O documento discute o papel dos leigos na Igreja e na sociedade, chamando-os a serem "sal da terra e luz do mundo". Os leigos assumem a responsabilidade de levar o Evangelho para o mundo e transformá-lo, iluminando as trevas com a luz de Cristo e preservando a humanidade da corrupção. O documento enfatiza a importância da formação dos leigos para que possam cumprir plenamente sua missão.
2. O Documento da CNBB 105 é fruto da 54° Assembleia da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem como
tema central: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade - sal
da Terra e Luz do Mundo”.
3. Chamados pelo Batismo e pela Crisma ao seguimento de Jesus
Cristo, os leigos e as leigas assumem a responsabilidade de serem
sujeitos na Igreja e na sociedade, sendo sal e luz. Eles vão ao
mundo e recebem o retorno da transformação.
Ser Luz é iluminar as trevas. É
mostrar o caminho clareando a
escuridão.
Ser sal da terra é não deixar apodrecer. É conservar. É dar sabor.
4. O mundo é o grande campo
da revelação de Deus. O
verbo de Deus se encarnou
e veio morar em nosso
meio.
O mundo é o lugar da ação
do amor de Deus. É nele
que devemos Sal e Luz
(Mateus 5,13-14).
Nem o sal, nem a luz, nem a Igreja e nenhum cristão vivem para
si mesmos. Somente surtirão os efeitos da Boa Nova, se
estiverem ligados a Jesus Cristo (João 15,18).
5. O Concílio Vaticano II afirma que a
Igreja está dentro do mundo, não
fora. Na relação com o mundo a
Igreja se vê pequena: pequeno
rebanho, sal na comida, fermento na
massa, semente lançada na terra.
6. Velocidade e superficialização das informações.
ideologias diversas: mercado, urbanização, cultura do
consumo, individualismo.
enfraquecimento das relações humanas, fundamentalismo,
comunidades alternativas, fechamento religioso, tendências de
autoritarismo.
7. ideologização da mensagem do Evangelho. Há muitas ideologias
que querem mundanizar a Igreja.
Não vos conformeis com este mundo (Rm 12,2)
O desafio do Cristão será sempre viver no mundo sem ser do
mundo. Não entrar na mentalidade mundana, mas discernir
pluralidade de relativismo.
8. O cuidado com o clericalismo. O leigo não é padre.
O cuidado com a religião intimista e/ou com o secularismo.
9. Satisfação individual e indiferença pelo outro. Se eu estou
bem, o outro não me interessa.
Bem estar de poucos e misérias de muitos. A segregação de
muitos para manter a boa vida de poucos.
Supremacia dos desejos em detrimento das necessidades
10. Papa Francisco fala das novas tentações: o mundanismo espiritual.
Não se trata de jogar o mundo fora, mas mudar a mentalidade.
Os cristãos leigos levam o
Evangelho para dentro das
estruturas do mundo, onde
homens e mulheres vivem, agindo
em toda parte santamente e
consagram a Deus o próprio
mundo.
O cristão que não tem
consciência de ser sujeito,
corre o risco da alienação, da
acomodação e da indiferença.
11. Precisamos vencer a indiferença com as obras de misericórdia.
Caim se mostrou indiferente ao irmão. O bom samaritano, pelo
contrário, deixou-se comover, aproximou-se e cuidou do próximo.
Venceu a indiferença pela misericórdia!
A globalização da indiferença, infelizmente, nos tornou
insensíveis. A alma do mercado entra na alma humana criando
um círculo vicioso que incluiu, de maneira perversa, as mais
diferentes condições de vida coletiva e individual.
12. Igreja em saída, de portas abertas, que vai em direção aos
outros para chegar às periferias humanas e acompanhar os que
ficaram caídos à beira do caminho.
A Igreja direcionada e pautada
pelo Reino de Deus caminha
para frente, dentro da história,
com lucidez e esperança, com
paciência e misericórdia, com
coragem e humildade.
13. A Igreja, com estas características, incluindo dentre elas as atitudes
de escuta e diálogo, se insere no mundo como quem aprende e
ensina, sabe dizer sim ao que é positivo e não ao que prejudica a
dignidade humana.
Assim, a Igreja se insere no mundo com a atitude do serviço
iluminado pela postura amorosa e serviçal presente na Santa Ceia.
14. Além de mestre, Jesus é o modelo para todo cristão que é
chamado a ser sujeito livre e responsável, capaz de opções, de
decisões e de um amor condicional.
A Igreja é a imagem terrena
da Santíssima Trindade: ela é
povo de Deus em relação ao
Pai, Corpo e esposa com
relação ao Filho e Templo
vivo com relação ao Espírito
Santo.
O Espírito nos dá carisma e ministérios para evangelizar e
transformar em vista ao Reino de Deus.
Como discípulos de Jesus, somos sujeitos de nossa vida e de
nossa missão, conscientes de nossa dignidade.
15. A Igreja, comunhão na diversidade: O povo de Deus, a Igreja, e sua
unidade se realiza na diversidade de rostos, carismas, funções e
ministérios.
Esta realidade da presença de Cristo é explicitada na imagem
proposta por Paulo, a de que a Igreja é o Corpo de Cristo (1
Coríntios 12,12-30; Romanos 12,4-5).
A igreja, corpo de cristo
na história: Os cristãos
são chamados a serem
os olhos, os ouvidos, as
mãos, a boca, o coração
de Cristo na Igreja e no
mundo.
16. A iniciação à vida cristã: O Concílio Vaticano II valorizou a
fundamentação sacramental da Igreja, especialmente pelos
sacramentos da iniciação cristã.
O nos incorpora a Cristo, pois
fomos batizados num só Espírito para
formarmos um só corpo (1 Coríntios
12,13; Efésios 4,5).
A nos unge com o óleo
do mesmo Espírito de Cristo
para sermos defensores e
difusores da fé. (At 8,17)
A une a todos na
mesma fração do pão (1 Cor
10,17).
Esses sacramentos fundam a igual
dignidade de todos os membros de Cristo.
17. Identidade e dignidade da vocação laical: A distinção que o Senhor
estabeleceu entre os ministros sagrados e o restante do povo de
Deus contribui para a união já que os pastores e os demais fiéis
estão ligados uns aos outros por uma vinculação comum.
18. O sacerdócio comum: Os cristãos leigos são portadores da graça
batismal, participantes do sacerdócio comum, fundado no único
sacerdócio de Cristo.
O Perfil Mariano da igreja: Para compreendermos, em toda a sua
grandeza e dignidade, a natureza e missão dos cristãos leigos,
podemos dirigir o nosso olhar para Maria. Nela encontramos a
máxima realização da existência cristã.
19. Liberdade, autonomia e relacionalidade: É para a liberdade que
Cristo nos libertou (Gálatas 5,1). O cristão leigo é verdadeiro
sujeito na medida em que cresce na consciência de sua dignidade
de batizado.
A maturidade dos cristãos leigos: Os cristãos leigos são
embaixadores de Cristo que participam do pleno direito na missão
da Igreja e tem um lugar insubstituível no anúncio e serviço do
Evangelho.
Vocação universal à santidade:
Os cristãos leigos, homens e
mulheres, são chamados antes
de tudo à santidade. A
santidade de vida torna a Igreja
atraente e convincente, pois os
santos movem e abalam o
mundo.
20. Antes de deixar este mundo, Jesus Cristo enviou seus discípulos
em missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda
criatura” (Marcos 16,15). Jesus envia seus discípulos como
fermento, sal e luz ao mundo.
O fermento, quando misturado à massa, desaparece. No entanto,
a massa já não é mais a mesma. A ação dos cristãos leigas e leigos
na caminhada da Igreja é história viva, sofrida e frutuosa.
21. Sem formação o leigo não conseguirá ser Sal e Luz no mundo. A
formação deve ser a partir do que pensa Jesus e sua Igreja,
amadurecendo a necessidade do discipulado no mundo.
A formação começa na família e perpassa por todos os lugares
onde o leigo está. É uma das prioridades da Igreja local.
A formação do leigo deve abranger todas as dimensões: bíblica,
catequese, liturgia, a vida, a doutrina e específica de cada área da
Igreja no mundo. (Dimensão da Mistagogia).
22. O leigo deve atuar nos Areópagos Modernos: É chamado a
evangelizar na família, na politica, nas políticas públicas em favor
da melhoria da vida, no mundo do trabalho, pois com ele
participamos da criação, o mundo da cultura, o mundo da
educação, nos meios de comunicação, na arte, no meio ambiente e
em todas as realidades de exclusão dos irmãos.
23. Os Bispos emitem a Palavra de incentivo: “Incentivamos os irmãos
leigos a acreditarem na própria vocação, como sujeitos de uma
missão específica. Reconhecemos o direito e a autonomia das
diferentes formas de organização e articulação do laicato expressos
nos documentos do Vaticano II”.
Os Bispos também deixam um
compromisso: “Como bispos nos
propomos a acolher cada vez
mais com coração fraterno a
todos os cristãos leigos e leigas,
valorizando sua atuação na
Igreja e no mundo, ouvindo suas
opiniões e sugestões, confiando-
lhes responsabilidades e
ministérios”.
24. O Documento 105 finaliza com pedido à Mãe Maria, a primeira
leiga discípula Missionária, que sobre sua maternal proteção
ecoe em nossos corações suas palavras:
“Pedimos a Maria, mãe da
Igreja, cheia de fé e de graça,
totalmente consagrada ao
Senhor, exemplo de mulher
solícita e laboriosa, que
acompanhe a todos os leigos
e leigos, seus filhos e filhas,
em cada dia da vida”. Sob sua
maternal proteção ecoem em
nossos corações as suas
palavras: “Fazei tudo o que
ele vos disser.” (João 2,5)