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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais
PMT 2100 - Introdução à Ciência dos
Materiais para Engenharia
2º semestre de 2005
DIAGRAMAS DE FASE
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
2
ROTEIRO DA AULA
• Importância do tema
• Definições : componente, sistema, fase, equilíbrio
– Limite de solubilidade
– Metaestabilidade (sistemas fora do equilíbrio)
• Sistemas com um único componente
• Sistemas binários
– Regra da alavanca
– Regra das Fases
– Transformações : eutética, eutetóide, peritética, peritetóide
• Desenvolvimento de estruturas em sistemas binários
– em condições de equilíbrio
– fora do equilíbrio
– em sistemas com eutéticos
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
3
• Os diagramas de fases (também
chamados de diagrama de
equilíbrio) relacionam
temperatura, composição
química e quantidade das fases
em equilíbrio.
– Um diagrama de fases é um
“mapa” que mostra quais fases
são as mais estáveis nas
diferentes composições,
temperaturas e pressões.
• A microestrutura dos materiais
pode ser relacionada
diretamente com o diagrama de
fases.
• Existe uma relação direta entre
as propriedades dos materiais e
as suas microestruturas.
POR QUE ESTUDAR
DIAGRAMAS DE FASES?
Exemplo de Diagrama de Fases
Sistema Pb-Sn
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
4
• Componentes:
– São elementos químicos e/ou
compostos que constituem uma fase.
• Sistema:
– Definição 1 : quantidade de matéria
com massa e identidade fixas sobre a
qual dirigimos a nossa atenção. Todo
o resto é chamado vizinhança.
Exemplo: uma barra da liga ao lado,
com 40% de Sn.
– Definição 2 : série de fases possíveis
formadas pelos mesmos
componentes, independendo da
composição específica. Exemplo: o
sistema Pb-Sn.
• Fase:
– Uma parte estruturalmente
homogênea do sistema, que possui
propriedades físicas e químicas
características. Exemplo: fases α, β e
L da liga ao lado.
DEFINIÇÕES
Exemplo de Diagrama de Fases
Sistema Pb-Sn
5
DEFINIÇÕES : EQUILÍBRIO
• Em termos “macroscópicos”
– Um sistema está em equilíbrio quando suas características não
mudam com o tempo, e tende a permanecer nas condições em
que se encontra indefinidamente, a não ser que seja perturbado
externamente.
• Em termos termodinâmicos
– Um sistema está em equilíbrio quando sua energia livre é mínima,
consideradas as condições de temperatura, pressão e composição
em que ele se encontra.
– Variações dessas condições resultam numa alteração da energia
livre, e o sistema pode espontaneamente se alterar para um outro
estado de equilíbrio (no qual a energia livre seja mínima para as
novas condições de temperatura, pressão e composição).
...para lembrar : Energia Livre ∆G = ∆H – T ∆S
6
• Para muitos sistemas e para uma determinada temperatura, existe
uma concentração máxima de átomos de soluto que pode ser
dissolvida no solvente formando uma solução sólida. Essa
concentração máxima é chamada limite de solubilidade.
LIMITE DE SOLUBILIDADE
7
• O equilíbrio entre duas fases num sistema monocomponente
chama-se equilíbrio univariante.
SISTEMAS COM UM ÚNICO COMPONENTE
Diagrama de fases
do ferro
Diagrama de
fases da água
8
• Num sistema binário isomorfo, os dois
componentes são completamente
solúveis um no outro.
• A leitura de diagramas isomorfos é feita
primeiramente definindo o par
composição-temperatura desejado.
Esse par define um ponto no diagrama.
• Se o ponto desejado estiver num campo
onde somente existe uma fase, a
composição já está definida, e a fase é
a indicada no campo do diagrama.
• Se o ponto estiver numa região onde
existem duas fases em equilíbrio, a
determinação da composição das fases
presentes é possível traçando-se um
segmento de reta horizontal que passa
pelo ponto e atinge as duas linhas que
delimitam o campo de duas fases
(linhas liquidus e solidus). As
composições das fases líquida e sólida
são dadas pelas intersecções deste
segmento de reta e as respectivas
linhas de contorno.
SISTEMAS BINÁRIOS ISOMORFOS
L1 α1
Diagrama de fases
Sistema Cu - Ni
9
L
L
CC
CC
W
−
−
=
α
α
0
É usada para se determinar as proporções das fases em equilíbrio em
um campo de duas fases.
Dedução
REGRA DA ALAVANCA
è Chega-se à regra das fases simplesmente
através de um balanço de massa.
è Consideremos WL e Wα as frações mássicas,
Respectivamente, da fase líquida, L, e da fase sólida, α.
èCada componente do sistema pode estar em cada uma
das fases, em concentração CL (no líquido) e Ca (no sólido)
è As duas equações abaixo podem ser escritas:
).(11 IeqWWWW LL αα −=→=+
).(0 IIeqCCWCW LL =+ αα
0)1( CCWCW L =+− ααα
0CCWCWC LL =+− ααα
LL CCCCW −=− 0)( αα
Se, ao invés de isolar WL na (eq.I) isolarmos Wα ,
chega-se à equação da fração de fase líquida.
10
SR
S
WL
+
=
L
O
L
CC
CC
W
−
−
=
α
α
68,0
5,315,42
355,42
WL =
−
−
=
É usada para se determinar as proporções das fases em
equilíbrio em um campo de duas fases
Fração de líquido
REGRA DA ALAVANCA
11
REGRA DA ALAVANCA
SR
R
W
+
=α
L
LO
CC
CC
−
−
=
α
32,0
5,315,42
5,3135
=
−
−
=
Fração de sólido
12
DESENVOLVIMENTO
DA ESTRUTURAS EM
SISTEMAS ISOMORFOS
SOLIDIFICAÇÃO
EM CONDIÇÕES
DE EQUILÍBRIO
13
DEFINIÇÕES : SISTEMAS FORA DO EQUILÍBRIO
• Considerações termodinâmicas e diagramas como o do sistema
água-açúcar dão informações a respeito das condições de
equilíbrio dos sistemas em suas diversas condições, mas não
informam nada a respeito do tempo necessário para que as
condições de equilíbrio sejam atingidas.
• É muito comum que em sistemas sólidos o tempo para que o
equilíbrio seja atingido seja muito longo.
• Um sistema pode permanecer longo tempo em condições fora
do equilíbrio.
• Um sistema nessas condições é chamado de metaestável.
• Uma microestrutura metaestável pode permanecer inalterada ou somente sofrer
pequenas alterações ao longo do tempo : pode acontecer (isso é muito comum)
que todo o período de utilização prática de um material aconteça em condições
que não são as condições de equilíbrio termodinâmico. Por isso, em termos
práticos, sistemas metaestáveis podem ter grande aplicação.
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
14
DESENVOLVIMENTO
DA ESTRUTURAS EM
SISTEMAS ISOMORFOS
SOLIDIFICAÇÃO EM
CONDIÇÕES FORA
DO EQUILÍBRIO
(metaestáveis)
15
DESENVOLVIMENTO DA
ESTRUTURAS EM
SISTEMAS ISOMORFOS
Zonamento observado numa liga de Zn
Contendo Zr (aumento 400X)
CONSEQÜÊNCIAS DA
SOLIDIFICAÇÃO FORA
DO EQUILÍBRIO:
ØSegregação
Øzonamento (coring)
Øredução na temperatura liquidus
Ødiminuição das propriedades
ØPode haver a necessidade
de recozimento
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
16
• P = número de fases presentes
• C = número de componentes do sistema
• N = número de variáveis além da composição
– p.ex., temperatura, pressão
• F = número de graus de liberdade
– número de variáveis que pode ser alterado de forma independente
sem alterar o número de fases existente no sistema
• A regra das fases representa um critério para o número de
fases que coexistirão num sistema no equilíbrio.
• A regra das fases não representa um critério para quantidade
relativa das fases que coexistem num sistema no equilíbrio.
REGRA DAS FASES
P + F = C + N
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
17REGRA DAS FASES : EXEMPLO – Sistema Cu-Ag
• Região A
– P = 1 (α); C = 2;
– N = 1 (pressão é fixa)
– F = 2
– Para descrever as fases
existentes, é preciso
especificar dois parâmetros
(temperatura e composição)
• Região B
– P = 2 (fases α e L); C = 2;
– N = 1 (pressão é fixa)
– F = 1
– Para descrever as fases
existentes, basta especificar
um parâmetro (temperatura
T1 ou composição de uma
das fases, CL ou Cα)
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
18
• Em um sistema binário, quando 3 fases estão em equilíbrio o
número de graus de liberdade F é zero. Assim, o equilíbrio é
invariante, ou seja, o equilíbrio entre 3 fases ocorre em uma
determinada temperatura e as composições das 3 fases são fixas.
Sistemas Binários – Três fases em equilíbrio
As principais
reações, em
sistemas
binários
envolvendo
3 fases são:
Eutética: L → α + β
Eutetóide: γ → α + β
Peritética: L + α → β
Peritetóide: α + β → γ
19
• Eutético : ponto onde o equilíbrio é invariante, portanto o equilíbrio entre três fases ocorre
a uma determinada temperatura e as composições das três fases são fixas.
SISTEMAS BINÁRIOS : EUTÉTICO
Patamar eutético
20
• É muito pequena a faixa de
composições químicas em
que pode se formar estrutura
monofásica α.
DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM SISTEMAS
COM EUTÉTICOS
21
PRECIPITAÇÃO
• Ao ser ultrapassado o limite de
solubilidade (linha solvus) de
Sn no Pb, ocorre a
precipitação da fase β, de
reticulado cristalino distinto do
da fase α e com distintas
propriedades físico-químicas.
DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM
SISTEMAS COM EUTÉTICOS
22DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM SISTEMAS
COM EUTÉTICOS
A transformação eutética corresponde
à formação de uma mistura de
duas fases (α + β) a partir do líquido
formando um arranjo interpenetrado
Crescimento cooperativo
T=Teut
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
23DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM SISTEMAS
COM EUTÉTICOS
Em ligas hipo-eutéticas
ocorre inicialmente
precipitação de fase
primária - dendritas de α
pró-eutéticas.
O líquido eutético
residual L (61,9% Sn) se
transforma em
microestrutura eutética
[α(18,3% Sn)+β(97,8%Sn)].
PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005
24
• Capítulos do Callister tratados nesta aula
– Itens do Capítulo 9 :
– 9.1 até 9.7; 9.12
• Van Vlack , L. - Princípios de Ciência dos Materiais, 3a ed.
– os temas tratados nesta aula estão dispersos pelo livro do Van
Vlack, e não são completamente cobertos nessa referência; os
itens que apresentam assuntos tratados na aula são os seguintes:
• Itens 9-1 a 9-9; 9-15; 10-9

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  • 1. ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais PMT 2100 - Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia 2º semestre de 2005 DIAGRAMAS DE FASE
  • 2. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 2 ROTEIRO DA AULA • Importância do tema • Definições : componente, sistema, fase, equilíbrio – Limite de solubilidade – Metaestabilidade (sistemas fora do equilíbrio) • Sistemas com um único componente • Sistemas binários – Regra da alavanca – Regra das Fases – Transformações : eutética, eutetóide, peritética, peritetóide • Desenvolvimento de estruturas em sistemas binários – em condições de equilíbrio – fora do equilíbrio – em sistemas com eutéticos
  • 3. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 3 • Os diagramas de fases (também chamados de diagrama de equilíbrio) relacionam temperatura, composição química e quantidade das fases em equilíbrio. – Um diagrama de fases é um “mapa” que mostra quais fases são as mais estáveis nas diferentes composições, temperaturas e pressões. • A microestrutura dos materiais pode ser relacionada diretamente com o diagrama de fases. • Existe uma relação direta entre as propriedades dos materiais e as suas microestruturas. POR QUE ESTUDAR DIAGRAMAS DE FASES? Exemplo de Diagrama de Fases Sistema Pb-Sn
  • 4. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 4 • Componentes: – São elementos químicos e/ou compostos que constituem uma fase. • Sistema: – Definição 1 : quantidade de matéria com massa e identidade fixas sobre a qual dirigimos a nossa atenção. Todo o resto é chamado vizinhança. Exemplo: uma barra da liga ao lado, com 40% de Sn. – Definição 2 : série de fases possíveis formadas pelos mesmos componentes, independendo da composição específica. Exemplo: o sistema Pb-Sn. • Fase: – Uma parte estruturalmente homogênea do sistema, que possui propriedades físicas e químicas características. Exemplo: fases α, β e L da liga ao lado. DEFINIÇÕES Exemplo de Diagrama de Fases Sistema Pb-Sn
  • 5. 5 DEFINIÇÕES : EQUILÍBRIO • Em termos “macroscópicos” – Um sistema está em equilíbrio quando suas características não mudam com o tempo, e tende a permanecer nas condições em que se encontra indefinidamente, a não ser que seja perturbado externamente. • Em termos termodinâmicos – Um sistema está em equilíbrio quando sua energia livre é mínima, consideradas as condições de temperatura, pressão e composição em que ele se encontra. – Variações dessas condições resultam numa alteração da energia livre, e o sistema pode espontaneamente se alterar para um outro estado de equilíbrio (no qual a energia livre seja mínima para as novas condições de temperatura, pressão e composição). ...para lembrar : Energia Livre ∆G = ∆H – T ∆S
  • 6. 6 • Para muitos sistemas e para uma determinada temperatura, existe uma concentração máxima de átomos de soluto que pode ser dissolvida no solvente formando uma solução sólida. Essa concentração máxima é chamada limite de solubilidade. LIMITE DE SOLUBILIDADE
  • 7. 7 • O equilíbrio entre duas fases num sistema monocomponente chama-se equilíbrio univariante. SISTEMAS COM UM ÚNICO COMPONENTE Diagrama de fases do ferro Diagrama de fases da água
  • 8. 8 • Num sistema binário isomorfo, os dois componentes são completamente solúveis um no outro. • A leitura de diagramas isomorfos é feita primeiramente definindo o par composição-temperatura desejado. Esse par define um ponto no diagrama. • Se o ponto desejado estiver num campo onde somente existe uma fase, a composição já está definida, e a fase é a indicada no campo do diagrama. • Se o ponto estiver numa região onde existem duas fases em equilíbrio, a determinação da composição das fases presentes é possível traçando-se um segmento de reta horizontal que passa pelo ponto e atinge as duas linhas que delimitam o campo de duas fases (linhas liquidus e solidus). As composições das fases líquida e sólida são dadas pelas intersecções deste segmento de reta e as respectivas linhas de contorno. SISTEMAS BINÁRIOS ISOMORFOS L1 α1 Diagrama de fases Sistema Cu - Ni
  • 9. 9 L L CC CC W − − = α α 0 É usada para se determinar as proporções das fases em equilíbrio em um campo de duas fases. Dedução REGRA DA ALAVANCA è Chega-se à regra das fases simplesmente através de um balanço de massa. è Consideremos WL e Wα as frações mássicas, Respectivamente, da fase líquida, L, e da fase sólida, α. èCada componente do sistema pode estar em cada uma das fases, em concentração CL (no líquido) e Ca (no sólido) è As duas equações abaixo podem ser escritas: ).(11 IeqWWWW LL αα −=→=+ ).(0 IIeqCCWCW LL =+ αα 0)1( CCWCW L =+− ααα 0CCWCWC LL =+− ααα LL CCCCW −=− 0)( αα Se, ao invés de isolar WL na (eq.I) isolarmos Wα , chega-se à equação da fração de fase líquida.
  • 10. 10 SR S WL + = L O L CC CC W − − = α α 68,0 5,315,42 355,42 WL = − − = É usada para se determinar as proporções das fases em equilíbrio em um campo de duas fases Fração de líquido REGRA DA ALAVANCA
  • 12. 12 DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURAS EM SISTEMAS ISOMORFOS SOLIDIFICAÇÃO EM CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO
  • 13. 13 DEFINIÇÕES : SISTEMAS FORA DO EQUILÍBRIO • Considerações termodinâmicas e diagramas como o do sistema água-açúcar dão informações a respeito das condições de equilíbrio dos sistemas em suas diversas condições, mas não informam nada a respeito do tempo necessário para que as condições de equilíbrio sejam atingidas. • É muito comum que em sistemas sólidos o tempo para que o equilíbrio seja atingido seja muito longo. • Um sistema pode permanecer longo tempo em condições fora do equilíbrio. • Um sistema nessas condições é chamado de metaestável. • Uma microestrutura metaestável pode permanecer inalterada ou somente sofrer pequenas alterações ao longo do tempo : pode acontecer (isso é muito comum) que todo o período de utilização prática de um material aconteça em condições que não são as condições de equilíbrio termodinâmico. Por isso, em termos práticos, sistemas metaestáveis podem ter grande aplicação.
  • 14. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 14 DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURAS EM SISTEMAS ISOMORFOS SOLIDIFICAÇÃO EM CONDIÇÕES FORA DO EQUILÍBRIO (metaestáveis)
  • 15. 15 DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURAS EM SISTEMAS ISOMORFOS Zonamento observado numa liga de Zn Contendo Zr (aumento 400X) CONSEQÜÊNCIAS DA SOLIDIFICAÇÃO FORA DO EQUILÍBRIO: ØSegregação Øzonamento (coring) Øredução na temperatura liquidus Ødiminuição das propriedades ØPode haver a necessidade de recozimento
  • 16. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 16 • P = número de fases presentes • C = número de componentes do sistema • N = número de variáveis além da composição – p.ex., temperatura, pressão • F = número de graus de liberdade – número de variáveis que pode ser alterado de forma independente sem alterar o número de fases existente no sistema • A regra das fases representa um critério para o número de fases que coexistirão num sistema no equilíbrio. • A regra das fases não representa um critério para quantidade relativa das fases que coexistem num sistema no equilíbrio. REGRA DAS FASES P + F = C + N
  • 17. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 17REGRA DAS FASES : EXEMPLO – Sistema Cu-Ag • Região A – P = 1 (α); C = 2; – N = 1 (pressão é fixa) – F = 2 – Para descrever as fases existentes, é preciso especificar dois parâmetros (temperatura e composição) • Região B – P = 2 (fases α e L); C = 2; – N = 1 (pressão é fixa) – F = 1 – Para descrever as fases existentes, basta especificar um parâmetro (temperatura T1 ou composição de uma das fases, CL ou Cα)
  • 18. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 18 • Em um sistema binário, quando 3 fases estão em equilíbrio o número de graus de liberdade F é zero. Assim, o equilíbrio é invariante, ou seja, o equilíbrio entre 3 fases ocorre em uma determinada temperatura e as composições das 3 fases são fixas. Sistemas Binários – Três fases em equilíbrio As principais reações, em sistemas binários envolvendo 3 fases são: Eutética: L → α + β Eutetóide: γ → α + β Peritética: L + α → β Peritetóide: α + β → γ
  • 19. 19 • Eutético : ponto onde o equilíbrio é invariante, portanto o equilíbrio entre três fases ocorre a uma determinada temperatura e as composições das três fases são fixas. SISTEMAS BINÁRIOS : EUTÉTICO Patamar eutético
  • 20. 20 • É muito pequena a faixa de composições químicas em que pode se formar estrutura monofásica α. DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM SISTEMAS COM EUTÉTICOS
  • 21. 21 PRECIPITAÇÃO • Ao ser ultrapassado o limite de solubilidade (linha solvus) de Sn no Pb, ocorre a precipitação da fase β, de reticulado cristalino distinto do da fase α e com distintas propriedades físico-químicas. DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM SISTEMAS COM EUTÉTICOS
  • 22. 22DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM SISTEMAS COM EUTÉTICOS A transformação eutética corresponde à formação de uma mistura de duas fases (α + β) a partir do líquido formando um arranjo interpenetrado Crescimento cooperativo T=Teut
  • 23. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 23DESENVOLVIMENTO DE MICROESTRUTURAS EM SISTEMAS COM EUTÉTICOS Em ligas hipo-eutéticas ocorre inicialmente precipitação de fase primária - dendritas de α pró-eutéticas. O líquido eutético residual L (61,9% Sn) se transforma em microestrutura eutética [α(18,3% Sn)+β(97,8%Sn)].
  • 24. PMT 2100 – Introdução à Ciência dos Materiais para a Engenharia - 2005 24 • Capítulos do Callister tratados nesta aula – Itens do Capítulo 9 : – 9.1 até 9.7; 9.12 • Van Vlack , L. - Princípios de Ciência dos Materiais, 3a ed. – os temas tratados nesta aula estão dispersos pelo livro do Van Vlack, e não são completamente cobertos nessa referência; os itens que apresentam assuntos tratados na aula são os seguintes: • Itens 9-1 a 9-9; 9-15; 10-9