1) Bernardinho é um treinador de vôlei de sucesso e também um investidor bem-sucedido, tendo aumentado consideravelmente seu patrimônio por meio de investimentos em negócios e fundos de ações. 2) Além disso, ele costuma aconselhar seus jogadores sobre investimentos financeiros e orientá-los a evitar gastos desnecessários como carros caros, encorajando-os a investir em imóveis. 3) Bernardinho também criou o Instituto Compartilhar, uma organização sem fins lucrativos que of

1. [ em evidência |||||||||||||||||||||||||
por Tabata Pitol
Bernardinho
treinador de sucesso,
investidor de sucesso
fotos: Silvio Ávila/CBV
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2. Não há quem duvide da capacidade de ficam um pouco perdidos. Sem falar que mui-
técnico de Bernardo Rocha de Rezende, o tas vezes recebem propostas faraônicas, pro-
Bernardinho. Também pudera: eleito quatro metendo rentabilidades impossíveis. Nesses
vezes o melhor técnico esportivo do Brasil casos, sempre ajudo”, afirma.
pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), con- Seus principais conselhos giram em tor-
quistou 27 pódios nos 28 torneios em que no da importância de diversificar, conhecer
comandou a Seleção Brasileira feminina de onde se está investindo e os riscos envolvi-
voleibol, e com a Seleção masculina foi cam- dos. “Tem jogador que quer investir em boi
peão olímpico, mundial, sul-americano, entre porque conhece, viveu essa realidade, e nis-
outras realizações. so não posso ajudar, pois não tenho conhe-
No entanto, o sucesso não se limita às qua- cimento suficiente. Para os que trabalham
dras. Economista por formação, Bernardinho mais com mercado, eu digo para diversi-
não se intimida em admitir que é, também, um ficar, acompanhar sempre, estar atento.
investidor de sucesso. “O fato de eu ter cursa- Sempre explico que rentabilidade alta exige
do Economia me deu a capacidade de pensar risco alto, não dá para acreditar em grandes
melhor em como cuidar do meu dinheiro e a ganhos sem grandes riscos”.
possibilidade de realizar boas análises das Outra conversa comum é sobre aquisição
oportunidades. E tive a chance de encontrar de bens. “É comum entre os atletas a vonta-
pessoas que me disponibilizaram boas chan-
ces e me ajudaram a aumentar meu patrimô-
nio”, conta.
Embora aplique em alguns produtos finan-
ceiros - diz ter dois fundos de ações – seus “Ideal é cuidar
maiores investimentos estão nos negócios. bem do dinheiro,
“Meu esporte é um esporte de equipe, e é sempre
assim que trabalho quando o assunto é ne-
gócios e investimentos. Há mais de 20 anos
repudiando
sou sócio do restaurante Delírio Tropical, com a gastança
oito unidades no Rio de Janeiro, marca mui- desenfreada;
to conhecida no estado. Mais recentemente isso não cabe no
me associei ao Alexandre Accioly, João Paulo
Diniz e Ana Gutierrez, na rede de academias
mundo atual”
A!Body Tech, com 18 unidades espalhadas
por todo o Brasil. Em maio deste ano, junto
com Accioly e Luciano Huck, me tornei sócio
da Yoggi, famosa marca de frozen yogurt. Eu de de comprar um carro muito bacana. Acho
posso não conhecer o negócio, mas conheço um absurdo gastar com isso antes de se ter
as pessoas que estão nele e isso me faz ter um apartamento, por exemplo. Carro não é
confiança para investir. Até nos meus fundos investimento, desvaloriza. A vida profissional
de ação é assim. Estou neles porque conheço de um atleta é curta, portanto, é preciso evitar
os gestores e confio plenamente na capaci- essas perdas, pois, quando a carreira chega
dade que têm de tomar boas decisões. Posso ao fim, a vida de cidadão continua, e é preci-
dizer que meu patrimônio cresceu muito com so ter dinheiro para se manter. Sempre falo
essas sociedades”. para, primeiro, comprar uma casa, um imóvel
próprio. Eles precisam entender que é funda-
Nas horas vagas: consultor mental ter investimentos que garantam uma
E não é apenas em benefício próprio que o vida financeira equilibrada ao término de sua
técnico utiliza seus conhecimentos sobre eco- carreira”, explica.
nomia e investimentos. “Converso sobre esse Outra opção de investimento
assunto com meus jogadores. Perguntam Entretanto, não é só em negócios que ge-
como investir, onde investir, e acabo dando di- ram dinheiro que Bernardinho aloca seus re-
cas e orientações. Não é nada formal, é parte cursos. Em 2003, o técnico criou o Instituto
do processo dar uma ajuda. Alguns deles são Compartilhar, entidade sem fins lucrativos
muitos jovens, ganham prêmios em dinheiro e que atende a cerca de 5 mil crianças e adoles-
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3. centes de classes menos favorecidas em todo Dinheiro não é tudo
o País, unindo esporte e educação. Antes de encerrar a entrevista, Bernardinho pe-
“Os projetos sociais não trazem retornos fi- diu para deixar um recado aos leitores da Invis-
nanceiros, muito pelo contrário, mas acho que ta. “Acho que o mais importante nessa história
todo mundo que pode tem o dever de ajudar o toda é saber fazer um bom uso do dinheiro. Di-
próximo. Eu criei o Instituto Compartilhar por- nheiro é a remuneração do trabalho, o reconhe-
que foi a forma de devolver um pouco do que o cimento do que você produziu, serve para prover
esporte me deu (e me deu muito mais do que seu bem-estar e o da sua família, mas não acho
eu esperava)”. que as pessoas devam almejar apenas isso na
Bernardo conta que a intenção é ensinar a vida. Precisamos muito mais uns dos outros do
essas crianças valores que podem ajudá-las que de coisas. Por isso, se você tem muito mais
durante toda a vida. “Não falamos diretamen- do que precisa, deveria compartilhar com quem
te de dinheiro com as crianças, mas educa- não tem e precisa. É isso que eu passo para os
mos para a vida, e o dinheiro faz parte disso. meus filhos. A ideia é cuidar bem do dinhei-
A gente explica que, para qualquer decisão ro para se ter no futuro, sempre repudiando a
que será tomada, é preciso se preparar. Na gastança desenfreada, isso não cabe no mundo
quadra de vôlei, o jogador precisa se preparar atual. O dinheiro pode mudar e afastar as pes-
para executar a ação que deseja e obter o re- soas. Os valores éticos não podem ser esqueci-
sultado esperado. Com o dinheiro é igual. Se dos. Aquela música do Frejat é que está certa:
vou tomar uma decisão relacionada ao meu desejo que você ganhe dinheiro, mas é preciso
patrimônio, preciso me preparar para isso, viver também, e que você diga a ele, pelo menos
não posso investir em algo que nem sei o que uma vez, quem é mesmo o dono de quem. Viver
significa, não li, não estudei, não sei do que se só para ganhar dinheiro é que não está certo”,
trata”, afirma. finaliza o técnico.
Vôlei x economia
A economia entrou na vida de
Bernardinho por acaso. Nascido em
28 de maio de 1959, em 1979 já era
jogador de vôlei. Porém, ainda não
acreditava que poderia transformar
em carreira o esporte pelo qual era
apaixonado. “Eu era jogador e resolvi ir
estudar porque não imaginava seguir
na carreira de atleta e de treinador.
Comecei fazendo Engenharia, mas
me formei em Economia, depois fiz
estágio em um banco de investimentos
e imaginava que esse seria o caminho
que eu iria trilhar”.
Porém, os números e teorias
perderam definitivamente o espaço
em sua vida profissional quando, em
1990, ele foi convidado para comandar
o time feminino do Peruggia, na Itália.
“Quando recebi esse convite, pensei um
pouco e decidi ir. Eu digo que resolvi dar
instituto compartilhar
uma chance à minha grande paixão.
A pergunta que eu queria responder
naquele momento era: dá para viver
de vôlei? E a vida me mostrou que sim”.
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