Este documento discute o projeto Delibera, uma plataforma online para promover debates e tomadas de decisão coletivas. O projeto visa facilitar discussões públicas sobre temas de interesse geral de forma colaborativa e democrática, levando em conta conceitos como inteligência coletiva e deliberação online. O texto apresenta o projeto Delibera e discute seu potencial para qualificar o debate público e tomar decisões legítimas através do diálogo online.
Democracia digital e sociedade civil: uma perspectiva do estado atual no BrasilRodrigo Carreiro
Este documento descreve iniciativas brasileiras de democracia digital promovidas pela sociedade civil. Foram catalogadas 23 iniciativas que oferecem informações e oportunidades de participação popular para promover a democracia digital. A maioria fornece informações gerais e transparência, e depende de organizações pré-internet, com pouca interação entre setores estatal e civil.
O documento descreve uma pesquisa sobre discussões políticas em ambientes colaborativos online, como a Wikipédia. Analisou-se debates na Wikipédia sobre a entrada "Dilma Rousseff" após as eleições de 2010, observando tensões na construção colaborativa do verbete. Há evidências de que o design dos fóruns e o compromisso dos participantes são fatores essenciais para permitir discussões que atendam princípios como justificação e legitimidade.
Esse artigo busca avaliar trocas discursivas realizadas no fórum online do orçamento
participativo digital (OPD) de Belo Horizonte, Brasil. Para tanto, é formulado um modelo de análise das
discussões entre os cidadãos participantes do programa baseado nas teorias de democracia deliberativa.
São analisadas as mensagens dos usuários (n=375) postadas na ferramenta de comentários do site do
OPD. Os resultados apontam que os aspectos discursivos concernentes à reciprocidade e à reflexividade
se mostraram relativamente escassos; entretanto, o respeito pelos outros interlocutores, bem como a
construção da justificativa dos pontos de vista expressos no fórum, alcançaram índices elevados, mesmo
não havendo empowerment da ferramenta ou incentivo por parte da Prefeitura. Conclui-se que a internet
pode, efetivamente, oferecer ambientes voltados para o estabelecimento de trocas discursivas
qualificadas e que, mesmo nos casos onde há baixos índices de deliberatividade, há progressos
importantes do ponto de vista do aprendizado a que são expostos os usuários.
A proposta deste trabalho é apresentar o projeto Delibera em suas dimensões conceituais e práticas. Trata-se de uma plataforma para discussão e tomada de decisões coletivas através da internet, levando em conta noções de inteligência coletiva, Web 2.0 e deliberação pública. Algo que pode ser útil para uma gama de ações, oferecendo para cidadãos, sociedade civil e empreendedores uma ferramenta online que possa mediar debates; tomar decisões coletivas de forma ágil e cooperativa; construir documentos colaborativamente; sistematizar processo de discussão e formulação; produzir conhecimento e sociabilizá-lo e definir resoluções por meio de votação. Para tanto, o paper traz em suas primeiras seções uma síntese do debate conceitual sobre deliberação, participação e internet
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantesSamuel Barros
Este artigo explora os critérios utilizados nas pesquisas da área de Deliberação Online. Através de uma ampla revisão de literatura, foram selecionados os 59 artigos que elencam os indicadores a serem medidos em discussões na internet. Nestes artigos, foram encontrados, ao todo, 369 critérios, com média de 6,25 por artigo e desvio padrão de 2,69. Em um segundo momento, o esforço da pesquisa se deu no agrupamento de tais critérios em categorias mais amplas e conectadas aos princípios deliberativos. Os critérios foram então resumidos a 8 categorias, a saber: Justificação, Reciprocidade, Reflexividade, Respeito, Pluralidade, Igualdade, Informação e Tópico. Conclui-se que, apesar dos muitos critérios utilizados, não se trata de uma dispersão dos estudos de deliberação online. Este resultado está ligado às diferentes correntes teóricas da democracia deliberativa, à difícil operacionalização dos critérios, à necessidade de critérios específicos para os diferentes contextos e objetos de análise e, em vários casos, à simples diferença de taxonomia.
Deliberação no Jornalismo Online: um estudo dos comentários do Folha.comSamuel Barros
O artigo busca fazer uma avaliação do índice de deliberatividade dos comentários de leitores no site da Folha de S. Paulo. São analisadas 130 postagens vinculadas a duas notícias: a prisão do governador de Brasília, José Roberto Arruda, e o acordo sobre energia nuclear entre Brasil e Irã. Além dos comentários, analisaram-se o site do jornal, a ferramenta discursiva e o posicionamento político dos leitores. Conclui-se que houve um relevante índice de deliberação na discussão analisada, mas que os participantes buscaram mais a vitória na discussão que o entendimento mútuo. Ao final, são ponderados alguns potenciais de incremento democrático na oferta de ferramentas discursivas por sites jornalísticos.
SOBRE O CONTEXTO DA DELIBERAÇÃO ONLINE: LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS VARIÁVEISSamuel Barros
Este documento discute as variáveis contextuais que influenciam a qualidade das discussões online sobre questões públicas. Ele identifica sete variáveis importantes: 1) a exclusão digital e o acesso à internet, 2) o acesso aos ambientes de discussão online, 3) quem patrocina o ambiente de discussão, 4) as características técnicas da plataforma, 5) a identificação dos participantes, 6) a moderação do conteúdo, e 7) os temas em discussão. O objetivo é fornecer uma melhor compreensão dos
A discussão pública e as redes sociais online: o comentário de notícias no Fa...Samuel Barros
Este documento analisa os debates em páginas de jornais brasileiros no Facebook. Ele estuda 1.164 comentários nas páginas da Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo para avaliar a qualidade deliberativa, levando em conta critérios como reciprocidade e fornecimento de razões. Os resultados mostram que esses espaços ampliam a diversidade de argumentos, mas há baixos índices de deliberação em temas consensuais e falta de reciprocidade em quase metade dos comentários.
Democracia digital e sociedade civil: uma perspectiva do estado atual no BrasilRodrigo Carreiro
Este documento descreve iniciativas brasileiras de democracia digital promovidas pela sociedade civil. Foram catalogadas 23 iniciativas que oferecem informações e oportunidades de participação popular para promover a democracia digital. A maioria fornece informações gerais e transparência, e depende de organizações pré-internet, com pouca interação entre setores estatal e civil.
O documento descreve uma pesquisa sobre discussões políticas em ambientes colaborativos online, como a Wikipédia. Analisou-se debates na Wikipédia sobre a entrada "Dilma Rousseff" após as eleições de 2010, observando tensões na construção colaborativa do verbete. Há evidências de que o design dos fóruns e o compromisso dos participantes são fatores essenciais para permitir discussões que atendam princípios como justificação e legitimidade.
Esse artigo busca avaliar trocas discursivas realizadas no fórum online do orçamento
participativo digital (OPD) de Belo Horizonte, Brasil. Para tanto, é formulado um modelo de análise das
discussões entre os cidadãos participantes do programa baseado nas teorias de democracia deliberativa.
São analisadas as mensagens dos usuários (n=375) postadas na ferramenta de comentários do site do
OPD. Os resultados apontam que os aspectos discursivos concernentes à reciprocidade e à reflexividade
se mostraram relativamente escassos; entretanto, o respeito pelos outros interlocutores, bem como a
construção da justificativa dos pontos de vista expressos no fórum, alcançaram índices elevados, mesmo
não havendo empowerment da ferramenta ou incentivo por parte da Prefeitura. Conclui-se que a internet
pode, efetivamente, oferecer ambientes voltados para o estabelecimento de trocas discursivas
qualificadas e que, mesmo nos casos onde há baixos índices de deliberatividade, há progressos
importantes do ponto de vista do aprendizado a que são expostos os usuários.
A proposta deste trabalho é apresentar o projeto Delibera em suas dimensões conceituais e práticas. Trata-se de uma plataforma para discussão e tomada de decisões coletivas através da internet, levando em conta noções de inteligência coletiva, Web 2.0 e deliberação pública. Algo que pode ser útil para uma gama de ações, oferecendo para cidadãos, sociedade civil e empreendedores uma ferramenta online que possa mediar debates; tomar decisões coletivas de forma ágil e cooperativa; construir documentos colaborativamente; sistematizar processo de discussão e formulação; produzir conhecimento e sociabilizá-lo e definir resoluções por meio de votação. Para tanto, o paper traz em suas primeiras seções uma síntese do debate conceitual sobre deliberação, participação e internet
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantesSamuel Barros
Este artigo explora os critérios utilizados nas pesquisas da área de Deliberação Online. Através de uma ampla revisão de literatura, foram selecionados os 59 artigos que elencam os indicadores a serem medidos em discussões na internet. Nestes artigos, foram encontrados, ao todo, 369 critérios, com média de 6,25 por artigo e desvio padrão de 2,69. Em um segundo momento, o esforço da pesquisa se deu no agrupamento de tais critérios em categorias mais amplas e conectadas aos princípios deliberativos. Os critérios foram então resumidos a 8 categorias, a saber: Justificação, Reciprocidade, Reflexividade, Respeito, Pluralidade, Igualdade, Informação e Tópico. Conclui-se que, apesar dos muitos critérios utilizados, não se trata de uma dispersão dos estudos de deliberação online. Este resultado está ligado às diferentes correntes teóricas da democracia deliberativa, à difícil operacionalização dos critérios, à necessidade de critérios específicos para os diferentes contextos e objetos de análise e, em vários casos, à simples diferença de taxonomia.
Deliberação no Jornalismo Online: um estudo dos comentários do Folha.comSamuel Barros
O artigo busca fazer uma avaliação do índice de deliberatividade dos comentários de leitores no site da Folha de S. Paulo. São analisadas 130 postagens vinculadas a duas notícias: a prisão do governador de Brasília, José Roberto Arruda, e o acordo sobre energia nuclear entre Brasil e Irã. Além dos comentários, analisaram-se o site do jornal, a ferramenta discursiva e o posicionamento político dos leitores. Conclui-se que houve um relevante índice de deliberação na discussão analisada, mas que os participantes buscaram mais a vitória na discussão que o entendimento mútuo. Ao final, são ponderados alguns potenciais de incremento democrático na oferta de ferramentas discursivas por sites jornalísticos.
SOBRE O CONTEXTO DA DELIBERAÇÃO ONLINE: LEVANTAMENTO DAS PRINCIPAIS VARIÁVEISSamuel Barros
Este documento discute as variáveis contextuais que influenciam a qualidade das discussões online sobre questões públicas. Ele identifica sete variáveis importantes: 1) a exclusão digital e o acesso à internet, 2) o acesso aos ambientes de discussão online, 3) quem patrocina o ambiente de discussão, 4) as características técnicas da plataforma, 5) a identificação dos participantes, 6) a moderação do conteúdo, e 7) os temas em discussão. O objetivo é fornecer uma melhor compreensão dos
A discussão pública e as redes sociais online: o comentário de notícias no Fa...Samuel Barros
Este documento analisa os debates em páginas de jornais brasileiros no Facebook. Ele estuda 1.164 comentários nas páginas da Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo para avaliar a qualidade deliberativa, levando em conta critérios como reciprocidade e fornecimento de razões. Os resultados mostram que esses espaços ampliam a diversidade de argumentos, mas há baixos índices de deliberação em temas consensuais e falta de reciprocidade em quase metade dos comentários.
Os desafios das consultas públicas online: lições do Marco Civil da InternetSamuel Barros
Este artigo apresenta uma análise das três plataformas de consulta empregadas durante o processo de elaboração do Marco Civil da Internet (MCI). O objetivo é avaliar, a partir de critérios da literatura de democracia digital, como as características das plataformas modelaram o processo de participação e quais lições podem ser tiradas desse caso paradigmático. Ao fim, enumera-se como lições: a) é necessário ter em conta a participação de públicos distintos, leigos e especialistas, cidadãos avulsos e organizações de representação de interesses; b) a ocorrência das consultas deve ser amplamente divulgada, bem como informações sobre o necessário procedimento para participar; c) as consultas devem ser responsivas; d) as consultas devem ser previstas e regulamentadas dentro do processo de tomada de decisão.
O objetivo do trabalho é oferecer uma sistematização teórica acerca do tema da deliberação mediada. De início, são apresentados, brevemente, os princípios deliberacionistas. A seguir, discute-se o lugar da comunicação de massa nas práticas discursivas a permearem a democracia contemporânea, enfatizando-se a contribuição que os media ofertam à noção de sistema deliberativo. Partindo do exame de um conjunto de trabalhos a lidar com a interface entre deliberação e comunicação, detecta-se a existência de um intervalo compreensivo gerado pelas distintas acepções de deliberação mediada expostas nestas referências. Propõe-se, então, uma sistematização teórica da ideia de deliberação mediada, sublinhando-se três funções dos media para a formação do debate público: 1) Instrumentos; 2) Provedores autônomos de insumos informacionais; 3) Agentes de interesses a tomarem parte nos debates.
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...Marcelo Veloso
Artigo que apresenta uma avaliação do estágio atual da utilização das mídias sociais pela administração pública brasileira. Demonstra ainda algumas possibilidades de serviços a serem desenvolvidos a partir dessas plataformas, que possam fomentar o fortalecimento da participação cidadã, com estímulo à interação e à discussão dos problemas enfrentados pelo cidadão. Publicado nos anais do VII Congresso Consad de Gestão Pública, realizado em Brasília/DF em Mar/2014.
Este estudo analisa os efeitos políticos dos recursos de participação digital disponíveis no site da Câmara dos Deputados brasileira. A pesquisa encontrou que, apesar da variedade de mecanismos como fóruns e enquetes, a influência dos cidadãos é limitada a debates e sugestões sem grandes consequências, devido ao estilo tradicional do jogo político que enfatiza a democracia representativa.
Este artigo examina o conceito de esfera pública virtual e debates políticos na internet. Discute argumentos a favor e contra a noção de esfera pública virtual e defende que os debates online funcionam melhor como espaço para conversação civil do que como espaço decisório, promovendo participação cidadã.
A relação entre as novas tecnologias da comunicação e o regime democrático - ...DiegoDias86
1) O documento discute a relação entre as novas tecnologias da comunicação e o regime democrático, abordando perspectivas triunfalistas e apocalípticas;
2) Ele apresenta o estudo de caso da rede de mobilização "Meu Rio" para demonstrar como as ferramentas online podem estimular o engajamento cívico da sociedade civil;
3) O autor defende que as novas tecnologias são instrumentos cujo potencial democrático depende de como são utilizados e da cultura de participação da popula
Este documento discute como as ferramentas colaborativas e mídias sociais, conhecidas como Web 2.0, podem afetar a tomada de decisão em diferentes estruturas organizacionais. O foco é determinar qual estrutura organizacional se adapta melhor para tomar decisões usando informações dessas novas ferramentas.
O documento analisa iniciativas governamentais de participação digital no Brasil, examinando os sites da Presidência e da Câmara dos Deputados. A pesquisa identificou desafios como a exclusão digital e limitada qualidade da informação política disponível. Embora recursos participativos existam, fatores como cultura cívica e interesses políticos influenciam mais a participação do que a mera disponibilidade de ferramentas digitais.
Estudo de Caso do Perfil da Prefeitura de Santana do Livramento no Facebook e...Glória Rodrigues
O documento descreve um estudo de caso sobre o perfil da Prefeitura de Santana do Livramento no Facebook e sua interação com usuários. O estudo analisou o conteúdo publicado pelo perfil, entrevistou amigos do perfil e concluiu que a rede social pode ser usada para comunicação entre o governo e a comunidade.
Este documento discute como as redes sociais na internet podem melhorar a participação política através da esfera pública. Primeiro, define os conceitos de esfera pública e opinião pública de acordo com Habermas. Em seguida, descreve as redes sociais na internet como espaços de troca entre atores que podem promover debates políticos. Finalmente, argumenta que as redes sociais podem ampliar a participação política quando validadas pelos meios de comunicação tradicionais.
1) A pesquisa em comunicação de massa tradicionalmente se concentrou na televisão e no jornal impresso, considerando a mídia como poderosa e a audiência como passiva.
2) Com a Internet, pesquisadores importaram esses mesmos conceitos, focando no "uso da Internet" sem considerar suas características interativas.
3) É melhor conceitualizar o "uso da Internet" em termos de "affordances", ou possibilidades de ação percebidas pelos usuários, como ler, comentar e publicar.
Este documento discute o jornalismo cidadão e as estratégias discursivas das mídias para criar um espaço democrático simbólico. Apresenta os conceitos de jornalismo cidadão e analisa as potencialidades do modelo open source, bem como os desafios em definir o papel do jornalista nesse novo contexto em que os cidadãos participam da produção de notícias.
O objetivo do artigo é refletir sobre as formas de uso do Twitter por parte dos parlamentares com mandato vigente na Câmara dos Deputados durante a Legislatura 2011-2015. Pretende-se investigar que fatores levam os representantes a investirem no Twitter como parte de sua estratégia de comunicação política. São examinados os perfis públicos dos 463 deputados com registro no
microblog. Tais contas foram monitoradas semanalmente (entre fevereiro e julho de 2012), a partir do software de estatística “R”. Os resultados apontam correlações entre o uso da ferramenta e atributos como idade e ocupação de cargos de liderança.
Participação política local através da internet e os ganhos democráticos para...Rodrigo Carreiro
1. O documento discute a participação política local através da internet e os ganhos democráticos para os cidadãos, analisando exemplos de iniciativas de participação online no âmbito local.
2. Aborda teorias da democracia como liberalismo, democracia participativa e deliberativa para fundamentar a análise e desenvolve uma tipologia de ferramentas de participação política local online.
3. Apresenta um estudo de caso sobre os ganhos democráticos obtidos por usuários do site Cidade Democrática, em quatro
Os novos modos de envolvimento e cooperação entre eleitores, candidatos e pa...Ciber Comunica
A palestra discute as possibilidades de novas formas de envolvimento entre cidadãos e agentes políticos por meio das campanhas online, focando nas questões da interatividade e engajamento/mobilização. A interatividade permite um diálogo horizontal entre eleitores e candidatos através de ferramentas online. O engajamento/mobilização refere-se aos processos de induzir participação política para ganhar eleições, por meio de campanhas online ou ações de apoio presenciais.
Periódico exclusivamente on-line, com acesso aberto, publicado quadrimestralmente pelo Centro de Estudos em Administração Pública e Governo (CEAPG) e pelo Departamento de Gestão Pública (GEP) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), Cadernos Gestão Pública e Cidadania (CGP&C) têm como principal objetivo divulgar trabalhos acadêmicos sobre gestão e políticas públicas.
O Impacto das Novas Tecnologias na Esfera Pública: Estudo de Caso do TwitterJuliana Menezes
Este trabalho analisa o impacto das novas tecnologias, especificamente o Twitter, na esfera pública política. A pesquisa observa interações entre cidadãos e políticos no Twitter e discute como esta rede social pode ampliar a participação política e o debate democrático. O estudo de caso do Twitter sugere que esta plataforma oferece um espaço para livre expressão e discussão política que pode mudar a concepção do processo político e do exercício da cidadania no Brasil.
O documento discute se a internet é uma tecnologia democratizante. Apesar de ampliar o acesso à informação, governos autoritários também usam a internet para censura e vigilância. Enquanto alguns acreditam que a internet promove a democracia no longo prazo, outros argumentam que seus efeitos dependem do contexto político de cada país.
O documento discute o uso das redes sociais pelas instituições públicas para ampliar o debate sobre políticas públicas. Ele argumenta que as redes sociais permitem novas formas de interação entre governo e sociedade e que as instituições públicas precisam se adaptar a esse novo contexto para melhor atender às demandas dos cidadãos. No entanto, reconhece que as instituições públicas ainda estão lentamente adotando essas mudanças.
A Democracia online: política, Estado e cidadania através de plataformas digi...Ciber Comunica
O documento discute como o Estado produz, organiza e compartilha informações na era digital. Apresenta três requisitos democráticos para interfaces digitais do Estado: publicidade, responsividade e porosidade. Realiza estudos de caso comparativos sobre os portais da Presidência, Câmara dos Deputados e Supremo Tribunal Federal.
O artigo investiga duas formas de deliberação identificadas na literatura contemporânea em teoria democrática. A primeira, restrita, é realizada no interior de mini-públicos, com regras e parâmetros específicos. A segunda forma é ampliada: aqui, as deliberações incluem discussões informais na sociedade, reverberadas pela comunicação de massa. Após explorar teoricamente estas duas dimensões, o artigo apresenta a idéia de deliberação integrada, uma perspectiva que busca se beneficiar das vantagens práticas encontradas nos dois formatos deliberativos mencionados. O exame de casos permite ilustrar ocasiões nas quais a troca de razões em ambientes amplos e restritos acabam gerando uma confluência que facilita a participação da esfera civil no processo de produção da decisão política.
O documento discute diferentes formatos de deliberação democrática, comparando deliberação ampliada e mini-públicos. Sugere que é possível integrar essas abordagens, por exemplo, através de consultas públicas online ou orçamentos participativos digitais que combinam discussão ampla com tomada de decisão restrita. Defende que a internet pode conectar deliberações ampliadas e restritas.
Os desafios das consultas públicas online: lições do Marco Civil da InternetSamuel Barros
Este artigo apresenta uma análise das três plataformas de consulta empregadas durante o processo de elaboração do Marco Civil da Internet (MCI). O objetivo é avaliar, a partir de critérios da literatura de democracia digital, como as características das plataformas modelaram o processo de participação e quais lições podem ser tiradas desse caso paradigmático. Ao fim, enumera-se como lições: a) é necessário ter em conta a participação de públicos distintos, leigos e especialistas, cidadãos avulsos e organizações de representação de interesses; b) a ocorrência das consultas deve ser amplamente divulgada, bem como informações sobre o necessário procedimento para participar; c) as consultas devem ser responsivas; d) as consultas devem ser previstas e regulamentadas dentro do processo de tomada de decisão.
O objetivo do trabalho é oferecer uma sistematização teórica acerca do tema da deliberação mediada. De início, são apresentados, brevemente, os princípios deliberacionistas. A seguir, discute-se o lugar da comunicação de massa nas práticas discursivas a permearem a democracia contemporânea, enfatizando-se a contribuição que os media ofertam à noção de sistema deliberativo. Partindo do exame de um conjunto de trabalhos a lidar com a interface entre deliberação e comunicação, detecta-se a existência de um intervalo compreensivo gerado pelas distintas acepções de deliberação mediada expostas nestas referências. Propõe-se, então, uma sistematização teórica da ideia de deliberação mediada, sublinhando-se três funções dos media para a formação do debate público: 1) Instrumentos; 2) Provedores autônomos de insumos informacionais; 3) Agentes de interesses a tomarem parte nos debates.
Artigo CONSAD 2014 - Mídias Sociais Como Recurso Para o Governo Eletrônico: O...Marcelo Veloso
Artigo que apresenta uma avaliação do estágio atual da utilização das mídias sociais pela administração pública brasileira. Demonstra ainda algumas possibilidades de serviços a serem desenvolvidos a partir dessas plataformas, que possam fomentar o fortalecimento da participação cidadã, com estímulo à interação e à discussão dos problemas enfrentados pelo cidadão. Publicado nos anais do VII Congresso Consad de Gestão Pública, realizado em Brasília/DF em Mar/2014.
Este estudo analisa os efeitos políticos dos recursos de participação digital disponíveis no site da Câmara dos Deputados brasileira. A pesquisa encontrou que, apesar da variedade de mecanismos como fóruns e enquetes, a influência dos cidadãos é limitada a debates e sugestões sem grandes consequências, devido ao estilo tradicional do jogo político que enfatiza a democracia representativa.
Este artigo examina o conceito de esfera pública virtual e debates políticos na internet. Discute argumentos a favor e contra a noção de esfera pública virtual e defende que os debates online funcionam melhor como espaço para conversação civil do que como espaço decisório, promovendo participação cidadã.
A relação entre as novas tecnologias da comunicação e o regime democrático - ...DiegoDias86
1) O documento discute a relação entre as novas tecnologias da comunicação e o regime democrático, abordando perspectivas triunfalistas e apocalípticas;
2) Ele apresenta o estudo de caso da rede de mobilização "Meu Rio" para demonstrar como as ferramentas online podem estimular o engajamento cívico da sociedade civil;
3) O autor defende que as novas tecnologias são instrumentos cujo potencial democrático depende de como são utilizados e da cultura de participação da popula
Este documento discute como as ferramentas colaborativas e mídias sociais, conhecidas como Web 2.0, podem afetar a tomada de decisão em diferentes estruturas organizacionais. O foco é determinar qual estrutura organizacional se adapta melhor para tomar decisões usando informações dessas novas ferramentas.
O documento analisa iniciativas governamentais de participação digital no Brasil, examinando os sites da Presidência e da Câmara dos Deputados. A pesquisa identificou desafios como a exclusão digital e limitada qualidade da informação política disponível. Embora recursos participativos existam, fatores como cultura cívica e interesses políticos influenciam mais a participação do que a mera disponibilidade de ferramentas digitais.
Estudo de Caso do Perfil da Prefeitura de Santana do Livramento no Facebook e...Glória Rodrigues
O documento descreve um estudo de caso sobre o perfil da Prefeitura de Santana do Livramento no Facebook e sua interação com usuários. O estudo analisou o conteúdo publicado pelo perfil, entrevistou amigos do perfil e concluiu que a rede social pode ser usada para comunicação entre o governo e a comunidade.
Este documento discute como as redes sociais na internet podem melhorar a participação política através da esfera pública. Primeiro, define os conceitos de esfera pública e opinião pública de acordo com Habermas. Em seguida, descreve as redes sociais na internet como espaços de troca entre atores que podem promover debates políticos. Finalmente, argumenta que as redes sociais podem ampliar a participação política quando validadas pelos meios de comunicação tradicionais.
1) A pesquisa em comunicação de massa tradicionalmente se concentrou na televisão e no jornal impresso, considerando a mídia como poderosa e a audiência como passiva.
2) Com a Internet, pesquisadores importaram esses mesmos conceitos, focando no "uso da Internet" sem considerar suas características interativas.
3) É melhor conceitualizar o "uso da Internet" em termos de "affordances", ou possibilidades de ação percebidas pelos usuários, como ler, comentar e publicar.
Este documento discute o jornalismo cidadão e as estratégias discursivas das mídias para criar um espaço democrático simbólico. Apresenta os conceitos de jornalismo cidadão e analisa as potencialidades do modelo open source, bem como os desafios em definir o papel do jornalista nesse novo contexto em que os cidadãos participam da produção de notícias.
O objetivo do artigo é refletir sobre as formas de uso do Twitter por parte dos parlamentares com mandato vigente na Câmara dos Deputados durante a Legislatura 2011-2015. Pretende-se investigar que fatores levam os representantes a investirem no Twitter como parte de sua estratégia de comunicação política. São examinados os perfis públicos dos 463 deputados com registro no
microblog. Tais contas foram monitoradas semanalmente (entre fevereiro e julho de 2012), a partir do software de estatística “R”. Os resultados apontam correlações entre o uso da ferramenta e atributos como idade e ocupação de cargos de liderança.
Participação política local através da internet e os ganhos democráticos para...Rodrigo Carreiro
1. O documento discute a participação política local através da internet e os ganhos democráticos para os cidadãos, analisando exemplos de iniciativas de participação online no âmbito local.
2. Aborda teorias da democracia como liberalismo, democracia participativa e deliberativa para fundamentar a análise e desenvolve uma tipologia de ferramentas de participação política local online.
3. Apresenta um estudo de caso sobre os ganhos democráticos obtidos por usuários do site Cidade Democrática, em quatro
Os novos modos de envolvimento e cooperação entre eleitores, candidatos e pa...Ciber Comunica
A palestra discute as possibilidades de novas formas de envolvimento entre cidadãos e agentes políticos por meio das campanhas online, focando nas questões da interatividade e engajamento/mobilização. A interatividade permite um diálogo horizontal entre eleitores e candidatos através de ferramentas online. O engajamento/mobilização refere-se aos processos de induzir participação política para ganhar eleições, por meio de campanhas online ou ações de apoio presenciais.
Periódico exclusivamente on-line, com acesso aberto, publicado quadrimestralmente pelo Centro de Estudos em Administração Pública e Governo (CEAPG) e pelo Departamento de Gestão Pública (GEP) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), Cadernos Gestão Pública e Cidadania (CGP&C) têm como principal objetivo divulgar trabalhos acadêmicos sobre gestão e políticas públicas.
O Impacto das Novas Tecnologias na Esfera Pública: Estudo de Caso do TwitterJuliana Menezes
Este trabalho analisa o impacto das novas tecnologias, especificamente o Twitter, na esfera pública política. A pesquisa observa interações entre cidadãos e políticos no Twitter e discute como esta rede social pode ampliar a participação política e o debate democrático. O estudo de caso do Twitter sugere que esta plataforma oferece um espaço para livre expressão e discussão política que pode mudar a concepção do processo político e do exercício da cidadania no Brasil.
O documento discute se a internet é uma tecnologia democratizante. Apesar de ampliar o acesso à informação, governos autoritários também usam a internet para censura e vigilância. Enquanto alguns acreditam que a internet promove a democracia no longo prazo, outros argumentam que seus efeitos dependem do contexto político de cada país.
O documento discute o uso das redes sociais pelas instituições públicas para ampliar o debate sobre políticas públicas. Ele argumenta que as redes sociais permitem novas formas de interação entre governo e sociedade e que as instituições públicas precisam se adaptar a esse novo contexto para melhor atender às demandas dos cidadãos. No entanto, reconhece que as instituições públicas ainda estão lentamente adotando essas mudanças.
A Democracia online: política, Estado e cidadania através de plataformas digi...Ciber Comunica
O documento discute como o Estado produz, organiza e compartilha informações na era digital. Apresenta três requisitos democráticos para interfaces digitais do Estado: publicidade, responsividade e porosidade. Realiza estudos de caso comparativos sobre os portais da Presidência, Câmara dos Deputados e Supremo Tribunal Federal.
O artigo investiga duas formas de deliberação identificadas na literatura contemporânea em teoria democrática. A primeira, restrita, é realizada no interior de mini-públicos, com regras e parâmetros específicos. A segunda forma é ampliada: aqui, as deliberações incluem discussões informais na sociedade, reverberadas pela comunicação de massa. Após explorar teoricamente estas duas dimensões, o artigo apresenta a idéia de deliberação integrada, uma perspectiva que busca se beneficiar das vantagens práticas encontradas nos dois formatos deliberativos mencionados. O exame de casos permite ilustrar ocasiões nas quais a troca de razões em ambientes amplos e restritos acabam gerando uma confluência que facilita a participação da esfera civil no processo de produção da decisão política.
O documento discute diferentes formatos de deliberação democrática, comparando deliberação ampliada e mini-públicos. Sugere que é possível integrar essas abordagens, por exemplo, através de consultas públicas online ou orçamentos participativos digitais que combinam discussão ampla com tomada de decisão restrita. Defende que a internet pode conectar deliberações ampliadas e restritas.
1) O documento discute o papel dos blogs e da cultura digital na sociedade contemporânea e política.
2) A sociedade contemporânea é altamente midiatizada e a comunicação digital está se tornando o principal instrumento para acompanhar a política.
3) Os blogueiros podem ampliar seu papel na esfera pública garantindo a igualdade, o senso comum e a inclusividade em seus blogs.
Este documento discute métodos para analisar e medir deliberação em grupos. Apresenta um modelo de deliberação pública em pequenos grupos e discute duas abordagens para medir deliberação: medição direta de aspectos da definição teórica e medição indireta através de variáveis dos processos deliberativos. Conclui que pesquisas futuras precisam refinar as medições utilizadas.
O documento discute três condições fundamentais para a participação política segundo o modelo deliberativo de democracia: (1) as instituições políticas devem criar oportunidades para os cidadãos apresentarem razões públicas; (2) é necessária melhora nas condições socioeconômicas dos indivíduos; (3) deve haver atenção a princípios que regulam as interações e argumentos em debate. O texto também aborda críticas ao modelo deliberativo e seus limites e méritos para discutir participação em democracias contemporâneas
Materialidades da comunicação e participação política na internet: potências ...Rodrigo Carreiro
1) O documento discute as potencialidades e limitações da internet para a democracia e participação política à luz da teoria das materialidades da comunicação.
2) A teoria das materialidades entende que o suporte material de um meio influencia os processos comunicacionais nele ocorrentes.
3) Quando aplicada à internet, a teoria das materialidades sugere que aspectos como códigos, interfaces, acesso à banda larga influenciam a participação política online.
1) O artigo analisa os canais de participação disponíveis nos portais da Câmara dos Deputados e da Presidência da República brasileira.
2) É identificada uma maior variedade de canais na Câmara, permitindo uma interação diferenciada entre cidadãos e representantes.
3) Fatores como custos políticos podem influenciar a oferta desses mecanismos pelas instituições.
Este documento resume uma pesquisa doutoral que examinou como duas instituições brasileiras, a Presidência da República e a Câmara dos Deputados, oferecem oportunidades de participação política aos cidadãos através da Internet. A pesquisa analisou os recursos participativos disponíveis nos portais dessas instituições, considerando suas características e possíveis efeitos na produção da decisão política. Concluiu-se que cada instituição usa os canais digitais de forma diferente, reforçando que mais importante do
Este artigo examina os mecanismos de participação oferecidos aos cidadãos pelos websites de seis casas legislativas brasileiras à luz da perspectiva deliberacionista de democracia. Os resultados indicam que, com exceção do site da Câmara dos Deputados, os demais oferecem recursos limitados de participação, sugerindo um subaproveitamento do potencial da internet.
Democracia digital e participação: um estudo sobre iniciativas civis no BrasilRodrigo Carreiro
Artigo escrito por: Graça Penha Nascimento Rossetto, Maria Paula Almada e Rodrigo Carreiro. Publicado originalmente na Lumina, revista do Programa de Pós-graduação em Comunicação Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF.
O documento descreve estratégias para identificar públicos e disseminar conteúdos da plataforma Participa.br, com o objetivo de promover a participação social na elaboração de políticas públicas. Ele discute como identificar agentes públicos e grupos da sociedade civil interessados, e apresenta exemplos de comunidades ativas no site que promovem debates sobre temas como ouvidoria, educação popular e migrações. Também lista mecanismos de participação disponíveis na plataforma e exemplos de outras iniciativas que podem ser incorporadas para ampl
Ambientes de Interação na Internet como Esferas Públicas: um Estudo dos Come...Samuel Barros
O documento analisa os comentários de leitores no site Folha Online como uma possível esfera pública para debate, segundo os critérios de Habermas. A análise encontrou que pelo menos na amostra estudada, o ambiente permitiu discussão racional e inclusiva sobre assuntos públicos de interesse geral. Mais estudos em outros temas são necessários para conclusões mais abrangentes.
O documento discute os Conselhos Gestores de Políticas Públicas no Brasil como potenciais espaços para a coprodução dos serviços públicos. Ele argumenta que, apesar de limitações, esses conselhos podem promover a interação entre sociedade e Estado e permitir a participação ativa dos cidadãos na formulação e gestão de políticas públicas.
Este documento discute o potencial dos Conselhos Gestores de Políticas Públicas no Brasil como espaços para a coprodução de serviços públicos entre o Estado e a sociedade civil. A coprodução envolve a produção conjunta de bens e serviços de interesse público pelo Estado, sociedade e setor privado. Os Conselhos podem promover a participação cidadã e o controle social sobre as políticas públicas, apesar de desafios como a legitimidade e representatividade dos conselheiros.
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Democracia, espaço público e internet - Marina Cruz Vieira Villela (2011)ACORN-REDECOM
O documento discute a relação entre democracia, espaço público e internet. Primeiramente, apresenta o conceito de esfera pública de acordo com Habermas e como os blogs da Web 2.0 podem constituir espaços públicos que fortalecem a participação política. Em seguida, fornece um breve histórico do surgimento da internet e da Web 2.0, definindo blogs como ferramentas típicas desta geração. Por fim, analisa se os blogs podem constituir espaços públicos de discussão contribuindo para a esfera pública,
Democracia Digital e Participação: Um Estudo Sobre Iniciativas Civis No BrasilRodrigo Carreiro
1) O documento discute iniciativas civis que promovem participação política através da internet e se elas contribuem para ampliar o controle do cidadão sobre o Estado.
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3) Quatro iniciativas da sociedade civil são avaliadas qualitativamente considerando informações disponíveis, instrumentos de motivação para participar e canais para diálogo com esfer
1) O documento discute conceitos básicos de democracia e participação, com foco nos orçamentos participativos.
2) Os orçamentos participativos surgiram na América Latina como forma de democracia participativa ao nível local e se expandiram para outras partes do mundo.
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1. O documento propõe a linha editorial e metodologia para implementação e manutenção de um Portal da Participação Social no Brasil. 2. A linha editorial visa mediar o diálogo digital entre sociedade civil e governo de forma democrática e aprimorar a participação social. 3. A metodologia inclui criação de manuais, monitoramento das comunidades digitais, produção de conteúdo e avaliações periódicas para aprimorar o portal.
O documento discute o capítulo "O papel da sociedade civil e da esfera pública política" do livro "Direito e Democracia" de Jürgen Habermas. Habermas defende que a sociedade civil e a esfera pública desempenham um papel importante na democracia ao introduzirem novos assuntos e problemas sociais no sistema político e ao possibilitarem a formação democrática da opinião e da vontade.
Semelhante a Projeto Delibera e a mediação do debate online: promovendo ações colaborativas e a inteligência coletiva (20)
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3. O plano de manejo incluirá zoneamento, normas, programas e divulgação para envolver a população local na conservação da biodiversidade.
Projeto Delibera e a mediação do debate online: promovendo ações colaborativas e a inteligência coletiva
1. Projeto Delibera e a mediação do debate online
Promovendo ações colaborativas e a inteligência coletiva
Joao Paulo Mehl e Sivaldo Pereira da Silva
2012
2. Projeto Delibera e a mediação do debate online:
promovendo ações colaborativas e a inteligência coletiva
João Paulo Mehl1
Sivaldo Pereira da Silva2
A proposta deste trabalho é apresentar o projeto Delibera em suas
dimensões conceituais e práticas. Trata-se de uma plataforma para
discussão e tomada de decisões coletivas através da internet, levando
em conta noções de inteligência coletiva, Web 2.0 e deliberação
pública. Algo que pode ser útil para uma gama de ações, oferecendo
para cidadãos, sociedade civil e empreendedores uma ferramenta online
que possa mediar debates; tomar decisões coletivas de forma ágil e
cooperativa; construir documentos colaborativamente; sistematizar
processo de discussão e formulação; produzir conhecimento e
sociabilizá-lo e definir resoluções por meio de votação. Para tanto, o
paper traz em suas primeiras seções uma síntese do debate conceitual
sobre deliberação, participação e internet.
1. Introdução
As últimas duas décadas foram fortemente marcadas pelo desenvolvimento de
tecnologias digitais de comunicação o que tem influenciado novos modelos de negócios e
de sociabilidade (CASTELLS, 1999 e 2003; LEMOS, 2010). A emergência da web 2.0 e
os novos processos comunicativos apontam para um perfil de usuário que não se coloca
mais apenas na posição de consumidores passivos de informações e produtos, mas se
tornam peças importantes em todo o processo, afetando o modo de funcionamento da
cadeia produtiva no âmbito econômico (ANDERSON, 2006) e, ao mesmo tempo, a
1
Administrador formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sócio-diretor da Ethymos, onde
cumpre a função de relações institucionais e coordenador de projetos. É fundador do Coletivo
Soylocoporti, entidade que trabalha com Cultura e Comunicação, também faz parte do Intervozes -
Coletivo Brasil de Comunicação Social, organização que trabalha pelo Direito à Comunicação.
2
Professor Adjunto do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
e professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea da
Universidade Federal da Bahia (UFBa). Doutor em Comunicação pela UFBa com estágio doutoral na
University of Washington. Pós-doutorado junto ao Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital e
Governo Eletrônico (CEADD-UFBa).
2
3. relação entre cidadãos e seus representantes, no âmbito da máquina governamental. Algo
que já era apontado ainda nos anos 90 quando estudiosos já vinham chamando a atenção
para a potencialidade das ferramentas online em fomentar a inteligência coletiva (LÉVY,
1995) e a formação de comunidades virtuais (RHEINGOLD,1996).
Na esteira da sofisticação destes horizontes, o debate sobre modos e formas de
deliberação online tem tomado um lugar de destaque principalmente a partir da última
década do século XX. Com influências do modelo de democracia deliberativa
(HABERMAS, 1995; BOHMAN 1996) especialistas acreditam que a qualificação do
debate mediado por ferramentas como a internet pode criar oportunidades promissoras,
se observarmos determinadas características que viabilizem modos de interação
discursiva voltadas para legitimar e fortalecer tomadas de decisões coletivas
(DAHLGREN, 2005; COULDRY, 2003; MIN, 2007).
Com este cenário em mente, uma questão guia a proposta deste trabalho: Que
elementos um sistema online pode reunir para facilitar a interação e troca de ideias para
fins de inteligência coletiva, colaborativa ou deliberação intra-grupo? Que elementos
conceituais devem ser observados e como isso pode ser materializado em uma ferramenta
digital de comunicação ?
Para discutir esta questão, ainda que não se pretenda formular uma resposta
definitiva, este trabalho se propõe apresentar o projeto de uma ferramenta de discussão
online denominada Ágora Delibera. Inspirado justamente nas características de mídias
sociais e de deliberação online, o Delibera é uma ferramenta digital que facilita a
discussão coletiva simplificando o debate de temas de interesse comum e sua posterior
sistematização. Busca integrar sujeitos permitindo que as ideias individuais sejam
processadas e debatidas coletivamente, visando tomar decisões que tendem ser tanto mais
legítimas quanto mais complexas e melhor embasadas.
Para tanto, este paper será organizado em três partes. Primeiramente, iremos trazer
uma síntese dos principais tópicos conceituais que envolvem o tema deliberação,
participação e democracia. Em seguida, este debate será deslocado para a relação entre
deliberação e internet. Por fim, será feita uma apresentação do projeto Delibera,
buscando traçar algumas de suas principais características, tendo como pano de fundo os
temas conceituais anteriormente discutidos.
3
4. 2. Deliberação, participação e democracia
O crescente debate sobre a potencialidade democrática da Internet na relação
entre esfera política e esfera civil tem suas origens num ideal baseado em uma noção
clássica de participação:
Modelos normativos de participação privilegiam tipicamente formas
diretas ou físicas de envolvimento ao invés das formas mediadas ou
indiretas, supondo maior fortalecimento e mais recompensas tangíveis
para a participação direta. Está implícito nesta concepção a sugestão
de que cidadania efetiva requer envolvimento ativo e continuo no
“mundo político real” (BUCY & GREGSON, 2001, p. 370)
As concepções de democracia participativa (ou participatória) ganharam força na
teoria democrática sobretudo a partir dos anos de 1970. Para muitos autores, os
problemas e a crise de representatividade do liberalismo só poderiam ser resolvidos
mediante a configuração de outro modo de sistema democrático, uma democracia
participativa, onde o cidadão seria posto no centro da tomada de decisão política
(BARBER, 1984; PATEMAN,1992). Já na década de 90, sob a influência da edição
em inglês de Mudança Estrutural da Esfera Pública, de Jürgen Habermas
(HABERMAS, 1984), ganha corpo o conceito de democracia deliberativa: a noção de
que a participação política deveria estar centrada em ações discursivas, onde a própria
esfera civil teria o papel de travar processos dialógicos capazes de chegar a tomadas de
decisão sobre assuntos e temas de interesse público3
. Tais modelos participativos de
democracia dão a tônica de boa parte da discussão sobre teoria democrática dos últimos
30 anos, como afirma Gomes (2004b)4
.
No debate anglo-americano o termo “deliberation” tem um sentido similar à idéia
de “discussão”, “debate” (no sentido dialógico). No Brasil, a expressão cognata
3
Sobre democracia e deliberação ver BOHMAN, 1996; GUTMANN & THOMPSON, 1996; BENHABIB,
1996; HABERMAS, 1995; COHEN, 1996; COHEN & SABEL, 1997.
4
“O exame sobre as razões da excessiva autonomização da esfera da decisão política e da crescente atrofia
das funções da esfera civil na condução do Estado, ao lado da formulação de alternativas, teóricas e
práticas, para o crescimento dos níveis de participação civil nos negócios públicos, tem se tornado no tema
central e na grande novidade da teoria da democracia nas últimas décadas. Conhecem-se, a partir daí, os
modelos de «democracia participativa», «strong democracy» e, ultimamente, de «democracia deliberativa»
que se multiplicaram na virada do século.” (GOMES, 2004b, p. 3)
4
5. (deliberação) acopla outro significado: diz respeito à tomada de decisão baseada em um
processo discursivo e argumentativo anterior, sobre determinado tema. Embora os
termos (deliberation e deliberação) possuam uma diferença importante de ser esclarecida,
ambos serão tratados aqui em seu ponto de intersecção: deliberação é o processo
dialógico de teor político entre dois ou mais agentes - potencialmente que tem a tomada
de decisão - legitimada pelo conjunto dos participantes – enquanto horizonte do
processo5
. Assim, quando na necessidade de se referir ao sentido mais restrito da
expressão em inglês, será utilizado o termo “discussão”.
Como é possível notar, mesmo em ambos os casos (tanto no debate no Brasil
quanto no ambiente anglo-americano) há algumas diferenças importantes entre
"deliberação" e "simples conversação". A conversação pode estar contida no processo
deliberativo, mas este, por sua vez, requer outros elementos para além da simples "troca
de informações entre agentes" para se consolidar conceitualmente. Gutmann &;
Thompson (1996, p. 12) propõem alguns princípios fundamentais necessários ao
processo de deliberação: a) reciprocidade: os concernidos devem reconhecer e respeitar
uns aos outros como agentes capazes de entrar num debate e compartilhar os argumentos
que serão dispostos ; b) publicidade: as razões, os argumentos e as informações trazidas
ao debate pelos concernidos devem ser públicas; c) responsabilidade (accountability): é
necessário que haja a obrigação de responder publicamente pelas decisões tomadas,
assegurando a sua realização enquanto princípio que envolve todos os concernidos. É
possível acrescer mais alguns elementos como livre acesso (é necessário garantir a livre
entrada no debate a cada indivíduo concernido) e pluralidade (para que haja legitimidade,
é importante que o conjunto de indivíduos reflita a diversidade e as diferenças
sustentadas entre os concernidos).
Adotar uma perspectiva de democracia deliberativa nas sociedades de massa
significa também pensar de forma mais complexa essas características do processo de
deliberação. Esta complexidade também repercute em algumas problematizações, como
apontam alguns críticos: (1) há casos em que a deliberação pode enlarguecer os conflitos
e as divergências e pode gerar a ilusão de que um conflito pode não ser resolvido, assim,
a deliberação não seria um valor estável (SHAPIRO, 1999: 31-36); (3) a deliberação
5
No caso do debate em língua inglesa, para alguns autores (BOHMAN, 1996; GUTMANN &
THOMPSON, 1996) o desfecho - enquanto tomada de decisão sobre o tema posto em “deliberation” - não
é uma obrigação do processo. Os indivíduos podem não chegar a um acordo sobre determinada questão
em debate, mas manter uma cooperação dialógica apesar da não-resolução do problema posto.
5
6. pode se transformar em um tipo de republicanismo (onde prevaleceria a imposição do
coletivo) que diminuiria a afirmação de liberdade (GALSTON, 1999: 47); o processo
deliberacionista só funcionaria com indivíduos de boa-fé (o que nem sempre seria
possível no plano da realidade) capazes de modificar suas posições na deliberação
pública com seus pares (SIMON, 1999: 53); (5) o ideal deliberacionista consistiria em
uma utopia do comprometimento democrático, onde elementos como os conflitos
políticos, as estruturas de classe, diferenças étnicas e religiosas seriam todos substituídos
simplesmente por “deliberação”; (6) A deliberação teria importante lugar na política
democrática, mas não teria um lugar independente. (WALZER, 1999: 67); (7) nem todos
os cidadãos teriam capacidade para deliberar. A deliberação seria provavelmente mais
efetiva no seio das elites intelectuais. (BELL, 1999: 74).
Embora as críticas sejam relevantes para se pensar possíveis distorções da
democracia deliberativa e sua problematização, elas estão baseadas em duas limitações
de fundo. Primeiramente, a dimensão do conflito não pode ser negada ou colocada
enquanto problema que deve ser evitado na prática política (MOUFEE, 1996). A
deliberação pública sobre determinadas questões de interesse geral ainda é a forma mais
defensável de tratamento desses conflitos, do ponto de vista democrático, e a sua
existência não possui uma relação de causalidade no que diz respeito ao enlarguecimento
do atrito e nem pressupõe uma visão da maioria sobre a minoria, mas torna os
antagonismos razoáveis para serem tratados pelos diversos pontos de vista conflitantes,
através da ação discursiva com viés político. O segundo pressuposto contido nestas
críticas é a noção de deliberação enquanto processo linear rígido. Isto é, funcionaria
segundo um modelo ideal onde cidadãos se reúnem enquanto público, munidos de
informação sobre o tema a ser debatido, e são levados à discussão racional, com a
premissa de que estariam abertos para o convencimento ou a mudança do
posicionamento inicial, mediante as argumentações apresentadas. A noção de deliberação
deve ser compreendida como um parâmetro normativo, mas que dificilmente pode ser
realizado literalmente, em todos os seus aspectos formais, num mesmo momento e num
mesmo espaço físico, nas grandes proporções das sociedades complexas, a não ser em
pequena escala ou em pequenos grupos deliberativos delimitados.
Movendo a análise para as sociedades de massa contemporâneas, é necessário
olhar para a deliberação de modo mais amplo e mais complexo. Propõe-se aqui que o
processo discursivo e deliberativo públicos deve ser compreendido como um conjunto
6
7. integrado de componentes que se relacionam de modo mais ou menos “sistêmico”. Este
conjunto é constituído por seis componentes fundamentais:
1) público – para se iniciar o processo deliberativo é necessário que haja um
conjunto de indivíduos que se configurem enquanto “público”, isto é, que
estejam interligados para dialogar e buscar caminhos sobre questões de
interesse coletivo;
2) agenda – a deliberação ocorre sob a aparição de determinado tema enquanto
problema a ser discutido; é necessário que determinado (s) tema (s) de
interesse geral seja exposto publicamente como algo a ser deliberado pelo
conjunto dos concernidos. Esta agenda de debate pode surgir de diversos
modos (através de um fato noticiado; através de um debate público; ou
através de demandas específicas de grupos sociais etc);
3) informação – o sistema de deliberação requer a dinâmica de circulação de
dados, informação e esclarecimentos sobre o tema pautado. Este componente
do processo irá repercutir na formação da opinião pública dos concernidos
que poderão ponderar sobre os diversos pontos de vistas e ampliar sua
capacidade de discernimento sobre o tema em debate;
4) debate– trata-se do estágio em que as posições, os argumentos e os pontos de
vistas conflitantes são expostos para o escrutínio do conjunto dos concernidos.
5) decisão - consiste no desfecho que reflete em uma tomada de decisão sobre a
pauta de deliberação.
6) responsabilidade - trata-se do componente em que se assegura que a
produção da decisão política seja cumprida e pressupõe que todos os
concernidos tem o direito de cobrar a sua realização e de controlar a sua
execução conforme deliberado.
7
8. Estes componentes estão conectados e travam entre si relações que repercutem
um no outro de modo sinérgico para a funcionalidade do conjunto6
. Os dois primeiros
itens (público e agenda) são pré-requistos para a existência de um processo de discussão
e deliberação. O terceiro componente (a informação) age sobre a qualidade do processo:
trata-se de um item estruturante. O quarto componente (debate) é o cerne do processo e
configura a dinâmica do conjunto. Já o quinto item (responsabilidade) se refere aos seus
efeitos em termos pragmáticos.
No caso abrangente de uma democracia deliberativa, a deliberação ganha a
dimensão de “pública”. Isto é, cada um destes componentes deliberativos solicita que os
cidadãos sejam protagonistas do processo. Porém, a ausência de participação do cidadão
em algum desses estágios não significa dizer que o processo de discussão e deliberação
inexistiu, mas que seu aspecto sistêmico e seu caráter público e participativo operou de
forma incompleta, sem atingir todos os seus componentes em sua normatividade
democrática.
Falar da discussão e deliberação pública sob o prisma de um conjunto de fatores
integrados sugere ainda que cada componente do processo não se realiza de forma linear
ou rígida. Isto incorre em concluir que: a) o processo deliberativo é complexo e não pode
ser apoiado literalmente em seu parâmetro normativo que tem como fundo a interação
face a face de pequenos grupos; b) a discussão e deliberação não consiste apenas em
"diálogo" e "tomada de decisão", mas, tendo características sistêmicas, pressupõe outros
componentes que regulam seu funcionamento efetivo. Isto é, a estruturação de um
público, a construção da agenda de debate, a circulação de informação e a
responsabilidade (também no sentido de accountability) devem ser tratados como
componentes do conjunto discursivo-deliberativo e não como fatores externos a ele; c)
cada um desses componentes podem ocorrer em diversas instâncias (não apenas no
interior do mass media, ou no ciberespaço, mas também no âmbito da vida cotidiana não
mediatizada, no recinto familiar, em clubes ou agremiações, em movimentos sociais,
centros religiosos etc) e de diversas formas (através de debates na TV, através de jornais
de bairro, através de foruns on line, através de consultas públicas etc).
6
Este conjunto de componentes não deve ser visto de modo fechado e definitivo. Obviamente que outros
elementos poderiam ser especificados para além dos 6 itens propostos.
8
9. 3. O processo de discussão e deliberação e o papel da Internet
É neste contexto de final de século, no ambiente de debate sobre estas concepções
participativas-deliberativas, que surge a Internet. Os discursos sobre as potencialidades
políticas da Rede irão encontrar justamente neste campo da teoria democrática sua
inspiração teórica e sua justificativa deontológica. As possibilidades de interação direta
entre os cidadãos e destes com a instância governamental, sem a mediação de um terceiro
agente, torna a Internet um medium que se aproxima mais fortemente deste ideal
participativo de influência clássica. No atual contexto de debate sobre as potencialidades
participativas das TICs, a deliberação pública tem sido a forma mais defendida por
diversos autores como meio de se utilizar essas novas tecnologias para fomentar a
participação do cidadão nos negócios públicos (RICHARD, 1999; MALINA, 1999;
COLEMAN, 1999a; DAHLBERG, 2001; FREY, 2002; FISHKIN, 2002;
MACINTOSH, 2003; DAHLGREN, 2005).
O processo de deliberação tem sido pragmaticamente viável através da Internet
quando realizado em pequena escala, ou em pequenos grupos como listas de discussão,
foruns on line no âmbito de entidades, associações, dentre outras organizações ou grupos
similares. No caso da deliberação pública, voltada para a tomada de decisão no âmbito
do governo eletrônico, têm-se aqui uma maior complexidade e dimensão caracterizadas
por alguns constrangimentos fundamentais: (1) primeiramente tem-se o problema da
exclusão digital, que interfere diretamente no primeiro componente do sistema
deliberativo, isto é, na formação de um público conectado via Rede; (2) ainda que o
vácuo de acesso tecnológico seja resolvido, seria necessário estruturar o engajamento
eletrônico, isto é, configurar uma série de fatores de ordem cultural, social e cívica
(DAHLGREN, 2005; MAIA, 2002) que suscitem o interesse, a ação e a participação
política (como o problema da escala numa sociedade de massa, a capacidade de
deliberação do cidadão , legitimação de um espaço deliberativo entre outros); (3) a atual
legislação dos estados liberais modernos não obriga os governos a abrirem
possibilidades de se efetivar esse processo deliberativo em seus componentes
fundamentais (COLEMAN, 1999)
Para além destas dificuldades, o que é importante pontuar aqui é que um processo
de discussão e deliberação públicas pode ter seus componentes realizados através de
instâncias e canais diversos. Não deve ser pensado apenas no âmbito das TICs ou dos
9
10. meios de comunicação de modo totalizante. Enquanto conjunto com características
sistêmicas, ocorre através de diversos atores, em diversas instâncias, de diversos modos
(“off line”, inclusive) e canais de comunicação. E isto nem sempre ocorre de forma
direta ou linear em sociedades complexas. Ao meio de comunicação não pode ser
atribuída toda a estruturação do processo e seus componentes. O meio não define a
deliberação, embora contribua de forma fundamental para esta. É, antes de tudo, um dos
elementos necessário para o seu funcionamento efetivo. Deste modo, o papel da
Internet num processo discursivo-deliberativo de caráter público, deve ser compreendido
como mais um elemento capaz de repercutir nesta dinâmica, ao invés de suportar e
resolver todos os problemas de participação e de deliberação nas sociedades de massa.
Pensar na deliberação através dessas novas tecnologias requer pensar na melhor
forma de atuação do modus operandi da Rede (em toda sua ambigüidade) em cada um
dos componentes do processo deliberativo, sem pré-condicionar que todos eles tenham
que se realizar diretamente no ciberespaço. A exacerbação da tensão do controle do fluxo
de informação e de interação entre a esfera política e a esfera civil deve ser levada em
conta nos projetos que visam aumentar a participação do cidadão nos negócios públicos,
observando que há a possibilidade de maior tensionamento da comunicação política entre
cidadão e governo e não necessariamente o estabelecimento de uma prática democrática
ocasionada por uma suposta característica inerente ao meio.
A tendência do agente governamental, na maioria dos casos, é minimizar esta
tensão fomentando ao cidadão o papel de consumidor de serviços ou estabelecendo um
tipo de input e output de dados que privilegiam relações instrumentais e burocráticas em
busca da eficiência da máquina estatal. Pelo menos isso é o que vem sendo apontado na
maioria das concepções de governo eletrônico (ver FERRER & SANTOS, 2004) e na
maioria das apropriações governamentais da Internet em web sites oficiais.
Atualmente, a maioria de processos deliberativos entre cidadãos não estão sendo
concretizados por iniciativa do agente governamental: ocorrem difusamente mediante a
apropriação não-estatal de movimentos sociais e organismos afins. De modo prático, as
ações governamentais na web tem se concentrado predominantemente no terceiro
componente do processo deliberativo, isto é, na circulação de informações de interesse
público, com alguma repercussão no sexto componente, ou seja, a prestação de contas
por parte do agente político que gerencia o estado.
10
11. 2. Ágora Delibera
O projeto da Ágora Delibera7
nasceu de uma iniciativa da Ethymos8
em parceria
com desenvolvedores e especialistas em internet e política. O sistema já vem sendo
utilizado, em sua versão beta, em fóruns importantes de discussão como a Comissão
Nacional de Pontos de Cultura e a Relatoria Especial da ONU para o Direito à Moradia.
O intuito é possibilitar a implantação de um ambiente digital capaz de dar aos diversos
tipos de grupos (governamentais, institucionais, empresariais, civis etc.) meios para
desenvolver inteligência coletiva, ações colaborativas e tomadas de decisão à distância de
modo planejado, minimizando ruídos de comunicação e potencializando a qualidade final
do processo deliberativo. Diferentemente de um fórum de discussão usual, o Delibera
está centrado em três pilares que buscam integrar-se enquanto um sistema: (a) o
desenvolvimento de ferramentas digitais capazes de facilitar e incrementar as discussões
coletivas online; (b) o desenvolvimento de metodologias de deliberação online e tomadas
de decisão ; e (c) a constante evolução através de análises e estudos que identifiquem o
modo de apropriação dos grupos em suas especificidades.
Em sua versão beta, o modus operandi do sistema pode ser caracterizado tomando
com base alguns elementos mais fundamentais, a saber:
a) Design - O primeiro elemento a ser pensado é o design da ferramenta ou aquilo que
Lee Salter (2004) denominou de “formas de uso”. Esta característica determina as
possibilidades de apropriação e o modo em que uma discussão coletiva pode ser
mediada. Neste sentido, o Delibera está estruturado na forma-base de um fórum de
discussão onde se pressupõe que um conjunto de participantes podem debater, discutir e
deliberar sobre temas específicos. Está baseado em quatro etapas que podem funcionar de
forma independente: (a) Votação para definição de pautas; (b) Debates das pautas
aprovadas; (c) Relatoria das discussões e (d) Votação dos encaminhamentos. Proporciona
7
Acessível em < http://agoradelibera.com.br/ >
8
Ethyumos Soluções em Web (http://ethymos.com.br/). A agência surgiu em 2005 na cidade de Curitiba
(PR). Desde então, desenvolve sites atraentes e funcionais em WordPress, softwares sob medida para
demandas específicas e oferece consultoria em redes sociais. A Ethymos tem compromisso social, por isso
se dedica a projetos que contribuem para a construção de uma sociedade mais justa. Apostamos na
colaboratividade e valorizamos a reflexão criativa como uma importante etapa de construção de nossos
produtos
11
12. um ambiente dinâmico de debates que procura funcionar tanto para o debate de um grupo
pequeno de participantes quanto para um debate mais amplo, inclusive adotando a noção
de mini-públicos (FUNG, 2004), onde diversos grupos podem se formar e funcionar
simultaneamente de acordo com a demanda específica. Os debates podem ser abertos ou
fechados, com ou sem moderação – a depender dos princípios, objetivos e métodos a
serem definidos por cada iniciativa. Os usuários podem se inscrever - ou serem inscritos.
b) Tipificação de usuários – a definição do tipo de usuários determina o papel que cada
um irá assumir dentro de um processo deliberativo e dentro de uma rede. Neste sentido,
convém compreender a noção de rede não como um ligamento simples entre partes, mas
a partir da teoria rede-ator. Para Bruno Latour (2000) redes não designam algo externo
grosseiramente identificado na forma de pontos conectados por linhas,, como redes de
telefone, rodovias, esgotos: qualifica a habilidade de cada ator de fazer com que outro
ator faça coisas inesperadas. Neste sentido, a tipificação perfis e suas funções podem
ajudar a criar uma rede que funcione a partir da interação entre as partes cujas funções
estão previamente determinadas a provocar umas às outras. Assim, há três tipos básicos
de perfis que atuam no Delibera: facilitador, participante e convidado. O primeiro
(facilitador) consiste no agente que administra o sistema. Facilitadores podem ser
escolhidos livremente e incluídos ao longo do processo, não havendo limite para tal. Suas
atribuições são: moderar as permissões dos usuários e os comentários (se a opção de
moderação for selecionada), determinar o prazo de discussão, sistematizar o debate e
colocar as propostas em votação (se esse for um dos objetivos do processo em
questão).Postam notícias(no caso de integração com website), propõem temas e debates,
moderam as discussões e organizam as propostas de encaminhamento. Os facilitadores
têm condições de gerenciar todo o sistema. Dentre as funcionalidades de facilitador
estão: postar notícias e agenda; criar proposta de discussão;- responder às propostas de
discussão, quando for necessário orientar o debate;- sistematizar e moderar as propostas;
colocar determinada discussão em votação; gerenciar o sistema – prazos de discussão e
votação, inclusão e exclusão de debates etc; gerenciar perfil público; anexar arquivos em
vários formatos e inserir links. O segundo grupo de usuário é o que chamamos de
participante. Este é o usuário que está diretamente envolvido no processo de tomada de
decisão e consiste no grupo mais numeroso do processo. Trata-se daquele que de fato irá
participar e compor a deliberação. Podem comentar, anexar arquivos (vídeo, foto, áudio
12
13. e texto), propor encaminhamentos e votar. Dentre as funcionalidades de usuários gerais
estão: apresentar propostas de notícias, agenda e discussões; Responder aos tópicos de
discussão; Propor encaminhamentos; Votar nas propostas de encaminhamento; Gerenciar
perfil público; Anexar arquivos em vários formatos e inserir links. Como a deliberação
também pressupõe o aporte de informação e argumentos qualificados sobre um tema,
com o objetivo de subsidiar as melhores decisões, o terceiro tipo de usuário está voltado
para contribuir neste horizonte. O convidado é o usuário que não estão diretamente
envolvido no processo de deliberação mas que pode vir contribuir pontualmente para o
debate colocando seu know how ou opinião sobre um tema. Dentre as funcionalidades
disponíveis aos convidados estão: apresentar propostas de notícias e agenda; responder
aos tópicos de discussão; propor encaminhamentos; gerenciar perfil público; anexar
arquivos em vários formatos e inserir links.
Em todos estes perfis, há a possibilidade de gerenciamento interno onde se pode
escolher qual o idioma em que os menus e opções do sistema irão aparecer e download
de relatório sobre as discussões.
c) Interação - um dos principais elementos caracterizadores do ambiente digital é a
robusta capacidade de interação. No Delibera, os usuários com permissão têm direito a
inserir comentários sobre o tema, propor encaminhamentos e fazer upload de arquivos,
vídeos ou links que contribuam para o debate. Todos os usuários podem fazer
comentários atrelados, isto é, referindo-se a outro comentário. Outra funcionalidade é a
interação com redes sociais, o que permite a divulgação da iniciativa e a inserção de
novos atores. Ressaltamos que, para contribuir na apropriação da ferramenta por parte de
todos os usuários, serão desenvolvidas apresentações passo a passo, apostilas digitais,
vídeos tutoriais e outros materiais.
d) Discussão intra-texto – na maioria dos fóruns de discussão a discussão se dá
geralmente tomando a mensagem (texto do autor que posta determinado tópico) enquanto
uma unidade, uma peça rígida e indivisível. No Delibera, a proposta é que a discussão
entre na mensagem tomando-a como uma célula composta por diversas partes. Deste
modo, comentários, sinalizações de apoio ou não-apoio, endossos, indexação são ações
que se projetam também para dentro do próprio texto. A perspectiva aqui é pensar que os
debatentes podem concordar e discordar de partes de uma mesma mensagem e criar
13
14. mecanismos que viabilizem esta emissão de opinião ou indexação de informação em
trechos do texto.
c) Organização da informação - os tópicos colocados em discussão podem ser
organizados de diversas maneiras (por exemplo: “questões estratégicas” e “temas
mobilizadores”). Há ainda a possibilidade de fazer diversas segmentações de conteúdo
através de filtros - por região, idioma etc. Isso viabiliza a identificação dos fluxos
informativos pois o excesso de informação não organizada gera processos de
desinformação.
Permeando estas características listadas, importante frisar que o projeto parte da
visão que a deliberação online e a deliberação face-a-face não são modelos concorrentes
e sim, congruentes. O papel da Internet é servir como um meio de comunicação que
acrescenta possibilidades ação comunicativa, não devendo ser pensada em termos de uma
simples substituição da ação presencial. Deste modo, o processo deliberativo e
colaborativo não estará contido apenas na Rede de forma exclusiva, linear ou rígida, mas
também ocorrerá em outras instâncias “off line”. Ao mesmo tempo, a discussão online e
as suas características enquanto meio digital (armazenamento de informação, cruzamento
de dados, interação, indexação, multimídia, mobilidade etc.) devem ser explorados para
dar uma nova dimensão aos processos de diálogo e a cooperação, tendo em vista os
diferentes perfis de grupos e os diferentes modos que os mesmos podem se apropriar para
fins de ação coletiva e tomadas de decisão em processos colaborativos.
Considerações finais
Este trabalho tentou traçar alguns elementos de ordem teórica e prática que
poderiam apontar formas de melhorar as práticas de participação deliberativa.
Primeiramente, preocupamo-nos em situar questões conceituais que envolvem
deliberação, participação e democracia. Neste ponto nota-se que a deliberação é hoje uma
tendência que, embora tenha seus limites, apresenta-se como uma importante
característica que caminha para ser cada vez mais incorporada no interior de
organizações, governos e uma variedade de espaços coletivos. Em seguida, o paper
14
15. apontou de que forma as ferramentas digitais de comunicação podem servir como
ambiente para mediar ações deliberativas, participativas e colaborativas. Neste sentido,
uma série de elementos deve ser observada na dinâmica deliberativa online, sem perder
de vista que o papel da Internet deve ser compreendido como um elemento a mais (e não
o único) capaz de repercutir na melhoria de debates coletivos, ao invés de suportar e
resolver todos os problemas de participação e de deliberação nas sociedades de massa.
Por fim, buscamos apresentar a Ágora Delibera que tenta concretizar os conceitos e
dimensões discutidas, propondo mais que uma ferramenta de discussão online usual:
busca-se algo que trate as dinâmicas dialógicas de modo orgânico, levando em conta
metodologias de tomadas de decisão, a expertise tecnologia no desenvolvimento de
ferramentas digitais, bem como a constante evolução do sistema através de um
acompanhamento analítico sobre os modos de apropriação dos diferentes grupos de
usuários.
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