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O QUE OS ALUNOS PENSAM SOBRE A MEDIAÇÃO DE SEUS PROFESSORES1
Marcos Meier2
Tenho conduzido uma pesquisa sobre a mediação da aprendizagem, suas
características, seu conceito, sua relação com a autonomia do sujeito que aprende e, acima de
tudo, a sua importância no processo de construção do conhecimento.
Esta abordagem tem trazido algumas questões que se tornaram o objeto de minha
pesquisa de mestrado. A mais importante delas foi a seguinte: "Como é que os alunos do
ensino médio percebem a mediação que é exercida por seus professores? Tendo esta questão
em mente, eu quis saber se a teoria de Feurstein sobre mediação da aprendizagem coincide
com a mediação que é realizada pelos professores.
Para responder a esta pergunta, eu fiz contato com os alunos da Escola Santa Maria em
Curitiba, no Brasil, por meio de questionários e entrevistas. Meu objetivo foi verificar se as
características da teoria da mediação de Feurestein estavam sendo realmente observadas
pelos alunos, e se houve qualquer mudança em suas opiniões em relação ao grau de
importância que cada uma delas.
Antes de apresentar os resultados da pesquisa, é necessário retomar o conceito de
mediação e sua importância no processo de ensino-aprendizagem, considerando
principalmente o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Para o desenvolvimento adequado das
funções cognitivas é necessário que a criança experimente uma educação permeada pela
mediação tanto em casa quanto na escola. É a mediação da aprendizagem que possibilitará o
desenvolvimento integral da criança, sobretudo em relação a aspectos emocionais e cognitivos.
Apenas o contato da criança com os estímulos ambientais não é suficiente para atingir esta
meta.
Na escola, a criança aprende, fundamentalmente, por meio da ação dos professores,
que “ensinam” os conteúdos, habilidades, competências ou estratégias necessárias para seu
progresso na vida acadêmica e na sociedade. Portanto, as experiências de aprendizagem
mediadas tornam-se uma característica essencial na escola.
Há professores extremamente eficientes na sua tarefa de ensinar. No entanto, há outros
que, mesmo tendo seguido a mesma matriz curricular, apresentam sérios problemas referentes
à qualidade do seu trabalho. Isto acontece, principalmente, em relação ao desenvolvimento da
criatividade e autonomia dos estudantes na construção do conhecimento.
Questões foram trazidas para a discussão:
Minha curiosidade em tentar descobrir as origens das diferenças no sucesso de cada
um desses professores tem contribuído para trazer outras questões, tais como:
Quais são as principais características de um professor e de suas ações pedagógicas
que fazem o seu trabalho mais efetivo?
O que existe na interação entre o professor e o aluno que facilita a aprendizagem dos
alunos?
Os alunos notam a existência ou ausência dessas características em seus professores?
Para responder a estas questões específicas, foi levantada uma outra de caráter mais
geral: "Como estudantes do ensino médio observam as características de mediação que é
exercida por seus professores?”
Como hipótese, eu presumi que os alunos identificam as mesmas características da
teoria de Feuerstein no desempenho de seus melhores professores.
O conceito de mediação
A mediação da aprendizagem é uma forma especializada de interação entre um sujeito
que aprende e outro que ensina.O mediador, atuando entre a pessoa mediada e o objeto a ser
aprendido, promove uma modificação, uma regulação, uma adaptação do estímulo do conceito
a ser aprendido. O objetivo deste processo é fazer com que o aluno seja realmente tocado e
transformado pelos estímulos ambientais "modificados". Assim, a função do mediador, por meio
de sua ação, é alterar esse estímulo e prover a modificação na forma como ele pode ser
percebido pelos alunos (as pessoas mediadas).
O objetivo, entretanto, não é manter-se em um movimento de mediação eterna ou
fornecer aprendizagem mediada continuamente. A proposta é provocar um maior
desenvolvimento da capacidade da criança, a fim de que ela receba o benefício a partir das
experiências de aprendizagem direta e não mediada por estímulos. Em outras palavras, a
mediação existe para tornar a criança cada vez mais independente dela. Embora pareça ser
uma contradição, uma criança é mais beneficiada a partir dos estímulos presentes no
ambiente, quando as suas funções cognitivas estão bem desenvolvidos.É através da mediação
que esse processo acontece. Quanto maior o número de experiências de aprendizagem
mediada, menos a criança vai precisar de ajuda e mediação. Assim, a autonomia da criança é
construída gradualmente.
A mediação, como uma forma especial de interação, é especificada por doze
características3
de acordo com a Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural de Reuven
Feuerstein. No entanto, quatro delas são concebidas como "universais", isto é, sempre estão
presentes em um ato mediado. Se estas quatro características fazem parte de uma interação,
esta já é uma mediação. Mesmo assim, para uma melhor mediação, outras características
devem ser consideradas.
Originalmente, Feuerstein apresentou os três primeiros critérios como sendo
universais. No entanto, no Congresso Internacional promovido pelo ICELP, na Holanda, em
2001, a décima critério foi também considerado universal.
Critérios da mediação
As doze características ou critérios de mediação apresentados na Teoria de Feuerstein
são:
1. Intencionalidade e reciprocidade
2. Transcendência
3. Mediação do significado
4. Mediação de sentimentos de competência
5. Mediação da auto-regulação e do controle do comportamento
6. Mediação da divisão do comportamento
7. Mediação da individualidade e da diferenciação psicológica.
8. Mediação da busca de objetivos/definição de objetivos/realização de objetivos/
acompanhamento de objetivos
9. Mediação do desafio, da novidade e a complexidade
10. Mediação de uma consciência do ser humano como uma entidade em mudança.
11. Mediação da busca de alternativas otimistas
12. Mediação de um sentimento de pertencimento
Fonte: International Center for the Enhancement of Learning Potential (Changing Children’s
Behavior: Focusing on the ‘E’ in Mediated Learning Experience, Louis H. Falik, PhD).
Algumas conclusões da pesquisa
Como resultado, a pesquisa demonstrou que os alunos identificam na performance de
seus melhores professores os mesmos critérios que foram propostos por Feuerstein. No
entanto, eles apontam uma freqüência diferente do que foi proposto pela teoria do autor. Em
outras palavras, a hipótese foi confirmada apenas parcialmente. Enquanto Feuerstein propõe
os três primeiros e o décimo critério como universais e necessários para qualquer ato mediado,
os alunos citaram apenas dois deles (o primeiro e o terceiro critérios) como tendo ocorrência
mais frequente. O primeiro critério é a mediação de intencionalidade e reciprocidade: 'Eu
quero ensinar' e farei o meu melhor para te instigar a 'querer aprender'. O décimo critério é a
mediação da consciência da modificabilidade , ou seja, o professor ajuda o aluno a tornar-
se consciente de sua própria capacidade de modificar a si mesmo, de sua inteligência, de sua
capacidade de aprender e de continuar aprendendo.
As duas características que os alunos acreditam ser menos freqüentes na forma de
ensinar são aquelas relativas aos conteúdos. Uma delas é a mediação da transcendência:
ela significa ensinar os conteúdos de uma forma que os alunos possam aplicar o que
aprenderam em outras situações de suas vidas e em outros contextos.A outra característica é
a mediação do significado, ou seja, o professor ajuda os alunos a perceber a relação de um
tema com outros assuntos, outros contextos e outros momentos históricos relacionados com o
conceito que foi ensinado anteriormente.
Embora ambas as características sejam consideradas muito importantes na Teoria de
Feuerstein, sob o ponto de vista dos alunos, os professores não as priorizam. A partir da
análise de tais resultados, é possível afirmar que os estudantes percebem em seus professores
mais ações relacionadas com a interação estudante-professor do que ações ligadas ao
conteúdo e sua importância para a vida real. Os outros dois critérios de mediação que os
alunos consideram mais freqüentes no desempenho de seus melhores professores tem a ver
com a interação estudante-professor. Um deles é a mediação do sentimento de
competência, isto é, o professor ajuda o aluno a perceber a si próprio como alguém capaz de
aprender e desenvolver suas habilidades, alguém que tem valor para si mesmo e para a
sociedade. O outro critério é a mediação da individualidade e da diferenciação psicológica:
o professor ajuda os alunos a se sentirem únicos, especiais e diferentes das outras pessoas
quando ele/ ela considera as suas dificuldades e habilidades no processo de aprendizagem.
Neste caso, pode-se observar a diferença entre a prática dos professores e a teoria da
mediação. Ambos os critérios (que foram mencionados na teoria como universais) sobre a
importância do conteúdo são menos freqüentes do que os outros dois relacionados a interação
estudante-professor.
Como ser um bom professor
As considerações anteriores referem-se ao que vem acontecendo na escola; elas não se
referem à situação que é considerada ideal pelos alunos. No entanto, quando os estudantes
dão suas opiniões sobre o que eles imaginam ser um excelente professor, de certa forma, sua
respostas são semelhantes ao que foi discutido anteriormente. As quatro características que
foram mais citadas são:
1. ser simpático e ter um bom relacionamento com os alunos;
2. explicar bem o conteúdo;
3. demonstrar competência (saber muito bem o conteúdo);
4. saber as características individuais dos alunos e ser capaz de lidar com as diferenças.
Os estudantes apontaram em suas respostas que é muito importante que o professor
atue como um amigo, mantendo um bom relacionamento com eles. Esta característica é
considerada essencial para as ações reais dos melhores professores desses estudantes, como
é essencial na sua opinião o que eles pensam ser fundamental para um bom professor. No
entanto, é importante ressaltar que os alunos têm uma opinião muito particular sobre o que é
'ser amigo'. Eles acreditam que um professor amigável é alguém que tem a mente aberta, que
é respeitado pelos alunos, que não humilha ninguém, que não privilegia os melhores alunos e
que não prejudica ninguém. Além desses aspectos, ele/ela também é justo e controla muito
bem a disciplina e o comportamento dos alunos.
Segundo os alunos, além de ser simpático, o professor deve ter um total domínio do
conteúdo. No entanto, sua análise parece ser muito simples e esta simplificação pode esconder
outros aspectos importantes. De qualquer forma, isso ajuda o professor a ter consciência do
quão importante é investir no relacionamento com seus alunos, compreende-los bem, e tornar-
se mais 'humano' e 'próximo' deles, a fim de adquirir a sua confiança. Esta confiança e um
relacionamento sólido são a base para os alunos confiarem nas orientações que os
professores dão sobre os estudos, a assimilação e a construção do conhecimento. Um dos
estudantes afirmou que 'é necessário uma relação de compreensão e empatia, então podemos
confiar no professor e no que ele/ela diz.' Assim, de acordo com esta experiência, a confiança
no professor é um fator fundamental na construção da aprendizagem.
A relação professor-aluno
Em quase todas as entrevistas, ficou evidente a importância da relação professor-aluno
no processo de aprendizagem. Esta característica não aparece explicitamente nos doze
critérios de mediação que foram propostos por Feuerstein. No entanto, ela pode ser inferida a
partir de alguns deles, como a mediação da individualidade, a mediação do sentimento de
competência, a mediação do desafio e outros. Considerando o grau de importância que é
atribuído pelos estudantes a um excelente comportamento do professor, chegamos à
conclusão de que a teoria de Feuerstein deveria ter mais clareza sobre isso. Assim, eu sugeri
na minha dissertação de mestrado a inclusão de mais um critério de mediação, como forma de
garantir que a ligação entre o professor e o aluno seja considerada em qualquer ação mediada.
Esta sugestão não significa acrescentar algo que não foi mencionado na teoria de Feuerstein,
não obstante a inclusão deste critério significaria torná-la mais clara, evidente, sistematizada,
embora repetitiva. Não seria um fato novo, porque quando Feuerstein mencionou os cinco
axiomas da modificabilidade, ele deduziu dois deles do primeiro.
Para explicar melhor, podemos dizer que o primeiro axioma do estado de
modificabilidade afirma que 'todas as pessoas são mutáveis'. No entanto, o segundo e terceiro
axiomas que afirmam que 'esta pessoa específica é mutável' e 'pessoalmente, estou bem' não
precisariam ser repetidas, uma vez que eles já estão incluídos no conceito "quando é usada a
palavra 'todos'". Em relação a este fato, Feuerstein afirmou, em sua conferência no Congresso
Internacional de Mediação, em Jerusalém, Israel, realizado em julho de 2000, que, apesar da
repetição, os outros axiomas existem para evitar dúvidas quanto à importância da
conscientização da modificabilidade.
Proposta
Assim, seguindo o mesmo princípio da teoria de Feuerstein, eu sugeri a inclusão de
mais um critério, o 13º, na Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural. É a "mediação da
construção da relação professor-aluno". É necessário considerar a possível generalização
para compor a lista de critérios sem enfatizar as figuras especificamente mencionadas na
pesquisa: o professor e o aluno. Assim, a redação do 13º critério poderia ser: A mediação da
construção da relação mediador-mediado (pessoa).
Tornou-se evidente com estas reflexões o grande valor dos aspectos humano, pessoal e
relacional na educação. Não é necessário reforçar a importância da relação professor-aluno e
as derivações que podem ser inferidas a partir dessa construção, no entanto as boas
características do professor estão ligadas a este fato.
Para ser bem sucedido, um professor não pode ter apenas um alto nível de
conhecimento sobre o assunto que ensina ou um método eficiente de explicar e desenvolver a
construção da aprendizagem de cada aluno. Ele precisa ser humano, real, pessoal. É
necessário que ele/ela dialogue com os alunos. Paulo Freire disse:
“Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. A pronúncia do mundo, com que os
homens o recriam permanentemente, não pode ser um ato arrogante. O diálogo, como
encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou um
deles) perdem a humildade. Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo
sempre no outro, nunca em mim? (...) A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os
homens que não têm humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem
ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se e saber-
se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar
e encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios
absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais” (1983, p. 95)
Esta citação de Paulo Freire, inspirada na luta por liberdade e respeito, reforça o que os
estudantes apresentaram em sua percepção: os seus melhores professores trabalham para se
aproximar dos alunos. Eles constroem relações baseadas no respeito e na consideração das
diferenças individuais. Eles incentivam os alunos a desenvolver a busca para um maior auto-
desenvolvimento baseado na consciência que os os mesmos são mutáveis. Primeiro de tudo,
um professor precisa ser um especialista em pessoas!
1 Tradução do texto “What the students think about their teacher`s mediaton” disponível no
sítio:www.marcosmeier.com.br/download/12.doc
2 Mestre em Educação pela Universidade do Paraná. Assessor pedagógicodo CEMEP Centro Marista
de Estudos e Projetos em Curitiba, Brasil. Principal do Martinus College. (www.martinus.com.br)
3 Atualmente, na teoria de Feuerstein, há doze características (também chamados de critérios) que já
foram cadastradas e estudadas. No entanto, como este estudo não é "fechado", há uma possibilidade de propor
um novo aspecto ou novo critério que, segundo o autor, precisa ser reconhecido como algo importante para a
ação do mediação.
Bibliografia
BEYER, Hugo O. O Fazer Psicopedagógico. A abordagem de Reuven Feuerstein a partir de Piaget e
Vygotsky. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1996.
COLL, César. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
____________. PALÁCIOS, Jesús. MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação:
Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, v. 1, 1995.
Da ROS, Silvia Zanatta. Pedagogia e mediação em Reuven Feuerstein. São Paulo: Plexus editora,
2002.
FEUERSTEIN, Reuven. Instrumental Enrichment. Illinois, USA: Scott, Foresman and Company, 1980.
______________________. Inteligência se aprende. ISTO É, n. 1297, p. 5-7, 10 ago. 1994. Entrevista à
Gisele Vitória.
FONSECA, Vitor da. Aprender a aprender – A educabilidade cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 1998.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 5. ed., 1975.
_____________. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 13. ed., 1983.
_____________. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa São Paulo: Paz e
Terra, 26. ed., 1996.
MARTINS, Enilde Aparecida Bernardi. Aprendizagem Mediada. Um estudo prévio dos efeitos do
Programa de Enriquecimento Instrumental de Reuven Feuerstein em jovens integrados a um processo
de qualificação profissional básica. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-
graduação em tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná – CEFET-PR.
Curitiba, 2001.
MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da Aprendizagem – contribuições de Feuerstein e de
Vygotsky. Curitiba, Edição do autor. 3ª Ed. 2008. (Disponível em www.marcosmeier.com.br)
PEDRA, José A. Currículo, conhecimento e suas representações. (Coleção Práxis) 4ª edição.
Campinas, SP: Papirus, 1997.
VEJA, Revista Veja. n. 19, ano 30, 14/05/1997. p. 50.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes Editora, 3ª. ed., 1989.

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Aula 1 o que os alunos pensam sobre a mediação de seus professores1

  • 1. O QUE OS ALUNOS PENSAM SOBRE A MEDIAÇÃO DE SEUS PROFESSORES1 Marcos Meier2 Tenho conduzido uma pesquisa sobre a mediação da aprendizagem, suas características, seu conceito, sua relação com a autonomia do sujeito que aprende e, acima de tudo, a sua importância no processo de construção do conhecimento. Esta abordagem tem trazido algumas questões que se tornaram o objeto de minha pesquisa de mestrado. A mais importante delas foi a seguinte: "Como é que os alunos do ensino médio percebem a mediação que é exercida por seus professores? Tendo esta questão em mente, eu quis saber se a teoria de Feurstein sobre mediação da aprendizagem coincide com a mediação que é realizada pelos professores. Para responder a esta pergunta, eu fiz contato com os alunos da Escola Santa Maria em Curitiba, no Brasil, por meio de questionários e entrevistas. Meu objetivo foi verificar se as características da teoria da mediação de Feurestein estavam sendo realmente observadas pelos alunos, e se houve qualquer mudança em suas opiniões em relação ao grau de importância que cada uma delas. Antes de apresentar os resultados da pesquisa, é necessário retomar o conceito de mediação e sua importância no processo de ensino-aprendizagem, considerando principalmente o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Para o desenvolvimento adequado das funções cognitivas é necessário que a criança experimente uma educação permeada pela mediação tanto em casa quanto na escola. É a mediação da aprendizagem que possibilitará o desenvolvimento integral da criança, sobretudo em relação a aspectos emocionais e cognitivos. Apenas o contato da criança com os estímulos ambientais não é suficiente para atingir esta meta. Na escola, a criança aprende, fundamentalmente, por meio da ação dos professores, que “ensinam” os conteúdos, habilidades, competências ou estratégias necessárias para seu progresso na vida acadêmica e na sociedade. Portanto, as experiências de aprendizagem mediadas tornam-se uma característica essencial na escola. Há professores extremamente eficientes na sua tarefa de ensinar. No entanto, há outros que, mesmo tendo seguido a mesma matriz curricular, apresentam sérios problemas referentes à qualidade do seu trabalho. Isto acontece, principalmente, em relação ao desenvolvimento da criatividade e autonomia dos estudantes na construção do conhecimento. Questões foram trazidas para a discussão: Minha curiosidade em tentar descobrir as origens das diferenças no sucesso de cada um desses professores tem contribuído para trazer outras questões, tais como:
  • 2. Quais são as principais características de um professor e de suas ações pedagógicas que fazem o seu trabalho mais efetivo? O que existe na interação entre o professor e o aluno que facilita a aprendizagem dos alunos? Os alunos notam a existência ou ausência dessas características em seus professores? Para responder a estas questões específicas, foi levantada uma outra de caráter mais geral: "Como estudantes do ensino médio observam as características de mediação que é exercida por seus professores?” Como hipótese, eu presumi que os alunos identificam as mesmas características da teoria de Feuerstein no desempenho de seus melhores professores. O conceito de mediação A mediação da aprendizagem é uma forma especializada de interação entre um sujeito que aprende e outro que ensina.O mediador, atuando entre a pessoa mediada e o objeto a ser aprendido, promove uma modificação, uma regulação, uma adaptação do estímulo do conceito a ser aprendido. O objetivo deste processo é fazer com que o aluno seja realmente tocado e transformado pelos estímulos ambientais "modificados". Assim, a função do mediador, por meio de sua ação, é alterar esse estímulo e prover a modificação na forma como ele pode ser percebido pelos alunos (as pessoas mediadas). O objetivo, entretanto, não é manter-se em um movimento de mediação eterna ou fornecer aprendizagem mediada continuamente. A proposta é provocar um maior desenvolvimento da capacidade da criança, a fim de que ela receba o benefício a partir das experiências de aprendizagem direta e não mediada por estímulos. Em outras palavras, a mediação existe para tornar a criança cada vez mais independente dela. Embora pareça ser uma contradição, uma criança é mais beneficiada a partir dos estímulos presentes no ambiente, quando as suas funções cognitivas estão bem desenvolvidos.É através da mediação que esse processo acontece. Quanto maior o número de experiências de aprendizagem mediada, menos a criança vai precisar de ajuda e mediação. Assim, a autonomia da criança é construída gradualmente. A mediação, como uma forma especial de interação, é especificada por doze características3 de acordo com a Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural de Reuven Feuerstein. No entanto, quatro delas são concebidas como "universais", isto é, sempre estão presentes em um ato mediado. Se estas quatro características fazem parte de uma interação, esta já é uma mediação. Mesmo assim, para uma melhor mediação, outras características devem ser consideradas.
  • 3. Originalmente, Feuerstein apresentou os três primeiros critérios como sendo universais. No entanto, no Congresso Internacional promovido pelo ICELP, na Holanda, em 2001, a décima critério foi também considerado universal. Critérios da mediação As doze características ou critérios de mediação apresentados na Teoria de Feuerstein são: 1. Intencionalidade e reciprocidade 2. Transcendência 3. Mediação do significado 4. Mediação de sentimentos de competência 5. Mediação da auto-regulação e do controle do comportamento 6. Mediação da divisão do comportamento 7. Mediação da individualidade e da diferenciação psicológica. 8. Mediação da busca de objetivos/definição de objetivos/realização de objetivos/ acompanhamento de objetivos 9. Mediação do desafio, da novidade e a complexidade 10. Mediação de uma consciência do ser humano como uma entidade em mudança. 11. Mediação da busca de alternativas otimistas 12. Mediação de um sentimento de pertencimento Fonte: International Center for the Enhancement of Learning Potential (Changing Children’s Behavior: Focusing on the ‘E’ in Mediated Learning Experience, Louis H. Falik, PhD). Algumas conclusões da pesquisa Como resultado, a pesquisa demonstrou que os alunos identificam na performance de seus melhores professores os mesmos critérios que foram propostos por Feuerstein. No entanto, eles apontam uma freqüência diferente do que foi proposto pela teoria do autor. Em outras palavras, a hipótese foi confirmada apenas parcialmente. Enquanto Feuerstein propõe os três primeiros e o décimo critério como universais e necessários para qualquer ato mediado, os alunos citaram apenas dois deles (o primeiro e o terceiro critérios) como tendo ocorrência mais frequente. O primeiro critério é a mediação de intencionalidade e reciprocidade: 'Eu quero ensinar' e farei o meu melhor para te instigar a 'querer aprender'. O décimo critério é a mediação da consciência da modificabilidade , ou seja, o professor ajuda o aluno a tornar- se consciente de sua própria capacidade de modificar a si mesmo, de sua inteligência, de sua capacidade de aprender e de continuar aprendendo.
  • 4. As duas características que os alunos acreditam ser menos freqüentes na forma de ensinar são aquelas relativas aos conteúdos. Uma delas é a mediação da transcendência: ela significa ensinar os conteúdos de uma forma que os alunos possam aplicar o que aprenderam em outras situações de suas vidas e em outros contextos.A outra característica é a mediação do significado, ou seja, o professor ajuda os alunos a perceber a relação de um tema com outros assuntos, outros contextos e outros momentos históricos relacionados com o conceito que foi ensinado anteriormente. Embora ambas as características sejam consideradas muito importantes na Teoria de Feuerstein, sob o ponto de vista dos alunos, os professores não as priorizam. A partir da análise de tais resultados, é possível afirmar que os estudantes percebem em seus professores mais ações relacionadas com a interação estudante-professor do que ações ligadas ao conteúdo e sua importância para a vida real. Os outros dois critérios de mediação que os alunos consideram mais freqüentes no desempenho de seus melhores professores tem a ver com a interação estudante-professor. Um deles é a mediação do sentimento de competência, isto é, o professor ajuda o aluno a perceber a si próprio como alguém capaz de aprender e desenvolver suas habilidades, alguém que tem valor para si mesmo e para a sociedade. O outro critério é a mediação da individualidade e da diferenciação psicológica: o professor ajuda os alunos a se sentirem únicos, especiais e diferentes das outras pessoas quando ele/ ela considera as suas dificuldades e habilidades no processo de aprendizagem. Neste caso, pode-se observar a diferença entre a prática dos professores e a teoria da mediação. Ambos os critérios (que foram mencionados na teoria como universais) sobre a importância do conteúdo são menos freqüentes do que os outros dois relacionados a interação estudante-professor. Como ser um bom professor As considerações anteriores referem-se ao que vem acontecendo na escola; elas não se referem à situação que é considerada ideal pelos alunos. No entanto, quando os estudantes dão suas opiniões sobre o que eles imaginam ser um excelente professor, de certa forma, sua respostas são semelhantes ao que foi discutido anteriormente. As quatro características que foram mais citadas são: 1. ser simpático e ter um bom relacionamento com os alunos; 2. explicar bem o conteúdo; 3. demonstrar competência (saber muito bem o conteúdo); 4. saber as características individuais dos alunos e ser capaz de lidar com as diferenças. Os estudantes apontaram em suas respostas que é muito importante que o professor atue como um amigo, mantendo um bom relacionamento com eles. Esta característica é
  • 5. considerada essencial para as ações reais dos melhores professores desses estudantes, como é essencial na sua opinião o que eles pensam ser fundamental para um bom professor. No entanto, é importante ressaltar que os alunos têm uma opinião muito particular sobre o que é 'ser amigo'. Eles acreditam que um professor amigável é alguém que tem a mente aberta, que é respeitado pelos alunos, que não humilha ninguém, que não privilegia os melhores alunos e que não prejudica ninguém. Além desses aspectos, ele/ela também é justo e controla muito bem a disciplina e o comportamento dos alunos. Segundo os alunos, além de ser simpático, o professor deve ter um total domínio do conteúdo. No entanto, sua análise parece ser muito simples e esta simplificação pode esconder outros aspectos importantes. De qualquer forma, isso ajuda o professor a ter consciência do quão importante é investir no relacionamento com seus alunos, compreende-los bem, e tornar- se mais 'humano' e 'próximo' deles, a fim de adquirir a sua confiança. Esta confiança e um relacionamento sólido são a base para os alunos confiarem nas orientações que os professores dão sobre os estudos, a assimilação e a construção do conhecimento. Um dos estudantes afirmou que 'é necessário uma relação de compreensão e empatia, então podemos confiar no professor e no que ele/ela diz.' Assim, de acordo com esta experiência, a confiança no professor é um fator fundamental na construção da aprendizagem. A relação professor-aluno Em quase todas as entrevistas, ficou evidente a importância da relação professor-aluno no processo de aprendizagem. Esta característica não aparece explicitamente nos doze critérios de mediação que foram propostos por Feuerstein. No entanto, ela pode ser inferida a partir de alguns deles, como a mediação da individualidade, a mediação do sentimento de competência, a mediação do desafio e outros. Considerando o grau de importância que é atribuído pelos estudantes a um excelente comportamento do professor, chegamos à conclusão de que a teoria de Feuerstein deveria ter mais clareza sobre isso. Assim, eu sugeri na minha dissertação de mestrado a inclusão de mais um critério de mediação, como forma de garantir que a ligação entre o professor e o aluno seja considerada em qualquer ação mediada. Esta sugestão não significa acrescentar algo que não foi mencionado na teoria de Feuerstein, não obstante a inclusão deste critério significaria torná-la mais clara, evidente, sistematizada, embora repetitiva. Não seria um fato novo, porque quando Feuerstein mencionou os cinco axiomas da modificabilidade, ele deduziu dois deles do primeiro. Para explicar melhor, podemos dizer que o primeiro axioma do estado de modificabilidade afirma que 'todas as pessoas são mutáveis'. No entanto, o segundo e terceiro axiomas que afirmam que 'esta pessoa específica é mutável' e 'pessoalmente, estou bem' não precisariam ser repetidas, uma vez que eles já estão incluídos no conceito "quando é usada a
  • 6. palavra 'todos'". Em relação a este fato, Feuerstein afirmou, em sua conferência no Congresso Internacional de Mediação, em Jerusalém, Israel, realizado em julho de 2000, que, apesar da repetição, os outros axiomas existem para evitar dúvidas quanto à importância da conscientização da modificabilidade. Proposta Assim, seguindo o mesmo princípio da teoria de Feuerstein, eu sugeri a inclusão de mais um critério, o 13º, na Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural. É a "mediação da construção da relação professor-aluno". É necessário considerar a possível generalização para compor a lista de critérios sem enfatizar as figuras especificamente mencionadas na pesquisa: o professor e o aluno. Assim, a redação do 13º critério poderia ser: A mediação da construção da relação mediador-mediado (pessoa). Tornou-se evidente com estas reflexões o grande valor dos aspectos humano, pessoal e relacional na educação. Não é necessário reforçar a importância da relação professor-aluno e as derivações que podem ser inferidas a partir dessa construção, no entanto as boas características do professor estão ligadas a este fato. Para ser bem sucedido, um professor não pode ter apenas um alto nível de conhecimento sobre o assunto que ensina ou um método eficiente de explicar e desenvolver a construção da aprendizagem de cada aluno. Ele precisa ser humano, real, pessoal. É necessário que ele/ela dialogue com os alunos. Paulo Freire disse: “Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade. A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um ato arrogante. O diálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade. Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim? (...) A auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os homens que não têm humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de pronúncia do mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se e saber- se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar e encontro com eles. Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais” (1983, p. 95) Esta citação de Paulo Freire, inspirada na luta por liberdade e respeito, reforça o que os estudantes apresentaram em sua percepção: os seus melhores professores trabalham para se aproximar dos alunos. Eles constroem relações baseadas no respeito e na consideração das diferenças individuais. Eles incentivam os alunos a desenvolver a busca para um maior auto- desenvolvimento baseado na consciência que os os mesmos são mutáveis. Primeiro de tudo, um professor precisa ser um especialista em pessoas!
  • 7. 1 Tradução do texto “What the students think about their teacher`s mediaton” disponível no sítio:www.marcosmeier.com.br/download/12.doc 2 Mestre em Educação pela Universidade do Paraná. Assessor pedagógicodo CEMEP Centro Marista de Estudos e Projetos em Curitiba, Brasil. Principal do Martinus College. (www.martinus.com.br) 3 Atualmente, na teoria de Feuerstein, há doze características (também chamados de critérios) que já foram cadastradas e estudadas. No entanto, como este estudo não é "fechado", há uma possibilidade de propor um novo aspecto ou novo critério que, segundo o autor, precisa ser reconhecido como algo importante para a ação do mediação. Bibliografia BEYER, Hugo O. O Fazer Psicopedagógico. A abordagem de Reuven Feuerstein a partir de Piaget e Vygotsky. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1996. COLL, César. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. ____________. PALÁCIOS, Jesús. MARCHESI, Álvaro. Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, v. 1, 1995. Da ROS, Silvia Zanatta. Pedagogia e mediação em Reuven Feuerstein. São Paulo: Plexus editora, 2002. FEUERSTEIN, Reuven. Instrumental Enrichment. Illinois, USA: Scott, Foresman and Company, 1980. ______________________. Inteligência se aprende. ISTO É, n. 1297, p. 5-7, 10 ago. 1994. Entrevista à Gisele Vitória. FONSECA, Vitor da. Aprender a aprender – A educabilidade cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 1998. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 5. ed., 1975. _____________. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 13. ed., 1983. _____________. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa São Paulo: Paz e Terra, 26. ed., 1996. MARTINS, Enilde Aparecida Bernardi. Aprendizagem Mediada. Um estudo prévio dos efeitos do Programa de Enriquecimento Instrumental de Reuven Feuerstein em jovens integrados a um processo de qualificação profissional básica. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós- graduação em tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná – CEFET-PR. Curitiba, 2001. MEIER, Marcos; GARCIA, Sandra. Mediação da Aprendizagem – contribuições de Feuerstein e de Vygotsky. Curitiba, Edição do autor. 3ª Ed. 2008. (Disponível em www.marcosmeier.com.br) PEDRA, José A. Currículo, conhecimento e suas representações. (Coleção Práxis) 4ª edição. Campinas, SP: Papirus, 1997. VEJA, Revista Veja. n. 19, ano 30, 14/05/1997. p. 50. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes Editora, 3ª. ed., 1989.