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Palestra




                                  Democracia,
                                  imprensa livre
                                  e livre iniciativa
                                             Palestra com Roberto Civita

                                  Roberto Civita, presidente do Conselho
                                  de Administração do Grupo Abril, minis-
                                  trou a aula inaugural do curso de pós-
                                  graduação em Jornalismo da ESPM.
                                  A seguir, confira a íntegra do discurso
                                  proferido, no último dia 14 de março, por
                                  esse que é considerado um dos mais
                                  renomados jornalistas brasileiros.




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      R E V I S T A   D A   E S P M –   março / abril de   2011
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          março / abril de   2011 – R E V I S T A   D A   E S P M
Arquivo
PALESTRA




                               É uma alegria, uma grande satisfação e um         a liberdade de expressão de jornalistas ou
                               verdadeiro prazer participar da inauguração       proprietários de empresas de comunicação.
                               do curso de Jornalismo, que é a concretização     O que se procura é um meio para garantir
                               de um velho sonho, o projeto de introduzir no     a sobrevivência de uma sociedade livre.
                               Brasil algo que simplesmente não existia e que,   Existe uma indissolúvel interdependência
                               do meu ponto de vista, estava fazendo falta.      entre a democracia, a imprensa livre e a
                                                                                 livre iniciativa. Sem uma, as outras também
                               Quero agradecer ao Conselho da ESPM, tão
                                                                                 sucumbem.
                               bem representado pelo meu querido amigo
                               Armando Ferrentini, ao meu amigo também           Os meios de comunicação independentes
                               e companheiro de armas J. Roberto Whi-            representam a primeira vítima das tiranias.
                               taker Penteado, hoje presidente da Escola,        Sempre que estas se abatem sobre os povos
                               aos professores Richard Lucht e Gilberto          e as nações cuidam logo de amordaçar a im-
                               Cavicchioli, que tanto contribuíram para          prensa livre, pois somos, ao mesmo tempo,
                               a montagem e preparação do conjunto, ao           a expressão e a consequência das liberdades
                               extraordinário corpo de professores do cur-       públicas. O nosso principal compromisso
                               so, ao Eugênio Bucci, velho companheiro           não é com governos, anunciantes, amigos ou
                               de jornadas jornalísticas e novo diretor do       acionistas, mas sim com os nossos públicos
                               curso, sem os quais não estaríamos aqui           e com a verdade.
                               hoje. Quero agradecer à Cleide Castellan,
                                                                                 A obrigação do jornalista é verificar os fatos
                               minha querida assistente executiva, que
                                                                                 e ser responsável, zelar pela ética, procurar
                               nos aguentou e carregou durante todo o
                                                                                 manter a isenção e sempre fazer o seu me-
                               tempo de gestação. Finalmente, bem-vindos
                                                                                 lhor. Não devemos esconder embaixo do
                               e muito prazer, novos alunos do curso, para
                                                                                 tapete mazelas e irregularidades de quem
                               os quais isso tudo está sendo feito.
                                                                                 quer que seja em nome de uma pseudo-
                               Quero começar por uma relação de premis-          paz social ou econômica, nem tão pouco
                               sas e princípios que considero fundamentais       podemos escolher o momento certo para
                               na frente editorial e jornalística, que orienta   publicá-las.
                               tudo que tenho realizado ao longo da minha
                                                                                 O equilíbrio econômico e a justiça social
                               vida profissional.
                                                                                 que tanto sonhamos somente poderão ser
                               A liberdade e a livre manifestação do pensa-      obtidos quando o povo puder acreditar na
                               mento, que incluem a liberdade de impren-         solidez de suas instituições e nas respostas
                               sa, além de se constituírem em um direito         que elas possam dar às suas necessidades.
                               natural do homem são pressupostos básicos         A forma como os veículos de comunicação
                               de todas as demais liberdades: política, re-      abordam, focam, apresentam e analisam
                               ligiosa, econômica, de associação e tantas        os fatos, ev identemente, os altera e os
                               outras. A liberdade de imprensa não cons-         afeta. Apesar de todas as insistências de
                               titui um fim em si mesma nem visa garantir        que somos apenas os olhos, o espelho, os




                               }O nosso principal compromisso não é com
                               governos, anunciantes, amigos ou acionistas, mas
                               sim com os nossos públicos e com a verdade.~


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      R E V I S T A   D A   E S P M –   março / abril de   2011
Roberto Civita




}Um grande dirigente editorial precisa ter os valores
do bom jornalismo: independência, integridade, ética,
excelência e respeito ao leitor.~

mensageiros da sociedade, é inegável que        diariamente, a cada edição do jornal, dos
o famoso Efeito Heisenberg – criada pelo        programas das emissoras de TV e de rádio,
físico alemão Werner Heisenberg, a teoria       das reportagens publicadas nas revistas e
demonstrou que o mero ato de observar um        nos sites. Evidentemente, não estamos aqui
fenômeno altera sua natureza – é também         apenas para falar de jornalismo com “J”
aplicável ao mundo das notícias e do jor-       maiúsculo, de política, de economia e da
nalismo. Não devemos nunca abandonar o          salvação da pátria. Estamos aqui para falar
papel de investigar e denunciar irregula-       de jornalismo lato sensu, desde política e
ridades, corrupção, erros e mentiras, mas       economia até moda, turismo, gastronomia,
não podemos abdicar de procurar os fatos        carros, bebês, esportes, beleza e todo o vas-
estimulantes, positivos e construtivos.         to leque de interesses dos nossos diversos
                                                públicos. Seja qual for a modalidade, e esta
A imprensa não deve ser vista apenas como
                                                é uma das disciplinas do nosso currículo,
vingadora, justiceira, destruidora, um anjo
exterminador. Deve ser uma força que aju-       é preciso sempre levar em conta que isso é
da a compreender, constituir, construir e       muito mais do que um simples negócio. O
defender a comunidade, o Estado e o País.       ideal é manter um equilíbrio permanente
É fundamental que a preocupação ética, o        entre a excelência do conteúdo produzido e
triunfo do princípio sobre a conveniência,      a saúde financeira da empresa.
a responsabilidade junto aos indivíduos, ao     Estou convicto de que fazer jornalismo de
público, à nação e até ao planeta estejam       qualidade, independente, confiável, além
sempre na balança.                              de contribuir com a sociedade, pode-se,
Afinal, quem nos outorgou o direito de infor-   às vezes, até ganhar algum dinheiro. Para
mar, criticar, opinar, investigar, denunciar,   isso a melhor maneira que conheço é o que
divertir e servir? A resposta é dupla: de um    chamamos na Abril de a “separação entre a
lado ninguém nos elegeu, da mesma maneira       Igreja e o Estado”.
que ninguém elege a igreja, as universida-      Mas onde aprender isso tudo? Onde poder
des, os editores de livros, o supermercado      mergulhar no assunto num nível avançado
onde nos abastecemos. Por outro lado, todos     e debater as grandes questões básicas? A
nos elegem a cada instante.
                                                importância da formação e da especia-
A imprensa não é um poder estruturado,          lização nesse caso tornou-se óbvia para
erigido institucionalmente. O mercado livre,    mim ao longo das décadas porque a escola
sim, que é a fábrica das eleições, a usina      até aqui, de formação de dirigentes e de
permanente de opções. O mercado aberto e        redação, tem sido a prática, mas a prática,
sem constrangimentos gera uma multiplici-       você encontra. Hoje, temos 54 diretores
dade de estímulos e demandas que levam à        de redação na Abril e, ao longo dos anos,
concorrência intensa e constantemente reno-     tenho obser vado o quanto é difícil subir
vada. Esta eleição é permanente e acontece      na carreira e aprender e dominar todos os




                                                                                                                                   121
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PALESTRA




                               assuntos necessários a um dirigente edi-          Um dia ocorreu-me que estávamos um
                               torial, para realmente exercer sua função         pouco atrasados, que não tínhamos uma
                               com competência, brilho e sucesso.                dessas escolas e que era algo que queria
                                                                                 fazer, porque acredito na importância da
                               Então, lembrei-me de uma história: nos fins
                                                                                 educação de modo geral, especialmente
                               de 1890, Joseph Pulitzer, que era fundador e
                                                                                 nas grandes universidades, que têm um
                               principal editor de alguns dos grandes jor-
                                                                                 papel fundamental na formação de uma
                               nais de Nova York na época, foi procurar uma
                                                                                 sociedade mais desenvolvida. Decidi que o
                               universidade de renome para fundar uma
                                                                                 curso deveria ser em uma universidade pau-
                               escola de jornalismo. Visitou as melhores
                                                                                 listana e, naturalmente, sem fins lucrativos,
                               universidades dos Estados Unidos e disse
                                                                                 porque tenho uma velha convicção de que a
                               que estaria disposto a financiar a montagem
                                                                                 melhor educação se faz sem fins lucrativos e
                               de uma escola de jornalismo. Mas todas dis-
                                                                                 lembrei-me da minha alma mater. Lembrei-
                               seram que “jornalismo não era coisa séria.
                                                                                 me da ESPM, que frequentei na rua Sete
                               Jornalismo não era coisa para universidade.
                                                                                 de Abril, no fim da década de 50, quando
                               Jornalismo era um ofício”. Aliás, mais de 100
                                                                                 ensinava somente Propaganda, mas já era
                               anos depois, um dia um reitor de uma dessas
                                                                                 uma extraordinária escola. Com muito or-
                               universidades disse-me a mesmíssima coisa.
                                                                                 gulho, integro o Conselho da ESPM há anos.
                               Certa vez, estava na Brown University, que
                                                                                 Procurei primeiro o Armando Ferrentini,
                               é uma das mais tradicionais universidades
                                                                                 depois os outros Conselheiros e o professor
                               dos Estados Unidos, para fazer uma palestra
                                                                                 J. Roberto Penteado para saber se estariam
                               sobre o Brasil e, conversando com o reitor,
                                                                                 interessados em montar uma escola dessas
                               perg untei se eles tinham uma escola de
                                                                                 em São Paulo e eles gostaram.
                               jornalismo em Brown. Ele me olhou e disse:
                               “Sr. Civita, há 200 anos, os fundadores dessa     Depois disso perguntei como faríamos isso,
                               universidade decidiram que não ensinaría-         porque nos Estados Unidos você simples-
                               mos ofícios”. O mesmo que disseram ao Sr.         mente preenche um cheque, entrega para a
                               Pulitzer: “Nada feito. No school”. Ele insistiu   universidade específica, qual é a finalidade
                               durante 14 anos. Todo ano voltava para a          e o assunto está encerrado. Isso chama-se
                               Universidade de Columbia, dizendo estar           endowment. Consultei advogados e perguntei
                               disposto a bancar uma escola de jornalismo:       como o endowment era feito no Brasil e eles
                               “Vocês têm certeza de que não querem?”            me disseram que não existia. Quando per-
                               Depois de 14 anos e da troca de alg uns           guntei como isso deveria ser feito, eles res-
                               conselheiros, finalmente concordaram. Em          ponderam que era muito complicado. Vocês
                               1905 aceitaram uma doação de Pulitzer e           não vão acreditar, mas levamos seis meses
                               montaram o que hoje é a Columbia Jour-            para encontrar uma fórmula que possibili-
                               nalism School.                                    tasse fazer algo equivalente, com algumas




                                  }A primeira preocupação de um bom gestor deve
                                  ser com o recrutamento, o desenvolvimento, a
                                  manutenção e a motivação de sua equipe. Isso
                                  inclui saber demitir.~


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      R E V I S T A   D A   E S P M –   março / abril de   2011
Roberto Civita




 }A função do dirigente editorial é orquestrar o
 conjunto da sua redação, começando com a
 escolha e o treinamento dos músicos para dirigir
 o processo.~

pequenas diferenças. A principal é que nos      plexo. Eugênio é ex-secretário editorial da
Estados Unidos e na Europa, quando se faz       Editora Abril e ex-presidente da Radiobrás,
uma doação para uma universidade seja ela       posto que exerceu durante o Governo Lula.
qual for, há uma dedução no seu Imposto         Atual mente é professor de jornalismo tanto
de Renda; já no Brasil você tem um imposto      da ECA-USP quanto da ESPM. Conhece
adicional a pagar. Esse é só um exemplo para    praticamente todos os lados da nossa pro-
vocês se divertirem com uma das coisas que      fissão e tem se demonstrado um verdadeiro
vamos ter de mudar neste país, um pequeno       maestro na arte de juntar talentos, planejar
detalhe que dificulta as doações não só para    o curso e orquestrar o conjunto.
universidades como também para hospitais
                                                Tivemos também a sorte e o privilégio de
e museus. Tenho amigos que tentaram doar
                                                reunir uma extraordinária coleção de talen-
uma coleção de arte para a Pinacoteca, mas
                                                tos para ministrar o curso, que inclui desde
desistiram depois de três anos de tentati-
                                                uma quantidade de monstros sagrados da
vas. O saudoso José Mindlin passou nove
                                                história do jornalismo brasileiro, até algu-
anos tentando doar a sua biblioteca para a
                                                mas das maiores autoridades em fundamen-
USP, ou seja, não é fácil fazer doações para
                                                tos como ética, economia, administração,
universidades no Brasil. Mas, enfim, con-
                                                gestão de pessoas e processos, marketing,
seguimos criar o Instituto de Altos Estudos
                                                internet e os principais aspectos jurídicos
em Jornalismo, a partir de um acordo com
                                                que dizem respeito ao jornalismo no País.
a Escola; ele está montado e funcionando,
o imposto está pago e agora vamos à luta.       A todos eles, meus ag radecimentos por
                                                terem aceitado o nosso convite. E a todos
Qual é o objetivo disso tudo? Em poucas
                                                os alunos dessa primeira turma, quanto
palavras contribuir, por intermédio desse
                                                privilégio e quanta inveja. Todos que co-
curso, para o desenvolvimento das carreiras
                                                nheceram esse currículo disseram “quero
dos melhores talentos editoriais brasileiros
                                                estudar, quero fazer o curso, não quero ser
e a consequente melhora da qualidade
                                                professor”. Aliás, ouvi uma citação dessas
do jornalismo no País. Isso, obviamente,
                                                hoje pela manhã.
depende muito mais de gente, do que de
instalações, salas de aula ou equipamentos.     Em outubro de 2009, J. Roberto Penteado,
Tudo depende das pessoas que você con-          Richard Lucht e eu fomos visitar algumas
segue juntar dos dois lados da equação: os      escolas de jornalismo em nível de pós-gra-
alunos e os professores. Tivemos a sorte de     duação, as melhores dos Estados Unidos:
conseguir convencer Eugênio Bucci a dirigir     Columbia University Graduate School of
este curso full time, porque é um trabalho de   Journalism; Graduate School of Journalism
tempo integral, não dá para fazer isso nas      at the City University of New York; Medill
horas vagas. Nos primeiros anos, durante        School of Journalism of the Northwestern
a montagem, esse curso exige semanas de         University in Chicago; e Berkeley Graduate
sete dias e 12 horas, o processo é muito com-   School of Journalism of the University of



                                                                                                                                  123
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PALESTRA




                               California, que são as quatro mais repu-         longo do tempo, rea l i ze i nterc â mbios
                               tadas escolas de jornalismo dos Estados          internacionais de alunos e professores. A
                               Unidos. Levei no bolso uma lista do que          proposta é avaliar os valores e as práticas
                               achava que deveria ser o currículo do curso      do jornalismo independente, e as noções
                               porque queria checar esse currículo com o        avançadas de gestão editorial. Não va-
                               que eles faziam lá. O objetivo da viagem         mos ensinar o que vocês já aprenderam
                               era verificar como funcionava as melhores        du ra nte a sua for mação e ao longo de
                               escolas de jornalismo de pós-graduação do        suas carreiras. Claro, seria idiota ensinar
                               planeta. Mostrei a lista para os deans que       a fazer textos, títulos, legendas e aquelas
                               encontramos e um deles me perg untou             coisas que todos aqui tiram de letra. Não
                               como e quanto tempo eu tinha levado para         vamos entrar em técnicas de jornalismo.
                               montar o elenco de disciplinas – eram 15 ou      O c u r r íc u lo é t udo q ue u m d i r ig ente
                               16 disciplinas. Respondi que tinha feito a       editorial precisa saber e o revisitar para
                               lista em meia hora, levando em conta o que       desempenhar a sua missão com sucesso e
                               as pessoas precisavam saber e o que tinha        melhor do que seus concorrentes. Não se
                               descoberto ao longo dos anos que elas não        esqueçam disso.
                               sabiam. Ele respondeu que levou dois anos
                               de pesquisas, muitos estudos, debates e          Como já obser vei, vamos cobrir todos os
                               discussões para chegar exatamente à mesma        fundamentos básicos, não para que vocês
                               lista. Fiquei muito contente. Demos uma          se tornem experts em cada um deles, mas
                               polida em nossa lista e vimos o curso mais       para entendê-los suficientemente bem e
                               de perto, como disse o professor David Kla-      poder dialogar com seus companheiros
                               tell e a equipe da Columbia. Agora, temos        do lado do negócio e formarem parcerias
                               um currículo que talvez irá exigir alguns        baseadas em confiança e conhecimentos
                               acertos ao longo dos anos, mas que já tem        mút uos. Teremos matér ias especí f icas,
                               o básico que um currículo destes precisa         essenciais para o exercício da função de
                               para formar e preparar pessoas. Essa pri-        dirigente editorial, como, por exemplo,
                               meira turma é composta basicamente por           a d isc ipl i na “O jor na l ista e os nossos
                               pessoas que têm, no mínimo, dez anos de          números”, crucial para poder lidar com a
                               experiência prática de redação e que já che-     enxurrada de estatísticas, dados econô-
                               garam ao topo ou estão prestes a começar a       micos, balanços, pesquisas e projeções
                               dirigir uma operação editorial de televisão,     necessárias para que as nossas audiências
                               rádio, jornal, revista e até internet. Estamos   possam se situar e entender o mundo em
                               procurando os dirigentes, gente do futuro        que vivem. Do lado prático, vamos falar da
                               do jornalismo brasileiro.
                                                                                vida como ela é dentro de uma redação – o
                               A intenção e o desafio é o de montar um          dia-a-dia, os desafios, as pressões, as ine-
                               curso world-class, que não fique devendo         vitáveis dúvidas. Vamos analisar e contar
                               nada aos melhores do planeta e que, ao           muitos bons cases e histórias de sucessos




                                }A era multimídia, da conectividade, da interatividade
                                e da próxima novidade que já está chegando, está
                                definitivamente instalada.~


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 }O ideal é manter um equilíbrio permanente entre
 a excelência do conteúdo produzido e a saúde
 financeira da empresa.~

e de f racassos ta mbém, pois é com os           los. Além de conhecer o seu público, precisa
fracassos que se aprende mais.                   respeitá-lo, cuidar dele e antecipar os seus
                                                 desejos. Precisa saber gerir gente, isso se
Um grande dirigente editorial precisa ter os
                                                 aprende um pouco na prática, mas também
valores do bom jornalismo: independência,
                                                 na teoria. A primeira preocupação de um
integridade, ética, excelência e respeito ao
                                                 bom gestor deve ser com o recrutamento, o
leitor. Toda vez que falar em leitor pense no
                                                 desenvolvimento, a manutenção e a motiva-
seu público e isso vale para todos os meios. O
                                                 ção de sua equipe. Isso inclui saber demitir.
segundo ponto é ter uma visão clara de onde
                                                 Há momentos em que demitir é necessário,
está e aonde quer chegar com o seu veículo,
                                                 já em outros é preciso apoiar seus jornalis-
qual é a sua missão, sua função, como servir,
                                                 tas, mesmo que tenham falhado, e nunca
provocar, estimular, instigar a sua audiência,
                                                 demiti-los sob pressão, nunca, esse é um
qual é a reação que espera da sua audiência
                                                 pecado mortal. Precisa conhecer todos os
em função do jornalismo que pratica. Para
                                                 processos que envolvem uma publicação, um
isso, todos os bons dirigentes editoriais
                                                 site, uma emissora: o que é administração, o
que conheci em minha vida tinham uma
                                                 que são os controles, como utilizar indicado-
curiosidade onívora. Não conheço grandes
                                                 res de desempenho, que vão desde o custo
dirigentes editoriais e diretores de redação
                                                 editorial por página ou edição por minuto
que não sejam, permanentemente, curiosos
                                                 até a proporção do conteúdo jornalístico no
a respeito de tudo. Estão sempre ligados 24
                                                 conjunto do veículo. Precisa entender de
horas por dia. A capacidade de fazer o que
                                                 publicidade, assinaturas, gráficas, tecnolo-
chamo de zoom in e zoom out é necessária
                                                 gia, transmissão, distribuição, pesquisas,
para poder ver o detalhe com o zoom in e
                                                 marketing, tudo isso como pano de fundo
também para não se perder nele, conseguin-
                                                 não é responsabilidade do diretor editorial,
do fazer o que no cinema se chama zoom out
                                                 mas faz parte do contexto em que ele precisa
para ver a situação de longe em perspectiva.
                                                 operar para entender a correlação entre as
A capacidade de agir no momento certo, o
                                                 partes e a importância de sua inter-relação
timing, como todos nós já sabemos, é abso-
                                                 harmoniosa.
lutamente fundamental. E ter sempre como
objetivo a excelência jornalística, a isenção,   Precisa saber mediar conflitos, saber di-
a precisão, a verificação, o equilí brio, a      zer não ou ainda quando e como recusar
relevância e o compromisso permanente            anúncios que conf litem, invadam ou se
com a verdade. O que um bom dirigente            confundam com o seu conteúdo editorial.
editorial deve saber adicionalmente é que        Precisa saber quando está impelido para
precisa conhecer a sua audiência, o leitor, o    evitar conflitos de interesses e resistir às
internauta, o telespectador, o ouvinte, que é    tentações. Isso tudo se torna ainda mais
a razão de ser, o princípio e o fim de tudo o    importante e complexo graças à revolução
que fazemos, a sustentação de nossos veícu-      digital em curso.



                                                                                                                                    125
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                                  }Esse novo curso tem a ambição e o objetivo de
                                  contribuir para a melhoria do jornalismo no Brasil.~

                               Tem gente que me pergunta por que fazer           a escolha e o treinamento dos músicos
                               um curso de jornalismo agora. Será que o          para dirigir o processo. Precisa também
                               jornalismo não está acabando? Será que            saber intuir e descobrir o que seu público
                               a internet não liquidou o jornalismo? Os          quer, além de entender a concorrência,
                               jornais, as revistas, a televisão e o rádio que   sentir quando mudar de direção mediante
                               conhecemos vão continuar existindo? Essa          disputas e conf litos, e defender sempre
                               é a grande pergunta. Minha resposta é um          o saudável equilí brio editorial e comer-
                               enfático sim, e por muito tempo, porém            cial. Enfim, precisa sempre lembrar que
                               com um tom mais crítico na sequência. As          qualquer veículo é um todo e seu sucesso
                               fronteiras entre os veículos estão acabando,      depende da harmonia entre corpo e alma,
                               a imprensa tradicional já incorporou sons         entre Igreja e Estado, princípios e inteli-
                               e imagens em movimento. A era multimí-            gência, experiência e imaginação, ousadia
                               dia, da conectividade, da interatividade e        e competência. Precisa não se esquecer
                               da próxima novidade que já está chegan-           nunca de que o diretor editorial é o res-
                               do, está definitivamente instalada. Como          ponsável final pela reputação, integridade
                               consequência, hoje, as pessoas estão literal-
                                                                                 e credibilidade da sua revista, seu jornal,
                               mente submersas em um verdadeiro dilúvio
                                                                                 seu site, seu canal ou sua emissora. Ele é
                               informativo. Como se informar, selecionar,
                                                                                 o g uardião da chama que diferencia um
                               confiar no que está acessível na rede com
                                                                                 veículo de um simples produto ou serviço.
                               todos esses milhões de sites, blogs, vídeos
                                                                                 É também o defensor e propagador de seu
                               e redes sociais?
                                                                                 veículo, em última instância, a consciência
                               Mais do que nunca, os nossos públicos             da publicação. Os dirigentes editoriais têm
                               necessitam de solo firme quando buscam            uma enorme responsabilidade para com a
                               informação. Precisam de coordenadas e re-         nossa audiência, com os nossos públicos
                               ferências confiáveis. Precisam de quem faça       e com o nosso país.
                               o trabalho de editar. Precisam de um guia
                                                                                 É exatamente esse conjunto de coisas que,
                               que selecione, organize, cheque, analise e
                                                                                 em minha opinião nada imparcial, torna
                               em quem, repito, possam confiar. É aqui que
                               nós, produtores de conteúdo, entramos, ou         esse metiê, este ofício, a atividade mais esti-
                               melhor, continuamos na história. Precisa-         mulante, mais divertida, mais desafiadora e
                               mos continuar a ser profundos conhecedores        mais compensadora, em vários sentidos, que
                               e referência nos assuntos que tratamos e a        existe neste planeta.
                               fonte privilegiada de quem quer se atualizar,     Como eu disse no início, este novo curso tem
                               entender o que é um tsunami, avaliar um           a ambição e o objetivo de contribuir para a
                               cardápio, comprar um carro novo, experi-
                                                                                 melhoria do jornalismo no Brasil. Com os
                               mentar um novo penteado, escolher uma es-
                                                                                 ensinamentos do nosso excepcional corpo
                               cola para os filhos, uma maneira de diminuir
                                                                                 docente e o interesse, empenho e dedica-
                               a barriga ou até um presidente para o país.
                                                                                 ção de cada um de vocês, atingiremos, sem
                               A função do dirigente editorial é orquestrar      dúvida, esse objetivo. Bom proveito, bom
                               o conjunto da sua redação, começando com          divertimento e muito sucesso!             ESPM




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      R E V I S T A   D A   E S P M –   março / abril de   2011

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Aula inaugural pós-graduação em Jornalismo - Palestra Roberto Civita

  • 1. Palestra Democracia, imprensa livre e livre iniciativa Palestra com Roberto Civita Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, minis- trou a aula inaugural do curso de pós- graduação em Jornalismo da ESPM. A seguir, confira a íntegra do discurso proferido, no último dia 14 de março, por esse que é considerado um dos mais renomados jornalistas brasileiros. 118 R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011
  • 2. 119 março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M Arquivo
  • 3. PALESTRA É uma alegria, uma grande satisfação e um a liberdade de expressão de jornalistas ou verdadeiro prazer participar da inauguração proprietários de empresas de comunicação. do curso de Jornalismo, que é a concretização O que se procura é um meio para garantir de um velho sonho, o projeto de introduzir no a sobrevivência de uma sociedade livre. Brasil algo que simplesmente não existia e que, Existe uma indissolúvel interdependência do meu ponto de vista, estava fazendo falta. entre a democracia, a imprensa livre e a livre iniciativa. Sem uma, as outras também Quero agradecer ao Conselho da ESPM, tão sucumbem. bem representado pelo meu querido amigo Armando Ferrentini, ao meu amigo também Os meios de comunicação independentes e companheiro de armas J. Roberto Whi- representam a primeira vítima das tiranias. taker Penteado, hoje presidente da Escola, Sempre que estas se abatem sobre os povos aos professores Richard Lucht e Gilberto e as nações cuidam logo de amordaçar a im- Cavicchioli, que tanto contribuíram para prensa livre, pois somos, ao mesmo tempo, a montagem e preparação do conjunto, ao a expressão e a consequência das liberdades extraordinário corpo de professores do cur- públicas. O nosso principal compromisso so, ao Eugênio Bucci, velho companheiro não é com governos, anunciantes, amigos ou de jornadas jornalísticas e novo diretor do acionistas, mas sim com os nossos públicos curso, sem os quais não estaríamos aqui e com a verdade. hoje. Quero agradecer à Cleide Castellan, A obrigação do jornalista é verificar os fatos minha querida assistente executiva, que e ser responsável, zelar pela ética, procurar nos aguentou e carregou durante todo o manter a isenção e sempre fazer o seu me- tempo de gestação. Finalmente, bem-vindos lhor. Não devemos esconder embaixo do e muito prazer, novos alunos do curso, para tapete mazelas e irregularidades de quem os quais isso tudo está sendo feito. quer que seja em nome de uma pseudo- Quero começar por uma relação de premis- paz social ou econômica, nem tão pouco sas e princípios que considero fundamentais podemos escolher o momento certo para na frente editorial e jornalística, que orienta publicá-las. tudo que tenho realizado ao longo da minha O equilíbrio econômico e a justiça social vida profissional. que tanto sonhamos somente poderão ser A liberdade e a livre manifestação do pensa- obtidos quando o povo puder acreditar na mento, que incluem a liberdade de impren- solidez de suas instituições e nas respostas sa, além de se constituírem em um direito que elas possam dar às suas necessidades. natural do homem são pressupostos básicos A forma como os veículos de comunicação de todas as demais liberdades: política, re- abordam, focam, apresentam e analisam ligiosa, econômica, de associação e tantas os fatos, ev identemente, os altera e os outras. A liberdade de imprensa não cons- afeta. Apesar de todas as insistências de titui um fim em si mesma nem visa garantir que somos apenas os olhos, o espelho, os }O nosso principal compromisso não é com governos, anunciantes, amigos ou acionistas, mas sim com os nossos públicos e com a verdade.~ 120 R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011
  • 4. Roberto Civita }Um grande dirigente editorial precisa ter os valores do bom jornalismo: independência, integridade, ética, excelência e respeito ao leitor.~ mensageiros da sociedade, é inegável que diariamente, a cada edição do jornal, dos o famoso Efeito Heisenberg – criada pelo programas das emissoras de TV e de rádio, físico alemão Werner Heisenberg, a teoria das reportagens publicadas nas revistas e demonstrou que o mero ato de observar um nos sites. Evidentemente, não estamos aqui fenômeno altera sua natureza – é também apenas para falar de jornalismo com “J” aplicável ao mundo das notícias e do jor- maiúsculo, de política, de economia e da nalismo. Não devemos nunca abandonar o salvação da pátria. Estamos aqui para falar papel de investigar e denunciar irregula- de jornalismo lato sensu, desde política e ridades, corrupção, erros e mentiras, mas economia até moda, turismo, gastronomia, não podemos abdicar de procurar os fatos carros, bebês, esportes, beleza e todo o vas- estimulantes, positivos e construtivos. to leque de interesses dos nossos diversos públicos. Seja qual for a modalidade, e esta A imprensa não deve ser vista apenas como é uma das disciplinas do nosso currículo, vingadora, justiceira, destruidora, um anjo exterminador. Deve ser uma força que aju- é preciso sempre levar em conta que isso é da a compreender, constituir, construir e muito mais do que um simples negócio. O defender a comunidade, o Estado e o País. ideal é manter um equilíbrio permanente É fundamental que a preocupação ética, o entre a excelência do conteúdo produzido e triunfo do princípio sobre a conveniência, a saúde financeira da empresa. a responsabilidade junto aos indivíduos, ao Estou convicto de que fazer jornalismo de público, à nação e até ao planeta estejam qualidade, independente, confiável, além sempre na balança. de contribuir com a sociedade, pode-se, Afinal, quem nos outorgou o direito de infor- às vezes, até ganhar algum dinheiro. Para mar, criticar, opinar, investigar, denunciar, isso a melhor maneira que conheço é o que divertir e servir? A resposta é dupla: de um chamamos na Abril de a “separação entre a lado ninguém nos elegeu, da mesma maneira Igreja e o Estado”. que ninguém elege a igreja, as universida- Mas onde aprender isso tudo? Onde poder des, os editores de livros, o supermercado mergulhar no assunto num nível avançado onde nos abastecemos. Por outro lado, todos e debater as grandes questões básicas? A nos elegem a cada instante. importância da formação e da especia- A imprensa não é um poder estruturado, lização nesse caso tornou-se óbvia para erigido institucionalmente. O mercado livre, mim ao longo das décadas porque a escola sim, que é a fábrica das eleições, a usina até aqui, de formação de dirigentes e de permanente de opções. O mercado aberto e redação, tem sido a prática, mas a prática, sem constrangimentos gera uma multiplici- você encontra. Hoje, temos 54 diretores dade de estímulos e demandas que levam à de redação na Abril e, ao longo dos anos, concorrência intensa e constantemente reno- tenho obser vado o quanto é difícil subir vada. Esta eleição é permanente e acontece na carreira e aprender e dominar todos os 121 março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M
  • 5. PALESTRA assuntos necessários a um dirigente edi- Um dia ocorreu-me que estávamos um torial, para realmente exercer sua função pouco atrasados, que não tínhamos uma com competência, brilho e sucesso. dessas escolas e que era algo que queria fazer, porque acredito na importância da Então, lembrei-me de uma história: nos fins educação de modo geral, especialmente de 1890, Joseph Pulitzer, que era fundador e nas grandes universidades, que têm um principal editor de alguns dos grandes jor- papel fundamental na formação de uma nais de Nova York na época, foi procurar uma sociedade mais desenvolvida. Decidi que o universidade de renome para fundar uma curso deveria ser em uma universidade pau- escola de jornalismo. Visitou as melhores listana e, naturalmente, sem fins lucrativos, universidades dos Estados Unidos e disse porque tenho uma velha convicção de que a que estaria disposto a financiar a montagem melhor educação se faz sem fins lucrativos e de uma escola de jornalismo. Mas todas dis- lembrei-me da minha alma mater. Lembrei- seram que “jornalismo não era coisa séria. me da ESPM, que frequentei na rua Sete Jornalismo não era coisa para universidade. de Abril, no fim da década de 50, quando Jornalismo era um ofício”. Aliás, mais de 100 ensinava somente Propaganda, mas já era anos depois, um dia um reitor de uma dessas uma extraordinária escola. Com muito or- universidades disse-me a mesmíssima coisa. gulho, integro o Conselho da ESPM há anos. Certa vez, estava na Brown University, que Procurei primeiro o Armando Ferrentini, é uma das mais tradicionais universidades depois os outros Conselheiros e o professor dos Estados Unidos, para fazer uma palestra J. Roberto Penteado para saber se estariam sobre o Brasil e, conversando com o reitor, interessados em montar uma escola dessas perg untei se eles tinham uma escola de em São Paulo e eles gostaram. jornalismo em Brown. Ele me olhou e disse: “Sr. Civita, há 200 anos, os fundadores dessa Depois disso perguntei como faríamos isso, universidade decidiram que não ensinaría- porque nos Estados Unidos você simples- mos ofícios”. O mesmo que disseram ao Sr. mente preenche um cheque, entrega para a Pulitzer: “Nada feito. No school”. Ele insistiu universidade específica, qual é a finalidade durante 14 anos. Todo ano voltava para a e o assunto está encerrado. Isso chama-se Universidade de Columbia, dizendo estar endowment. Consultei advogados e perguntei disposto a bancar uma escola de jornalismo: como o endowment era feito no Brasil e eles “Vocês têm certeza de que não querem?” me disseram que não existia. Quando per- Depois de 14 anos e da troca de alg uns guntei como isso deveria ser feito, eles res- conselheiros, finalmente concordaram. Em ponderam que era muito complicado. Vocês 1905 aceitaram uma doação de Pulitzer e não vão acreditar, mas levamos seis meses montaram o que hoje é a Columbia Jour- para encontrar uma fórmula que possibili- nalism School. tasse fazer algo equivalente, com algumas }A primeira preocupação de um bom gestor deve ser com o recrutamento, o desenvolvimento, a manutenção e a motivação de sua equipe. Isso inclui saber demitir.~ 122 R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011
  • 6. Roberto Civita }A função do dirigente editorial é orquestrar o conjunto da sua redação, começando com a escolha e o treinamento dos músicos para dirigir o processo.~ pequenas diferenças. A principal é que nos plexo. Eugênio é ex-secretário editorial da Estados Unidos e na Europa, quando se faz Editora Abril e ex-presidente da Radiobrás, uma doação para uma universidade seja ela posto que exerceu durante o Governo Lula. qual for, há uma dedução no seu Imposto Atual mente é professor de jornalismo tanto de Renda; já no Brasil você tem um imposto da ECA-USP quanto da ESPM. Conhece adicional a pagar. Esse é só um exemplo para praticamente todos os lados da nossa pro- vocês se divertirem com uma das coisas que fissão e tem se demonstrado um verdadeiro vamos ter de mudar neste país, um pequeno maestro na arte de juntar talentos, planejar detalhe que dificulta as doações não só para o curso e orquestrar o conjunto. universidades como também para hospitais Tivemos também a sorte e o privilégio de e museus. Tenho amigos que tentaram doar reunir uma extraordinária coleção de talen- uma coleção de arte para a Pinacoteca, mas tos para ministrar o curso, que inclui desde desistiram depois de três anos de tentati- uma quantidade de monstros sagrados da vas. O saudoso José Mindlin passou nove história do jornalismo brasileiro, até algu- anos tentando doar a sua biblioteca para a mas das maiores autoridades em fundamen- USP, ou seja, não é fácil fazer doações para tos como ética, economia, administração, universidades no Brasil. Mas, enfim, con- gestão de pessoas e processos, marketing, seguimos criar o Instituto de Altos Estudos internet e os principais aspectos jurídicos em Jornalismo, a partir de um acordo com que dizem respeito ao jornalismo no País. a Escola; ele está montado e funcionando, o imposto está pago e agora vamos à luta. A todos eles, meus ag radecimentos por terem aceitado o nosso convite. E a todos Qual é o objetivo disso tudo? Em poucas os alunos dessa primeira turma, quanto palavras contribuir, por intermédio desse privilégio e quanta inveja. Todos que co- curso, para o desenvolvimento das carreiras nheceram esse currículo disseram “quero dos melhores talentos editoriais brasileiros estudar, quero fazer o curso, não quero ser e a consequente melhora da qualidade professor”. Aliás, ouvi uma citação dessas do jornalismo no País. Isso, obviamente, hoje pela manhã. depende muito mais de gente, do que de instalações, salas de aula ou equipamentos. Em outubro de 2009, J. Roberto Penteado, Tudo depende das pessoas que você con- Richard Lucht e eu fomos visitar algumas segue juntar dos dois lados da equação: os escolas de jornalismo em nível de pós-gra- alunos e os professores. Tivemos a sorte de duação, as melhores dos Estados Unidos: conseguir convencer Eugênio Bucci a dirigir Columbia University Graduate School of este curso full time, porque é um trabalho de Journalism; Graduate School of Journalism tempo integral, não dá para fazer isso nas at the City University of New York; Medill horas vagas. Nos primeiros anos, durante School of Journalism of the Northwestern a montagem, esse curso exige semanas de University in Chicago; e Berkeley Graduate sete dias e 12 horas, o processo é muito com- School of Journalism of the University of 123 março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M
  • 7. PALESTRA California, que são as quatro mais repu- longo do tempo, rea l i ze i nterc â mbios tadas escolas de jornalismo dos Estados internacionais de alunos e professores. A Unidos. Levei no bolso uma lista do que proposta é avaliar os valores e as práticas achava que deveria ser o currículo do curso do jornalismo independente, e as noções porque queria checar esse currículo com o avançadas de gestão editorial. Não va- que eles faziam lá. O objetivo da viagem mos ensinar o que vocês já aprenderam era verificar como funcionava as melhores du ra nte a sua for mação e ao longo de escolas de jornalismo de pós-graduação do suas carreiras. Claro, seria idiota ensinar planeta. Mostrei a lista para os deans que a fazer textos, títulos, legendas e aquelas encontramos e um deles me perg untou coisas que todos aqui tiram de letra. Não como e quanto tempo eu tinha levado para vamos entrar em técnicas de jornalismo. montar o elenco de disciplinas – eram 15 ou O c u r r íc u lo é t udo q ue u m d i r ig ente 16 disciplinas. Respondi que tinha feito a editorial precisa saber e o revisitar para lista em meia hora, levando em conta o que desempenhar a sua missão com sucesso e as pessoas precisavam saber e o que tinha melhor do que seus concorrentes. Não se descoberto ao longo dos anos que elas não esqueçam disso. sabiam. Ele respondeu que levou dois anos de pesquisas, muitos estudos, debates e Como já obser vei, vamos cobrir todos os discussões para chegar exatamente à mesma fundamentos básicos, não para que vocês lista. Fiquei muito contente. Demos uma se tornem experts em cada um deles, mas polida em nossa lista e vimos o curso mais para entendê-los suficientemente bem e de perto, como disse o professor David Kla- poder dialogar com seus companheiros tell e a equipe da Columbia. Agora, temos do lado do negócio e formarem parcerias um currículo que talvez irá exigir alguns baseadas em confiança e conhecimentos acertos ao longo dos anos, mas que já tem mút uos. Teremos matér ias especí f icas, o básico que um currículo destes precisa essenciais para o exercício da função de para formar e preparar pessoas. Essa pri- dirigente editorial, como, por exemplo, meira turma é composta basicamente por a d isc ipl i na “O jor na l ista e os nossos pessoas que têm, no mínimo, dez anos de números”, crucial para poder lidar com a experiência prática de redação e que já che- enxurrada de estatísticas, dados econô- garam ao topo ou estão prestes a começar a micos, balanços, pesquisas e projeções dirigir uma operação editorial de televisão, necessárias para que as nossas audiências rádio, jornal, revista e até internet. Estamos possam se situar e entender o mundo em procurando os dirigentes, gente do futuro que vivem. Do lado prático, vamos falar da do jornalismo brasileiro. vida como ela é dentro de uma redação – o A intenção e o desafio é o de montar um dia-a-dia, os desafios, as pressões, as ine- curso world-class, que não fique devendo vitáveis dúvidas. Vamos analisar e contar nada aos melhores do planeta e que, ao muitos bons cases e histórias de sucessos }A era multimídia, da conectividade, da interatividade e da próxima novidade que já está chegando, está definitivamente instalada.~ 124 R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011
  • 8. Roberto Civita }O ideal é manter um equilíbrio permanente entre a excelência do conteúdo produzido e a saúde financeira da empresa.~ e de f racassos ta mbém, pois é com os los. Além de conhecer o seu público, precisa fracassos que se aprende mais. respeitá-lo, cuidar dele e antecipar os seus desejos. Precisa saber gerir gente, isso se Um grande dirigente editorial precisa ter os aprende um pouco na prática, mas também valores do bom jornalismo: independência, na teoria. A primeira preocupação de um integridade, ética, excelência e respeito ao bom gestor deve ser com o recrutamento, o leitor. Toda vez que falar em leitor pense no desenvolvimento, a manutenção e a motiva- seu público e isso vale para todos os meios. O ção de sua equipe. Isso inclui saber demitir. segundo ponto é ter uma visão clara de onde Há momentos em que demitir é necessário, está e aonde quer chegar com o seu veículo, já em outros é preciso apoiar seus jornalis- qual é a sua missão, sua função, como servir, tas, mesmo que tenham falhado, e nunca provocar, estimular, instigar a sua audiência, demiti-los sob pressão, nunca, esse é um qual é a reação que espera da sua audiência pecado mortal. Precisa conhecer todos os em função do jornalismo que pratica. Para processos que envolvem uma publicação, um isso, todos os bons dirigentes editoriais site, uma emissora: o que é administração, o que conheci em minha vida tinham uma que são os controles, como utilizar indicado- curiosidade onívora. Não conheço grandes res de desempenho, que vão desde o custo dirigentes editoriais e diretores de redação editorial por página ou edição por minuto que não sejam, permanentemente, curiosos até a proporção do conteúdo jornalístico no a respeito de tudo. Estão sempre ligados 24 conjunto do veículo. Precisa entender de horas por dia. A capacidade de fazer o que publicidade, assinaturas, gráficas, tecnolo- chamo de zoom in e zoom out é necessária gia, transmissão, distribuição, pesquisas, para poder ver o detalhe com o zoom in e marketing, tudo isso como pano de fundo também para não se perder nele, conseguin- não é responsabilidade do diretor editorial, do fazer o que no cinema se chama zoom out mas faz parte do contexto em que ele precisa para ver a situação de longe em perspectiva. operar para entender a correlação entre as A capacidade de agir no momento certo, o partes e a importância de sua inter-relação timing, como todos nós já sabemos, é abso- harmoniosa. lutamente fundamental. E ter sempre como objetivo a excelência jornalística, a isenção, Precisa saber mediar conflitos, saber di- a precisão, a verificação, o equilí brio, a zer não ou ainda quando e como recusar relevância e o compromisso permanente anúncios que conf litem, invadam ou se com a verdade. O que um bom dirigente confundam com o seu conteúdo editorial. editorial deve saber adicionalmente é que Precisa saber quando está impelido para precisa conhecer a sua audiência, o leitor, o evitar conflitos de interesses e resistir às internauta, o telespectador, o ouvinte, que é tentações. Isso tudo se torna ainda mais a razão de ser, o princípio e o fim de tudo o importante e complexo graças à revolução que fazemos, a sustentação de nossos veícu- digital em curso. 125 março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M
  • 9. PALESTRA }Esse novo curso tem a ambição e o objetivo de contribuir para a melhoria do jornalismo no Brasil.~ Tem gente que me pergunta por que fazer a escolha e o treinamento dos músicos um curso de jornalismo agora. Será que o para dirigir o processo. Precisa também jornalismo não está acabando? Será que saber intuir e descobrir o que seu público a internet não liquidou o jornalismo? Os quer, além de entender a concorrência, jornais, as revistas, a televisão e o rádio que sentir quando mudar de direção mediante conhecemos vão continuar existindo? Essa disputas e conf litos, e defender sempre é a grande pergunta. Minha resposta é um o saudável equilí brio editorial e comer- enfático sim, e por muito tempo, porém cial. Enfim, precisa sempre lembrar que com um tom mais crítico na sequência. As qualquer veículo é um todo e seu sucesso fronteiras entre os veículos estão acabando, depende da harmonia entre corpo e alma, a imprensa tradicional já incorporou sons entre Igreja e Estado, princípios e inteli- e imagens em movimento. A era multimí- gência, experiência e imaginação, ousadia dia, da conectividade, da interatividade e e competência. Precisa não se esquecer da próxima novidade que já está chegan- nunca de que o diretor editorial é o res- do, está definitivamente instalada. Como ponsável final pela reputação, integridade consequência, hoje, as pessoas estão literal- e credibilidade da sua revista, seu jornal, mente submersas em um verdadeiro dilúvio seu site, seu canal ou sua emissora. Ele é informativo. Como se informar, selecionar, o g uardião da chama que diferencia um confiar no que está acessível na rede com veículo de um simples produto ou serviço. todos esses milhões de sites, blogs, vídeos É também o defensor e propagador de seu e redes sociais? veículo, em última instância, a consciência Mais do que nunca, os nossos públicos da publicação. Os dirigentes editoriais têm necessitam de solo firme quando buscam uma enorme responsabilidade para com a informação. Precisam de coordenadas e re- nossa audiência, com os nossos públicos ferências confiáveis. Precisam de quem faça e com o nosso país. o trabalho de editar. Precisam de um guia É exatamente esse conjunto de coisas que, que selecione, organize, cheque, analise e em minha opinião nada imparcial, torna em quem, repito, possam confiar. É aqui que nós, produtores de conteúdo, entramos, ou esse metiê, este ofício, a atividade mais esti- melhor, continuamos na história. Precisa- mulante, mais divertida, mais desafiadora e mos continuar a ser profundos conhecedores mais compensadora, em vários sentidos, que e referência nos assuntos que tratamos e a existe neste planeta. fonte privilegiada de quem quer se atualizar, Como eu disse no início, este novo curso tem entender o que é um tsunami, avaliar um a ambição e o objetivo de contribuir para a cardápio, comprar um carro novo, experi- melhoria do jornalismo no Brasil. Com os mentar um novo penteado, escolher uma es- ensinamentos do nosso excepcional corpo cola para os filhos, uma maneira de diminuir docente e o interesse, empenho e dedica- a barriga ou até um presidente para o país. ção de cada um de vocês, atingiremos, sem A função do dirigente editorial é orquestrar dúvida, esse objetivo. Bom proveito, bom o conjunto da sua redação, começando com divertimento e muito sucesso! ESPM 126 R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011