3. Filosofia da Ciência
A partir do século XVII, a reflexão sobre os
fundamentos, a validade e os limites do
conhecimento científico transformou-se
num dos ramos essenciais da filosofia. À
época moderna pode ser definida pela
emergência de uma nova concepção de
ciência e de método, e tanto Locke como
Descartes constituem a consciência
filosófica desta nova situação ( ...)
4. Perspectivas de compreensão
Teorias de conhecimento
Filosofia da ciência (empirismo,
racionalismo)
Epistemologia Lógica
História das ciências (filosofia,
sociologia, história)
5. História das ciências
Internalistas: voltadas para a
racionalidade e a normatividade
científica (Bachelard)
Externalistas: discutem as relações
da ciência com as questões sociais,
comunidade científica (Khun)
6. Perspectiva recente
A expistemologia como reflexividade
sobre as relações entre a
normatividade, resultados
tecnológicos e sociais advindos do
conhecimento científico no mundo
contemporâneo.
7. Epistemologia e EF
Pesquisa sobre a produção do
conhecimento divulgada nos anis dos
conbraces, GTT Epistemologia, na
década de 90 (Nóbrega et al, RBCE,
2003)
Pensar o conhecimento da área
8. Demarcação da ciência
Ciência versus opinião
Para Popper tudo que é humano mescla
sentido e significado
EF: movimento humano ou o homem que
se movimenta (sentidos e significados)
Metabolismo, percepções, desejos, crenças
A ciência é um conhecimento do tipo
descritivo (sentidos e significados)
9. Ciência como Descrição
A partir do momento em que lidamos com um
ser vivo, nós sabemos que o modo de descrição
pertinente deve incluir o "ponto de vista" do ser
vivo sobre seu mundo, que este ponto de vista
seja indissociável de seu metabolismo, como é o
caso da ameba, quer ele possa ser remetido a
uma dimensão psíquica, como parece ser o caso
dos mamíferos. Quer se trate da ameba, do
chimpanzé ou de nós mesmos, nós não
podemos ser descritos sem que seja levado em
conta o fato de que os meios ambientes não são
todos equivalentes para nós (Stengers, Idem,
p.59).
10. A estrutura cognitiva da ciência
e a experiência social
A ciência Experimental
A ciência de Campo
A ciência Teórica
11. Ciências Puras ou Aplicadas?
A distinção entre ciências puras e ciências
aplicadas remete à polarização sobre as metas
da ciência em sua busca desinteressada pelo
conhecimento da realidade e sobre a utilidade
do conhecimento no interior de uma sociedade
preocupada com uma cultura útil, como é o
caso da cultura renascentista e em grande
escala na sociedade contemporânea.
12. Decifra-me ou te devoro!
A esfinge propõe aos homens diversas
perguntas difíceis e enigmas que recebeu das
musas. Quando essas questões passam das
musas para a esfinge, isto é, da contemplação
à prática fazem-se necessárias a ação
presente, a escolha e a decisão, e é então que
elas se tornam dolorosas e cruéis.
Bacon, não está afirmando a distinção
convencional entre as pesquisas puras e suas
aplicações. Na figura do monstro, ele
reconhece a intenção de distinguir partes
separadas e mostra que essa separação é
impossível na prática (Shattuck, 1998, p.179).
13. A ciência não é neutra
Entre o encantamento da fórmula E=mc² e
Hiroshima, tornou-se evidente a existência
de um declive cada vez mais escorregadio,
sobre o qual as boas intenções e as dores
de consciência individuais tinham pouco
poder. Tendemos a creditar que qualquer
verdade cientifica epistemologicamente
relevante possui importância para nossas
vidas e que restringir sua obtenção ou
aplicação contradiz a própria natureza da
verdade (Idem, p.182).
14. O Objeto e as problemáticas
O objeto científico é construído a
partir da colocação de problemáticas,
o mundo científico apresenta-se a
partir de problemas bem definidos
Quais as problemáticas/objetos na
Pesquisa em EF?
15. O modelo teórico-experimental e a
interpretação hermenêutica:
o método explica e compreende
A questão do método científico
envolve a reflexão sobre os
procedimentos explicativos e sobre a
interpretação que de modo geral
identificou as ciências naturais e
humanas.
16. Explicar e compreender
Explicar e compreender foram duas
noções em que se polarizavam duas
concepções sobre a ciência e o
conhecimento, duas concepções
filosóficas sobre o próprio homem.
Atualmente caminha-se noutra
perspectiva diante da oposição
explicação-compreensão; passando a
ser concebidas ou como um processo
intelectual voltado à diferentes níveis de
referência ou como aspectos diferentes
do conhecimento que a ciência tenta
conciliar.
17. Exemplos
o reconhecimento antropológica presentes em
diferentes ciências; o surgimento de novas
disciplinas científicas que se enquadram tanto
no cruzamento como na fronteira entre as
relações natureza/ humanidade. A prática
interdisciplinar da investigação científica, vem
a cada dia sendo ampliada às diferentes áreas
do conhecimento, em que o conhecimento
produzido por essa prática corrobora com o
entendimento acerca da proximidade crescente
entre as ciências naturais e as sociais
(Santiago, 2003, p.16).
18. A comunidade científica e as
especialidades
A autoridade da ciência é dinâmica e
sua existência depende da renovação
contínua de uma determinada
comunidade científica.
Aqui também coloca-se a educação
científica como necessária para o
entendimento das especialidades
como uma prática construída e não
posta naturalmente.
19. Comunidade científica e EF
O desenvolvimento e a valorização da
pesquisa coaduna-se com a lógica da
cultura científica, o que no interior da
Educação Física, área
profissionalmente orientada para a
intervenção, encontra dificuldades,
por exemplo no fato de que o corpo
docente em grande medida não é
constituído por pesquisadores ( Tani,
1996; Santin, 2003).
20. A comunidade científica da EF
Santin ( 2003) retoma as preocupações
colocadas por Valter Bracht a respeito das
dificuldades da educação Física no campo
da Educação, sobretudo a partir dos apelos
do mercado da atividade física, fitness,
promoção de saúde; bem como o fato do
espaço da Educação Física na Universidade
ter se constituído apenas como um curso e
não como área acadêmica, o que é
atestado na história da Educação Física
brasileira.
21. EF: Ciências naturais ou ciências
humanas?
Indicadores apontam para uma gama
bastante ampla de áreas de
enquadramento da Educação Física que vão
desde as Ciências Biológicas, passando pela
Saúde, até a Educação e as Ciências Sociais
Aplicadas. Esses dados demonstram, pelo
menos em princípio, diferentes delimitações
científicas em jogo, assim como diferentes
objetos de atividade científica e diversos
objetivos de inserção social, não só pelos
profissionais e comunidade científica do
campo da Educação Física, como pela
Sociedade em geral ( Silva, 2002, p. 59).
22. Ciências da Vida
Precisamos considerar a relação histórica
da Educação Física nas ciências biomédicas
ou ciências da saúde; bem como,
considerar a dinâmica do desenvolvimento
das ciências da vida nesse conjunto,
considerando-se o diálogo entre as ciências
biológicas e as ciências humanas, como
apontado em vários trabalhos de referência
( Canguilhem, 1977; 2002; Gadamer,
1997; Maturana e Varela, 1995; 1997).
23. O viver com, a natureza do
conhecimento
Para Arendt ( 2001), contemplação e
ação, observação e verificação
passaram a fazer parte de domínios
separados: a verdade científica e a
verdade filosófica.
24. Palomar
Sinto-me, guardadas as devidas proporções,
como o senhor Palomar, este silencioso senhor
com nome de telescópio, protagonista desse
texto de Calvino.
O senhor Palomar se detém a observar, com
método rigoroso, tartarugas, pássaros e ervas
daninhas em seu jardim; concentrando-se nos
detalhes para captar o sentido das coisas com
precisão, mas os significados se multiplicam e
é com se cada ponto da realidade contivesse o
infinito e fosse, portanto, impossível concluir a
observação e chegar a evidências claras e
distintas.
25. Palomar...
Por outro lado, a atitude do Senhor
Palomar também nos diz que as
grandes questões do mundo e da
existência estão presentes em cada
objeto que observamos, em cada
cena que presenciamos, e que tudo é
digno de ser interrogado e pensado.
Encontro aqui na leitura de Calvino, a
profunda relação entre os domínios
dos saberes e os domínios da vida.
26. Referências
ARENDT, H. A condição humana. 10 ª ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2001.
BACHELARD, Gaston. A epistemologia. Lisboa: Edições 70,
2001.
BRACHT, V. Um pouco de história para fazer história: 20
anos de CBCE. Revista Brasileira de Ciências do esporte,
Ijuí, Número especial, setembro de 1998.
_____. Educação Física e ciência: cenas de um casamento
(in)feliz. Ijuí: UNIJUI, 1999.
CALVINO, I. Palomar. São Paulo: Companhia das Letras,
1994.
CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro:
forense Universitária, 2002.
_____. Ideologia e racionalidade nas ciências da vida.
Lisboa: edições 70, 1977.
27. Referências
GADAMER, H. O mistério da saúde. Lisboa:
Edições 70, 1997.
KHUN, T. S. A estrutura das revoluções
científicas. 6 ª ed. São Paulo: Perspectiva,
2001.
MATURANA, H. & VARELA, F. A árvore do
conhecimento: as bases biológicas do
entendimento humano. Campinas: Psy,
1995.
_____. De máquinas e seres vivos:
autopoiesi - a organização do vivo. 3 ª ed.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
28. Referências
SANTIAGO, Leonea V. As ciências explicam e
compreendem: dois pontos a procura do conhecimento
humano. IN LUCENA, R. e FERNANDES, E. S. ( Orgs.).
Educação Física, esporte e sociedade. João Pessoa: Editora
da UFPB, 2003.
SANTIN, S. S.O . S. Educação Física. Revista Brasileira de
Ciências do Esporte, Campinas, v.24, n.2, p.1127-146,
jan.2003.
SANTOS, Boaventura de Souza. Introdução a uma ciência
pós-moderna. 3 ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2000.
SILVA, A . M Corpo e epistemologia: algumas questões em
torno da dualidade entre o biológico e o cultural. Texto da
conferência proferida no I Colóquio Brasileiro sobre
Epistemologia e Educação Física. Natal, UFRN, 2002.
29. referências
SHATTUCK, R. Conhecimento proibido. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
STENGERS, I. A invenção das ciências modernas. Rio
de Janeiro: Editora 34, 2003.
TANI, G. Cinesiologia, Educação Física e esporte:
ordem emanante do caos na estrutura acadêmica. IN:
Motus Corporis, Rio de Janeiro, vol.3, n.2, 1996.
_____. Os desafios da pós-graduação em educação
física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte,
Campinas, v.22, n.1, set. 2000.