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Prof. Dr. Vincenzo Di Nicola
vincenzodinicola@gmail.com
Professor Titular de Psiquiatria
Universidade de Montreal, CANADÁ e
Universidade George Washington, DC, EUA
Fundador e Presidente
Associação Canadense de Psiquiatria Social
Presidente Eleito
Associação Mundial de Psiquiatria Social
Um Estranho na Família
Cultura, Famílias e Terapia (1998)
Multiples, Multiplicity & The Multitude
Letters to a
Young Therapist:
Relational Practices for the
Coming Community
(2011)
Cartas a um
Jovem Terapeuta:
Práticas relacionais para a
comunidade a vir
Psychiatry in Crisis (2020)
Psiquiatria em Crise
Resumo
 Apresentarei meu trabalho com famílias de difícil manejo nos
tempos difíceis da pandemia e da crise sócio-econômica.
 O confinamento impõe limitações de movimento – nas
relações familiares com a família ampliada, nas amizades de
todos e no desenvolvimento infantil.
 Vivendo juntos sem sair cria uma atmosfera de sentir-se
preso.
 Os conflitos já existentes ficam acentuados e o confinamento
junta novos conflitos e situações anormais.
 Vamos falar de casos e experiências humanas partilhadas
pelos clientes e nossas próprias famílias elaborando trilhas
para lidar com esses novos desafios em tempos difíceis.
Resumo
 Trabalhando com famílias de difícil manejo nos tempos
difíceis da pandemia e da crise sócio-econômica
Palavras chaves:
Famílias de difícil manejo
Tempos difíceis
Famílias de difícil manejo
 1. “Repare a criança”
 Relação ou apego traduzido em comportamento
 2. “Uma segunda opinião” (“Doctor shopping”)
 Busca de psicopatologia
 Busca de “modelo explicativo” (antropologia médica)
 3. “Expectativas baixas” X “expectativas altas”
 Falta de compromisso parental/compromisso
demasiado
 Desligamento X aglutinamento (Minuchin)
Estratégias de resistência/
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 1. “Externalizar o sintoma”
Resposta: Mande de volta
(Não acredito em Michael White)
 2. “A resistência” (homeostase)
Resposta: Componha uma hipótese
(Acredito no Grupo de Milão)
 3. “A manobra do membro ausente”
Respostas: Substitua o membro ausente –
com foto, boneca, “role playing”
Ligue para o membro ausente
Pessoas em terapia
estão frequentemente
em terapia para lidar compessoas
nas vidas delas
que não entram em terapia
Vincenzo Di Nicola, Carta a um jovem terapeuta: “Pessoas iniciam
terapia para não mudar”. Revista Pensando Famílias, 16(1), jul. 2012; (15-
27), p. 15.
Primeiro capítulo, Letters to a Young Therapist (2011). NY: Atropos Press.
Parque em Montreal
Resumo
 O confinamento impõe limitações de movimento, nas
relações familiares com a família ampliada, nas amizades
de todos e no desenvolvimento infantil
Palavras chaves:
Confinamento
Distanciamento social
O confinamento ...
Impõe limitações de movimento
Nas relações familiares com a
família ampliada
Nas amizades de todos e
No desenvolvimento infantil
 Crianças e adolescentes com
transtorno de ansiedade e fobia social
não sofrem durante o confinamento
 Mas a volta à escola agora desencadeia
ansiedade e pânico
 NB: No Canadá o ano escolar inicia agora
no fim de agosto
 Jovens têm falta de contato social,
amizade, estrutura e disciplina
Consequências I
 O desenvolvimento infantil ...
 Falta de estimulação social
 Como psiquiatra infantil, acho que vamos ter uma
geração marcada e comprometida ...
talvez para a vida
 Os jovens suscetíveis podem ser traumatizados
Consequências II
 Jovens evitam atividades sociais, amigos, grupos
 Têm medo
 Não tomam medicamentos
 Não seguem a terapia individual ou familiar
 Evitam a escola, colégio ou trabalho
Giorgio Agamben
O distanciamento social ...
Giorgio Agamben, filósofo italiano:
“despotismo tecnomédico”
“O termo apareceu em todo o
mundo simultaneamente” Como?
“Não se chama distanciamento
físico ou pessoal (algo médico)
mas distanciamento social” (algo
político)
 Referência: New York Times, 21 de agosto de 2020
Distanciamento social em Roma
O distanciamento social ...
Esse termo desencadeia pânico e
paranóia social
Estamos sacrificando tudo –
amizade, família, relações sociais
e trabalho, até convicções
religiosas e políticas
 Referência: New York Times, 21 de agosto de 2020
 Agamben, G. A que punto siamo? L’epidemia come politica. Roma:
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para fora da cidade de Bergamo, na Itália (2020)
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durante os dias de morte no hospital e
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transportando corpos para fora de
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e crematórios estão lotados além da
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Antígona com o corpo de seu irmão Polinices
– Nikoforos Lytras (1865)
Isso lembra a tragédia de
Sófocles em que Antígona foi
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Érico Veríssimo
(1971, serie 1994)
Nesse romance,
Érico Veríssimo
descreve o “Incidente
em Antares,” onde os
trabalhadores do
cemitério entram em
greve
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amontoam, insepultos,
sete cadáveres de uma
ampla faixa da sociedade,
se levantam para
reivindicar seu direito de
serem enterrados.
Quando são ignorados,
eles revelam os segredos
sórdidos de quem tem
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Em nossa tragédia
contemporânea,
somos os atores
involuntários dessa
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moderna, onde nem
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“Miguel”
 Filho adotado da África enquanto criança; transtorno de
apego; passou a maioria do primeira ano aqui no hospital
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 Mãe solteira doente de câncer
 A pandemia chega e ela fica no hospital
 Ele visita a mãe – que pega o Covid-19
 Ele se sente culpado
 Ela more – não tem funeral nem visita nos últimas dias da
vida dela
 Luto não resolvido …
 Terapia familiar com o jovem e a tia materna
“Até as capivaras
sabem o que é
distanciamento
social –
menos o gaucho”
Regras e princípios
1. As pessoas não querem mudar!
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mudem!
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Porém, outros são uma tela de
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A neblina de incoerência
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Individual, Casal e Família
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Famílias de Difícil Manejo em Tempos Difíceis: Experiências e Intervenções

  • 1.
  • 2. Prof. Dr. Vincenzo Di Nicola vincenzodinicola@gmail.com Professor Titular de Psiquiatria Universidade de Montreal, CANADÁ e Universidade George Washington, DC, EUA Fundador e Presidente Associação Canadense de Psiquiatria Social Presidente Eleito Associação Mundial de Psiquiatria Social
  • 3.
  • 4.
  • 5. Um Estranho na Família Cultura, Famílias e Terapia (1998)
  • 6. Multiples, Multiplicity & The Multitude Letters to a Young Therapist: Relational Practices for the Coming Community (2011) Cartas a um Jovem Terapeuta: Práticas relacionais para a comunidade a vir
  • 7. Psychiatry in Crisis (2020) Psiquiatria em Crise
  • 8. Resumo  Apresentarei meu trabalho com famílias de difícil manejo nos tempos difíceis da pandemia e da crise sócio-econômica.  O confinamento impõe limitações de movimento – nas relações familiares com a família ampliada, nas amizades de todos e no desenvolvimento infantil.  Vivendo juntos sem sair cria uma atmosfera de sentir-se preso.  Os conflitos já existentes ficam acentuados e o confinamento junta novos conflitos e situações anormais.  Vamos falar de casos e experiências humanas partilhadas pelos clientes e nossas próprias famílias elaborando trilhas para lidar com esses novos desafios em tempos difíceis.
  • 9. Resumo  Trabalhando com famílias de difícil manejo nos tempos difíceis da pandemia e da crise sócio-econômica Palavras chaves: Famílias de difícil manejo Tempos difíceis
  • 10.
  • 11.
  • 12. Famílias de difícil manejo  1. “Repare a criança”  Relação ou apego traduzido em comportamento  2. “Uma segunda opinião” (“Doctor shopping”)  Busca de psicopatologia  Busca de “modelo explicativo” (antropologia médica)  3. “Expectativas baixas” X “expectativas altas”  Falta de compromisso parental/compromisso demasiado  Desligamento X aglutinamento (Minuchin)
  • 13.
  • 14.
  • 15. Estratégias de resistência/ Estratégias de tratamento  1. “Externalizar o sintoma” Resposta: Mande de volta (Não acredito em Michael White)  2. “A resistência” (homeostase) Resposta: Componha uma hipótese (Acredito no Grupo de Milão)  3. “A manobra do membro ausente” Respostas: Substitua o membro ausente – com foto, boneca, “role playing” Ligue para o membro ausente
  • 16.
  • 17. Pessoas em terapia estão frequentemente em terapia para lidar compessoas nas vidas delas que não entram em terapia
  • 18. Vincenzo Di Nicola, Carta a um jovem terapeuta: “Pessoas iniciam terapia para não mudar”. Revista Pensando Famílias, 16(1), jul. 2012; (15- 27), p. 15. Primeiro capítulo, Letters to a Young Therapist (2011). NY: Atropos Press.
  • 20.
  • 21. Resumo  O confinamento impõe limitações de movimento, nas relações familiares com a família ampliada, nas amizades de todos e no desenvolvimento infantil Palavras chaves: Confinamento Distanciamento social
  • 22. O confinamento ... Impõe limitações de movimento Nas relações familiares com a família ampliada Nas amizades de todos e No desenvolvimento infantil
  • 23.  Crianças e adolescentes com transtorno de ansiedade e fobia social não sofrem durante o confinamento  Mas a volta à escola agora desencadeia ansiedade e pânico  NB: No Canadá o ano escolar inicia agora no fim de agosto  Jovens têm falta de contato social, amizade, estrutura e disciplina
  • 24. Consequências I  O desenvolvimento infantil ...  Falta de estimulação social  Como psiquiatra infantil, acho que vamos ter uma geração marcada e comprometida ... talvez para a vida  Os jovens suscetíveis podem ser traumatizados
  • 25. Consequências II  Jovens evitam atividades sociais, amigos, grupos  Têm medo  Não tomam medicamentos  Não seguem a terapia individual ou familiar  Evitam a escola, colégio ou trabalho
  • 27. O distanciamento social ... Giorgio Agamben, filósofo italiano: “despotismo tecnomédico” “O termo apareceu em todo o mundo simultaneamente” Como? “Não se chama distanciamento físico ou pessoal (algo médico) mas distanciamento social” (algo político)  Referência: New York Times, 21 de agosto de 2020
  • 29.
  • 30. O distanciamento social ... Esse termo desencadeia pânico e paranóia social Estamos sacrificando tudo – amizade, família, relações sociais e trabalho, até convicções religiosas e políticas  Referência: New York Times, 21 de agosto de 2020  Agamben, G. A que punto siamo? L’epidemia come politica. Roma: Quodlibet, 2020.
  • 31. Caminhões do exército carregando caixões para fora da cidade de Bergamo, na Itália (2020)
  • 32.  Um dos aspetos mais cruéis da pandemia é que os familiares não podem acompanhar seus entes queridos durante os dias de morte no hospital e não têm até a capacidade de chorar juntos ou enterrar seus mortos.  Esta imagem de caminhões do exército transportando corpos para fora de Bergamo, na Itália, porque os cemitérios e crematórios estão lotados além da capacidade, é assustadora.
  • 33. Antígona com o corpo de seu irmão Polinices – Nikoforos Lytras (1865)
  • 34. Isso lembra a tragédia de Sófocles em que Antígona foi proibido de lamentar publicamente ou enterrar adequadamente seu irmão morto, Polinices, por causa de sua traição contra o governante Creonte
  • 35. Érico Veríssimo (1971, serie 1994) Nesse romance, Érico Veríssimo descreve o “Incidente em Antares,” onde os trabalhadores do cemitério entram em greve
  • 36. Enquanto os corpos se amontoam, insepultos, sete cadáveres de uma ampla faixa da sociedade, se levantam para reivindicar seu direito de serem enterrados. Quando são ignorados, eles revelam os segredos sórdidos de quem tem autoridade e de outras pessoas da cidade.
  • 37. Em nossa tragédia contemporânea, somos os atores involuntários dessa peça de moralidade moderna, onde nem mesmo a morte é uma libertação e até o luto público e um enterro decente são proibidos.
  • 38. “Miguel”  Filho adotado da África enquanto criança; transtorno de apego; passou a maioria do primeira ano aqui no hospital  Agora com 17 anos  Mãe solteira doente de câncer  A pandemia chega e ela fica no hospital  Ele visita a mãe – que pega o Covid-19  Ele se sente culpado  Ela more – não tem funeral nem visita nos últimas dias da vida dela  Luto não resolvido …  Terapia familiar com o jovem e a tia materna
  • 39. “Até as capivaras sabem o que é distanciamento social – menos o gaucho”
  • 40. Regras e princípios 1. As pessoas não querem mudar! 2. Elas querem que outras pessoas mudem! 3. Elas querem alívio da dor e do sofrimento … Porém, outros são uma tela de projeção para sua dor
  • 41. A neblina de incoerência Se você não consegue entender e explicar a relação entre o indivíduo e o sistema, você não entendeu nada!
  • 43. Agradecimentos DOMUS – Centro de Terapia Individual, Casal e Família •Dra. Helena Centeno Hintz •Dra. Letícia Castagna Lovato Turku, Finlândia