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Revista Veja (10/02/2010)
Dilúvio... 45ºdia


 DEPOIS DA
 CHUVA, O CAOS
 O rastro de destruição
 na Vila Guarani, na
 Zona Leste
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 duas pessoas:
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 das margens de
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• Há um mês e meio, os 11 milhões de habitantes
  de São Paulo vivem um drama que parece não
  ter fim – nem solução. Diariamente, a cidade é
  castigada por temporais intensos, que duram
  em torno de duas horas e instauram o caos. A
  chuva causa congestionamentos monstruosos
  no trânsito, deixa bairros inteiros alagados e
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  de 14 pessoas, carregadas pela
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• Em janeiro, o volume de água que se
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  milímetros. Isso representa o dobro da
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  gaúcha sofreu perda de 1 milhão de
  toneladas de grãos, o suficiente para
  suprir a demanda do Brasil inteiro por um
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Antes
Depois
• O brasileiro que vive no Sul ou no Sudeste
  está habituado às previsíveis chuvas de
  verão. A chuva que se repete dia após dia
  como se fosse uma reedição do dilúvio
  bíblico (que, por sinal, se prolongou por
  quarenta dias, tempo já ultrapassado pelo
  dilúvio paulistano). A pergunta que todos se
  fazem é por que chove tanto em um único
  lugar. A resposta mais curta é que existe
  uma conjunção excepcional de fatores
  meteorológicos, cada um deles contribuindo
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• Já a devastação que as águas
  provocam, por meio de alagamentos e
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  características da urbanização conduzida
  através dos anos.
• No que diz respeito à meteorologia, a
  chuva resultou de três fenômenos. O
  primeiro é o fluxo de ar úmido que todo
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  do Brasil.
• O segundo fator que concorreu para a
  formação de temporais em São Paulo e
  no Sudeste foi o aquecimento do Atlântico
  – em 1,5 grau – na sua porção próxima à
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• O terceiro fator é o calor na cidade de São
  Paulo em janeiro. As temperaturas foram
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  nas últimas seis décadas. O calor
  favorece o aquecimento do solo, que por
  sua vez esquenta o ar. Este fica mais leve
  e sobe, formando nuvens carregadas. É
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Aspecto Histórico
• As chuvas fortes não causariam tantos
  problemas em São Paulo caso a cidade
  tivesse sido preparada para elas. Na
  virada do século XIX para o
  XX, impulsionada pela riqueza produzida
  pelo café e pelas indústrias, São Paulo
  deixou de ser uma vila provinciana para
  assumir sua vocação de metrópole.
Problemas urbanísticos
• A partir daí, seus governantes optaram
  por canalizar boa parte de seus córregos
  e rios, transformando-os em galerias
  pluviais no subsolo da cidade. Sobre
  essas galerias foram construídas grandes
  avenidas, como 9 de Julho, 23 de
  Maio, Juscelino Kubitschek e Pacaembu.
  As galerias subterrâneas coletam a água
  da chuva dos bueiros e a levam para
  galerias maiores, que a despejam no Rio
  Tietê.
Causas
• A primeira é quando o volume de água é
  maior do que aquele que as galerias
  comportam. Nesse caso, a água volta à
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  segunda é quando os próprios rios não
  comportam o volume de água despejado
  em seus leitos, e transbordam.
• O lixo jogado nas ruas também colabora
  para as enchentes, mas, segundo
  especialistas, é um fator secundário. "O
  problema real é o volume de chuvas em
  tantos dias consecutivos, que satura o
  solo e as galerias", diz o engenheiro
  Aluisio Canholi, coordenador técnico do
  Plano de Macrodrenagem da Bacia do
  Alto Tietê e especialista em drenagem
  urbana.
• O que os governos podem fazer – e
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  encontrar meios de minimizar os
  danos, evitar alagamentos prolongados e
  garantir que a tormenta atrapalhe o
  mínimo a vida de seus habitantes.
Alguns dados
• Os especialistas calculam que um único dia de
  chuvas torrenciais em São Paulo, com
  alagamentos, cause um prejuízo de 95 milhões
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  engenheiro Aluisio Canholi afirma que 80% do
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  Motoristas, mercadorias e bens ficam parados
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  Nos outros 20% da conta entram fatores como
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construir mais piscinões. Na
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1950
                              A HISTÓRIA SE REPETE
                              Alagamento na Rua 25 de Março,
                              no centro da cidade,...




1960
...no bairro do Cambuci, na
Zona Sul,..
1970
...e na região do Parque Dom Pedro II.
"Embora a chuva causasse
danos, ela não criava pânico na
  população, como acontece
   hoje", diz o geógrafo Adler
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      Hoje, ao contrário, é
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Galo Branco – Franca/SP
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Dilúvio em SP causa caos e mortes devido a fatores meteorológicos e urbanos

  • 2. Dilúvio... 45ºdia DEPOIS DA CHUVA, O CAOS O rastro de destruição na Vila Guarani, na Zona Leste de São Paulo, onde a enxurrada matou duas pessoas: a ocupação irregular das margens de córregos e rios agrava o problema das enchentes
  • 3. • Há um mês e meio, os 11 milhões de habitantes de São Paulo vivem um drama que parece não ter fim – nem solução. Diariamente, a cidade é castigada por temporais intensos, que duram em torno de duas horas e instauram o caos. A chuva causa congestionamentos monstruosos no trânsito, deixa bairros inteiros alagados e sem eletricidade, derruba casas e árvores e, até a sexta-feira passada, havia provocado a morte de 14 pessoas, carregadas pela enxurrada, vítimas de desabamentos ou queda
  • 4. • Em janeiro, o volume de água que se abateu sobre São Paulo foi de 480,5 milímetros. Isso representa o dobro da média histórica de janeiro e o maior volume registrado desde 1947 nesse mesmo mês. São Paulo é o epicentro das chuvas torrenciais que atingiram também outras áreas do Sul e do Sudeste do país.
  • 5. • No Rio Grande do Sul, cidades com volume de chuva médio de 100 milímetros no mês de janeiro, como Santa Maria, Santiago e São Luiz Gonzaga, foram castigadas com índices de 400 milímetros. A lavoura de arroz gaúcha sofreu perda de 1 milhão de toneladas de grãos, o suficiente para suprir a demanda do Brasil inteiro por um mês.
  • 8. • O brasileiro que vive no Sul ou no Sudeste está habituado às previsíveis chuvas de verão. A chuva que se repete dia após dia como se fosse uma reedição do dilúvio bíblico (que, por sinal, se prolongou por quarenta dias, tempo já ultrapassado pelo dilúvio paulistano). A pergunta que todos se fazem é por que chove tanto em um único lugar. A resposta mais curta é que existe uma conjunção excepcional de fatores meteorológicos, cada um deles contribuindo para a continuidade do aguaceiro.
  • 9. • Já a devastação que as águas provocam, por meio de alagamentos e enxurradas, é também consequência do perfil geográfico da cidade e das características da urbanização conduzida através dos anos.
  • 10. • No que diz respeito à meteorologia, a chuva resultou de três fenômenos. O primeiro é o fluxo de ar úmido que todo ano segue da região amazônica em direção ao Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.
  • 11. • O segundo fator que concorreu para a formação de temporais em São Paulo e no Sudeste foi o aquecimento do Atlântico – em 1,5 grau – na sua porção próxima à costa do Sudeste brasileiro.
  • 12. • O terceiro fator é o calor na cidade de São Paulo em janeiro. As temperaturas foram mais altas que a média do mês de janeiro nas últimas seis décadas. O calor favorece o aquecimento do solo, que por sua vez esquenta o ar. Este fica mais leve e sobe, formando nuvens carregadas. É um ciclo infernal de retroalimentação.
  • 14. • As chuvas fortes não causariam tantos problemas em São Paulo caso a cidade tivesse sido preparada para elas. Na virada do século XIX para o XX, impulsionada pela riqueza produzida pelo café e pelas indústrias, São Paulo deixou de ser uma vila provinciana para assumir sua vocação de metrópole.
  • 15. Problemas urbanísticos • A partir daí, seus governantes optaram por canalizar boa parte de seus córregos e rios, transformando-os em galerias pluviais no subsolo da cidade. Sobre essas galerias foram construídas grandes avenidas, como 9 de Julho, 23 de Maio, Juscelino Kubitschek e Pacaembu. As galerias subterrâneas coletam a água da chuva dos bueiros e a levam para galerias maiores, que a despejam no Rio Tietê.
  • 16. Causas • A primeira é quando o volume de água é maior do que aquele que as galerias comportam. Nesse caso, a água volta à superfície e causa alagamentos. A segunda é quando os próprios rios não comportam o volume de água despejado em seus leitos, e transbordam.
  • 17. • O lixo jogado nas ruas também colabora para as enchentes, mas, segundo especialistas, é um fator secundário. "O problema real é o volume de chuvas em tantos dias consecutivos, que satura o solo e as galerias", diz o engenheiro Aluisio Canholi, coordenador técnico do Plano de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê e especialista em drenagem urbana.
  • 18. • O que os governos podem fazer – e muitas vezes deixaram de fazer – é encontrar meios de minimizar os danos, evitar alagamentos prolongados e garantir que a tormenta atrapalhe o mínimo a vida de seus habitantes.
  • 19. Alguns dados • Os especialistas calculam que um único dia de chuvas torrenciais em São Paulo, com alagamentos, cause um prejuízo de 95 milhões de reais só com engarrafamentos no trânsito. O engenheiro Aluisio Canholi afirma que 80% do total de perdas econômicas decorre dos congestionamentos de trânsito. Motoristas, mercadorias e bens ficam parados no trânsito, ilhados em pontos de alagamento. Nos outros 20% da conta entram fatores como perdas materiais e desvalorização dos imóveis situados em áreas sujeitas a inundações.
  • 20.
  • 21. Medidas a serem tomadas
  • 22. construir mais piscinões. Na Bacia do Alto Tietê, onde fica a cidade de São Paulo e outros 35 municípios, há 45 piscinões. Número insuficiente.
  • 23.
  • 25. • aumentar a permeabilidade da cidade ampliando suas áreas verdes. A terra dos parques ao longo de córregos e rios absorve a água caso o rio transborde. • reforçar as galerias que transportam a água da chuva. Em regiões antigas da cidade, elas são muito estreitas porque foram construídas quando a cidade era menos urbanizada e havia mais solo para absorver a água.
  • 26. • transferir para locais seguros os moradores que vivem em áreas de risco, como o Jardim Pantanal.
  • 27. • usar mais pisos com capacidade de drenagem. Estacionamentos e calçadas podem ser construídos com pisos que deixem a água da chuva ir para o lençol freático, e não para os bueiros.
  • 28. • O principal fator pelo qual os relatos de tragédias em 1947 são menores que os registrados hoje é a forma de ocupação da cidade. Com ruas de terra, várzeas e lagoas pluviais às margens do Tietê, a água da chuva era mais facilmente escoada e drenada. Poucas horas depois da chuva, portanto, a cidade voltava ao normal.
  • 29. 1950 A HISTÓRIA SE REPETE Alagamento na Rua 25 de Março, no centro da cidade,... 1960 ...no bairro do Cambuci, na Zona Sul,..
  • 30. 1970 ...e na região do Parque Dom Pedro II.
  • 31. "Embora a chuva causasse danos, ela não criava pânico na população, como acontece hoje", diz o geógrafo Adler Guilherme Viadana, da Universidade Estadual Paulista. Hoje, ao contrário, é compreensível que os paulistanos encurralados pela água olhem em pânico para as nuvens de chuva no céu.
  • 32.
  • 33. Galo Branco – Franca/SP