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7 Aplicações da Equação de
  Schroedinger
7.1 Partícula Livre
A equação de Schroedinger para uma partícula livre é obtida fazendo-se        V (x) = 0   para
todo o espaço:
                − 2 d2                 d2                        2mE
                       Ψ(x) = EΨ(x) ou 2 Ψ(x) = −k 2 Ψ(x), k 2 =
                2m dx2                dx                           2

Soluções para esta equação são bem conhecidas:
                             Ψ(x) = cos kx, sin kx, ou e±ikx
A solução geral corresponde a uma combinação linear de duas soluções, por exemplo:
                                  Ψ(x) = Aeikx + Be−ikx
A solução da equação de Schroedinger dependente do tempo será portanto:
                            Ψ(x,t) = Aei(kx−ωt) + Be−i(kx+ωt)
O termo ei(kx−ωt) descreve uma onda viajando no sentido de x positivo e e−i(kx+ωt) no
sentido oposto. Ondas desse tipo são chamadas ondas planas. Portanto uma partícula
livre com momento linear positivo será representada pela função acima fazendo-se B=0. O
valor esperado para a medida do momento dessa partícula é dado por:
           +∞               +∞                                               +∞
                                                     ∂
< p >=          Ψ∗ pΨdx =        A∗ e−i(kx−ωt) (−i      )Aei(kx−ωt) dx = k        Ψ∗ Ψdx = k
          −∞                −∞                       ∂x                      −∞

pois sendo a função de onda normalizada, a última integral acima deve ser igual a 1.
Portanto:
                                              √
                                                  2mE       √
                            < p >= k =                  =       2mE

como esperado. Fazendo-se cálculo análogo para a função correspondente à partícula ca-
                                                              √
minhando no sentido de x negativos (A=0), obtém-se < p >= − 2mE . Com relação ao

                                                                                          123
7 Aplicações da Equação de Schroedinger

valor esperado para a posição da partícula, note que |Ψ|2 = Ψ∗ Ψ = A∗ A = cte.. Por-
tanto a probabilidade de encontrar a partícula em qualquer intervalo x, x+dx é a mesma,
conforme previsto pelo princípio de incerteza. A normalização da função de onda de uma
                                                              +∞
partícula livre traz alguma diculdade formal, uma vez que −∞ Ψ∗ Ψdx = ∞. Do ponto
de vista operacional, isso pode ser contornado, pois todo cálculo pode sempre ser reali-
zado com a normalização explícita, fazendo-se uma razão de integrais, onde a constante de
normalização A é cancelada. No caso do momento linear que vimos acima, teríamos, por
exemplo:

                                    Ψ∗ pΨdx     Ψ∗ Ψdx
                          p =             = k        = k
                                    Ψ∗ Ψdx      Ψ∗ Ψdx
Partícula livre no espaço todo é uma situação idealizada que nunca ocorre. Um próton
acelerado pelo Pelletron, por exemplo, corresponde a uma partícula livre desde a saída do
acelerador, até o coletor de feixe (copo de Faraday) na câmara, no nal da canalização
em alto vácuo, ou seja, uma distância da ordem de 30 m. Para distâncias dessa ordem, a
incerteza no momento do próton devido às limitações do princípio de incerteza é desprezível
e a função de onda da partícula pode ser aproximada por uma onda plana.
   Uma partícula livre para qual a incerteza na posição não é muito grande pode ser des-
crita por um pacote de ondas (superposição de muitas ondas planas). Entretanto, as
diculdades matemáticas para se tratar funções desse tipo são muito grandes e além disso,
como já vimos, à medida que o tempo passa, aumenta a incerteza na posição da partícula
devido à incerteza em sua velocidade e o pacote continuamente se alarga.


7.2 Potencial Degrau
Vejamos agora outra situação bastante simples, como a de uma bola de bilhar em uma
mesa. Em toda a extensão da mesa, a bola está sujeita a um potencial constante (nulo),
mas na borda ela encontra repentinamente um potencial maior. Imaginando que a bola
consiga subir a barreira (uma rampa, como na gura 7.1b), ela precisa ter uma energia
cinética maior que mgh, onde m é a massa da bola e h a altura da rampa, para passar a
se mover no nível mais alto. Esquematicamente, isso pode ser representado pelo potencial
degrau (imaginando que o nível mais alto continue indenidamente):
   Vamos chamar de I a região onde o potencial é nulo (x0 na mesa) e de II a região em
que o potencial é maior (x0 sobre a rampa).


7.2.1 Caso E  V0 :
                              2
                                d2 Φ        d2 Φ   2     2   2mE
                  x0: −           2
                                     = EΦ ou 2 = −k1 Φ; k1 =   2
                             2m dx          dx
                        2
                      d2 Φ               d2 Φ  2     2   2m(V0 − E)
            x0: −         + V0 Φ = EΦ ou 2 = k2 Φ; k2 =
                   2m dx2                dx                   2




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Estr mat i

  • 1. 7 Aplicações da Equação de Schroedinger 7.1 Partícula Livre A equação de Schroedinger para uma partícula livre é obtida fazendo-se V (x) = 0 para todo o espaço: − 2 d2 d2 2mE Ψ(x) = EΨ(x) ou 2 Ψ(x) = −k 2 Ψ(x), k 2 = 2m dx2 dx 2 Soluções para esta equação são bem conhecidas: Ψ(x) = cos kx, sin kx, ou e±ikx A solução geral corresponde a uma combinação linear de duas soluções, por exemplo: Ψ(x) = Aeikx + Be−ikx A solução da equação de Schroedinger dependente do tempo será portanto: Ψ(x,t) = Aei(kx−ωt) + Be−i(kx+ωt) O termo ei(kx−ωt) descreve uma onda viajando no sentido de x positivo e e−i(kx+ωt) no sentido oposto. Ondas desse tipo são chamadas ondas planas. Portanto uma partícula livre com momento linear positivo será representada pela função acima fazendo-se B=0. O valor esperado para a medida do momento dessa partícula é dado por: +∞ +∞ +∞ ∂ < p >= Ψ∗ pΨdx = A∗ e−i(kx−ωt) (−i )Aei(kx−ωt) dx = k Ψ∗ Ψdx = k −∞ −∞ ∂x −∞ pois sendo a função de onda normalizada, a última integral acima deve ser igual a 1. Portanto: √ 2mE √ < p >= k = = 2mE como esperado. Fazendo-se cálculo análogo para a função correspondente à partícula ca- √ minhando no sentido de x negativos (A=0), obtém-se < p >= − 2mE . Com relação ao 123
  • 2. 7 Aplicações da Equação de Schroedinger valor esperado para a posição da partícula, note que |Ψ|2 = Ψ∗ Ψ = A∗ A = cte.. Por- tanto a probabilidade de encontrar a partícula em qualquer intervalo x, x+dx é a mesma, conforme previsto pelo princípio de incerteza. A normalização da função de onda de uma +∞ partícula livre traz alguma diculdade formal, uma vez que −∞ Ψ∗ Ψdx = ∞. Do ponto de vista operacional, isso pode ser contornado, pois todo cálculo pode sempre ser reali- zado com a normalização explícita, fazendo-se uma razão de integrais, onde a constante de normalização A é cancelada. No caso do momento linear que vimos acima, teríamos, por exemplo: Ψ∗ pΨdx Ψ∗ Ψdx p = = k = k Ψ∗ Ψdx Ψ∗ Ψdx Partícula livre no espaço todo é uma situação idealizada que nunca ocorre. Um próton acelerado pelo Pelletron, por exemplo, corresponde a uma partícula livre desde a saída do acelerador, até o coletor de feixe (copo de Faraday) na câmara, no nal da canalização em alto vácuo, ou seja, uma distância da ordem de 30 m. Para distâncias dessa ordem, a incerteza no momento do próton devido às limitações do princípio de incerteza é desprezível e a função de onda da partícula pode ser aproximada por uma onda plana. Uma partícula livre para qual a incerteza na posição não é muito grande pode ser des- crita por um pacote de ondas (superposição de muitas ondas planas). Entretanto, as diculdades matemáticas para se tratar funções desse tipo são muito grandes e além disso, como já vimos, à medida que o tempo passa, aumenta a incerteza na posição da partícula devido à incerteza em sua velocidade e o pacote continuamente se alarga. 7.2 Potencial Degrau Vejamos agora outra situação bastante simples, como a de uma bola de bilhar em uma mesa. Em toda a extensão da mesa, a bola está sujeita a um potencial constante (nulo), mas na borda ela encontra repentinamente um potencial maior. Imaginando que a bola consiga subir a barreira (uma rampa, como na gura 7.1b), ela precisa ter uma energia cinética maior que mgh, onde m é a massa da bola e h a altura da rampa, para passar a se mover no nível mais alto. Esquematicamente, isso pode ser representado pelo potencial degrau (imaginando que o nível mais alto continue indenidamente): Vamos chamar de I a região onde o potencial é nulo (x0 na mesa) e de II a região em que o potencial é maior (x0 sobre a rampa). 7.2.1 Caso E V0 : 2 d2 Φ d2 Φ 2 2 2mE x0: − 2 = EΦ ou 2 = −k1 Φ; k1 = 2 2m dx dx 2 d2 Φ d2 Φ 2 2 2m(V0 − E) x0: − + V0 Φ = EΦ ou 2 = k2 Φ; k2 = 2m dx2 dx 2 124