SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 15
Processos de racialização, em
articulações com gênero e
outros marcadores – Avtar Brah
Antropologia e Gênero
Heloisa Buarque de Almeida
“E eu não sou uma mulher?”
(Sojourner Truth, Women's Rights Convention,
1851)
“Branca para casar
negra para cozinhar
mulata para fornicar”
“No hay tamarindo dulce, ni mulata señorita”
• BRAH, Avtar: “Diferença, diversidade,
diferenciação”, cadernos pagu, 26, 2006, pp.
329-376
• GONZALES , Lélia: Racismo e Sexismo na
Cultura Brasileira, In Revista Ciências Sociais
Hoje, Anpocs, 1984, pp. 223-244
Avtar Brah
• Entender a ideia de processos de racialização
• Avtar Brah – nasceu na Índia, cresceu em
Uganda, faz seu doutorado no Reino Unido,
professora do Birkbeck College, Universidade
de Londres, fundadora do grupo Southall
Black Sisters (anos 1970) e mulheres asiáticas
definidas como “black”.
Avtar Brah: “Diferença, diversidade,
diferenciação”
• Discussão sobre o feminismo e o antirracismo no
contexto do Reino Unido, final do séc XX – e o
problema da identidade
• processos de racialização - a construção das diferenças
e como são essencializadas, mas de forma diversa
• estudar as relações entre as várias formas de
diferenciação social – diferentes racismos.
• compreender a racialização do gênero
• Analisar a problemática da subjetividade e identidade
para compreender a dinâmica de poder da
diferenciação social
Controvérsias em torno da categoria
unificadora “negro” (black)
• Negro operou como sinal contingente em diferentes
circunstâncias políticas, unificando pessoas de origem
africana, afro-caribenhos, e sul-asiáticos
• Pós-guerra – termo “negro” unifica não-brancos e sua
situação de trabalho e de classe na Grã-Bretanha. Esses
grupos experimentavam a racialização de sua posição
de classe e gênero.
• Negro – constitui um sujeito político na luta anti-
racista, centrada na cor
• Classe – elemento constitutivo importante no
surgimento da noção de “negro”
O que quero destacar com esta incursão no debate
em torno do uso do termo “negro” na Grã-Bretanha
é como a “diferença” é construída de maneira
diferente dentro desses discursos. Isto é, o uso de
“negro”, “indiano” ou “asiático” é determinado não
tanto pela natureza de seu referente como por sua
função semiótica dentro de diferentes discursos.
Esses vários significados assinalam diferentes
estratégias e resultados políticos. Mobilizam
diferentes conjuntos de identidades culturais ou
políticas, e colocam limites ao estabelecimento de
fronteiras da “comunidade”. Esse debate teve um
certo eco dentro do feminismo. É contra esse pano
de fundo que agora me volto para a questão da
“diferença” dentro do feminismo. (p. 340)
• Heterogeneidade da condição social das mulheres
• Diferentes posições do feminismo (feminismo radical X
feminismo socialista)
• Processos de racialização do gênero, classe e
sexualidade
• Processos de racialização – historicamente específicos,
diferentes grupos foram racializados de modos
distintos, e na base de diferentes significantes de
diferença
• Tanto negros como brancos experimentam seu gênero,
classe e sexualidade através da “raça”, mas a
racialização da subjetividade branca não é clara, dado
que o branco é um significante de dominância.
• “Estruturas de classe, racismo, gênero e sexualidade
não podem ser tratadas como “variáveis
independentes” porque a opressão de cada uma está
inscrita dentro da outra – é constituída pela outra e é
constitutiva dela.” (351)
• “Eu diria que o racismo não é nem redutível à classe
social ou ao gênero, nem inteiramente autônomo.
Racismos têm origem histórica diversa, mas se
articulam com estruturas patriarcais de classe de
maneiras específicas, em condições históricas dadas.”
(352)
• O conceito de articulação sugere relações de conexão
e eficácia através das quais, como diz Hall “as coisas
são relacionadas tanto por suas diferenças como por
suas semelhanças” (352-53)
Diferenças: como experiência, como
relação social, como subjetividade e
como identidade
• Experiência como categoria central do
feminismo - “O pessoal é político”
• Experiência (cita T. De Lauretis)
Contra a ideia de um “sujeito da experiência” já
plenamente constituído a quem as “experiências
acontecem”, a experiência é o lugar da formação
do sujeito. (360)
Diferença como relação social
“O conceito de “diferença como relação social” se
refere à maneira como a diferença é constituída e
organizada em relações sistemáticas através de
discursos econômicos, culturais e políticos e
práticas institucionais. Isso quer dizer que destaca a
sistematicidade através das contingências “ (362)
Uma abordagem mais estrutural de como a
diferença se inscreve institucionalmente, mas ela
quer focar nas ARTICULAÇÕES entre as categorias
Diferença como subjetividade
• Revisitar a psicanálise
• emoções, sentimentos, desejos e fantasias, com suas
contradições, não podem ser compreendidas apenas
em termos dos imperativos das instituições sociais
• mundo interior é tratado como o lugar do inconsciente
com seus efeitos imprevisíveis sobre o pensamento e
outros aspectos da subjetividade.
• sujeito-em-processo é marcado por um senso de
coerência e continuidade, um senso do núcleo a que
ela ou ele chama de “eu”
• os processos de formação da subjetividade são ao
mesmo tempo sociais e subjetivos
Diferença como identidade
• Identidades - inscritas através de experiências
culturalmente construídas em relações sociais.
• As identidades - múltiplas posições de sujeito que o
constituem. Não é fixa nem singular; ela é uma
multiplicidade relacional em constante mudança.
• a identidade pode ser entendida como o próprio
processo pelo qual a multiplicidade, contradição e
instabilidade da subjetividade é significada como tendo
coerência, continuidade, estabilidade; como tendo um
núcleo – um núcleo em constante mudança, mas de
qualquer maneira um núcleo – que a qualquer
momento é enunciado como o “eu”. (p. 371)
Parece imperativo que não
compartimentalizemos opressões, mas em lugar
disso formulemos estratégias para enfrentar
todas elas na base de um entendimento de
como se interconectam e articulam. (p. 376)

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a aula Brah processo racializacao sociedade e educação

"Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres...
"Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres..."Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres...
"Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres...Geraa Ufms
 
Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...
Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...
Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...culturaafro
 
Repres. social e gênero
Repres. social e gêneroRepres. social e gênero
Repres. social e gêneroPsicologia_2015
 
_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptx
_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptx_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptx
_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptxDudaAndrade15
 
Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.Nildes Sena
 
Trabalho de sociologia
Trabalho de sociologiaTrabalho de sociologia
Trabalho de sociologiaBianca Wild
 
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...Jordano Santos Cerqueira
 
/Home/kurumin/desktop/as teorias pós críticas
/Home/kurumin/desktop/as teorias pós  críticas/Home/kurumin/desktop/as teorias pós  críticas
/Home/kurumin/desktop/as teorias pós críticasNoemi da silva
 
A questão de Raça e Etnia
A questão de Raça e EtniaA questão de Raça e Etnia
A questão de Raça e EtniaJunior Ozono
 
Resenha um corpo extranho
 Resenha  um corpo extranho Resenha  um corpo extranho
Resenha um corpo extranhoIlca Guimarães
 
apresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.ppt
apresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.pptapresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.ppt
apresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.pptlaerciojunior26
 
"O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar...
"O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar..."O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar...
"O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar...Murilo Araújo
 
2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)
2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)
2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)Cristiane Taveira
 

Semelhante a aula Brah processo racializacao sociedade e educação (20)

Genero
GeneroGenero
Genero
 
"Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres...
"Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres..."Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres...
"Chegou a hora de darmos a luz a nós mesmas" - Situando-nos enquanto mulheres...
 
Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...
Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...
Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na ...
 
Repres. social e gênero
Repres. social e gêneroRepres. social e gênero
Repres. social e gênero
 
Genero
GeneroGenero
Genero
 
Genero
GeneroGenero
Genero
 
_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptx
_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptx_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptx
_AULAS GALILEU DESIGUALDADE.pptx
 
Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.Texto um corpo em ação sobre a ação social.
Texto um corpo em ação sobre a ação social.
 
Trabalho de sociologia
Trabalho de sociologiaTrabalho de sociologia
Trabalho de sociologia
 
Sobre o lugar de fala.
Sobre o lugar de fala.Sobre o lugar de fala.
Sobre o lugar de fala.
 
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 07 - Pr...
 
/Home/kurumin/desktop/as teorias pós críticas
/Home/kurumin/desktop/as teorias pós  críticas/Home/kurumin/desktop/as teorias pós  críticas
/Home/kurumin/desktop/as teorias pós críticas
 
A questão de Raça e Etnia
A questão de Raça e EtniaA questão de Raça e Etnia
A questão de Raça e Etnia
 
Resenha um corpo extranho
 Resenha  um corpo extranho Resenha  um corpo extranho
Resenha um corpo extranho
 
Racismo, discriminacao e_preconceito
Racismo, discriminacao e_preconceitoRacismo, discriminacao e_preconceito
Racismo, discriminacao e_preconceito
 
apresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.ppt
apresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.pptapresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.ppt
apresentacaomoduloii-aula_i_-_racismo,_discriminacao_e_preconceito.ppt
 
A GESTÃO E A RAÇA.pdf
A GESTÃO E A RAÇA.pdfA GESTÃO E A RAÇA.pdf
A GESTÃO E A RAÇA.pdf
 
"O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar...
"O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar..."O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar...
"O Amor de Cristo nos Uniu": Construções identitárias e mudança social em nar...
 
2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)
2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)
2014 seminário formação de gestores e educadores - direito à diversidade (1)
 
Educação Etnicorracial - Profº Jaime Pacheco
Educação Etnicorracial - Profº Jaime Pacheco Educação Etnicorracial - Profº Jaime Pacheco
Educação Etnicorracial - Profº Jaime Pacheco
 

Último

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioDomingasMariaRomao
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoBNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoGentil Eronides
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 

Último (20)

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimentoBNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
BNCC Geografia.docx objeto de conhecimento
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 

aula Brah processo racializacao sociedade e educação

  • 1. Processos de racialização, em articulações com gênero e outros marcadores – Avtar Brah Antropologia e Gênero Heloisa Buarque de Almeida
  • 2. “E eu não sou uma mulher?” (Sojourner Truth, Women's Rights Convention, 1851) “Branca para casar negra para cozinhar mulata para fornicar” “No hay tamarindo dulce, ni mulata señorita”
  • 3. • BRAH, Avtar: “Diferença, diversidade, diferenciação”, cadernos pagu, 26, 2006, pp. 329-376 • GONZALES , Lélia: Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, In Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984, pp. 223-244
  • 4. Avtar Brah • Entender a ideia de processos de racialização • Avtar Brah – nasceu na Índia, cresceu em Uganda, faz seu doutorado no Reino Unido, professora do Birkbeck College, Universidade de Londres, fundadora do grupo Southall Black Sisters (anos 1970) e mulheres asiáticas definidas como “black”.
  • 5. Avtar Brah: “Diferença, diversidade, diferenciação” • Discussão sobre o feminismo e o antirracismo no contexto do Reino Unido, final do séc XX – e o problema da identidade • processos de racialização - a construção das diferenças e como são essencializadas, mas de forma diversa • estudar as relações entre as várias formas de diferenciação social – diferentes racismos. • compreender a racialização do gênero • Analisar a problemática da subjetividade e identidade para compreender a dinâmica de poder da diferenciação social
  • 6. Controvérsias em torno da categoria unificadora “negro” (black) • Negro operou como sinal contingente em diferentes circunstâncias políticas, unificando pessoas de origem africana, afro-caribenhos, e sul-asiáticos • Pós-guerra – termo “negro” unifica não-brancos e sua situação de trabalho e de classe na Grã-Bretanha. Esses grupos experimentavam a racialização de sua posição de classe e gênero. • Negro – constitui um sujeito político na luta anti- racista, centrada na cor • Classe – elemento constitutivo importante no surgimento da noção de “negro”
  • 7.
  • 8. O que quero destacar com esta incursão no debate em torno do uso do termo “negro” na Grã-Bretanha é como a “diferença” é construída de maneira diferente dentro desses discursos. Isto é, o uso de “negro”, “indiano” ou “asiático” é determinado não tanto pela natureza de seu referente como por sua função semiótica dentro de diferentes discursos. Esses vários significados assinalam diferentes estratégias e resultados políticos. Mobilizam diferentes conjuntos de identidades culturais ou políticas, e colocam limites ao estabelecimento de fronteiras da “comunidade”. Esse debate teve um certo eco dentro do feminismo. É contra esse pano de fundo que agora me volto para a questão da “diferença” dentro do feminismo. (p. 340)
  • 9. • Heterogeneidade da condição social das mulheres • Diferentes posições do feminismo (feminismo radical X feminismo socialista) • Processos de racialização do gênero, classe e sexualidade • Processos de racialização – historicamente específicos, diferentes grupos foram racializados de modos distintos, e na base de diferentes significantes de diferença • Tanto negros como brancos experimentam seu gênero, classe e sexualidade através da “raça”, mas a racialização da subjetividade branca não é clara, dado que o branco é um significante de dominância.
  • 10. • “Estruturas de classe, racismo, gênero e sexualidade não podem ser tratadas como “variáveis independentes” porque a opressão de cada uma está inscrita dentro da outra – é constituída pela outra e é constitutiva dela.” (351) • “Eu diria que o racismo não é nem redutível à classe social ou ao gênero, nem inteiramente autônomo. Racismos têm origem histórica diversa, mas se articulam com estruturas patriarcais de classe de maneiras específicas, em condições históricas dadas.” (352) • O conceito de articulação sugere relações de conexão e eficácia através das quais, como diz Hall “as coisas são relacionadas tanto por suas diferenças como por suas semelhanças” (352-53)
  • 11. Diferenças: como experiência, como relação social, como subjetividade e como identidade • Experiência como categoria central do feminismo - “O pessoal é político” • Experiência (cita T. De Lauretis) Contra a ideia de um “sujeito da experiência” já plenamente constituído a quem as “experiências acontecem”, a experiência é o lugar da formação do sujeito. (360)
  • 12. Diferença como relação social “O conceito de “diferença como relação social” se refere à maneira como a diferença é constituída e organizada em relações sistemáticas através de discursos econômicos, culturais e políticos e práticas institucionais. Isso quer dizer que destaca a sistematicidade através das contingências “ (362) Uma abordagem mais estrutural de como a diferença se inscreve institucionalmente, mas ela quer focar nas ARTICULAÇÕES entre as categorias
  • 13. Diferença como subjetividade • Revisitar a psicanálise • emoções, sentimentos, desejos e fantasias, com suas contradições, não podem ser compreendidas apenas em termos dos imperativos das instituições sociais • mundo interior é tratado como o lugar do inconsciente com seus efeitos imprevisíveis sobre o pensamento e outros aspectos da subjetividade. • sujeito-em-processo é marcado por um senso de coerência e continuidade, um senso do núcleo a que ela ou ele chama de “eu” • os processos de formação da subjetividade são ao mesmo tempo sociais e subjetivos
  • 14. Diferença como identidade • Identidades - inscritas através de experiências culturalmente construídas em relações sociais. • As identidades - múltiplas posições de sujeito que o constituem. Não é fixa nem singular; ela é uma multiplicidade relacional em constante mudança. • a identidade pode ser entendida como o próprio processo pelo qual a multiplicidade, contradição e instabilidade da subjetividade é significada como tendo coerência, continuidade, estabilidade; como tendo um núcleo – um núcleo em constante mudança, mas de qualquer maneira um núcleo – que a qualquer momento é enunciado como o “eu”. (p. 371)
  • 15. Parece imperativo que não compartimentalizemos opressões, mas em lugar disso formulemos estratégias para enfrentar todas elas na base de um entendimento de como se interconectam e articulam. (p. 376)