O documento discute como o cinema pode contribuir para narrativas sobre a juventude que vão além dos clichês. A autora argumenta que alguns filmes lançam um olhar diferente sobre os jovens, mostrando-os como sujeitos em formação ética em vez de repetir estereótipos. Exemplos como Diários de Motocicleta, O Leitor e Educação são analisados para demonstrar como o cinema pode tensionar conceitos sociais sobre a juventude.
Desenhando o mundo ideal e mundo real um estudo sobre lésbicas, trabalho e in...Henrique Caproni
Este documento discute 1) a inserção social e desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres lésbicas, 2) as dificuldades que enfrentam no ambiente de trabalho devido à lesbofobia e heterossexismo, e 3) a necessidade de reflexão crítica sobre esses temas.
O documento discute as violências estatal e não-estatal e seu impacto no desenvolvimento da juventude. A violência estatal envolve a marginalização de certos grupos pela polícia e pelo estado, enquanto a violência não-estatal envolve o estigma internalizado por esses grupos. Ambas as violências contribuem para a luta de classes e influenciam negativamente os jovens, podendo levá-los para a criminalidade em busca de respeito.
Este documento faz um resumo do artigo "O espetáculo da publicidade: a representação do corpo feminino na mídia" de Liliany Samarão. O artigo analisa como o corpo feminino é representado na publicidade brasileira e como essas imagens refletem a cultura da sociedade. Ele discute a objetificação do corpo feminino na publicidade e como isso está enraizado na história do papel da mulher na sociedade brasileira desde a época colonial.
1) O texto discute o racismo e a discriminação racial na sociedade brasileira, criticando a tendência de atribuir o "problema" aos negros, em vez de reconhecer o preconceito da sociedade.
2) Ao falar sobre uma gerente negra em uma palestra, o autor destaca como ela enfrentou duas formas de discriminação por ser negra e mulher.
3) É enfatizado que a questão racial no Brasil se caracteriza por uma "inversão típica" que atribui o "problema de cor" aos negros,
A mulher-na-producao-cultural-brasileira-invisibilidade-e-fomentoRamiro Ribeiro
O documento discute a invisibilidade e falta de protagonismo das mulheres nas produções culturais brasileiras. Pesquisas mostram que as mulheres são sub-representadas em cargos como direção e roteiro no cinema brasileiro e na literatura nacional, e são retratadas de forma estereotipada e sexualizada. Grupos feministas vêm lutando por maior equidade de gênero na cultura e políticas públicas para apoiar a produção e representação femininas.
A (nova) representação social e psíquica dos personagens femininos em avenida...Cinthia Ferreira
O documento analisa a representação social e psíquica de personagens femininas na novela Avenida Brasil. Discute quatro personagens principais - Carminha, a vilã ambiciosa; Rita/Nina, a heroína vingadora; Suelle, a "Maria chuteira" livre sexualmente; e Tessália, a bela ingênua cobiçada. A análise sugere que essas personagens refletem novas identidades femininas na sociedade brasileira contemporânea.
Pra cá de Teerã - Questões de Subjetividade no Ciclo Autoral de Marjane SatrapiMarcel Ayres
Primeiro, o documento apresenta um resumo dos enredos das três obras do ciclo autoral da novelista gráfica iraniana Marjane Satrapi. Segundo, discute questões de subjetividade nas obras e como as identidades são construídas de forma relacional e fragmentária. Terceiro, analisa como as obras se relacionam com o conceito de orientalismo de Edward Said.
Durval Muniz de Albuquerque Júnior reúne artigos sobre teoria da história em três partes: 1) o envolvimento entre história e literatura, 2) as contribuições e polêmicas de Michel Foucault, 3) aspectos variados do trabalho do historiador. O autor defende um caráter artístico e poético para a história pensada com a literatura, não contra ela.
Desenhando o mundo ideal e mundo real um estudo sobre lésbicas, trabalho e in...Henrique Caproni
Este documento discute 1) a inserção social e desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres lésbicas, 2) as dificuldades que enfrentam no ambiente de trabalho devido à lesbofobia e heterossexismo, e 3) a necessidade de reflexão crítica sobre esses temas.
O documento discute as violências estatal e não-estatal e seu impacto no desenvolvimento da juventude. A violência estatal envolve a marginalização de certos grupos pela polícia e pelo estado, enquanto a violência não-estatal envolve o estigma internalizado por esses grupos. Ambas as violências contribuem para a luta de classes e influenciam negativamente os jovens, podendo levá-los para a criminalidade em busca de respeito.
Este documento faz um resumo do artigo "O espetáculo da publicidade: a representação do corpo feminino na mídia" de Liliany Samarão. O artigo analisa como o corpo feminino é representado na publicidade brasileira e como essas imagens refletem a cultura da sociedade. Ele discute a objetificação do corpo feminino na publicidade e como isso está enraizado na história do papel da mulher na sociedade brasileira desde a época colonial.
1) O texto discute o racismo e a discriminação racial na sociedade brasileira, criticando a tendência de atribuir o "problema" aos negros, em vez de reconhecer o preconceito da sociedade.
2) Ao falar sobre uma gerente negra em uma palestra, o autor destaca como ela enfrentou duas formas de discriminação por ser negra e mulher.
3) É enfatizado que a questão racial no Brasil se caracteriza por uma "inversão típica" que atribui o "problema de cor" aos negros,
A mulher-na-producao-cultural-brasileira-invisibilidade-e-fomentoRamiro Ribeiro
O documento discute a invisibilidade e falta de protagonismo das mulheres nas produções culturais brasileiras. Pesquisas mostram que as mulheres são sub-representadas em cargos como direção e roteiro no cinema brasileiro e na literatura nacional, e são retratadas de forma estereotipada e sexualizada. Grupos feministas vêm lutando por maior equidade de gênero na cultura e políticas públicas para apoiar a produção e representação femininas.
A (nova) representação social e psíquica dos personagens femininos em avenida...Cinthia Ferreira
O documento analisa a representação social e psíquica de personagens femininas na novela Avenida Brasil. Discute quatro personagens principais - Carminha, a vilã ambiciosa; Rita/Nina, a heroína vingadora; Suelle, a "Maria chuteira" livre sexualmente; e Tessália, a bela ingênua cobiçada. A análise sugere que essas personagens refletem novas identidades femininas na sociedade brasileira contemporânea.
Pra cá de Teerã - Questões de Subjetividade no Ciclo Autoral de Marjane SatrapiMarcel Ayres
Primeiro, o documento apresenta um resumo dos enredos das três obras do ciclo autoral da novelista gráfica iraniana Marjane Satrapi. Segundo, discute questões de subjetividade nas obras e como as identidades são construídas de forma relacional e fragmentária. Terceiro, analisa como as obras se relacionam com o conceito de orientalismo de Edward Said.
Durval Muniz de Albuquerque Júnior reúne artigos sobre teoria da história em três partes: 1) o envolvimento entre história e literatura, 2) as contribuições e polêmicas de Michel Foucault, 3) aspectos variados do trabalho do historiador. O autor defende um caráter artístico e poético para a história pensada com a literatura, não contra ela.
Concepção de poder em michel foucault e as relações de poder na universidade...Tinho Tinho
1) O documento discute as concepções de poder de Michel Foucault e como elas se aplicam às relações de poder na Universidade Estadual do Oeste do Paraná entre 1991-1995.
2) Foucault acreditava que não existia "o poder", mas sim relações de poder que coagiam e controlavam os indivíduos.
3) No entanto, a pesquisa concluiu que a visão de Foucault não explicava totalmente as arbitrariedades observadas na UNIOESTE, que estavam mais relacionadas ao patrimonialismo
Este documento discute o impacto da publicação do livro "Vigiar e Punir", de Michel Foucault, na historiografia brasileira na década de 1970. O livro questionou visões humanistas sobre a prisão e inspirou uma nova geração de historiadores a pensar o poder de forma diferente e a incluir novos objetos de estudo. Sua publicação coincidiu com um período de redemocratização no Brasil e mobilização social, tornando as ideias de Foucault particularmente influentes.
Foucault criticou os movimentos de liberação gay que buscavam explicações biológicas para a homossexualidade, preferindo uma "arte de viver" os desejos. Ele disse que os homossexuais estão paralisados na busca por causas para seus desejos ao invés de vivê-los. Freud desnaturalizou a sexualidade humana ao mostrar que todas as escolhas sexuais seguem determinações inconscientes, não havendo o que se possa chamar de normal. Sua teoria da "perversão" mostrou que a sexualidade humana é contrária à natureza
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
Kant e foucalt e a etica do cuidado de siHapha Soares
O artigo analisa a proximidade entre a filosofia tardia de Kant e a ética do cuidado de si de Foucault. Argumenta-se que ambos defendiam uma tese de autoformação ou autoconstrução do homem, na qual a natureza humana pode se modificar e construir a si mesma. Kant mostrava que a moralidade é exequível para seres humanos livres, ao passo que Foucault defendia uma ética do cuidado de si na qual o homem se cultiva a si mesmo.
Foucault book, Sexualidade, Corpo e DireitoCleo Nery
A autora discute como a escrita de si da teóloga feminista brasileira Ivone Gebara pode ser analisada à luz dos conceitos de Foucault sobre a ética da parresia e a estética da existência. Ao contar sua própria história, Gebara resiste às práticas de confissão moderna e constrói uma forma de luta política e crítica cultural que desafia os padrões culturais estabelecidos. Sua escrita abre espaço para deslocamentos subjetivos e coletivos, transformando micropoliticamente as
O documento resume a obra "Documentos de Identidade" de Tomaz Tadeu da Silva, que analisa as teorias do currículo desde sua origem até as teorias pós-críticas. Discute como as teorias tradicionais, críticas e pós-críticas influenciaram os estudos curriculares e a formação da subjetividade. Também aborda como questões como gênero, raça e sexualidade influenciam a produção e reprodução das desigualdades na sociedade por meio do currículo.
O documento discute o curso "Sujeito, Poder e Verdade" que analisa como esses conceitos se articulam na cultura ocidental segundo o pensamento de Foucault. Aborda a definição de cultura, investigação de culturas e como Foucault analisou sistemas de pensamento, envolvendo mentalidades, representações e produção de verdade.
Texto o jovem como sujeito social grupo 2 - dia 04 de novembroProfesonline
O documento discute os jovens ligados a grupos musicais como sujeitos sociais. Apresenta três pontos principais: 1) Analisa imagens sociais sobre a juventude e argumenta que elas não capturam a diversidade de modos de ser jovem; 2) Define juventude como um processo de construção de sujeitos com especificidades, e não como uma transição para a vida adulta; 3) Entende os jovens como sujeitos sociais que constroem identidades baseadas em seu contexto social, ainda que em condições estruturais desiguais.
1) O documento discute a série de TV "Girls" e como ela retrata um "estilo de vida indie" diferente de "Sex and the City".
2) Ele contrasta as personagens de "Girls", que são menos convencionais em beleza e enfrentam problemas existenciais, com as personagens consumistas de "Sex and the City".
3) O documento argumenta que "Girls" representa um novo tipo de feminismo ancorado em um estilo de vida independente e alternativo.
O documento discute a relação entre história, cidadania e direitos sociais. Aborda temas como participação política, direitos das mulheres e minorias, trabalho infantil e evolução do conceito de cidadania ao longo do tempo. Propõe atividades didáticas sobre esses assuntos utilizando textos e referências conceituais.
O documento descreve um evento sobre o filme "Quanto Vale ou É Por Quilo?" que explora a exploração da miséria pelo marketing social. O filme mostra como a situação não mudou desde a escravidão, quando os negros eram caçados para venda, e hoje quando organizações exploram a miséria. O documento também discute a sociologia da infância e como as crianças devem ser vistas como atores sociais com voz.
Negações e silenciamentos no discurso acerca da juventudeCatia Andressa
Artigo baseado em "Uma análise acerca do discurso sobre a juventude no ensino de história", trabalho de conclusão do curso de História na Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, desenvolvido pela autora, sob a orientação do Prof. Dr. Nilton Mullet Pereira e sob arguição do Prof. Dr. Carlos Alfredo Gadea de Castro, ambos da mesma instituição de ensino superior. O trabalho obteve aprovação com distinção no segundo semestre de 2005.
Posteriormente, se tornou uma palestra sobre o período, ministrada nos Encontros IHU Ideias, e este artigo é consequência desta.
Texto a Pluralidade das Juventudes Militantes no Recife, de Otávio Luiz Macha...Otavio Luiz Machado
1) O documento discute os novos movimentos juvenis em Recife após a transição democrática, incluindo movimentos estudantis e culturais.
2) A pesquisa analisa a fragmentação dos movimentos estudantis e o surgimento de novos grupos nos movimentos populares e culturais.
3) Os modelos sociológicos tradicionais de análise juvenil são discutidos, assim como novas abordagens pós-modernas.
Este artigo procura compreender como se construíram as ações da juventude em épocas de totalitarismo, analisando especialmente o período nazista na Alemanha e 1968 no Brasil. O autor conceitua juventude como uma categoria social histórica, não biológica, e discute como ela é representada de forma idealizada na modernidade. A metodologia empregada é analisar discursos sobre juventude em obras didáticas.
O documento define o termo "introdução" e descreve suas principais funções em textos acadêmicos, como explicitar o tema, sugerir uma abordagem e atrair o leitor através de uma tese central. Uma boa introdução deve apresentar o assunto de maneira clara e interessante para guiar a compreensão do leitor.
Este artigo analisa como a população negra é representada em livros infantis brasileiros e como isso pode afetar a autoestima de crianças negras. Discute como o racismo ainda está presente nessas imagens e como a literatura infantil pode ser uma aliada para promover uma educação antirracista e inclusiva. Também fornece um breve histórico sobre o surgimento da literatura infantil e sua relação com a construção social da infância.
O documento analisa a representação de outros grupos sociais nos documentários e como essa representação evoluiu para dar mais voz aos sujeitos retratados. Discute como alguns documentários contemporâneos conseguem fazer biografias visuais das pessoas, indo além de usá-las para comprovar teses pré-estabelecidas.
Memorial do documentário "Tem Gente na Pista", de 2007, para conclusão do cur...Tatiana Maria Dourado
1. O documentário tem como objetivo humanizar a figura da prostituta mostrando seu cotidiano como qualquer outra pessoa com sonhos, medos e relacionamentos.
2. Acompanha três mulheres prostitutas de Salvador, Babalu, Jucilene e Adilma, para mostrar que apesar da profissão, lidam com temas comuns como amor e família.
3. Pretende desconstruir a visão negativa da prostituta apenas como objeto sexual, analisando também sua história e luta por direitos trabalhistas.
O documento discute a perspectiva histórico-crítica do racismo estrutural no Brasil. Primeiramente, apresenta o contexto de restauração conservadora no século XXI e como isso afetou a agenda antirracista. Em seguida, estabelece os fundamentos teórico-conceituais de uma abordagem histórico-crítica do racismo, incluindo o conceito de raça e modernidade. Por fim, analisa a esfera pública política e a ação do capital, abordando temas como o movimento neg
Este documento discute a participação dos jovens na escola através do programa Projovem Urbano. Apresenta conceitos de juventude e analisa a participação juvenil ao longo das décadas, desde os anos 1960. Destaca que, apesar de discursos sobre desinteresse político dos jovens, eles participam de novas formas em associações e movimentos sociais fora dos canais institucionais tradicionais.
Concepção de poder em michel foucault e as relações de poder na universidade...Tinho Tinho
1) O documento discute as concepções de poder de Michel Foucault e como elas se aplicam às relações de poder na Universidade Estadual do Oeste do Paraná entre 1991-1995.
2) Foucault acreditava que não existia "o poder", mas sim relações de poder que coagiam e controlavam os indivíduos.
3) No entanto, a pesquisa concluiu que a visão de Foucault não explicava totalmente as arbitrariedades observadas na UNIOESTE, que estavam mais relacionadas ao patrimonialismo
Este documento discute o impacto da publicação do livro "Vigiar e Punir", de Michel Foucault, na historiografia brasileira na década de 1970. O livro questionou visões humanistas sobre a prisão e inspirou uma nova geração de historiadores a pensar o poder de forma diferente e a incluir novos objetos de estudo. Sua publicação coincidiu com um período de redemocratização no Brasil e mobilização social, tornando as ideias de Foucault particularmente influentes.
Foucault criticou os movimentos de liberação gay que buscavam explicações biológicas para a homossexualidade, preferindo uma "arte de viver" os desejos. Ele disse que os homossexuais estão paralisados na busca por causas para seus desejos ao invés de vivê-los. Freud desnaturalizou a sexualidade humana ao mostrar que todas as escolhas sexuais seguem determinações inconscientes, não havendo o que se possa chamar de normal. Sua teoria da "perversão" mostrou que a sexualidade humana é contrária à natureza
SOBRE AUTORES E AUTORIDADES NA ANTROPOLOGIAJosep Segarra
Este ensaio teórico pretende fomentar a reflexão sobre a questão da autoria na escrita etnográfica. A partir de algumas obras de diferentes autores chave nesta temática, procuro pensar como estes especialistas consideram que os autores das etnografias podem ou devem se colocar no texto e na relação com as pessoas com as quais pesquisam. Analiso o interpretativismo geertziano; a questão da autoria em Foucault e Barthes; algumas propostas de autores considerados pós-modernos, como Clifford, Marcus ou Cushman; a questão da subalternidade e da (im)possibilidade de falar no pos-colonialismo de Spivak; as relações entre subjetividade e cultura em Sherry Ortner; e também algumas das críticas centradas nos autores pós-modernos, como as das antropólogas brasileiras Teresa Caldeira ou Mariza Peirano. Organizo este ensaio por autores, sem querer dar conta de todo o que o autor falou sobre o tema em questão e sabendo que o pensamento por ser processual, muda continuamente.
Kant e foucalt e a etica do cuidado de siHapha Soares
O artigo analisa a proximidade entre a filosofia tardia de Kant e a ética do cuidado de si de Foucault. Argumenta-se que ambos defendiam uma tese de autoformação ou autoconstrução do homem, na qual a natureza humana pode se modificar e construir a si mesma. Kant mostrava que a moralidade é exequível para seres humanos livres, ao passo que Foucault defendia uma ética do cuidado de si na qual o homem se cultiva a si mesmo.
Foucault book, Sexualidade, Corpo e DireitoCleo Nery
A autora discute como a escrita de si da teóloga feminista brasileira Ivone Gebara pode ser analisada à luz dos conceitos de Foucault sobre a ética da parresia e a estética da existência. Ao contar sua própria história, Gebara resiste às práticas de confissão moderna e constrói uma forma de luta política e crítica cultural que desafia os padrões culturais estabelecidos. Sua escrita abre espaço para deslocamentos subjetivos e coletivos, transformando micropoliticamente as
O documento resume a obra "Documentos de Identidade" de Tomaz Tadeu da Silva, que analisa as teorias do currículo desde sua origem até as teorias pós-críticas. Discute como as teorias tradicionais, críticas e pós-críticas influenciaram os estudos curriculares e a formação da subjetividade. Também aborda como questões como gênero, raça e sexualidade influenciam a produção e reprodução das desigualdades na sociedade por meio do currículo.
O documento discute o curso "Sujeito, Poder e Verdade" que analisa como esses conceitos se articulam na cultura ocidental segundo o pensamento de Foucault. Aborda a definição de cultura, investigação de culturas e como Foucault analisou sistemas de pensamento, envolvendo mentalidades, representações e produção de verdade.
Texto o jovem como sujeito social grupo 2 - dia 04 de novembroProfesonline
O documento discute os jovens ligados a grupos musicais como sujeitos sociais. Apresenta três pontos principais: 1) Analisa imagens sociais sobre a juventude e argumenta que elas não capturam a diversidade de modos de ser jovem; 2) Define juventude como um processo de construção de sujeitos com especificidades, e não como uma transição para a vida adulta; 3) Entende os jovens como sujeitos sociais que constroem identidades baseadas em seu contexto social, ainda que em condições estruturais desiguais.
1) O documento discute a série de TV "Girls" e como ela retrata um "estilo de vida indie" diferente de "Sex and the City".
2) Ele contrasta as personagens de "Girls", que são menos convencionais em beleza e enfrentam problemas existenciais, com as personagens consumistas de "Sex and the City".
3) O documento argumenta que "Girls" representa um novo tipo de feminismo ancorado em um estilo de vida independente e alternativo.
O documento discute a relação entre história, cidadania e direitos sociais. Aborda temas como participação política, direitos das mulheres e minorias, trabalho infantil e evolução do conceito de cidadania ao longo do tempo. Propõe atividades didáticas sobre esses assuntos utilizando textos e referências conceituais.
O documento descreve um evento sobre o filme "Quanto Vale ou É Por Quilo?" que explora a exploração da miséria pelo marketing social. O filme mostra como a situação não mudou desde a escravidão, quando os negros eram caçados para venda, e hoje quando organizações exploram a miséria. O documento também discute a sociologia da infância e como as crianças devem ser vistas como atores sociais com voz.
Negações e silenciamentos no discurso acerca da juventudeCatia Andressa
Artigo baseado em "Uma análise acerca do discurso sobre a juventude no ensino de história", trabalho de conclusão do curso de História na Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, desenvolvido pela autora, sob a orientação do Prof. Dr. Nilton Mullet Pereira e sob arguição do Prof. Dr. Carlos Alfredo Gadea de Castro, ambos da mesma instituição de ensino superior. O trabalho obteve aprovação com distinção no segundo semestre de 2005.
Posteriormente, se tornou uma palestra sobre o período, ministrada nos Encontros IHU Ideias, e este artigo é consequência desta.
Texto a Pluralidade das Juventudes Militantes no Recife, de Otávio Luiz Macha...Otavio Luiz Machado
1) O documento discute os novos movimentos juvenis em Recife após a transição democrática, incluindo movimentos estudantis e culturais.
2) A pesquisa analisa a fragmentação dos movimentos estudantis e o surgimento de novos grupos nos movimentos populares e culturais.
3) Os modelos sociológicos tradicionais de análise juvenil são discutidos, assim como novas abordagens pós-modernas.
Este artigo procura compreender como se construíram as ações da juventude em épocas de totalitarismo, analisando especialmente o período nazista na Alemanha e 1968 no Brasil. O autor conceitua juventude como uma categoria social histórica, não biológica, e discute como ela é representada de forma idealizada na modernidade. A metodologia empregada é analisar discursos sobre juventude em obras didáticas.
O documento define o termo "introdução" e descreve suas principais funções em textos acadêmicos, como explicitar o tema, sugerir uma abordagem e atrair o leitor através de uma tese central. Uma boa introdução deve apresentar o assunto de maneira clara e interessante para guiar a compreensão do leitor.
Este artigo analisa como a população negra é representada em livros infantis brasileiros e como isso pode afetar a autoestima de crianças negras. Discute como o racismo ainda está presente nessas imagens e como a literatura infantil pode ser uma aliada para promover uma educação antirracista e inclusiva. Também fornece um breve histórico sobre o surgimento da literatura infantil e sua relação com a construção social da infância.
O documento analisa a representação de outros grupos sociais nos documentários e como essa representação evoluiu para dar mais voz aos sujeitos retratados. Discute como alguns documentários contemporâneos conseguem fazer biografias visuais das pessoas, indo além de usá-las para comprovar teses pré-estabelecidas.
Memorial do documentário "Tem Gente na Pista", de 2007, para conclusão do cur...Tatiana Maria Dourado
1. O documentário tem como objetivo humanizar a figura da prostituta mostrando seu cotidiano como qualquer outra pessoa com sonhos, medos e relacionamentos.
2. Acompanha três mulheres prostitutas de Salvador, Babalu, Jucilene e Adilma, para mostrar que apesar da profissão, lidam com temas comuns como amor e família.
3. Pretende desconstruir a visão negativa da prostituta apenas como objeto sexual, analisando também sua história e luta por direitos trabalhistas.
O documento discute a perspectiva histórico-crítica do racismo estrutural no Brasil. Primeiramente, apresenta o contexto de restauração conservadora no século XXI e como isso afetou a agenda antirracista. Em seguida, estabelece os fundamentos teórico-conceituais de uma abordagem histórico-crítica do racismo, incluindo o conceito de raça e modernidade. Por fim, analisa a esfera pública política e a ação do capital, abordando temas como o movimento neg
Este documento discute a participação dos jovens na escola através do programa Projovem Urbano. Apresenta conceitos de juventude e analisa a participação juvenil ao longo das décadas, desde os anos 1960. Destaca que, apesar de discursos sobre desinteresse político dos jovens, eles participam de novas formas em associações e movimentos sociais fora dos canais institucionais tradicionais.
"A presente apresentação foi o pano de fundo para uma palestra onde fez-se a interpretação do livro intitulado "Gênero, sexualidade e Educação: uma perspectiva pós-estruturalista"; que tem por objetivo discutir a questão de Gênero, Sexualidade e Educação dentro e fora do ambiente escolar e seus desdobramentos.
O documento apresenta um resumo de uma pesquisa sobre gênero e identidade realizada em uma escola pública no Rio Grande do Sul. Ele discute os principais conceitos de gênero e identidade com base nos escritos de feministas como Simone de Beauvoir. O documento destaca que Beauvoir foi pioneira ao afirmar que "ninguém nasce mulher: torna-se mulher", mostrando que o gênero é socialmente construído e não determinado biologicamente. Ele também discute como a sociedade impõe papéis de gênero desde a inf
Possíveis diálogos com imagens do feminino no cinemaCassia Barbosa
(1) O documento discute como os filmes representam as identidades femininas e como essas representações constroem papéis de gênero. (2) Analisa como as mulheres são retratadas no cinema, especialmente em filmes hollywoodianos, e se essas imagens são construídas a partir de um olhar masculino. (3) Argumenta que as imagens cinematográficas têm um grande poder de influenciar a formação de identidades e valores na sociedade.
Mídia e identidade feminina: mudanças na imagem da mulher no audiovisual bras...Cassia Barbosa
Mídia e identidade feminina:
mudanças na imagem da mulher no audiovisual brasileiro da última década
Media and femmale identity:
changes of woman's representation in brazilian’s audiovisual products of last decage
O documento discute o papel da mulher na sociedade a partir da teoria de Simone de Beauvoir. O plano de aula propõe uma discussão sobre como as mulheres são definidas socialmente e sobre a luta por igualdade de direitos, utilizando textos e debates filosóficos.
O filme "A Onda" mostra como os estudantes foram facilmente influenciados a seguir um líder cegamente e adotar ideologias extremas como o nazismo, ilustrando como o fascismo pode estar presente em qualquer sociedade. O filme pretende alertar sobre os perigos de abandonar a individualidade e valores éticos em prol de um grupo, e a importância de questionar líderes em vez de os seguir acriticamente.
1) O documento discute o conceito de "política dos autores" no cinema e sua problematização a partir dos escritos de Michel Foucault;
2) A autora pretende analisar como certos diretores, como De Sica e Babenco, constroem imagens da criança que vão além da denúncia ou redução de conflitos;
3) Foucault questiona os conceitos de obra e autoria, defendendo que não podem ser vistos como unidades fixas, e a autora se baseia nessa perspectiva para seu estudo
Este documento discute a inserção de textos multimidiáticos nas escolas. Apresenta três tendências de inserção das tecnologias na educação que promovem a inclusão degradada: (1) educação a distância, (2) uso lúdico das TIC, (3) preparação para o mercado de trabalho. Argumenta que essas abordagens ignoram o potencial dos textos multimidiáticos como espaços de produção de sentidos e aprofundam o fosso entre escolas de classes sociais diferentes.
O documento discute as representações de escola em filmes de animação. Apresenta como esses filmes ensinam de forma implícita sobre a escola, tanto mostrando cenas escolares quanto criando verdades sobre a instituição. Alguns filmes parecem retratar a escola como um lugar desinteressante onde os alunos são obrigados a ficar, sugerindo que a escola não é vista como fonte de prazer.
O documento discute o pensamento de Walter Benjamin sobre o cinema e sua relação com a educação. Benjamin acreditava que o cinema tinha o potencial de transformar a percepção humana ao destruir a "aura" da arte e aproximar o público do conhecimento. Isso porque o cinema capta a realidade de forma mais significativa do que a pintura e promove uma nova racionalidade baseada na experiência estética, não apenas no intelecto. O documento defende que o cinema deve ser explorado na escola por meio dessa perspectiva benjaminiana.
1) O documento discute a formação do campo científico da comunicação/educação através da análise de textos publicados na revista "Comunicação & Educação".
2) A revista surgiu em 1994 para promover o debate sobre este campo emergente e consolidar seus saberes.
3) Inicialmente, o campo era visto como algo já presente na realidade que precisava ser investigado e compreendido criticamente, e não como um lugar a ser construído pela pesquisa.
1. O documento discute duas experiências de fazer cinema em contexto escolar na França e Espanha, lideradas por Alain Bergala e Núria Aidelman Feldman.
2. Bergala propôs introduzir o cinema nas escolas públicas francesas para que alunos e professores aprendessem sobre a história do cinema e a criação cinematográfica através da prática.
3. A pesquisa argumenta que experiências como essas podem quebrar assimetrias no aprendizado e legitimar o direito de crianças e
Este documento discute como as imagens são produzidas e usadas na pesquisa educacional, levando em conta a evolução tecnológica. Analisa como as máquinas fotográficas e digitais revolucionaram a produção e recepção de imagens, e como os pesquisadores usam imagens para estudar processos de subjetivação de forma contemporânea. Questiona para que fins os pesquisadores produzem imagens e como isso pode aproximar o estudo do objeto investigado.
Este documento discute como a pesquisa cartográfica em educação pode se beneficiar da relação com o cinema para produzir novas imagens no pensamento. Primeiro, argumenta que a pesquisa deve ser vista como um plano para invenção ao invés de simplesmente recortar a realidade. Segundo, problematiza como conceitos da pesquisa podem se relacionar com recursos do cinema. Terceiro, sugere que essa intersecção pode ajudar a pensar e agir de novas maneiras nos processos mapeados.
1) O documento discute a amizade entre crianças em filmes e como ela pode ser vista de forma diferente do usual.
2) Ele analisa exemplos de filmes que mostram relações entre crianças que vão além do óbvio e podem ser vistas como exercício de autotransformação.
3) O autor busca explorar o tema da amizade em dois filmes específicos à luz dos escritos de Michel Foucault sobre amizade.
1. O documento apresenta as etapas para elaboração de trabalhos acadêmicos, incluindo a escolha do tema, problematização, objetivos e revisão de literatura.
2. É descrita a estrutura geral dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), com seções como introdução, desenvolvimento e conclusão.
3. São explicados os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais de um TCC, como resumo, referências, apêndice e anexo, além das regras de
O documento convoca professores da Universidade Federal da Paraíba a apresentarem projetos para o PROLICEN/UFPB 2014, que visa melhorar a qualidade dos cursos de licenciatura e articular com a educação básica. Ele descreve os objetivos, cronograma, inscrição e seleção de projetos e bolsistas.
O documento discute a inclusão escolar de alunos cegos e com baixa visão, abordando temas como avaliação funcional da visão, recursos ópticos e não-ópticos, alfabetização, aprendizagem, recursos didáticos e perguntas frequentes sobre o atendimento a esses alunos. É dividido em três capítulos, sendo o primeiro sobre inclusão escolar, o segundo sobre o projeto "Assino Embaixo" e o terceiro sobre informática para cegos e pessoas com baixa visão.
PP Slides Lição 11, Betel, Ordenança para exercer a fé, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
Slideshare Lição 11, Betel, Ordenança para exercer a fé, 2Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, 2° TRIMESTRE DE 2024, ADULTOS, EDITORA BETEL, TEMA, ORDENANÇAS BÍBLICAS, Doutrina Fundamentais Imperativas aos Cristãos para uma vida bem-sucedida e de Comunhão com DEUS, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Comentários, Bispo Abner Ferreira, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
Atividades de Inglês e Espanhol para Imprimir - AlfabetinhoMateusTavares54
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1. CINEMA E JUVENTUDE PARA ALÉM DA REBELDIA
Lisli Seibert – ULBRA
A juventude, este tema tão caro à Educação, é reconhecida, histórica e
socialmente, como uma fase da vida marcada por instabilidade e geralmente associada a
problemas sociais (mesmo que estes sejam tão mutáveis quanto seus modos de
apreensão). Sposito (1997, p. 38) nos apresenta alguns dos modos pelos quais, em dados
momentos históricos, a juventude foi narrada: tema de constante investigação já desde a
década de 20, nos EUA, as primeiras pesquisas sobre juventude privilegiavam os
exames de disfunções e anomalias, para se tentar compreender as condutas dos jovens
(ligadas, neste primeiro momento, a fenômenos de delinqüência). Após a Segunda
Guerra Mundial, essa tradição foi rompida, dando lugar ao potencial do jovem como
contestador e rebelde e, consequentemente, dando origem a estudos que viam os
mesmos como participantes de práticas estudantis e culturais. A juventude dos anos 60,
vista como um “problema”, foi definida como protagonista de uma grande crise de
valores e de um conflito de gerações; a juventude dos anos 70 marcada pelos problemas
ligados ao desemprego e à entrada na vida ativa. O que a autora nos diz com esse breve
panorama, portanto, é que os trabalhos e pesquisas desenvolvidos sobre juventude
acabam por revelar questões emergentes na sociedade; mas, ao mesmo tempo, esses
trabalhos e pesquisas acabam também por participar da construção de conhecimentos e
conceitos específicos sobre este grupo. Para a autora, muitas análises que envolvem o
tema juventude hoje realizadas (e que guardam as marcas, os vestígios das pesquisas de
décadas anteriores), acabam por relacionar o jovem com a violência ou passam a
caracterizá-lo pelo um acentuado traço individualista, pela apatia política e pelo
desinteresse nas relações com a esfera pública – enfim, trata-se de perspectivas que, em
certa medida, limitam o olhar que lançamos sobre o jovem.
Na esteira de vários autores que vêm buscando dinamizar as formas de pensar
este grupo, meu objetivo principal é pensar que modos de narrar a juventude estão
sendo, hoje, tramados pelo cinema. Entendo que, também neste espaço, o ato de narrar
está profundamente implicado com as formas pelas quais damos sentido àquilo que é
narrado. Tal como Fabris (2008), vejo o cinema “como uma produção cultural que não
apenas inventa histórias, mas que, na complexidade da produção de sentidos, vai
2. criando, substituindo, limitando, incluindo e excluindo ‘realidades’” (Fabris, 2008, p.
120).
Pergunto-me, então, como as imagens fílmicas podem contribuir para a
significação dos jovens, acerca dos jovens? Primeiramente é importante dizer, de acordo
com Duarte (2000), que “nada nos autoriza a afirmar que os filmes impõem significados
ou interpretações aos seus espectadores” (p. 76, grifos da autora), mas talvez possamos
dizer que eles colaboram com esta significação, participam dela. O que me interessa
investigar aqui, portanto, é de que modo o cinema “nos faz pensar” (Xavier, 2008, p.
17), especialmente quando “caminha na direção do combate ao clichê” (ibidem),
do combate àquela forma de experiência na qual não se vê efetivamente a
imagem e não se percebe a experiência, ou, se quisermos, não se captura o
que acontece na imagem, pois a mobilização de protocolos de leitura já
automatizados definem a priori “do que se trata” quando olhamos a imagem
(...) o que vale – estética, cultural e politicamente – é a relação com a imagem
(e a narrativa) que não compõe de imediato a certeza “do que se trata” e lança
o desafio para explorar terrenos não-codificados de experiência (Xavier,
2008, p. 17).
Neste trabalho, discuto de que modo algumas estruturas fílmicas tensionam o
conceito de juventude, na medida em que apontam para o caráter da formação de um
sujeito ético (tal como entendido por Foucault, 2006). O objetivo aqui, assim, não se
alicerça sobre a idéia de que o cinema simplesmente cria, inventa outra noção de
juventude, mas de que, em alguma medida e em alguns materiais, ele acaba por lançar
um outro olhar sobre o conceito – para além de repetir e reiterar enunciações que há
muito circulam na cultura e acabam por limitar os modos de ver e dizer o jovem.
Para tanto, inicialmente, apresento algumas discussões ligadas à temática
juventude, cinema e educação. Trata-se aqui não apenas de pensar as questões propostas
juntamente a outras pesquisas do campo, como, do mesmo modo, de trazer para o
debate algumas narrativas fílmicas cujo mote seja a juventude. Em seguida, discuto um
certo modelo de narrativa e a forma como, no cinema, ele poderia nos trazer algumas
idéias importantes sobre a constituição do sujeito e, sobretudo, sobre a relação disso
com a temática chave aqui em questão. Faço isso a partir de breves relatos de quatro
filmes: Diários de Motocicleta (2004), O Leitor (2008), Educação (2009), Balzac e a
Costureirinha Chinesa (2002)
3. Cinema, juventude e educação
A relação entre cinema e juventude tem gerado discussões das mais diversas no
âmbito da educação. Ressalto, neste sentido, o trabalho de Henry Giroux (1996), que
trata sobre a “política de demonização da juventude” expressa no filme Kids, de Larry
Clark (1995). Para o autor, trata-se aqui de um tipo específico de representação, voltado
para a construção de um retrato no qual os jovens acabam se transformando em modelos
emblemáticos da promiscuidade, da doença e da decadência social. “Visto como não
possuindo qualquer capacidade crítica, os/as jovens são definidos/as primariamente por
uma sexualidade que é vista como fora de controle, exigindo vigilância, restrição legal e
outras formas de poder disciplinar” (Giroux, 1996, p. 131). Somado a este, outros filmes
exercem uma política semelhante de representação da juventude, qual seja, aquela que
narra os jovens como uma crescente ameaça à ordem pública: Juventude Assassina
(1987); Assassinos por Natureza (1995); Garotos de Programa (1991)
Discutindo semelhante temática, porém a partir de uma outra abordagem,
Fischer (2008b), em seu texto “Quando os meninos de Cidade de Deus nos olham”, traz
os personagens do filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, para discutir sobre
jovens marginalizados, moradores da favela do Rio de Janeiro que dá nome ao filme:
“existências ínfimas que são trazidas à visibilidade midiática”, [...] “vidas obscuras e
desafortunadas que [...] nos provocam, misturam em si beleza e assombro” (Fischer,
2008b, p. 195). São jovens envolvidos com o tráfico, dentro de uma favela do Rio de
Janeiro, imbricados em histórias que se passam entre os anos 70 e 80. O filme
mundialmente conhecido mostra jovens que criaram um sistema próprio de poder,
ficando, a um só tempo, à margem e imersos no sistema oficial.
Em relação a este aspecto, a autora fala de uma cisão radical que há na sociedade
brasileira, entre ricos e pobres, cidadãos e subcidadãos, e traz esta como uma divisão de
extrema violência, que instaura, naquele espaço preciso, relações de poder muito
particulares. Este ciclo sem fim vivido por jovens na favela, e retratado no filme, mostra
esse grupo social que tem sua própria linguagem, seu próprio código de honra, de ética
e de comportamento, onde cabe ao chefe o poder sobre a vida e a morte das pessoas do
grupo. Para Fischer (2008b) esta violência é lançada no filme em seu estado mais puro,
sem muitas mediações narrativas, onde vê-se a banalização da morte, assim como da
vida e, através desse olhar o espectador conhece a trajetória dos personagens da favela.
4. Assim como os jovens marginalizados têm evidência no filme citado pela
autora, e como já me referi anteriormente, a juventude é hoje um tema bastante presente
em diversos filmes de gêneros variados. Neles, os jovens aparecem imersos em temas
diversos, envolvidos com problemas de relacionamento entre familiares e entre seus
pares, como no filme Meninas Malvadas1, em questões ligadas à sexualidade, tendo
como exemplo os inúmeros filmes da série American Pie2; drogas e violência também
são assuntos correntes, semelhantemente ao filme Kids3, citado anteriormente; assuntos
ligados à moda e ao consumo, tendo como um ícone o filme As Patricinhas de Beverly
Hills4, também têm destaque. Outros temas ligados à fantasia e ao imaginário como o
mundo e a aventuras de bruxos (na série de sete filmes do Harry Potter5) e vampiros
(em Crepúsculo6) são presentes e disseminados entre os jovens e sobre os jovens. É
válido destacar aqui o quanto são recorrentes filmes nos quais jovens que passam por
problemas de ordem moral e/ou são apresentados como sendo violentos, usuários de
drogas ou rebeldes, sofrem uma mudança radical – mudança, esta, em inúmeros casos,
ligada à intervenção de um professor ou da escola. O que busco mostrar aqui, mesmo
que brevemente, é a recorrência nas formas de narrar a juventude pelo cinema, ou seja, a
partir de temáticas bastante semelhantes, geralmente relacionadas à sexualidade,
drogadição, consumo, rebeldia – talvez não tão distantes do clássico Juventude
Transviada (1955).
1 Produção de 2004, dirigido por Mark S. Waters, onde a personagem Cady Heron ao voltar para a sua
cidade natal, ao voltar para a escola entra em conflitos com suas colegas populares. Para piorar ainda mais
sua situação, Cady se apaixona pelo garoto errado
2 O primeiro da série de seis filmes é de 1999. Todos tem como foco um grupo de amigos que juntos
passam por experiências como a primeira relação sexual, assim como tratam de temas como namoro,
casamento, virgindade, relações de amizade, etc.
3 Produção de 1995, onde Nova York serve de cenário para mostrar o conturbado mundo dos
adolescentes, que indiscriminadamente consomem drogas e quase nunca praticam sexo seguro.
4 Filmado em 1995, o filme passa-se na badalada cidade citada no nome, onde uma jovem popular e
extremamente fútil resolve ajudar uma amiga cafona a melhorar seu visual. O enredo envolve jovens
sempre preocupados com o seu visual e indo a compras.
5 Primeiro filme foi lançado em 2001, abrindo a série de sete. Filme baseado nos livros da autora J.K.
Rowling, que estão entre os mais vendidos no mundo. Mostra o crescimento do Harry e dos seus amigos,
envoltos em guerras bruxas, feitiçarias e aventuras.
6 Também tendo seu roteiro baseado em um livro, este filme, de 2008, envolve romance, onde alguns de
seus personagens são vampiros.
5. Das transformações do sujeito
Dentro deste trabalho que desenvolvo sobre a juventude no cinema e a partir do
pensamento do filósofo Michel Foucault, busco realizar algumas discussões voltadas
não apenas para a idéia de como o cinema produz ou reitera verdades já dadas sobre a
juventude, mas sim como este, ao tratar do tema, ao ter este como seu foco, apresenta
outras possibilidades de pensar a juventude, descoladas daqueles saberes já instituídos e
enraizados. Proponho-me a apontar para análises nas quais o foco não seja a descrição
de verdades correntes e remanescentes, possíveis de serem localizadas dentro da ampla
rede de saberes e significados que instituem, contribuem e reforçam a objetivação dos
sujeitos jovens. Porém, proponho-me neste trabalho a não olhar somente para estas
verdades, mas sim, vendo o cinema como um elemento capaz de tensioná-las e colocá-las
em jogo.
Vale aqui ainda destacar que não quero com isso afirmar que o cinema inventa
uma outra juventude, pois estes filmes estão imersos em uma dada cultura, e trazem
consigo muitos discursos sobre a mesma que são padronizados pela sociedade. Intento
dizer que no cinema existe a possibilidade de se ter um outro olhar sobre a juventude;
um olhar que tensiona e questiona este conceito já socialmente dado, possibilitando a
criação de outros modos de ser jovem, outros modos de ser sujeito, colocando os
mesmo como sujeitos éticos, fugindo das convenções.
O que sabemos e pensamos hoje em dia sobre a juventude está imerso em uma
rede de saberes que temos previstos e que são previsíveis a ela. O que busco nos filmes
aqui analisados é perceber um outro campo onde se permita ver a juventude inserida em
outras modalidades narrativas. Isto é, não descrever de que forma o cinema estaria
comprometido manutenção dos sentidos sobre juventude, mas sim filmes que trazem em
seu enredo outras maneiras de ser e fazer-se sujeito jovem. Tal perspectiva está ligada
àquelas que Michel Foucault coloca em suas últimas aulas no Collège de France.
Assim, passa-se a pensar a subjetivação do sujeito não apenas dentro de uma sujeição,
não mais ligado apenas ao obedecer, sujeitar-se ao outro, como primeiramente
apresentado por Foucault dentro dos seus estudos sobre poder e saber. Ele mesmo
pressente que existe, junto a esta sujeição do sujeito por ele já pensada, uma outra forma
onde o sujeito irá constituir-se como tal; Foucault recorreu ao textos da Antiguidade,
gregos e romanos, para perceber que estes “convidavam a uma prática de si e da
6. verdade em que está em jogo a libertação do sujeito mais que seu aprisionamento em
uma camisa-de-força da verdade” (Gros, 2006, p. 618).
Foucault fala de uma outra figura do sujeito, figura essa que não é mais
constituída apenas através do poder e dos saberes; mas de um sujeito que se constitui
também através de práticas (mesmo que passíveis de regras): ele se autoconstitui
também dentro de práticas de si, ao invés de ser apenas constituído por técnicas de
dominação (ligadas ao poder) ou de técnicas discursivas (ligadas ao saber). Esta
constituição de sujeito pensada por Foucault não está mais ligada à idéia de sujeito
moderno, para o qual o acesso à verdade não dependia de um trabalho interior de ordem
ética, mas a um sujeito para o qual tal acesso dependia de um movimento de conversão
que impusesse ao seu ser uma conversão, acima de tudo, ética. Dito de outro modo, se
na modernidade é no ato de estar esclarecido pela verdade que o sujeito tende a mudar,
na Antiguidade, é a partir da transformação do sujeito que o mesmo poderá pretender
alcançar a verdade.
Ao resgatar estas questões da Antiguidade grega e romana, Foucault não
pretendeu ver como as coisas se repetem na modernidade, mas sim buscar dentro desses
textos inspirações para pensar nosso tempo, principalmente no que diz respeito às
práticas de si. Mas sempre tendo claro também que “o sujeito se constitui numa relação
consigo determinada e são as essas técnicas de si historicamente referenciáveis, assim
como com as técnicas de dominação” (Gros, 2006, p. 637). Estas duas se atravessam, se
cruzam e desse cruzamento é que o individuo-sujeito irá emergir, nessa “dobra dos
processos de subjetivação sobre os procedimentos de sujeição” (ibdem).
Vejo que existem no cinema imagens, enredos, diálogos que contemplam e
apresentam, no caso dos filmes em questão, os jovens passando por situações onde se
apresentam uma ampla condição e possibilidade para que o indivíduo possa
transformar-se através das práticas de si trazidas por Foucault. Não uma transformação
moral, mas sim uma transformação ligada à preparação para a vida, instaurando uma
nova ética. Esta transformação está descolada de um julgamento entre bem e mal, não
sendo, portanto, uma transformação ligada a valores eminentemente cristãos. Ao
contrário, como dito, trata-se de uma preparação para a vida, onde as verdades são
usadas como ferramentas. Transformação aqui adquire um sentido de formação, porém
vista como “uma operação que se dá para além do institucional (escola, igreja, família,
por exemplo), embora tais espaços não sejam jamais ignorados; para além de um
sistema de autoridade, normativo ou disciplinar.” (Fischer, 2008a, p. 52)
7. Busquei dentro de uma ampla gama de filmes que tem como foco a juventude,
perceber este diferencial da juventude passando por esta transformação, também ligado
a idéia de Romance de Formação, trazido pela literatura, como no capítulo 3 do presente
trabalho, que fala sobre o tema. Acredito ser pertinente retomar aqui que o que
caracteriza esta literatura, deste gênero de romance, são os textos onde o personagem ou
os personagens passam por uma trajetória, vivenciando diversas experiências, tendo um
desenvolvimento pleno de suas potencialidades e uma integração harmônica com a
sociedade, já que esta transformação vivenciada pelos jovens nos filmes será o cerne da
análise do meu trabalho.
Tomando as teorias de Foucault que diz respeito a práticas de si para esta
transformação ética já citada, que é vista nos filmes por mim analisados, percebo, dentro
destas questões, as ligadas ao que Foucault chama de presença do Outro e a idéia de
travessia (retiro usado por Foucault e metáfora da viagem, como será por mim
utilizado). O Outro está sempre presente “como diretor de existência, como
correspondente a quem escrevemos e diante de quem nos medimos, o outro como amigo
que socorre, parente benfeitor” (Gros, 2006, p. 650). Percebo nos filmes a constante
presença do Outro, nas relações estabelecidas pelos personagens. O Outro que ouve, que
move, que mexe com os sentimentos. Esta relação com o Outro que é compartilhada, e
não mais o Outro apenas como um dominador, a quem se deve obediência como um
sujeito para o qual será necessário dizer toda a verdade sobre si mesmo, fazendo uma
confissão, como no Cristianismo. Por travessia, ou retiro, como nos traz Foucault, como
um momento onde cada sujeito poderá ocupar-se de si mesmo, submetendo-se a
diversas e duras provas, para assim poder se transformar. (Fischer, 2008)
Pode-se dizer que a juventude, tal como narrada a partir dos filmes que trago
aqui, contempla uma forma de luta: neste caso, a um só tempo, luta contra a sujeição e
voltada para a ética. Ou seja, voltada a atacar não apenas uma ou outra instituição de
poder, grupo ou classe, mas sim uma forma de poder que incide sobre a forma de vida
cotidiana, imediata, “que classifica os indivíduos em categorias, designa-os por sua
individualidade própria, prende-os a uma identidade, impõe-lhes uma lei de verdade que
é preciso neles reconhecer” (Gros, 2006, p. 618).
8. Outros sentidos para o mesmo conceito: juventude e “filmes de formação”
Neste capítulo irei analisar os filmes por mim escolhidos por terem as
características elencadas neste trabalho, sendo essas o protagonismo juvenil e que estes
jovens passem por uma transformação. Esta transformação terá com características as
oriundas do subgênero literário “romance de formação” e principalmente ligadas às
idéias de transformação do sujeito trazidas por Michel Foucault. A transformação de
que falo não implica em uma idéia de um sujeito “mal”, com atitudes impróprias dentro
de uma sociedade, transformação simples e linearmente em um sujeito melhor, mais
agradável. Não se trata desse tipo de mudança, mas aquela na qual o sujeito alcança um
novo grau de “perfectibilidade” – o que implica, conforme Foucault, em o sujeito passar
por determinadas situações em que sejam “levados a prestar atenção a eles próprios, a se
decifrar, a se reconhecer” (Foucault, 1984, p. 11), para terem consigo uma determinada
relação na qual este sujeito irá descobrir a verdade do seu próprio ser, “obtendo assim
uma transformação de si mesmos com a finalidade de alcançar um certo estado de
felicidade, pureza, sabedoria ou imortalidade” (Foucault, 1984, p. 48)
Nos filmes aqui trazidos esta transformação é vista nos personagens e ocorrem
através de diferentes situações, seja através de uma grande viagem onde os mesmos
passam a olhar para o mundo de uma maneira mais ética e comprometida com o outro (e
também consigo), seja a partir da perda por morte ou uma decepção amorosa. O que
aqui importa é que, a partir deste acontecimento, o sujeito, personagem principal do
filme, passa, através de práticas reflexivas, “a se transformar, a modificar-se em seu ser
singular e fazer da sua vida uma obra que seja portadora de certos valores estéticos”
(Foucault, 1984, p. 15). Não sendo mais sujeitos fixados por determinadas regras de
condutas, passam a fazer das suas vidas “uma obra de arte”, sendo esta formação não
ligada a uma lei, a uma prescrição religiosa, mas sim uma escolha pessoal de existência
(Gross, 2006).
Mas, como estas mudanças, estas transformações se dão na especificidade de
cada filme? E ainda, que mudanças são estas apresentadas pelos filmes? Para iniciar esta
breve discussão, que se dará com cinco diferentes filmes, detenho-me ao filme Diários
de Motocicleta (2004), que retrata uma viagem realizada por dois argentinos que têm
por objetivo atravessar a América do Sul. Estes dois jovens em questão (o estudante de
medicina Ernesto Guevara e o amigo, o bioquímico Alberto Granado) partem sobre a
moto para se aventurarem a conhecer outros países, os quais só conhecem por livros. Na
9. aventura, além de romances, situações engraçadas e belas paisagens, Alberto e Ernesto
se deparam com a relação desigual que se dá entre os mineradores chilenos e a
multinacional que controla a região. Os dois começam, assim, a conhecer a miséria e a
injustiça, gerando um sentimento de revolta que cresce a cada dia e a cada novo
paradeiro, até sua chegada ao leprosário de San Pablo, na Amazônia peruana.
O filme mostra estas situações e em relação às quais cada uma das personagens
reage de uma maneira distinta. Ambos ficam chocados com a injustiça, porém esta toca
mais no estudante Ernesto Guevara, e faz com que, além de ver e perceber a realidade
desigual e injusta que ali se apresenta, se crie nele um grande desejo pela lutar contra a
mesma, inicialmente conversando com os mineradores e ajudando a tratar os leprosos.
Guevara relata no seu diário e escreve cartas para a sua mãe (não por acaso, um
movimento de escrita, escrita de si), e ao mesmo o espectador vai percebendo em suas
atitudes e naquelas palavras registros da transformação de um jovem estudante de
medicina para um jovem revolucionário que passa a ver o mundo a sua volta através de
outro olhar, que percebe as dificuldades enfrentadas pelas pessoas dessas classes menos
favorecidas. Já ali – independe de todos os questionamentos políticos que poderiam ser
feitos – o desejo de fazer sua vida voltar-se para um novo ideal de igualdade e justiça
social.
O segundo filme a contemplar essa dinâmica diferenciada em relação à
juventude é O Leitor (2008), que tem como pano de fundo a Alemanha pós-2ª Guerra
Mundial. Neste, o adolescente Michael Berg se envolve, por acaso, com Hanna
Schmitz, uma mulher com o dobro de sua idade. Apesar das diferenças de classe, os
dois se apaixonam e vivem uma história de amor, atravessada por um seguinte
elemento: Berg passa a ler diversos livros em voz alta para Hanna. Um dia Hanna
desaparece misteriosamente. Oito anos se passam e Berg, então um interessado
estudante de Direito, se surpreende quando um professor os leva para um julgamento,
no qual mulheres estão sendo julgadas por terem trabalhado em um campo de
concentração – entre elas está Hanna. A mesma é condenada porque prefere, em seu
julgamento, dizer-se responsável por uma carta com ordens de matar judias, do que
admitir que era analfabeta. Berg se sente responsável com a possibilidade de revelar
esse grande segredo e, em troca, livrar a culpa de Hanna, mas não o faz. Com o passar
de mais muitos anos, Berg começa a enviar gravações onde o mesmo lê novamente
diversos livros a Hanna e então passa a receber cartas escritas pela mesma, que dedicou-se
a alfabetizar-se. Quando Berg vai procurar o primeiro amor da sua vida na prisão,
10. após saber que sua pena seria aliviada e esta poderia ter a liberdade, descobre que na
noite anterior Hanna havia se matado.
Educação (2009) é um filme onde vê-se a história de uma brilhante estudante,
chamada Jenny, de 16 anos, que está dedicando-se intensamente, sob os olhos de seus
pais, para entrar na universidade de Oxford (e nitidamente percebe-se em seu pai
atitudes de quem vê na filha o futuro da família). Porém, esta se apaixona por David,
um rapaz com mais idade e rico, e vê nele um a felicidade, pois o mesmo sabe bem
como a divertir, levando-a a leilões de artes, a salões de baile e até mesmo a Paris. Ao
ter de escolher entre a educação formal e os prazeres da vida no momento em que David
a pede em casamento, esta passa por um grave dilema. Ao consultar o pai, que sempre
apoiou o seu estudo, este incentiva que a menina case com o rico rapaz, e leve uma vida
voltada para o cuidado com o lar. Porém a menina descobre que David já é casado, e
depois deste grande baque Jenny quer voltar novamente aos seus estudos. Ao procurar a
sua antiga escola, esta não a aceita de volta e então, junto com sua professora, Jenny
estuda para conseguir ingressar em Oxford, o que realmente acontece. Percebo nesse
filme que sua personagem principal Jenny passa por uma transformação ao se deparar
com uma problemática, uma decepção. A jovem menina que passa por um momento de
rebeldia, vendo os estudos como uma atividade maçante e sem muito valor, realizando-os
apenas por obrigação do pai, sem ver neles uma real importância, após viver uma
decepção e ao ter um contato mais íntimo com sua professora, vendo a vida
independente que a mesma leva, começa a encarar a vida de uma outra forma,
valorizando sua juventude, seus estudos e buscando por uma vida baseada nesses
pretextos.
No filme Balzac e a Costureirinha Chinesa (2002) a transformação da
personagem costureirinha, através da leitura de diversos livros de literatura, é muito
marcante. A história do filme se passa durante o regime maoísta na China Comunista, e
dois amigos, Lu e Ma, são enviado para as montanhas por causa de suas orientações
reacionárias para passarem por um processo de reeducação. Nesta montanha, os dois
devem aprender a se desapegarem de seus princípios. Lá os mesmos conhecem uma
singela costureirinha e assim querem “civilizá-la”. Descobrem, então, que um outro
reacionário que está na montanha para reeducação, porém de partida, guarda consigo
um grande mala com diversos livros, diversos romances de autores clássicos da
literatura francesa, como Balzac, Zola e Flaubert Ao lerem os livros proibidos os três
criam um vínculo muito íntimo que os ligam à liberdade de pensamento e à ruptura de
11. um autoritarismo intelectual. A costureirinha, antes impregnada pela cultura do povoado
onde nasceu, passa a perceber o mundo à sua volta de outra maneira, e busca por
liberdade indo embora do lugar. Esta mudança, como ela mesma diz, deve-se a Balzac,
que através das palavras do seu livro a fez pensar sobre si mesma e assim conseguir se
transformar.
Em todos esses filmes, um mesmo elemento chave: a formação não tem apenas
um caráter privado, mas amplia-se para uma outra esfera vasta e em tudo diferente da
existência histórica – daí o sentido ético de ser sujeito, de constituir-se como sujeito. O
personagem jovem, neste tipo de narrativa, não se encontra imóvel em uma época, mas
sim na fronteira entre duas épocas (entre dois momentos de vida, de história, de ser),
onde o caminho da transição irá se efetuar nele e através dele, sendo então obrigado a
tornar-se um novo tipo de homem/mulher ainda inédito (para si mesmo). Não é tão-somente
o mundo que se transforma ou o sujeito: o sujeito se transforma
concomitantemente com o mundo (com o mundo e apesar do mundo). É desta dinâmica
de sentidos, pois, que estes filmes trazem: nenhuma mudança milagrosa ou
melodramática, mas sofrida e constituída; nenhum personagem que muda o mundo, mas
a si mesmo com o mundo (e apesar do mundo).
12. Referências bibliográficas
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GROSS, Fredéric. Situação do Curso. In.: FOUCAULT, Michel. A Hermenêutica do
Sujeito. 2ed. São Paulo: Matins Fontes, 2006
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XAVIER, Ismail. Um Cinema que “Educa” é um Cinema que (nos) faz Pensar. Revista
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