1. INTRODUÇÃO
A adoção de um manejonutricional adequadoe específicoparacada situaçãoé imprescindível
para a obtençãode umnível de produção economicamente viável
O primeiropassoparaum programa nutricional racional é oconhecimentodasexigências dos
animais.Osrequerimentosnutricionaisemenergia,proteínae mineraissãoafetadospor
váriosfatores,dentre elescitam-se:idade doanimal,tamanhocorporal,estadofisiológico,
nível de produçãoe fatoresdomeioambiente (temperatura,umidade,intensidade solar,etc.).
Em se tratandodas necessidadesnutricionais,atençãoespecial deveráserdadana época de
cobertura,gestaçãoe durante a lactação.Estas exigênciasdevemseratendidaspormeiode
suplementosalimentares
Manejo Alimentar
No sistema de produção o manejo alimentar deve seguir as fases do sistema de
produção. Para cada categoria em cada fase de produção existem particularidades
que são fundamentais para o sucesso da produção
1 Fase de Produção
Durante a fase de produção que vai desde a concepção até o desmame, o manejo
alimentar deve contemplar de forma específica cada categoria animal.
1.1 Manejo Alimentar das Matrizes
2 O programa de alimentação das matrizes deve ser concebido em função das
diversas fases do seu ciclo produtivo. Ressalte-se que estas não devem
apresentar-se nem muito magras nem excessivamente gordas, especialmente
por ocasião da cobertura ou da parição.
3 O acompanhamento da condição de escore corporal das matrizes é de
fundamental importância para o desempenho produtivo dos rebanhos.
Recomenda-se, portanto, que no momento da cobertura, os animais
apresentem escore corporal de 2,5 a 3,0 (escala de 1 a5, onde um significa
muito magra e cinco, muito gorda) e que cheguem ao parto com 3,5. Do parto
ao pico de lactação, é esperado uma redução no escore para 2 a 2,5.
4 As fêmeas que à cobertura estão magras têm sua eficiência reprodutiva
comprometida. Neste caso, as fêmeas devem receber um tipo de
suplementação (flushing) à base de concentrado energético como milho ou
sorgo em grãos. A mudança dos animais de um piquete para outro com
forragem de melhor qualidade também pode ser usada. Se a fêmea estiver
muito gorda. Deve sofrer restrição alimentar para que possa estar apta à
reprodução.
A lactação é outra importante fase do ciclo produtivo da fêmea, especialmente
nas primeiras semanas de lactação. Geralmente, no início da lactação observa-
se perda de peso nas fêmeas decorrente da elevada demanda por nutrientes, a
qual está diretamente relacionada ao nível de produção de leite. A fêmea deve
parir com escore de 3 a 3,5. Nestas condições, a fêmea dispõe de reservas
corporais (gordura) para mobilização durante as primeiras semanas de lactação.
1.2 Manejo Alimentar dos Reprodutores
Durante a estação de monta, caso o macho esteja servindo a um número excessivo
de fêmeas, a ração pode ser novamente balanceada aumentando a quantidade de
2. nutrientes. O que não deve ser permitido é o desgaste excessivo do reprodutor ou
sua engorda, pois, ambas as situações prejudicam o desempenho sexual do mesmo
1.3 Manejo Alimentar das Crias
O desmame ocorre aos6-8 mesesde idade,paranãoprejudicaro desenvolvimentodo
bezerro.Nestaidade obezerrojátemplenacondiçãode utilizarforragemcomoúnica fonte de
nutrientes. Contudo,apósoprimeiromêsde lactaçãoa quantidade ingeridade leitenãosupre
a quantidade de nutrientesnecessáriosparaseucrescimentoideal.Estádeficiênciadeveráser
atendidapelasuplementaçãode raçãoconcentradae pastagensde boaqualidade.
O creep-feedingé autilizaçãode umcocho privativo,aoqual apenaso bezerrotemacesso.
Visasuplementaracria semsepará-ladamãe.O bezerroaindamamandorecebe umreforço
alimentarcomuma ração concentrada.O creep-feedingtemcomoobjetivoaumentaropesoa
desmamadosbezerros,comotambém, acostumá- losaococho. Um concentradocom 75 a
80% de NDT e 16 a 20% de PB garante um bom crescimentodosbezerros.
1.4 Fase de Recria
A alimentação deve ser baseada, principalmente, em volumosos, os quais
abrangem uma grande variedade de alimentos, como forragens verdes e
conservadas (silagem). Ressalte-se que estes alimentos devem ser de boa
qualidade nutritiva, no sentido de atender aos requerimentos nutricionais desta
categoria animal, os quais são elevados.
1.5 Fase de Acabamento
Acabamento é a fase final do sistema de produção. Esta fase pode ser realizada de
duas maneiras: em pastagem e em confinamento.
1.5.1 Acabamento a Pasto
fase em que o animal atinge o peso e acabamento de carcaça adequados.
O animal em pastagem de baixa qualidade não consegue alcançar sua demanda
em nutrientes para manter uma curva crescente de crescimento. Tal condição
pode acarretar em um retardamento na idade ,de abate, na parição da primeira
cria, uma diminuição da fertilidade e na condição geral do rebanho. Portanto, maior
precocidade dos sistemas de produção animal a pasto só será alcançado se
houver um ajuste nutricional entre a curva sazonal de oferta das pastagens com a
curva crescente de demanda do animal por nutrientes. E isto só será possível por
meio do uso da suplementação alimentar.
Objetivos
A adoção da técnica de suplementação alimentar em um sistema de produção
animal a pasto deverá, antes de mais nada, tornar a exploração mais lucrativa.
A suplementação pode permitir um encurtamento no tempo necessário para a
terminação dos animais para o abate. A venda antecipada do produto animal,
viabiliza um maior giro de capital no sistema Ver Figura 1.
Suplementação
Se o objetivo da suplementação é fechar as lacunas deixadas pela curva sazonal
3. de crescimento das forrageiras, a estação do ano mais adequada para o seu uso
seria a da seca. De todos os nutrientes, nitrogênio é mais limitante, e
consequentemente, o de maior prioridade para suplementação. Sua participação
na dieta do animal é fundamental para manter o crescimento normal das bactérias
ruminais. A população de bactérias no rúmen afeta diretamente a digestibilidade e
o consumo.
Quando os teores de PB das forrageiras estão abaixo de 7% (base na MS), o
primeiro objetivo da suplementação seria atender à demanda das bactérias
ruminais por nitrogênio. O suprimento de nitrogênio vai possibilitar que essas
bactérias possam extrair energia da forragem ingerida pelo animal, através do
processo de digestão. Esse suprimento pode ser feito via fontes protéicas de alta
degradabilidade no rúmen (alta PDR), tais como a mistura uréia + sulfato de
amônio (85% e 15%, respectivamente).
Um ponto fundamental no processo de suplementação, e talvez mais importante
no sistema, é a disponibilidade de MS ao longo do período de suplementação. É
preciso garantir massa disponível (vedação do pasto) para o consumo.
4- Formulações
As formulações devem observar a integração dos sistemas animal, planta e o tipo
de manejo, como o ponto de partida para a manipulação nutricional de qualquer
rebanho:
Demanda nutricional dos animais
Quantidade e qualidade da forrageira a ser utilizada
O tipo de desempenho projetado para os animais
A disponibilidade de alimentos a serem utilizados nos suplementos e seu custo
A demanda nutricional vai ser reflexo direto do tipo animal e do desempenho
animal desejado. Leva-se em conta o peso do animal, a categoria (vaca, bezerro,
novilho(a)), a raça, a idade, e a sua estrutura geral. Nesse caso é necessário
buscar as exigências nutricionais em tabelas específicas para isso.
A vedação é feita, normalmente, no final do período das águas para que se
garanta massa de forragem na seca. A escolha da forrageira deve observar alguns
requisitos, mas de forma geral a escolha se baseia em espécies que apresentem
menor grau de diferenciação morfológica (maior relação folha/caule) e perdas de
valor nutritivo. Espécies com crescimento prostrado (estolonífero) ou decumbente,
tais como gramíneas do gênero Brachiaria, Cynodon e Digitaria, se adequam bem
a esse tipo de manejo. O uso de gramíneas de hábito de crescimento cespitoso
(touceiras) como dos gêneros Panicum, apesar de não serem muito indicadas,
podem ser utilizadas desde que seja possível um maior controle sobre o grau de
diferenciação dessas gramíneas (época de vedação).