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Pedro Rocha

Licenciatura em Relações Internacionais

A72100

Economia do Mar
“Aumentar em 50% o peso da economia do mar no PIB até 2020 ”
Com uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas, mais precisamente 1.727.408
km2, o equivalente a 20 vezes o território “terrestre” nacional, Portugal possui uma invejável
longa faixa marítima com um enorme potencial que se não se encontra totalmente
aproveitado. Uma área enorme, que é quase uma missão impossível geri-la, supervisioná-la e
manter a sua segurança. Os meios continuam escassos para o estado português conseguir gerir
e aproveitar com rigor a ZEE portuguesa. Mas mesmo assim, está em estudo um processo de
extensão da área marítima portuguesa.
Portos, energia, turismo setor extrativo, são atividades-chave que definem a economia
do mar. Conhecidas como grandes oportunidades de negócio existe, ainda, um longo caminho
a percorrer.
Atualmentea economia do mar representa apenas dois pontos percentuais do Produto
Interno Bruto Nacional empregando 75 milhares de pessoas de forma direta. É perante estes
valores que em novembro deste ano a atual Ministra da Agricultura, num concelho ministral
com o intuito de apresentar um documento estratégico para a economia do mar, delimitou um
objetivo: aumentar em 50 % o peso da economia do mar no PIB até 2020.
É claro que os valores atuais da representação a economia nacional no PIB são
lamentáveis. Um país como Portugal com uma relação mais que umbilical ao mar devia ter a
responsabilidade de tornar estes valores mais representativos. Mas parece que já começam a
ocorrer tímidos investimentos na economia do mar.
Comecemos por uma novidade, o surf. Atividade desportiva que recentemente entrou
nas contas da economia do mar, movimentando somas significativas, chegou-se mesmo a
estabelecer um ponto de referência mundial para os amantes deste desporto, fruto de um
grande mediatismo, na Nazaré.
Portugal também começa a dar cartas a nível mundial noutro flanco. Ainda em fase
experimental, a primeira eólica flutuante do mundo está ancorada ao largo da costa na Póvoa
do Varzim produzida na Lisnave pela EDP Renováveis e uma empresa canadiana. Com
resultados positivos, já se pensa em partir para a produção a larga escala podendo mesmo
ocorrer um impulso nos estaleiros navais portugueses.
O setor dos terminais de contentores parece neste momento o setor com maior
potencial de crescimento. Em 2012 os portos portugueses chegaram a movimentar no total
67.8 milhões de toneladas, um número que tem vindo a crescer ao longo da última década.
Com especial destaque para o porto de Sines que se encontra de momento a implementar um
programa para duplicar a sua capacidade com o intuito de poder receber em breve
embarcações com maior dimensão e maior capacidade de carga. Porém, outro porto nacional,
o porto de Leixões, também já tem em construção um terminal de cruzeiros.
Do setor da extração, já começam a ser investidos tímidos capitais neste setor. A
Repsol mostra algum interesse nos mares do Algarve chegando mesmo a assinar contrato para
a prospeção e pesquisa, o que pode demorar oito anos e largos milhões de euros. Apesar de
haver grandes inícios que existam grandes reservas de gás na costa algarvia, a hipótese de
exploração ainda está afastada.
1
Pedro Rocha

Licenciatura em Relações Internacionais

A72100

Quanto à pesca, este setor aparenta possuir vários problemas crónicos. A frota
pesqueira continua a ser constituída por embarcações muito tradicionais e rudimentares e a
mão-de-obra é substancialmente envelhecida. A pesca artesanal apresenta uma crise, já que
as unidades populacionais de peixe estão cada vez mais reduzidas e as quotas impostas pela
União Europeia que agudizam ainda mais o problema. Apesar de haver rumores de que uma
suposta renegociação das quotas com a UE está em estudo, proposta que vai ser ainda
apresentada este ano.
Apesar de a economia do mar estar a iniciar a sua materialização, uma certeza fica,
ainda existe um longo e árduo caminho, repleto de desafios, a percorrer nesse sentido.
Multiplicam-se as conferências, os documentos estratégicos, os fóruns e as promessas políticas
sobre a economia do mar. Mas uma coisa é certa, o mar está lá à espera, mas falta-lhe a
economia.

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