atenção para o Oriente Médio de uma forma completamente
diferente da ocorrida no século XX. Seus desejos e sua formação são diferentes de
seus pais e dos religiosos que comandam com pulsos firmes os principais países
islâmicos. Os jovens muçulmanos de hoje estão com menos de 25 anos, não
vivenciaram com a intensidade de seus pais a Guerra do Irã-Iraque, a Revolução
Islâmica do Irã de 1979; os conflitos na Palestina e em Israel ou qualquer tipo de
14. 13
atrocidades ocorridas em seus países. Esses jovens estão fazendo história, estão
querendo melhores condições de vida e trabalho. Seus países ricos em petróleo
podem proporcionar isto para eles a partir do momento que instaurarem uma
democracia.
Sem armas, apenas munidos de celulares, internet, mídias sociais e redes
sociais o Irã, o Egito, a Tunísia e outros países do Oriente, fazem sua revolução. Por
meio destas ferramentas, conseguiram marcar encontros em praças públicas e
protestaram na frente de milhões de pessoas que o assistiam e o apoiavam via
internet. Seus gritos, seus apelos foram “Twittados”. Gritam por injustiças e
reclamam por votos não computados em eleições presidenciáveis. O mundo até
então não tinha visto com tanta intensidade a voz desses jovens reclamando e
reivindicando seus direitos.
Pela primeira vez o mundo viu o verdadeiro poder das redes sociais e o que
ela pode ajudar a fazer. Nem mesmo países tão seculares, fechados e com religiões
tão severas resistiram aos apelos destes jovens. O primeiro forte levante foi no Irã. A
Revolução Verde foi completamente twittada, apesar de todos os esforços dos
clérigos xiitas do Irã e do atual Presidente, Marmoud Ahmadinejad para tirar os jovens
da rua. O governo cortou a Internet ou qualquer tipo de acesso com o mundo exterior.
Não queriam que o mundo soubesse o que estava acontecendo em Teerã.
Ahmadinejad pode não ter saído da presidência fraudulenta como ficou explicitado, os
jovens muçulmanos munidos de celulares mostrou ao mundo que podem gritar mais
alto do que balas, pauladas e prisões praticadas pelos soldados Barsij, a polícia que
vigia e controla os iranianos.
Os jovens iranianos deram vozes a outros mostrando a possibilidade de irem
às ruas e reivindicar direitos negados pelo governo. Diretos simples que podem
chegar com a democracia, a separação do Estado/religião. Mas, como o Oriente
Médio está conseguindo suplantar anos de tradicionalismo e adotar novas
ferramentas e dar a palavra a jovens que aparentemente “não” seguem as leis
islâmicas? Qual o relacionamento existente entre Estados Unidos e Irã? Por que o
Oriente tem tanto ódio do Ocidente? Estas e muitas outras questões serão levantadas
ao longo desse trabalho. Trataremos de forma breve o nascimento do Islã até os
15. 14
acontecimentos de hoje, acompanhados pela Web 2.0. Apesar de muitos países do
Oriente Médio terem participado de recentes levantes clamando por democracia e
utilizando ferramentas da Web 2.0, focaremos o presente trabalho no Irã.
16. 15
1.1 UMA BREVE HISTÓRIA DO ISLÃ
O Islã é a terceira religião monoteísta, revelada após o cristianismo e judaísmo.
Em árabe, Islã significa “Submissão a Deus”. É uma religião que nasceu com data e
local definido: na península Árabe, na atual Arábia Saudita, no século VII, no ano de
622. Conta à tradição muçulmana que a palavra de Deus foi transmitida em árabe,
pelo arcanjo Gabriel ao profeta Maomé, nascido no ano de 570 d.c., exatamente na
cidade de Meca, na Arábia desértica, uma área povoada por judeus e cristãos que
viviam instalados nesta região e sobretudo, por beduínos politeístas, povo que
venerava mais de 300 ídolos, reunidos na Caaba5. De acordo com os relatos
históricos dos muçulmanos, este santuário foi erguido por Adão e destruído durante o
Dilúvio. Abraão, considerado o ancestral de todos os árabes, reconstruiu o Santuário
com a ajuda de seu filho Ismael, instalando em seu ponto mais sagrado a Pedra
Negra.
O Islamismo é o legado do profeta Maomé. É uma religião inspirado no
cristianismo, no judaísmo. Maomé desafiou os poderosos, unificou os árabes e criou
uma civilização fértil, complexa e acima de tudo, bela.
Maomé nasceu em um clã que pertencia à tribo Koraishitas, uma das mais
poderosas estabelecidas em Meca. Perdeu os pais muito cedo e seu nascimento é
envolvido de fatos extraordinários. Já sob a guarda de seu tio paterno e a caminho da
Síria em uma caravana, chefiada pelo seu primo Ali, Maomé foi abordado pelo monge
Bahirá que o reconheceu de seus sonhos como o homem que portava uma auréola e
que era o enviado de Deus, o profeta que anunciaria o Livro Santo, o Alcorão ou
Corão6. Quando Maomé se aproximava dos 40 anos, no ano de 611 d.c., o Arcanjo
Gabriel apareceu ao profeta ditando uma série de preceitos e ordenando-lhe que
retransmitisse as palavras escutadas. Foi a partir daí que se seguiram as pregações
com instruções para a crença e a conduta do seguidor da nova religião.
O Corão não fala somente de fé, mas também como o muçulmano deve
compreender aspectos sociais e políticos. As revelações estão divididas em 114
5
Santuário dos muçulmanos em Meca
6
Livro Sagrado dos muçulmanos que reúne todas as revelações de Deus, pelo Arcanjo Gabriel para o profeta
Maomé.
17. 16
suratas (capítulos) com diversos versículos que vão de 3 a 286. Tornou-se um livro
de difícil entendimento, pois foi todo escrito em árabe formal. Uma coletânea de
diversos discursos do profeta Maomé, conhecido como hadith, formam um
complemento para a leitura do Corão: a Sunna. A linguagem mais clara e fluente
facilita a compreensão. Mesmo assim, como os registros foram realizados por
pessoas diferentes, existem muitas divergências em relação aos ensinamentos do
profeta. Muitas interpretações são dadas até hoje, o que dificulta e até mesmo, torna
a religião um pouco temida no Ocidente, pois as contradições da hadith provocaram
uma expansão dos conceitos do Islã ao incorporar tradições e doutrinas sobre a
sociedade e justiça. Estes conceitos são importantes na formação da cultura islâmica,
não ficando restrita à religião.
Nos islamismo não há mediação entre o homem e o divino, como ocorre no
cristianismo com a figura de Jesus Cristo. Com isto, a religião islâmica ganha uma
força ainda maior para os muçulmanos, pois a palavra de Deus é direta e o Corão
papel central nesta divulgação dos ensinamentos divinos para o Islã. No uso ritual dos
muçulmanos, o Corão nunca foi traduzido do árabe. Eles fazem questão que seja
recitado na língua original, preservando assim, as palavras de Deus.
No início Maomé e um pequeno grupo de seguidores foram perseguidos por
grupos rivais deixando a cidade de Meca e rumando a Medina. Esta migração ficou
conhecida como Hégira e inaugura o islamismo, marcando assim o início de seu
calendário. Esta migração não foi impedimento para que a religião islâmica e a
palavra de Maomé fossem abafadas. As revelações de Deus ao profeta conquistaram
adeptos em ritmo bem acelerado.
“O Islã é uma religião (din), com tudo o que este termo
implica (crença, ritual, normas, consolação, etc.), ao
mesmo tempo em que é uma comunidade (umma) e um
modo de viver ou tradição (sunna) que regulariza todos os
aspectos da vida: o indivíduo e as etapas de seu
desenvolvimento; a educação; as relações entre homens e
18. 17
mulheres; a vida familiar e comunal; o comércio, a justiça e
a filosofia.”7
Para melhor entender a religião islâmica, tudo gira em torno de um sistema
jurídico-religioso total: a xaria (Shari’a), que quer dizer, o caminho certo. Tudo
baseado em fontes sagradas, nos primórdios do islamismo. O desenvolvimento nunca
cessou e o islamismo reage a qualquer circunstância nova que é imposta a religião.
Por ser tão complexa foi criada uma classe de prestígio. Legistas-intérpretes
especializados em traduzir e entender o Corão, os ulemás (ulama). Não tem papel do
clero institucionalizado da Igreja Católica: são apenas intérpretes e mediadores.
No islamismo não há separação entre religião e política. Por muito tempo,
quando a comunidade de Medina era regida por Maomé, não existia separação entre
o Estado e Igreja, facilmente transferida para o Estado-Império Muçulmano.
O Islã parece uma religião simples, com muitos dogmas e obrigações e
proibições que devem ser sempre cumpridas pelo muçulmano. Os deveres do povo
muçulmano se sustentam em cinco pilares.
A primeira obrigação é a Shahada (testemunho), quando o muçulmano realiza
a sua confissão efetuando assim, a sua conversão à religião islâmica. É o momento
em que o crente irá declarar a sua devoção única a Deus, ao todo-poderoso e aceita
Maomé como o profeta. Neste momento fica claro para o muçulmano convertido de
que há uma invencível distância entre o Criador e a criatura. O islamismo é
extremamente severo com crenças em espíritos, santos e imagens e não consegue
entender a Trindade. Mas aceitam a existência de anjos e demônios. Para eles Deus
é oniciente, onipresente, inato e eterno. A função do homem/mulher religioso (a) é
entregar-se e servir a Deus. Nada consegue se relacionar a Deus, inclusive o profeta
Maomé, pois até mesmo ele enquanto homem era mortal e devia obediência
absoluta. Quando a morte chega para o muçulmano, finalmente chega o dia do
7
Demant, Peter - O Mundo Muçulmano, São Paulo, Editora Contexto,, Introdução, 2004
19. 18
julgamento e é neste momento que Deus aceitará os bons seguidores no paraíso,
enquanto os maus serão levados e condenados a viverem no inferno.
O muçulmano praticante reza cinco vezes ao dia. Esta obrigação é conhecida
como Salat. Os muçulmanos são sempre chamados para a recitação do Corão pelo
muezzin, sua voz hoje, é escutada por toda a cidade, via autofalantes e uma
gravação substituiu os chamados ao vivo. Quando é feito pessoalmente o muezzin
se posiciona no manara, a torre da mesquita principal da cidade. É o momento de
veneração a Deus. A submissão é incondicional e as graças alcançadas derivam de
Deus e porque ele quis dar ao religioso. A Salat pode ser feita individualmente, porém
o preferencial é que seja realizada de forma coletiva. A sexta-feira para o muçulmano
representa o domingo dos cristãos, quando todos se reúnem na mesquita para a
realização de uma oração comunal. Os homens rezam no salão principal e as
mulheres em outras. São proibidos de se misturarem nos momentos de oração. Elas
devem sempre entrar com a cabeça coberta e realizar suas orações da mesma
forma, apenas os sapatos podem ser retirados e deixados a porta como respeito a
mesquita e principalmente a Deus.
A terceira obrigação é conhecida como Zakat, que quer dizer esmola. Tem o
mesmo significado do Tzadaká judaico e o dízimo do cristão. O muçulmano deve
reservar uma parcela de sua renda para os pobres, refeições comunais e outras
atividades com relação à assistência social. Este é o momento em que o islâmico
demonstra solidariedade formando a ummah, formando a coletividade.
O quarto pilar ou a quarta obrigação é o Ramadan. Durante um mês, todos os
muçulmanos devem jejuar como forma de purificação e acesso a Deus. A abstinência
ocorre durante um mês inteiro, pois é a comemoração que o muçulmano faz pelo
recebimento do Alcorão. O jejum vai desde o nascer até o por do sol. É proibido beber
incluindo água, comer, ter relações sexuais. Não é somente um momento árduo para
o crente islâmico, pois se celebra com alegria e muitas festas familiares que
acontecem assim que anoitece e podem ir até o nascer do sol.
O quinto e último pilar é o Hajj. Significa que todo muçulmano deve realizar
pelo menos uma vez na vida uma peregrinação a Meca e seus Santuários. É a
20. 19
simbologia da crença suprema a Deus. Historiadores relatam que na Idade Média
esta peregrinação era difícil e perigosa, mas muitos, até hoje, conseguem fazer esta
viagem oriundos de todos os países muçulmanos.
Em todas as obras pesquisadas o conceito de jihad foi citado e deve ser
explicado. A palavra vem sendo traduzida como “Guerra Santa”, ou ainda no seu
sentido mais primitivo, na raiz da palavra: “combate na senda de Deus contra si
mesmo a fim de se aperfeiçoar”, mas na verdade, ela quer dizer “esforço em favor a
Deus”. A partir do momento que o indivíduo e a comunidade são islâmicos, todos
assumem um compromisso com a religião. Ela rege o que todos fazem de acordo
com a palavra de Deus, disseminada pelo profeta Maomé. A história revela que a
primeira jihad ocorreu por volta de 623 quando Maomé travou batalhas contra os
habitantes de Meca por não obter provisões. Com o passar dos séculos, muitos
muçulmanos passaram a usar a Jihad para a luta ou militância. Uma “guerra santa
contra os infiéis”.
Maomé morreu quando a maior parte da Arábia já havia se convertido ao
islamismo. O seu tenente ou suplente califa (khalifa) tinha autoridade militar, jurídica
e religiosa sobre a comunidade (umma). Até os dias de hoje não há separação entre
religião-política. Mas, concluímos que o islamismo é muito mais do que um conjunto
de crenças. Conseguimos observar que há semelhanças na maneira de viver entra as
mais distantes sociedades muçulmanas.
A maioria ocidental e grande parte dos muçulmanos costuma ver o islamismo
como uma religião imutável através dos tempos e completamente estagnada. Para
que possamos entender melhor o que aconteceu com o islã, os historiadores
dividiram esquematicamente em quatro fases o desenvolvimento do islamismo.
A primeira fase acontece nos séculos VII a XI, quando os árabes expandiram o
Islã pelo Oriente Médio e África do Norte. Um período em que se estabelece o mais
extenso Estado do mundo e onde se desenvolveu uma das civilizações mais
avançadas e originais. Considerada pelos estudiosos como a fase clássica do
islamismo.
21. 20
A segunda fase acontece ainda no século XI ao XIV, quando o Islã sofre ações
desfavoráveis no Oriente Médio, mas consegue realizar sua expansão na Ásia
Central e Índia. Esta fase é a Idade Média Muçulmana.
A terceira fase se concentra no século XV ao XVIII quando o Islã vê a
renovação do dinamismo acontecer devido a uma série de eficientes muçulmanos.
Fase conhecida como o “Império da Pólvora”, denominado desta forma por possuir
supremacia na fabricação e utilização de canhões. Era a época do Império Otomano
no Oriente Médio, o safávida no Irã, os grão-mughals na Índia, entre muitos outros.
A quarta fase acontece pelo século XIX e a primeira metade do século XX
quando o mundo muçulmano cai nas mãos das potências europeias. Marcada
principalmente por tentativas de descolonização e por momentos em que ocorre um
confronto do Islã com as modernidades ocidentais. Uma época que perdura até o
momento onde o Ocidente cobra do Oriente uma reavaliação do islamismo, do mundo
muçulmano e de um novo equilíbrio para que se possa haver uma melhor convivência
mundial.
Vale citar que os muçulmanos são divididos em três grupos desde os ocorridos
nos 37 anos da hégira8, de acordo com o calendário maometano. São os xiitas (o
segundo maior grupo dentro da religião, concentrando 10% dos muçulmanos), os
kharijitas (do árabe kharaja, “sair”, nome atribuído ao primeiro cisma do Islã, ocorrido
aproximadamente no ano de 657 da era cristã), formando apenas 1% e por fim, os
sunitas, formando quase 90% da população muçulmana.
Grande parte dos sunitas acredita que o nome refere-se à Suna. Dois
caminhos foram estabelecidos pelos muçulmanos para explicar a razão da palavra
sunita. O primeiro está baseado nos preceitos estabelecidos na primeira fase do islã
no século XVIII a partir dos ensinamentos do profeta Maomé e de quatro califas
ortodoxos próximos a ele. A segunda explicação seria de que a palavra sunita
significa “caminho moderado”, defendendo a tese de que o sunismo faz parte de um
grupo que trabalha a moderação, o diálogo e sempre voltado para posições bem mais
8
Do árabe hijra, “emigração”, quando acontece a partida de Maomé de Meca para Medina, em 622, e corresponde
ao ano inicial do calendário muçulmano, calculado de acordo com o segundo ciclo lunar.
22. 21
neutras do que as tomadas pelos xiitas e kharidijas, considerados extremamente
radicais e fundamentalistas.
O Corão/Alcorão apresenta uma complexidade de interpretação religiosa-
política que ultrapassou os séculos e o Islã inclui em seus versículos muito mais do
que crenças. Existem muitas semelhanças na maneira de viver e nas sociedades dos
muçulmanos mesmo elas estando em diferentes partes do mundo.
Quando Maomé morreu, aos 63 anos de idade, a maior parte da Arábia já era
muçulmana. Um século depois, o islamismo era praticado da Espanha até a China.
Na virada do segundo milênio, a religião tornou-se a mais praticada do mundo, com
1,3 bilhão de adeptos, um quinto da população mundial, aproximadamente 20% da
humanidade. A religião se concentra em grande parte na África Ocidental seguindo
até Indonésia, passa pelo Oriente Média e Índia. Na maioria destes países, os
muçulmanos fazem parte da maioria da população local.
Foram muitas mudanças através dos séculos, muitas batalhas, muitas
distorções ocorridas a respeito da religião islâmica. Podemos dizer que a história nos
revelou que o Islã é uma religião, uma lei, uma moral, um estilo de vida, uma cultura
para seus fiéis seguidores.
As pesquisas nos revelaram que o Islã sempre acabou por se considerar o
dono da verdade absoluta, nem que o fiel tenha que disseminá-la usando a palavra
ou a espada. Maomé é visto até hoje pelos seus seguidores como um líder perfeito a
ser atingido. Nos séculos XVII e XVIII a expansão do islamismo foi feito através de
batalhas, eram as conquistas em nome da fé. Foi um período de expansão militar que
acabou por se estabilizar, firmando-se por um crescimento gradual, descrito como na
maior parte de forma pacífica, feito através do boca a boca. É inegável que o
islamismo é portador de uma vasta cultura disseminada através dos séculos.
23. 22
1.2 O CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES
Não há duvidas que o mundo hoje, no século XXI está dividido entre Nós e
Eles. O Nós são os Ocidentais e o Eles sã os Orientais.
A história mundial sempre foi marcada por uma série de divisões e destacamos
como as mais recentes a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial que
deixou marcas profundas na civilização. Não que depois destas grandes guerras,
ainda durante o século XX e início do século XXI os olhos humanos não tenham
registrados conflitos, guerras, revoltas. O homem é capaz de cometer atos bárbaros.
Este é um fato triste de se constatar. Genocídios foram cometidos depois do
Holocausto, que ocorreu durante a Segunda Grande Guerra, que também foi capaz
de jogar duas bombas atômicas contra o Japão. Ruanda, Kosovo, são alguns dos
exemplos de genocídios ocorridos no final do século XX, assim como as milhares de
mortes, ocorridos devido a invasão da União Soviética ao Afeganistão; Guerra do
Golfo, Irã X Iraque e os recentes conflitos internos e externos em muitos países
espalhados por esta imensidão terrestre. . a Guerra Fria. Eram os Estados Unidos
contra a União Soviética, quer dizer, Ocidente contra os Comunistas.
O mundo sempre esteve em grande alerta e fortes ameaças. Após a Segunda
Guerra, esta vigília aumentou devido a Guerra Fria entre Estados Unidos e União
Soviética. O medo de um ataque nuclear de ambos os lados mexeu com os nervos e
a imaginação até mesmo dos mais céticos. Durante 45 anos a famosa Cortina de
Ferro foi a maior linha divisória que marcou a Europa. Ela com o tempo foi se
movendo para o leste e acentuando e mantendo de um lado a separação da
Cristandade Ocidental e do outro lado os povos muçulmanos e ortodoxos do outro.
A Guerra Fria acabou e os comunistas “desapareceram”, acordos foram
assinados, mas o medo de um ataque nuclear ainda persiste agora vindo de outros
lugares que insistem em enriquecer urânio quando esta tarefa na mão de países e
ditadores pode-se tornar uma arma fatal para a paz mundial.
Nos dias de hoje, principalmente após o 11 de setembro de 2001, o mundo se
dividiu entre o Ocidente e Oriente. Desta vez, esta divisão absurda, carregada de
24. 23
intolerância cultural e religiosa vem reforçada com armamentos bélicos bem mais
poderosos. Os dois lados parecem estar separados por uma linha invisível. Não há
possibilidade alguma de ultrapassagem. Onze anos após os atentados terroristas aos
Estados Unidos, um menor passo em falso pode ser motivo para conflitos, invasões
territoriais, perseguições, prisões, bombardeios e destruições de cidades e
populações principalmente no Oriente Médio. Uma intolerância muitas vezes repetida
no curso da história como podemos observar no histórico da formação do Oriente
Médio, América, Ásia, África e Europa. Não somente os muçulmanos sofreram:
judeus, cristãos, budistas, africanos, árabes, aborígenes, vietnamitas, mongóis,
chineses, japoneses, mexicanos, etc..
O curso da política mundial acabou por realizar estas transformações e muitas
divisões econômicas, sociais, políticas, religiosas. Mas, no século XXI o mundo
consegue sentir com mais evidência a divisão existente entre o Oriente e o Ocidente.
“Pela primeira vez na História, a política mundial é, ao
mesmo tempo, multipolar e multicivilizacional. A
modernização econômica e social não está produzindo
nem uma civilização universal de qualquer modo
significativo, nem a ocidentalização das sociedades, não-
ocidentais.”9
Mas o que realmente define civilização? Muitos estudiosos definem civilização
no singular outros no plural como relatado no livro de Samuel P. Huntington, O
“Choque das Civilizações”. Segundo o autor, a definição surgiu por meio dos
pensadores franceses, no século XVIII, Este conceito apareceu em oposição ao
“barbarismo”. Um modo de criar uma linha divisória entre a sociedade privada e a
primitiva, entre a urbana e alfabetizada. No século XIX, este conceito foi utilizado
fornecendo para a sociedade as diferenças sociais. A sociedade europeia se
empenhou por muito tempo a desenvolver e elaborar critérios que envolviam o
intelecto, a diplomacia e a política para realizar a clara separação com os não-
europeus. Este foi um modo encontrado para que os europeus pudessem julgar os
9
Huntington, Samuel P. , O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, 1996, Editora
Objetiva, pág. 19
25. 24
não-europeus e assim, eles serem aceitos como membros de um sistema totalmente
controlado pelos civilizados. Esta forma de julgamento de civilizado e não civilizado,
europeu e não europeu acabou por fazer com que as pessoas falassem mais em
civilizações, utilizando o a palavra no plural.
“Isto significa “renunciar à civilização definida como um
ideal, ou melhor, como o ideal”, e um afastamento da
pressuposição de que havia um único padrão para o que
era civilizado, “confinado a umas poucas pessoas ou
grupos privilegiados, a “elite” da humanidade”. (...) Em
suma, a civilização no singular, “perdeu um pouco do seu
encanto”, e uma civilização no sentido plural podia na
realidade ser bastante não civilizada no sentido singular”.10
A civilização e a cultura acabam se referindo ao estilo de vida de um povo. As
duas compõem os valores, as normas, as instituições, as gerações e seu modo de
pensar. Podemos dizer que civilização é uma coletânea composta de características e
fenômenos culturais. Uma civilização nunca terá um começo e nem um fim. Desde a
Pré-história que civilização forma um agrupamento de pessoas e sua forma cultural.
Foi esta forma de agrupamento que começou a diversificação e distinguir os seres
humanos dos demais seres vivos existentes. Depois surgiram outros elementos de
separação como a religião, a história, a língua, os costumes, os valores, etc..
Passou também a não ter começos e fins. Os povos existentes costumam
redefinir suas identidades, acabam mudando com o tempo as suas definições e
formas. As culturas existentes interagem e se superpõem.
Muitos estudos mostram que o equilíbrio de poder entra as muitas civilizações
está se modificando. Com a recente derrubada das Bolsas conseguimos perceber
que poucos foram os países que ficaram ilesos ao recente desequilíbrio da economia
mundial. O Ocidente sofreu muito com este desequilíbrio, principalmente os Estados
Unidos. As civilizações asiáticas expandiram e continuam expandindo o seu poderio
10
Huntington, Samuel P. , O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, 1996, Editora
Objetiva, pág. 45
26. 25
econômico, militar e político. O Islã aproveitou esta oportunidade para uma explosão
demográfica o que acabou causando uma desestabilização para os países islâmicos
e seus vizinhos, encontrando um modo e se reafirmar, não somente para os não
ocidentais, o valor de sua cultura.
A religiosidade na maior parte do mundo demarca a diferença entre as
sociedades e principalmente a civilização. Estas diferenças em desenvolvimento
político e econômico mostram com nitidez as desigualdades culturais.
O Choque entre Oriente e Ocidente fica cada vez mais acentuado quando
observamos que as sociedades que compartilham afinidades culturais acabam se
relacionando e cooperando uma com as outras. Neste contexto, conseguimos
observar que o Ocidente mostra pretensões universalistas cada vez maiores como
explica Samuel P. Huntigton:
“As pretensões universalistas do Ocidente o levam cada
vez mais para o conflito com outras civilizações, de forma
mais grave com o Islã e a China. Enquanto isso, em nível
local, guerras de linha de fratura, basicamente entre
muçulmanos e não muçulmanos geram “o agrupamento de
países afins”, a ameaça de uma escala ampla e, por
conseguinte, os esforços dos Estados-núcleos para deter
estas guerras. ”11
Sabemos que para deter estas guerras globais e com equipamentos bélicos
cada vez mais sofisticados depende exclusivamente dos líderes mundiais. É dever
destes líderes aceitar a natureza multicivilizacional que o mundo acabou formando.
Uma cooperação é imprescindível para manter a ordem e uma abertura de diálogo de
ambos os lados.
Após a Guerra Fria as distinções deixaram de ser ideológicas, políticas ou
econômicas. Elas hoje são definidas pela cultura e a cada ano que avança esta
11
Huntington, Samuel P. , O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, 1996, Editora
Objetiva, pág. 19
27. 26
distinção segue o rumo para a religiosidade. O agrupamento está voltando ao
passado quando a sociedade se dividia em religião, idioma, história, valores,
costumes e instituições.
“À medida que aumenta seu poder e autoconfiança, as
sociedades não ocidentais cada vez mais afirmam seus
próprios valores culturais e repudiam aqueles que lhes
foram impostos pelo Ocidente. Henry Kissinger observou
que “o sistema internacional do século XXI (...) conterá
pelo menos seis potências principais – os Estados Unidos,
a Europa, a China, o Japão, a Rússia e, provavelmente a
Índia – bem como a multiplicidade de países de tamanho
médio e menor”. 12
Os países referidos por Kissinger fazem parte das cinco maiores civilizações
mundiais e são diferentes entre si. Mas, ele nos alerta para um detalhe altamente
importante: alguns países islâmicos estão localizados geograficamente e
estrategicamente em cima das maiores reservas petrolíferos mundiais, como é o caso
do Irã e da Arábia Saudita. Estes países não podem e não devem ser deixados de
fora. São importantes para a economia mundial. Kissinger chama a atenção para que
as potências ocidentais “carimbem o passaporte” desses fortes Estados de influência
em assuntos mundiais. Eles devem ser ouvidos, as rivalidades e diferenças devem
ser esquecidas. No momento o diálogo ainda não acontece. São raros os encontros
para apertos de mãos entre Ocidentais e Orientais – no caso específico, países
islâmicos. Infelizmente sabemos que este conselho não está sendo seguido. No
mundo do século XXI o que importa é a política local, que forma a política da etnia e,
a política mundial é a política das civilizações. Este tipo de atitude cria um vácuo, uma
ruptura entre os povos e faz surgir uma forte rivalidade entre as nações. A rivalidade
das superpotências é substituída pelo Choque das Civilizações.
Dois mundos, uma tendência que se repete por meio da história mundial.
Muitos escritores, jornalistas, antropólogos, sociólogos dizem em seus estudos que
12
Huntington, Samuel P. , O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, 1996, Editora
Objetiva, pág. 21
28. 27
sempre existirá uma expectativa de um mundo único ao final de grandes conflitos,
mas o curso da história nos mostram fatos inversos. Sempre aparece o Nós e Eles, a
civilização e os bárbaros, a civilização ocidental e os religiosos
fanáticos/fundamentalistas. Cada vez mais os estudos são voltados para análises
divisórias: Oriente x Ocidente. Mais saibam:
“Os muçulmanos tradicionalmente dividem o mundo em
Dar Al-Islam e Dar Al-Harb, o reino da paz e o reino da
guerra. Essa distinção se refletiu –e, num certo sentido, se
inverteu – ao fim da Guerra Fria por estudiosos norte-
americanos que dividiram o mundo em “zonas de paz” e
“zonas de agitação”.13
Todos os livros e reportagens pesquisadas reconhecem que há a existência de
uma civilização islâmica distinta. Ela se originou na Península Arábica, por volta do
século VII d.c., espalhando rapidamente pelo norte da África e Península Ibérica, bem
como na direção do leste da Ásia Central, tanto pelo subcontinente como pelo
Sudeste Asiático. Isto acabou por formar dentro do Islã muitas culturas distintas, pois
passou por diversas civilizações como a árabe, turca, persa e malaia.
Com o passar do tempo e da história era natural o Ocidente ter uma visão
deturpada do Islã, achando que os muçulmanos são violentos. Esta percepção
errônea do islamismo vem de muitos séculos e a história atribui este erro à rápida
expansão que o Império Islâmico experimentou nos seus primeiros cem anos.
“Para cristãos e judeus conquistados, e para nações
europeias, muitas delas ainda em formação, não há dúvida
de que o Islã era uma religião que se expandiam pela
espada. Afinal, para que os conquistados permanecessem
vivos só havia duas opções: ou a conversão ou o
pagamento de um tributo extra (...). Para quem vivia uma
situação assim (morte ou conversão ou tributo), não havia
13
Huntington, Samuel P. , O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, 1996, Editora
Objetiva, pág. 33
29. 28
outra conclusão senão a de que o Islã, Estado e Religião
expandiam-se pela força.” 14
Esta expansão realizada pela força não é reconhecida pelos muçulmanos. A
expansão pela espada era feita pelo califado, pelo Império islâmico. O Ocidente tinha
que entender que a religião proíbe conversões forçadas.
Muitos ficam se perguntando se haverá algum dia o respeito mútuo entre o
Ocidente e Oriente. No momento a resposta é inconclusiva. Com a morte do maior
terrorista de todos os tempos, Osama Bin Laden, em 1º maio de 2011, o mundo ficou
em alerta máximo. A civilização muçulmana, completamente dividida entre os ideais
do terrorista e a palavra divina do Corão, avisou que represálias podem acontecer. De
uma minoria, mas que poderá fazer bons estragos na civilização Ocidental.
Por muitos anos, o Ocidente e o Islã realizaram intercâmbios nas ciências,
medicina, na matemática, na astrologia na filosofia, nas artes e principalmente na
ética da guerra. Sim, este tempo existiu. Uma convivência pacífica entre ambos os
lados.
Historicamente a civilização ocidental é a europeia, mas na era moderna a
civilização é a euro-americano ou do Atlântico Norte. É uma definição utilizada por
muitos escritores. O Japão está incluído nesta definição, apesar de ser uma
civilização bem mais antiga do que a norte-americana e fora do continente ocidental.
Sua recuperação pós-Segunda Guerra Mundial foi uma das razões desta
superpotência entrar no hall das civilizações ocidentais.
“Durante a expansão europeia, as civilizações andina e
mesoamericana, foram eliminadas, as civilizações indianas
e islâmicas, juntamente com a África foram subjugadas, e a
China foi invadida e subordinada à influência Ocidental.
Somente as civilizações russa, japonesa e etíope, todas
três governadas por autoridades imperiais, altamente
centralizadas, foram capazes de resistir ao ataque do
14
Kamel, Ali, “Sobre o Islã”, 2007, Editora Nova Fronteira, pág.124,
30. 29
Ocidente e manter uma autêntica existência independente.
Durante 400 anos, as relações intercivilizacionais
consistiram na subordinação de outras sociedades à
civilização ocidental.”15
O choque prevalece, com culturas, religiões, políticas, economias e ideologias
diferentes. A prepotência do Ocidente de achar que tudo gira ao seu redor piora
substancialmente este problema. Os ocidentais acham que o Oriente está estagnado
e de que o progresso é inevitável. Recusam-se a esta implantação. Não é preconceito
ou ilusão de que este choque é existente. Os termos Cruzada, Guerra ao Terror, Eixo
do Mal, criaram uma absurda intolerância em civilizações milenares que não sabemos
se, algum dia irão conseguir recuperar a sua ideologia, dignidade, diretos e
democracia. Este choque faz com que todos busquem uma perspectiva mais ampla
com o objetivo de compreender os grandes conflitos culturais em que o mundo está
passando pós o 11 de setembro. Há uma multiplicidade de civilizações que devem ser
consideradas e observadas. Elas não devem ser perdidas nas áreas do deserto como
muitos antropólogos, filósofos e sociólogos apregoam em seus livros e entrevistas.
No século XXI o islamismo, o cristianismo e o judaísmo são as três maiores
religiões da civilização. Partilham do mesmo ancestral, o profeta Abraão, um dos
filhos de Noé que sobreviveu ao dilúvio. Mas, os filhos de Abraão, com todas estas
afinidades, continuam se estranhando a ponto de termos muitas separações, muita
xenofobia e muitos loucos como Bin Laden fazendo do terror a sua religião, do
extremismo uma crença, atraindo milhares de seguidores dispostos a matar em nome
de Deus.
Caso não houvesse tantos obstáculos agravados pelo 11 de setembro, as três
maiores religiões poderiam conviver em harmonia, sem precisar entender os textos
sagrados ao pé da letra. Entendê-las desta forma é uma loucura que acaba
exacerbando o que há de pior no indivíduo, em vez de mostrar o que há de melhor.
O islamismo teve um período muito rico e seu maior crescimento foi em um
15
Huntington, Samuel P. , O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, 1996, Editora
Objetiva, pág. 58
31. 30
tempo em que os religiosos islâmicos não tinham total poder sobre a vida e o dia a
dia de suas comunidades e viam o Corão como um livro criado pelo homem. Por este
motivo, poderia haver diversas interpretações e não seguido cegamente.
Este tipo de pensamento não era visto como heresia e sim como a melhor
forma de se ver um livro considerado sagrado pelos muçulmanos. Foram momentos
em que o Oriente Médio viveu a liberdade. Esta fase só voltou a acontecer no final do
século XIX e início do século XX quando o Oriente Médio viveu uma nova onda de
criação artística. O cinema, a música, a literatura e, toda a cultura islâmica foi
reverenciada pelo mundo.
Na década de 30, no centro dos Estados Unidos, os americanos veem a sua
primeira nação islâmica nascer, por meio de Wallace Fard Muhammad, que se dizia a
reencanação de Alá. Era considerado por muitos como o “Salvador da Raça Negra”.
Este líder ficou mundialmente famoso como Malcom X. Em meio a segregação racial
americana, este líder criou o islamismo americanizado. O que já era confuso acabou
piorando. Malcom X, de ex-fumante, de ex-bebedor e ex-cristão foi assassinado por
pistoleiros da Nação do Islã.
Hoje a população muçulmana é bem mais jovem e tem mais filhos do que a
média mundial. Deve crescer 35% nos próximos 20 anos, podendo chegar a 2,2
bilhões de pessoas. Em países de maioria islâmica a taxa de fecundidade é de 2,9
filhos por mulher, quase o dobro do índice das nações ocidentais desenvolvidas. Em
algumas regiões islâmicas, como nos territórios palestinos e no Iêmen, os jovens
formam três quartos da população. Cerca de seis em cada 10 habitantes do Oriente
Médio têm menos de 30 anos. Na Europa, a média é de quatro em cada dez. Isto
significa que a população da muçulmana é bem mais jovem do que a europeia. A
população urbana nos países islâmicos cresce 3,1% ao ano, enquanto no restante do
mundo o índice é de 1,8%. * 16
E os números não param por aí. No continente americano 0,5% são
muçulmanos. Na Europa 5%, na África Subsaariana o índice é de 30%, na Ásia 24%
16
Fonseca, Ana Cláudia; Teixeira Duda e Carvalho, Julia, Revista Veja, Edição 2216, ano 44, nº19, 11 de maio de
2011, Editora Abril, pág 102
32. 31
e no Oriente Médio e Norte da África 91%.
“No mundo moderno, a religião é uma força central, talvez
a força central, que motiva e mobiliza as pessoas. É pura
arrogância pensar que, porque o comunismo soviético
desmoronou, o Ocidente ganhou o mundo para sempre e
que os muçulmanos, os chineses, os indianos e outros vão
se precipitar para abraçar o liberalismo ocidental como a
única alternativa. A divisão da Humanidade em termos de
Guerra Fria acabou há muito tempo. As divisões mais
fundamentais da Humanidade em termos de etnia, religiões
e civilizações permanecem e geram novos conflitos” 17
Concluímos que é preciso conhecer o islamismo em profundidade para
entender melhor a religião e a cultura. A Religião nestes países não é separada do
Estado. Para os líderes mundiais e para nós, ocidentais, esta questão é de difícil
compreensão. A abertura de diálogo é fundamental. Sem a conversa entre estes
governantes dificilmente haverá uma possível conciliação entre Ocidente e Oriente.
Muitos podem discordar e achar que esta separação é inexistente, mas basta estudar,
acompanhar os fatos históricos e os passos da política mundial para perceber que ela
divide o mundo em duas civilizações. O preconceito é latente, mas o elo perdido deve
ser recuperado. A Cruzada, a Guerra ao Terror já levou muitas vidas inocentes. Este
jogo político deve exterminar definitivamente o termo Eixo do Mal. Tanto o Ocidente
quanto o Oriente podem voltar a conviver harmoniosamente sem nenhum Choque de
Civilizações.
17
Huntington, Samuel P. , O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, 1996, Editora
Objetiva, pág. 79
33. 32
1.3. A DIFICULDADE DO ISLAMISMO A MODERNIZAÇÃO
Foram muitos os motivos que fizeram o Ocidente a assumir a liderança de todo
o processo de modernização mundial, tanto da sociedade ocidental quanto das não
ocidentais. Os estudiosos apontam diversos fatores para tanta rejeição a
modernidade e a globalização.
Existem milhares de “Islãs”, - fundamentalistas xiitas ou sunitas, wahhabitas,-
muitas variações de valores compatíveis com a modernidade. O cerne de todo o
problema está na profunda rejeição que o mundo muçulmano tem com relação ao
Ocidente. A estrutura Ocidental de conhecimento, baseada em poder, acabou por
criar uma imagem artificial, longe do que realmente parece verdade e hostil ao
islamismo. Esta imagem vem fomentada de um projeto de dominação que aparece
após as independências formais dos Estados muçulmanos. O próprio Islã acabou por
criar o problema. A história apresenta muitas intervenções ocidentais, muitas
oportunidades e desvantagens. Grandes autores como Bernard Lewis, Daniel Pipes e
Martin Kramer, apontam em seus livros que os muçulmanos não souberam aproveitar
estas oportunidades. Com isso, o mundo muçulmano parece permanecer preso em
um círculo vicioso de rancor, autopiedade e ódio, regada de teorias conspiratórias e
cheia de atentados terroristas em nome de Deus.
Os orientalistas, como são chamados os que acreditam nesta teoria, acham
que o Islã é algo irredutível, que sua época de glória foi na Idade Média e que nunca
mais conseguiu se renovar e muito menos, incorporar soluções modernas para que a
sociedade muçulmana pudesse progredir.
Com tudo isto os muçulmanos tem pagado um alto preço, pois as
consequências vêm por meio de muitos reveses históricos. Os orientalistas dizem que
os muçulmanos vivem presos em uma estrutura de pensamento que insiste na
superioridade dos próprios valores. Além disso, é incapaz de explicar as repetidas
derrotas do Islã. Culpam então, o mundo exterior, o Ocidente, por todas as
infelicidades e mazelas.
34. 33
Para que haja uma modernização no mundo muçulmano é necessário então,
uma reforma islâmica. Somente desta forma, os orientalistas apontam que poderia ser
possível os Estados Muçulmanos alcançar a tão sonhada democratização e
modernização clamada hoje nas marchas realizadas pelos jovens. Mas isto
possivelmente não irá acontecer, por mais que haja conflitos armados e não armados.
A situação tende então a piorar a cada conflito, que atraia mais e mais jovens, pois
fica evidenciado uma pseudo-solução para o islamismo.
Além dos orientalistas há um grupo conhecido como externalistas que
sustentam em seus estudos que, as responsabilidades da não modernização das
sociedades muçulmanas devem ser minimizadas. Sustentam que tanto a desunião
quanto a existência de estruturas autoritárias é resultado de intromissões ocidentais.
As causas reais são indefinidas e são sustentadas por séculos de erros
cometidos tanto pelo mundo Ocidental e Oriental. Sendo ou não causas internas e
externas o grande problema é que o Oriente Médio ainda passa por muitas
dificuldades e a região é considerada um barril de pólvora pronta para explodir tanto
em pequenos quanto grandes conflitos. O que acontece naquela região são
informações desencontradas fruto de erros de ambos os lados. No meio há um ódio
crescente que separa estas civilizações que poderiam conviver e desfrutar de muito
mais avanços do que poderiam ter.
Há tanta turbulência no mundo muçulmano, montada em uma estrutura global
e desequilibrada firmada em poder e riqueza, que o Ocidente se julga no direito de
intervir militar e economicamente. Veremos mais adiante muitos e muitos fatores. A
lista é longa, fundamentalismo, terrorismo, petróleo. Diariamente jornais, revistas,
internet divulgam matérias que tentam convencer que o mundo muçulmano é o pior
buraco negro do mundo, esquecendo-se de sua riqueza histórica e de seu povo que
luta por melhores condições de vida e trabalho. As novas gerações muçulmanas
estão tentando mostrar que este buraco negro não é realmente o que parece ser.
Temos certeza sim de que o mundo muçulmano vive uma crise generalizada,
regada ou não por justiça e que está afetando o restante do mundo. Por este motivo,
que muitas vezes, o Ocidente reage à necessidade de intervir para que a crise não
35. 34
mergulhe o mundo em problemas mais graves. O diálogo é necessário, mas muitas
vezes o Ocidente partiu primeiramente para a força sem ao menos saber qual
realmente era o problema. A postura Ocidental em relação ao mundo muçulmano
muitas vezes é de não praticar o diálogo, apesar de que tentar o diálogo com
ditadores e fundamentalistas religiosos ser uma perda de tempo para ambos os lados.
A modernização envolve muitos fatores como industrialização, urbanização,
crescimento dos níveis de alfabetização, educação entre muitos outros. A
modernização é produto do crescimento do processo científico e isto começou a
ocorrer no século XVIII. Este conhecimento foi primordial para que as sociedades
pudessem se desenvolver e moldar os seus próprios processos. Além disso, com o
passar do tempo, estes processos foram se aperfeiçoando e ajudando as sociedades
que antes eram primitivas e viviam em processos primitivos a tornarem-se modernas.
Mas os valores, educação, conhecimento, cultura diferem de sociedade para
sociedade. Mesmo assim, à medida que outras sociedades adquirem processos
semelhantes à cultura ocidental acabou por se transformar em cultura universal do
mundo.
Este é um dos pontos fortemente rejeitados pelos líderes políticos, intelectuais
e religiosos do Oriente. Esta rejeição foi gradativa e com a chegada do século XX,
com surgimento dos avanços tecnológicos, culturais, de comunicação, transportes e
agora, com o advento da globalização, é quase impossível manter a modernização
longe da civilização. A interdependência global acabou por gerar altos custos para as
sociedades que prefere esta exclusão. O mundo é predominantemente moderno e a
globalização e os avanços tecnológicos do final do século XX e início do século XXI
aumentaram a interligação.
No Oriente Médio e principalmente nas sociedades islâmico-muçulmanas, os
fundamentalistas são os que mais rejeitam a modernidade. Os religiosos
fundamentalistas veem na modernização e ocidentalização o abandono às tradições
islâmicas. O escritor Bernard Lewis, faz diversas perguntas em seu livro “O que Deu
Errado no Oriente Médio”, da Editora Zahar, de 2002, pois não podemos enxergar a
causa das mudanças na relação Oriente e Ocidente devido a um declínio do Oriente
Médio, mas sim a um surto Ocidental. Na visão do grande autor, o Ocidente
36. 35
aumentou sua riqueza e seu poder por causa de suas descobertas, movimento
científico, revoluções industriais, tecnológicas, econômicas e políticas. Muitos
estudiosos se perguntam por que os avanços científicos ocorreram na Europa e não
nos domínios ricos e avançados e esclarecidos do islamismo? É um jogo de
acusações que não tem limites e são encontrados não fora, mas dentro da sociedade.
Um dos maiores alvos é a religião e especificamente o Islã. Mas devemos lembrar
que, na Idade Média os maiores progressos ocorreram não no Ocidente que formava
a cultura mais nova, e não estava também nas culturas mais antigas do Oriente, e
sim, no seio do mundo islâmico que estava bem no meio delas.
Apesar de tudo isto, infelizmente hoje, observamos em alguns países islâmicos
vivendo ainda em um mundo medieval, em um grau limitado de liberdade quando
comparados com os ideais modernos e com práticas modernas nas democracias
mais avançadas. Muitas são as perguntas e muitas são as respostas que
encontramos para a rejeição do islamismo ao mundo moderno, a globalização, a
ocidentalização. E, não há razão para esta total rejeição, uma vez que o Islã foi
pioneiro à ciência, ao desenvolvimento econômico, à liberdade. Os muçulmanos
costumam culpar este “atraso” aos fundamentalistas e o fundamentalismo muçulmano
nada mais é do que uma reação contra a modernidade.
“(...) os fracassos e deficiências dos países islâmicos
modernos se devem ao fato de que adotaram noções e
práticas estrangeiras. Abandonaram o Islã autêntico (...). O
Clero Islâmico são responsáveis pela persistência de
crenças e práticas que podem ter sido criativas e
progressistas mil anos atrás, mas hoje não são uma coisa
e nem outra.” 18
A religião na forma fundamentalista está intimamente ligada com a situação de
pobreza. Notamos isto em países como o Afeganistão e o Paquistão, onde o regime
Talibã tem fortes raízes desde a expulsão dos russos das terras afegãs. O
fundamentalismo afasta estes povos da riqueza lembrando que deve ser descartada
para dedicação a Deus, sem a dependência de bens materiais. O fundamentalismo
18
Lewis, Bernard, O que deu errado no Oriente Médio?, 2002, Editora Zahar, pág, 180 e 181.
37. 36
resgata valores pré-capitalistas e não-materiais que se adéquam perfeitamente a
situação de pobreza que a maioria se encontra. Neste ponto reside a honra,
obediência, solidariedade e ajuda mútua. Além disso, o mundo muçulmano e o
islamismo não separa o Estado da Religião. Ambos fazem parte de um único pilar,
presidindo aí a teocracia.
O fundamentalismo prega o afastamento das tentações ocidentais, uma clara
defesa ideológica. Tudo que vem do Ocidente é permissivo como o sexo, às drogas,
ao álcool e o consumismo. Mobiliza a ira que vem se alimentando por anos pela
desigualdade, escancara a ausência de oportunidades e as humilhações oriundas de
anos e anos. Estas emoções acabam sendo canalizadas para a luta contra o
Ocidente e confirmadas pela religião. Esta ira se aproveita e se alimenta do
antiocidentalismo.
O islamismo é uma religião com forte mensagem social e política. Passa aos
seus seguidores autoconfiança e tem uma forte história de resistência que se perdura
até os dias de hoje, principalmente contra imposições estrangeiras. Não é surpresa
que a região, por não aceitar a modernização, a globalização, a consumismos
ocidentais, passa por fortes crises demográficas, socioeconômicas e ideológicas que
acaba colocando o Oriente Médio em uma situação geopolítica de inferioridade em
relação ao Ocidente. São derrotas sucessivas por causa de milhares de propostas
emancipatórias. Existe uma união entre a ideologia oposicionista que realiza a
politização da religião islâmica, grupos sociais alienados e fanáticos que encontram
nisto tudo, um novo sentido e uma nova ordenação.
“O fundamentalismo muçulmano se explica pela
coincidência de determinados fatores quase inevitáveis,
seu desdobramento e o desfecho eventual de sua luta
contra o Ocidente estão ainda em aberto. (...) As escolhas
a serem feitas nestes tempos de encontro com o islamismo
38. 37
influenciarão o curso da humanidade nas décadas
futuras”.19
Estudiosos também apontam a descriminação sexual muçulmano e a desprezo
as mulheres colocando-as em uma posição inferior na sociedade. O mundo islâmico
concentrou todas as suas energias em educar a outra metade, enquanto mulheres e
mães continuavam analfabetas e tiranizadas. Este tipo de educação tende criar uma
sociedade arrogante ou submissa, completamente incapaz de ser livre e aberta.
A submissão, tirania e o desrespeito aos direitos humanos nos países árabes é
outro ponto de forte discussão nos países Ocidentais. Existe uma união entre a baixa
produtividade e alta taxa de natalidade no Oriente Médio. Esta união acaba
produzindo uma população que cresce com bastante rapidez, lotada de homens
jovens desempregados, sem instrução e frustrados. Indicadores das Nações Unidas e
de muitas outras autoridades apontam os países muçulmanos com graves problemas
também em educação e tecnologia e estão ficando cada vez mais atrasados com
relação ao Ocidente.
Todos estes fatores estão associados à modernização e a globalização, e
estão afetando profundamente a maioria dos países do mundo muçulmano. No
século XXI países muçulmanos vivem abaixo da linha da pobreza, com graves
problemas econômicos, apesar da riqueza petrolífera. Países regidos por regimes
teocráticos e outros por democracias disfarçadas por governos comandados por
ditadores que servem propósitos aos países ocidentais que estão apenas
interessados nas riquezas escondidas nas profundezas de suas terras. Riquezas
estas que o ocidente enfrenta escassez e que foi a estrela principal do crescimento
econômico mundial: o petróleo, a commodity mais comercializada do mundo. Cerca
de 68% das reservas mundiais conhecidas ficam no Oriente Médio, quase todas
localizadas na região do Golfo Pérsico. O controle, o acesso e influência em relação
ao petróleo do Oriente Médio são fundamentais para a política mundial. Muitos
conflitos e guerras tiveram origem por causa desta disputa, mesmo que não tenha
ficado explicitado o motivo.
19
Demant, Peter , O Mundo Muçulmano, Editora Contexto, 2004, pág. 330.
39. 38
Mesmo com a falta de modernização na maioria de seus países, o Oriente
Médio sempre está no centro do cenário internacional e após o 11 de setembro esta
visibilidade ficou ampliada. Isto também faz com que as potências mundiais atuem
com força aliando-se a governantes tiranos e inescrupulosos. Moderno ou não,
globalizado ou não, enquanto o petróleo for importante para as grandes potências e
para a economia mundial, haverá o interesse nos países muçulmanos.
As questões de penetração e alienação cultural estão completamente vivas em
muitas regiões do mundo muçulmano, onde é o único em que a cultura religiosa tem
se transformado em ideologia fundamentalista não somente de forma defensiva, mas
que inclui em todo este pacote uma reivindicação pela primazia mundial contra o
Ocidente. Uma nova e perigosa ordem global, espalhada por fundamentalistas
religiosos e apoiado por terroristas, baseadas em uma suposta superioridade do Islã.
Na maioria dos países muçulmanos há a violação dos Diretos Humanos.
Embora tudo isto ocorra, o fundamentalismo acontece de formas variadas e em graus
de violência diferenciados. Foi a forma alternativa encontrada pelo islamismo para
atacar de forma assertiva a supremacia Ocidental.
O fracasso da modernidade nos países islâmicos é amplamente discutido pelas
autoridades como também pelos povos islâmicos. A população muçulmana está cada
vez mais consciente do que está acontecendo em seus países e sabe das grandes
diferenças existentes entre viver em um mundo livre, moderno e globalizado. Sabem
o que existe, o que se passa além de suas fronteiras. Mas, muitas vezes são
obrigados a conviver com a repressão, a falta de liberdade de expressão existente em
seus países.
Os crescentes conflitos ocorridos recentemente nos países do Oriente Médio,
de 2009 a 2011, são resultados desta repressão, da raiva contida e claramente
dirigida aos seus governantes. Esta nova geração não viveu a forte repressão vivida
por seus avós e pais durante o século XX e início do século XXI, mas são capazes de
irem até o fim para tentar tirar os falsos governantes democratas que usam o poder
de forma egoísta e tirânica. É fato que muitos gritam pelas ruas que querem
democracia e falem sobre o fracasso da modernidade em seus países.
40. 39
É fato, o Ocidente não sabe ainda lidar com o Islã, a xenofobia, a visão de não
modernidade e globalização. Como se o Ocidente e o Oriente fossem dois planetas
em rota de colisão. Os terroristas e fundamentalistas religiosos, que se consideram
bons, únicos e autênticos muçulmanos, só agravaram esta situação. Já os norte-
americanos provocaram este ódio crescente para que o maior ataque terrorista da
história fosse calculado e realizado daquela forma.
O islamismo não prega a violência. Não existe dentro do Islã fatores que
afirmam que a religião é mais violenta do que outras. Existem muçulmanos que
abraçam a xaria como uma base de ordem social e esta ramificação deseja a
segurança física e psicológica. Não aceitam as severidades interpretadas pelas leis
islâmicas dos fundamentalistas, que rejeitam a modernidade, a globalização, afastam
seus jovens de uma vida melhor e prega o terror, a vigilância como forma de manter
as tradições anunciadas pelo Profeta.
Os jovens de hoje tem um preço alto a pagar, mas estão lutando para que tudo
isto possa mudar mantendo-se as tradições religiosas, assim como aconteceu com o
judaísmo e o cristianismo. A luta pela democracia é apenas o primeiro passo
considerado por estes jovens, um caminho real para abraçar definitivamente a
modernidade.
O Islã ainda não fracassou, não aceitando a modernidade. Estes jovens que
protestam nas ruas e conseguem criar movimentos contra todas as ditaduras
passadas, certamente sabem que o caminho ainda é longo e que apoiados por
ferramentas ocidentais como as redes sociais, podem e tem muito que fazer. Eles
sabem que especificamente esta modernidade ocidental tem mais valor do que uma
AK-47 antes, empunhada por seus pais e avós.
41. 40
2. IRÃ - HISTÓRIA E A SUA RELAÇÃO COM OS ESTADOS UNIDOS
A República Islâmica do Irã é um dos locais no Oriente Médio onde o mundo
parece ter parado em um tempo remoto. Tempo este, quando os bazaris – antigos
comerciantes-, dominavam a economia da antiga Pérsia. O Irã é considerado por o
berço da civilização. Em suas terras viveram astrônomos, matemáticos, cientistas,
artistas, mestres da ciência. Suas descobertas foram divulgadas quando os árabes
islamizaram todo o Oriente Médio. Neste enigmático e atraente país, temido hoje por
grandes potências, que reprime a sua população, rica em petróleo e pobre em
emprego, surgiu a primeira religião monoteísta por volta de 1000 a.C.
Desde 1979, o Irã é terra dos aiatolás. O país dos mantos negros (chador) que
cobrem as mulheres, da língua farsi falado na província da Fars. Seu idioma é uma
variante do alfabeto assírio até o século VII, mas com a dominação árabe, os
iranianos assumiram o alfabeto árabe com pequenas modificações. É o único país
com um regime xiita. Herdeiro direto do antigo Império Persa, o Irã é um dos países
com um peso econômico considerável para o mundo muçulmano, pois está situado
em cima de uma dos maiores poços de petróleo do mundo, com um grande potencial
energético em gás e desenvolvimento nuclear, este último, causando grandes
desconfortos em líderes mundiais do século XXI.
Independente de toda a sua história, o Irã dos tempos modernos cresce
desordenadamente como qualquer país que tem uma capital conhecida e intensa
como Teerã. Este país do Oriente Médio conta com uma população de mais de 70
milhões de habitantes e têm suas fronteiras divididas com países historicamente tão
importantes quanto ele. Conhecido como a Terra do Meio, o Irã ao norte faz divisa
com a Armênia, o Azerbaijão, o Turquemenistão e o Mar Cáspio. Ao leste faz fronteira
com o Afeganistão e o Paquistão, a oeste com o Iraque e a Turquia e ao sul, com o
Golfo de Amã e o Golfo Pérsico.
Até o ano de 1935, o Irã ainda era conhecido como Pérsia e carregava o peso
de sua importância histórica. Foi do Império à teocracia. Um território de imperadores
famosos. Em 559 a.C, Ciro, o Grande, funda o Império Persa, conquista a Babilônia e
liberta os judeus da escravidão. Com Dario, Rei dos Reis, os iranianos conquistaram
42. 41
expansão territorial e poderio político. Xerxes filho e sucessor de Dario, comandou
uma grande invasão a Grécia em 480 a.C, levando sob seu comando 180 mil
homens. Na época foi considerado o maior exercito já visto na Europa. No ano de 334
a.C, Alexandre, O Grande invadiu a Pérsia saqueando Persépolis. As famosas ruínas
de Persépolis são testemunhas da beleza e da grandeza que um dia foi a Pérsia.
Durante o seu apogeu a Pérsia, que chegou a conquistar o mundo antigo, formou
uma das civilizações mais prósperas e sofisticadas da Mesopotâmia.
Na Idade Média foi invadido por mongóis, um grupo que teve sua formação na
Ásia Central, no século XIII, por Genghis Khan. Eles devastaram o Irã nos anos
seguintes de 1220. Quando os mongóis perderam o controle da situação este poder
passou então para às mãos da dinastia revolucionária Safávida, que tinha como
crença o xiismo. Adotar o xiismo foi um passo muito importante para a formação da
nação iraniana. Ismail I, que se proclamou Xá em 1501 e declarou o xiismo como
religião oficial do Estado, ergueu um império dez anos depois denominado: os
Safávidas. A vertente de que o xiismo não é um mero ato religioso perdura até os dias
de hoje no Irã. Na época, se estendeu da Ásia Central a Bagdá e das montanhas
geladas do Cáucaso as areias do Golfo Pérsico.
O grande apogeu do Império Safávida aconteceu entre os anos de 1587 a
1629, durante os 40 anos do reinando de Abbas, também conhecido como o Grande.
Neste tempo, a cultura iraniana alcançou o seu maior reconhecimento. Abbas
conseguiu unificar o povo, construiu estradas para atrair mercadores europeus e criou
oficinas para produzir seda e cerâmica. A história iraniana nos conta que desde o
século IX, os intelectuais que viviam em terras persas haviam explorado o mundo
islâmico à procura de cientistas, filósofos e sábios. Criou a coleta de impostos,
montando uma competente rede burocrática, organizando o país que já vinha em
desordem desde os tempos de Ciro e Dario, dois mil anos antes de sua chegada.
Apesar de obter um grande avanço durante a dinastia de Abbas, a sua forma
brutal de governar foi sob torturas e execuções. O seu modelo de governo casou
desordem, cobiça e morte entre as nações vizinhas ao Irã. Houve um longo período
de lutas e anarquias entre as tribos. Muitos outros imperadores vieram depois de
Abbas, como Xá Nadir, conhecido como um dos últimos grandes líderes históricos do
43. 42
Irã, assassinado em 1747 e os Qajar, provenientes de um tribo turca do Mar Cáspio
que governaram o Irã do final do século XVII até o ano de 1925.
No ano de 1804 os ingleses ajudam os persas na guerra contra a Rússia e
passam a influenciar o país. O Xá Muzzafar AL-Din, em 1901 concede aos ingleses a
exploração do petróleo. Vinte anos depois Xá Reza Khan toma o poder e começa a
modernização da Pérsia.
Adriana Carranca e Mônica Camargo relatam em seu livro, “O Irã, sob o
Chador – Duas brasileiras no país dos aiatolás”20, da Editora Globo, 2010, que a seus
reis tacanhos e corruptos cabe à culpa pela decadência que se abateu sobre o povo
iraniano. Enquanto a maior parte do mundo avançava para a modernidade, o Irã da
dinastia Qajar estagnava. O Irã era rota de cobiça para as grandes potências que não
tiravam os olhos desta terra. Já o jornalista do New York Times, Stephen Kinzer,
citado no livro das jornalistas brasileiras, escreveu um estudo sobre a Operação Ajax
- que derrubou o governo democrático do Irã, em 1953, articulado pelos Estados
Unidos e Inglaterra -, como sendo o responsável por modificar definitivamente os
rumos históricos do Irã. O que se conclui de todas as dinastias é que cada uma delas
deixaram profundas marcas neste país de mais de quatro mil anos.
O Irã político e espiritual surgiu durante o reinado de Ismail I. Aceitando o
xiismo, os iranianos estavam aceitando o islamismo, mesmo que não fosse da forma
desejada pelos sunitas. Na política a posição do xiismo, como para o zoroastrismo, os
governantes só tem o direito de exercer o poder de forma justa.
“Essa crença conferiu às massas xiitas, e por extensão aos
seus líderes religiosos, força para promover a debacle do
regime laico, construindo o paradoxo de uma
modernização autoritária e religiosa jamais prevista por
nenhum manual de teoria política.”21
20
Carranca, Adriana e Camargos, Márcia, “O Irã sob o Chador – Duas brasileiras no país dos aiatolás”, Editora
Globo, 2010, pág 68
21
Carranca, Adriana e Camargos, Márcia, “O Irã sob o Chador – Duas brasileiras no país dos aiatolás”, Editora
Globo, 2010, pág. 55
44. 43
No século XXI, os xiitas compõem o segundo maior número de adeptos do Islã,
depois dos sunitas. O Irã é um dos Estados mais antigos do mundo. Estas terras já
geraram milhares de filmes, estudos e livros. Foram séculos e séculos de uma rica
história de conquistas, guerras, conflitos e revoluções. Um pouco antes dos Aiatolás
dominarem o Irã, o país passou por um processo pioneiro com a Revolução
Constitucionalista de 1906 e a nacionalização da indústria petrolífera implantada por
Mohammed Mossaddegh em 1951. Foram dois fatos considerados importantíssimos
não somente para o país, como também, para a história mundial. A devolução do
petróleo para o povo iraniano custou o cargo político a Mossaddegh. Ele pagou um
preço bem alto por esta nacionalização. O livro “Todos os Homens do Xá – O Golpe
Norte-Americano no Irã e as Raízes do Terror no Oriente Médio”, de Stephen Kinzer,
Editora Bertrand Brasil, 2003, conta em detalhes o complô armado entre os Estados
Unidos e a Inglaterra. Um golpe que derrubou o governo democrático de Mossaddegh
e implantou no Irã uma longa e tenebrosa ditadura comandada pelo Xá Mohammed
Reza.
O Xá Reza obteve por um bom tempo apoio dos ocidentais, mas foi derrubado
por um movimento popular que era contra à crescente secularização da sociedade e
principalmente à forte corrupção que estava sendo acobertada por sua temida polícia
política, os Savaks. O Irã passou por momentos de grande tensão, assim como
estava acontecendo em países do terceiro mundo – Brasil, Argentina, Chile. O ano de
1964 foi marcado com a expulsão do Aiatolá Khomeini, que se exilou na Turquia,
seguindo depois para Najaf, cidade considerada santa aos xiitas, ao sul de Bagdá, no
Iraque e por fim, para a França após duras críticas ao modo como Reza Pahlavi
conduzia o país. Seus discursos eram ouvidos clandestinamente por seus seguidores
no Irã, sendo reproduzidos em fitas cassete. Durante este período o país passou por
greves na administração pública, a interrupção da extração em seus cobiçados poços
de petróleo, produto principal de sua base econômica.
O ano de 1979 foi marcado por uma das maiores Revoluções Islâmicas no
mundo muçulmano. Em 16 de janeiro de 1979, o Xá Mohammad Reza Pahlavi e sua
família real fogem para o exílio abrindo assim as portas para a volta do Aiatolá
Ruhollah Khomeini. O processo foi lento, mas muito bem planejado, pois o Aiatolá
precisou apenas de 10 dias no país para tomar o poder. No dia 10 de fevereiro,
45. 44
Khomeini provocou uma mudança definitiva da ordem política e social no Irã. Foram
momentos de intensa luta armada dentro de terras iranianas, onde unidades do
exército, fiéis ao Aiatolá e a velha Guarda Imperial do Xá, se enfrentaram. Pelas ruas
os homens faziam barricadas e se vestiam para morrer pela causa islâmica. As
mulheres abandonaram as roupas ocidentais e cobriam-se com seus chadores. A
Revolução deixou 200 mortos, acarretou invasões a diversos prédios públicos e
provocou a soltura de 11 mil detentos da prisão de Evin,O resultado se deu na noite
de 2 de abril de 1979, quando foi proclamada a Primeira República Islâmica do
mundo. Uma tentativa de reproduzir o regime vigente na Arábia do profeta Maomé.
Uma revolução e um novo regime com nuances ideológicas apoiado por
comunistas, liberais e mollah - camponeses armados com paus e pedras. Até
muçulmanos sunitas e xiitas juntaram-se a causa tendo apoio de judeus, cristãos,
ateus unidos a favor da revolução.
Não havia uma programação concreta. Naquele momento, o que os iranianos
desejavam era obter uma liberdade por meios de atos democráticos. O sonho durou
pouco, o idealismo de liberdade e democracia sofreram mudanças radicais. No poder,
o Aiatolá modificou o discurso. Estudantes viram escolas e universidades serem
fechadas para que o ensino pudesse ser adaptado de acordo com a sharia, a lei
islâmica. As mulheres foram obrigadas a cobrir os cabelos em público. Uma
democracia e uma liberdade prometida e que acabou não sendo exercida ao longo
dos anos. Ao longo destes 30 anos pós-revolução, o Irã se manteve a maior parte do
tempo fechado para o mundo ocidental.
A inimizade e a falta de diálogo com os Estados Unidos e Irã, quer dizer,
Ocidente contra Oriente, dura a mais de 30 anos. Não há respeito entre Estados
Unidos e Teerã. O jornalista Stephen Kinzer, ex-repórter do New York Times,
concedeu em janeiro de 2011, uma entrevista ao jornalista Jorge Pontual, para o
Programa Milênio, do canal GloboNews, analisando o passado, presente e o futuro
desta tão conturbada relação envolvendo os dois países.
Para o jornalista americano, a melhor maneira encontrada por ele para este
conflito é os Estados Unidos trocarem os velhos aliados, no caso Israel e Arábia
46. 45
Saudita. Seriam necessários novos parceiros, no caso o Irã e a Turquia. Isto deveria
ser feito rapidamente antes que aconteça mais uma guerra. Kinzer afirma que os
Estados Unidos devem reconhecer os erros do passado e quem sabe reencontrar um
sentimento democrático até pró-americano do povo iraniano.
Os conflitos se tornaram maiores quando iranianos começaram a sequestrar
diplomatas americanos. Isto acabou por forçar o povo americano a se perguntar o
porquê destes sequestros estarem acontecendo, pois até então os norte-americanos
não sabiam do golpe articulado pela CIA, junto com o governo britânico, para tirar o
premier Mossadegh do poder, antes da Revolução Iraniana de 1979. Kinzer ressalta
em sua entrevista que um lado desta história ficou por muito tempo obscuro para o
povo americano. Esta falta de diálogo e incompreensão com o povo iraniano acabou
por ser acentuada a cada dia.
“Esta crise dos reféns, deixou marcas profundas em uma
geração de formuladores das políticas externas
americanas. A reação da crise aos reféns foi
essencialmente: “Eles não tinham motivos para fazerem
isto. São selvagens, niilistas bárbaros, que, sem motivo,
estão fazendo sofrer nossos concidadãos.” Para os
americanos era o que parecia. Não imaginávamos que
alguns iranianos, tinham motivos para ter raiva de nós.
Para os americanos, até hoje, as relações Estados Unidos-
Irã, começam e terminam em 1979-1980. Foi quando elas
começaram e não avançaram mais.”22
Os americanos esqueceram que para o lado iraniano, os fatos poderiam ser
bem diferentes e que isto poderia mudar completamente o curso das relações
internacionais entre o Ocidente e o Oriente.
22
Kinzer, Stephen, jornalista e escritor do livro: “Todos os Homens do Xá – O Golpe Norte-Americano no Irã e as
Raízes do Terror no Oriente Médio”, Editora Bertand Brasil, 2003, em entrevista ao jornalista da Globo News,
Jorge Pontual, para o Programa Milênio, janeiro de 2011, com inserção no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=JYsxSFZa648
47. 46
“As relações entre Irã-Estados Unidos e seus conflitos
começaram em 1953, quando Mohammed Mossadegh foi
derrubado pela CIA. Desde as crises dos reféns, alguns
dos sequestrados escreveram artigos e memórias
contando o porquê fizeram tudo aquilo. Só hoje
conseguimos descobrir que eles tinham um motivo. Os
iranianos não eram apenas niilistas, tinham algo bem claro
em mente. Estavam pensando no que havia acontecido em
1953. O que aconteceu então? O povo iraniano obrigou o
Xá a fugir. Mas, os agentes da Cia, trabalhando nos porões
da embaixada americana, organizaram o golpe e
trouxeram o Xá de volta. Então, 25 anos depois, em 1979,
o Xá foi obrigado a fugir de novo. Os jovens
revolucionários iranianos pensaram: “Vai acontecer tudo de
novo. Os agentes da CIA nos porões da embaixada
americana, vão organizar outro golpe para trazê-lo de
volta. Não podemos deixar isto acontecer.” Foi por este
motivo que eles invadiram a embaixada. Mas, só depois de
muitos anos que os americanos ficaram sabendo o que os
Estados Unidos tinham feito no Irã, em 1953. Foram
grandes danos que eles nem desconfiavam. Esta foi a
causa da crise dos reféns e de todos os conflitos
subsequentes entre os dois países.” 23
A crise dos reféns durou 444 dias. Foi considerado um marco do rompimento
entre Estados Unidos e Irã. O sequestro de 52 cidadãos americanos durou de 1979 a
198, dentro da Embaixada dos Estados Unidos por seguidores de Khomeini que
contavam com sua anuência. A crise dos reféns acabou por eleger o republicano
Ronald Reagan, nas eleições presidenciais americanas no ano de 1980 e o fatídico
isolamento internacional do Irã. Esse isolamento foi carregado de acusações de que
os Aiatolás por terem interesse de disseminar a Revolução Islâmica pelo mundo
23
Kinzer, Stephen, jornalista e escritor do livro: “Todos os Homens do Xá – O Golpe Norte-Americano no Irã e as
Raízes do Terror no Oriente Médio”, Editora Bertand Brasil, 2003, em entrevista ao jornalista da Globo News,
Jorge Pontual, para o Programa Milênio, janeiro de 2011, com inserção no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=JYsxSFZa648