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Cálculo Financeiro
Aplicações no
Secundário
Introdução
São inúmeras as situações do
nosso quotidiano em que estão
presentes conceitos de Cálculo
Financeiro. Podem ser abordadas:
• numa ótica de investimento
• numa ótica de financiamento
Essência do CF
O cerne do CF reside no Valor
Temporal do Dinheiro que é um
conceito intuitivo.
Um euro, seja investido ou seja
emprestado, não tem para nós, o
mesmo valor consoante fique
disponível imediatamente ou
apenas daqui a algum tempo
Esta atitude racional é a chamada
preferência pela liquidez pois
relativamente a uma determinada
quantia, preferimos dispor dela
imediatamente a dispor dela
apenas daqui a algum tempo.
Dispondo imediatamente dessa
quantia ficamos com liberdade
para decidir o destino a dar-lhe:
•Consumo
•Poupança
•Parte Consumo, parte poupança
Centremo-nos então na poupança:
Podemos aplicar essa quantia num
depósito bancário (risco reduzido),
que nos proporcionará ao fim de
um ano um valor superior - juros
Em síntese, relativamente a uma
mesma quantia, a preferência é
receber o mais cedo possível e
pagar o mais tarde possível.
É, pois, intuitiva a importância do
factor tempo em qualquer análise
que envolva capitais. Vamos então
atribuir-lhe um valor: juro
Juro - Remuneração do capital
durante determinado prazo. É, no
fundo, o valor do dinheiro tendo
em conta o factor tempo.
Justifica-se por 3 razões:
1. Privação da liquidez
2. Perda do poder de compra
3. Risco
Atendendo ao valor temporal do
dinheiro, para comparar capitais é
necessário que estejam reportados
a um mesmo momento. Esta é a
chamada Regra de Ouro do Cálculo
Financeiro e é o âmago de todo e
qualquer problema financeiro.
Resolver Problemas - Matemática
O processo de produção do juro
designa-se por processo de
capitalização. A frequência com
que em determinada operação se
processa o juro designa-se por
frequência ou periodicidade de
capitalização.
Uma vez produzido 2 coisas podem
acontecer ao juro
JURO
Não Capitaliza
É pago
Regime de
Juro Simples
“Puro”
É retido
Regime de
Juro “dito”
Simples
Capitaliza
Regime de
Juro
Composto
Exemplo: Determine o juro
produzido por um capital de 100€,
após um ano, à taxa de 10%, nas 4
situações seguintes:
a) RJS, capitalização anual
b) RJS, capitalização semestral
c) RJC, capitalização anual
d) RJC, capitalização semestral
a) RJS, capitalização anual
Assim o juro total, ao fim de um
ano, é 10€.
J C n i  
100 1 0,1J   
10J 
b) RJS, capitalização semestral
Como vigora o RJS, estes 5 € não vão
capitalizar no período seguinte,
pelo que o capital que volta a
incidir continua a ser 100€ o juro é
o mesmo: 5€
Assim o juro total, ao fim de um ano é,
novamente, 10€.
2
n
J C i  
100 0,5 0,1 5J    
c) RJC, capitalização anual
Neste caso há apenas uma
capitalização. Logo não vai haver
juros de juros.
Assim o juro total, ao fim de um ano é,
novamente, 10€.
J C n i  
100 1 0,1 10J    
d) RJC, capitalização semestral
Como vigora o RJC, estes 5 € vão
capitalizar no período seguinte,
pelo que o capital sobre o qual vão
incidir os juros são 105€.
Deste modo o juro total, ao fim de um
ano é, agora, 10,25€.
100 0,5 0,1 5J    
105 0,5 0,1 5, 25J    
Ora, isto levanta uma questão muito
interessante:
Na alínea d), a taxa de juro anual é
afinal 10% ou 10,25% ao ano?
A resposta a esta questão é:
AMBAS!
Apenas se trata de diferentes
conceitos de taxa de juro.
A primeira, de 10%, é uma taxa
nominal.
A segunda, de 10,25%, é uma taxa
efetiva.
Esta distinção ocorreu apenas na
situação d) pois é a única em que
simultaneamente vigorava o RJC e
mais do que uma capitalização no
prazo considerado.
Resumindo
REGIMEDEJUROSIMPLES
REGIMEDEJUROCOMPOSTO
IMPORTÂNCIA DA
PERIODICIDADEDAS
CAPITALIZAÇÕES
RELAÇÃOENTRETAXA NOMINAL
ETAXA EFETIVA
IRRELEVANTE TAXA NOMINAL=TAXA EFECTIVA
TAXA NOMINAL ≤TAXA EFECTIVADETERMINANTE
TAXAS DE JURO – DIFERENTES
CONCEITOS
•Taxas Nominais / Taxas Efetivas
•Taxas Proporcionais / Taxas Equivalentes
•Taxas Ilíquidas / Taxas Líquidas
•Taxas Correntes / Taxas Reais
Taxas Proporcionais / Taxas Equivalentes
Duas taxas, referidas a períodos de tempo
diferentes, dizem-se proporcionais se a razão
entre elas for a mesma que existe entre os
períodos de tempo a que se referem.
Duas taxas, referidas a períodos de tempo
diferentes, dizem-se equivalentes quando
fazem que um mesmo capital produza o
mesmo juro após um mesmo intervalo de
tempo.
Assim, relacionando com o exercício
•A taxa anual de 10% e a taxa semestral
de 5% são proporcionais;
•À taxa anual nominal de 10%, com
capitalizações semestrais, corresponde a
taxa anual efetiva de 10,25%
•A taxa semestral equivalente à taxa
anual efectiva de 10,25% é 5% (RJC)
•Em RJS não há distinção entre taxas
proporcionais e taxas equivalentes nem entre
taxas nominais e taxas efetivas.
•Essa distinção só surge em RJC e quando
simultaneamente , o período a que se reporta
a taxa não coincide com a periodicidade a que
são efetuadas as capitalizações.
•É evidente uma relação entre taxas nominais
e taxas proporcionais por um lado e entre
taxas efectivas e taxas equivalentes por outro.
As primeiras não reflectem o efeito das
sucessivas capitalizações.
Vamos calcular algumas taxas de juro, para
posteriormente podermos sistematizar :
Dada a taxa anual efetiva de 10%, quais as
equações que permitem obter as taxas
equivalentes (ou equivalentes) para os
seguintes períodos?
a) Semestre
b) Trimestre
c) Bimestre
d) Mês
a)
b)
c)
d)
De uma forma geral
   
1 2
2 21 0,10 1 0,0488i i    
   
1 4
4 41 0,10 1 0,02411i i    
   
1 6
6 61 0,10 1 0,0160i i    
   
1 12
12 121 0,10 1 0,00797i i    
   
1
1 0,10 1
k
ki  
Exercício:
Qual é a taxa anual efetiva subjacente à taxa
anual nominal de 10%, composta
mensalmente?
Resolução:
Taxa proporcional à taxa anual
Taxa mensal nominal igual à taxa mensal
efetiva (pois tem igual período de
capitalização)
Assim, a taxa anual efetiva equivalente é
12
0,1
0,008333
12
i  
   
12
121 1 0,10471i i i    
Exercício:
Considere a taxa anual nominal de 9%
composta trimestralmente, e calcule as
seguintes taxas efetivas.
a) Mensal
b) Semestral
c) Trimestral
d) Anual
Resolução:
a)
Taxa trimestral proporcional
Esta taxa é efetiva trimestral, pois reporta ao
mesmo período (trimestre)
Vamos então determinar a taxa efetiva mensal
equivalente
4
0,09
0,0225
4
i  
   
12 4
12 121 1 0,0225 0,007444i i    
Resolução:
b)
Como um semestre são dois trimestres,
vamos determinar a taxa efetiva semestral
equivalente:
c)
A taxa efetiva trimestral equivalente é 0,0225
   
2
2 21 1 0,0225 0,0455i i    
Resolução:
d) Para calcular a taxa anual efetiva basta
lembrar que 1 ano tem 4 trimestres:
   
4
1 1 0,0225 0,09308i i    
Exercício:
Considere a taxa anual efetiva de 9%
composta trimestralmente e calcule as
seguintes taxas:
a) Mensal efetiva
b) Semestral efetiva
c) Trimestral efetiva
d) Anual nominal
Resolução:
a) Uma vez que a taxa dada de 9% é efetiva,
pela relação de equivalência,
determinamos a taxa efetiva mensal (é
irrelevante o fato das capitalizações serem
trimestrais)
b) Da mesma forma
   
12
12 121 0,09 1 0,0072i i    
   
2
2 21 0,09 1 0,0440i i    
Resolução:
c) Mais uma vez
d) Agora já é importante as capitalizações
serem trimestrais. A taxa trimestral
equivalente já foi encontrada na alínea c).
Por uma relação de proporcionalidade
vamos determinar a taxa nominal anual
4 0,02178 0,08711i   
   
4
4 41 0,09 1 0,02178i i    
Para finalizar, só mais umas siglas…
sobre taxas.
TAE- Taxa Anual Efetiva
TAN – Taxa Anual Nominal
TANB – Taxa Anual Nominal Bruta
TAEB – Taxa Anual Efetiva Bruta
TAEL – Taxa Anual Efetiva Líquida
TAEG – Taxa Anual Efetiva de Encargos Globais
Regime de Juro Simples e Composto
De acordo com a simbologia que temos vindo
a utilizar, sejam
C – capital inicial
n – nº de períodos de duração da
operação financeira
i – Taxa de juro
Definimos também Capital Acumulado num
dado momento à soma do capital inicial
com o juro total produzido até esse
momento. Representemo-lo por S
Regime de Juro Simples
Neste regime o juro total é dado por
J=Cni
Pelo que o capital acumulado após n
períodos de capitalização é
S=C+J=C+Cni=C(1+ni)
S=C(1+ni)
A resolução de exercícios neste regime é
simples, pelo que passamos à frente.
Regime de Juro Composto
Neste regime vejamos o que acontece:
Relativamente ao Juro periódico evolui em
progressão geométrica de razão (1+i).
O juro total é então a soma dos termos de
uma progressão geométrica
Ano
Capital
Inicial
Juro do ano Capital acumulado no final de cada ano
1 C j1=Cx1xi=Ci S1=C+j1=C+Ci=C(1+i)
2 C(1+i) j2=C(1+i)x1+i=Ci(1+i) S2=C(1+i)+j2=C(1+i)+Ci(1+i)=C(1+i)(1+i)=C(1+i)2
3 C(1+i)2
j3=C(1+i)2
x1xi=Ci(1+i)2
S3=C(1+i)2
+j3=C(1+i)2
+Ci(1+i)2
=C(1+i)(1+i)2
=C(1+i)3
… … … …
n-1 C(1+i)(n-2)
jn-1=Ci(1+i)n-2
Sn-1=C(1+i)n-1
n C(1+i)(n-1)
Jn=Ci(1+i)n-1
Sn=C(1+i)n
Assim, utilizando a fórmula da soma de
termos de uma progressão geométrica
temos que
ou seja o valor do Juro Total
Assim o capital acumulado S=C+J
 
 
 
 1
1 1 1 1
1 1
1 1
n n
n
PG
i i
S j Ci C i
i i
   
       
   
 1 1
n
J C i   
 
   1 1 1
n n
S C J C C i C i        
 
Exercício:
Foi efectuado um depósito de 10000 € que,
após 5 semestres de capitalização em regime
de juro composto, gerou o capital acumulado
de 11314,08€. A que taxa foi remunerado este
depósito?
Resolução:
Equacionar o problema é simples  1
n
S C i 
   
5 5
5
11314.08 10000 1 1 1.13408
1.13408 1 0,025
i i
i i
     
    
Exercício:
Foi efectuado um depósito de 40000 € à taxa
anual de 5%. Após algum tempo, o capital
acumulado era de 48620,25€ (RJC). Qual a
duração deste depósito?
Resolução:
Equacionar o problema é simples
Como a tx estava em anos a duração é 4 anos.
 1
n
S C i 
   
 1,05
48620.25 40000 1 0,05 1,05 1.215506
log 1.215506 4
n n
n n
    
   
Para finalizar…
Num livro de MACS do 10º ano surge “caída”
do céu a seguinte fórmula
que permite determinar a prestação p para a
amortização de um empréstimo dado C como
capital inicial, i a taxa de juro e n a duração do
empréstimo.
 
 
1
1 1
n
n
i i
p C
i
 
 
 
A fórmula anteriormente apresentada deriva
da Amortização de Empréstimos Clássicos .
De demonstração não aplicável nas condições
de uma Sessão Prática, resta-me indicar que
estamos perante um sistema de prestações
constantes denominado por Sistema Francês.
Tem em conta o Valor Temporal do Dinheiro e
o fato de que a soma de todas as prestações,
reportada ao momento em que o empréstimo
é contraído tem exatamente o mesmo valor.
Bibliografia:
MATIAS, ROGÉRIO (2009), Cálculo Financeiro –
Teoria e Prática, 3.ª edição, Escolar Editora
NEVES, MARIA AUGUSTA FERREIRA e
BOLINHAS, SANDRA e FARÍA, LUÍSA
(2010), MACS 10, 1.ª edição, Porto Ed.
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  • 2. Introdução São inúmeras as situações do nosso quotidiano em que estão presentes conceitos de Cálculo Financeiro. Podem ser abordadas: • numa ótica de investimento • numa ótica de financiamento
  • 3. Essência do CF O cerne do CF reside no Valor Temporal do Dinheiro que é um conceito intuitivo. Um euro, seja investido ou seja emprestado, não tem para nós, o mesmo valor consoante fique disponível imediatamente ou apenas daqui a algum tempo
  • 4. Esta atitude racional é a chamada preferência pela liquidez pois relativamente a uma determinada quantia, preferimos dispor dela imediatamente a dispor dela apenas daqui a algum tempo. Dispondo imediatamente dessa quantia ficamos com liberdade para decidir o destino a dar-lhe:
  • 5. •Consumo •Poupança •Parte Consumo, parte poupança Centremo-nos então na poupança: Podemos aplicar essa quantia num depósito bancário (risco reduzido), que nos proporcionará ao fim de um ano um valor superior - juros
  • 6. Em síntese, relativamente a uma mesma quantia, a preferência é receber o mais cedo possível e pagar o mais tarde possível. É, pois, intuitiva a importância do factor tempo em qualquer análise que envolva capitais. Vamos então atribuir-lhe um valor: juro
  • 7. Juro - Remuneração do capital durante determinado prazo. É, no fundo, o valor do dinheiro tendo em conta o factor tempo. Justifica-se por 3 razões: 1. Privação da liquidez 2. Perda do poder de compra 3. Risco
  • 8. Atendendo ao valor temporal do dinheiro, para comparar capitais é necessário que estejam reportados a um mesmo momento. Esta é a chamada Regra de Ouro do Cálculo Financeiro e é o âmago de todo e qualquer problema financeiro. Resolver Problemas - Matemática
  • 9. O processo de produção do juro designa-se por processo de capitalização. A frequência com que em determinada operação se processa o juro designa-se por frequência ou periodicidade de capitalização. Uma vez produzido 2 coisas podem acontecer ao juro
  • 10. JURO Não Capitaliza É pago Regime de Juro Simples “Puro” É retido Regime de Juro “dito” Simples Capitaliza Regime de Juro Composto
  • 11. Exemplo: Determine o juro produzido por um capital de 100€, após um ano, à taxa de 10%, nas 4 situações seguintes: a) RJS, capitalização anual b) RJS, capitalização semestral c) RJC, capitalização anual d) RJC, capitalização semestral
  • 12. a) RJS, capitalização anual Assim o juro total, ao fim de um ano, é 10€. J C n i   100 1 0,1J    10J 
  • 13. b) RJS, capitalização semestral Como vigora o RJS, estes 5 € não vão capitalizar no período seguinte, pelo que o capital que volta a incidir continua a ser 100€ o juro é o mesmo: 5€ Assim o juro total, ao fim de um ano é, novamente, 10€. 2 n J C i   100 0,5 0,1 5J    
  • 14. c) RJC, capitalização anual Neste caso há apenas uma capitalização. Logo não vai haver juros de juros. Assim o juro total, ao fim de um ano é, novamente, 10€. J C n i   100 1 0,1 10J    
  • 15. d) RJC, capitalização semestral Como vigora o RJC, estes 5 € vão capitalizar no período seguinte, pelo que o capital sobre o qual vão incidir os juros são 105€. Deste modo o juro total, ao fim de um ano é, agora, 10,25€. 100 0,5 0,1 5J     105 0,5 0,1 5, 25J    
  • 16. Ora, isto levanta uma questão muito interessante: Na alínea d), a taxa de juro anual é afinal 10% ou 10,25% ao ano? A resposta a esta questão é: AMBAS! Apenas se trata de diferentes conceitos de taxa de juro.
  • 17. A primeira, de 10%, é uma taxa nominal. A segunda, de 10,25%, é uma taxa efetiva. Esta distinção ocorreu apenas na situação d) pois é a única em que simultaneamente vigorava o RJC e mais do que uma capitalização no prazo considerado.
  • 18. Resumindo REGIMEDEJUROSIMPLES REGIMEDEJUROCOMPOSTO IMPORTÂNCIA DA PERIODICIDADEDAS CAPITALIZAÇÕES RELAÇÃOENTRETAXA NOMINAL ETAXA EFETIVA IRRELEVANTE TAXA NOMINAL=TAXA EFECTIVA TAXA NOMINAL ≤TAXA EFECTIVADETERMINANTE
  • 19. TAXAS DE JURO – DIFERENTES CONCEITOS •Taxas Nominais / Taxas Efetivas •Taxas Proporcionais / Taxas Equivalentes •Taxas Ilíquidas / Taxas Líquidas •Taxas Correntes / Taxas Reais
  • 20. Taxas Proporcionais / Taxas Equivalentes Duas taxas, referidas a períodos de tempo diferentes, dizem-se proporcionais se a razão entre elas for a mesma que existe entre os períodos de tempo a que se referem. Duas taxas, referidas a períodos de tempo diferentes, dizem-se equivalentes quando fazem que um mesmo capital produza o mesmo juro após um mesmo intervalo de tempo.
  • 21. Assim, relacionando com o exercício •A taxa anual de 10% e a taxa semestral de 5% são proporcionais; •À taxa anual nominal de 10%, com capitalizações semestrais, corresponde a taxa anual efetiva de 10,25% •A taxa semestral equivalente à taxa anual efectiva de 10,25% é 5% (RJC)
  • 22. •Em RJS não há distinção entre taxas proporcionais e taxas equivalentes nem entre taxas nominais e taxas efetivas. •Essa distinção só surge em RJC e quando simultaneamente , o período a que se reporta a taxa não coincide com a periodicidade a que são efetuadas as capitalizações. •É evidente uma relação entre taxas nominais e taxas proporcionais por um lado e entre taxas efectivas e taxas equivalentes por outro. As primeiras não reflectem o efeito das sucessivas capitalizações.
  • 23. Vamos calcular algumas taxas de juro, para posteriormente podermos sistematizar : Dada a taxa anual efetiva de 10%, quais as equações que permitem obter as taxas equivalentes (ou equivalentes) para os seguintes períodos? a) Semestre b) Trimestre c) Bimestre d) Mês
  • 24. a) b) c) d) De uma forma geral     1 2 2 21 0,10 1 0,0488i i         1 4 4 41 0,10 1 0,02411i i         1 6 6 61 0,10 1 0,0160i i         1 12 12 121 0,10 1 0,00797i i         1 1 0,10 1 k ki  
  • 25. Exercício: Qual é a taxa anual efetiva subjacente à taxa anual nominal de 10%, composta mensalmente? Resolução: Taxa proporcional à taxa anual Taxa mensal nominal igual à taxa mensal efetiva (pois tem igual período de capitalização) Assim, a taxa anual efetiva equivalente é 12 0,1 0,008333 12 i       12 121 1 0,10471i i i    
  • 26. Exercício: Considere a taxa anual nominal de 9% composta trimestralmente, e calcule as seguintes taxas efetivas. a) Mensal b) Semestral c) Trimestral d) Anual
  • 27. Resolução: a) Taxa trimestral proporcional Esta taxa é efetiva trimestral, pois reporta ao mesmo período (trimestre) Vamos então determinar a taxa efetiva mensal equivalente 4 0,09 0,0225 4 i       12 4 12 121 1 0,0225 0,007444i i    
  • 28. Resolução: b) Como um semestre são dois trimestres, vamos determinar a taxa efetiva semestral equivalente: c) A taxa efetiva trimestral equivalente é 0,0225     2 2 21 1 0,0225 0,0455i i    
  • 29. Resolução: d) Para calcular a taxa anual efetiva basta lembrar que 1 ano tem 4 trimestres:     4 1 1 0,0225 0,09308i i    
  • 30. Exercício: Considere a taxa anual efetiva de 9% composta trimestralmente e calcule as seguintes taxas: a) Mensal efetiva b) Semestral efetiva c) Trimestral efetiva d) Anual nominal
  • 31. Resolução: a) Uma vez que a taxa dada de 9% é efetiva, pela relação de equivalência, determinamos a taxa efetiva mensal (é irrelevante o fato das capitalizações serem trimestrais) b) Da mesma forma     12 12 121 0,09 1 0,0072i i         2 2 21 0,09 1 0,0440i i    
  • 32. Resolução: c) Mais uma vez d) Agora já é importante as capitalizações serem trimestrais. A taxa trimestral equivalente já foi encontrada na alínea c). Por uma relação de proporcionalidade vamos determinar a taxa nominal anual 4 0,02178 0,08711i        4 4 41 0,09 1 0,02178i i    
  • 33. Para finalizar, só mais umas siglas… sobre taxas. TAE- Taxa Anual Efetiva TAN – Taxa Anual Nominal TANB – Taxa Anual Nominal Bruta TAEB – Taxa Anual Efetiva Bruta TAEL – Taxa Anual Efetiva Líquida TAEG – Taxa Anual Efetiva de Encargos Globais
  • 34. Regime de Juro Simples e Composto De acordo com a simbologia que temos vindo a utilizar, sejam C – capital inicial n – nº de períodos de duração da operação financeira i – Taxa de juro Definimos também Capital Acumulado num dado momento à soma do capital inicial com o juro total produzido até esse momento. Representemo-lo por S
  • 35. Regime de Juro Simples Neste regime o juro total é dado por J=Cni Pelo que o capital acumulado após n períodos de capitalização é S=C+J=C+Cni=C(1+ni) S=C(1+ni) A resolução de exercícios neste regime é simples, pelo que passamos à frente.
  • 36. Regime de Juro Composto Neste regime vejamos o que acontece: Relativamente ao Juro periódico evolui em progressão geométrica de razão (1+i). O juro total é então a soma dos termos de uma progressão geométrica Ano Capital Inicial Juro do ano Capital acumulado no final de cada ano 1 C j1=Cx1xi=Ci S1=C+j1=C+Ci=C(1+i) 2 C(1+i) j2=C(1+i)x1+i=Ci(1+i) S2=C(1+i)+j2=C(1+i)+Ci(1+i)=C(1+i)(1+i)=C(1+i)2 3 C(1+i)2 j3=C(1+i)2 x1xi=Ci(1+i)2 S3=C(1+i)2 +j3=C(1+i)2 +Ci(1+i)2 =C(1+i)(1+i)2 =C(1+i)3 … … … … n-1 C(1+i)(n-2) jn-1=Ci(1+i)n-2 Sn-1=C(1+i)n-1 n C(1+i)(n-1) Jn=Ci(1+i)n-1 Sn=C(1+i)n
  • 37. Assim, utilizando a fórmula da soma de termos de uma progressão geométrica temos que ou seja o valor do Juro Total Assim o capital acumulado S=C+J        1 1 1 1 1 1 1 1 1 n n n PG i i S j Ci C i i i                  1 1 n J C i         1 1 1 n n S C J C C i C i          
  • 38. Exercício: Foi efectuado um depósito de 10000 € que, após 5 semestres de capitalização em regime de juro composto, gerou o capital acumulado de 11314,08€. A que taxa foi remunerado este depósito? Resolução: Equacionar o problema é simples  1 n S C i      5 5 5 11314.08 10000 1 1 1.13408 1.13408 1 0,025 i i i i           
  • 39. Exercício: Foi efectuado um depósito de 40000 € à taxa anual de 5%. Após algum tempo, o capital acumulado era de 48620,25€ (RJC). Qual a duração deste depósito? Resolução: Equacionar o problema é simples Como a tx estava em anos a duração é 4 anos.  1 n S C i       1,05 48620.25 40000 1 0,05 1,05 1.215506 log 1.215506 4 n n n n         
  • 40. Para finalizar… Num livro de MACS do 10º ano surge “caída” do céu a seguinte fórmula que permite determinar a prestação p para a amortização de um empréstimo dado C como capital inicial, i a taxa de juro e n a duração do empréstimo.     1 1 1 n n i i p C i      
  • 41. A fórmula anteriormente apresentada deriva da Amortização de Empréstimos Clássicos . De demonstração não aplicável nas condições de uma Sessão Prática, resta-me indicar que estamos perante um sistema de prestações constantes denominado por Sistema Francês. Tem em conta o Valor Temporal do Dinheiro e o fato de que a soma de todas as prestações, reportada ao momento em que o empréstimo é contraído tem exatamente o mesmo valor.
  • 42. Bibliografia: MATIAS, ROGÉRIO (2009), Cálculo Financeiro – Teoria e Prática, 3.ª edição, Escolar Editora NEVES, MARIA AUGUSTA FERREIRA e BOLINHAS, SANDRA e FARÍA, LUÍSA (2010), MACS 10, 1.ª edição, Porto Ed. nunangelino@gmail.com