2. Publicado em 1945, Infância é uma
autobiografia de Graciliano Ramos que
prova ser possível uma obra somar os
elementos pessoais com os sociais.
O autor confessa em suas
memórias problemas que
afetaram não só a ele
mesmo, mas também o
seu meio.
Sua dor é também a dor de nosso mundo.
3. Em toda a narrativa de Infância, a
criança, Graciliano, passa por um
processo de aprendizagem e
amadurecimento interior, principalmente
ao aprender lidar com as perdas e as
dores.
4. O primeiro aspecto que chama a atenção é
a descrição de Graciliano como uma
criança oprimida e humilhada, pois é um
ser fraco diante de adultos, mais fortes.
Este é um dos pontos
de sua visão de
mundo: a opressão.
Quem tem poder,
naturalmente
massacra, sufoca.
5. Também faz parte da obra as relações
familiares.
Sua mãe era extremamente
grosseira, fria, o que se percebe
pelos apelidos com os quais se
dirigia a Graciliano: cabra-cega (por causa
da deficiência visual) e bezerro-encourado
(bovino órfão que recebia o couro de um
outro, já morto, para que a mãe deste,
enganada pelo cheiro, permitisse a
amamentação do desprestigiado).
6. Outro ponto perturbado na
relação familiar é seu pai,
que se mostra extremamente
autoritário, impiedoso e
tirano em muitos momentos.
O episódio em que surra o
filho por achar que este havia
sumido com um cinturão
(descobre depois que a
acusação era falsa) é dos
mais dramáticos.
7. A situação do protagonista é, portanto, de
constante opressão.
Mesmo quando não se faz de
forma explicitamente
violenta, realiza-se por meio
dos risos e gozações
extremamente humilhantes.
8. Até seu processo de alfabetização é
angustiante. Nasce aqui o escritor
pessimista, amargo, desencantado
com o mundo.
9. No entanto, sua salvação, ou pelo menos
válvula de escape, vai-se manifestar na
literatura. Acometido pela doença que o
fez ficar temporariamente cego
e preso em seu quarto, desperta
para o encantamento das
palavras, analisando-as,
namorando-as, principalmente
nas cantigas folclóricas
entoadas por sua mãe durante
os trabalhos domésticos.
10. Liberto, graças à literatura, distancia-se
da infância. Entra no universo dos
adultos.
Parte para o mundo.
11. O livro é formado por pequenos
capítulos, cada um encerrando uma
visão fechada sobre um aspecto da vida
do pequeno Graciliano.
12. Nuvens
Este capítulo, em meio às nuvens em que
está mergulhado o passado mais remoto
do narrador, é uma pequena súmula de
toda a obra. O primeiro contato que o
menino teve com as letras aparece neste
capítulo. O contato se deu em uma Escola
que servira de pouso para a sua família
numa viagem que eles fizeram de Alagoas
para o sertão pernambucano.
13. Manhã
Retomam-se temas do capítulo anterior,
ligados à opressão a que é submetido o
protagonista. Abre-se especial atenção
aos seus avôs, o paterno muito culto e o
materno forte, rude, não civilizado. Há
destaque para a descrição da natureza do
sertão.
14. Verão
Com a chegada do verão vem
a seca, mais um elemento
opressor em sua infância,
tanto que lhe causa uma sede
terrível em certa ocasião.
Neste capítulo o pai é apresentado com
uma figura explosiva, uma qualidade que
o narrador só vai entender muito tempo
depois, quando toma consciência das
dificuldades econômicas pelas quais o
velho passava.
15. Um Cinturão
O pai, muitas vezes descrito de forma fria
como “o homem”, não encontra seu
cinturão. Pergunta à Graciliano, que,
assustado, não consegue falar nada.
Descarrega sua raiva surrando a criança.
“Aliviado”, ao voltar para a rede acaba
descobrindo o objeto que tanto
procurava.
16. Nota-se que a intenção do agressor é
reparar o erro, mas sentimentos devem
ter-se misturado como orgulho, vaidade
e medo de perder a autoridade. Talvez
um desses elementos, ou todos,
justifiquem o fato de o pai hesitar
(queria pedir desculpas) e acabar
voltando para a rede e dormir. A
consequência desse episódio é grave:
Graciliano ganha uma desconfiança em
relação à justiça dos homens.
17. Uma Bebedeira
Graciliano e sua família estão fazendo
visita. Ganha destaque neste capítulo o
incômodo que as roupas de visita
provocam na personagem, principalmente
os sapatos.
18. Chegada à Vila
A família de Graciliano larga o campo e
se desloca para a vila, descrita como um
mundo estranho para o menino. Fica
abismado com o ajuntamento de casas,
pela falta de espaço e mais ainda quando
vê um sobrado, ou, no seu entender, uma
casa em cima da outra.
A Vila
Continua a descrição abismada que faz
das pessoas e do modo de vida da vila.
19. Vida Nova
Na Vila, o pai do narrador
torna-se comerciante, o que o
mergulhará em várias
dificuldades.
Padre João Inácio
Este capítulo dedica-se à descrição
do Padre João Inácio,
extremamente rude com seus fiéis.
20. O Fim do Mundo
Outro capítulo que nos surpreende
apresentando uma personagem grosseira
mostrando um lado humano. Dessa vez é
a mãe do protagonista, que, após ler um
texto religioso sobre o fim do mundo,
mergulha em um desespero imenso.
21. O Inferno
Aqui se revela o ingrediente que serviu de
base para o capítulo “Inferno”, de Vidas
Secas. Graciliano pergunta à mãe o que é o
Inferno. Ao ouvir a explicação dela, faz
questionamentos baseados na lógica e na
curiosidade.
O Moleque José
Descrição de um garoto que trabalhava
para o pai do protagonista.
22. Um Incêndio
Outro capítulo em que aparece o raciocínio
lógico contra o religioso.
José da Luz
Autoridade policial da vila, José da Luz
proporciona uma excelente experiência
para o protagonista. O policial é alguém
que tem tempo e disposição para conversar
com Graciliano, sem intenção de massacre
ou humilhação.
23. Leitura
O pai de Graciliano convence-o a se
alfabetizar, alegando que isso iria
permitir com que tomasse posse de uma
arma poderosíssima.
Escola
A agonia de Graciliano aumenta na
escola, onde continuará seu
problemático processo de alfabetização.
24. D. Maria
Capítulo dedicado à descrição da primeira
professora de Graciliano. Com seu jeito
meigo, atencioso e compreensivo,
perdoando os erros dos alunos.
O Barão de Macaúbas
Vencida, a muito custo, a primeira fase de
alfabetização, Graciliano passa para um
novo estágio, em que tem de mexer com
um livro de leitura do Barão de Macaúbas.
25. Meu Avô
Este capítulo apresenta o avô da
personagem dedicando-se a ajudar na
alfabetização de Graciliano.
Cegueira
Momento doloroso na vida de Graciliano.
Acometido por uma doença que inchava
seus olhos, inflamando-os, ficava
impossibilitado de enxergar.
26. Chico Brabo
Mais aprendizados o protagonista vai ter
em relação ao caráter humano, dessa vez
proporcionados por um seu vizinho, Chico
Brabo.
José Leonardo
Descrição de uma personagem que é
comparada a um relógio, pois é justo,
calmo, equilibrado, limpo. É um ser que
até poderia ser considerado progressista
em relação aos demais.
27. Minha Irmã Natural
Este capítulo serve para amesquinhar o
caráter do pai de Graciliano.
Antônio Vale
Este capítulo tematiza as dificuldades que o
pai do protagonista tem em relação ao
comércio. Mudança
Diante da enorme dificuldade financeira, o
pai do narrador desiste de ser
comerciante, abandona a vila e volta para
Viçosa, tentar ser novamente agricultor.
28. Adelaide
Graciliano volta à escola, agora de D. Maria
do O, personagem que, assim como sua
família, servirá para o narrador
descarregar um surpreendente racismo.
Um Enterro
Graciliano, na ocasião do enterro de um
coleguinha, visita pela primeira vez um
cemitério.
29. Um Novo Professor
Graciliano muda de novo de escola. E mais
uma vez derrama racismo, só que agora
discreto.
Um Intervalo
Este capítulo é de fato um “intermezzo”.
Graciliano realiza uma tentativa eclesiástica,
servindo de coroinha.
Astrônomos
Num rasgo de bondade, o pai de Graciliano
começou a acompanhá-lo na leitura de um
30. Samuel Smiles
Mais um passo importantíssimo.
Graciliano tem agora um novo professor,
homem que demonstra autoridade por ter
domínio de conhecimento.
O Menino da Mata e o seu Cão Piloto
O menino supera as dificuldades e vê na
leitura um prazer. Graciliano dedica-se à
leitura de um livro, “O Menino da Mata e o
seu Cão Piloto”.
31. Fernando
Este capítulo apresenta uma personagem
protegida do coronelismo que existia na
região: Fernando.
Jerônimo Barreto
Graciliano havia esgotado seu diminuto
universo de leituras. Como aumentá-lo? É
aconselhado a pedir ajuda a Jerônimo
Barreto, dono de uma vasta biblioteca.
32. Venta-Romba
Este capítulo é irmão de “Um Cinturão”.
Nele, ficamos sabendo que o pai de
Graciliano Ramos havia sido escolhido
para juiz substituto. Torna-se, portanto,
uma autoridade.
Mário Venâncio
Outro passo importantíssimo para a
libertação de Graciliano. Graças à
influência de Mário Venâncio, entra para
uma sociedade teatral.
33. Seu Ramiro
Como juiz substituto, o pai de Graciliano
sente-se na obrigação de hospedar
constantemente pessoas.
A Criança Infeliz
Este capítulo conta a apresentação de uma
personagem que consegue ser mais
desgraçada que o narrador. Ninguém lhe
tem respeito, nem mesmo sua família.
34. Laura
Laura é o nome da famosíssima musa
de Petrarca, o que cria toda a imagem
da mulher como um ser puro e sublime.
Coincidência ou não, esse é o nome da
paixão que Graciliano vai ter na escola.
E ela marca as mudanças que o próprio
protagonista sente em seu corpo.