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RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI




DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS
  UNIFAMILIARES DE CUIABÁ, MATO
 GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E
             15.520/2005




             LAVRAS – MG
                2010
1
             RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI




DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE
CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005




                      Monografia apresentada à Universidade Federal
                      de Lavras, como parte das exigências do Curso de
                      Pós-Graduação Lato sensu em             Gestão em
                      Inovações Tecnológicas na construção Civil, para
                      a    obtenção     do título de     Especialista   em
                      Desempenho         Térmico   em          residências
                      unifamiliares .




                            Orientador
                           Dr. Sebastião Pereira Lopes




                          LAVRAS – MG
                              2010
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                RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI


 DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE
CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005




                            Monografia apresentada à Universidade Federal
                            de Lavras, como parte das exigências do Curso de
                            Pós-Graduação Lato sensu em Gestão em
                            Inovações Tecnológicas na Construção Civil, para
                            a    obtenção   do título de   Especialista   em
                            Desempenho Térmico em edificações.


APROVADA em ___ de __________ de 2010.




Dr.Paulo César Hardoim                UFLA


Msc. Hellen Pinto Ferreira Deckers     UFLA




                       Dr. Sebastião Pereira Lopes
                                  Orientador


                                LAVRAS – MG
                                     2010
3




       Dedico este trabalho à Deus, ao meu marido Cid, à minha filha Beatriz
e aos meus pais Maria C. Chicanelli e José Luiz Chicanelli, meus irmãos
Clarisse e José Renato minha amiga Regina por cuidar da minha saúde nas
horas mais difíceis da minha vida. Agradeço a minhas amigas Roberta Negri,
Raqueline Cordeiro e Roberta Sabbagh pelo incentivo. E agradeço também ao
apoio da minha outra família, Lia Sanches e Márcia Sanches.


       DEDICO
4

                            AGRADECIMENTO


        Para as pessoas e instituições que foram fundamentais para realização
deste trabalho:
        • Ao professor Dr.Sebastião Pereira Lopes pela orientação;
        • Ao Prof. Dr. Douglas Queiroz Brandão pela ajuda na obtenção dos
dados do PAR;
        • Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Inovações
Tecnológicas na construção Civil da Universidade Federal de Lavras;
        • A minha amiga e arquiteta Patrícia Tavares, pelo direcionamento ao
tema escolhido e participação durante todo o curso de lato Sensu;
        • A todos os colegas da pós Graduação, que muito me ensinaram. Em
especial agradecimento aos colegas César Amorim, Zeuler Navarro, Viviane
Marques, Priscila Muniz , Maria do Socorro Magalhães, e Virginia Sampaio;
        • A Vívian Sutani pelo auxílio na secretaria da Pós-Graduação;
        • A Luciane Mesquita, tutora do TCC pelo seu esforço em poder nos
atender na formatação das monografias;
        • À arquiteta da Caixa Econômica Federal e mestranda da UFMT, Kátia
Barcelos por me auxiliar na pesquisa das Residências do PAR;
        • E muito importante também à nossa tutora de Gestão em Inovações
Tecnológicas na construção Civil, Hellen Deckers por sua paciência e auxílio
aos nossos estudos.
5


                                  RESUMO


        O objetivo deste trabalho foi analisar o desempenho térmico de quatro
unidades habitacionais, localizadas na cidade de Cuiabá, que fazem parte do
Programa de Arrendamento Residencial (PAR) do Governo do Estado de Mato
Grosso.A metodologia empregada foi a análise das Residências conforme as
normas brasileiras (NBR) 15.575 e 15.520, através das plantas, memoriais
descirtivos e planilhas orçamentárias disponíveis na Caixa Econômica Federal
(CEF).Essa avaliação foi feita segundo o Zoneamento Bioclimático da cidade de
Cuiabá, especificada na norma brasileira (NBR) 15. 220, parte 3. Assim como a
análise, sugestões foram feitas para que as residências tenham um melhor
desempenho térmico.Além dessas análises, uma releitura dos mais importantes
estudos sobre o conforto térmico, e apresentadas as condições climáticas da
cidade de Cuiabá, definindo os melhores mecanismos de interação com o meio e
o comportamento térmico doa materiais empregados na construção civil.Uma
análise crítica da importância da norma de desempenho também foi feita, como
ela poderá modificar a visão do mercado consumidor em relação a construção
civil, o que vai acontecer com a demanda por especialistas e mão de obra
especializada.


Palavras chave: conforto, desempenho, residências unifamiliares.
6
                                LISTA DE FIGURAS


FIGURA 1    Modelo digital de Elevação do Estado de Mato Grosso ......                              18
FIGURA 2    Mapa Físico de Mato Grosso ...............................................              18
FIGURA 3    Corte Esquemático do Mapa Físico de Mato Grosso-Rio
            Paraguai a Serra de São Vicente............................................ 19
FIGURA 4    Zona Bioclimática 7 .............................................................. 29
FIGURA 5    Mapa de localização do Residencial Coxiponês.................... 39
FIGURA 6    Mapa de localização do Residencial Coxiponês/Implantação. 40
FIGURA 7    Planta e corte, Residencial Coxiponês.................................... 41
FIGURA 8    Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”.....                              42
FIGURA 9    Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”/
            Implantação..........................................................................   43
FIGURA 10   Plantas e corte, Residencial Jardim Vitória.........................                    44
FIGURA 11   Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica......                              45
FIGURA 12   Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica/
            Implantação............................................................................ 46
FIGURA 13   Planta e corte, Residencial Jardim Antarctica........................ 47
FIGURA 14   Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira........... 48
FIGURA 15   Mapa       de     localização do              Residencial         Pascoal Moreira/
            Implantação............................................................................ 49
FIGURA 16   Planta e corte, Residencial Pascoal Moreira.......................... 50
FIGURA17    Casa Eficiente.Sol nascente na cidade de Florianópolis/SC... 65
FIGURA 18   Casa Eficiente.Sol poente na cidade de Florianópolis/SC...... 66
FIGURA 19   Brises horizontais.................................................................... 67
FIGURA 20   Ventilação cruzada.................................................................. 68
FIGURA 21   Academia de Ciências de São Francisco................................ 69
7


                                 LISTA DE TABELAS


TABELA 1   Medidas de dados meteorológicos da estação Cuiabá ........... 23
TABELA 2   Classificação do clima........................................................... 26
TABELA 3   Aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a
           Zona Bioclimática 7.............................................................. 30
TABELA 4   Tipos de vedações externas para a Zona Bioclimática 7........ 30
TABELA 5   Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona
           Bioclimática 7........................................................................ 30
TABELA 6   Porcentagem das aberturas para ventilação............................ 30
TABELA 7   Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar
           admissíveis para cada tipo de vedação externa...................... 31
TABELA 8   Relação da área do ambiente com abertura da janela............. 52
8


                    LISTA DE SIGLAS


ABNT       Associação Brasileira de Normas e Técnicas
NBR        Norma brasileira
PAR        Programa de arrendamento residencial
EMBRAPA    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
SRTM       Shuttle Radar Topography Mission
INMET      Instituto Nacional de Meteorologia
MAPA       Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento
SEPLAN     Secretaria de Planejamento
PROCEL     Programa Nacional de Concervação de Energia Elétrica
IPT        Instituto de Pesquisas Tecnológicas
CONMETRO   Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
           Industrial
ANVISA     Agencia nacional de Vigilância sanitária
CEF        Caixa Econômica Federal
SINAT      Sistema Nacional de Aprovações Técnicas
SETECS     Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência
           Social
SINFRA     Secretaria de Infra –Estrutura
FETHAB     Fundo Estadual de Transporte e Habitação
LABEEE     Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
EPS        Poliestireno expandido
9


                    LISTA DE SÍMBOLOS


°C    Graus Celsius
%     Porcento
U     Transmitância térmica
      Atraso térmico
FSo   Fator solar
α     Absortância
m     Metros
10


                                SUMÁRIO

1     INTRODUÇÃO
2     OBJETIVOS
3     REFERENCIAL TEÓRICO
3. 1 O conforto térmico, o ambiente e as construções
3.2 Características geográficas do estado de Mato Grosso e Cuiabá
3.2.1 Características ambientais de Cuiabá
3.3 A importância do partido arquitetônico para a diminuição do gasto de
    energia
3.4 Zona Bioclimatica de Cuiabá-MT:
4     O DESEMPENHO TÉRMICO E AS NBRs 15.220 /2005 15.575/2010
5     O PAR (Programa de Arrendamento Residencial)
6     METODOLOGIA
6.1 Procedimento utilizado
6.2 Materiais e Métodos
7     RESULTADOS
7.1 Localização e plantas
7.2 Identificação de características das tipologias construtivas, através de
     Aberturas para ventilação em porcentagem de área de piso
7.3    Análise dos materiais utilizados em paredes e coberturas através da
       transmitância térmica, atraso térmico e fator solar
8     CONSIDERAÇÕES FINAIS
8.1 Sugestões
8.2 Sugestões para trabalhos futuros
9     REFERÊNCIAS
11




    1 INTRODUÇÃO

        Cuiabá é uma cidade cujo inverno é uma estação seca bem definida. Mas
no verão,estação chuvosa, o calor do sol é intenso. No inverno, a temperatura
média pode chegar aos 40 °C, havendo dias que chegam aos 46° C.
        A temperatura interna das residências muitas vezes é maior que a
temperatura externa, principalmente ao anoitecer. Isso quer dizer que
provavelmente os materiais utilizados para a construção não foram escolhidos
segundo critérios as exigências de conforto térmico.
        Segundo a Norma Brasileira Registrada (NBR) 15.575 /2010, o edifício
habitacional deverá apresentar condições térmicas no seu interior, melhores ou
iguais às do ambiente externo, à sombra, para o dia típico de verão e, no inverno,
propiciar conforto térmico no interior do edifício habitacional. No entanto, é
justamente nesta época do ano que é necessário estabelecer critérios para
diminuir a temperatura interna. Isto significa um grande desafio, já que a maioria
das residências não são projetadas para atender esse requisito da norma.
        Portanto, há a necessidade de pesquisa para a obtenção de dados
consistentes sobre os melhores materiais a serem especificados em projetos
arquitetônicos destinados às cidades com esse tipo de clima, assim como o
melhor meio de se projetar, já que a mesma não procurou atender até o momento
em fazer projetos que atendessem o clima de cada região.
        Na NBR 15.520/2010, além do zoneamento bioclimático brasileiro, são
feitas recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de estratégias de
condicionamento térmico passivo, com base em parâmetros e condições de
contorno fixados.
12
        Segundo a NBR 15.575/2010, o edifício habitacional deverá apresentar
condições térmicas no seu interior, melhores ou iguais às do ambiente externo, à
sombra, para o dia típico de verão e no inverno, propiciar conforto térmico no
interior do edifício habitacional, porém é justamente nesta época que é
necessário estabelecer critérios para diminuir a temperatura interna, um grande
desafio, já que a maioria das residências não são projetadas para atender esse
requisito da norma.
        Portanto, há a necessidade de pesquisa para a obtenção de dados
consistentes sobre os melhores materiais a serem especificados em projetos
arquitetônicos destinados às cidades com esse tipo de clima, assim como o
melhor meio de se projetar.
        A falta de solo exposto, vegetação e a grande concentração de poluentes,
resultam em ilha de calor que ocorrem nas zonas centrais da região
metropolitana, diferentemente das zonas rurais.
        O grande adensamento das cidades, a falta de moradia, acelerou o
crescimento pela demanda no o setor da construção civil.
        As construtoras preocupadas em ganhar dinheiro, começaram a
economizar e a construir cada vez mais rápido. Esse tipo de economia foi além
do tipo de material a ser utilizado em obra, mas também na elaboração de
projetos por profissionais especializados.
        Devido a isso, o conforto foi sendo deixado de lado e a prioridade foi
construir rápido e mais barato.
        Os projetos começaram a ser padronizados para que a etapa da
construção iniciasse cada vez mais rápido. E o projeto de conforto térmico foi
sendo deixado de lado.
        Com isso, materiais para amenizar o conforto térmico também pararam
de ser requisitados no mercado, ocasionando uma estagnação dentro da Indústria
da Construção civil.
13
       A NBR 15.575/2010 veio para modificar esse cenário, pois a classe mais
desfavorecida da população não tinha condições de comprar materiais para
amenizar o desconforto térmico
       Com a escassez e existência de poucos materiais construtivos para
amenizar as altas temperaturas das edificações ocasionadas pela falta de
demanda e preço, mas com a necessidade do atendimento à NBR, serão
necessários desenvolvimento de inovações tecnológicas para aumentar a oferta e
diminuir o custo desses materiais relativamente caros, tornando possível
empreendimentos para a classe média e baixa renda, obedecendo as
especificações da NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005 quanto a
desempenho térmico.

2   OBJETIVOS

       Neste trabalho, pretende-se:
       1.   Analisar o clima da região de Cuiabá, conforme o zoneamento
            bioclimático especificado NBR 15.220/2005, parte 3;
       2. Avaliar as implicações da NBR 15.575/2010 para o setor da
            construção civil em relação ao conforto térmico;
       3. Verificar o que deverá ser feito para atender a Norma, em relação ao
            desempenho térmico, os tipos de materiais necessários para
            amenizar a temperatura interna das residências;
       4. Estudar algumas residências do programa habitacional do Governo
            do   Estado    do    Mato    Grosso,denominado     “Programa   de
            Arrendamento Residencial”(PAR), quando serão verificados se as
            recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de
            estratégias de condicionamento térmico passivo, estão em
14
             conformidade com a NBR 15.220/2005 e conseqüentemente a NBR
             15.575/2010.
        5. Qual a importância da NBR 15.575/2010 para o setor da construção
             civil e para o mercado consumidor

3   REFERENCIAL TEÓRICO

3. 1 O conforto térmico, o ambiente e as construções

        Diferentemente dos pecilotérmicos (peixes, insetos, répteis e outros),
classe de organismo que varia a temperatura conforme o ambiente, o ser humano
possui o organismo da classe homeotérmica, ou seja, nosso organismo mantém
uma temperatura constante, por volta dos 37 °C, por mecanismos fisiológicos de
acordo com o metabolismo (MASTER, 2010).
        Para WATANABE (2007), o ser humano, para manter temperatura
interna do organismo constante, em ambientes cujas condições termo-
higrométricas são variadas, é necessário um aparelho termo-regulador, que reduz
ou aumenta as perdas de calor pelo organismo através de alguns mecanismos de
controle. As reações fisiológicas ao estresse térmico ocasionam mudanças no
metabolismo, dilatação e contração de vasos sangüíneos, aumentar ou diminuir a
pulsação cardíaca, suor, tiritar, eriçar de pelos, entre outros.
        O calor excessivo, a umidade, o vento, o ruído e outros, afetam a saúde e
o bem-estar do ser humano. O calor em excesso pode afetar o desempenho das
pessoas, causar irritação e inquietação, perda de concentração. A falta de
umidade provoca desconforto, sonolência, aumento do suor. Ruído em excesso
causa inquietação, perda do sossego, concentração e outros. Essas e outras
perturbações que ocorrem, sem que se perceba, causa o chamado estresse e, se
isso não for solucionado, depois de certo tempo provocam, nas pessoas, doenças
15
mais complexas, como diabetes, doenças cardiovasculares, respiratórias, e outros
(MASTER, 2010).
       Segundo FROTA et al. (2001), para o trabalho físico, o aumento da
temperatura ambiente de 20°C para 24°C, o rendimento cai para 15% e a 30°C
de temperatura, com umidade relativa 80%, o rendimento cai 28%.
       A pele é o principal órgão termo-regulador do organismo humano e é
através dela que se realizam as trocas de calor. A temperatura é regulada pelo
fluxo sanguíneo que percorre nosso corpo (MASTER, 2010).
       Ao sentir desconforto térmico, o primeiro mecanismo fisiológico a ser
ativado é a regulagem vasomotora do fluxo sangüínio da camada periférica do
corpo, a camada subcutânea, através da vasodilatação ou vasoconstrição
(exsudação, suor), reduzindo ou aumentando a resistência térmica dessa camada
subcutânea. Outro mecanismo de termo-regulação da pele é a transpiração, que
tem início quando pelas perdas por convecção e radiação. A transpiração se faz
por meio das glândulas sudoríparas. As perdas de sais minerais e fadiga das
glândulas são os limites da transpiração (MASTER, 2010).
       Devido à variação biológica (metabolismo) entre os indivíduos, é
impossível determinar que todos os ocupantes de um mesmo ambiente se sintam
confortáveis termicamente, portanto, busca-se condições confortáveis para um
determinado grupo de pessoas. A busca pela proteção humana em relação aos
problemas climáticos tem se intensificado para atender a melhores condições de
conforto físico satisfatório (MASTER, 2010).
       O clima urbano é produzido pela ação do homem sobre a natureza e se
relaciona à produção de condições diferenciadas de conforto e desconforto
térmico, à poluição do ar, às chuvas intensas, às inundações e aos
desmoronamentos das vertentes dos morros – eventos de grande custo social
(LOMBARDO, 1985, apud COSTA, 2009).
16
           DETWYLER (1974) apud ROMERO (2000), afirmam que as as
mudanças climáticas provocadas pela urbanização são três:
           1. Mudanças devido à densa construção e pavimentação da superfície
física do solo, impermeabilizando-a, aumentando sua capacidade térmica e sua
           rugosidade, ao mesmo tempo em que transforma o movimento do ar;
           2. Aumento da capacidade armazenadora de calor com a diminuição do
albedo ;
           3. Modificação da transparência da atmosfera devido à emissão de
contaminantes (poeira, poluição e outros.).
           Os quatro fatores dinâmicos do clima – temperatura, umidade,
movimento do ar e Radiação – afetam a perda de calor no homem. Esses fatores
(elementos) climáticos não atuam isolados, mas conjuntamente. O efeito de sua
ação conjunta sobre o indivíduo denomina-se pressão térmica (MASCARÓ,
1991 apud LEÃO, 2006).
           Condições climáticas urbanas inadequadas significam perda da
qualidade de vida para uma parte da população, enquanto para outra, conduzem
ao aporte de energia para o condicionamento térmico das edificações. Em
conseqüência, aumentam as construções de usinas hidrelétricas, termoelétricas
ou atômicas, de grande impacto sobre o meio ambiente (LAMBERTS et al.,
1997).
           COZZA, (1997) mostra que até bem pouco tempo atrás os profissionais
brasileiros não investiam diretamente no setor, estando mais preocupados com o
gasto, mercado financeiro, do que com o desenvolvimento técnico e
administrativo da construção civil. Por este motivo, os fornecedores de serviços
e materiais lamentam a baixa qualidade exigida pelos construtores em
contraponto à grande exigência por preços mais baixos.
           Segundo PACHECO, (2007), teve início, em 1995, o desenvolvimento
pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para a Financiadora de Pesquisas
17
e Projetos (FINEP) do projeto “Critérios mínimos de desempenho para habitação
térreas de interesse social” que foi incorporada pelo Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional (PBQP da Habitação)
que apóiam os setores da cadeia produtiva, à instalação e aplicação da
produtividade e da qualidade.

3.2 Características geográficas do estado de Mato Grosso e Cuiabá

       Mato Grosso está situado no Maciço Central, ou Maciço do Brasil
Central ou, ainda, Maciço Mato-Grossense (COUTINHO, 2005).
       O relevo é classificado como: (Chapada da Bacia do Paraná, Chapada
dos Parecis, Residuais Sul-Amazônicos e Serras residuais do Alto Paraguai);
(Marginal Sul-Amazônico, depressão do Araguaia, depressão Cuiabana e
depressão do Alto Paraguai-Guaporé) e planície do Rio Araguaia ( Pantanal do
Rio Guaporé e Pantanal mato-grossense) (COUTINHO, 2005).
       Podemos observar na Figura 1 que no sul do Mato Grosso,
apresenta as maiores altitudes ( 800-1200 metros, na Serra Azul e 500-
800 metros, na Chapada dos Guimarães) fazendo limites, ao Norte com a
Bacia Amazônica, a Leste com a Bacia do São Francisco, a Oeste com a
borda oriental andina e ao Sul-Sudeste, com a Bacia de sedimentação do
Paraná.
       A Figura 1 apresenta a situação do Relevo do Estado de Mato
Grosso.
18




Figura 1 Modelo digital de Elevação do Estado de Mato Grosso.
Fonte: Embrapa (2005)

        Podemos observar na Figura 2, que Cuiabá está entre as Serras das
Araras, Serra Azul, Chapada dos Guimarães e Serra de São Vicente




Figura 2 Mapa Físico de Mato Grosso
Fonte: MORENO et al, (2005) apud LEÃO, (2006).
19
       Na Figura 3, podemos observar que Cuiabá está em um “buraco”, entre a
Chapada dos Guimarães e a Serra das Araras




Figura 3 Corte Esquemático do Mapa Físico de Mato Grosso-Rio Paraguai a Serra de
São Vicente.
Fonte: MORENO et al, (2005) apud LEÃO, (2006).

3.2.1 Características ambientais de Cuiabá

       Cuiabá, Capital do estado de Mato Grosso, está situada entre o Pantanal
Mato Grossense na região sul. Na região norte, nordeste e noroeste, estão
rodeados   por   áreas   serranas   (Chapada     dos   Guimarães,    Serra   da
Petrovina,Chapada dos Parecis e Serra Azul).
       Está situada na latitude sul a 15°33’ e na longitude oeste a 56°07’ e
altitude de 151 m (SEPLAN, 2008).
       A drenagem é feita pelo Rio Cuiabá e seus afluentes, dos quais
destacam-se o Rio Coxipó e inúmeros córregos, tais como: córrego da Prainha,
Ribeirão da Ponte, Manoel Pinto, Moinho, Barbados, Gambá e São Gonçalo.
      A vegetação predominante é o cerrado e a mata ciliar que aparece ao
longo dos córregos.( GUARIM et al., 1990 apud MAITELLI ,1994)
20
      As árvores de Cerrado atingem quatro metros de altura, caules retorcidos,
com copas que atingem o cerradão. Já a mata ciliar possui árvores que atingem
até 10 m de altura segundo GUARIM (1990) et al., apud MAITELLI (1991).
      O primeiro estudo de clima urbano em Cuiabá foi realizado por
MAITELLI Et al. (1991), para identificar variações térmicas e de umidade do ar.
E também fez outras pesquisas, as quais analisou uma série climatológica
histórica do ano de 1901 até o ano de 1992, MAITELLI (1994), fez uma análise
da energia na área central e localizando a ilha de calor urbano.Segundo essa
análise, verificou-se que a média anual é de 26.9°C e a média das máximas é de
32.5ºC, e a média das mínimas é de 21.3°C. O valor da precipitação média anual
do período é de 1.378,7 mm .
      Entre os meses de outubro a novembro, as temperaturas máximas
atingem, muitas vezes valores de 40°C com umidade relativa de 18%, nas horas
mais quentes do dia. No inverno, a precipitação é marcada por uma estação seca
bem definida, quando ocorrem as queimadas. Já na estação chuvosa, verão,
ocorrem tempestades intercaladas por períodos de calor e sol intenso, quando
ocorre a época de inundações.
        Devido à baixa altitude, e o fato de ser circundada por chapadões, a
ventilação é bastante prejudicada, ficando na maioria das vezes, abaixo de
1m/seg (MAITELLI et al., 1994).
        Em MAITELLI et al. (1994), verificou-se que a ilha de calor urbana e a
sua intensidade é evidenciada, no período noturno,          em condições de
estabilidade do ar, sem a ocorrência de chuvas, quando o calor armazenado no
tecido urbano é liberado para a atmosfera. Em situação de tempo instável, com
ocorrência de chuvas e ventos fortes, ocorre maior movimentação do ar
alterando o acoplamento da superfície com a atmosfera. Entretanto, em Cuiabá,
mesmo com medidas com ocorrência de chuva, foi possível observar que o
distrito comercial era mais aquecido do que o seu entorno, confirmando a
21
influência do uso do solo nas condições térmicas da cidade. Verificou-se
também que as variações das taxas de umidade relativa eram inversamente
proporcional à temperatura, isto é , o ar era , em média, 10% mais seco nas
áreas centrais da cidade em relação às áreas suburbanas Assim, pode-se dizer
que a ilha de calor estava associada à uma ilha seca. A média da umidade
relativa do ar mantinha-se em torno de 88% no período matutino, 57% no
período da tarde e 95% à noite.
        Segundo DUARTE (1995), apud NOGUEIRA et al.(2005), Cuiabá está
entre as cidades consideradas mais quentes, com freqüência quase que diária de
temperaturas altas e, nos meses mais quentes, podem ocorrer médias por volta
dos 40°C. Tendo em vista as condições climáticas em que se encontra a cidade
de Cuiabá, o conforto térmico é um dos pontos que mais aflige a população,
dentre os aspectos de conforto ambiental nos ambientes construídos.
        Segundo FROTA e SCHIFFER (1995), os primeiros estudos sobre
condições termo-higrométricas sobre o rendimento no trabalho,desenvolvidos
pela Comissão Americana de Ventilação, presidida por Winslow, comprovam
que para trabalhos físicos, aos interesse de produção surgidos com a Revolução
Industrial e às situações de guerra, o aumento da temperatura de 20°C para 24°C
diminui o rendimento em 15% e a 30°C de temperatura ambiente, com umidade
de 80% , o rendimento cai 28% .
        Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (2003), a cidade
de Cuiabá caracteriza-se por apresentar dois períodos bem definidos: um seco
que vai de abril a outubro e outro úmido de novembro a março onde concentra
80% das chuvas. A cidade possui pequena amplitude térmica, exceto em
fenômenos de friagem, temperatura média anual de 26,8°C, com média máxima
de 42°C e média mínima de 15°C, umidade relativa do ar média de 78% e
insolação total média de 2.179 hs.
22
       Como podemos observar na tabela 1, no inverno, a precipitação é
marcado por uma estação quente e seca bem definida, quando ocorrem as
queimadas. Já na estação chuvosa, verão, ocorrem tempestades intercaladas por
períodos de calor e sol intenso, quando ocorre a época de inundações
Tabela 1 Medidas de dados Meteorológicos da Estação Cuiabá, Período Janeiro-Dezembro, 2007.
Fonte: SEPLAN (2008)
                                           Temperarura do ar °C                Umidad                        Precipitação
              Pressão                                                                                                            Evaporaçã Insolação
                           Média   Média Máx. Absoluta Mín. Absoluta  Média       e     Nebulosidade Altura Máxima em 24 horas
  Meses     Atmosférica                                                                                                          o   Total Total (horas e
                            das     das                                        Relativa    (C-10)     Total    Altura
               (mb)                        Graus Dia Graus Dia Compensada                                                 Dia      (mm)      décimos)
                          máximas mínimas                                       (%)                   (mm)      (mm)
Janeiro           991,6       33,1    24,2   35,8   18      23,2    5     27,6       79           6,8   284,3     142,3       22     128,5          150,6
Fevereiro         991,5       32,5    23,8   36,4   26      20,7  21      27,1       81           6,9   315,7      81,2       13     115,2          122,7
Março             992,6       33,9    23,3   36,8   10      21,4  19      27,4       76           5,8   174,3      49,5       19      71,5          227,3
Abril             993,1       34,4    23,1   36,7    2      19,4  28      27,2       75           4,5   140,4      51,6        9     122,9          227,6
Maio              995,9       30,8    18,7   35,7    7      10,7  25      23,8       76           4,3     31,1     24,5       24     114,9          222,3
Junho             998,4       31,6    17,8   35,6    8      15,2    4     23,5       72           2,8   -            0,4       3       162           85,7
Julho               997       31,4    16,7   36,1   21      10,9  11      23,3       67             4     22,8       9,6      26     156,2          212,8
Agosto            996,8       33,7    16,5   38,5   23      11,5    5     24,3       58             1   -         -        -         187,4          244,5
Setembro          994,2       33,7    21,2   40,4   29      12,3  25      28,5       54           2,6        5         5      20     215,9          143,7
Outubro           993,6         35    23,2   39,8    1        20  18      28,1       68           5,8   188,2         69      15     174,2            126
Novembro          991,8       33,4    23,4   36,6   17        22  29      27,2       76           7,1   274,9      73,7       24       132          139,1
Dezembro          991,5         33    23,2   35,4   14        20  26      27,1       80           6,6   180,9      36,8       10     123,1          145,5




                                                                                                                                                   23
24
       Para CAMPELO Jr. et al. (1991),apud LEÃO (2007) em Cuiabá, a
direção predominante dos ventos é Norte e Noroeste durante boa parte do ano e
Sul no período de inverno.
       LEÃO (2006) em seu trabalho, verificou através de relatórios de saída
do programa Analysis Bio através das normais climáticas indicaram que a
cidade de Cuiabá possui durante o ano 29,11% de horas de conforto, 66,91% de
horas de desconforto por calor e apenas 3,98% de horas de desconforto por frio.
       Através destes resultados, notou-se necessário, o uso de ventilação e ar
condicionado durante o período de desconforto por calor e aquecimento solar
durante o pequeno período de desconforto por frio.

3.3 A importância do partido arquitetônico para a diminuição do
gasto de energia

       As edificações são responsáveis por cerca de 48% do consumo de
energia elétrica do país, considerando-se os setores residencial e comercial,
segundo GRILLO e AMORIM (2004).
        Para PRADO (2008), os edifícios são responsáveis por 40% do
consumo de energia no mundo, 33% no setor comercial e 67% no residencial,
até 2025 deve haver um crescimento de 45% nesse consumo, as construções
emitem 35% do carbono lançado na atmosfera, e deve haver um aumento de
92% nessas emissões até 2050 se nada for feito.

3.4 Zona Bioclimatica de Cuiabá-MT:


       Cuiabá está dentro da zona 7 (sete) do zoneamento bioclimático
brasileiro segundo a NBR 15220-3/2005.
25
        A cidade de Cuiabá está localizada entre montanhas e chapadas, e tem
como característica a localização na depressão, com pouca ventilação (NBR
15220-3/2005).
        As estações são bem definidas: Uma, seca, nos meses de abril a agosto
(inverno), e outra, chuvosa, nos meses de setembro a março (verão)
NOGUEIRA et al. (2005).
        São poucos os dias que as temperaturas ficam inferior a 20 °C
NOGUEIRA et al. (2005).
        A temperatura de Cuiabá durante a maior parte do ano é
predominantemente quente e a região mais quente na cidade é a zona central,
devido ao aumento das áreas impermeabilizadas e diminuição da vegetação
NOGUEIRA et al. (2005).
        Segundo a NBR 15.220/2005, conforto térmico é a satisfação
psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente e
neutralidade térmica é o estado físico no qual a densidade do fluxo de calor entre
o corpo humano e o ambiente é igual à taxa metabólica do corpo, sendo mantida
constante a temperatura do corpo; Desconforto local é o aquecimento ou
resfriamento de uma parte do corpo gerando insatisfação do indivíduo e
temperatura neutra é a temperatura operativa para a qual o corpo humano
encontra-se em neutralidade térmica.
        A NBR 15.220/2005, parte 3, estabelece um zoneamento bioclimático
brasileiro, abrangendo um conjunto de recomendações e estratégias construtivas
destinadas às habitações unifamiliares de interesse social.
        Na referida NBR 15.220/2005, Parte 3 também cita que para a
formulação das diretrizes construtivas - para cada zona bioclimática brasileira
(seção 6) - e para o estabelecimento das estratégias de condicionamento térmico
passivo (seção 7), foram considerados os parâmetros e condições de contorno
seguintes:
26
         a) Tamanho das aberturas para ventilação;
         b) Proteção das aberturas;
         c) Vedações externas (tipo de parede externa e tipo de cobertura); e
         d) Estratégias de condicionamento térmico passivo.


        Segundo a NBR 15.220/2005, parte 3, no item 6.7, onde são
apresentadas essas diretrizes construtivas para a zona bioclimática 7 , da qual a
cidade de Cuiabá faz parte:


Tabela 2 Classificação do clima
UF Cidade                 Estrat. Zona     UF Cidade               Estrat. Zona
MG Governador             CFIJ    5        PA Breves               FJK     8
     Valadares
MG Grão Mogol             BCFI    3        PA Conceição         do FIJK    8
                                                Araguaia
MG Ibirité                ABCFI 2          PA Itaituba             FJK     8
MG Itabira                BCFI    3        PA Marabá               FJK     8
MG Itajubá                ABCFI 2          PA Monte Alegre         FIJ     8
MG Itamarandiba           BCFI    3        PA Óbidos               FJK     8
MG Januária               CFHIJ   6        PA Porto de Moz         FJK     8
MG João Pinheiro          CDFHI 6          PA Santarém             FJK     8
                                                (Taperinha)
MG Juiz de Fora           BCFI    3        PA São       Félix   do FIJK    8
                                                Xingú
MG Lavras                 BCFI    3        PA Soure                JK      8
MG Leopoldina             CFIJ    5        PA Tiriós               FIJ     8
MG Machado                ABCFI 2          PA Tracuateua           FIJK    8
27
MG Monte Alegre de BCFIJ       3   PA Tucuruí          FJK    8
    Minas
MG Monte Azul         DFHI     7   PB Areia            FIJ    8
MG Montes Claros      CDFHI 6      PB Bananeiras       FIJ    8
MG Muriaé             BCFIJ    3   PB Campina          FIJ    8
                                       Grande
MG Oliveira           BCDFI 4      PB Guarabira        FIJK   8
MG Paracatu           CFHIJ    6   PB João Pessoa      FIJ    8
MG Passa Quatro       ABCFI 2      PB Monteiro         CFHI   6
MG Patos de Minas     BCDFI 4      PB São Gonçalo      FHIJK 7
MG Pedra Azul         CFI      5   PB Umbuzeiro        FI     8
MG Pirapora           BCFHI 4      PE Arco Verde       FHI    7
MG Pitangui           BCFHI 4      PE Barreiros        FJK    8
MG Poços de Calda     ABCF     1   PE Cabrobó          DFHI   7
MG Pompeu             BCFIJ    3   PE Correntes        FIJ    8
MG Santos Dumont      BCFI     3   PE Fernando      de FIJ    8
                                       Noronha
MG São Francisco      CFHIJ    6   PE Floresta         FHIK   7
MG São João Del Rei ABCFI 2        PE Garanhuns        CFI    5
MG São            João BCFIJ   3   PE Goiana           FIJ    8
    Evangelista
MG São Lourenço       ABCFI 2      PE Nazaré da Mata   FIJ    8
MG Sete Lagoas        BCDFI 4      PE Pesqueira        FI     8
MG Teófilo Otoni      CFIJ     5   PE Petrolina        DFHI   7
MG Três Corações      ABCFI 2      PE Recife           FIJ    8
MG Ubá                BCFIJ    3   PE São Caetano      FIJ    8
MG Uberaba            BCFIJ    3   PE Surubim          FIJ    8
28
MG Viçosa               BCFIJ    3        PE Tapera              FIJ      8
MS Aquidauana           CFIJK    5        PE Triunfo             CFHI     6
MS Campo Grande         CFHIJ    6        PI   Bom Jesus do DFHIJ 7
                                               Piauí
MS Corumbá              FIJK     8        PI   Floriano          FHIJK 7
MS Coxim                CFHIJ    6        PI   Parnaíba          FIJ      8
MS Dourados             BCFIJ    3        PI   Paulistana        DFHIJ 7
MS Ivinhema             CFIJK    5        PI   Picos             DFHIJ 7
MS Paranaíba            CFHIJ    6        PI   Teresina          FHIJK 7
MS Ponta Porã           BCFI     3        PR Campo Mourão        BCFI     3
MS Três Lagoas          CFHIJ    6        PR Castro              ABCF 1
MT Cáceres              FIJK     8        PR Curitiba            ABCF 1
MT Cidade Vera          CFIJK    5        PR Foz do Iguaçu       BCFIJ 3
MT Cuiabá               FHIJK 7           PR Guaíra              BCFIJ 3
MT Diamantino           FHIJK 7           PR Guarapuava          ABCF 1
MT Meruri               CFHIJ    6        PR Ivaí                ABCFI 2
MT Presidente           BCFIJ    3        PR Jacarezinho         BCFIJ 3
     Murtinho
PA Altamira             FJK      8        PR Jaguariaiva         ABCFI 2
PA Alto Tapajós         FJK      8        PR Londrina            BCFI     3
PA Belém                FJK      8        PR Maringá             ABCD 1
PA Belterra             FJK      8        PR Palmas              ABCF 1
Fonte: NBR 15.220/2005, Parte 3, Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social
Legenda:
UF-Unidade Federativa em ordem alfabética
Cidade- a qual pertence em ordem alfabéttica
Estrat.-Estratégia bioclimática recomendada
29
Zona-zona bioclimática na qual a cidade está inserida
        Portanto, segundo a tabela acima, a estratégia bioclimática
recomendada para a cidade de Cuiabá é FHIJK.
        F- Esta estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por
ar externo através da ventilação dos ambientes
        H e I – No verão, deverá ocorrer o resfriamento evaporativo e maior
massa térmica(paredes e coberturas) para resfriamento, de forma que o calor
armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a
noite, quando as temperaturas externas diminuem.
        K- O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a
eventual sensação de desconforto térmico por calor
        I e J - Ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a temperatura
interna seja superior à externa.A ventilação cruzada deverá ser obtida através da
circulação de ar pelos ambientes da edificação, devendo atentar-se para os
ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar
significativamente a direção dos ventos.




Figura 4 Zona Bioclimática 7
Fonte:NBR 15.220/2005, parte 3
30

Tabela 3 Aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a Zona
Bioclimática 7.
            Aberturas para ventilação Sombreamento das aberturas
            Pequenas                   Sombrear aberturas
Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social


Tabela 4 Tipos de vedações externas para a Zona Bioclimática 7.
                         Vedações externas
                         Parede: Pesada
                         Cobertura: Pesada
Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social


Tabela 5 Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona
Bioclimática 7
Estação Estratégias de condicionamento térmico passivo
Verão    H) Resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento
         J) Ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a
         temperatura interna seja superior à externa)
Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social

Tabela 6 Porcentagem das aberturas para ventilação
              Aberturas para ventilação A (em % da área de piso)
              Pequenas                    10% < A < 15%
              Médias                      15% < A < 25%
              Grandes                     A > 40%
Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social
31
           Segundo a Zona Bioclimática de Cuiabá, as aberturas para ventilação
deverão ser pequenas, ou seja, a área da janela em porcentagem da área do piso
deverá ser entre 10 a 15%.


Tabela 7 Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar
admissíveis para cada tipo de vedação externa
Vedações externas          Transmitância      Atraso térmico Fator solar -
                             térmica- U          -                FSo
                                 2
                             W/m .K              Horas            %
              Leve           U   3,00                   4,3       FSo    5,0
Paredes       Leve           U   3,60                  4,3        FSo    4,0
              refletora
              Pesada         U    2,20               ≥ 6,5        FSo    3,5
              Leve           U    2,00                  3,3       FSo    6,5
              isolada
Coberturas Leve              U    2,30.FT               3,3       FSo    6,5
              refletora
              Pesada         U    2,00               ≥ 6,5        FSo    6,5
Fonte:NBR 15.220/2005, Parte 3, zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes
construtivas para habitações unifamiliares de interesse social.

          Na zona Bioclimática 7, as paredes e coberturas deverão ser pesadas,
conforme tabela 7. Segundo NBR 15.575/2010, os valores mínimos diários da
temperatura do ar interior de recintos de permanência prolongada, como por
exemplo salas e dormitórios, no dia típico de inverno, devem ser sempre
dispensado de verificação.
32
4   O DESEMPENHO TÉRMICO E AS NBRs 15.220 /2005 e
    15.575/2010

        Os primeiros estudos de desempenho foram feitos na década de 80, pelo
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, desde então muita coisa
evoluiu. O consumidor daquela época não tinha conhecimento como hoje, onde
os mesmos já são mais informados e exigem muito mais desempenho.
        A aplicação da NBR 15.575/2010 estabelece parâmetro para que o
mercado tenha condições competitivas mais equilibradas, alcançar maiores
desempenhos (melhoria contínua) e define responsabilidades.
        Muito se fala em sustentabilidade, mas um empreendimento sustentável
nada mais é do que ser concebido com critérios de desempenho.
        A norma não é lei, porém tem tanta força que para o mundo jurídico, ela
estabelece referenciais quanto ao serviço e serve como balizamento para
exigência dos compradores e serve como referência para perícia.
        Além disso, o Código de defesa do consumidor (Seção IV das práticas
abusivas; Art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: VIII -
colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo
com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, ou, se normas
específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou
outra   entidade   credenciada   pelo   Conselho   Nacional     de   Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO) estabelece que nenhum
produto ou serviço pode ser colocado no mercado sem atender às normas
técnicas pertinentes, portanto, o descumprimento da norma pode levar a cumprir
encargos decorrentes ao não atendimento do artigo do Código de defesa do
Consumidor. Presidência da República, Casa Civil, subchefia para assuntos
jurídicos.Lei 8078, de 11 de setembro de 1990, Capítulo 05, Seção IV.
33
        O maior agente fiscalizador não é feito por nenhum órgão, (a não ser as
normas do Ministério do Trabalho, da Agência nacional de Vigilância sanitária
(ANVISA) e outras agências regulatórias do governo), mas pelo próprio
consumidor em função do Código de Defesa do Consumidor.
        Posteriormente, poderão ser feitas por instituições Financeiras como a
Caixa Econômica federal (CEF), a qual já está exigindo cumprimento da norma
através do SINAT (Sistema Nacional de Aprovações Técnicas).
        Nenhum tipo      de   construção alcança     os   programas    nacionais
habitacionais e os financiamentos sem referência técnica ou norma.
        O SINAT (Sistema Nacional de Aprovações Técnicas) visa dar suporte à
operacionalização dos procedimentos reconhecidos pela cadeia produtiva da
construção civil, com o objetivo de avaliar novos produtos utilizados nos
processos de construção, devido a falta de laboratórios capazes de avaliar
produtos inovadores.
        Mas qual a finalidade desta norma ser aplicada somente a edificações de
até 5 pavimentos?
        No item 1.4 da NBR 15.575/2010, Parte 1, diz que os requisitos não
dependem de altura e são aplicáveis a edifícios de mais de 5 pavimentos. O
principal foco são os edifícios destinados a classe de renda mais baixa, ou seja,
mais econômico.
        Isso beneficia a população mais desfavorecida, que ficava vulnerável ao
desconforto Térmico.
        As obras do programa “Minha casa, Minha vida” que, ao ser protocolada
para aprovação nas prefeituras após seis meses depois da NBR 15.575/2010
entrar em vigor, deverão atender aos requisitos da referida norma.
        Outra forma de defesa do consumidor é o “Código Civil Brasileiro”, nos
artigos 615 e 616, diz que o comprador pode rejeitar a obra ou exigir abatimento
no preço, caso o empreiteiro tenha se afastado das instruções recebidas e dos
34
planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza (Código Civil
Brasileiro, artigos 615 e 616).
        O que se espera não é que haja conflitos judiciais, mas induzir o
mercado a melhorar a qualidade das construções.
        Para isso, será necessário que seja feito um planejamento por parte das
construtoras e o projeto será aspecto fundamental para o desempenho, pois é
nele que será concebida as soluções e vida útil dos sistemas. Haverá, portanto, a
necessidade de especialistas.
        Outro detalhe muito importante é a vida útil dos sistemas, a manutenção
e o uso correto dos materiais. O profissional vai necessitar especificar tudo na
fase de projeto, o que acabaria com os verdadeiros “Canetinhas de Ouro”. Isso
vai obrigar esse tipo de profissional a se aproximar mais do projeto e da obra, o
que não ocorre atualmente.
        A norma está proporcionando um aumento de demanda de ensaios,
principalmente de sistemas construtivos e materiais inovadores, aumentando a
procura por laboratórios acreditados pelo INMETRO.
        A valorização dos profissionais também deverá ser feita na etapa de
obra. Se antes da norma já era necessário seguir a risca o projeto, na etapa de
obra, será imprescindível a supervisão do engenheiro de obra, pois será muito
difícil acontecer improvisos, o que poderá comprometer a obra e o desempenho
dela futuramente.
        Os operários também deverão ser capacitados, pois além do
investimento em materiais que atendam os requisitos, será necessária mão
de obra especializada.
        O atendimento do pós obra também deverá ser qualificado. Os
profissionais de assistência técnica vão ter que se adequar as normas, pois
muitos clientes vão questioná-los sobre o assunto e os profissionais vão
35
ter que orientá-los adequadamente e também diagnosticar os erros de
desempenho.

5 O PAR (Programa de Arrendamento Residencial)

       O Programa de Arrendamento Residencial (PAR) faz parte do
programa” Meu Lar” do Governo do Estado de Mato Grosso, porém é
desenvolvido pela Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania
e Assistência Social (SETECS) e a responsabilidade pela construção, bem
como a fiscalização é da Secretaria de Infra –Estrutura (SINFRA).
       O programa “Meu Lar” foi normatizado pela lei 8.221/04 e
regulamentado pelo decreto 8.187/06.
       As casas são de padrão popular, possuem dois quartos, sala,
cozinha, banheiro e área de serviço.
       Para as pessoas participarem do sorteio das casas, deveriam residir
há mais de dois anos no município, renda familiar até dois salários
mínimos, não ser proprietário de imóvel e nem ter sido beneficiado por
nenhum programa habitacional, famílias que possuam idosos, crianças
adolescentes, pessoas com deficiência ou doença crônica, bem como
famílias chefiadas por mulheres, essas últimas modalidades privilegiadas
pelo programa.
       A CEF é responsável pelo processo de análise e aprovação dos
cadastros dos candidatos ao PAR e a Secretaria de Estado de Trabalho,
Emprego, Cidadania e Assistência Social (SETECS) cuida dos sorteios e
entrega das unidades.
36




6 METODOLOGIA

         Para avaliar se as Residências situadas em Cuiabá são construídas
conforme as NBRs pertinentes, foram verificadas 4 plantas e os materiais
utilizados na construção de cada uma delas.
         Para isso,foram analisadas plantas de Habitação de interesse social
de Cuiabá que fazem parte do PAR .

6.1 Procedimento utilizado

         Para avaliar se as residências situadas em Cuiabá – MT são
construídas conforme as NBRs pertinentes, foram verificadas quatro
plantas baixas, além dos materiais utilizados na construção de cada uma
delas.
         Para isso, foram analisadas plantas de habitação de interesse social
de Cuiabá e Várzea Grande que fazem parte do PAR .
         Essas plantas foram conseguidas através da CEF e foram
escolhidas aquelas que possuíam mais dados,apesar de todos serem muito
precários.
         A vantagem do estudo de caso é que ele permite examinar em
profundidade o desenvolvimento de ações em seus próprios cenários.
         Serão feitas análises críticas das plantas do PAR e comparadas às
NBRs 15.520/2005 e 15.575/2010 segundo a região de Cuiabá, e através
37
desta análise, verificar se as residências do programa estão adaptadas ao
conforto térmico exigido.
       Após essa análise serão feitas sugestões para que essas plantas
possam ter maior desempenho térmico e consigam se adequar ás normas
estudadas.

6.2 Materiais e Métodos


       Foram coletados dados sobre a tipologia construtiva de quatro unidades
habitacionais, que são réplicas das metodologias mais empregadas na construção
de residências populares pelo programa de habitação popular do governo do
Estado de Mato Grosso, PAR. A metodologia utilizada para descrição e
avaliação do desempenho térmico nas edificações basicamente utilizou a análise
em projeto: análise das plantas do programa e comparadas às exigências das
normas para a zona bioclimática da região de Cuiabá e através desta análise,
concluir se as residências do programa estão adaptadas ao conforto térmico
exigido.
       Restringiu-se neste trabalho o estudo de apenas quatro tipologias
construtivas dentre as várias disponíveis na CEF. Na coleta de dados realizado,
as unidades habitacionais selecionadas para estudo, foram levantadas
características dos materiais, através dos orçamentos e memoriais,
medidas em plantas e características térmicas dos elementos construtivos
utilizados no envoltório.
       O objetivo foi analisar os materiais utilizados, fazer um
reconhecimento do desempenho térmico das tipologias construtivas a
partir das plantas e o que as normas estabelecem. Na avaliação dos
elementos construtivos habitacionais em estudo, buscou-se referência na
38
NBR     15.575/2010         e   consequentemente   a   NBR     15.220-3/2005.
Desempenho Térmico de Edificações (Parte 3: Zoneamento Bioclimático
Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de
Interesse Social) e sua aplicabilidade para esta região de estudo.
        A NBR 15220-3/2005 (Zoneamento Bioclimático Brasileiro), que
faz recomendações construtivas especificas para cada zona bioclimática,
foi utilizado como parâmetro na análise por prescrição dos dados
construtivos coletados nas unidades habitacionais.

7 RESULTADOS

        Verificação das exigências mínimas construtivas do que é prescrito para
o clima de Cuiabá, fornecido pela NBR 15220-3/2005 (Zoneamento
Bioclimático Brasileiro).

7.1 Localização e plantas


Residência A: Residencial Coxiponês
Coordenadas: 56,016490 oeste(W) e 15,643613 sul (S).
Localizado na zona Sul da cidade de Cuiabá.
O Residencial está localizado na avenida Fernando Corrêa, a 1 km do trevo
Tijucal, bairro Jardim Presidente em Cuiabá.
Descrição do empreendimento:
Empreendimento com l60 casas e uma guarita e obras de infraestrutura.
Proponente e construtor: Construtora e incorporadora Brasil Central.
39




Figura 5 Mapa de localização do Residencial Coxiponês
Fonte:Wikimapia, 2010
40




Figura 6 Mapa de localização do Residencial Coxiponês – Implantação
Fonte:Wikimapia, 2010.
41




Figura 7 Planta e corte Residencial Coxiponês.
Fonte: CEF - (Plantas elaborada pela construtora e incorporadora Brasil Central e passadas a
limpo)
42
Residência B: Condomínio Jardim Vitória “A”. Coordenadas:- 15°40'
                                                                4"Sul (S)
55°58' oeste (W)
     28"
        Situado na região Norte de Cuiabá o residencial está localizado na
Avenida José Estevão Torquato da Silva, no bairro Jardim Vitória. Descrição do
empreendimento:
Empreendimento com cento 129 casas e obras de infraestrutura.
Proponente e construtor: Concremax -Concreto engenharia e saneamento ltda.




Figura 8 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”
Fonte:Wikimapia, 2010
43




Figura 9 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”– Implantação
Fonte:Wikimapia, 2010
44




Figura 10 Planta e corte, Residencial Jardim Vitória.
Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela construtora
Concremax e passadas a limpo pela autora).
45




Residência C: Residencial Jardim Antárctica
Coordenadas: 15°34'
                  19"Sul (S) 56°7' oeste(W)
                                 41"
Situado na região oeste de Cuiabá.
O Residencial está localizado na avenida Antárctica ,antiga estrada da
Guia,próximo a cervejaria Antárctica, bairro Ribeirão do Lipa.
Descrição do empreendimento:
Empreendimento com 180 casas e obras de infra-estrutura.
Proponente e Construtor:Construtora Ferrer.




Figura 11 Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica
Fonte:Wikimapia, 2010
46




Figura 12 Mapa de localização do Residencial Jardim Antárctica – Implantação
Fonte:Wikimapia, 2010
47




Figura 13 Planta e corte, Residencial Jardim Antarctica, sem escala.
Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela construtora Ferrer e
passadas a limpo pela autora).
48
Residência D: Residencial Pascoal Moreira Cabral
Coordenadas: 15°40'
                  4"Sul (S) 55°58' oeste (W)
                                 28"
Situado na região sudeste de Cuiabá.
O residencial está localizado na avenida Rio Branco, próximo ao Rivoli e ao
Posto Simarelli, no bairro Distrito Industrial
Descrição do empreendimento:
Empreendimento com 170 casas e obras de infra-estrutura.
Proponente e construtor: Concremax-Concreto Engenharia e Saneamento ltda.




Figura 14 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira
Fonte:Wikimapia, 2010
49




Figura 15 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira – Implantação
Fonte:Wikimapia, 2010
50




Figura 16 Planta e corte, Residencial Pascoal Moreira, sem escala.
Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela construtora
Concremax em parceria com o escritório Arquitectonica e passadas a limpo pela autora).
51
7.2 Identificação de características das tipologias construtivas,
através de Aberturas para ventilação em porcentagem de área de
piso
        Para a zona bioclimática de Cuiabá, a abertura para ventilação
estabelecida na norma é pequena, ou seja, a área da janela tem que ser entre 10%
até 15% da área do piso(área do ambiente).
        Exemplo:
        Se em um quarto de 5,00 m², possui uma janela de 1,20m por 1,00m,a
área da janela é 1,20 m².
        A janela deveria ter no mínimo 0,50 m² (10% do piso) até 0,75 m no
máximo.
        Neste caso, a janela não está em conformidade com a norma.
        Essa análise foi feita em todos os ambientes das residências conforme
podemos observar.
        Ajan.: Área da janela
        A. máx.:Área máxima
        A. mín.:Área mínima
        (15%A)Max. :15 porcento da área,máximo permitido
        (10% A.)Mín. : 10 porcento da área,mínimo permitido
Tabela 8: Relação da área do ambiente com a abertura da janela(10% < A < 15%)
                                                                        RELAÇÃO DA ÁREA DO AMBIENTE COM A ABERTURA DA JANELA(10% < A < 15%)
                QUARTO 1        A MAX.;MÍN.SITUAÇÃO QUARTO2        A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO COZINHA         A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO SANITÁRIO A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO
                                  (15%A)
                                                                      (15%A)                               (15%A)                             (15%A)
                                MÁX.:1,23m
                                               NÃO                 MÁX.:1,20m²     NÃO                  MÁX.:0,79m²     NÃO                 MÁX.:0,37m²    NÃO
RESIDÊNCIA A                         ²
                 A JAN.=1,50 m²             CONFORME A JAN.=1,50m²              CONFORME A JAN.=1,00 m²              CONFORME A JAN.=0,48m²             CONFORME
 (Res.Coxiponês)
                                  (10%A)    (Ultrapassa)              (10%A)    (Ultrapassa)               (10%A)    (Ultrapassa)             (10%A)    (Ultrapassa)
                                MÍN.:0,82m²                         MÍN.:0,80m²                          MIN.:0,53m²                        MIN.:0,25m²

                                   (15%A)
                                                                           (15%A)                                 (15%A)                                  (15%A)
                                  MÁX.:1,20m
                                                                         MÁX.:1,20m²                             MÁX.:0,75m²                            MÁX.:0,37m²
RESIDÊNCIA B                          ²           NÃO                                    NÃO                                     NÃO                                    NÃO
                 A JAN.=1,50 m²                          A JAN.=1,50m²                          A JAN.=1,05 m²                          A JAN.=0,48m²
(Jardim Vitória)                                CONFORME                               CONFORME                                CONFORME                               CONFORME
                                    (10%A)                                 (10%A)                                  (10%A)                                (10%A)
                                  MÍN.:0,80m²                            MÍN.:0,80m2                             MIN.:0,50m²                            MIN.:0,25m²

                                   (15%A)
                                                                       (15%A)                              (15%A)                             (15%A)
                                  MÁX.:1,20m
RESIDÊNCIA C                                     NÃO                 MÁX.:1,20m²    NÃO                  MÁX.:0,75m²    NÃO                 MÁX.:0,37m²    NÃO
                                      ²
  (Res.Jardim A JAN.=1,50 m²                  CONFORME A JAN.=1,50m²             CONFORME A JAN.=1,05 m²             CONFORME A JAN.=0,48m²             CONFORME
   Antárctica)                      (10%A)    (Ultrapassa)             (10%A)    (Ultrapassa)              (10%A)    (Ultrapassa)             (10%A)    (Ultrapassa)
                                  MÍN.:0,80m²                        MÍN.:0,80m²                         MIN.:0,50m²                        MIN.:0,25m²

                                   (15%A)
                                                                       (15%A)                              (15%A)                                  (15%A)
                                  MÁX.:1,18m
RESIDÊNCIA D                                     NÃO                 MÁX.:1,21m²    NÃO                  MÁX.:1,27m² CONFORME                    MÁX.:0,34m²    NÃO
                                      ²
   (Residencial A JAN.=1,50 m²                CONFORME A JAN.=1,50m²             CONFORME A JAN.=1,00 m²             (Dentro    do A JAN.=0,36m²             CONFORME
Pascoal Moreira)                    (10%A)    (Ultrapassa)             (10%A)    (Ultrapassa)              (10%A)       limite)                    (10%A)    (Ultrapassa)
                                  MÍN.:0,78m²                        MÍN.:0,80m²                         MIN.:0,85m²                             MIN.:0,23m²


Fonte: Tabela elaborada pela autora




                                                                                                                                                                                 52
53
7.3 Análise dos materiais utilizados em paredes e coberturas
através da transmitância térmica, atraso térmico e fator solar
        Conforme a norma, a zona bioclimática de Cuiabá, as paredes e as
coberturas deverão ser pesadas.
        A transmitância térmica da parede, U (W/(m². K)),deverá ser menor
ou igual a 2,20 W/(m².K);
        O atraso térmico da parede( ), em horas, deverá ser maior ou igual a
6,5 horas;
        O fator solar (FSo, ), menor ou igual a 3,5%.
        A transmitância térmica da cobertura, U (W/(m². K)),deverá ser
menor ou igual a 2,00 W/(m².K);
        O atraso térmico da cobertura, j (horas), deverá ser maior ou igual a
6,5 horas;
        O fator solar (FSo, ), menor ou igual a 6,5%.
        Esses dados são fixados pela norma e deverão ser comparados aos
memoriais de cada empreendimento.
        Transmitância térmica segundo FROTA e SCHIFFER (1995)
quantifica a capacidade do material a ser atravessado por um fluxo de calor
induzido por uma diferença de temperatura entre dois ambientes que o
elemento constituído por material separa (W/(m². K)).Define-se como sendo
o fluxo de calor que atravessa,ma unidade de tempo, a unidade de área do
elemento constituído do material, quando se estabelece uma diferença
unitária de temperatura entre o ar confinante com suas faces opostas.
        Na NBR 15.220/2005, parte 1, atraso térmico é definido como tempo
transcorrido entre uma variação térmica em um meio e sua manifestação na
superfície oposta de um componente construtivo submetido a um regime
periódico de transmissão de calor
        Fator solar: é o quociente da taxa de radiação solar transmitida
através de um componente opaco pela taxa da radiação solar total incidente
54
sobre a superfície externa do mesmo.(NBR 15.220/2005, parte 1).
        Segundo WEBER (2005) este valor varia conforme o ângulo da
incidência da radiação solar e é característico de cada tipo de abertura.
Quando se diz que o Fs é de 0,85, como no caso do vidro simples, significa
que 85% da radiação solar incidente sobre a janela penetra no interior do
ambiente em forma de calor.
        Coeficiente de absortância solar pode ser influenciada pelas tintas
utilizadas, além do efeito da rugosidade superficial que os corpos apresentam
e que afeta significativamente a quantidade de radiação solar absorvida ou
refletida por uma superfície LOPES et al. (2010).


Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:
Residencial Coxiponês (Residência A):
        Parede de tijolos de 6 furos circulares, assentados na menor
dimensão.
        Dimensões do tijolo: 10,0x15,0x20,0 cm
        Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada
no desenho)
        Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no
desenho)
        Espessura total da parede: 15,0 cm (não representada no desenho)
        Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela
construtora e Incorporadora Brasil Central e passadas a limpo pela autora).
        Materiais utilizados:
        Alvenaria com tijolo furado
        U = 2,28 W/(m².K); dado retirado da norma brasileira (NBR)
15.220/2005, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada,U               2,20
W/(m².K))
        ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da norma brasileira (NBR)
15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
55
       Fator solar:
       FSo = 4.U.α
       Utilizando cor externa branca (α = 0,2, dado retirado da tabela B.2
da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:
       FSo = 4.2,28.0,2 = 1,82%
       FSo = 1,82% - Atende a norma (Parede pesada, FSo    3,50%)


Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005, parte 3:
Residência A (Residencial Coxiponês):
       Cobertura em telha cerâmica com forro de concreto de 12,00 cm
       Espessura da telha: 1,0 cm
       U [W/(m². K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-
Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))
       ϕ[horas] = 3,60 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não
atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
       FSo = 4.U.α
       Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da Tabela B.2 da
NBR 15.220 /2005, Parte 2), tem-se:
       FSo = 4 . 1,92 . 0,75
       FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)
       Residência B (Residencial Jardim Vitória):
       Parede de tijolos de 8 furos circulares.
       Dimensões do tijolo: 10,0 x 20, 0 x 20,0 cm
       Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada
no desenho)
       Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no
desenho)
       Espessura total da parede: 15,0 cm
       Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela
construtora Concremax e passadas a limpo pela autora).
56
       Materiais utilizados:
       Alvenaria com tijolo furado
       U = 2,24W/(m². K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-Não
atende a norma (Parede pesada, U     2,20 W/(m².K))
       ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não
atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
       Fator solar:
       FSo = 4.U.α
       Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da Tabela B.2
da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:
       FSo = 4. 2,24. 0,3= 2,68 %
       FSo = 2,68 %-Atende a norma (Parede pesada, FSo      3,50 %)


Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:
Residência B (Residencial Jardim Vitória):
       Parede de tijolos de oito furos circulares.
       Dimensões do tijolo: 10,0 x 20, 0 x 20, 0 cm
       Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada
no desenho)
       Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no
desenho)
       Espessura total da parede: 15,0 cm
       Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela
construtora Concremax e passadas a limpo pela autora).
       Materiais utilizados:
       Alvenaria com tijolo furado
       U = 2,24 W/(m². K); dado retirado da norma brasileira (NBR)
15.220, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada, U   2,20 W/(m².K))
       ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da norma brasileira (NBR) 15.220,
Parte 3- Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
57
       Fator solar:
       FSo = 4.U.α
       Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da Tabela B.2
da NBR 15.220, Parte 2), tem-se:
       FSo = 4. 2,24. 0,3 = 2,68%
       FSo = 2,68% -Atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50%)


Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005, parte 3:
Residência B (Residencial Jardim Vitória):
       Cobertura em telha Cerâmica tipo Plan
       Com forro de concreto de espessura de 12,00 cm
       U [W/(m².K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-
Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))
       ϕ[horas]= 3,6 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não
atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
       Fator Solar:
       FSo = 4.U.α
       Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da
NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:
       FSo = 4 . 1,92 . 0,75
       FSo = 5,7 5% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)


Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:
Residencial Jardim Antarctica (Residência C):
       Parede de tijolos de 6 furos circulares
       Dimensões do tijolo: 10,0x15, 0x20,0 cm
       Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm
       Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm
       Espessura total da parede: 15,0 cm
58
        Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) (Plantas elaborada pela
construtora Ferrer,e passadas a limpo pela autora).
        Materiais utilizados:
        Alvenaria com tijolo furado
        U = 2,28W/ (m².K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-
Atende a norma (Parede pesada, U       2,20 W/(m².K))
        ϕ [horas] = 3,70; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não
atende a norma(Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
        Fator solar:
        FSo = 4.U.α
        Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da tabela B.2
da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:
        FSo = 4. 2,28 . 0,3 = 2,68 %
        FSo = 2,73 % -Atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50%)


Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005 -3:
Residência C (Residencial Jardim Antárctica):
        Cobertura em telha cerâmica com forro de concreto de 12,00 cm
        Espessura da telha: 1,0 cm
        U [W/(m².K) ] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-
Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))
        ϕ[horas] = 3,60 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não
atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
        Fator Solar:
        FSo = 4.U.α
        Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da
NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:
        FSo = 4 . 1,92 . 0,75
        FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)
59
Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3:
Residência D (Residencial Pascoal Moreira):
        Parede de tijolos maciços;
        Dimensões do tijolo: 10,0 x 6,0 x 22,0 cm;
        Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm;
        Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm;
        Espessura total da parede: 15,0 cm .
        Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Planta elaborada pela
construtora e incorporadora Brasil Central e passadas a limpo pela autora).
        Materiais utilizados:
        Alvenaria com tijolo comum:
        U = 3,13W/(m².K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3 -
Não atende a norma (Parede pesada, U 2,20 W/(m².K))
        ϕ [horas] = 3,8; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3 - Não
atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
        Fator solar:
        FSo = 4.U.α
        Utilizando tijolo aparente (α = 0,70, dado retirado da tabela B.2 da
NBR 15.220(2005), Parte 2), tem-se:
        FSo = 4. 3,13 . 0,7 = 8,76 %
        FSo = 8,76 % - Não atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50 %)
Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005 - 3:
Residência D (Residencial Pascoal Moreira):
        Cobertura em telha cerâmica Tipo Plan, com forro de concreto de 12
cm .
        U [W/(m².K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-
Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K))
        ϕ[horas]= 3,6, dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não
atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
        Fator Solar:
60
        FSo = 4.U.α
        Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da
NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se:
        FSo = 4 . 1,92 . 0,75
        FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)


        Conclui-se que a qualidade dos materiais empregados nas unidades
habitacionais foi prejudicada para que a execução fosse de baixo custo.
        Os materiais de baixa qualidade não atingiram o mínimo suficiente
para atender a norma na região de Cuiabá.
        As aberturas das janelas das tipologias estudadas ultrapassaram o
máximo estipulado na norma. E a falta de sombreamento externo e nenhum
tipo de proteção solar e uma implantação inadequada prejudicam a
ventilação e o aproveitamento da orientação solar.
        O uso de cores claras na vedação externa ajudou no desempenho
térmico das residências.

8       CONSIDERAÇÕES FINAIS

        A sociedade está cada vez mais dominada pelo capitalismo,
motivando a necessidade de mecanizar a produção agrícola para que a
produtividade seja maior e mais ágil, diminuir as distâncias e a evolução nas
comunicações e no transporte e, conseqüentemente, resultando na
concentração da população nas áreas metropolitanas de forma desordenada.
        Os grandes centros urbanos estão sofrendo as conseqüências do mau
planejamento urbano, devido ao seu deficiente ordenamento territorial e de
seu errôneo modelo de desenvolvimento.
        O meio ambiente urbano tem sua capacidade exarcebada a cada dia,
consumindo mais do que o necessário e gerando mais resíduos (sólidos,
líquidos e gasosos) do que o ambiente pode assimilar. A conseqüência desse
tipo de processo é a ocupação desordenada nos centros urbanos. A
61
construção de grandes aranhas-céu, pavimentação, canalização de córregos,
fazendo surgir a “Ilha Urbana de Calor”, que são quantidades de ar quente
presente em maior concentração no centro das cidades que sofrem com esse
desequilíbrio. E essa condição dificulta a evaporação, reduz a dispersão dos
poluentes atmosféricos gerados trazendo complicações para a vida do
homem nessas metrópoles.
        A grande quantidade de casas e prédios, ruas e avenidas, pontes e
viadutos e uma série de outras construções, construídas no lugar das áreas
verdes, aumenta significativamente a irradiação de calor para a atmosfera em
comparação com as zonas periféricas ou rurais, onde, em geral, é maior a
cobertura vegetal.
        Diferentes padrões de refletividade, ou da quantidade de luz
refletida, que ocorre sobre superfícies (de maneira direta ou difusa), são
dependentes dos materiais empregados na construção civil.
        Com a ilha de calor, há um aumento significante pela demanda de
energia elétrica para que se possa subsidiar maior conforto térmico.
        Pode-se notar que a maioria das edificações apresenta partidos
arquitetônicos e sistemas construtivos padronizados, moldados à mesma
maneira no país inteiro, sendo o mesmo projeto construído diversas vezes,
com diferentes implantações, sem levar em conta as características da área e
do clima.
        A economia das construtoras vai além do tipo de material a ser
utilizado em obra, mas também na elaboração de projetos por profissionais
especializados.
        Construtoras de grande porte elaboram projetos padronizados e
adequados segundo as normas de edificações de algumas cidades, que não
exigem projeto de conforto térmico, mesmo porque essas cidades não
possuem profissionais especializados para a sua fiscalização dentro dos
órgãos públicos.
        A tendência das construtoras é somente atender determinado
62
tipo de mercado consumidor, ou seja, construir a menor custo, executar mais
rápido e com muito lucro, sem modificar o projeto, sem importar com o
clima, com a falta de transporte, falta de infraestrutura do bairro, e outros
aspectos que são muito relevantes para o conforto humano.
        A população mais desfavorecida, geralmente beneficiada por algum
tipo de programa social, fica vulnerável ao desconforto térmico. Essa parcela
da sociedade geralmente é induzida a se estabelecer nos espaços mais
degradados da cidade, onde é possível que as condições climáticas
específicas agravem.
        Observa-se     também   através     das   características   geográficas,
ambientais e dos dados Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) apud Secretaria do Planejamento (Anuário da SEPLAN) do estado
do Mato Grosso, que as temperaturas mais altas em Cuiabá, ocorrem no mês
de outubro, ou seja, na primavera. Porém as normas brasileira estudadas
citam como referencia a estação do verão.
        Somos conscientes que as normas são muito novas e que este é
apenas um início, muitas imperfeições certamente serão identificadas e
corrigidas ao longo do tempo e através da experiência a ser proporcionada
pela aplicação da norma.
        Antigamente, um projeto era elaborado levando em consideração as
condições climatológicas com a finalidade de reconhecer fatores positivos e
negativos, tomando partido dessas características ou não.
        Com a revolução tecnológica, o arquiteto e o engenheiro começaram
a utilizar meios modernos para compensar esses fatores climatológicos,
tornando a arte de projetar, segundo fatores climatológicos, mais cômodos,
pois a indústria cresceu e deu a liberdade de escolha desses meios.
        Os projetos de conforto térmico eram vistos como economicamente
inviáveis por grande empreendedores, ocasionando em edificações com alto
consumo energético e/ou baixo desempenho térmico.
        Com a crise energética, houve o aumento no valor da energia,
63
forçando os setores a repensar em formas alternativas de energia e a
diminuição do uso dela, conseqüentemente, exigindo a reavaliação do
projeto.
           Surge, então, a necessidade de conceber o projeto que possibilite a
execução de edificações mais eficientes, com melhor aproveitamento das
condições climáticas (radiação solar, temperatura e umidade relativa do ar e
ventos predominantes) para definição das soluções de projeto, uso de
materiais locais (renováveis ou de menor impacto ambiental), projeto
paisagístico, privilegiando o uso de espécies nativas , aproveitamento da
vegetação para criação de um micro clima.
           Portanto, o partido arquitetônico passou a ser elemento chave para a
concepção de um projeto, com a finalidade de se ter uso racional de energia.
           Como pode-se observar através dos resultados, as unidades
habitacionais não foram projetadas considerando o conforto térmico
           Podem-se concluir que as construtoras ainda não estão preparadas
para atender as exigências da NBR 15.575/2005 em relação ao desempenho
térmico.
           Isso se deve a pouca existência de profissionais especializados, o que
dificulta também a fiscalização.
           Mas devemos lembrar que o Código de Defesa do consumidor é
específico quando diz que é vedado fornecer produto ou serviço em
desacordo à norma brasileira, aumentando a demanda por especialistas na
área devido à necessidade em atender a norma brasileira .
           Como pode ser observado, através dos resultados,as unidades
habitacionais não foram projetadas considerando o conforto Térmico
           Além disso, as construtoras ainda não estão preparadas para atender
as exigências da NBR 15.575/2005 em relação ao desempenho Térmico. Isso
se deve a pouca existência de profissionais especializados,o que dificulta
também a fiscalização.
           A qualidade     dos materiais empregados nas unidades
64
habitacionais foi prejudicada para que a execução fosse de baixo custo. Os
materiais de baixa qualidade não atingiram o mínimo suficiente para atender
a norma na região de Cuiabá.
          As aberturas das janelas das tipologias estudadas ultrapassaram o
máximo estipulado na norma. E a falta de sombreamento externo e nenhum
tipo de proteção solar e uma implantação inadequada prejudicam a
ventilação e o aproveitamento da orientação solar.
          O uso de cores claras na vedação externa ajudou no desempenho
térmico das residências.
          Infelizmente podemos inferir que as tipologias dessas residências
possuem metodologias construtivas fixadas em todo o Brasil, as habitações
populares não são projetadas e construídas respeitando o clima do local onde
são edificadas, mas sim seguindo um planejamento social e político.
          Os padrões construtivos baixos e consequentemente, o desempenho
térmico     insatisfatório, tornam o clima externo mais confortável que o
interior das edificações .
          Por isso, a normalização do conforto térmico brasileiro é tão
importante para as construtoras, para o próprio consumidor, órgãos públicos,
dentre outros, utilizar as normas que definem os padrões construtivos
mínimos para habitações populares, de acordo com a região.

8.1 Sugestões

          Ao começar um projeto, podemos prever as características
individuais da região. Podemos projetar aproveitando a orientação do
edifício em relação ao sol, direção dos ventos, particularidades e
especificidades regionais como a Casa Eficiente da Figura 17 e 18.
65




Figura 17 Casa Eficiente.Sol nascente na cidade de Florianópolis-SC
Fonte: Eletrosul, 2010
66




Figura 18 Casa Eficiente.Sol poente na cidade de Florianópolis-SC
Fonte: Eletrosul, 2010

         A orientação do edifício influi na quantidade de calor por ele
recebida e o uso adequado da orientação em função da radiação solar implica
em conforto para a edificação e menores consumos de energia (MASCARÓ,
1991).
         Deverá ser distribuído ambientes voltados para áreas de menor
insolação conforme o tipo de uso e permanência.
         O que mais interfere no conforto térmico são as aberturas, os
materiais utilizados e a cobertura.
         O uso de brises em fachadas com grande incidência solar, seria uma
alternativa, como podemos ver na Figura 19.
67




Figura 19 Brises horizontais (Edifício Duquesa de Goiás, desenhado pelo escritório
Paulo Bruna Arquitetos Associados)
Fonte:Revista Arcoweb/2010


        As aberturas devem ser pequenas e calculadas conforme a
área.Se não for possível projetar aberturas pequenas,colocar proteção solar
como por exemplo os brises.E na área externa fazer sombreamento através
de árvores ou algum outro tipo de anteparo.
        Devido a grande incidência solar, há a elevação da temperatura a
maior parte do ano, para isso as coberturas deverão ser pesadas, com
materiais que tenham transmitância térmica (U) baixa, atraso térmico (ϕ )
alto.
        Deverão ter forros de grande espessura ou aberturas para ventilação
entre o forro e a estrutura do telhado.
        A ventilação cruzada também é muito importante, tanto sobre o
forro,sob o piso e no interior das edificações (Figura 20).
68




Figura 20 Ventilação cruzada.
Fonte: Conforto Térmico e Bioclimatologia (LABEEE-Laboratório de Eficiência
energética em Edificações)

        A ventilação sobre a edificação tem a função de resfriar tanto o
forro, quanto a cobertura.
        A ventilação sob a edificação tem a função de resfriar o calor
advindo da terra para o chão da edificação. Isso é ocasionado pela ilha de
calor que acontece com maior intensidade no período noturno quando a terra
aquecida começa a perder calor para a área externa.
        Para evitar a retenção de calor em um edifício é necessária a
aplicação de elementos vazados que permitam a ventilação cruzada no
interior dos ambientes, isto é, o ar entra em um ambiente por um ponto
extremo e sai por outro ponto, não alinhado ao primeiro. O ar circula, é
renovado e proporciona conforto ao usuário.
        Ainda se tratando de coberturas, podemos utilizar materiais que
auxiliam na diminuição da transmitância térmica (U) como por exemplo
isolantes refletivos.Existem no mercado isolantes refletivos em alumínio em
69
ambas as faces. O calor radiante que atinge as superfícies da parede e teto é
refletido de volta, assim mantendo o interior a uma temperatura amena.
        Outra maneira é utilizar telhas pintadas de cores claras que evitem a
retenção de calor no interior do edifício e possuem pouca absortância (α).
        Outro tipo de telha que existe no mercado é a telha com poliestireno
expandido (EPS ou isopor). Produzida com face metálica em aço
galvanizado, pré-pintado com camada de poliuretano injetado ou poliestireno
expandido (EPS ou isopor).
        Uma maneira versátil é o uso do teto verde, que possui a capacidade
de armazenar água, além da vantagem da cobertura vegetal (Figura 21).




Figura 21 Academia de Ciências de São Francisco(Califórnia - USA). A obra de
Renzo Piano
Fonte: Revista Casa, 2010


        Os telhados verdes são estruturas que se caracterizam pela aplicação
de cobertura vegetal nas edificações, utilizando impermeabilização e
drenagem adequadas e que surgem como uma alternativa de cobertura capaz
de proporcionar várias vantagens sobre as coberturas convencionais, dentre
70
as principais podemos citar a melhoria nas condições de conforto das
edificações.
        O telhado verde ajuda amenizar as ilhas de calor que se formam nas
cidades densamente construídas por causa da falta de áreas verdes e excesso
de áreas com solo impermeabilizado.
        As vedações externas podem ser pintadas com cores claras ou
revestidas com materiais com absortância (α) baixa como a chapa de
alumínio, refletindo a luz solar que incide na edificação.
        O paisagismo no entorno da edificação é uma maneira eficiente de se
tratar uma edificação. A vegetação, além de benefícios visuais, oferece uma
temperatura mais amena no edifício, pois oferecem sombra, diminuindo a
incidência solar direta no edifício.
        A utilização de asperssores de água tanto em conjunto com
ventilação forçada ou em borrifos em telhados com telhas cerâmicas é
praticável, assim como coberturas de tanques de água sombreadas no átrio
das edificações e fontes e espelhos d’água no entorno.
        O resfriamento evaporativo do ar é uma técnica eficiente
energeticamente para produzir ambientes internos confortáveis. A eficiência
e o baixo custo dos sistemas de resfriamento evaporativo de sprays de água
em comparação ao uso de ar condicionado os tornam uma boa alternativa na
redução do consumo de energia.
        Em Cuiabá é comum o uso de aspersores em bares, restaurantes e
salas de grandes eventos, principalmente na época de seca.



8.2     Sugestões para trabalhos futuros

        Este trabalho é resultado de pesquisa para a conclusão do Lato
Sensu, posteriormente, serão investigadas as soluções compatíveis e
economicamente viáveis através de:
71
        a) Interferência na arquitetura dos edifícios energeticamente
eficientes;
        b) Utilizando-se materiais mais eficientes;
        c) Melhores métodos construtivos(segundo a climatologia do local).
72
9 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.220.
Desempenho térmico de edificações ,Parte 2 e 3.Rio de Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575.
Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos - Desempenho ,Parte 1 a
5.Rio de Janeiro, 2010.

COSTA, E. R. C. Campo Termo Higrométrico Intra urbano e a
formação de ilhas de calor e de frescor urbanas em Santa
Maria/RS.Santa Maria,Rio Grande do Sul,2009,23p., Dissertação(Mestrado
em Geografia e Geociências),Universidade Federal de Santa Maria,Santa
Maria,RS.

COUTINHO, A. C. Dinâmica das queimadas no estado do mato grosso e
suas relações com as atividades antrópicas e a economia local. 2005,
308p. Tese (Ciência Ambiental) – Universida São Paulo, São Paulo,SP.

COZZA, E. Saco cheio. Revista Construção, São Paulo, n. 2599, v. 16, dez.
1997.

DUARTE, D.H.S.;Serra, G.G., Ambiente construído,Revista da Antac,
Porto Alegre,RS,V.3,n-2,p.7 a 20,abril-junho de 2003.Padrões de ocupação
do solo e microclimas urbanos na região de clima tropical continental
brasileira:correlações e proposta de um indicador

EMBRAPA, "Brasil em Relevo", EMBRAPA, (2005), desenvolvido
através da utilização de dados coletados pelo sensor Shuttle Radar
Topography Mission - SRTM, escala 1:250.000.
Disponível em:
http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/mt/index.htm
Acesso dia 03 de junho de 2010

FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. São Paulo:
Nobel, 1995. 243p.

GRILLO, J.C.; AMORIM, C.N.. Janela na Edificação: Normas e
indicações para projeto. I Conferência Latino-Americana de Construção
Sustentável e X Encontro Nacional de Tecnologia do ambiente construído.
São Paulo, SP, 2004,14 p.São Paulo,SP

LEÃO, M. Desempenho térmico em habitações populares para
regiões de clima tropical: estudo de caso em Cuiabá-MT. 2006, 120p.
Dissertação - Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá,Mato Grosso
73

LEÃO,É. B., Carta Bioclimática de Cuiabá-Mato Grosso, dissertação de
Mestrado,Universidade Federal do Mato Grosso,Cuiabá,2007

LOPES, S; DECKERS,H.P.F..;AMARAL,A.G. Desempenho Térmico das
Edificações, Lavras : UFLA/FAEPE – 2010.163p.: il. Curso de Pós-
Graduação Lato Sensu (Especialização) a Distância – Gestão e Inovações
Tecnológicas na Construção

MAITELLI, G. T. – Uma abordagem tridimensional de clima urbano em
área tropical continental: o exemplo de Cuiabá-MT. São Paulo, FFLCH-
USP, 1994.Tese (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1994

MAITELLI, G. T.; ZAMPARONI, C.A.G.P.; E LOMBARDO, M. A. Ilha
de calor em Cuiabá/MT: uma abordagem de clima urbano. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEIO AMBIENTE,
3, 1991, Londrina,PR,Londrina, Paraná:, 1991, v. 1, p. 561-571

MASTER(Meteorologia Aplicada a sistemas de Tempo Regionais)Página
do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da
Universidade de São Paulo,São Paulo,SP,2.000.
Disponível em:
http://www.master.iag.usp.br/
Acesso dia 03 de junho de 2010

NOGUEIRA, M. C. J. A.; DURANTE, L. C.; NOGUEIRA, J. S. Conforto
térmico na escola pública em cuiabá-mt:estudo de caso. Revista
Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental da Fundação Universidade
Federal do Rio Grande, 2005

PACHECO,E.J.V. Análise de Desempenho Térmico em edificação
habitada e não habitada na cidade de Cuiabá-MT.Cuiabá,Mato
Grosso,2007,47p,dissertação(Mestrado em Física e meio
ambiente),Universidade Federal de Mato Grosso,Cuiabá,MT.

PRADO, T. Rumo aos edifícios energicamente eficientes. 02 de abril de
2008, disponível em
<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_274870.sht
ml>.
Acesso em: 29 ago. 2010.

ROMERO, M. A. B., Princípios bioclimáticos para o desenho
urbano. São Paulo:Projeto, 2000, 2ª edição, 128 p.
Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

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Desempenho Térmico em Residências Unifamiliares de Cuiabá, Mato Grosso, segundo a NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005

  • 1. RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005 LAVRAS – MG 2010
  • 2. 1 RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005 Monografia apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Gestão em Inovações Tecnológicas na construção Civil, para a obtenção do título de Especialista em Desempenho Térmico em residências unifamiliares . Orientador Dr. Sebastião Pereira Lopes LAVRAS – MG 2010
  • 3. 2 RACHEL TEIXEIRA CHICANELLI DESEMPENHO TÉRMICO EM RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES DE CUIABÁ, MATO GROSSO, SEGUNDO A NBR 15.575/2010 E 15.520/2005 Monografia apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Gestão em Inovações Tecnológicas na Construção Civil, para a obtenção do título de Especialista em Desempenho Térmico em edificações. APROVADA em ___ de __________ de 2010. Dr.Paulo César Hardoim UFLA Msc. Hellen Pinto Ferreira Deckers UFLA Dr. Sebastião Pereira Lopes Orientador LAVRAS – MG 2010
  • 4. 3 Dedico este trabalho à Deus, ao meu marido Cid, à minha filha Beatriz e aos meus pais Maria C. Chicanelli e José Luiz Chicanelli, meus irmãos Clarisse e José Renato minha amiga Regina por cuidar da minha saúde nas horas mais difíceis da minha vida. Agradeço a minhas amigas Roberta Negri, Raqueline Cordeiro e Roberta Sabbagh pelo incentivo. E agradeço também ao apoio da minha outra família, Lia Sanches e Márcia Sanches. DEDICO
  • 5. 4 AGRADECIMENTO Para as pessoas e instituições que foram fundamentais para realização deste trabalho: • Ao professor Dr.Sebastião Pereira Lopes pela orientação; • Ao Prof. Dr. Douglas Queiroz Brandão pela ajuda na obtenção dos dados do PAR; • Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Inovações Tecnológicas na construção Civil da Universidade Federal de Lavras; • A minha amiga e arquiteta Patrícia Tavares, pelo direcionamento ao tema escolhido e participação durante todo o curso de lato Sensu; • A todos os colegas da pós Graduação, que muito me ensinaram. Em especial agradecimento aos colegas César Amorim, Zeuler Navarro, Viviane Marques, Priscila Muniz , Maria do Socorro Magalhães, e Virginia Sampaio; • A Vívian Sutani pelo auxílio na secretaria da Pós-Graduação; • A Luciane Mesquita, tutora do TCC pelo seu esforço em poder nos atender na formatação das monografias; • À arquiteta da Caixa Econômica Federal e mestranda da UFMT, Kátia Barcelos por me auxiliar na pesquisa das Residências do PAR; • E muito importante também à nossa tutora de Gestão em Inovações Tecnológicas na construção Civil, Hellen Deckers por sua paciência e auxílio aos nossos estudos.
  • 6. 5 RESUMO O objetivo deste trabalho foi analisar o desempenho térmico de quatro unidades habitacionais, localizadas na cidade de Cuiabá, que fazem parte do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) do Governo do Estado de Mato Grosso.A metodologia empregada foi a análise das Residências conforme as normas brasileiras (NBR) 15.575 e 15.520, através das plantas, memoriais descirtivos e planilhas orçamentárias disponíveis na Caixa Econômica Federal (CEF).Essa avaliação foi feita segundo o Zoneamento Bioclimático da cidade de Cuiabá, especificada na norma brasileira (NBR) 15. 220, parte 3. Assim como a análise, sugestões foram feitas para que as residências tenham um melhor desempenho térmico.Além dessas análises, uma releitura dos mais importantes estudos sobre o conforto térmico, e apresentadas as condições climáticas da cidade de Cuiabá, definindo os melhores mecanismos de interação com o meio e o comportamento térmico doa materiais empregados na construção civil.Uma análise crítica da importância da norma de desempenho também foi feita, como ela poderá modificar a visão do mercado consumidor em relação a construção civil, o que vai acontecer com a demanda por especialistas e mão de obra especializada. Palavras chave: conforto, desempenho, residências unifamiliares.
  • 7. 6 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Modelo digital de Elevação do Estado de Mato Grosso ...... 18 FIGURA 2 Mapa Físico de Mato Grosso ............................................... 18 FIGURA 3 Corte Esquemático do Mapa Físico de Mato Grosso-Rio Paraguai a Serra de São Vicente............................................ 19 FIGURA 4 Zona Bioclimática 7 .............................................................. 29 FIGURA 5 Mapa de localização do Residencial Coxiponês.................... 39 FIGURA 6 Mapa de localização do Residencial Coxiponês/Implantação. 40 FIGURA 7 Planta e corte, Residencial Coxiponês.................................... 41 FIGURA 8 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”..... 42 FIGURA 9 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”/ Implantação.......................................................................... 43 FIGURA 10 Plantas e corte, Residencial Jardim Vitória......................... 44 FIGURA 11 Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica...... 45 FIGURA 12 Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica/ Implantação............................................................................ 46 FIGURA 13 Planta e corte, Residencial Jardim Antarctica........................ 47 FIGURA 14 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira........... 48 FIGURA 15 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira/ Implantação............................................................................ 49 FIGURA 16 Planta e corte, Residencial Pascoal Moreira.......................... 50 FIGURA17 Casa Eficiente.Sol nascente na cidade de Florianópolis/SC... 65 FIGURA 18 Casa Eficiente.Sol poente na cidade de Florianópolis/SC...... 66 FIGURA 19 Brises horizontais.................................................................... 67 FIGURA 20 Ventilação cruzada.................................................................. 68 FIGURA 21 Academia de Ciências de São Francisco................................ 69
  • 8. 7 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Medidas de dados meteorológicos da estação Cuiabá ........... 23 TABELA 2 Classificação do clima........................................................... 26 TABELA 3 Aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a Zona Bioclimática 7.............................................................. 30 TABELA 4 Tipos de vedações externas para a Zona Bioclimática 7........ 30 TABELA 5 Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona Bioclimática 7........................................................................ 30 TABELA 6 Porcentagem das aberturas para ventilação............................ 30 TABELA 7 Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para cada tipo de vedação externa...................... 31 TABELA 8 Relação da área do ambiente com abertura da janela............. 52
  • 9. 8 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas e Técnicas NBR Norma brasileira PAR Programa de arrendamento residencial EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária SRTM Shuttle Radar Topography Mission INMET Instituto Nacional de Meteorologia MAPA Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento SEPLAN Secretaria de Planejamento PROCEL Programa Nacional de Concervação de Energia Elétrica IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ANVISA Agencia nacional de Vigilância sanitária CEF Caixa Econômica Federal SINAT Sistema Nacional de Aprovações Técnicas SETECS Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social SINFRA Secretaria de Infra –Estrutura FETHAB Fundo Estadual de Transporte e Habitação LABEEE Laboratório de Eficiência Energética em Edificações EPS Poliestireno expandido
  • 10. 9 LISTA DE SÍMBOLOS °C Graus Celsius % Porcento U Transmitância térmica Atraso térmico FSo Fator solar α Absortância m Metros
  • 11. 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 OBJETIVOS 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3. 1 O conforto térmico, o ambiente e as construções 3.2 Características geográficas do estado de Mato Grosso e Cuiabá 3.2.1 Características ambientais de Cuiabá 3.3 A importância do partido arquitetônico para a diminuição do gasto de energia 3.4 Zona Bioclimatica de Cuiabá-MT: 4 O DESEMPENHO TÉRMICO E AS NBRs 15.220 /2005 15.575/2010 5 O PAR (Programa de Arrendamento Residencial) 6 METODOLOGIA 6.1 Procedimento utilizado 6.2 Materiais e Métodos 7 RESULTADOS 7.1 Localização e plantas 7.2 Identificação de características das tipologias construtivas, através de Aberturas para ventilação em porcentagem de área de piso 7.3 Análise dos materiais utilizados em paredes e coberturas através da transmitância térmica, atraso térmico e fator solar 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 8.1 Sugestões 8.2 Sugestões para trabalhos futuros 9 REFERÊNCIAS
  • 12. 11 1 INTRODUÇÃO Cuiabá é uma cidade cujo inverno é uma estação seca bem definida. Mas no verão,estação chuvosa, o calor do sol é intenso. No inverno, a temperatura média pode chegar aos 40 °C, havendo dias que chegam aos 46° C. A temperatura interna das residências muitas vezes é maior que a temperatura externa, principalmente ao anoitecer. Isso quer dizer que provavelmente os materiais utilizados para a construção não foram escolhidos segundo critérios as exigências de conforto térmico. Segundo a Norma Brasileira Registrada (NBR) 15.575 /2010, o edifício habitacional deverá apresentar condições térmicas no seu interior, melhores ou iguais às do ambiente externo, à sombra, para o dia típico de verão e, no inverno, propiciar conforto térmico no interior do edifício habitacional. No entanto, é justamente nesta época do ano que é necessário estabelecer critérios para diminuir a temperatura interna. Isto significa um grande desafio, já que a maioria das residências não são projetadas para atender esse requisito da norma. Portanto, há a necessidade de pesquisa para a obtenção de dados consistentes sobre os melhores materiais a serem especificados em projetos arquitetônicos destinados às cidades com esse tipo de clima, assim como o melhor meio de se projetar, já que a mesma não procurou atender até o momento em fazer projetos que atendessem o clima de cada região. Na NBR 15.520/2010, além do zoneamento bioclimático brasileiro, são feitas recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de estratégias de condicionamento térmico passivo, com base em parâmetros e condições de contorno fixados.
  • 13. 12 Segundo a NBR 15.575/2010, o edifício habitacional deverá apresentar condições térmicas no seu interior, melhores ou iguais às do ambiente externo, à sombra, para o dia típico de verão e no inverno, propiciar conforto térmico no interior do edifício habitacional, porém é justamente nesta época que é necessário estabelecer critérios para diminuir a temperatura interna, um grande desafio, já que a maioria das residências não são projetadas para atender esse requisito da norma. Portanto, há a necessidade de pesquisa para a obtenção de dados consistentes sobre os melhores materiais a serem especificados em projetos arquitetônicos destinados às cidades com esse tipo de clima, assim como o melhor meio de se projetar. A falta de solo exposto, vegetação e a grande concentração de poluentes, resultam em ilha de calor que ocorrem nas zonas centrais da região metropolitana, diferentemente das zonas rurais. O grande adensamento das cidades, a falta de moradia, acelerou o crescimento pela demanda no o setor da construção civil. As construtoras preocupadas em ganhar dinheiro, começaram a economizar e a construir cada vez mais rápido. Esse tipo de economia foi além do tipo de material a ser utilizado em obra, mas também na elaboração de projetos por profissionais especializados. Devido a isso, o conforto foi sendo deixado de lado e a prioridade foi construir rápido e mais barato. Os projetos começaram a ser padronizados para que a etapa da construção iniciasse cada vez mais rápido. E o projeto de conforto térmico foi sendo deixado de lado. Com isso, materiais para amenizar o conforto térmico também pararam de ser requisitados no mercado, ocasionando uma estagnação dentro da Indústria da Construção civil.
  • 14. 13 A NBR 15.575/2010 veio para modificar esse cenário, pois a classe mais desfavorecida da população não tinha condições de comprar materiais para amenizar o desconforto térmico Com a escassez e existência de poucos materiais construtivos para amenizar as altas temperaturas das edificações ocasionadas pela falta de demanda e preço, mas com a necessidade do atendimento à NBR, serão necessários desenvolvimento de inovações tecnológicas para aumentar a oferta e diminuir o custo desses materiais relativamente caros, tornando possível empreendimentos para a classe média e baixa renda, obedecendo as especificações da NBR 15.575/2010 e NBR 15.520/2005 quanto a desempenho térmico. 2 OBJETIVOS Neste trabalho, pretende-se: 1. Analisar o clima da região de Cuiabá, conforme o zoneamento bioclimático especificado NBR 15.220/2005, parte 3; 2. Avaliar as implicações da NBR 15.575/2010 para o setor da construção civil em relação ao conforto térmico; 3. Verificar o que deverá ser feito para atender a Norma, em relação ao desempenho térmico, os tipos de materiais necessários para amenizar a temperatura interna das residências; 4. Estudar algumas residências do programa habitacional do Governo do Estado do Mato Grosso,denominado “Programa de Arrendamento Residencial”(PAR), quando serão verificados se as recomendações de diretrizes construtivas e detalhamento de estratégias de condicionamento térmico passivo, estão em
  • 15. 14 conformidade com a NBR 15.220/2005 e conseqüentemente a NBR 15.575/2010. 5. Qual a importância da NBR 15.575/2010 para o setor da construção civil e para o mercado consumidor 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3. 1 O conforto térmico, o ambiente e as construções Diferentemente dos pecilotérmicos (peixes, insetos, répteis e outros), classe de organismo que varia a temperatura conforme o ambiente, o ser humano possui o organismo da classe homeotérmica, ou seja, nosso organismo mantém uma temperatura constante, por volta dos 37 °C, por mecanismos fisiológicos de acordo com o metabolismo (MASTER, 2010). Para WATANABE (2007), o ser humano, para manter temperatura interna do organismo constante, em ambientes cujas condições termo- higrométricas são variadas, é necessário um aparelho termo-regulador, que reduz ou aumenta as perdas de calor pelo organismo através de alguns mecanismos de controle. As reações fisiológicas ao estresse térmico ocasionam mudanças no metabolismo, dilatação e contração de vasos sangüíneos, aumentar ou diminuir a pulsação cardíaca, suor, tiritar, eriçar de pelos, entre outros. O calor excessivo, a umidade, o vento, o ruído e outros, afetam a saúde e o bem-estar do ser humano. O calor em excesso pode afetar o desempenho das pessoas, causar irritação e inquietação, perda de concentração. A falta de umidade provoca desconforto, sonolência, aumento do suor. Ruído em excesso causa inquietação, perda do sossego, concentração e outros. Essas e outras perturbações que ocorrem, sem que se perceba, causa o chamado estresse e, se isso não for solucionado, depois de certo tempo provocam, nas pessoas, doenças
  • 16. 15 mais complexas, como diabetes, doenças cardiovasculares, respiratórias, e outros (MASTER, 2010). Segundo FROTA et al. (2001), para o trabalho físico, o aumento da temperatura ambiente de 20°C para 24°C, o rendimento cai para 15% e a 30°C de temperatura, com umidade relativa 80%, o rendimento cai 28%. A pele é o principal órgão termo-regulador do organismo humano e é através dela que se realizam as trocas de calor. A temperatura é regulada pelo fluxo sanguíneo que percorre nosso corpo (MASTER, 2010). Ao sentir desconforto térmico, o primeiro mecanismo fisiológico a ser ativado é a regulagem vasomotora do fluxo sangüínio da camada periférica do corpo, a camada subcutânea, através da vasodilatação ou vasoconstrição (exsudação, suor), reduzindo ou aumentando a resistência térmica dessa camada subcutânea. Outro mecanismo de termo-regulação da pele é a transpiração, que tem início quando pelas perdas por convecção e radiação. A transpiração se faz por meio das glândulas sudoríparas. As perdas de sais minerais e fadiga das glândulas são os limites da transpiração (MASTER, 2010). Devido à variação biológica (metabolismo) entre os indivíduos, é impossível determinar que todos os ocupantes de um mesmo ambiente se sintam confortáveis termicamente, portanto, busca-se condições confortáveis para um determinado grupo de pessoas. A busca pela proteção humana em relação aos problemas climáticos tem se intensificado para atender a melhores condições de conforto físico satisfatório (MASTER, 2010). O clima urbano é produzido pela ação do homem sobre a natureza e se relaciona à produção de condições diferenciadas de conforto e desconforto térmico, à poluição do ar, às chuvas intensas, às inundações e aos desmoronamentos das vertentes dos morros – eventos de grande custo social (LOMBARDO, 1985, apud COSTA, 2009).
  • 17. 16 DETWYLER (1974) apud ROMERO (2000), afirmam que as as mudanças climáticas provocadas pela urbanização são três: 1. Mudanças devido à densa construção e pavimentação da superfície física do solo, impermeabilizando-a, aumentando sua capacidade térmica e sua rugosidade, ao mesmo tempo em que transforma o movimento do ar; 2. Aumento da capacidade armazenadora de calor com a diminuição do albedo ; 3. Modificação da transparência da atmosfera devido à emissão de contaminantes (poeira, poluição e outros.). Os quatro fatores dinâmicos do clima – temperatura, umidade, movimento do ar e Radiação – afetam a perda de calor no homem. Esses fatores (elementos) climáticos não atuam isolados, mas conjuntamente. O efeito de sua ação conjunta sobre o indivíduo denomina-se pressão térmica (MASCARÓ, 1991 apud LEÃO, 2006). Condições climáticas urbanas inadequadas significam perda da qualidade de vida para uma parte da população, enquanto para outra, conduzem ao aporte de energia para o condicionamento térmico das edificações. Em conseqüência, aumentam as construções de usinas hidrelétricas, termoelétricas ou atômicas, de grande impacto sobre o meio ambiente (LAMBERTS et al., 1997). COZZA, (1997) mostra que até bem pouco tempo atrás os profissionais brasileiros não investiam diretamente no setor, estando mais preocupados com o gasto, mercado financeiro, do que com o desenvolvimento técnico e administrativo da construção civil. Por este motivo, os fornecedores de serviços e materiais lamentam a baixa qualidade exigida pelos construtores em contraponto à grande exigência por preços mais baixos. Segundo PACHECO, (2007), teve início, em 1995, o desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para a Financiadora de Pesquisas
  • 18. 17 e Projetos (FINEP) do projeto “Critérios mínimos de desempenho para habitação térreas de interesse social” que foi incorporada pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional (PBQP da Habitação) que apóiam os setores da cadeia produtiva, à instalação e aplicação da produtividade e da qualidade. 3.2 Características geográficas do estado de Mato Grosso e Cuiabá Mato Grosso está situado no Maciço Central, ou Maciço do Brasil Central ou, ainda, Maciço Mato-Grossense (COUTINHO, 2005). O relevo é classificado como: (Chapada da Bacia do Paraná, Chapada dos Parecis, Residuais Sul-Amazônicos e Serras residuais do Alto Paraguai); (Marginal Sul-Amazônico, depressão do Araguaia, depressão Cuiabana e depressão do Alto Paraguai-Guaporé) e planície do Rio Araguaia ( Pantanal do Rio Guaporé e Pantanal mato-grossense) (COUTINHO, 2005). Podemos observar na Figura 1 que no sul do Mato Grosso, apresenta as maiores altitudes ( 800-1200 metros, na Serra Azul e 500- 800 metros, na Chapada dos Guimarães) fazendo limites, ao Norte com a Bacia Amazônica, a Leste com a Bacia do São Francisco, a Oeste com a borda oriental andina e ao Sul-Sudeste, com a Bacia de sedimentação do Paraná. A Figura 1 apresenta a situação do Relevo do Estado de Mato Grosso.
  • 19. 18 Figura 1 Modelo digital de Elevação do Estado de Mato Grosso. Fonte: Embrapa (2005) Podemos observar na Figura 2, que Cuiabá está entre as Serras das Araras, Serra Azul, Chapada dos Guimarães e Serra de São Vicente Figura 2 Mapa Físico de Mato Grosso Fonte: MORENO et al, (2005) apud LEÃO, (2006).
  • 20. 19 Na Figura 3, podemos observar que Cuiabá está em um “buraco”, entre a Chapada dos Guimarães e a Serra das Araras Figura 3 Corte Esquemático do Mapa Físico de Mato Grosso-Rio Paraguai a Serra de São Vicente. Fonte: MORENO et al, (2005) apud LEÃO, (2006). 3.2.1 Características ambientais de Cuiabá Cuiabá, Capital do estado de Mato Grosso, está situada entre o Pantanal Mato Grossense na região sul. Na região norte, nordeste e noroeste, estão rodeados por áreas serranas (Chapada dos Guimarães, Serra da Petrovina,Chapada dos Parecis e Serra Azul). Está situada na latitude sul a 15°33’ e na longitude oeste a 56°07’ e altitude de 151 m (SEPLAN, 2008). A drenagem é feita pelo Rio Cuiabá e seus afluentes, dos quais destacam-se o Rio Coxipó e inúmeros córregos, tais como: córrego da Prainha, Ribeirão da Ponte, Manoel Pinto, Moinho, Barbados, Gambá e São Gonçalo. A vegetação predominante é o cerrado e a mata ciliar que aparece ao longo dos córregos.( GUARIM et al., 1990 apud MAITELLI ,1994)
  • 21. 20 As árvores de Cerrado atingem quatro metros de altura, caules retorcidos, com copas que atingem o cerradão. Já a mata ciliar possui árvores que atingem até 10 m de altura segundo GUARIM (1990) et al., apud MAITELLI (1991). O primeiro estudo de clima urbano em Cuiabá foi realizado por MAITELLI Et al. (1991), para identificar variações térmicas e de umidade do ar. E também fez outras pesquisas, as quais analisou uma série climatológica histórica do ano de 1901 até o ano de 1992, MAITELLI (1994), fez uma análise da energia na área central e localizando a ilha de calor urbano.Segundo essa análise, verificou-se que a média anual é de 26.9°C e a média das máximas é de 32.5ºC, e a média das mínimas é de 21.3°C. O valor da precipitação média anual do período é de 1.378,7 mm . Entre os meses de outubro a novembro, as temperaturas máximas atingem, muitas vezes valores de 40°C com umidade relativa de 18%, nas horas mais quentes do dia. No inverno, a precipitação é marcada por uma estação seca bem definida, quando ocorrem as queimadas. Já na estação chuvosa, verão, ocorrem tempestades intercaladas por períodos de calor e sol intenso, quando ocorre a época de inundações. Devido à baixa altitude, e o fato de ser circundada por chapadões, a ventilação é bastante prejudicada, ficando na maioria das vezes, abaixo de 1m/seg (MAITELLI et al., 1994). Em MAITELLI et al. (1994), verificou-se que a ilha de calor urbana e a sua intensidade é evidenciada, no período noturno, em condições de estabilidade do ar, sem a ocorrência de chuvas, quando o calor armazenado no tecido urbano é liberado para a atmosfera. Em situação de tempo instável, com ocorrência de chuvas e ventos fortes, ocorre maior movimentação do ar alterando o acoplamento da superfície com a atmosfera. Entretanto, em Cuiabá, mesmo com medidas com ocorrência de chuva, foi possível observar que o distrito comercial era mais aquecido do que o seu entorno, confirmando a
  • 22. 21 influência do uso do solo nas condições térmicas da cidade. Verificou-se também que as variações das taxas de umidade relativa eram inversamente proporcional à temperatura, isto é , o ar era , em média, 10% mais seco nas áreas centrais da cidade em relação às áreas suburbanas Assim, pode-se dizer que a ilha de calor estava associada à uma ilha seca. A média da umidade relativa do ar mantinha-se em torno de 88% no período matutino, 57% no período da tarde e 95% à noite. Segundo DUARTE (1995), apud NOGUEIRA et al.(2005), Cuiabá está entre as cidades consideradas mais quentes, com freqüência quase que diária de temperaturas altas e, nos meses mais quentes, podem ocorrer médias por volta dos 40°C. Tendo em vista as condições climáticas em que se encontra a cidade de Cuiabá, o conforto térmico é um dos pontos que mais aflige a população, dentre os aspectos de conforto ambiental nos ambientes construídos. Segundo FROTA e SCHIFFER (1995), os primeiros estudos sobre condições termo-higrométricas sobre o rendimento no trabalho,desenvolvidos pela Comissão Americana de Ventilação, presidida por Winslow, comprovam que para trabalhos físicos, aos interesse de produção surgidos com a Revolução Industrial e às situações de guerra, o aumento da temperatura de 20°C para 24°C diminui o rendimento em 15% e a 30°C de temperatura ambiente, com umidade de 80% , o rendimento cai 28% . Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (2003), a cidade de Cuiabá caracteriza-se por apresentar dois períodos bem definidos: um seco que vai de abril a outubro e outro úmido de novembro a março onde concentra 80% das chuvas. A cidade possui pequena amplitude térmica, exceto em fenômenos de friagem, temperatura média anual de 26,8°C, com média máxima de 42°C e média mínima de 15°C, umidade relativa do ar média de 78% e insolação total média de 2.179 hs.
  • 23. 22 Como podemos observar na tabela 1, no inverno, a precipitação é marcado por uma estação quente e seca bem definida, quando ocorrem as queimadas. Já na estação chuvosa, verão, ocorrem tempestades intercaladas por períodos de calor e sol intenso, quando ocorre a época de inundações
  • 24. Tabela 1 Medidas de dados Meteorológicos da Estação Cuiabá, Período Janeiro-Dezembro, 2007. Fonte: SEPLAN (2008) Temperarura do ar °C Umidad Precipitação Pressão Evaporaçã Insolação Média Média Máx. Absoluta Mín. Absoluta Média e Nebulosidade Altura Máxima em 24 horas Meses Atmosférica o Total Total (horas e das das Relativa (C-10) Total Altura (mb) Graus Dia Graus Dia Compensada Dia (mm) décimos) máximas mínimas (%) (mm) (mm) Janeiro 991,6 33,1 24,2 35,8 18 23,2 5 27,6 79 6,8 284,3 142,3 22 128,5 150,6 Fevereiro 991,5 32,5 23,8 36,4 26 20,7 21 27,1 81 6,9 315,7 81,2 13 115,2 122,7 Março 992,6 33,9 23,3 36,8 10 21,4 19 27,4 76 5,8 174,3 49,5 19 71,5 227,3 Abril 993,1 34,4 23,1 36,7 2 19,4 28 27,2 75 4,5 140,4 51,6 9 122,9 227,6 Maio 995,9 30,8 18,7 35,7 7 10,7 25 23,8 76 4,3 31,1 24,5 24 114,9 222,3 Junho 998,4 31,6 17,8 35,6 8 15,2 4 23,5 72 2,8 - 0,4 3 162 85,7 Julho 997 31,4 16,7 36,1 21 10,9 11 23,3 67 4 22,8 9,6 26 156,2 212,8 Agosto 996,8 33,7 16,5 38,5 23 11,5 5 24,3 58 1 - - - 187,4 244,5 Setembro 994,2 33,7 21,2 40,4 29 12,3 25 28,5 54 2,6 5 5 20 215,9 143,7 Outubro 993,6 35 23,2 39,8 1 20 18 28,1 68 5,8 188,2 69 15 174,2 126 Novembro 991,8 33,4 23,4 36,6 17 22 29 27,2 76 7,1 274,9 73,7 24 132 139,1 Dezembro 991,5 33 23,2 35,4 14 20 26 27,1 80 6,6 180,9 36,8 10 123,1 145,5 23
  • 25. 24 Para CAMPELO Jr. et al. (1991),apud LEÃO (2007) em Cuiabá, a direção predominante dos ventos é Norte e Noroeste durante boa parte do ano e Sul no período de inverno. LEÃO (2006) em seu trabalho, verificou através de relatórios de saída do programa Analysis Bio através das normais climáticas indicaram que a cidade de Cuiabá possui durante o ano 29,11% de horas de conforto, 66,91% de horas de desconforto por calor e apenas 3,98% de horas de desconforto por frio. Através destes resultados, notou-se necessário, o uso de ventilação e ar condicionado durante o período de desconforto por calor e aquecimento solar durante o pequeno período de desconforto por frio. 3.3 A importância do partido arquitetônico para a diminuição do gasto de energia As edificações são responsáveis por cerca de 48% do consumo de energia elétrica do país, considerando-se os setores residencial e comercial, segundo GRILLO e AMORIM (2004). Para PRADO (2008), os edifícios são responsáveis por 40% do consumo de energia no mundo, 33% no setor comercial e 67% no residencial, até 2025 deve haver um crescimento de 45% nesse consumo, as construções emitem 35% do carbono lançado na atmosfera, e deve haver um aumento de 92% nessas emissões até 2050 se nada for feito. 3.4 Zona Bioclimatica de Cuiabá-MT: Cuiabá está dentro da zona 7 (sete) do zoneamento bioclimático brasileiro segundo a NBR 15220-3/2005.
  • 26. 25 A cidade de Cuiabá está localizada entre montanhas e chapadas, e tem como característica a localização na depressão, com pouca ventilação (NBR 15220-3/2005). As estações são bem definidas: Uma, seca, nos meses de abril a agosto (inverno), e outra, chuvosa, nos meses de setembro a março (verão) NOGUEIRA et al. (2005). São poucos os dias que as temperaturas ficam inferior a 20 °C NOGUEIRA et al. (2005). A temperatura de Cuiabá durante a maior parte do ano é predominantemente quente e a região mais quente na cidade é a zona central, devido ao aumento das áreas impermeabilizadas e diminuição da vegetação NOGUEIRA et al. (2005). Segundo a NBR 15.220/2005, conforto térmico é a satisfação psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente e neutralidade térmica é o estado físico no qual a densidade do fluxo de calor entre o corpo humano e o ambiente é igual à taxa metabólica do corpo, sendo mantida constante a temperatura do corpo; Desconforto local é o aquecimento ou resfriamento de uma parte do corpo gerando insatisfação do indivíduo e temperatura neutra é a temperatura operativa para a qual o corpo humano encontra-se em neutralidade térmica. A NBR 15.220/2005, parte 3, estabelece um zoneamento bioclimático brasileiro, abrangendo um conjunto de recomendações e estratégias construtivas destinadas às habitações unifamiliares de interesse social. Na referida NBR 15.220/2005, Parte 3 também cita que para a formulação das diretrizes construtivas - para cada zona bioclimática brasileira (seção 6) - e para o estabelecimento das estratégias de condicionamento térmico passivo (seção 7), foram considerados os parâmetros e condições de contorno seguintes:
  • 27. 26 a) Tamanho das aberturas para ventilação; b) Proteção das aberturas; c) Vedações externas (tipo de parede externa e tipo de cobertura); e d) Estratégias de condicionamento térmico passivo. Segundo a NBR 15.220/2005, parte 3, no item 6.7, onde são apresentadas essas diretrizes construtivas para a zona bioclimática 7 , da qual a cidade de Cuiabá faz parte: Tabela 2 Classificação do clima UF Cidade Estrat. Zona UF Cidade Estrat. Zona MG Governador CFIJ 5 PA Breves FJK 8 Valadares MG Grão Mogol BCFI 3 PA Conceição do FIJK 8 Araguaia MG Ibirité ABCFI 2 PA Itaituba FJK 8 MG Itabira BCFI 3 PA Marabá FJK 8 MG Itajubá ABCFI 2 PA Monte Alegre FIJ 8 MG Itamarandiba BCFI 3 PA Óbidos FJK 8 MG Januária CFHIJ 6 PA Porto de Moz FJK 8 MG João Pinheiro CDFHI 6 PA Santarém FJK 8 (Taperinha) MG Juiz de Fora BCFI 3 PA São Félix do FIJK 8 Xingú MG Lavras BCFI 3 PA Soure JK 8 MG Leopoldina CFIJ 5 PA Tiriós FIJ 8 MG Machado ABCFI 2 PA Tracuateua FIJK 8
  • 28. 27 MG Monte Alegre de BCFIJ 3 PA Tucuruí FJK 8 Minas MG Monte Azul DFHI 7 PB Areia FIJ 8 MG Montes Claros CDFHI 6 PB Bananeiras FIJ 8 MG Muriaé BCFIJ 3 PB Campina FIJ 8 Grande MG Oliveira BCDFI 4 PB Guarabira FIJK 8 MG Paracatu CFHIJ 6 PB João Pessoa FIJ 8 MG Passa Quatro ABCFI 2 PB Monteiro CFHI 6 MG Patos de Minas BCDFI 4 PB São Gonçalo FHIJK 7 MG Pedra Azul CFI 5 PB Umbuzeiro FI 8 MG Pirapora BCFHI 4 PE Arco Verde FHI 7 MG Pitangui BCFHI 4 PE Barreiros FJK 8 MG Poços de Calda ABCF 1 PE Cabrobó DFHI 7 MG Pompeu BCFIJ 3 PE Correntes FIJ 8 MG Santos Dumont BCFI 3 PE Fernando de FIJ 8 Noronha MG São Francisco CFHIJ 6 PE Floresta FHIK 7 MG São João Del Rei ABCFI 2 PE Garanhuns CFI 5 MG São João BCFIJ 3 PE Goiana FIJ 8 Evangelista MG São Lourenço ABCFI 2 PE Nazaré da Mata FIJ 8 MG Sete Lagoas BCDFI 4 PE Pesqueira FI 8 MG Teófilo Otoni CFIJ 5 PE Petrolina DFHI 7 MG Três Corações ABCFI 2 PE Recife FIJ 8 MG Ubá BCFIJ 3 PE São Caetano FIJ 8 MG Uberaba BCFIJ 3 PE Surubim FIJ 8
  • 29. 28 MG Viçosa BCFIJ 3 PE Tapera FIJ 8 MS Aquidauana CFIJK 5 PE Triunfo CFHI 6 MS Campo Grande CFHIJ 6 PI Bom Jesus do DFHIJ 7 Piauí MS Corumbá FIJK 8 PI Floriano FHIJK 7 MS Coxim CFHIJ 6 PI Parnaíba FIJ 8 MS Dourados BCFIJ 3 PI Paulistana DFHIJ 7 MS Ivinhema CFIJK 5 PI Picos DFHIJ 7 MS Paranaíba CFHIJ 6 PI Teresina FHIJK 7 MS Ponta Porã BCFI 3 PR Campo Mourão BCFI 3 MS Três Lagoas CFHIJ 6 PR Castro ABCF 1 MT Cáceres FIJK 8 PR Curitiba ABCF 1 MT Cidade Vera CFIJK 5 PR Foz do Iguaçu BCFIJ 3 MT Cuiabá FHIJK 7 PR Guaíra BCFIJ 3 MT Diamantino FHIJK 7 PR Guarapuava ABCF 1 MT Meruri CFHIJ 6 PR Ivaí ABCFI 2 MT Presidente BCFIJ 3 PR Jacarezinho BCFIJ 3 Murtinho PA Altamira FJK 8 PR Jaguariaiva ABCFI 2 PA Alto Tapajós FJK 8 PR Londrina BCFI 3 PA Belém FJK 8 PR Maringá ABCD 1 PA Belterra FJK 8 PR Palmas ABCF 1 Fonte: NBR 15.220/2005, Parte 3, Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social Legenda: UF-Unidade Federativa em ordem alfabética Cidade- a qual pertence em ordem alfabéttica Estrat.-Estratégia bioclimática recomendada
  • 30. 29 Zona-zona bioclimática na qual a cidade está inserida Portanto, segundo a tabela acima, a estratégia bioclimática recomendada para a cidade de Cuiabá é FHIJK. F- Esta estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por ar externo através da ventilação dos ambientes H e I – No verão, deverá ocorrer o resfriamento evaporativo e maior massa térmica(paredes e coberturas) para resfriamento, de forma que o calor armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a noite, quando as temperaturas externas diminuem. K- O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de desconforto térmico por calor I e J - Ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa.A ventilação cruzada deverá ser obtida através da circulação de ar pelos ambientes da edificação, devendo atentar-se para os ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar significativamente a direção dos ventos. Figura 4 Zona Bioclimática 7 Fonte:NBR 15.220/2005, parte 3
  • 31. 30 Tabela 3 Aberturas para ventilação e sombreamento das aberturas para a Zona Bioclimática 7. Aberturas para ventilação Sombreamento das aberturas Pequenas Sombrear aberturas Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social Tabela 4 Tipos de vedações externas para a Zona Bioclimática 7. Vedações externas Parede: Pesada Cobertura: Pesada Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social Tabela 5 Estratégias de condicionamento térmico passivo para a Zona Bioclimática 7 Estação Estratégias de condicionamento térmico passivo Verão H) Resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento J) Ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a temperatura interna seja superior à externa) Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social Tabela 6 Porcentagem das aberturas para ventilação Aberturas para ventilação A (em % da área de piso) Pequenas 10% < A < 15% Médias 15% < A < 25% Grandes A > 40% Fonte NBR 15.220/2005, Parte 3 , zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social
  • 32. 31 Segundo a Zona Bioclimática de Cuiabá, as aberturas para ventilação deverão ser pequenas, ou seja, a área da janela em porcentagem da área do piso deverá ser entre 10 a 15%. Tabela 7 Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para cada tipo de vedação externa Vedações externas Transmitância Atraso térmico Fator solar - térmica- U - FSo 2 W/m .K Horas % Leve U 3,00 4,3 FSo 5,0 Paredes Leve U 3,60 4,3 FSo 4,0 refletora Pesada U 2,20 ≥ 6,5 FSo 3,5 Leve U 2,00 3,3 FSo 6,5 isolada Coberturas Leve U 2,30.FT 3,3 FSo 6,5 refletora Pesada U 2,00 ≥ 6,5 FSo 6,5 Fonte:NBR 15.220/2005, Parte 3, zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Na zona Bioclimática 7, as paredes e coberturas deverão ser pesadas, conforme tabela 7. Segundo NBR 15.575/2010, os valores mínimos diários da temperatura do ar interior de recintos de permanência prolongada, como por exemplo salas e dormitórios, no dia típico de inverno, devem ser sempre dispensado de verificação.
  • 33. 32 4 O DESEMPENHO TÉRMICO E AS NBRs 15.220 /2005 e 15.575/2010 Os primeiros estudos de desempenho foram feitos na década de 80, pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, desde então muita coisa evoluiu. O consumidor daquela época não tinha conhecimento como hoje, onde os mesmos já são mais informados e exigem muito mais desempenho. A aplicação da NBR 15.575/2010 estabelece parâmetro para que o mercado tenha condições competitivas mais equilibradas, alcançar maiores desempenhos (melhoria contínua) e define responsabilidades. Muito se fala em sustentabilidade, mas um empreendimento sustentável nada mais é do que ser concebido com critérios de desempenho. A norma não é lei, porém tem tanta força que para o mundo jurídico, ela estabelece referenciais quanto ao serviço e serve como balizamento para exigência dos compradores e serve como referência para perícia. Além disso, o Código de defesa do consumidor (Seção IV das práticas abusivas; Art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO) estabelece que nenhum produto ou serviço pode ser colocado no mercado sem atender às normas técnicas pertinentes, portanto, o descumprimento da norma pode levar a cumprir encargos decorrentes ao não atendimento do artigo do Código de defesa do Consumidor. Presidência da República, Casa Civil, subchefia para assuntos jurídicos.Lei 8078, de 11 de setembro de 1990, Capítulo 05, Seção IV.
  • 34. 33 O maior agente fiscalizador não é feito por nenhum órgão, (a não ser as normas do Ministério do Trabalho, da Agência nacional de Vigilância sanitária (ANVISA) e outras agências regulatórias do governo), mas pelo próprio consumidor em função do Código de Defesa do Consumidor. Posteriormente, poderão ser feitas por instituições Financeiras como a Caixa Econômica federal (CEF), a qual já está exigindo cumprimento da norma através do SINAT (Sistema Nacional de Aprovações Técnicas). Nenhum tipo de construção alcança os programas nacionais habitacionais e os financiamentos sem referência técnica ou norma. O SINAT (Sistema Nacional de Aprovações Técnicas) visa dar suporte à operacionalização dos procedimentos reconhecidos pela cadeia produtiva da construção civil, com o objetivo de avaliar novos produtos utilizados nos processos de construção, devido a falta de laboratórios capazes de avaliar produtos inovadores. Mas qual a finalidade desta norma ser aplicada somente a edificações de até 5 pavimentos? No item 1.4 da NBR 15.575/2010, Parte 1, diz que os requisitos não dependem de altura e são aplicáveis a edifícios de mais de 5 pavimentos. O principal foco são os edifícios destinados a classe de renda mais baixa, ou seja, mais econômico. Isso beneficia a população mais desfavorecida, que ficava vulnerável ao desconforto Térmico. As obras do programa “Minha casa, Minha vida” que, ao ser protocolada para aprovação nas prefeituras após seis meses depois da NBR 15.575/2010 entrar em vigor, deverão atender aos requisitos da referida norma. Outra forma de defesa do consumidor é o “Código Civil Brasileiro”, nos artigos 615 e 616, diz que o comprador pode rejeitar a obra ou exigir abatimento no preço, caso o empreiteiro tenha se afastado das instruções recebidas e dos
  • 35. 34 planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza (Código Civil Brasileiro, artigos 615 e 616). O que se espera não é que haja conflitos judiciais, mas induzir o mercado a melhorar a qualidade das construções. Para isso, será necessário que seja feito um planejamento por parte das construtoras e o projeto será aspecto fundamental para o desempenho, pois é nele que será concebida as soluções e vida útil dos sistemas. Haverá, portanto, a necessidade de especialistas. Outro detalhe muito importante é a vida útil dos sistemas, a manutenção e o uso correto dos materiais. O profissional vai necessitar especificar tudo na fase de projeto, o que acabaria com os verdadeiros “Canetinhas de Ouro”. Isso vai obrigar esse tipo de profissional a se aproximar mais do projeto e da obra, o que não ocorre atualmente. A norma está proporcionando um aumento de demanda de ensaios, principalmente de sistemas construtivos e materiais inovadores, aumentando a procura por laboratórios acreditados pelo INMETRO. A valorização dos profissionais também deverá ser feita na etapa de obra. Se antes da norma já era necessário seguir a risca o projeto, na etapa de obra, será imprescindível a supervisão do engenheiro de obra, pois será muito difícil acontecer improvisos, o que poderá comprometer a obra e o desempenho dela futuramente. Os operários também deverão ser capacitados, pois além do investimento em materiais que atendam os requisitos, será necessária mão de obra especializada. O atendimento do pós obra também deverá ser qualificado. Os profissionais de assistência técnica vão ter que se adequar as normas, pois muitos clientes vão questioná-los sobre o assunto e os profissionais vão
  • 36. 35 ter que orientá-los adequadamente e também diagnosticar os erros de desempenho. 5 O PAR (Programa de Arrendamento Residencial) O Programa de Arrendamento Residencial (PAR) faz parte do programa” Meu Lar” do Governo do Estado de Mato Grosso, porém é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (SETECS) e a responsabilidade pela construção, bem como a fiscalização é da Secretaria de Infra –Estrutura (SINFRA). O programa “Meu Lar” foi normatizado pela lei 8.221/04 e regulamentado pelo decreto 8.187/06. As casas são de padrão popular, possuem dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. Para as pessoas participarem do sorteio das casas, deveriam residir há mais de dois anos no município, renda familiar até dois salários mínimos, não ser proprietário de imóvel e nem ter sido beneficiado por nenhum programa habitacional, famílias que possuam idosos, crianças adolescentes, pessoas com deficiência ou doença crônica, bem como famílias chefiadas por mulheres, essas últimas modalidades privilegiadas pelo programa. A CEF é responsável pelo processo de análise e aprovação dos cadastros dos candidatos ao PAR e a Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (SETECS) cuida dos sorteios e entrega das unidades.
  • 37. 36 6 METODOLOGIA Para avaliar se as Residências situadas em Cuiabá são construídas conforme as NBRs pertinentes, foram verificadas 4 plantas e os materiais utilizados na construção de cada uma delas. Para isso,foram analisadas plantas de Habitação de interesse social de Cuiabá que fazem parte do PAR . 6.1 Procedimento utilizado Para avaliar se as residências situadas em Cuiabá – MT são construídas conforme as NBRs pertinentes, foram verificadas quatro plantas baixas, além dos materiais utilizados na construção de cada uma delas. Para isso, foram analisadas plantas de habitação de interesse social de Cuiabá e Várzea Grande que fazem parte do PAR . Essas plantas foram conseguidas através da CEF e foram escolhidas aquelas que possuíam mais dados,apesar de todos serem muito precários. A vantagem do estudo de caso é que ele permite examinar em profundidade o desenvolvimento de ações em seus próprios cenários. Serão feitas análises críticas das plantas do PAR e comparadas às NBRs 15.520/2005 e 15.575/2010 segundo a região de Cuiabá, e através
  • 38. 37 desta análise, verificar se as residências do programa estão adaptadas ao conforto térmico exigido. Após essa análise serão feitas sugestões para que essas plantas possam ter maior desempenho térmico e consigam se adequar ás normas estudadas. 6.2 Materiais e Métodos Foram coletados dados sobre a tipologia construtiva de quatro unidades habitacionais, que são réplicas das metodologias mais empregadas na construção de residências populares pelo programa de habitação popular do governo do Estado de Mato Grosso, PAR. A metodologia utilizada para descrição e avaliação do desempenho térmico nas edificações basicamente utilizou a análise em projeto: análise das plantas do programa e comparadas às exigências das normas para a zona bioclimática da região de Cuiabá e através desta análise, concluir se as residências do programa estão adaptadas ao conforto térmico exigido. Restringiu-se neste trabalho o estudo de apenas quatro tipologias construtivas dentre as várias disponíveis na CEF. Na coleta de dados realizado, as unidades habitacionais selecionadas para estudo, foram levantadas características dos materiais, através dos orçamentos e memoriais, medidas em plantas e características térmicas dos elementos construtivos utilizados no envoltório. O objetivo foi analisar os materiais utilizados, fazer um reconhecimento do desempenho térmico das tipologias construtivas a partir das plantas e o que as normas estabelecem. Na avaliação dos elementos construtivos habitacionais em estudo, buscou-se referência na
  • 39. 38 NBR 15.575/2010 e consequentemente a NBR 15.220-3/2005. Desempenho Térmico de Edificações (Parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de Interesse Social) e sua aplicabilidade para esta região de estudo. A NBR 15220-3/2005 (Zoneamento Bioclimático Brasileiro), que faz recomendações construtivas especificas para cada zona bioclimática, foi utilizado como parâmetro na análise por prescrição dos dados construtivos coletados nas unidades habitacionais. 7 RESULTADOS Verificação das exigências mínimas construtivas do que é prescrito para o clima de Cuiabá, fornecido pela NBR 15220-3/2005 (Zoneamento Bioclimático Brasileiro). 7.1 Localização e plantas Residência A: Residencial Coxiponês Coordenadas: 56,016490 oeste(W) e 15,643613 sul (S). Localizado na zona Sul da cidade de Cuiabá. O Residencial está localizado na avenida Fernando Corrêa, a 1 km do trevo Tijucal, bairro Jardim Presidente em Cuiabá. Descrição do empreendimento: Empreendimento com l60 casas e uma guarita e obras de infraestrutura. Proponente e construtor: Construtora e incorporadora Brasil Central.
  • 40. 39 Figura 5 Mapa de localização do Residencial Coxiponês Fonte:Wikimapia, 2010
  • 41. 40 Figura 6 Mapa de localização do Residencial Coxiponês – Implantação Fonte:Wikimapia, 2010.
  • 42. 41 Figura 7 Planta e corte Residencial Coxiponês. Fonte: CEF - (Plantas elaborada pela construtora e incorporadora Brasil Central e passadas a limpo)
  • 43. 42 Residência B: Condomínio Jardim Vitória “A”. Coordenadas:- 15°40' 4"Sul (S) 55°58' oeste (W) 28" Situado na região Norte de Cuiabá o residencial está localizado na Avenida José Estevão Torquato da Silva, no bairro Jardim Vitória. Descrição do empreendimento: Empreendimento com cento 129 casas e obras de infraestrutura. Proponente e construtor: Concremax -Concreto engenharia e saneamento ltda. Figura 8 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A” Fonte:Wikimapia, 2010
  • 44. 43 Figura 9 Mapa de localização do Residencial Jardim Vitória “A”– Implantação Fonte:Wikimapia, 2010
  • 45. 44 Figura 10 Planta e corte, Residencial Jardim Vitória. Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela construtora Concremax e passadas a limpo pela autora).
  • 46. 45 Residência C: Residencial Jardim Antárctica Coordenadas: 15°34' 19"Sul (S) 56°7' oeste(W) 41" Situado na região oeste de Cuiabá. O Residencial está localizado na avenida Antárctica ,antiga estrada da Guia,próximo a cervejaria Antárctica, bairro Ribeirão do Lipa. Descrição do empreendimento: Empreendimento com 180 casas e obras de infra-estrutura. Proponente e Construtor:Construtora Ferrer. Figura 11 Mapa de localização do Residencial Jardim Antarctica Fonte:Wikimapia, 2010
  • 47. 46 Figura 12 Mapa de localização do Residencial Jardim Antárctica – Implantação Fonte:Wikimapia, 2010
  • 48. 47 Figura 13 Planta e corte, Residencial Jardim Antarctica, sem escala. Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela construtora Ferrer e passadas a limpo pela autora).
  • 49. 48 Residência D: Residencial Pascoal Moreira Cabral Coordenadas: 15°40' 4"Sul (S) 55°58' oeste (W) 28" Situado na região sudeste de Cuiabá. O residencial está localizado na avenida Rio Branco, próximo ao Rivoli e ao Posto Simarelli, no bairro Distrito Industrial Descrição do empreendimento: Empreendimento com 170 casas e obras de infra-estrutura. Proponente e construtor: Concremax-Concreto Engenharia e Saneamento ltda. Figura 14 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira Fonte:Wikimapia, 2010
  • 50. 49 Figura 15 Mapa de localização do Residencial Pascoal Moreira – Implantação Fonte:Wikimapia, 2010
  • 51. 50 Figura 16 Planta e corte, Residencial Pascoal Moreira, sem escala. Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela construtora Concremax em parceria com o escritório Arquitectonica e passadas a limpo pela autora).
  • 52. 51 7.2 Identificação de características das tipologias construtivas, através de Aberturas para ventilação em porcentagem de área de piso Para a zona bioclimática de Cuiabá, a abertura para ventilação estabelecida na norma é pequena, ou seja, a área da janela tem que ser entre 10% até 15% da área do piso(área do ambiente). Exemplo: Se em um quarto de 5,00 m², possui uma janela de 1,20m por 1,00m,a área da janela é 1,20 m². A janela deveria ter no mínimo 0,50 m² (10% do piso) até 0,75 m no máximo. Neste caso, a janela não está em conformidade com a norma. Essa análise foi feita em todos os ambientes das residências conforme podemos observar. Ajan.: Área da janela A. máx.:Área máxima A. mín.:Área mínima (15%A)Max. :15 porcento da área,máximo permitido (10% A.)Mín. : 10 porcento da área,mínimo permitido
  • 53. Tabela 8: Relação da área do ambiente com a abertura da janela(10% < A < 15%) RELAÇÃO DA ÁREA DO AMBIENTE COM A ABERTURA DA JANELA(10% < A < 15%) QUARTO 1 A MAX.;MÍN.SITUAÇÃO QUARTO2 A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO COZINHA A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO SANITÁRIO A MAX.;MÍN. SITUAÇÃO (15%A) (15%A) (15%A) (15%A) MÁX.:1,23m NÃO MÁX.:1,20m² NÃO MÁX.:0,79m² NÃO MÁX.:0,37m² NÃO RESIDÊNCIA A ² A JAN.=1,50 m² CONFORME A JAN.=1,50m² CONFORME A JAN.=1,00 m² CONFORME A JAN.=0,48m² CONFORME (Res.Coxiponês) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) (Ultrapassa) MÍN.:0,82m² MÍN.:0,80m² MIN.:0,53m² MIN.:0,25m² (15%A) (15%A) (15%A) (15%A) MÁX.:1,20m MÁX.:1,20m² MÁX.:0,75m² MÁX.:0,37m² RESIDÊNCIA B ² NÃO NÃO NÃO NÃO A JAN.=1,50 m² A JAN.=1,50m² A JAN.=1,05 m² A JAN.=0,48m² (Jardim Vitória) CONFORME CONFORME CONFORME CONFORME (10%A) (10%A) (10%A) (10%A) MÍN.:0,80m² MÍN.:0,80m2 MIN.:0,50m² MIN.:0,25m² (15%A) (15%A) (15%A) (15%A) MÁX.:1,20m RESIDÊNCIA C NÃO MÁX.:1,20m² NÃO MÁX.:0,75m² NÃO MÁX.:0,37m² NÃO ² (Res.Jardim A JAN.=1,50 m² CONFORME A JAN.=1,50m² CONFORME A JAN.=1,05 m² CONFORME A JAN.=0,48m² CONFORME Antárctica) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) (Ultrapassa) MÍN.:0,80m² MÍN.:0,80m² MIN.:0,50m² MIN.:0,25m² (15%A) (15%A) (15%A) (15%A) MÁX.:1,18m RESIDÊNCIA D NÃO MÁX.:1,21m² NÃO MÁX.:1,27m² CONFORME MÁX.:0,34m² NÃO ² (Residencial A JAN.=1,50 m² CONFORME A JAN.=1,50m² CONFORME A JAN.=1,00 m² (Dentro do A JAN.=0,36m² CONFORME Pascoal Moreira) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) (Ultrapassa) (10%A) limite) (10%A) (Ultrapassa) MÍN.:0,78m² MÍN.:0,80m² MIN.:0,85m² MIN.:0,23m² Fonte: Tabela elaborada pela autora 52
  • 54. 53 7.3 Análise dos materiais utilizados em paredes e coberturas através da transmitância térmica, atraso térmico e fator solar Conforme a norma, a zona bioclimática de Cuiabá, as paredes e as coberturas deverão ser pesadas. A transmitância térmica da parede, U (W/(m². K)),deverá ser menor ou igual a 2,20 W/(m².K); O atraso térmico da parede( ), em horas, deverá ser maior ou igual a 6,5 horas; O fator solar (FSo, ), menor ou igual a 3,5%. A transmitância térmica da cobertura, U (W/(m². K)),deverá ser menor ou igual a 2,00 W/(m².K); O atraso térmico da cobertura, j (horas), deverá ser maior ou igual a 6,5 horas; O fator solar (FSo, ), menor ou igual a 6,5%. Esses dados são fixados pela norma e deverão ser comparados aos memoriais de cada empreendimento. Transmitância térmica segundo FROTA e SCHIFFER (1995) quantifica a capacidade do material a ser atravessado por um fluxo de calor induzido por uma diferença de temperatura entre dois ambientes que o elemento constituído por material separa (W/(m². K)).Define-se como sendo o fluxo de calor que atravessa,ma unidade de tempo, a unidade de área do elemento constituído do material, quando se estabelece uma diferença unitária de temperatura entre o ar confinante com suas faces opostas. Na NBR 15.220/2005, parte 1, atraso térmico é definido como tempo transcorrido entre uma variação térmica em um meio e sua manifestação na superfície oposta de um componente construtivo submetido a um regime periódico de transmissão de calor Fator solar: é o quociente da taxa de radiação solar transmitida através de um componente opaco pela taxa da radiação solar total incidente
  • 55. 54 sobre a superfície externa do mesmo.(NBR 15.220/2005, parte 1). Segundo WEBER (2005) este valor varia conforme o ângulo da incidência da radiação solar e é característico de cada tipo de abertura. Quando se diz que o Fs é de 0,85, como no caso do vidro simples, significa que 85% da radiação solar incidente sobre a janela penetra no interior do ambiente em forma de calor. Coeficiente de absortância solar pode ser influenciada pelas tintas utilizadas, além do efeito da rugosidade superficial que os corpos apresentam e que afeta significativamente a quantidade de radiação solar absorvida ou refletida por uma superfície LOPES et al. (2010). Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3: Residencial Coxiponês (Residência A): Parede de tijolos de 6 furos circulares, assentados na menor dimensão. Dimensões do tijolo: 10,0x15,0x20,0 cm Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada no desenho) Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no desenho) Espessura total da parede: 15,0 cm (não representada no desenho) Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela construtora e Incorporadora Brasil Central e passadas a limpo pela autora). Materiais utilizados: Alvenaria com tijolo furado U = 2,28 W/(m².K); dado retirado da norma brasileira (NBR) 15.220/2005, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada,U 2,20 W/(m².K)) ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da norma brasileira (NBR) 15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
  • 56. 55 Fator solar: FSo = 4.U.α Utilizando cor externa branca (α = 0,2, dado retirado da tabela B.2 da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se: FSo = 4.2,28.0,2 = 1,82% FSo = 1,82% - Atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50%) Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005, parte 3: Residência A (Residencial Coxiponês): Cobertura em telha cerâmica com forro de concreto de 12,00 cm Espessura da telha: 1,0 cm U [W/(m². K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K)) ϕ[horas] = 3,60 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50) FSo = 4.U.α Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da Tabela B.2 da NBR 15.220 /2005, Parte 2), tem-se: FSo = 4 . 1,92 . 0,75 FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5) Residência B (Residencial Jardim Vitória): Parede de tijolos de 8 furos circulares. Dimensões do tijolo: 10,0 x 20, 0 x 20,0 cm Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada no desenho) Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no desenho) Espessura total da parede: 15,0 cm Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaborada pela construtora Concremax e passadas a limpo pela autora).
  • 57. 56 Materiais utilizados: Alvenaria com tijolo furado U = 2,24W/(m². K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3-Não atende a norma (Parede pesada, U 2,20 W/(m².K)) ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50) Fator solar: FSo = 4.U.α Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da Tabela B.2 da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se: FSo = 4. 2,24. 0,3= 2,68 % FSo = 2,68 %-Atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50 %) Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3: Residência B (Residencial Jardim Vitória): Parede de tijolos de oito furos circulares. Dimensões do tijolo: 10,0 x 20, 0 x 20, 0 cm Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm (não representada no desenho) Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm (não representada no desenho) Espessura total da parede: 15,0 cm Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Plantas elaboradas pela construtora Concremax e passadas a limpo pela autora). Materiais utilizados: Alvenaria com tijolo furado U = 2,24 W/(m². K); dado retirado da norma brasileira (NBR) 15.220, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada, U 2,20 W/(m².K)) ϕ [horas] = 3,7; dado retirado da norma brasileira (NBR) 15.220, Parte 3- Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50)
  • 58. 57 Fator solar: FSo = 4.U.α Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da Tabela B.2 da NBR 15.220, Parte 2), tem-se: FSo = 4. 2,24. 0,3 = 2,68% FSo = 2,68% -Atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50%) Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005, parte 3: Residência B (Residencial Jardim Vitória): Cobertura em telha Cerâmica tipo Plan Com forro de concreto de espessura de 12,00 cm U [W/(m².K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K)) ϕ[horas]= 3,6 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50) Fator Solar: FSo = 4.U.α Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se: FSo = 4 . 1,92 . 0,75 FSo = 5,7 5% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5) Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3: Residencial Jardim Antarctica (Residência C): Parede de tijolos de 6 furos circulares Dimensões do tijolo: 10,0x15, 0x20,0 cm Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm Espessura total da parede: 15,0 cm
  • 59. 58 Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) (Plantas elaborada pela construtora Ferrer,e passadas a limpo pela autora). Materiais utilizados: Alvenaria com tijolo furado U = 2,28W/ (m².K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Atende a norma (Parede pesada, U 2,20 W/(m².K)) ϕ [horas] = 3,70; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma(Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50) Fator solar: FSo = 4.U.α Utilizando cor externa amarela (α = 0,3, dado retirado da tabela B.2 da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se: FSo = 4. 2,28 . 0,3 = 2,68 % FSo = 2,73 % -Atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50%) Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005 -3: Residência C (Residencial Jardim Antárctica): Cobertura em telha cerâmica com forro de concreto de 12,00 cm Espessura da telha: 1,0 cm U [W/(m².K) ] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K)) ϕ[horas] = 3,60 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50) Fator Solar: FSo = 4.U.α Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se: FSo = 4 . 1,92 . 0,75 FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5)
  • 60. 59 Análise das Vedações segundo a NBR 15.220/2005 -3: Residência D (Residencial Pascoal Moreira): Parede de tijolos maciços; Dimensões do tijolo: 10,0 x 6,0 x 22,0 cm; Espessura da argamassa de assentamento: 1,0 cm; Espessura da argamassa de emboço: 2,5 cm; Espessura total da parede: 15,0 cm . Fonte: Caixa Econômica Federal (CEF) - (Planta elaborada pela construtora e incorporadora Brasil Central e passadas a limpo pela autora). Materiais utilizados: Alvenaria com tijolo comum: U = 3,13W/(m².K); dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada, U 2,20 W/(m².K)) ϕ [horas] = 3,8; dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3 - Não atende a norma (Parede pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50) Fator solar: FSo = 4.U.α Utilizando tijolo aparente (α = 0,70, dado retirado da tabela B.2 da NBR 15.220(2005), Parte 2), tem-se: FSo = 4. 3,13 . 0,7 = 8,76 % FSo = 8,76 % - Não atende a norma (Parede pesada, FSo 3,50 %) Análise da cobertura segundo a NBR 15.220/2005 - 3: Residência D (Residencial Pascoal Moreira): Cobertura em telha cerâmica Tipo Plan, com forro de concreto de 12 cm . U [W/(m².K)] = 1,92 dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Atende a norma (Cobertura pesada, U ≤ 2,00W/(m².K)) ϕ[horas]= 3,6, dado retirado da NBR 15.220/2005, Parte 3- Não atende a norma (Cobertura pesada, ϕ [horas] ≥ 6,50) Fator Solar:
  • 61. 60 FSo = 4.U.α Utilizando telha de barro (α = 0,75, dado retirado da tabela B.2 da NBR 15.220/2005, Parte 2), tem-se: FSo = 4 . 1,92 . 0,75 FSo = 5,76% - Atende a norma (Cobertura pesada, FSo ≤ 6,5) Conclui-se que a qualidade dos materiais empregados nas unidades habitacionais foi prejudicada para que a execução fosse de baixo custo. Os materiais de baixa qualidade não atingiram o mínimo suficiente para atender a norma na região de Cuiabá. As aberturas das janelas das tipologias estudadas ultrapassaram o máximo estipulado na norma. E a falta de sombreamento externo e nenhum tipo de proteção solar e uma implantação inadequada prejudicam a ventilação e o aproveitamento da orientação solar. O uso de cores claras na vedação externa ajudou no desempenho térmico das residências. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A sociedade está cada vez mais dominada pelo capitalismo, motivando a necessidade de mecanizar a produção agrícola para que a produtividade seja maior e mais ágil, diminuir as distâncias e a evolução nas comunicações e no transporte e, conseqüentemente, resultando na concentração da população nas áreas metropolitanas de forma desordenada. Os grandes centros urbanos estão sofrendo as conseqüências do mau planejamento urbano, devido ao seu deficiente ordenamento territorial e de seu errôneo modelo de desenvolvimento. O meio ambiente urbano tem sua capacidade exarcebada a cada dia, consumindo mais do que o necessário e gerando mais resíduos (sólidos, líquidos e gasosos) do que o ambiente pode assimilar. A conseqüência desse tipo de processo é a ocupação desordenada nos centros urbanos. A
  • 62. 61 construção de grandes aranhas-céu, pavimentação, canalização de córregos, fazendo surgir a “Ilha Urbana de Calor”, que são quantidades de ar quente presente em maior concentração no centro das cidades que sofrem com esse desequilíbrio. E essa condição dificulta a evaporação, reduz a dispersão dos poluentes atmosféricos gerados trazendo complicações para a vida do homem nessas metrópoles. A grande quantidade de casas e prédios, ruas e avenidas, pontes e viadutos e uma série de outras construções, construídas no lugar das áreas verdes, aumenta significativamente a irradiação de calor para a atmosfera em comparação com as zonas periféricas ou rurais, onde, em geral, é maior a cobertura vegetal. Diferentes padrões de refletividade, ou da quantidade de luz refletida, que ocorre sobre superfícies (de maneira direta ou difusa), são dependentes dos materiais empregados na construção civil. Com a ilha de calor, há um aumento significante pela demanda de energia elétrica para que se possa subsidiar maior conforto térmico. Pode-se notar que a maioria das edificações apresenta partidos arquitetônicos e sistemas construtivos padronizados, moldados à mesma maneira no país inteiro, sendo o mesmo projeto construído diversas vezes, com diferentes implantações, sem levar em conta as características da área e do clima. A economia das construtoras vai além do tipo de material a ser utilizado em obra, mas também na elaboração de projetos por profissionais especializados. Construtoras de grande porte elaboram projetos padronizados e adequados segundo as normas de edificações de algumas cidades, que não exigem projeto de conforto térmico, mesmo porque essas cidades não possuem profissionais especializados para a sua fiscalização dentro dos órgãos públicos. A tendência das construtoras é somente atender determinado
  • 63. 62 tipo de mercado consumidor, ou seja, construir a menor custo, executar mais rápido e com muito lucro, sem modificar o projeto, sem importar com o clima, com a falta de transporte, falta de infraestrutura do bairro, e outros aspectos que são muito relevantes para o conforto humano. A população mais desfavorecida, geralmente beneficiada por algum tipo de programa social, fica vulnerável ao desconforto térmico. Essa parcela da sociedade geralmente é induzida a se estabelecer nos espaços mais degradados da cidade, onde é possível que as condições climáticas específicas agravem. Observa-se também através das características geográficas, ambientais e dos dados Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) apud Secretaria do Planejamento (Anuário da SEPLAN) do estado do Mato Grosso, que as temperaturas mais altas em Cuiabá, ocorrem no mês de outubro, ou seja, na primavera. Porém as normas brasileira estudadas citam como referencia a estação do verão. Somos conscientes que as normas são muito novas e que este é apenas um início, muitas imperfeições certamente serão identificadas e corrigidas ao longo do tempo e através da experiência a ser proporcionada pela aplicação da norma. Antigamente, um projeto era elaborado levando em consideração as condições climatológicas com a finalidade de reconhecer fatores positivos e negativos, tomando partido dessas características ou não. Com a revolução tecnológica, o arquiteto e o engenheiro começaram a utilizar meios modernos para compensar esses fatores climatológicos, tornando a arte de projetar, segundo fatores climatológicos, mais cômodos, pois a indústria cresceu e deu a liberdade de escolha desses meios. Os projetos de conforto térmico eram vistos como economicamente inviáveis por grande empreendedores, ocasionando em edificações com alto consumo energético e/ou baixo desempenho térmico. Com a crise energética, houve o aumento no valor da energia,
  • 64. 63 forçando os setores a repensar em formas alternativas de energia e a diminuição do uso dela, conseqüentemente, exigindo a reavaliação do projeto. Surge, então, a necessidade de conceber o projeto que possibilite a execução de edificações mais eficientes, com melhor aproveitamento das condições climáticas (radiação solar, temperatura e umidade relativa do ar e ventos predominantes) para definição das soluções de projeto, uso de materiais locais (renováveis ou de menor impacto ambiental), projeto paisagístico, privilegiando o uso de espécies nativas , aproveitamento da vegetação para criação de um micro clima. Portanto, o partido arquitetônico passou a ser elemento chave para a concepção de um projeto, com a finalidade de se ter uso racional de energia. Como pode-se observar através dos resultados, as unidades habitacionais não foram projetadas considerando o conforto térmico Podem-se concluir que as construtoras ainda não estão preparadas para atender as exigências da NBR 15.575/2005 em relação ao desempenho térmico. Isso se deve a pouca existência de profissionais especializados, o que dificulta também a fiscalização. Mas devemos lembrar que o Código de Defesa do consumidor é específico quando diz que é vedado fornecer produto ou serviço em desacordo à norma brasileira, aumentando a demanda por especialistas na área devido à necessidade em atender a norma brasileira . Como pode ser observado, através dos resultados,as unidades habitacionais não foram projetadas considerando o conforto Térmico Além disso, as construtoras ainda não estão preparadas para atender as exigências da NBR 15.575/2005 em relação ao desempenho Térmico. Isso se deve a pouca existência de profissionais especializados,o que dificulta também a fiscalização. A qualidade dos materiais empregados nas unidades
  • 65. 64 habitacionais foi prejudicada para que a execução fosse de baixo custo. Os materiais de baixa qualidade não atingiram o mínimo suficiente para atender a norma na região de Cuiabá. As aberturas das janelas das tipologias estudadas ultrapassaram o máximo estipulado na norma. E a falta de sombreamento externo e nenhum tipo de proteção solar e uma implantação inadequada prejudicam a ventilação e o aproveitamento da orientação solar. O uso de cores claras na vedação externa ajudou no desempenho térmico das residências. Infelizmente podemos inferir que as tipologias dessas residências possuem metodologias construtivas fixadas em todo o Brasil, as habitações populares não são projetadas e construídas respeitando o clima do local onde são edificadas, mas sim seguindo um planejamento social e político. Os padrões construtivos baixos e consequentemente, o desempenho térmico insatisfatório, tornam o clima externo mais confortável que o interior das edificações . Por isso, a normalização do conforto térmico brasileiro é tão importante para as construtoras, para o próprio consumidor, órgãos públicos, dentre outros, utilizar as normas que definem os padrões construtivos mínimos para habitações populares, de acordo com a região. 8.1 Sugestões Ao começar um projeto, podemos prever as características individuais da região. Podemos projetar aproveitando a orientação do edifício em relação ao sol, direção dos ventos, particularidades e especificidades regionais como a Casa Eficiente da Figura 17 e 18.
  • 66. 65 Figura 17 Casa Eficiente.Sol nascente na cidade de Florianópolis-SC Fonte: Eletrosul, 2010
  • 67. 66 Figura 18 Casa Eficiente.Sol poente na cidade de Florianópolis-SC Fonte: Eletrosul, 2010 A orientação do edifício influi na quantidade de calor por ele recebida e o uso adequado da orientação em função da radiação solar implica em conforto para a edificação e menores consumos de energia (MASCARÓ, 1991). Deverá ser distribuído ambientes voltados para áreas de menor insolação conforme o tipo de uso e permanência. O que mais interfere no conforto térmico são as aberturas, os materiais utilizados e a cobertura. O uso de brises em fachadas com grande incidência solar, seria uma alternativa, como podemos ver na Figura 19.
  • 68. 67 Figura 19 Brises horizontais (Edifício Duquesa de Goiás, desenhado pelo escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados) Fonte:Revista Arcoweb/2010 As aberturas devem ser pequenas e calculadas conforme a área.Se não for possível projetar aberturas pequenas,colocar proteção solar como por exemplo os brises.E na área externa fazer sombreamento através de árvores ou algum outro tipo de anteparo. Devido a grande incidência solar, há a elevação da temperatura a maior parte do ano, para isso as coberturas deverão ser pesadas, com materiais que tenham transmitância térmica (U) baixa, atraso térmico (ϕ ) alto. Deverão ter forros de grande espessura ou aberturas para ventilação entre o forro e a estrutura do telhado. A ventilação cruzada também é muito importante, tanto sobre o forro,sob o piso e no interior das edificações (Figura 20).
  • 69. 68 Figura 20 Ventilação cruzada. Fonte: Conforto Térmico e Bioclimatologia (LABEEE-Laboratório de Eficiência energética em Edificações) A ventilação sobre a edificação tem a função de resfriar tanto o forro, quanto a cobertura. A ventilação sob a edificação tem a função de resfriar o calor advindo da terra para o chão da edificação. Isso é ocasionado pela ilha de calor que acontece com maior intensidade no período noturno quando a terra aquecida começa a perder calor para a área externa. Para evitar a retenção de calor em um edifício é necessária a aplicação de elementos vazados que permitam a ventilação cruzada no interior dos ambientes, isto é, o ar entra em um ambiente por um ponto extremo e sai por outro ponto, não alinhado ao primeiro. O ar circula, é renovado e proporciona conforto ao usuário. Ainda se tratando de coberturas, podemos utilizar materiais que auxiliam na diminuição da transmitância térmica (U) como por exemplo isolantes refletivos.Existem no mercado isolantes refletivos em alumínio em
  • 70. 69 ambas as faces. O calor radiante que atinge as superfícies da parede e teto é refletido de volta, assim mantendo o interior a uma temperatura amena. Outra maneira é utilizar telhas pintadas de cores claras que evitem a retenção de calor no interior do edifício e possuem pouca absortância (α). Outro tipo de telha que existe no mercado é a telha com poliestireno expandido (EPS ou isopor). Produzida com face metálica em aço galvanizado, pré-pintado com camada de poliuretano injetado ou poliestireno expandido (EPS ou isopor). Uma maneira versátil é o uso do teto verde, que possui a capacidade de armazenar água, além da vantagem da cobertura vegetal (Figura 21). Figura 21 Academia de Ciências de São Francisco(Califórnia - USA). A obra de Renzo Piano Fonte: Revista Casa, 2010 Os telhados verdes são estruturas que se caracterizam pela aplicação de cobertura vegetal nas edificações, utilizando impermeabilização e drenagem adequadas e que surgem como uma alternativa de cobertura capaz de proporcionar várias vantagens sobre as coberturas convencionais, dentre
  • 71. 70 as principais podemos citar a melhoria nas condições de conforto das edificações. O telhado verde ajuda amenizar as ilhas de calor que se formam nas cidades densamente construídas por causa da falta de áreas verdes e excesso de áreas com solo impermeabilizado. As vedações externas podem ser pintadas com cores claras ou revestidas com materiais com absortância (α) baixa como a chapa de alumínio, refletindo a luz solar que incide na edificação. O paisagismo no entorno da edificação é uma maneira eficiente de se tratar uma edificação. A vegetação, além de benefícios visuais, oferece uma temperatura mais amena no edifício, pois oferecem sombra, diminuindo a incidência solar direta no edifício. A utilização de asperssores de água tanto em conjunto com ventilação forçada ou em borrifos em telhados com telhas cerâmicas é praticável, assim como coberturas de tanques de água sombreadas no átrio das edificações e fontes e espelhos d’água no entorno. O resfriamento evaporativo do ar é uma técnica eficiente energeticamente para produzir ambientes internos confortáveis. A eficiência e o baixo custo dos sistemas de resfriamento evaporativo de sprays de água em comparação ao uso de ar condicionado os tornam uma boa alternativa na redução do consumo de energia. Em Cuiabá é comum o uso de aspersores em bares, restaurantes e salas de grandes eventos, principalmente na época de seca. 8.2 Sugestões para trabalhos futuros Este trabalho é resultado de pesquisa para a conclusão do Lato Sensu, posteriormente, serão investigadas as soluções compatíveis e economicamente viáveis através de:
  • 72. 71 a) Interferência na arquitetura dos edifícios energeticamente eficientes; b) Utilizando-se materiais mais eficientes; c) Melhores métodos construtivos(segundo a climatologia do local).
  • 73. 72 9 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.220. Desempenho térmico de edificações ,Parte 2 e 3.Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575. Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos - Desempenho ,Parte 1 a 5.Rio de Janeiro, 2010. COSTA, E. R. C. Campo Termo Higrométrico Intra urbano e a formação de ilhas de calor e de frescor urbanas em Santa Maria/RS.Santa Maria,Rio Grande do Sul,2009,23p., Dissertação(Mestrado em Geografia e Geociências),Universidade Federal de Santa Maria,Santa Maria,RS. COUTINHO, A. C. Dinâmica das queimadas no estado do mato grosso e suas relações com as atividades antrópicas e a economia local. 2005, 308p. Tese (Ciência Ambiental) – Universida São Paulo, São Paulo,SP. COZZA, E. Saco cheio. Revista Construção, São Paulo, n. 2599, v. 16, dez. 1997. DUARTE, D.H.S.;Serra, G.G., Ambiente construído,Revista da Antac, Porto Alegre,RS,V.3,n-2,p.7 a 20,abril-junho de 2003.Padrões de ocupação do solo e microclimas urbanos na região de clima tropical continental brasileira:correlações e proposta de um indicador EMBRAPA, "Brasil em Relevo", EMBRAPA, (2005), desenvolvido através da utilização de dados coletados pelo sensor Shuttle Radar Topography Mission - SRTM, escala 1:250.000. Disponível em: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/mt/index.htm Acesso dia 03 de junho de 2010 FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual de conforto térmico. São Paulo: Nobel, 1995. 243p. GRILLO, J.C.; AMORIM, C.N.. Janela na Edificação: Normas e indicações para projeto. I Conferência Latino-Americana de Construção Sustentável e X Encontro Nacional de Tecnologia do ambiente construído. São Paulo, SP, 2004,14 p.São Paulo,SP LEÃO, M. Desempenho térmico em habitações populares para regiões de clima tropical: estudo de caso em Cuiabá-MT. 2006, 120p. Dissertação - Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá,Mato Grosso
  • 74. 73 LEÃO,É. B., Carta Bioclimática de Cuiabá-Mato Grosso, dissertação de Mestrado,Universidade Federal do Mato Grosso,Cuiabá,2007 LOPES, S; DECKERS,H.P.F..;AMARAL,A.G. Desempenho Térmico das Edificações, Lavras : UFLA/FAEPE – 2010.163p.: il. Curso de Pós- Graduação Lato Sensu (Especialização) a Distância – Gestão e Inovações Tecnológicas na Construção MAITELLI, G. T. – Uma abordagem tridimensional de clima urbano em área tropical continental: o exemplo de Cuiabá-MT. São Paulo, FFLCH- USP, 1994.Tese (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1994 MAITELLI, G. T.; ZAMPARONI, C.A.G.P.; E LOMBARDO, M. A. Ilha de calor em Cuiabá/MT: uma abordagem de clima urbano. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEIO AMBIENTE, 3, 1991, Londrina,PR,Londrina, Paraná:, 1991, v. 1, p. 561-571 MASTER(Meteorologia Aplicada a sistemas de Tempo Regionais)Página do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo,São Paulo,SP,2.000. Disponível em: http://www.master.iag.usp.br/ Acesso dia 03 de junho de 2010 NOGUEIRA, M. C. J. A.; DURANTE, L. C.; NOGUEIRA, J. S. Conforto térmico na escola pública em cuiabá-mt:estudo de caso. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal do Rio Grande, 2005 PACHECO,E.J.V. Análise de Desempenho Térmico em edificação habitada e não habitada na cidade de Cuiabá-MT.Cuiabá,Mato Grosso,2007,47p,dissertação(Mestrado em Física e meio ambiente),Universidade Federal de Mato Grosso,Cuiabá,MT. PRADO, T. Rumo aos edifícios energicamente eficientes. 02 de abril de 2008, disponível em <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/conteudo_274870.sht ml>. Acesso em: 29 ago. 2010. ROMERO, M. A. B., Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. São Paulo:Projeto, 2000, 2ª edição, 128 p.