1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
Fazendo as palavras se encaixarem com
coerência e coesão
Disponível em:
http://www.poynter.org/column.asp?id=78&aid=173675,
acessado em 17/03/2010
Por Roy Peter Clark em 17/3/2010 - Poynter Institute –
Tradução do professor
Eu aprendi duas palavras que me ajudaram a organizar a escrita. Uma
delas é "coerência." A outra é "coesão."
O jornalista consegue a coerência, e o leitor assimila o sentido, quando as
peças de um grande texto se encaixam muito bem - como uma bela peça
de mobília. Uma história pode ser organizada pela lógica, pela
argumentação, pelo movimento de espaço ou de tempo ou por elementos
do conteúdo ou tema. Em um texto coerente, você pode até passar
desapercebido pelas peças que formam o trabalho, embora não haja nada de errado
com o leitor se ele reconhecer que um determinado “poema” é um “soneto”. Mas
quando uma parte da história ou relato faz o leitor coçar a cabeça e pensar: "Como foi
que ele chegou ali?" poderá ser um sinal de incoerência em sua redação.
O autor pode verificar a coerência, a interconexão das partes do texto, especialmente
o começo, meio e fim, e, em seguida, escrever legendas para cada parte, como essas:
• Título: Fazendo as palavras se encaixarem
o Coerência e coesão
o Coerência significa que as peças grandes trabalham juntas
o Como testar a coerência
o Coesão significa que as pequenas partes trabalham em conjunto
o A ideia por trás da coesão
o Exemplos de coesão
o Como testar a coesão
Criei acima um pequeno roteiro do modo de compreender este artigo, e você pode
decidir se ela reflete uma visão coerente ou não.
O que a coerência faz para as grandes partes, a coesão faz para as partes pequenas. A
prática de criar coesão é fundamentada em algumas teorias a respeito de como as
pessoas aprendem. A idéia básica - escandalosamente simplificada - é que o saber se
assimila progressivamente.
Antigo conhecimento --> Novo conhecimento
Em uma seqüência de frases simples, a segunda oração começa onde a primeira
acaba. É como se uma “sentença” passasse um bastão para outra em uma corrida de
revezamento rumo ao “significado”.
Há muitas maneiras de conectar um período a outro, sendo a mais comum o uso de
uma conjunção, a parte do discurso cuja partícula tem o sentido de junção.
Conjunções simples, como "e" ou "mas" significam para o leitor que o escritor está
adicionando algo novo, ou de qualificação a algo que tinha sido dito antes.
Outro recurso consagrado consiste em usar um termo no início do período seguinte
que tem conexão para algum elemento do primeiro. Tomemos, por exemplo, este
script de televisão que apareceu no programa "American Moments", escrito pelo
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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famoso jornalista Charles Kuralt. É sobre os sons de um bonde de São Francisco, e
apresenta um homem chamado Al Quintana, que fala primeiro:
"Al Quintana : 'Não é como um saxofone ou qualquer outro instrumento musical. É um
instrumento de percussão."
[Na segunda frase, as palavras "É um" e "instrumento" remetem para a
primeira frase.]
"Kuralt: ‘Aí vem um dos instrumentos de percussão de que Al Quintana está falando. Al
Quintana dirige um bonde em San Francisco. Os bondes não seriam nada sem essas
campainhas"
A concisão e o ritmo suave dessas sentenças se constituem nos elementos de coesão
mais perceptíveis. As palavras "percussão", "instrumento" e "Al Quintana" se
encadeiam. Então, algo inicial – “Al Quintana”- nos conduz a novas informações, a de
que ele dirige um bonde. A frase seguinte começa com bonde e nos leva a uma nova
descoberta, a de que esses bondes têm campainhas.
Vamos usar esse padrão do “antigo” para o “novo” para testar o meu texto. Aqui,
novamente vamos ao primeiro parágrafo deste artigo:
Eu aprendi duas palavras que me ajudaram a organizar a escrita. Uma delas é
"coerência." A outra é "coesão."
A primeira frase introduz a expressão "duas palavras." A próxima frase revela "uma"
dessas palavras. A frase seguinte revela "a outra." Simples e compreensível, eu creio.
A melhor forma de detectar uma falta de coesão ("incoerência") é ler um esboço em
voz alta. Eu posso ouvir certamente um trecho ruim no meu texto - um lapso lógico,
que sabe? – coisa que eu não detecto ao simplesmente “ler”. É nesse momento de
leitura que eu paro e fortaleço os tendões e ligamentos que unem uma parte da minha
escrita a outra.
Sugestão
Pegue um texto recente seu e teste a coerência e a coesão. Para testar a coerência,
marque as partes de seu texto, pelo menos no início, meio e fim, e torne cada parte
um tópico, com título. Agora transforme esses títulos em um índice. O que você
identificou de coerência em seu trabalho durante este processo? Para testar a coesão,
leia o texto em voz alta - tanto para si mesmo quanto para um(a) amigo(a).
Identifique rupturas, non sequitur (literalmente, "não se segue"), ou quebras de lógica
ou significado. Verifique as frases e tente reescrevê-las usando a estrutura do modelo
antigo que você sintetizou em tópicos, de modo a criar um novo modelo.
Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)
site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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