1) O documento discute a missão da Igreja como pressuposto da missão dos fiéis cristãos e dos leigos.
2) A missão de Cristo foi confiada aos apóstolos e, através deles, chegou à Igreja, que tem a responsabilidade de realizar a continuidade da missão salvadora de Cristo.
3) A Igreja recebeu uma missão universal de anunciar a salvação a todos os homens e povos.
Apostila os Ministérios e Dons da Igreja de Jesus Cristo Robson Rocha
Através deste estudo, te convido a analisar do ponto de vista bíblico e
Escriturístico este assunto que tem dividido igrejas, denominações, e o pior de tudo: afastando alguns da fé. Assuntos como este não podem ser manipulados por idéias e pensamentos cristãos sem o respaldado da Palavra de Deus em um todo, muito menos sem uma boa exegese bíblica. Deus te Abençoe.
Apostila os Ministérios e Dons da Igreja de Jesus Cristo Robson Rocha
Através deste estudo, te convido a analisar do ponto de vista bíblico e
Escriturístico este assunto que tem dividido igrejas, denominações, e o pior de tudo: afastando alguns da fé. Assuntos como este não podem ser manipulados por idéias e pensamentos cristãos sem o respaldado da Palavra de Deus em um todo, muito menos sem uma boa exegese bíblica. Deus te Abençoe.
Subsídios elaborados pelo Pr. Natalino das Neves (Pastor auxiliar na IEADC-Sede)
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As dimensões missionarias da Igreja : de quem veio a missão para quem foi delegada essa missão, em que consiste esse missão e como se realiza, e para que serve...
"E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!" (Mc 16.20)
Ano B – Sétimo Domingo – Solenidade da Ascensão
TEMA
A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
No Evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, ajuda-os a vencer a desilusão e o comodismo e envia-os em missão, como testemunhas do projecto de salvação de Deus. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhar os discípulos e, através deles, a oferecer aos homens a vida nova e definitiva.
Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo “caminho” que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projecto de Jesus.
A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa “esperança” de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside no seu “corpo” que é a Igreja; e é nela que se torna hoje presente no meio dos homens.
Semelhante a A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICAL (20)
COINCIDENTIA OPPOSITORUM EM NICOLAU DE CUSA, NO PRIMEIRO LIVRO DE SUA OBRA: D...Pedro Francisco Moraes De
Filosofia de Nicolau de Cusa - Coincidência dos opostos - uno - multiplo - complicatio - explicatio - dialética - tese - antítese - síntese. Deus Uno e Multiplo.
A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA MISSÃO LAICAL
1. 1 A MISSÃO DA IGREJA, PRESSUPOSTO DA MISSÃO DO FIEL CRISTÃO E DA
MISSÃO LAICAL
Neste capítulo, são apresentados alguns tópicos importantes no tocante à questão
da missão da Igreja como pressuposto da missão do fiel cristão e da missão laical.
Jesus Cristo cumpriu a vontade do Pai, inaugurou na terra o Reino de Deus,
revelou-nos Seu mistério e, por Sua obediência, realizou a redenção6. “Em Jesus, Deus
recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens”7.
Cristo, cumpridor da missão recebida do Pai, confiou esta também a seus
apóstolos. Para que a salvação de Deus seja conhecida por todos, faz-se necessário que
seja anunciada. Para que o homem possa amar a Deus, é preciso conhecê-lo. Para que
possa chegar a Deus, é mister ser santificado pela graça. Assim, Cristo enviou os
apóstolos que escolhera, dando-lhes o mandato de anunciar o Evangelho: “Ide, fazei que
todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei8”.
Através dos apóstolos, a missão, que o Pai confiou a seu Filho Jesus Cristo,
chega à Igreja, que terá a responsabilidade de, através dos tempos, realizar a
continuidade da missão salvadora de seu fundador:
Jesus entrega o seu espírito nas mãos do Pai. No momento em que por
sua Morte é vencedor da morte, de maneira que, ressuscitado dos
mortos pela Glória do Pai, dá imediatamente o Espírito Santo „soprado‟
sobre seus discípulos. A partir dessa Hora, a missão de Cristo e do
6
LG 3.
7
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Paulinas, 1993. 430.
8
Mt 28, 19-20.
2. 9
Espírito passa a ser a missão da Igreja: „Como o Pai me enviou, também
eu vos envio‟9.
João Paulo II lembra que a Igreja recebeu uma missão universal, sem limites,
referente à salvação em toda a sua integridade, segundo aquela plenitude de vida que
Cristo veio trazer. Ela foi „enviada para manifestar e comunicar a caridade de Deus a
todos os homens e povos‟10.
Assim, a missão da Igreja, pressuposto da missão do fiel cristão e da missão
laical, precisa ser analisada nos seguintes aspectos: a missão da Igreja; Igreja e mundo;
realidade e limites da participação da Igreja na ação de Deus no mundo; a autonomia
das realidades terrestres; mundo: lugar de missão e de santificação; horizonte teologal e
realidade da história.
1.1 A missão da Igreja
O Espírito Santo é quem mantém a Igreja viva e atuante. Ele é o principal
protagonista da missão, ou seja, o principal „personagem‟ da obra da evangelização.
Não se pretende, aqui, negar que os leigos e os clérigos, também protagonizam essa
missão; porém, entende-se que a parte que lhes toca é significativa, mas não a principal.
É o Espírito Santo quem guia a missão, é dele que vem a força que se necessita para o
encorajamento e o prosseguimento da evangelização. O Espírito Santo abre os caminhos
e os corações daqueles que não o conhecem, ou ainda que o rejeitam.O Papa Wojtyla
afirma:
Sob o impulso do Espírito, a fé cristã abre-se, decididamente, às nações
pagãs, e o testemunho de Cristo expande-se em direção aos centros mais
importantes do Mediterrâneo oriental, para chegar, depois, a Roma e ao
extremo Ocidente. É o Espírito que impele a ir sempre mais além, não
só em sentido geográfico, mas também ultrapassando barreiras étnicas e
religiosas, até se chegar a uma missão verdadeiramente universal11.
A missão originária foi a de Cristo. Ele é o enviado do Pai por excelência;
portanto, a nossa missão tem origem na dele: “Sendo Cristo enviado pelo Pai a fonte e a
9
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Paulinas, 1993. 730.
10
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Redemptoris Missio. São Paulo: Paulinas, 1991. 31.
11
Id., ibid.,25.
3. 10
origem de todo apostolado da Igreja, é evidente que a fecundidade do apostolado, tanto
a dos ministros ordenados como a dos leigos, depende da sua união vital com Cristo”12.
Na reflexão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil:
Tem-se que anunciar Jesus Cristo, sua doutrina, o nome, a vida, as
promessas, o Reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus. Vise
a inculturação da fé; comprometa a todos na comunhão e participação;
favoreça a colaboração entre todos os homens de boa vontade assuma a
encarnação como caminho da missão e se fundamente na plena inserção
da realidade sociocultural13.
“A Igreja é o fruto da ação gratuita e salvadora de Deus trino, nascida do decreto
de Deus Pai, participando da vida de Deus Filho, animada pelo Espírito Santo”14.
Na verdade, o construtor do Reino é o próprio Deus, só Deus pode construir o
Reino, e, portanto, esse Reino não pode ser o resultado exclusivo das mãos do homem.
Porém, Deus confia ao homem participar com sua colaboração,
para estabelecer, quanto possível, o Reino de Deus, e, portanto, para
sujeitar todas as coisas inferiores e tudo o mais ao Espírito de Deus. É
de fato esse o programa da obra de Deus, (...) e para realizar tal
programa o Senhor nos deu a graça de sermos Seus colaboradores.
Seremos reis, adaptando-nos a Seus desígnios reais, cooperando nessa
obra do Reino, nas condições queridas por Deus e nos diferentes planos
de sua realização15.
As questões temporais também fazem parte da missão, pois o mundo é o lugar
do acontecimento da mesma missão. “O batismo e a confirmação incorporam a Cristo e
o tornam membros da Igreja”16 e pede ao leigo que se envolva com a vocação da Igreja
que está no mundo e com as coisas do mundo.
1.2 Igreja e Mundo
12
Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Paulinas, 1993. 864.
13
Igreja: comunhão e missão na evangelização dos povos. Doc. 40. CNBB. 122.
14
Cf. ILLANES, José Luis. Laicado y sacerdocio. Pamplona: Universidad de Navarra, 2000, p. 99.
15
CONGAR, Yves. Os leigos na Igreja. São Paulo: Herder, 1966, p. 335.
16
DP 786.
4. 11
Acerca da questão sobre Igreja e mundo, João Paulo II lembra que “são
numerosos os textos evangélicos que provam a atitude de clemência e misericórdia que
Jesus tem com respeito ao mundo, enquanto é seu salvador17”. “Partindo desse
pressuposto, os leigos a serviço da Igreja no mundo estão chamados a trabalhar pela sua
santificação”18.
O Vaticano II, sobretudo na Lumen Gentium e na Gaudium et Spes, propõe uma
Igreja encarnada no mundo, no diálogo com o mundo e ao serviço do mundo, mas não
sujeita ao mundo. “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens
do nosso tempo, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias
e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”19. Devem os fiéis
viver em estreita união com os outros homens do seu tempo e se esforçar por
compreender a fundo os seus modos de pensar e de sentir, expressos na cultura. Eis a
reflexão do Vaticano II:
Que conciliem os conhecimentos das novas ciências e teorias e das mais
recentes invenções com os costumes e o ensinamento da doutrina cristã,
para que o sentimento religioso e a retidão moral avancem neles a par
do conhecimento científico e dos progressos diários da técnica; assim
poderão apreciar e interpretar todas as coisas com uma sensibilidade
autenticamente cristã 20.
A verdade de Deus está semeada no coração de todos os seres humanos e
encontrou seu eco no mundo. Pertencem ao elo da grande corrente humana que se vai
sucedendo no tempo, e permanecendo no mundo, como afirma Illanes: “A Igreja que
está no mundo, comunidade de salvação que se vai formando na história até alcançar
sua plenitude no momento da consumação escatológica, antecipa e anuncia o fim e o
destino até que tudo tenha a virtude do qual tudo se explica”21.
É importante que se tenha clareza sobre a relação entre a Igreja e o mundo, pois
todos os batizados pertencem à Igreja que cresce no mundo, diante de todos os desafios
que a humanidade conhece. O mundo em si é de natureza boa, pois é obra de Deus, que
17
JOÃO PAULO II. Creo en la Iglesia – Catequesis sobre el credo. Madrid: Palabra, 1997, p. 408.
18
Id., ibid., p. 409.
19
GS 1.
20
Id., ibid., 62.
21
ILLANES, op. cit., p.126.
5. 12
é só bondade. Porém, o mundo pode tornar-se decadente, devido a sua natureza de
contingência. “O mundo foi criado bom, tem sua origem na sabedoria e no amor de
Deus: na eficiência amorosa de Deus Pai, que o fez por meio de suas mãos, o Verbo e o
Espírito Santo”22.
O mundo sofre constantes mudanças. Essas mudanças trazem novos desafios ao
homem, que o fazem tomar novas atitudes diante do desconhecido. A sociedade recebe
as mudanças, e, para absorvê-las, necessita da capacidade do homem de dar uma
resposta.
Todos os acontecimentos do mundo influenciam direta ou indiretamente a vida
dos homens e, com isso, também as suas realidades e acontecimentos da história. O
modo de viver de uma sociedade acaba por mudar também os direcionamentos de tudo
aquilo que dela depende. Aqui se quer aludir à relação da Igreja com o mundo. M.
Santos afirma:
Dado que a Igreja está no mundo e na história, a relação da Igreja com o
mundo estará sempre temporalmente condicionada e será sempre a
história da salvação de uma Igreja peregrina. Desde o início do
cristianismo, e até ao fim dos tempos, foi, é e será ponto fulcral de
debates de todo o tipo. Das perseguições do Império Romano ao atual
secularismo, passando pelo cesaropapismo, a questão das investiduras
(...) 23.
É necessário elucidar a relação existente entre Igreja e mundo, portanto a relação
de suas realidades. Estar no mundo é deliberadamente sujeitar-se e condicionar-se às
suas exigências, ou esforçar-se para melhorá-lo. Surge daí a possibilidade e a
necessidade de a Igreja aparecer sempre missionária.
A história da salvação, da qual a Igreja faz parte, é sem dúvida uma história
conturbada. Sempre foi cercada por dificuldades. Mas a Igreja resiste sempre e fazer-se
presente e atuante no mundo faz parte de sua índole. A realidade da Igreja passa pela
22
SANTOS, M. Igreja x Mundo. Teocomunicação, Porto Alegre, v. 32, n. 137, p. 488, set. 2002.
23
Id., ibid., p. 485.
6. 13
provação das mesmas conseqüências a que está sujeita toda a humanidade, pois ela está
no mundo e convive dia a dia com as coisas que ele lhe impõe. Segundo M. Santos,
com o pecado, a criação ficou também ferida. Mas a situação da
humanidade no mundo foi distorcida pelo pecado, e o mundo se
converteu em instrumento da ira e do castigo de Deus: o trabalho deixa
de ser um prazer; a terra seria uma maldição para os que desobedecem a
Deus. Nenhuma das ajudas oferecidas por Deus, através dos juízes, reis
e profetas, bastaria. Por isso chega à fase final do plano de Deus: „Deus
tanto amou o mundo (tòn kósmon) que enviou o seu Filho único‟24.
Por causa do pecado da humanidade, pela dureza de coração do homem, foi
necessário que Deus interviesse na história do mundo e aqui deixasse seu sinal, sua
Igreja, fundada por seu Filho, e fizesse dos filhos de Deu missionários para engajar-se
contra o pecado, contra as injustiças e dificuldades que o próprio homem cria em nome
do progresso e do egoísmo.
1.3 Realidade e limites da participação da Igreja na ação de Deus no mundo
Afirma João Paulo II: “Ao anunciar e ao acolher o Evangelho na força do
Espírito, a Igreja torna-se comunidade evangelizada e evangelizadora e, precisamente
por isso, faz-se serva dos homens” 25.
O cristão pode afirmar a mais decidida autonomia das realidades temporais,
porque o mundo é obra de Deus, a realidade temporal tem sua verdade própria, suas leis
próprias, naturais.
Consoante oVaticano II, na Gaudium et Spes,
se por autonomia das realidades terrestres entendemos que as coisas
criadas e as próprias sociedades gozam de leis e valores próprios, a
serem conhecidos, usados e ordenados gradativamente pelo homem, é
absolutamente necessário exigi-la. Isto não é só reivindicado pelos
24
Id., ibid., p. 489.
25
CfL 36.
7. 14
homens de nosso tempo, mas está também de acordo com a vontade do
criador26.
É necessário respeitar a autonomia das realidades temporais. Importante é
reconhecer que todas as realidades têm em si suas próprias características que as tornam
o que são. Com isso, não fica difícil de se perceber que, em se tratando das realidades
terrestres, há de se reconhecer que toda a sua autonomia é originada em seu criador,
que é Deus, a quem tudo pertence. Por isso, o Concílio Vaticano II adverte: “Porém, se
pelas palavras „autonomia das realidades temporais‟ se entende que as coisas criadas
não dependem de Deus, e o homem as pode usar sem referência ao criador, todo aquele
que admite Deus percebe o quanto sejam falsas tais máximas”27.
Todos somos chamados a viver a fé cristã na sociedade, junto com os outros,
junto com os diversos problemas existentes no mundo. Não se pode ignorar que a
missão exige dedicação, empenho na caridade, trabalho. Diante das necessidades, das
imperfeições do mundo, urge que os batizados se lancem à missão. Quando nos
referimos aos batizados, queremos incluir os clérigos, os leigos e os consagrados.
É preciso entender as conseqüências da missão e ver no mundo o lugar das
realizações. Por isso, o campo de trabalho se torna amplo.
A realidade da participação da Igreja na ação de Deus no mundo é vontade do
próprio Deus. É ele quem quer que a humanidade seja engajada no serviço, na missão
do mundo. Illanes afirma:
Dado que a missão da Igreja participa, mediante a graça e a vocação de
Deus, na constante obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo, se deve
concluir que nosso serviço leva o selo daquele que atribuímos às
pessoas divinas, a saber, sua obra, ora na criação, ora na redenção, ora
na santificação28.
Há realidades que limitam a participação da Igreja na ação de Deus, no mundo,
segundo Illanes:
26
GS 36.
27
Id., ibid., 36.
28
ILLANES, op. cit., p. 77.
8. 15
Em primeiro lugar, proclama-se, de uma parte, que a Igreja participa na
ação de Deus no mundo. De outra, que esta participação tem dois
limites: primeiro limite, a ação de Deus no mundo não está reduzida à
que exerce através das estruturas e realidades eclesiais e, além disso, o
segundo limite, porque há uma atuação do cristão que se situa também
além dos confins eclesiais29.
Afirma a CNBB:
o cristão olha para o mundo com realismo e com esperança. Procura
reconhecer nele os sinais da vontade de Deus e os caminhos que
apontam para o Reino, assim como distinguir os obstáculos e as forças
do mal que impedem a sociedade humana de avançar na direção da
justiça, da paz e da fraternidade30.
Há que reconhecer uma certa autonomia de todas as realidades terrestres. Sabe-
se que Deus é o criador de todas as coisas e quem constitui seu povo santo. Ele dá a
liberdade para as realizações do homem neste mundo. Segundo Illanes,
o conhecimento de que o criador proveua todas suas criaturas de uma
peculiar forma de ser e desenrolar internamente, com estruturas, valores
e modos de fazer próprios. Portanto, os homens têm direito a investigar
a criação, mediante a experiência, o estudo e a reflexão racional dessa
realidade31.
Naturalmente, para um cristão, o mundo é criação de Deus e obra de sua
inteligência. Portanto, conhecer o mundo é conhecer sinais de Deus. Cada criatura, por
provir de Deus, participa do ser de Deus.
1.4 Mundo e história: lugar de missão e de santificação
Deus quis que as mudanças se dessem também com a ação dos homens. João Paulo
II lembra que
29
Id., ibid., p. 81.
30
Missão e ministério dos cristãos leigos e leigas – CNBB – Doc. 62. n. 10.
31
ILLANES, op. cit., p. 88.
9. 16
a missão da Igreja, tal como a de Jesus, é obra de Deus, ou, usando uma
expressão freqüente em São Lucas, é obra do Espírito Santo. Depois da
ressurreição e ascensão de Jesus, os apóstolos viveram uma intensa
experiência que os transformou: o Pentecostes. A vinda do Espírito
Santo fez deles testemunhas e profetas32.
Abraçar a tarefa missionária da Igreja é estar em conformidade e unido a Cristo,
pois esta é, verdadeiramente, a atitude de um batizado. E cada um tem um espaço onde
possa ser útil. Cada testemunho é importante na comunidade, na Igreja e no mundo: “A
participação na missão universal, portanto, não se reduz a algumas atividades isoladas,
mas é o sinal da maturidade da fé e de uma vida cristã que dá fruto”33.
O cristão olha para o mundo com realismo e com esperança. Procura
reconhecer nele os sinais da vontade de Deus e os caminhos que
apontam para o reino, assim como distinguir os obstáculos e as forças
do mal que impedem a sociedade humana de avançar na direção da
justiça, da paz e da fraternidade34.
É preciso que haja um engajamento consciente das pessoas na construção do
Reino, uma verdadeira resposta ao amor de Deus. Esse trabalho não é temporário, é
contínuo e urgente.
Tanto na Igreja como no mundo encontramos ambiente próprio de missão e de
salvação, que se dá por meio da santificação, a qual é própria da ação de Deus. Antes da
divisão entre clérigo e laicado, está o fim último da missão: “a conversão dos homens a
Cristo e, como conseqüência, transformar a sociedade humana numa sociedade mais
justa e fraterna”35.
Todos os fiéis são chamados à santidade, e esta é oferecida como possibilidade
de realização no mundo com suas realidades temporais. É preciso lembrar que não é
somente do aspecto das realizações terrenas que surge a possibilidade de santificação, é
32
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Redemptoris Missio. São Paulo: Paulinas, 1991. 24
33
Id., ibid.,77.
34
Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas. Doc 62. CNBB. 10.
35
ZILLES, U. Quem é o leigo na Igreja? qual sua missão? Teocomunicação, Porto Alegre, n. 72, p. 18,
1986/1.
10. 17
também necessária a espiritualidade, um envolvimento consciente de busca do amor e
proteção de Deus do qual procedem todas as coisas.
Lançe-se um olhar sobre a história, na perspectiva da compreensão das
realidades que ocorrem em todos os campos da vida humana, e hão de encontrar-se
elementos que respondem a perguntas pertinentes a cada realidade vivida pelos homens.
No horizonte teologal, também se passa por várias realidades, ou seja, na história
encontram variados tipos de acontecimentos. O que se pretende aqui é estabelecer uma
relação de compreensão entre secularidade da Igreja e secularidade do leigo. São duas
realidades diferentes, contudo, pertencentes à mesma realidade histórica.
A realidade da história é a realidade dos homens; portanto, tudo o que nela
acontece é referente à humanidade. Deus revela-se e intervém na história em favor dos
homens, confirmando sua presença desde o princípio como criador e ordenador de tudo.
“Cristo como entrega decisiva de Deus ao homem é a realidade suprema e primordial, o
centro do qual depende e meta que tudo ordena, o ponto de referência que dá unidade à
criação e à história desde seu início até à sua consumação”36.
As realizações humanas devem servir como instrumento de vida. Illanes afirma
que “as atividades levadas a cabo hoje, no presente da história, e as realizações que
delas derivam se apresentam como realidades não últimas, mas abertas a uma realização
e de sentido, e por tanto como antecipação da plenitude de vida que se alcançará na
escatologia”37. “Nada é irrelevante ou fútil na história que tem por protagonista
Deus”38.
Na perspectiva de traçar no horizonte da história uma compreensão teológica dos
acontecimentos, deve-se ter presente, que a ação de Deus, diante das realidades, tem
sempre uma utilidade, há sempre uma importância relacionada ao homem, ou seja, é por
causa da humanidade que Deus age na história. “Assim sendo, os homens como Igreja,
e agentes da Igreja, devem compreender que sua responsabilidade e missão no mundo
tem como fim manifestar aos homens a dimensão profunda e o valor radical
36
ILLANES, op. cit., p. 131.
37
Id., ibid., p. 131.
38
Id., ibid., p. 132.
11. 18
escatológico da existência”39, isto é, todo o sentido da vida humana culmina e caminha
para a salvação.
Assim, as realidades temporais não são alheias a Deus, ou seja, as realizações do
mundo e das diversas ordens terrenas não acontecem à margem do conhecimento e
atuação de Deus. “A vida comunicada por Deus dá sentido à existência do homem, e,
por tanto, sua fé em Jesus Cristo, a esperança da salvação, recobra seu significado,
radica dentro da história”40.
39
Id., ibid., p. 132.
40
Id., ibid., p. 131.