2. -
Brincando
com
o
autista
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De qualquer forma, a brincadeira pode e
deve ser estimulada! Já que ela contribui
para estabelecer o vínculo da criança
com seus pais, cuidadores, terapeutas e
também com outras crianças.2
Atividades lúdicas orientadas incentivam
as relações sociais e a consciência sobre
o seu próprio corpo, através delas, a
criança elabora sua autonomia de ação,
melhora sua capacidade de fazer
empatia, organiza suas emoções e
aprende sobre dividir e compartilhar.
Pensando nisso, montamos esse
superguia com dicas de brincadeiras
simples e muito divertidas, que podem
ser feitas com poucos recursos e até
mesmo com coisas que todo mundo tem
em casa!
Por meio da brincadeira as crianças
descobrem o ambiente e se conectam
com outras pessoas. É uma
oportunidade para aprender e se
desenvolver. Mas sabemos que nas
crianças com transtorno do espectro
autista, o ato de brincar pode ser um
pouco diferente do que estamos
acostumados, afinal de contas,
conquistar a atenção de um autista e
engajá-lo numa atividade ou jogo que
envolve outras pessoas é um desafio à
parte.1
Brincar é experimentar o mundo!
3. -
Brincando
com
o
autista
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Lembra dela? Uma brincadeira antiga e
nostálgica, a musiquinha “serra-serra,
serrador” acompanhada do “balançar” é
um exemplo muito legal de brincadeira que
pode agradar bastante os autistas! Além
de ser muito divertida, o contato corporal
e o balanço para a frente e para trás
costuma ser uma forma gostosa de
contribuir para a regulação sensorial da
criança com TEA. Como os rostos ficam
próximos, essa atividade também estimula
o contato visual e o fortalecimento do
vínculo entre a criança e o adulto que está
conduzindo a brincadeira.3
Recursos: você pode brincar sem usar
nenhum recurso extra além da sua
própria sua voz! Mas se sentir que
precisa gerar mais interesse na
criança pela atividade, você pode
colocar a música para tocar ao fundo,
isso ajuda a familiarizar o autista com
o som antes de iniciar a brincadeira.
1 - Serrador
Recomendação de idade: pode ser
realizada com crianças de 1 até a idade
em que se demonstrarem interessadas.
4. -
Brincando
com
o
autista
04
Mais uma brincadeira antiga e amada por
muitos! As bolinhas brilhantes e coloridas
costumam fazer muito sucesso entre as
crianças com TEA. Para conseguir se
conectar com a criança, sente no chão de
forma que os seus olhos fiquem “na
mesma altura”, facilitando o contato
visual. Procure soprar as bolinhas bem
devagar para que ela entenda que é o seu
sopro que faz a “mágica” acontecer. Esse
comportamento estimula a imitação oral e
ensina a criança a soprar, além de
trabalhar os músculos da face. Se ela tiver
idade e condições, incentive-a a tentar, e
lembre-se de fazer uma grande festa
assim que ela conseguir! 2
Recomendação de idade: a partir dos
2 anos até a idade em que a criança
demonstrar interesse.
2 - Bolhas de sabão
Recursos: você vai precisar de um
“fazedor” de bolinhas que pode ser
encontrado nos supermercados, lojas
de festas e brinquedos, mas também
pode usar um canudo ou moldar um
arame no formato de arco com um
“cabo” para segurar, nesse caso você
também vai precisar de um potinho
com 4 partes de água para 1 parte de
sabonete líquido ou detergente neutro.
5. -
Brincando
com
o
autista
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Essa brincadeira exige a construção de um
dado diferente, você pode construí-lo
sozinho, ou chamar a criança para
participar, dependendo do nível de
funcionamento e engajamento dela com
atividades manuais.
O dado terá atividades ao invés de
números, a ideia é jogá-lo para cima e
fazer a atividade sorteada. Por isso, cada
face do dado deve conter uma ação a ser
realizada pela criança, por exemplo:
PULAR: deve-se incentivar a criança a
repetir a palavra "pular" e junto com ela
pular o mais alto que conseguir.
É muito divertido!
RODAR: girar em torno do próprio eixo
com a criança em seu colo.
ESCORREGAR: puxar a criança
gentilmente sobre um cobertor ou lençol.
Você pode realizar esta atividade com TNT.
BALANÇAR: balançá-la em seus braços,
em uma rede ou em uma balança.
APERTAR: abraçar e oferecer massagens
com diferentes tipos de movimentos e
intensidade de pressões em diversas
partes do corpo da criança.
PASSEAR: levar a criança de "cavalinho"
em suas costas. Esta atividade desenvolve
a flexibilidade e a participação física, além
de um momento de diversão, você oferece
à criança a oportunidade de desenvolver
sua consciência corporal e capacidade de
fazer contato físico com você de um jeito
controlado e confortável para ela. 3,4
Recursos: você pode montar um dado
grande com uma caixa de papelão
quadrada fechada de todos os lados.
Se tiver um molde, você também pode usar
EVA, cartolina ou até mesmo uma folha
sulfite. O ideal é usar imagens para ilustrar
as atividades ao invés de palavras,
principalmente se a criança não for verbal
ou não for alfabetizada ainda.
Recomendação de idade: essa é uma
atividade um pouco mais complexa, exige
que a criança entenda a função do dado, e
toda dinâmica da atividade proposta, por
isso, ela costuma ter melhores resultados
com crianças acima dos 3 anos.
1 - Dado divertido
Atividades para montar e fazer em casa
6. -
Brincando
com
o
autista
06
Recursos: você pode imprimir um molde
da cabeça “sem nada” numa folha. De
forma separada, recorte os moldes de nariz,
boca, olhos e todos os outros para ter
muitas possibilidades de brincar!
Recomendação de idade: essa é uma
atividade que pode ser aplicada para
autistas a partir de 1 ano, até o momento
em que ele demonstrar reconhecer todas
as partes do rosto.
Essa atividade propõe uma forma de
ensinar as partes do rosto: boca, nariz,
olho, sobrancelha, orelhas etc. É uma
ferramenta legal para trabalhar a
conscientização corporal e também as
emoções, por exemplo: boca com sorriso,
boca triste, olhos arregalados etc. Você vai
ter uma folha com um rostinho em branco,
e todas as partes dele separadas, e aí
juntos, vocês podem montar as expressões
e se divertir criando caretas diferentes:
felizes, tristes, com medo, bravas etc.
Na hora de brincar estimule a criança a
localizar no seu rosto e no dela, perguntando
coisas como: cadê o nariz? Ajude-a a apontar
nas primeiras vezes. Você também pode
aproveitar para estimular a fala, falando as
sílabas pausadamente: NA-RIZ. O-RE-LHA.5
2 - Monte o rosto
7. -
Brincando
com
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autista
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9
8
7
6
5
4
3
2
1
Recursos: esse é o tipo de brinquedo onde
você também se diverte montando. Seja
numa versão reduzida (como um caderno,
que você talvez precise de um molde) ou na
versão maior (tapete) feito com papelão,
o que vale é ser criativo. Use botões,
pompons, plástico bolha, papéis diferentes,
algodão, esponja de lavar louça, palha
de aço, canudos, tampinhas e tecidos de
todos os tipos como por exemplo: lã,
cetim, veludo etc.
Recomendação de idade: essa é uma
atividade que pode ser aplicada para
crianças autistas de todas as idades.
O processamento sensorial da criança
com TEA é diferente daquele que acontece
com uma criança neurotípica. Isso significa
que ela pode ser mais sensível a determinadas
coisas como sons, luzes, cheiros e texturas. Por
outro lado, ela também pode ter alguma
insensibilidade à dor. Por isso atividades
que estimulem as áreas sensoriais são
sempre muito bem-vindas.2 O caderno ou
tapete sensorial é um recurso interessante
para familiarizar às crianças com texturas
e sensações diferentes. Esse tipo de
material costuma ser muito querido pelos
autistas, que podem explorá-lo de formas
diferentes e divertidas. Além do estímulo
tátil, esses materiais podem trabalhar as
cores, formatos e o reconhecimento dos
tipos de superfícies.5
3- Caderno ou tapete sensorial
8. -
Brincando
com
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08
Fáceis de fazer e podem ser usados como
uma brincadeira de “sujar e limpar” para
ensinar a importância da higiene pessoal.
Funciona assim: você pode imprimir uma
ilustração de sorriso e outra de uma
criança tomando banho. Aí é só utilizar fita
adesiva transparente para fazer uma espécie
de proteção contra os rabiscos que vocês
vão fazer juntos, como se estivessem
sujando a boca e o corpinho do personagem.
No cartão da boca, use uma escova de
dentes para limpar a sujeira feita com
canetinha, aproveite a oportunidade para
mostrar os seu sorriso e o sorriso da
criança e explicar que, assim como na
brincadeira, eles ficam sujos e precisam
ser limpos sempre.5 Com o cartão do banho,
é a mesma coisa, você pode usar o próprio
dedo para “limpar a sujeira” desde que a
tinta da canetinha usada seja fácil de remover,
inclusive pode ser uma boa ideia sujar os
dedinhos na brincadeira e sugerir tomar
um banho logo em seguida! Que tal?
Recursos: você vai precisar da arte para
imprimir e da fita adesiva, se quiser deixar
o cartão mais resistente, a plastificação
pode ser uma saída bem legal!
Recomendação de idade: a brincadeira
pode ser introduzida no momento em
que o autista já participa ativamente
dessas atividades de rotina, até que
ele mesmo perca o interesse por ela.
4 – Cartões Interativos
9. -
Brincando
com
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Seja gentil ao brincar e lembre-se de parar
se perceber qualquer tipo de agitação ou
incômodo. Durante as atividades, esforce-se
para falar devagar e evitar usar muitas
palavras, pois isso pode confundir a crianças.
Prefira palavras soltas ou frases curtas,
com instruções curtas e claras. Use
onopatopéias (sons com a boca) tipo: ploc,
ploc, bum, shuááá, tic tic tic. Esse tipo de
sons aumenta suas chances de ganhar
atenção e o sorriso da criança autista!2
Recomendações
Ao propor uma brincadeira, procure um
momento onde a criança não esteja focada
numa outra atividade de interesse restrito
dela, pois as chances de ela abandonar
sua atividade favorita para brincar com
você é muito pequena. Seja empático,
imagine se você estivesse envolvido nas
suas tarefas do trabalho e alguém
interrompesse sua atividade de repente
para impor uma coisa que ela quer fazer?
Desagradável, né?
Você também pode tentar “entrar” no
universo da criança, quando ela estiver
brincando sozinha, fique próximo, observe
o que ela está fazendo e imite-a. Esteja
aberto a participar do que ela está
fazendo, mesmo que pareça “inadequado”.
Por exemplo, se ao invés de bater com um
martelo, ela estiver girando-o, pegue um
objeto semelhante e faça o mesmo,
demonstre que você aprova, entende, e
quer se aproximar dela. Nunca tire o
objeto da mão dela à força para tentar
ensiná-la o “jeito certo” de fazer algo. Se
você quer que ela aprenda a “martelar”
compre um brinquedo igual para você e
sente-se ao lado dela, quando ela estiver
brincando, brinque um bom tempo do jeito
dela, e depois passe a brincar do jeito
“certo” oferecendo um modelo de
comportamento que ela possa seguir.2
Não force a situação, se você perceber que
a criança não está interessada, deixe para
outro momento, mas não desanime, tente
novamente, é normal precisar “insistir”
algumas vezes para ganhar a atenção do
autista, afinal eles têm seu próprio modo
de enxergar e interagir com o mundo.
O que não fazer
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Brincando
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Referências bibliográficas:
1 – A Importância do Brincar – Brasil escola – acesso em 02/02/2020
2 – Mayra Gaiato – Canal do Youtube - acesso em 02/02/2020
3 – NeuroSaber – acesso em 02/02/2020
4 – Pra gente Miúda – acesso em 02/10/2020
5 – Mairy Ribeiro – acesso em 03/02/2020