Este trabalho tem o objetivo de identificar linhas gerais de transformações em três dimensões das campanhas online: (1) provimento de informação política, (2) oferta de mecanismos de participação e (3) promoção de transparência. Tais transformações, paradoxalmente, têm se revelado uma espécie de tendência nos padrões de administração das campanhas mais recentes. Nesse sentido, uma vez que os candidatos, caso desejem legitimar suas posições políticas perante o eleitorado, veem-se forçados a oferecer aos usuários informação política em abundância, bem como mecanismos de intervenção e de transparência, defende-se a ideia de que as exigências de aperfeiçoamento feitas à democracia como um todo acabam sendo transferidas aos próprios concorrentes à deputação.
Democracia digital e participação: um estudo sobre iniciativas civis no BrasilRodrigo Carreiro
Artigo escrito por: Graça Penha Nascimento Rossetto, Maria Paula Almada e Rodrigo Carreiro. Publicado originalmente na Lumina, revista do Programa de Pós-graduação em Comunicação Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF.
As pesquisas realizadas na área de Comunicação e Democracia têm enfatizado a importância da Internet para o jogo político-eleitoral. Porém, poucas investigações têm se dedicado a estudar a influência da Internet em campanhas que priorizam apenas uma faixa específica do eleitorado, como aquelas empreendidas por candidatos a vereador. Tendo tal escassez em vista, o objetivo do artigo é compreender destacando a dimensão quantitativa do fenômeno de que maneira os parlamentares de Fortaleza utilizaram o Twitter no período compreendido entre Julho e Novembro de 2012. O corpus é composto pelas contas no microblog dos 25 vereadores da capital cearense que tentaram reeleição. Constatou-se uma correlação direta entre a quantidade de tweets publicados e a quantidade de seguidores que determinados usuários atraem. Todavia, aponta-se que boa parte dos agentes do campo político aqui analisados continua desinteressada em empregar o Twitter como parte de sua estratégia de comunicação política.
O artigo investiga as dificuldades mais comuns enfrentadas pelos projetos governamentais
voltados para incrementar a participação através do emprego dos media digitais. Após breve diagnóstico
dos recursos participativos existentes nos Portais da Presidência da República e da Câmara dos
Deputados, é verificado se os constrangimentos técnicos e políticos que a literatura aponta em relação à
adoção das ferramentas de comunicação digital se refletem em tais experiências. À luz dos elementos
fornecidos pela investigação dos casos empíricos, defende-se o argumento de que promover a
participação requer mais do que a oferta de recursos de comunicação, uma vez que cultura cívica e
outras peculiaridades de cada democracia são fatores determinantes a influenciarem os padrões de
envolvimento político. Se a idéia dos autores mais eufóricos se refere ao argumento de que a Internet
torna o "muro" que protege as instituições representativas mais fácil de pular, deve-se considerar que o
jogo político tradicional conta, muitas vezes, com artifícios próprios a fim de evitar o emprego efetivo das
capacidades da rede digital.
Twitter e comunicação política: limites e possibilidadesRodrigo Carreiro
Para a Comunicação, o interesse da relação entre os campos da comunicação e da política é proporcional às novidades técnicas possibilitadas pela sua evolução e pela Internet. Num cenário de ampliação de fronteiras, essas possibilidades fazem promessas e desafios à democracia e à política. Prova disso são os media sociais, aqui exemplificados pelo Twitter; que, criado em 2006, já é objeto de pesquisa recorrente. Com base nisso, aqui se propõe investigar o que o Twitter pode fazer pela comunicação política através de uma revisão de literatura e sistematização dos usos e possibilidades descritos pelos trabalhos brasileiros. Dessa investigação se adianta a existência de quase 40 estudos; sendo a maioria relatos a respeito da utilização do Twitter nas eleições. Destaca-se também o enriquecimento do seu uso ocasionado pela evolução da ferramenta e seu domínio pelos atores políticos.
Slides da apresentação da dissertação "Aproximação do poder público à população por meio de novas tecnologias de comunicação", como conclusão do Mestrado em Comunicação Estratégica: Publicidade e Relações Públicas, da Universidade da Beira Interior (UBI).
Democracia digital e participação: um estudo sobre iniciativas civis no BrasilRodrigo Carreiro
Artigo escrito por: Graça Penha Nascimento Rossetto, Maria Paula Almada e Rodrigo Carreiro. Publicado originalmente na Lumina, revista do Programa de Pós-graduação em Comunicação Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF.
As pesquisas realizadas na área de Comunicação e Democracia têm enfatizado a importância da Internet para o jogo político-eleitoral. Porém, poucas investigações têm se dedicado a estudar a influência da Internet em campanhas que priorizam apenas uma faixa específica do eleitorado, como aquelas empreendidas por candidatos a vereador. Tendo tal escassez em vista, o objetivo do artigo é compreender destacando a dimensão quantitativa do fenômeno de que maneira os parlamentares de Fortaleza utilizaram o Twitter no período compreendido entre Julho e Novembro de 2012. O corpus é composto pelas contas no microblog dos 25 vereadores da capital cearense que tentaram reeleição. Constatou-se uma correlação direta entre a quantidade de tweets publicados e a quantidade de seguidores que determinados usuários atraem. Todavia, aponta-se que boa parte dos agentes do campo político aqui analisados continua desinteressada em empregar o Twitter como parte de sua estratégia de comunicação política.
O artigo investiga as dificuldades mais comuns enfrentadas pelos projetos governamentais
voltados para incrementar a participação através do emprego dos media digitais. Após breve diagnóstico
dos recursos participativos existentes nos Portais da Presidência da República e da Câmara dos
Deputados, é verificado se os constrangimentos técnicos e políticos que a literatura aponta em relação à
adoção das ferramentas de comunicação digital se refletem em tais experiências. À luz dos elementos
fornecidos pela investigação dos casos empíricos, defende-se o argumento de que promover a
participação requer mais do que a oferta de recursos de comunicação, uma vez que cultura cívica e
outras peculiaridades de cada democracia são fatores determinantes a influenciarem os padrões de
envolvimento político. Se a idéia dos autores mais eufóricos se refere ao argumento de que a Internet
torna o "muro" que protege as instituições representativas mais fácil de pular, deve-se considerar que o
jogo político tradicional conta, muitas vezes, com artifícios próprios a fim de evitar o emprego efetivo das
capacidades da rede digital.
Twitter e comunicação política: limites e possibilidadesRodrigo Carreiro
Para a Comunicação, o interesse da relação entre os campos da comunicação e da política é proporcional às novidades técnicas possibilitadas pela sua evolução e pela Internet. Num cenário de ampliação de fronteiras, essas possibilidades fazem promessas e desafios à democracia e à política. Prova disso são os media sociais, aqui exemplificados pelo Twitter; que, criado em 2006, já é objeto de pesquisa recorrente. Com base nisso, aqui se propõe investigar o que o Twitter pode fazer pela comunicação política através de uma revisão de literatura e sistematização dos usos e possibilidades descritos pelos trabalhos brasileiros. Dessa investigação se adianta a existência de quase 40 estudos; sendo a maioria relatos a respeito da utilização do Twitter nas eleições. Destaca-se também o enriquecimento do seu uso ocasionado pela evolução da ferramenta e seu domínio pelos atores políticos.
Slides da apresentação da dissertação "Aproximação do poder público à população por meio de novas tecnologias de comunicação", como conclusão do Mestrado em Comunicação Estratégica: Publicidade e Relações Públicas, da Universidade da Beira Interior (UBI).
O objetivo do artigo é refletir sobre as formas de uso do Twitter por parte dos parlamentares com mandato vigente na Câmara dos Deputados durante a Legislatura 2011-2015. Pretende-se investigar que fatores levam os representantes a investirem no Twitter como parte de sua estratégia de comunicação política. São examinados os perfis públicos dos 463 deputados com registro no
microblog. Tais contas foram monitoradas semanalmente (entre fevereiro e julho de 2012), a partir do software de estatística “R”. Os resultados apontam correlações entre o uso da ferramenta e atributos como idade e ocupação de cargos de liderança.
Dissertação: Aproximação do poder público à população por meio de novas tecno...Diego Pudo
Universidade da Beira Interior
Faculdade de Artes e Letras
Depto. de Comunicação e Artes
Dissertação: Aproximação do poder público à população por meio de novas tecnologias de comunicação
Autor: Diego Cavalcante Pudo
Orientador: Paulo Serra
Mestrado em Comunicação Estratégica: Publicidade e Relações Públicas
Novembro de 2010
O artigo examina como se processa a comunicação entre a Câmara dos Deputados e os cidadãos brasileiros a partir do Portal da Câmara e do Portal e-Democracia. A análise considera a variedade e a profundidade dos mecanismos relacionados a três aspectos apontados pela literatura como fundamentais para as iniciativas patrocinadas: Informação,
Transparência e Participação. A metodologia consiste em uma análise de conteúdo quantitativa, com aplicação de testes estatísticos para verificar a relação entre os portais e as variáveis que orientam o exame empírico. Parte-se da hipótese de que o Portal da Câmara é aquele que oferta mais Transparência, enquanto o Portal e-Democracia está mais atrelado ao provimento de Informação e de Participação, o que faz deles iniciativas complementares no âmbito da instituição. Partindo do pressuposto de que os portais possuem perfis distintos (priorizando, assim, recursos diferentes) é interessante perceber que, apesar de participação e educação legislativa caminharem juntas,
1) o Portal da Câmara é aquele que apresenta o maior índice de informação do tipo “educação legislativa”, em vez do
Portal e-Democracia, no qual esse tipo de informação é inexistente; e 2) não há uma complementaridade intencional
entre as duas iniciativas, que, embora pertençam à mesma Casa Legislativa, atuam de forma quase totalmente
independente – não obstante os portais oferecerem ferramentas de caráter diferenciado.
Este trabalho avalia os websites pessoais de representantes políticos levando em consideração as principais ferramentas oferecidas para viabilizar a participação dos cidadãos. Se, por um lado, é possível apontar diversas possibilidades de aperfeiçoamento político trazidas pela Internet, por outro lado, os exemplos de emprego efetivo da rede para o fortalecimento da participação democrática são, de certa forma, escassos. Este artigo propõe uma grade analítica para avaliar a quantidade e a qualidade das ferramentas relativas à participação política disponíveis em sites de senadores. A noção correlata de graus de participação dos cidadãos na Internet busca mensurar quão porosos determinados websites são de modo a coletar sugestões e disposições dos cidadãos. A comparação empírica entre os websites de senadores brasileiros e americanos traz como principal conclusão a idéia de que a Internet pode ser melhor empregada para se aperfeiçoar a participação democrática. MARQUES, F. P. J. A. . Revista Fronteira, v. IX, p. 155-166, 2007.
O trabalho examina algumas das principais mudanças que as tecnologias digitais de comunicação trazem para o jogo político-eleitoral. Mais especificamente, verifica-se de que maneira o candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) lançou mão do Twitter ao longo das eleições de 2010. O texto analisa as novas disposições e comportamentos que podem ser percebidos uma vez que os media digitais passam a desempenhar um papel importante no processo de captura do voto. Haveria modalidades inéditas de promoção das campanhas ou, na verdade, percebe-se uma continuidade na maneira de se abordar os eleitores? São investigadas as mensagens (tweets) postadas por José Serra (@joseserra_) durante os 15 dias que antecederam o 2º turno das eleições presidenciais (de 17 a 31 de outubro de 2010). A amostra empírica é baseada nas 221 mensagens publicadas pelo candidato no período escolhido. É possível apontar, por um lado, que o uso do Twitter se mostra importante (a) para promover a imagem pública de Serra; (b) para construir uma rede de apoiadores; e (c) para estimular modalidades informais de interação. Por outro lado, é perceptível o fato de que as estratégias eleitorais, mesmo no Twitter, continuam sendo condicionadas por concepções tradicionais do marketing político.
O objetivo do texto é refletir brevemente acerca das oportunidades de participação
político-eleitoral oferecidas aos cidadãos através da Internet. Sem o objetivo de esgotar a agenda de pesquisa na área de Democracia Digital, o ensaio adota como pano de fundo a discussão sobre os desafios da representação política contemporânea, debruçando-se sobre três questões básicas: 1) Internet, eleições e valores da democracia; 2) Participação digital: custos e benefícios; 3) Dilúvio informacional e demais desafios que a tecnologia impõe às coordenações de campanha e ao exercício dos mandatos.
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantesSamuel Barros
Este artigo explora os critérios utilizados nas pesquisas da área de Deliberação Online. Através de uma ampla revisão de literatura, foram selecionados os 59 artigos que elencam os indicadores a serem medidos em discussões na internet. Nestes artigos, foram encontrados, ao todo, 369 critérios, com média de 6,25 por artigo e desvio padrão de 2,69. Em um segundo momento, o esforço da pesquisa se deu no agrupamento de tais critérios em categorias mais amplas e conectadas aos princípios deliberativos. Os critérios foram então resumidos a 8 categorias, a saber: Justificação, Reciprocidade, Reflexividade, Respeito, Pluralidade, Igualdade, Informação e Tópico. Conclui-se que, apesar dos muitos critérios utilizados, não se trata de uma dispersão dos estudos de deliberação online. Este resultado está ligado às diferentes correntes teóricas da democracia deliberativa, à difícil operacionalização dos critérios, à necessidade de critérios específicos para os diferentes contextos e objetos de análise e, em vários casos, à simples diferença de taxonomia.
MARQUES, F. P. J. A.; CARNEIRO, A. . Corações, mentes e estratégias: a relação entre marqueteiros e políticos durante as eleições de 2012 em Fortaleza. Revista de Sociologia e Política, v. 26, p. 105-131, 2018.
O objetivo do artigo é analisar qualitativamente o conteúdo dos tweets de vereadores de Fortaleza que tentaram a reeleição em 2012, a fim de compreender de que maneira aspectos a exemplo da sociabilidade influenciam a adoção dos media digitais. O corpus do trabalho é composto por 1.852 tweets publicados durante a última semana de campanha eleitoral nos perfis dos vereadores de
Fortaleza que tentaram a reeleição. As mensagens foram classificadas nas seguintes categorias: Promoção de Ideias; Campanha Negativa; Mobilização e Engajamento; Promoção de Eventos com o Candidato ou do Interesse Dele; Temas Alheios à Política ou Sem Classificação Específica. Aponta-se uma utilização primordialmente eleitoral do microblog, com a categoria Mobilização e
Engajamento sendo responsável por 45,08% das mensagens. Entrevistas com parlamentares e assessores permitiram complementar a discussão dos achados da pesquisa, indicando que o uso do microblog é determinado não apenas por fatores de ordem tecnológica, mas também cultural, social e política.
O discurso persuasivo por meio dos slogans de candidatos à presidência do BrasilCaio Flavio Stettiner
O slogan é um recurso comunicacional amplamente utilizado para delimitar em poucas palavras uma ideia ou ideal a ser fixado na memória de seu público-alvo. No caso de candidatos à presidência da república, atua como um importante elemento de persuasão, oferecendo ao eleitor uma oportunidade de conhecer sucintamente o propósito dos postulantes
ao cargo máximo do país. O objetivo deste trabalho foi estudar os slogans dos presidentes eleitos e dos derrotados subsequentes nas eleições Brasileiras, a partir de 1989. Através depesquisa documental, análise bibliográfica e pesquisa de campo com 166 entrevistados, buscou-se traçar um comparativo entre os slogans de cada eleição e analisar seu poder depersuasão sobre ao eleitorado. A análise concluiu que slogans convincentes não necessariamente garantem a vitória de seus candidatos, mas escolhas equivocadas podem ser determinantes na derrota nos pleitos eleitorais
O uso de ferramentas digitais na comunicação corporativa e institucional como...Izabel Machado
Análise de referências bibliográficas da disciplina de Gestão Estratégica da Comunicação, ministrada pelo professor Pedro Augusto Ramirez Monteiro, durante o curso de Pós-Graduação em Comunicação Legislativa, oferecido pelo Instituto Legislativo Brasileiro – ILB. Novembro/2014.
O trabalho examina as ferramentas de participação oferecidas aos cidadãos através dos websites de seis casas legislativas brasileiras: a Câmara dos Deputados e as Assembléias de cinco estados (Bahia, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e São Paulo). Para se considerar a adequação dos recursos participativos disponíveis em tais websites, empregou-se a perspectiva deliberacionista de democracia. Dentre os principais resultados da investigação, aponta-se que, à exceção do site da Câmara, as iniciativas em questão ofertam recursos limitados de participação, o que sugere um subaproveitamento do potencial técnico dos media digitais. MARQUES, F. P. J. A. ; MIOLA, Edna . E-Compós (Brasília), v. 9, p. 1-20, 2007.
Ciberpolítica é o tema deste e-book, produzido sob supervisão da Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) para a “Coleção Cibercultura/Lab404”. O objetivo do livro é apresentar, de forma introdutória, alguns dos conceitos e casos mais relevantes de uso político da comunicação digital. Dentre os temas discutidos estão: • Internet e participação; • Internet e transparência; • Internet e governo eletrônico; • Internet, política e exclusão digital; • Internet, política e individualização; • Internet e personalização da política; • Internet e eleições. Download gratuito em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/19351 Salvador: EDUFBA, 2016, 61 p. Coleção Cibercultura. LAB404 ISBN 978-85-232-1485-2
O objetivo do artigo é refletir sobre as formas de uso do Twitter por parte dos parlamentares com mandato vigente na Câmara dos Deputados durante a Legislatura 2011-2015. Pretende-se investigar que fatores levam os representantes a investirem no Twitter como parte de sua estratégia de comunicação política. São examinados os perfis públicos dos 463 deputados com registro no
microblog. Tais contas foram monitoradas semanalmente (entre fevereiro e julho de 2012), a partir do software de estatística “R”. Os resultados apontam correlações entre o uso da ferramenta e atributos como idade e ocupação de cargos de liderança.
Dissertação: Aproximação do poder público à população por meio de novas tecno...Diego Pudo
Universidade da Beira Interior
Faculdade de Artes e Letras
Depto. de Comunicação e Artes
Dissertação: Aproximação do poder público à população por meio de novas tecnologias de comunicação
Autor: Diego Cavalcante Pudo
Orientador: Paulo Serra
Mestrado em Comunicação Estratégica: Publicidade e Relações Públicas
Novembro de 2010
O artigo examina como se processa a comunicação entre a Câmara dos Deputados e os cidadãos brasileiros a partir do Portal da Câmara e do Portal e-Democracia. A análise considera a variedade e a profundidade dos mecanismos relacionados a três aspectos apontados pela literatura como fundamentais para as iniciativas patrocinadas: Informação,
Transparência e Participação. A metodologia consiste em uma análise de conteúdo quantitativa, com aplicação de testes estatísticos para verificar a relação entre os portais e as variáveis que orientam o exame empírico. Parte-se da hipótese de que o Portal da Câmara é aquele que oferta mais Transparência, enquanto o Portal e-Democracia está mais atrelado ao provimento de Informação e de Participação, o que faz deles iniciativas complementares no âmbito da instituição. Partindo do pressuposto de que os portais possuem perfis distintos (priorizando, assim, recursos diferentes) é interessante perceber que, apesar de participação e educação legislativa caminharem juntas,
1) o Portal da Câmara é aquele que apresenta o maior índice de informação do tipo “educação legislativa”, em vez do
Portal e-Democracia, no qual esse tipo de informação é inexistente; e 2) não há uma complementaridade intencional
entre as duas iniciativas, que, embora pertençam à mesma Casa Legislativa, atuam de forma quase totalmente
independente – não obstante os portais oferecerem ferramentas de caráter diferenciado.
Este trabalho avalia os websites pessoais de representantes políticos levando em consideração as principais ferramentas oferecidas para viabilizar a participação dos cidadãos. Se, por um lado, é possível apontar diversas possibilidades de aperfeiçoamento político trazidas pela Internet, por outro lado, os exemplos de emprego efetivo da rede para o fortalecimento da participação democrática são, de certa forma, escassos. Este artigo propõe uma grade analítica para avaliar a quantidade e a qualidade das ferramentas relativas à participação política disponíveis em sites de senadores. A noção correlata de graus de participação dos cidadãos na Internet busca mensurar quão porosos determinados websites são de modo a coletar sugestões e disposições dos cidadãos. A comparação empírica entre os websites de senadores brasileiros e americanos traz como principal conclusão a idéia de que a Internet pode ser melhor empregada para se aperfeiçoar a participação democrática. MARQUES, F. P. J. A. . Revista Fronteira, v. IX, p. 155-166, 2007.
O trabalho examina algumas das principais mudanças que as tecnologias digitais de comunicação trazem para o jogo político-eleitoral. Mais especificamente, verifica-se de que maneira o candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) lançou mão do Twitter ao longo das eleições de 2010. O texto analisa as novas disposições e comportamentos que podem ser percebidos uma vez que os media digitais passam a desempenhar um papel importante no processo de captura do voto. Haveria modalidades inéditas de promoção das campanhas ou, na verdade, percebe-se uma continuidade na maneira de se abordar os eleitores? São investigadas as mensagens (tweets) postadas por José Serra (@joseserra_) durante os 15 dias que antecederam o 2º turno das eleições presidenciais (de 17 a 31 de outubro de 2010). A amostra empírica é baseada nas 221 mensagens publicadas pelo candidato no período escolhido. É possível apontar, por um lado, que o uso do Twitter se mostra importante (a) para promover a imagem pública de Serra; (b) para construir uma rede de apoiadores; e (c) para estimular modalidades informais de interação. Por outro lado, é perceptível o fato de que as estratégias eleitorais, mesmo no Twitter, continuam sendo condicionadas por concepções tradicionais do marketing político.
O objetivo do texto é refletir brevemente acerca das oportunidades de participação
político-eleitoral oferecidas aos cidadãos através da Internet. Sem o objetivo de esgotar a agenda de pesquisa na área de Democracia Digital, o ensaio adota como pano de fundo a discussão sobre os desafios da representação política contemporânea, debruçando-se sobre três questões básicas: 1) Internet, eleições e valores da democracia; 2) Participação digital: custos e benefícios; 3) Dilúvio informacional e demais desafios que a tecnologia impõe às coordenações de campanha e ao exercício dos mandatos.
Como avaliar a deliberação online? Um mapeamento de critérios relevantesSamuel Barros
Este artigo explora os critérios utilizados nas pesquisas da área de Deliberação Online. Através de uma ampla revisão de literatura, foram selecionados os 59 artigos que elencam os indicadores a serem medidos em discussões na internet. Nestes artigos, foram encontrados, ao todo, 369 critérios, com média de 6,25 por artigo e desvio padrão de 2,69. Em um segundo momento, o esforço da pesquisa se deu no agrupamento de tais critérios em categorias mais amplas e conectadas aos princípios deliberativos. Os critérios foram então resumidos a 8 categorias, a saber: Justificação, Reciprocidade, Reflexividade, Respeito, Pluralidade, Igualdade, Informação e Tópico. Conclui-se que, apesar dos muitos critérios utilizados, não se trata de uma dispersão dos estudos de deliberação online. Este resultado está ligado às diferentes correntes teóricas da democracia deliberativa, à difícil operacionalização dos critérios, à necessidade de critérios específicos para os diferentes contextos e objetos de análise e, em vários casos, à simples diferença de taxonomia.
MARQUES, F. P. J. A.; CARNEIRO, A. . Corações, mentes e estratégias: a relação entre marqueteiros e políticos durante as eleições de 2012 em Fortaleza. Revista de Sociologia e Política, v. 26, p. 105-131, 2018.
O objetivo do artigo é analisar qualitativamente o conteúdo dos tweets de vereadores de Fortaleza que tentaram a reeleição em 2012, a fim de compreender de que maneira aspectos a exemplo da sociabilidade influenciam a adoção dos media digitais. O corpus do trabalho é composto por 1.852 tweets publicados durante a última semana de campanha eleitoral nos perfis dos vereadores de
Fortaleza que tentaram a reeleição. As mensagens foram classificadas nas seguintes categorias: Promoção de Ideias; Campanha Negativa; Mobilização e Engajamento; Promoção de Eventos com o Candidato ou do Interesse Dele; Temas Alheios à Política ou Sem Classificação Específica. Aponta-se uma utilização primordialmente eleitoral do microblog, com a categoria Mobilização e
Engajamento sendo responsável por 45,08% das mensagens. Entrevistas com parlamentares e assessores permitiram complementar a discussão dos achados da pesquisa, indicando que o uso do microblog é determinado não apenas por fatores de ordem tecnológica, mas também cultural, social e política.
O discurso persuasivo por meio dos slogans de candidatos à presidência do BrasilCaio Flavio Stettiner
O slogan é um recurso comunicacional amplamente utilizado para delimitar em poucas palavras uma ideia ou ideal a ser fixado na memória de seu público-alvo. No caso de candidatos à presidência da república, atua como um importante elemento de persuasão, oferecendo ao eleitor uma oportunidade de conhecer sucintamente o propósito dos postulantes
ao cargo máximo do país. O objetivo deste trabalho foi estudar os slogans dos presidentes eleitos e dos derrotados subsequentes nas eleições Brasileiras, a partir de 1989. Através depesquisa documental, análise bibliográfica e pesquisa de campo com 166 entrevistados, buscou-se traçar um comparativo entre os slogans de cada eleição e analisar seu poder depersuasão sobre ao eleitorado. A análise concluiu que slogans convincentes não necessariamente garantem a vitória de seus candidatos, mas escolhas equivocadas podem ser determinantes na derrota nos pleitos eleitorais
O uso de ferramentas digitais na comunicação corporativa e institucional como...Izabel Machado
Análise de referências bibliográficas da disciplina de Gestão Estratégica da Comunicação, ministrada pelo professor Pedro Augusto Ramirez Monteiro, durante o curso de Pós-Graduação em Comunicação Legislativa, oferecido pelo Instituto Legislativo Brasileiro – ILB. Novembro/2014.
O trabalho examina as ferramentas de participação oferecidas aos cidadãos através dos websites de seis casas legislativas brasileiras: a Câmara dos Deputados e as Assembléias de cinco estados (Bahia, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e São Paulo). Para se considerar a adequação dos recursos participativos disponíveis em tais websites, empregou-se a perspectiva deliberacionista de democracia. Dentre os principais resultados da investigação, aponta-se que, à exceção do site da Câmara, as iniciativas em questão ofertam recursos limitados de participação, o que sugere um subaproveitamento do potencial técnico dos media digitais. MARQUES, F. P. J. A. ; MIOLA, Edna . E-Compós (Brasília), v. 9, p. 1-20, 2007.
Ciberpolítica é o tema deste e-book, produzido sob supervisão da Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) para a “Coleção Cibercultura/Lab404”. O objetivo do livro é apresentar, de forma introdutória, alguns dos conceitos e casos mais relevantes de uso político da comunicação digital. Dentre os temas discutidos estão: • Internet e participação; • Internet e transparência; • Internet e governo eletrônico; • Internet, política e exclusão digital; • Internet, política e individualização; • Internet e personalização da política; • Internet e eleições. Download gratuito em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/19351 Salvador: EDUFBA, 2016, 61 p. Coleção Cibercultura. LAB404 ISBN 978-85-232-1485-2
DOWBOR, M. A arte da institucionalização: estratégias de mobilização dos sanitaristas (1974-2006). Tese de Doutorado. Ciência Política, FFLCH-USP, 2012.
this slide is created for understand open vswitch more easily.
so I tried to make it practical. if you just follow up this scenario, then you will get some knowledge about OVS.
In this document, I mainly use only two command "ip" and "ovs-vsctl" to show you the ability of these commands.
As eleições de 2010 no Brasil encontraram nas redes sociais online um novo espaço de
disputa político-eleitoral. Os desafios impostos às candidaturas nesse meio impuseram
mudanças na forma que a campanha se planeja e intervém na sociedade. Nessa monografia,
analisamos a evolução do uso da Internet pelas campanhas presidenciais desde 2002 até o
pleito que elegeu Dilma em 2010, com foco no impacto eleitoral, mudanças institucionais e,
sobretudo na observação de novos comportamentos eleitorais nos sites de redes sociais. O
velho jeito de fazer campanhas no Brasil nunca mais será o mesmo.
Autor: Rafael Holanda Barroso
A primeira parte desse trabalho se trata de uma breve revisão da literatura sobre
temas relevantes para esse trabalho, estabelecendo referenciais teóricos e
contextualizando o presente trabalho.
Trabalhos de autores de diversas áreas do conhecimento foram escolhidos, uma
vez que o contexto do objeto necessita de uma visão transversal, transitando
principalmente por teóricos da comunicação, sociologia e ciência política.
O restante do trabalho foi elaborado a partir de entrevistas sem-estruturadas
com diretores da equipe de campanha nas redes sociais de Dilma em 2010 – o
#Dilmanarede e da equipe de Campanha Eletrônica de Lula em 2006. As entrevistas
foram organizadas e utilizadas na descrição e avaliação dos trabalhos realizados.
Além das entrevistas, esse trabalho utilizou a experiência na equipe em 2010,
que possibilitou uma observação participante, relatórios de consumo interno e relatório
de trabalho da equipe, que foram úteis para analisar os resultados obtidos nas redes
sociais em 2010, avaliando o planejamento e resultado das ações, bem os desafios e
contradições do processo,
ARTIGO: Marketing Político Digital: Estudo Sobre Estratégias de Comunicação e...Gabriel Flores
ARTIGO referente ao Trabalho de conclusão do Curso Administração, com título MARKETING POLÍTICO DIGITAL: ESTUDO SOBRE ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E INOVAÇÃO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de Bacharel em Administração.
Politics 2.0 - A Campanha Online de Barack Obama em 2008Tarcízio Silva
Este artigo tem como propósito examinar o estágio mais recente do padrão das campanhas políticas online em eleições presidenciais, do ponto de vista dos recursos e instrumentos empregados como parte das operações de comunicação política em redes digitais. Como as eleições americanas de 2008, em geral, e a campanha online de Barack Obama, em particular, representam a face mais recente
e, até o momento, a mais exitosa deste tipo de operação política, os recursos e
instrumentos empregados na campanha de Obama serão tomados como um estudo
de caso. Trata-se, portanto, de uma prospecção sobre uma experiência de emprego de recursos digitais e online em campanhas políticas com o objetivo de reconhecer o patamar a que foram levadas as campanhas online e de estabelecer generalizações sobre tendências e possibilidades deste tipo de campanhas políticas.
O objetivo deste trabalho é avaliar como os partidos políticos brasileiros vêm empregando os informativos distribuídos através de correio eletrônico na intenção de fornecer subsídios para a formação de opinião dos cidadãos com acesso à Internet. Procurou-se avaliar em que termos vem se manifestando a caracterização do governo Lula em informativos digitais de dois partidos: o Diário Tucano, tribuna das lideranças do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira); e o Informes PT, produzido pelas lideranças do Partido dos Trabalhadores. Em determinados momentos, a disputa argumentativa sai das tribunas das casas legislativas e se desloca ao espaço público mais facilmente acessível através da rede mundial de computadores. Mas é fato que os meios de comunicação convencionais ainda recebem maior parcela de atenção e investimento por parte dos consultores e das agremiações. Os produtores de conteúdo para a Internet parecem ainda se prendem a uma lógica unidirecional de informações, não obstante a capacidade dialógica oferecida. MARQUES, F. P. J. A. . Galáxia (PUCSP), v. 10, p. 129-146, 2006.
e-Gov colaborativo como ferramenta para promoção de transparência públicaMarcio Oliverio
Trabalho apresentado no XIII Congresso Metodista de Iniciação e Produção Científica – XII Seminário de Extensão – VII Seminário PIBIC / UMESP, em Outubro de 2010, São Bernardo do Campo/SP
A INFLUÊNCIA DA CAMPANHA DE BARACK OBAMA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012. O U...João Luiz Guedes
Trabalho de conclusão apresentado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Contabilidade da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão Pública.
Professor Orientador: Professor Msc. Marcelo Guedes de Nonohay
RESUMO: O artigo estuda a influência exercida pela campanha on-line de Barack Obama em 2008 sobre a campanha que levou o Prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, à reeleição em 2012, do ponto de vista de alguns dos recursos e instrumentos empregados como parte das operações de comunicação política em redes digitais. Trata-se, enfim, de uma análise acerca de uma experiência de utilização de recursos digitais e on-line em campanhas políticas com o objetivo de reconhecer o patamar a que foram levadas as campanhas on-line e de estabelecer algumas generalizações sobre tendências e possibilidades desse tipo de campanha política. O estudo conclui que, apesar de o sucesso da campanha de Fortunati — assim como de toda a mobilização popular em torno do seu nome — não poder ser atribuído exclusivamente aos recursos de comunicação digital, eles certamente fazem parte do ambiente social e político que determinou esses fenômenos.
ABSTRACT: The article shows the influence that the online campaign of Barack Obama in 2008 had in the campaign that reelected the Mayor of Porto Alegre, Jose Fortunati, in 2012. Regarding some of the resources and instruments utilized as part of the operations of political communication in the Internet's social networks. In the end, it was an analysis of the experience of utilizing digital and internet resources in a political campaign with the objective to recognize at what level the online campaign was developed, and to establish a few generalizations about tendencies and possibilities of this kind of political campaign. The conclusion is that the success of Fortunati's campaign, as well as all of the popular mobilization around his name, can not be justified exclusively because of the use of resources of media communication, but certainly give credit to the social and political enveiroments that determine these phenomena.
João Luiz Guedes. Pós-graduado em Administração Pública UFRGS - FCE - NECON. Jornalista e consultor na área política. E-mail: guedes.tfa@gmail.com / Fone (51) 8143.4612 / (51) 8498.6613
TCC: Marketing Político Digital: Estudo Sobre Estratégias de Comunicação e In...Gabriel Flores
Trabalho de conclusão do Curso Administração, com título MARKETING POLÍTICO DIGITAL: ESTUDO SOBRE ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E INOVAÇÃO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de Bacharel em Administração.
Plataformas Colaborativas e Democracia Digital - Um Estudo do Ágora em RedeColaborativismo
O artigo é resultado de uma pesquisa que busca compreender o impacto da tecnologia nas
novas formas de participação através de um estudo da plataforma colaborativa Ágora em
Rede, um projeto da Prefeitura Municipal de Canoas, no Rio Grande do Sul. Onde é
realizada uma análise de como uma plataforma colaborativa pode contribuir para o conceito
utilizado por Gomes (2005) de democracia digital. Desta forma, se utiliza o método de
Estudo de Caso, que tem como objetivo investigar como o Ágora em Rede contribui para a
democracia e para a participação popular em um ambiente digital. E assim, poder tirar
conclusões sobre o que o projeto proporciona para a sociedade e a comunicação.
O ebook "Mídias Sociais e Eleições" é composto de capítulos escritos por diferentes autores, todos relacionados à relação entre mídias sociais e eleições.
O capítulo "Controle e Espetáculo - Privacidade & Transparência na Política e Eleições" é a minha contribuição à obra.
Um abraço e boa leitura,
Martha Gabriel
@marthagabriel
Fazer campanha na internet funciona? Construímos sites e redes sociais com monitoramento e foco em conteúdo relevante e oportunidade na mídia. Contatos: www.dudamato.com.br ou (85) 9604-5340.
Em 2018, a equipe de Public Affairs da Burson-Marsteller continua elaborando mensalmente um boletim com os temas mais discutidos no cenário político e econômico, nacional e internacional.
Sempre com o foco na política, essa edição do boletim traz análises jurídicas e econômicas, expectativas sobre o ano eleitoral, e muito mais!
This paper examines a relevant part of the Brazilian scientific production in Political Communication in order to assess the epistemological and methodological advances and flaws that have featured this area of expertise. The argument is divided into four parts. In the first one, we discuss different theoretical questions, ranging from the imprecision in the definition of objects and categories of research to a persistent conceptual outdatedness. Next, the text focuses on some of the most common methodological options found in empirical studies present in the field, diagnosing the predominance of a descriptive emphasis. The third section reflects on the consequences of the burdens previously pointed out: for example, research findings that tend to overestimate media effects. We conclude our argument by addressing some suggestions that may help to solve part of the problems here outlined.
Este trabalho examina o perfil de parte relevante da produção científica da área de Comunicação e Política no Brasil a fim de elaborar um balanço acerca dos avanços e dos entraves epistemológicos e metodológicos comuns às abordagens investigativas mais recorrentes no país. O argumento está dividido em quatro partes. Na primeira delas, discutem-se problemas de fundo teórico, apontando-se desde a imprecisão na definição dos objetos até certa desatualização conceitual. Em seguida, a proposta se debruça sobre as falhas que caracterizam algumas das opções metodológicas mais empregadas em pesquisas da área. A terceira seção avalia as consequências dos estorvos anteriormente verificados, mencionando-se, por exemplo, a tendência a elaborar generalizações equivocadas sobre os efeitos políticos da mídia. O texto é encerrado com um tópico disposto a endereçar sugestões que podem colaborar na resolução de parte dos problemas aqui tratados.
'Nem Dilma nem Temer': Um estudo quantitativo sobre padrões de cobertura do impeachment de Dilma Rousseff em editoriais jornalísticos. In: Carlo José Napolitano, Maximiliano Martins Vicente, Murilo Cesar Soares. (Org.). Comunicação e Cidadania Política. 1ed.Bauru: Editoria da UNESP, 2017, v. 1, p. 101-126.
Text in Portuguese. Abstract in English: The article investigates how the Brazilian House of Representatives’ News Agency covers the issue "Political Reform" in order to examine to what extent there is a diversity of voices within that vehicle parliamentary communication. After a brief literature review, the paper empirically examines, by using Discourse Analysis, 17 news published by the News Agency between July and October 2013. Two hypotheses guide our research: H1) Generally speaking, a discourse aimed at building a positiva image of the House and its agents predominates in the regular coverage; H2) There is a narrow plurality of voices and political perspectives in the news, despite the editorial principles of the House of Representatives’ News Agency defend the opposite. We found an official speech tone in much of the news in the sample, with rare or moderate criticism towards political agents. Moreover, there has been a low variety of sources in the material at stake.
In order to update the debate about journalism and agenda-setting, the article examines the main issues discussed by Folha de S. Paulo and O Estado de S. Paulo in their editorials. By using Content Analysis, we analyze 164 texts published by both newspapers between 2011 and 2013. All editorials in our sample mention the terms “Brazilian Congress”, “Senate” or “Brazilian House of Representatives”. Our results point that, among the issues considered of relevance by the newspapers, there are relations between the government and its allies in Congress and political scandals; other issues of social interest were also addressed by the editorials, such as labor legislation and the quality of education and health services. The fact that editorial is an institutional genre gives a special relevance to
the agendas adopted by it. The diverse emphases verified in OESP and FSP editorials also highlight that journalistic institutions have their own interests. Therefore, it is necessary
that the literature deepens the debate about “editorialized criteria”, aiming to understand to which extent journalistic companies not only set some agendas as those that are more
important, but also highlight particular political perspectives.
Ao discutir conceitos e fenômenos associados ao agenda-setting jornalístico, o artigo examina os temas pautados pelos editoriais dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Como recorte, optou-se por estudar, empregando a Análise de Conteúdo, 164 textos publicados por ambos os periódicos entre 2011 e 2013 e que mencionam os termos “Congresso”, “Senado” e “Câmara”. Os resultados apontam que, dentre os assuntos considerados mais relevantes pelos jornais, estão as relações entre governo e base aliada e os escândalos políticos; também mereceram atenção questões de interesse social, como legislação trabalhista ou qualidade dos serviços de educação e saúde. Acredita-se que o fato de o editorial ser um texto institucional acaba por conferir um peso distinto às agendas por ele propostas. As diferentes ênfases temáticas verificadas nos editoriais de OESP e FSP
evidenciam, ademais, que as instituições jornalísticas são dotadas de interesses próprios. Assim sendo, destaca-se a necessidade de que a literatura aprofunde a discussão sobre
“critérios de editorialidade” com o intuito de se compreender em que medida as empresas não somente agendam determinadas pautas, mas ressaltam posições políticas específicas.
Political advertising and the personalization of politics: the
influence of Lula during the 2012 elections in Fortaleza.
O artigo analisa como o discurso e a imagem do ex-presidente Lula foram utilizados no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) da campanha de Elmano de Freitas, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura de Fortaleza em 2012. A fim de examinar os modos de participação do ex-presidente em tal pleito, foram estudados, por meio da Análise de Discurso, 16 programas do 2º turno da
campanha televisiva. A presença de Lula nos programas de Elmano permitiu constatar a predominância dos discursos da mudança e do desenvolvimento, da união e da competência. Além disso, mesmo com a tendência de personalização da política apontada por diversos autores, a imagem do Partido se mostrou essencial na construção da candidatura examinada.
O objetivo do trabalho é refletir acerca do Editorial como elemento que, além de posicionar a instituição jornalística no campo social – ao revelar os valores e as perspectivas por ela defendidos e ao estabelecer um “contrato de leitura”
com a audiência –, permite compreender de que maneira o Jornalismo brasileiro se diferencia daquele praticado em outros países cuja cultura profissional naturaliza a tomada de posição política por parte das empresas. Por meio de revisão bibliográfi ca, o artigo traz uma breve contextualização da trajetória do
Jornalismo Opinativo no Brasil, além de discutir as características do Editorial como gênero. Em seguida, examinam-se as singularidades dos textos editoriais
enquanto artifícios de ação política.
Wikipedia, democracy and local elections in São Paulo: a study of the developing of articles edited during the election campaign in 2012.
Sabe-se que a Wikipédia é um sistema colaborativo do qual múltiplos agentes podem participar escrevendo ou editando verbetes. Não obstante, embora os princípios da enciclopédia defendam a neutralidade das informações ali publicadas, são comuns as denúncias de alterações realizadas com a finalidade de beneficiar ou prejudicar atores políticos. O objetivo deste artigo é examinar a dinâmica de edições dos verbetes relativos aos três principais candidatos que disputaram a Prefeitura de São Paulo em 2012: Celso Russomanno, Fernando Haddad e José Serra. Considera-se o intervalo entre 2008 e 2012 como referência para explorar,
entre outras variáveis, os índices de page views e as tendências das edições ao longo do tempo. Concluiu-se
que o acirramento da disputa, característico do período eleitoral, influencia a quantidade de acesso a tais
verbetes, de modificações neles efetuadas, e a natureza da interação entre os colaboradores cadastrados.
Text in Portuguese. Abstract in English: The article examines the ethical frameworks of two important activities of the Communication field: Journalism and Public Relations (regarding the press officers’ work in the Brazilian
case). First, one discusses the singularities of each activity. Next, we examine the characteristics of the Organizational Theory, dedicated to understanding the constraints that
organizations impose on the producers of information. We conclude that in Brazil there is a constant tension between journalists and press officers. The performance of both
professionals, however, is strongly subsumed under the guidance of their employers.
O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi compreender o processo de discussão de
temas de natureza política em ambientes colaborativos. Primeiramente, destaca-se a importância da
internet e das iniciativas colaborativas para o incremento das práticas democráticas. Em seguida, avalia-se a
importância do debate público como mecanismo de produção de decisões legítimas. Por fim, examina-se um
conjunto de debates travados na Wikipédia, observando-se as tensões geradas em torno da construção do
verbete "Dilma Rousseff" após as eleições de 2010. Há evidências de que o design dos fóruns, bem como o
comprometimento dos participantes, são fatores essenciais para possibilitar discussões que atendam a
princípios como justificação, reciprocidade e, naturalmente, legitimidade.
Esse artigo busca avaliar trocas discursivas realizadas no fórum online do orçamento
participativo digital (OPD) de Belo Horizonte, Brasil. Para tanto, é formulado um modelo de análise das
discussões entre os cidadãos participantes do programa baseado nas teorias de democracia deliberativa.
São analisadas as mensagens dos usuários (n=375) postadas na ferramenta de comentários do site do
OPD. Os resultados apontam que os aspectos discursivos concernentes à reciprocidade e à reflexividade
se mostraram relativamente escassos; entretanto, o respeito pelos outros interlocutores, bem como a
construção da justificativa dos pontos de vista expressos no fórum, alcançaram índices elevados, mesmo
não havendo empowerment da ferramenta ou incentivo por parte da Prefeitura. Conclui-se que a internet
pode, efetivamente, oferecer ambientes voltados para o estabelecimento de trocas discursivas
qualificadas e que, mesmo nos casos onde há baixos índices de deliberatividade, há progressos
importantes do ponto de vista do aprendizado a que são expostos os usuários.
O presente trabalho constitui uma reflexão acerca da importância de se oferecerem oportunidades institucionais de participação política aos cidadãos a fim de se consolidar o regime democrático de governo. Argumenta-se que a participação é indispensável para a consecução de duas metas: a) Conferir maior legitimidade ao regime e às decisões elaboradas em seu âmbito. Discute-se o argumento sobre como a carência de oportunidades de participação acaba por tornar os cidadãos apáticos e insatisfeitos com a democracia. Considera-se, então, a necessidade de promover mecanismos de intervenção mais fortes e frequentes para a esfera civil; b) Implementar as políticas públicas de maneira mais efetiva. A participação possui uma faceta instrumental, por possibilitar uma melhor qualidade na formulação, implementação e efetividade das decisões políticas e programas governamentais. Assim, no texto, defende-se a adoção de novos dispositivos participativos institucionais por meio da demonstração de suas vantagens.
O objetivo do trabalho é oferecer uma sistematização teórica acerca do tema da deliberação mediada. De início, são apresentados, brevemente, os princípios deliberacionistas. A seguir, discute-se o lugar da comunicação de massa nas práticas discursivas a permearem a democracia contemporânea, enfatizando-se a contribuição que os media ofertam à noção de sistema deliberativo. Partindo do exame de um conjunto de trabalhos a lidar com a interface entre deliberação e comunicação, detecta-se a existência de um intervalo compreensivo gerado pelas distintas acepções de deliberação mediada expostas nestas referências. Propõe-se, então, uma sistematização teórica da ideia de deliberação mediada, sublinhando-se três funções dos media para a formação do debate público: 1) Instrumentos; 2) Provedores autônomos de insumos informacionais; 3) Agentes de interesses a tomarem parte nos debates.
This paper investigates the factors that influence how members of the Brazilian House of Representatives adopt Twitter as part of their political communication strategy. Our intention is to understand the main variables that lead legislators to invest time and resources in microblogging. This quantitative study examined all of the 457 official congressional accounts registered on Twitter. These accounts were monitored weekly between February 2012 and February 2013. After empirically exploring the data, this work reflects on the results thanks in part to an examination of the literature on the intersection of the Internet and politics. The results indicate correlations between the use of Twitter and attributes like age and occupation of leadership positions.
O artigo investiga duas formas de deliberação identificadas na literatura contemporânea em teoria democrática. A primeira, restrita, é realizada no interior de mini-públicos, com regras e parâmetros específicos. A segunda forma é ampliada: aqui, as deliberações incluem discussões informais na sociedade, reverberadas pela comunicação de massa. Após explorar teoricamente estas duas dimensões, o artigo apresenta a idéia de deliberação integrada, uma perspectiva que busca se beneficiar das vantagens práticas encontradas nos dois formatos deliberativos mencionados. O exame de casos permite ilustrar ocasiões nas quais a troca de razões em ambientes amplos e restritos acabam gerando uma confluência que facilita a participação da esfera civil no processo de produção da decisão política.
O trabalho discute as premissas do modelo deliberativo de democracia que lidam com a questão da
participação política, no intuito de esclarecer no que consiste a participação de acordo com os parâmetros
discursivos. A partir da revisão de uma parcela importante da literatura contemporânea em Teoria
Democrática, e sem perder de vista as sistematizações anteriores em Teoria Política, são apontadas três
condições fundamentais para engendrar-se a participação de acordo com o modelo deliberativo: (a) as
instituições políticas devem criar e oferecer aos cidadãos oportunidades de input de razões públicas; (b)
faz-se necessária uma melhora nas condições sócio-econômicas dos indivíduos; (c) é preciso dar atenção
a determinados princípios que atuam na regulação das interações e dos argumentos que se encontram em
debate. Em seguida, reflete-se acerca das críticas e das falhas apontadas pelos opositores do
deliberacionismo. Ao final do texto, realiza-se um apanhado acerca dos limites e dos méritos do modelo em
tela quanto à discussão do problema da participação nas democracias contemporâneas.
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Slideshare Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24, Pr Henrique, EBD NA TV, Revista ano 11, nº 1, Revista Estudo Bíblico Jovens E Adultos, Central Gospel, 2º Trimestre de 2024, Professor, Tema, Os Grandes Temas Do Fim, Comentarista, Pr. Joá Caitano, estudantes, professores, Ervália, MG, Imperatriz, MA, Cajamar, SP, estudos bíblicos, gospel, DEUS, ESPÍRITO SANTO, JESUS CRISTO, Com. Extra Pr. Luiz Henrique, 99-99152-0454, Canal YouTube, Henriquelhas, @PrHenrique
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Apresentação de vocabulário fundamental em contexto de atendimento
Internet e Eleições 2010 no Brasil: Rupturas e continuidades nos padrões mediáticos das campanhas políticas online
1. 208 JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
Internet e eleições 2010
no Brasil: rupturas e
continuidades nos padrões
mediáticos das campanhas
políticas online1
Francisco Paulo Jamil Almeida Marques
e Rafael Cardoso Sampaio
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de identificar linhas gerais de transformações em três dimensões
das campanhas online: (1) provimento de informação política, (2) oferta de mecanismos de
participação e (3) promoção de transparência. Tais transformações, paradoxalmente, têm
se revelado uma espécie de tendência nos padrões de administração das campanhas mais
recentes. Nesse sentido, uma vez que os candidatos, caso desejem legitimar suas posições
políticas perante o eleitorado, veem-se forçados a oferecer aos usuários informação política
em abundância, bem como mecanismos de intervenção e de transparência, defende-se a
ideia de que as exigências de aperfeiçoamento feitas à democracia como um todo acabam
sendo transferidas aos próprios concorrentes à deputação.
Palavras-chave: internet; democracia; representação; eleições; campanhas online
Abstract: Internet and the 2010 elections in Brazil: disruptions and continuities on the mediatic
standards of online political campaigns. This paper aims to identify some of the
contemporary transformations in Brazilian online campaigns by analyzing three factors: (1)
the new possibilities of providing political information, (2) the availability of mechanisms for
participation and (3) the use of tools directed to improve accountability in electoral contexts.
Paradoxically, such transformations have proven to be a kind of trend that directs how
consultants manage online campaigns. In this sense, once the candidates – in case they wish
to legitimize their political positions before their electorate – watch themselves being forced
1 - A pesquisa contou com financiamento de Edital 002/2010 - MCT/CNPq/MEC/CAPES. Uma versão anterior do
trabalho foi apresentada no XX Encontro da COMPÓS (2011). Os autores são gratos aos integrantes do GT de
Comunicação e Política pelos comentários e também a Fernando Wisse e Camila Mont’Alverne pelas revisões
iniciais do texto.
2. JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades 209
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
to offer the users abundant political information, as well as mechanisms of intervention and
accountability, we consider this scenario and stand by the idea that improvement demands
aimed at democracy as a whole end up being transferred to deputation candidates themselves.
Keywords: internet; democracy; representation; elections; online campaigns
Introdução
É difícil acompanhar de perto a profusão de novas ferramentas e iniciativas atinentes
à democracia digital que, a cada dia, são lançadas por entidades e usuários diversos no
intuito de resolver (ou de atenuar) determinadas dificuldades típicas das democracias
contemporâneas. A conveniência para criar sistemas ou canais de comunicação próprios
acaba gerando um conjunto de efeitos, apenas potenciais sobre as práticas políticas. Isso
porque, dificilmente, a maior parte dos artifícios elaborados serão compreendidos ou
aproveitados em larga escala, uma vez que somente aquelas ferramentas e manifestações
mais candentes (e, por vezes, curiosas) ganham visibilidade, chegando a serem mencio-
nadas ou reproduzidas em outros contextos.
Tal limitação não se refere, exatamente, à competência propagandística de determi-
nados empreendedores em promover, junto ao público, um projeto ou recurso inédito. A
questão de fundo parece apontar para uma certa falta de sincronia entre a evolução das
tecnologias de comunicação, de um lado, e as práticas democráticas, de outro.
O fato é que nem sempre haverá soluções tecnológicas para problemas políticos.
Em certos nichos das práticas políticas, por exemplo, percebe-se uma maior resistência em
se adotar os mecanismos ofertados pelos media digitais. Veja-se a questão da participação
política, que, para contemplar até aqueles menos radicais, depende da disposição dos
representantes em abrir mão de parcela dos poderes legalmente a eles atribuídos (MARQUES,
2008; MAIA; GOMES; MARQUES, 2011).
O pressuposto aqui adotado, assim, é o de que as tecnologias digitais de comunicação
direcionadas ao uso político têm uma capacidade variável de dar conta de determinados
problemas. Todavia, isso não significa que as contribuições dos new media para o aperfei-
çoamento da democracia sejam uma mera peculiaridade. A questão fundamental indica
a necessidade de se reconhecer, mais uma vez, a noção de que dimensões específicas do
jogo democrático são refratárias a modificações bruscas, respondendo, então, mais a uma
cultura política do que a um avanço tecnológico específico.
Partindo de tal premissa, este trabalho tem o objetivo de identificar determinadas formas
de uso (SALTER, 2004) dos media digitais que são perceptíveis na atuação de um conjunto de
agentes do campo político. Levando em conta a interface mantida entre os desenvolvimentos
tecnológicos na área da comunicação digital e a condução das campanhas eleitorais nos
últimos anos no Brasil, a intenção é diagnosticar linhas gerais de transformações que, no
final das contas, têm-se revelado como tendências2.
2 - Uma discussão mais ampla acerca da interface entre internet e eleições é feita por Camilo Aggio (2011) e por
Gomes, Fernandes e Silva (2009).
3. 210 JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
A partir da discussão de exemplos e ilustrações, são destacadas continuidades e
rupturas nos padrões mediáticos que marcaram as eleições à Presidência do Brasil em
2010. Se o argumento delineado logo abaixo não corresponde, necessariamente, a uma
sistematização empírica, crê-se que seja possível apresentar, por meio de ilustrações e do
confronto da literatura com os fenômenos, uma visão mais ampla das campanhas online.
Ao final do ensaio, defende-se a ideia de que as exigências de aperfeiçoamento feitas
à democracia como um todo acabam sendo transferidas, de alguma forma, aos próprios
candidatos, que precisam, por sua vez, oferecer aos usuários (sobretudo aos eleitores já
consolidados e aos indecisos) informação política em abundância, assim como mecanis-
mos de participação e de transparência, caso desejem legitimar suas posições políticas
perante a esfera civil.
Mudanças que geram padrões: o paradoxo das campanhas online
Bruce Bimber (2000), ao analisar o uso da internet nas campanhas eleitorais norte-
-americanas de 1996 e 1998, constata que boa parte dos recursos de comunicação digital
utilizados àquela época se referiam à mera presença dos candidatos nas redes digitais,
sendo regra a manutenção de uma página simples de internet, com poucas informações
e com escassos recursos interativos. Os mais ousados chegavam, então, a oferecer um
endereço de e-mail para contato.
Considerando os casos pioneiros de utilização mais efetiva da
4. JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades 211
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
internet nos pleitos de 2002 e 2006, no Brasil, verifica-se que uma parte dos con-
correntes já oferecia acesso a websites incrementados, com informações diversas sobre
novidades, propostas, biografias, possibilidade de escutar jingles e assistir vídeos das cam-
panhas. A perspectiva àquela época era complementar o Horário Gratuito de Propaganda
Eleitoral televisivo; por exemplo, o que não podia ser transmitido a fim de evitar punições
por parte dos tribunais eleitorais era divulgado, sem maior fiscalização ou controle, no
ciberespaço (STEFFEN, 2004).
As eleições presidenciais de 2010 apresentam um cenário diferenciado, permitindo
afirmar que as ferramentas digitais, por conta de sua difusão junto ao eleitorado, assumem
uma importância, de certa forma, inédita.
Serão examinadas, mais exatamente, três dimensões das campanhas políticas que
vêm sendo fundamentalmente alteradas por conta da inserção dos media digitais nas
práticas da democracia: (1) provimento de informação política, (2) oferta de mecanismos
de participação e (3) promoção de transparência. Cada uma destas dimensões será des-
tacada em tópico específico.
5. 212 JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
1 Maior disponibilidade de informações implica
maior concorrência por atenção
Transformações no estatuto da informação política
O cenário das eleições presidenciais brasileiras em 2010 consolida um modelo de
oferta e consumo de informação política marcado por, pelo menos, duas características:
(1) existe uma maior disponibilidade de informações geradas por candidatos, partidos e
usuários; há, consequentemente, (2) uma maior concorrência pela atenção dos usuários.
(1) Quanto ao primeiro aspecto, pode-se constatar que, em geral, existem três
grandes fontes de informação política no ambiente digital. A primeira delas, associada
aos padrões clássicos de consumo de informação, refere-se à cobertura promovida pela
imprensa convencional3, seja na forma de grandes portais de instituições jornalísticas ou
na divulgação e acesso de seus próprios perfis em redes sociais, prontos para oferecer
todo tipo de dados atualizados acerca da campanha.
Uma segunda grande fonte de informação são os próprios comitês de campanha
de cada candidato (incluindo-se aqui os sites e perfis em redes sociais), responsáveis por
proporcionar acesso a atualizações e informações dos mais variados tipos, como, por
exemplo, vídeos, fotos, áudios e textos, além da agenda de seus assessorados, históricos,
feitos, promessas e afins. Tais websites ou perfis em redes sociais são regularmente fisca-
lizados pela Justiça Eleitoral, sobretudo por atuarem como instrumentos de construção
de imagem negativa de candidatos opositores.
Em terceiro lugar, é necessário considerar a atuação dos próprios usuários na tarefa de
encaminhar conteúdos e de elaborar materiais informativos (muitas vezes, tais conteúdos
são de caráter opinativo, como acontece em blogs, redes socias e compartilhadores de
conteúdo a exemplo do YouTube e do Flickr). Em outras palavras, a geração das informações
é franqueada, também, aos cidadãos com diferentes níveis de interesse na campanha, com
o diferencial de se perceber uma capacidade singular de reverberação de dados. É o caso de
alguns usuários que dão vazão a materiais como vídeos que mostram gafes de candidatos4
ou que se esmeram em divulgar o inventário de apoios recebidos pelos concorrentes de
sua preferência; que se expõem ao repassar à lista de contatos cartas-corrente a favor ou
contra determinada candidatura; que, por meio de sites, blogs e perfis em redes sociais,
estimulam campanhas negativas5; que organizam manifestações no ambiente digital,
3 - Sites ligados a grandes grupos mediáticos tradicionais, mas que também mantêm portais de notícias.
4 - Disponível em: <http://migre.me/3NNYq e http://migre.me/3NO7N>. Acesso em: 9 jan. 2011.
5 - É necessário lembrar que os ataques a adversários em campanhas eleitorais sempre fizeram parte do cenário da
concorrência pela deputação. O que se quer destacar a partir do advento dos media digitais é a possibilidade
de que o próprio eleitor tem de criar, repercutir, tornar disponível ou mesmo combater tal estratégia, com maior
facilidade e eficácia em comparação com aquelas campanhas baseadas exclusivamente nos media tradicionais,
a exemplo do rádio e da TV Nesse sentido, apesar de tal disposição negativista não ter nascido na campanha
de 2010, acredita-se que esta foi um característica proeminente do referido pleito.
6. JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades 213
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
tal como fez um grupo de blogueiros em favor da campanha de Dilma Rousseff; ou,
mesmo, que criam sites de monitoramento das campanhas em geral6.
(2) Já o segundo aspecto se associa à ideia de que os responsáveis pelas campanhas
online têm empreendido um esforço crescente em atrair a atenção dos usuários e, assim,
reforçar a adesão às suas perspectivas políticas. Um exemplo oriundo da campanha
presidencial de 2010 no Brasil foi o caso do primeiro debate virtual do UOL7, ao qual
foram convidados os três presidenciáveis com maior intenção de votos durante a maior
parte da campanha (Dilma Rousseff, Marina Silva e José Serra). Plínio de Arruda Sampaio
não foi convidado. Resolveu, então, promover um “debate virtual paralelo” (transmitido
através de webcam), no qual comentava as perguntas realizadas no debate e também as
respostas de seus adversários. Como resultado, o candidato gerou repercussão suficiente
para figurar em primeiro lugar nos TT-Br (trending topics, ou seja, itens mais comentados
no momento, no âmbito dos usuários brasileiros), acima dos concorrentes que tomavam
parte no debate “oficial”.
Naturalmente, seria plausível o argumento de que o processo descrito imediatamente
acima, estaria relacionado apenas de modo periférico ao desejo das coordenações de
campanhas de serem de fato informativas; na verdade, segue a objeção, esta prática se
relacionaria às tentativas rotineiras de convencimento do eleitor. Ou seja, as campanhas
não informam primordialmente, mas enfatizam a conquista do voto através da exposição
de um arrazoado destinado a reforçar perspectivas de mundo (se o candidato tentar in-
formar mais do que convencer, tenderá, acredita-se, ao fracasso).
Essa crítica, todavia, apresenta um falso paradoxo. Primeiramente, ela assume que
o caráter informativo só é válido se tiver um perfil “isento”, ou seja, como se orientar po-
liticamente fosse possível sem a adoção de noções anteriores ou de preferências prévias.
Além do mais, mesmo que seja flagrante a intenção de vencer, a abordagem estratégica da
prestação de informações tem, sim, condições de tornar o eleitor atento a determinados
dados ou fatos. Em outras palavras, sublinhar o convencimento não implica promover
desinformação. Em segundo lugar, a crítica em tela ignora os diferentes perfis e objetivos
das campanhas concorrentes em um pleito eleitoral. Nem todas as candidaturas buscam
o convencimento com objetivo de vitória. Uma parte considerável dos candidatos a pre-
sidente em 2010, por exemplo, estava ciente das poucas chances de sucesso no que se
refere à ocupação do cargo de chefe do Poder Executivo Federal. Esse palpite, entretanto,
não é motivo para abrir mão da oportunidade de divulgar informações, posicionamentos
e ideologias, bem como fortalecer a imagem de candidatos e partidos (afinal, o “recall”
eleitoral conta, de alguma forma, em eleições posteriores) ou, mesmo, de inserir temáticas
específicas na agenda do público. Assim sendo, não é de se estranhar que os recursos de
6 - Um exemplo é o site Eleitor 2010, no qual o cidadão poderia cadastrar qualquer denúncia sobre crime elei-
toral cometido por candidato ou por campanha. Disponível em: < http://eleitor2010.com>/. Outro exemplo
interessante é o Promessas de Políticos. Disponível em:<http://www.promessasdepoliticos.com.br/>. Acesso
em: 8 jan. 2011.
7 - Mais detalhes do evento, disponível em: <http://migre.me/3NQiv>. Acesso em: 9 jan. 2011.
7. 214 JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
internet tenham servido, a depender do caso, mais ao provimento de informação (ainda
que de caráter ideológico) do que ao convencimento com vistas à vitória.
Comunicação digital, informação política e diversidade de persperctivas
Após uma fase inicial de euforia quanto aos potenciais políticos dos new media, parte
da literatura em democracia digital que marcou a última década aparentava um tom não
tão otimista ao indicar, dentre outros fenômenos, que os usuários de internet tendiam, por
exemplo, a reproduzir comportamentos típicos do mundo offline, como juntar-se somente
a grupos com os quais compartilhavam sentimentos e afinidades políticas (like-minded).
Nesse sentido, Sunstein (2001) considera que os efeitos da internet seriam maléficos na
medida em que a rede apenas fomentaria uma espécie de fragmentação social. No final
das contas, o receio deste autor é o de que os cidadãos procurem apenas aquele tipo de
informação ou de interação que reforce sua visão de mundo, afastando-se, assim, das
tentativas de compreender disposições alternativas - ou, como diz Pippa Norris (2003),
instaura-se um ciclo de “pregação para os convertidos”.
De fato, tal fenômeno pode ter lugar, por exemplo, quando se adere a uma lista de dis-
cussão com características específicas, quando o usuário se inscreve em uma comunidade
em sites de relacionamento (como o Orkut) ou quando reverbera, no Twitter, aquilo que
seus próprios colegas comentam ou divulgam. Por outro lado, através do próprio Twitter
também é possível ter acesso àquilo que eleitores com uma posição distinta no cardápio de
candidatos (ou que se mostram indecisos) estão discutindo. Durante as eleições de 2010,
por exemplo, as coordenações de campanhas enfatizaram o uso do Twitter para divulgar
informações e agregar militantes. No entanto, um dos maiores potenciais da ferramenta
estava justamente em seu efeito de repercussão - é possível aceder a opiniões distintas
por meio do clique em hashtags (termos antecedidos pelo símbolo “#” que, ao serem
clicados, permitem acesso ao conteúdo postado por outros usuários sobre determinado
tema), presentes nos trending topics (TT).
É indiscutível o fato de que os trending topics passaram a ser algo relevante e visado
pelo campo jornalístico e pelo campo da política, pois atuam como uma espécie de ter-
mômetro instantâneo da opinião pública (algo caro e complexo para se aferir de outras
formas). Rapidamente, o jornalista sabe quais notícias ou acontecimentos ganharam reper-
cussão no Twitter e isso gera um efeito interessante: a cobertura da própria repercussão.
Em diferentes momentos da campanha, houve o caso de uma matéria ser publicada em
websites dos media tradicionais, ganhar repercussão considerável no Twitter e, então,
receber uma nova atualização na grande imprensa exatamente por conta da atenção dada
pelos participantes da rede social.
Nesse sentido, o Twitter se revelou, nas eleições de 2010, como uma rede de
ligação que une outras diferentes redes existentes na internet e que pouco se tocavam
8. JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades 215
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
(sobretudo redes que agregavam usuários que preferiam permanecer no conforto de suas
próprias comunidades).
O Facebook também desempenhou um papel interessante na medida em que “curtir”,
“compartilhar” ou “comentar” o input inicial gerado por um contato significa distribuir
uma mensagem para sua própria rede de amigos. Nesse sentido, a distribuição de con-
teúdos em rede, possibilitada por esta outra iniciativa revela, inclusive, uma vantagem
em relação ao Twitter, no qual as mensagens tendem a se perder em grande velocidade.
2. Estímulos à participação nas campanhas online funcionam como modo
de atrair a atenção dos usuários; porém, os custos de tal abertura não
podem ser desconsiderados
Nas últimas eleições, é perceptível a necessidade de que o próprio agente político
mantenha algum tipo de intimidade com as ferramentas digitais de comunicação caso
queira parecer atual, genuíno e aberto às intervenções do público (atraindo, assim, eleitores
simpáticos a tal disposição, ainda que isso não se converta, necessariamente, em votos).
Especificamente nas eleições presidenciais de 2010, as assessorias de campanha
parecem ter aderido ao cultivo do que se chama de uma “cultura das redes sociais”,
baseada na reciprocidade das interações mediadas pelo computador, no intercâmbio
de informações, na troca de ideias e na construção coletiva, por exemplo, de projetos
(O’REILLY, 2005; MARQUES; AGGIO; SAMPAIO, 2011).
A campanha presidencial brasileira de 2010 apresentou iniciativas diversas nesse
sentido. Plínio de Arruda Sampaio, por exemplo, respondia diariamente a diversas per-
guntas de usuários formuladas através do Twitter (algo que acabou se tornando, de certa
forma, comum entre os outros três principais concorrentes à Presidência).
A campanha de José Serra, por sua vez, criou a hashtag #PergunteaoSerra, na qual
os eleitores poderiam enviar questões ao candidato, que se comprometeu a respondê-las
(ou, pelo menos, a considerá-las). Apesar de apoiadores de outros candidatos também
terem utilizado a hashtag para enviar brincadeiras e ofensas, o candidato efetivamente
ofereceu diversas respostas em seu canal do YouTube8.
Serra também protagonizou uma experiência inovadora nessa área, denominada
de “Proposta Serra”9, que possibilitava o envio de sugestões a fim de possibilitar a con-
secução de um “programa de governo colaborativo”10. Assim, a campanha do tucano
tanto permitiu a divulgação de informação através de textos, imagens e vídeos (em se-
ções separadas no site ou mesmo na forma de notícias) quanto estimulou a participação
daqueles interessados em proporções até então inéditas. Foram criados inúmeros fóruns
com as principais propostas originais da campanha e os cadastrados puderam manifestar
8 - Disponível em: < http://migre.me/3S7Ck>. Acesso em: 9 jan. 2011.
9 - Disponível em: < http://propostaserra.ning.com/>. Acesso em: 7 fev. 2011.
10 - O Ning é um site que permite ao usuário criar “mini” redes sociais. Disponível em: < http://www.ning.com/>
9. 216 JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
sua posição em relação à proposta ou mesmo sugerir revisões aos projetos (MARQUES;
AGGIO; SAMPAIO, 2011).
Algo também comum foi a tentativa de se lançar mão da reciprocidade tecnicamente
possível como uma forma de autopromoção. Em várias ocasiões, as respostas encami-
nhadas pelo candidato incluíam links que também favoreciam visões de mundo que ele
procurava reforçar, como seções de seu website pessoal ou sites de compartilhadores de
conteúdo, o que acabou por facilitar a reverberação das respostas. No final das contas,
a indicação de que as redes sociais criam laços mesmo entre usuários distantes faz com
que os eleitores possam ter a impressão de que, efetivamente, têm alguma importância
para aquele candidato que se dispôs a segui-lo.
No entanto, na maioria das iniciativas criadas pelas campanhas, existia um esforço
em controlar a pauta de discussões ou em impor uma perspectiva determinada que in-
duzisse os eleitores a enxergarem uma questão de maneira específica. Este processo de
convencimento e direcionamento das ideias e interpretações dos eleitores parecia ocorrer
de maneira mais fácil quando o contato com as perspectivas de mundo dos concorrentes se
dava, basicamente, de maneira vertical, através de programas de rádio e de televisão ou de
materiais impressos. Com a possibilidade de participação aberta e de interação oferecida
pelos media digitais, nem tudo o que é expresso em experiências como salas de bate-papo
ou fóruns patrocinados pelas campanhas pode ser controlado com a mesma destreza.
Durante as eleições presidenciais de 2010, em especial ao final do 1º turno e no
início do 2º, houve momentos de destaque na profusão de campanhas negativas11. Por
um lado, identificou-se a crítica dos aliados do PSDB (Partido da Social Democracia
Brasileira) à campanha de Dilma - em especial ao fato de a candidata ter se posicionado
favoravelmente, em oportunidade anterior, à descriminalização do aborto. A resposta dos
apoiadores da candidata do PT surgiu por meio das indicações de que José Serra estaria
fingindo uma moralidade excessiva, aproveitando-se da fé religiosa de parte relevante do
contingente de eleitores brasileiros, em lugar de discutir outros temas de interesse do país.
Um outro caso interessante se refere à suposta agressão física sofrida por José Serra. Em
ato de campanha, durante uma passeata pelas ruas do Rio de Janeiro, o candidato alegou
ter sido atacado por militantes do PT (Partido dos Trabalhadores). Serra, então, interrom-
peu a caminhada e se dirigiu a um hospital, a fim de realizar exames, mas sem perder a
chance de criticar severamente os adversários. Porém, as primeiras imagens televisionadas
apresentaram a versão de que o objeto que teria atingido o candidato seria inofensivo
(uma bolinha de papel). Tal acontecimento e sua repercussão na grande imprensa tiveram
efeitos diversos nas redes digitais, desde comentários até a criação de perfis ligados ao
acontecimento (@bolinhadepapel, por exemplo), passando pela oferta de um jogo online
no qual o usuário atirava bolinhas de papel em uma caricatura do candidato12.
11 - Mais detalhes, disponível em: <http://migre.me/3NQSo>. Acesso em: 6 fev. 2011.
12 - Disponível em: <http://migre.me/3S7Ba>. Acesso em: 9 fev. 2011.
10. JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades 217
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
Por conta da dificuldade em controlar o que os usuários dizem e repercutem é que
Stromer-Galley (2000) considera que os candidatos evitam a interação com os eleitores.
A intenção fundamental das coordenações de campanha e gestores de imagem é evitar
que o candidato seja colocado em situações constrangedoras ou que seja obrigado a tocar
em pontos que não são desejáveis para seu perfil e/ou plataforma de campanha (é o caso
de questões polêmicas e com potencial, inclusive, de afastar aquele voto de parcela dos
eleitores que já está consolidado).
Mas há outros fatores a determinarem o maior ou menor ímpeto dos candidatos em
oferecer oportunidades mais aprofundadas de participação política por meio dos recursos
digitais. Por exemplo, existe uma tendência a se evitar um fluxo de mensagens mais livres
quando se está enfrentando uma disputa acirrada (DRUCKMAN; KIFER; PARKIN, 2009,
p. 37), na qual cada deslize pode, uma vez mais, significar a perda de votos.
Por outro lado, a tendência é que candidatos que estão em busca de crescimento
nas intenções de voto se mostrarão mais abertos a arriscarem uma comunicação agressiva
não só por meio dos suportes mediáticos tradicionais, mas, também, através da internet
(DRUCKMAN et al., 2009). Tal disposição implica uma utilização maior da variedade de
ferramentas disponíveis e uma calibragem voltada para conferir maior agudez no discurso.
No final das contas, parece haver uma reflexão cuidadosa sobre o custo – benefício de
cada uma das ferramentas adotadas.
3. Cidadãos desejam saber os limites de influência que suas contribuições
têm; todavia, transparência não foi o ponto forte das campanhas de 2010
Uma impressão geral que se tem ao estudar as últimas campanhas eleitorais que
lançam mão dos recursos de comunicação digital no Brasil e no mundo é a exigência por
parte de cidadãos e de entidades para que sejam reforçados determinados mecanismos de
transparência política. Tal reivindicação tem como base três fenômenos que se revelam na
oferta concreta de mecanismos de atuação política: (1) demanda de abertura por parte da
coordenação de campanha, a fim de que haja espaço para uma maior colaboração dos
usuários; (2) transparência na atuação dos candidatos nas redes sociais (quem, de fato,
está atualizando o Twitter de um candidato, ele mesmo ou sua assessoria?) e, principal-
mente, (3) criação de sites diversos (muitas vezes, iniciativas independentes) voltados para
o controle social das campanhas.
(1) Primeiramente, sabe-se que a transparência é um fator importante para que os
cidadãos se sintam confiantes em participar (SMITH, 2009). Nesse caso, o Proposta Serra
seria um exemplo não apenas de oferta de oportunidades de participação, mas, também,
de transparência quanto às bases que convergem para a formulação do plano de governo
do candidato tucano, uma vez que informa, por exemplo, os limites e a sistemática de
funcionamento da participação. No canal que sustentava tal iniciativa, as propostas estavam
11. 218 JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
abertas à intervenção do público (após cadastro) e todos os interessados puderam conferir
a evolução do trabalho colaborativo (MARQUES; AGGIO; SAMPAIO, 2011).
(2) O segundo ponto está ligado à transparência no gerenciamento das redes sociais.
Os usuários veem com bons olhos não apenas os concorrentes que utilizam com frequência
perfis em redes sociais ou que buscam uma interação mais próxima com o eleitorado; também
passa a ser valorizado o quão genuínas as mensagens dos candidatos são, ou parecem ser.
Ao receber resposta a uma mensagem enviada pelo Twitter, por exemplo, o eleitor tende
a ficar na dúvida sobre se, de fato, foi o próprio candidato quem elaborou o texto, visto
que, por conta da dinâmica eleitoral, muitas vezes este trabalho é delegado a assessores.
Marcelo Branco, coordenador das redes sociais da campanha de Dilma, fez questão de
afirmar inúmeras vezes que era a própria candidata a responsável pela atualização de seu
perfil, enquanto a equipe de assessores administrava outros perfis voltados a proporcionar
apoio. José Serra já era um usuário antigo da ferramenta e, assim como Marina Silva (Parti-
do Verde), fez questão de divulgar que o perfil era de sua responsabilidade13. Novamente,
neste quesito, Plínio protagonizou uma iniciativa interessante. Elevando a transparência
eleitoral online a um grau diferenciado, o candidato avisou que todos tweets que não fossem
elaborados por ele conteriam um aviso de advertência (seriam, assim, posts elaborados e
publicados por sua assessoria). Apesar de algo relativamente simples, tal disposição tende
a reforçar a confiança do eleitorado no material publicado (SMITH, 2009).
(3) O terceiro aspecto se refere às diversas iniciativas digitais empreendidas por
parte da esfera civil no intuito de monitorar as campanhas. Algumas ferramentas são bem
simples, como a divulgação de notícias ou opiniões em blogs pessoais; outras, contudo,
envolvem verdadeiros projetos. Alguns exemplos proeminentes desta conduta foram o
Eleitor 2010, que permitia ao usuário denunciar ou pesquisar acerca de crimes eleitorais
reportados na campanha; o Promessas de Políticos, que agregava todas as promessas rea-
lizadas pelos candidatos a presidente; e o site do Ficha Limpa14, que oferecia ao candidato
a oportunidade de figurar na lista de “fichas limpas”, desde que tornasse disponível ao
site os mesmos documentos necessários para seu cadastro de candidato (TRE ou TSE).
Importante notar que, não obstante todo este conjunto de iniciativas, as coordenações
de campanha não têm se mostrado dispostas a prestar contas no que concerne às fontes de
financiamento. Não há dúvidas de que houve esforço em se demonstrar a autenticidade
dos candidatos em ações periféricas (como afirmar que determinado perfil é gerenciado
pelo político e outros são pela assessoria). Por outro lado, não foi encontrada ação alguma
no sentido de se aperfeiçoar a transparência quanto à gestão e ao sustento financeiro das
campanhas, listando-se os principais doadores, por exemplo.
Mesmo Marina e Plínio, que pregaram constantemente a idoneidade de suas pro-
postas e modos de condução das campanhas, afirmando não estarem presos a interesses
privados, deixaram de apresentar tais contas utilizando a internet. Foram pesquisados
13 - É claro que os candidatos receberam alguma orientação ou ajuda de assessores quanto às postagens, mas
sempre se preocuparam em ressaltar que a ferramenta era utilizada de forma “genuína”.
14 - Disponível em: <http://www.fichalimpa.org.br>. Acesso em: 15 Jan. 2011.
12. JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades 219
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
todos os sites ainda ativos após a campanha e também os sites dos partidos dos quatro
principais candidatos à Presidência, mas não houve referência alguma à prestação de
contas no que se refere à contabilidade de gastos no período eleitoral.
Discussão e apontamentos finais
A intenção deste ensaio não foi abordar todas as dimensões relacionadas ao provi-
mento de informações, de canais de participação e de esforços por maior transparência
que envolvem as campanhas online.
Acredita-se, contudo, na validade do esforço relativo ao mapeamento inicial de um
conjunto de transformações que envolvem os padrões mediáticos das campanhas políticas
na Era Digital. As princiais inferências que o acompanhamento das útimas campanhas
permitem apontar estão a seguir.
a) A quantidade de informação política disponível ao eleitorado aumenta de ma-
neira vertiginosa a cada eleição, assim como se percebe um maior pluralismo na
variedade de usuários e entidades dispostos a criarem conteúdos ou, simplesmente,
a repassarem ideias.
b) Há alguns poucos anos, bastava ter um e-mail para que estivesse assegurada
uma presença relevante no ambiente digital. Depois, era suficiente ter um site.
De algumas eleições para cá, é necessário estar conectado em todas as redes sociais,
atualizando informações a qualquer minuto, a fim de dar conta das exigências ubíquas
e assíncronas do eleitorado.
c) Uma parcela expressiva dos eleitores demanda abertura por parte da candidatura
a fim de sugerir modificações, por exemplo, em pontos específicos dos programas
de governo, bem como para endereçar questões ao candidato;
d) A ideia de que plataformas tais como as chamadas “redes sociais” criam laços
mesmo entre usuários distantes faz com que os eleitores possam ter a impressão de
que, efetivamente, têm alguma importância para aquele candidato que se dispôs a
segui-lo; mas, naturalmente, há riscos (que devem ser cuidadosamente calculados
pelas coordenações de campanha) em se promover uma abertura indiscriminada à
interferência do público no discurso dos candidatos.
e) Mas quem garante ao eleitor que, de fato, é o próprio candidato que está ad-
ministrando as formas de contato providas pelos canais de comunicação digital?
A necessidade de transparência começa, então, a ser uma outra exigência feita aos
que se dispõem a ser representantes.
No final das contas, duas grandes conclusões parecem se sobressair se os fenômenos
aqui estudados forem analisados em perspectiva:
13. 220 JAMIL, Francisco Paulo; SAMPAIO, Rafael. Internet e eleições 2010 no Brasil: rupturas e continuidades
nos padrões mediáticos das campanhas políticas online. Revista Galáxia, São Paulo, n. 22, p. 208-221, dez. 2011.
1) As exigências tecnológicas feitas aos candidatos se tornam cada vez maiores.
2) As mesmas exigências de aperfeiçoamento feitas à democracia como um todo vão
sendo feitas aos representantes públicos eleitos e aos que ainda são apenas candidatos.
Não se pode descolar a presente discussão dos reais impactos que o uso dos media
digitais gera sobre o cenario eleitoral. Nesse sentido, é legítimo questionar se, ao longo
das eleições brasileiras de 2010, os efeitos da internet não teriam sido nulos, uma vez que
aqueles candidatos que melhor se utilizaram das redes sociais foram justamente os mesmos
que não alcançaram sucesso relevante nas urnas. No caso de Plínio de Arruda Sampaio,
por exemplo, verifica-se que, não obstante a experimentação mediática notável que ca-
racterizou sua campanha, o candidato alcançou menos de 1% do total dos votos válidos.
Novamente, esta parece ser uma falsa questão. Isso porque, de acordo com o que foi
apontado anteriormente, candidatos e campanhas apresentam diferentes objetivos, sabem
dos seus limites e das dificuldades que a concorrência pelo voto engendra. Nesse sentido,
se a empreitada do candidato do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) for avaliada da
perspectiva de conquista de visibilidade, pode-se dizer, sem dúvida, que a campanha de
Plínio foi bem-sucedida. Tratava-se de um candidato lançado por um partido pequeno,
com mínimo tempo de exposição na TV. Seus “tuitaços”, transmissões online de vídeo
e demais iniciativas atraíram outro capital importante no jogo político: o simbólico.
Tanto o candidato quanto seu partido receberam maior atenção e maior visibilidade no pro-
cesso, especialmente por conta da cobertura jornalística que tais táticas passaram a atrair.
Contudo, mesmo a defesa de tal ideia não implica descolamento da realpolitik.
O texto buscou justamente demonstrar que a campanha online não é autorreferenciada,
não existe de maneira separada, tanto das mensagens transmitidas por meio de outras
plataformas de comunicação quanto do jogo político que encerra agremiações (e suas
ressonâncias sociais), imagens públicas e, claro, cultura política. Por outro lado, tal dispo-
sição interpretativa não significa admitir que as estratégias dos candidatos sejam idênticas
ou que reproduzam padrões tradicionais de comunicação. Há peculiaridades percebidas
nas formas de uso dos media digitais que demandam ações e abordagens diferentes, como
o texto procurou identificar.
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Francisco Paulo Jamil Almeida Marques é pesquisador
do Mestrado em Comunicação da Universidade Federal
do Ceará. É pós-doutor em Comunicação Social
(UFMG) e doutor e mestre em Comunicação e Cultura
Contemporâneas (UFBA).
marquesjamil@yahoo.com.br
Rafael Cardoso Sampaio é doutorando em Comunicação
e Cultura Contemporâneas (UFBA) e pesquisador do Centro
de Estudos Avançados em Governo Eletrônico e Democracia
Digital (CEADD). É bolsista do CNPq.
cardososampaio@yahoo.com.br
Artigo recebido em julho
e aprovado em outubro de 2011