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BRASIL: Origem e
construção do vocabulário
da Língua portuguesa
Professor Mestre Luciano Gabriel Endalécio Martins
APRESENTAÇÃO
 Graduação em Letras – (Português e Espanhol);
 Bacharelado em Editoração;
 Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura;
 Especialista em Psicopedagogia;
 Doutorando em Letras.
Brasil – Um país rico linguisticamente
Objetivo geral da aula
 Entender que o “nosso” Português atual tem a
contribuição de outros países e de línguas
indígenas como, por exemplo, o tupi-guarani.
Construção do português
 Línguas indígenas e
 Outros países como: Angola, França, Arábia
Saudita contribuíram com essa construção
linguística.
A relevância da Gramática do Padre José
de Anchieta
 A língua tupi foi sistematizada pelos padres da Companhia de Jesus, na época
da colonização brasileira que se estendeu até o século XVIII. Padre José de
Anchieta, ao estudar o tupi, teve com objetivo ensinar aos índios os preceitos
e os costumes religiosos da Igreja Católica. Porém, com a chegada de Marquês
de Pombal em 1758. A língua Tupi, que até aquele momento era quase oficial
do Brasil, acaba sendo proibida.
 O tupi além de ter um expressivo acervo de vocabulário era também uma
língua cheia de preciosos conteúdos que tem a ver com nome de animais,
vegetais e rios, tendo sido estudada, posteriormente, por diversos
gramáticos, filólogos e linguistas.
A Influência do léxico Tupi-Guarani no
português atual
 Este aula mostra as palavras em Tupi na Língua Portuguesa, que possuem: raízes, afixos e radicais
de origem tupi.
 É grande a importância do léxico tupi na língua portuguesa, que percorre diferentes campos de
significação como: a geografia, culinária, rios, animais etc., classes gramaticais (substantivo,
adjetivo, verbo, advérbio), além de possuir um acervo vocabular considerável, com cerca de
10.000 palavras.
 Por exemplo, a palavra “peroba”, no dicionário Aurélio, é de origem tupi, é um substantivo
feminino de acordo com a classe gramatical e é um tipo de madeira pertencente à botânica (a
ciência que estuda os vegetais).
 De acordo com Rodolfo Ilari em relação à prática para se aprender vocabulário: “[...] todo
falante nativo de uma língua tem, e em propor algumas estratégias destinadas a explorar essa
capacidade ampliando-as.” (1986, p.146),
A importância do dicionário
 Segundo Ligia Chiappini o vocabulário é importante para o
bom andamento da leitura, pois: 54 “Na vida de todo
leitor, mesmo o mais desenvolvido, é indispensável a
presença do dicionário [...] é fundamental que os alunos
percebam o poder de sedução que o dicionário possui,
com suas várias possibilidades significativas [...] as
habilidades para o uso do dicionário devem ser
desenvolvidas através do próprio manuseio [...] o
dicionário auxilia na ampliação das possibilidades
expressivas de qualquer texto escrito.” (CHIAPPINI,
1998:37)
Constatação do vocabulário tupi-guarani
nos dicionários
 O minidicionário Aurélio apresenta os principais grupos indígenas no Brasil
com a: designação geral, o etnônimo (nome de povos e tribos) brasílico, a
classificação linguística e a localidade, e o minidicionário Houaiss também
apresenta os grupos indígenas, porém um pouco diferente: em localidade,
povos, etnônimias, subgrupos e família/língua.
Por exemplo, no dicionário Aurélio a classificação dos grupos indígenas é
apresentada da seguinte forma: Designação geral: Cocama Etnônimo
brasílico (nome de povos e tribos): Kokama Classificação linguística: Tupi
Localidades: Amazonas, Caribe e Pernambuco.
E no dicionário Houaiss é apresentado assim: Local: São Paulo Povo:
Guarani Etnônimo: Guarani Subgrupos: Ñandeva, M’bya. Família/língua:
Tupi-Guarani
Vocabulário tupi-guarani no dicionário
de Língua Portuguesa Houaiss
Iara - Jurema – Lambari - Araponga
Bacuri – Bagre - Caninana (espécie de cobra) –
Capivara
Açaí • Aipim • Babaçu • Bacaba • Butiá • Cajá •
Cajarana
Catapora - Caatinga - Cambuquira
Pamonha • Patuá • Pipoca
Caipora • Coivara • Curumim
Ipanema • Ipiranga • Paraná • Paranapanema
 Dentre outras.
Vocabulário tupi-guarani no dicionário
de Língua Portuguesa Aurélio
Curumim • Jaçanã • Parati • Peroba
Carapeba (peixe) • Carapicu (peixe) • Cupim • Cutia • Gambá
Abacaxi • Araçá • Araruta • Araticum • Buriti -
Macaxeira/macaxera • Maitaca • Mangaba • Maracujá
Pororoca • Tijuco • Urupê
Paçoca • Peteca • Pira • Pirão • Tapera • Tapioca
Curupira • Cururu • Maracatu
Maranhão, Marabá, Morumbi, Pará, Paraíba, Paraná,
Pindamonhangaba, Piracicaba, Sergipe
Dentre outras.
Vocabulário tupi-guarani nos dicionários
dividido em Classes Gramaticais
Substantivos comuns: Açaí, aipim, anu, araponga, babaçu, bacaba, bacuri, bagre, beiju,
butiá, caatinga, caipora, cajá, cajarana, caju, cambuquira, caninana, capim, capivara,
cará, caracará...
Adjetivos: Beijoqueiro, caiado, capinado, carajá, guarani, guajajara, jabuti, mútuo,
pacato, pamonha, parintintim, pirado, piranha, sábio e tatuado...
Verbos: Acaipirar, acocorar, bubuiar, caiar, capinar, entijucar, imbuir, jiboiar, paquerar,
pererecar, petequear, pitar, pirar, maricar, saciar, tapear...
Advérbio de modo: Eu estou Jururu.
Substantivos derivados: Buritizeiro, caipirada, cambucazeiro, cambucizeiro, cupinzeiro,
cutucada...
Adjetivos pátrios: Amapaense, aracajuano, cearense, carioca, cuiabano, curitibano,
goiano
A importância do Tupi
 “O tupi, com o qual os jesuítas travaram contato e que eles usavam no
mirrão, servia como base à tardia língua geral.” (2008, p.135, grifo meu)
 O tupi contribuiu com o léxico em várias áreas como em nomes de animais da
fauna brasileira, em variedades de flores, em fenômenos da natureza,
utensílios, alimentos, costumes, festas, antropônimos, topônimos, frutas.
 O tupi também desenvolve prefixos (para, curu, cai, ara etc.), sufixos (aíba,
pora, picu, jé etc.) e radicais (Embu, guaçu etc.). Além disso, existem
expressões como: “chorar as pitangas”, “estar jururu”, “cabelo pixaim”,
“ficar na pindaíba” que são tipicamente influência do tupi.
 Hoje pode se perceber a quantidade significativa do léxico tupi na língua
portuguesa, e ainda mais na influência cultural que envolve: costume, lendas,
mitos e festas indígenas. Nos principais dicionários de língua portuguesa é
possível encontrar palavras de origem tupi como: juriti, lambari, nhambu,
saci, maracanã, tijuca, jacarandá, cajuzeiro, taquara, pororoca e muitas
outras
A importância do Tupi
 Segundo Gladstone Chaves de Melo em A língua do Brasil: “Das línguas
indígenas do Brasil, natural é que tenha sido o tupi, aquela que maior
influxo exerceu no português, porque 42 era a mais importante, era a
mais falada e funcionava mesmo como espécie de “língua segunda” de
certos grupos aborígenes não tupis.” (1971, p.41).
 Ainda Gladstone Chaves de Melo menciona que A língua do Brasil: “não
deixa de ser muito significativo o alto número de vozes que o tupi legou
ao português do Brasil. Esse vocabulário novo reflete o nosso meio com
seus pertencentes e suas riquezas, os componentes da nossa paisagem,
das nossas coisas, a nossa vida enfim.” (1971, p.45, grifo meu). Isto quer
dizer que o vocabulário está tão presente da língua portuguesa que faz
parte das principais coisas de nossa vida, ou seja, os animais, as frutas e
até os nomes próprios (Juraci, Iara, Iracema etc.).
 Plinio Ayrosa, na obra já citada, comenta, portanto, como o leitor deve se
comportar diante da leitura de um texto com léxico tupi, por exemplo,
contos, lendas e mitos, tentando buscar explicações plausíveis e
compreensões para a origem da língua portuguesa, segundo ele: “O leitor
curioso poderá agora, sem grandes dificuldades, aplicar em casos vários as
regras gramaticais expostas, e verificar as profundas alterações que sofreram
alguns vocábulos tupis.” (1933, p.101). Enfim, um bom leitor é aquele que
analisa e percebe as mudanças e transformações das palavras, independente
se a origem é do latim, do português de Portugal ou do português do Brasil, o
importante é que a história da língua portuguesa tem como fonte principal o
tupi.
A contribuição vocabular de outros
países
 Ensinar vocabulário não se trata de uma simples tarefa de consulta a
dicionários ou materiais pedagógicos. É preciso aprofundar mais a ideia do
ensino que privilegia a leitura e os sentidos. Nesse sentido, trabalhar com
o vocabulário auxiliar através de um vocabulário, pois para ensinar um
tipo de vocabulário aos alunos precisa-se levar em consideração a língua
que vai ser pesquisada, e se ela é ou não conhecida, estudada e usada
pela sociedade.
Segundo Rodolfo Ilari, na obra A Linguística e o Ensino da Língua Portuguesa,
ensinar vocabulário “consiste em acostumar o aluno a indagar o sentido das palavras
desconhecidas com que se depara, e a aceitar que os seus interlocutores lhe exijam
esclarecimentos da mesma natureza.” (1986, p.58).
Palavras de origem africana
Palavras de origem inglesa
Palavras de origem francesa
Palavras de origem árabe
Textos com vocabulário Tupi
A importância do vocabulário tupi é tão grande que influenciou até na linguagem
poética do poeta barroco Gregório de Matos, nascido na Bahia (c.1633-96),no
seguinte poema, publicado por volta de 1680, é possível encontrar o tupi:
Aos principais da Bahia chamados os caramurus
[...]
Um calção de pindoba à meia zona,
Camisa de urucu, mantiu de arara
Em lugar de cotó arco, e taquara,
Penacho de guará, em vez de gora.
(MATOS, 1992: 640-1)
Textos relacionados as palavras de
origem africana
Atividades
1) A idosa ficou banguela.
2) Pare de ser dengoso!
3) Eu só quero um xodó
Dengo
Segundo os dicionários, a palavra significa “lamentação
infantil”, “manha”, “meiguice”. Contudo, a palavra de
origem banta (atualmente Congo, Angola e Moçambique)
e língua quicongo tem um sentido mais profundo e
ancestral: dengo é um pedido de aconchego no outro em
meio ao duro cotidiano.
A origem da palavra é africana
Há uns anos atrás surgiu uma reflexão na
internet:
Por que a gente adotou a palavra “crush” se no
nosso idioma existe “xodó”?
A reflexão é válida (e virou até camiseta na
STQ!), mas deixa a gente contar para você: xodó
não é uma palavra do português, e sim, africana!
LENDA: COMO NASCERAM AS ESTRELAS - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO
Lenda: Como nasceram as estrelas
Clarice Lispector
Pois é, todo mundo pensa que sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca. Mas é erro.
Antes os índios olhavam de noite para o céu escuro ___ e bem escuro estava esse céu. Um
negror. Vou contar a história singela do nascimento das estrelas.
Era uma vez, no mês de janeiro, muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam,
guerreavam. Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam
roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que
comer.
Uma vez elas notaram que faltava milho no cesto para moer. Que fizeram as valentes
mulheres? O seguinte: sem medo enfurnaram-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As
árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca.
Quando saíam de debaixo das copas encontravam o calor, bebiam no reino das águas
dos riachos buliçosos. Mas sempre procurando milho porque a fome era daquelas que as
faziam comer folhas de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça.
__ Vamos voltar e trazer conosco uns curumins. (Assim chamavam os índios as crianças).
Curumim dá sorte.
E deu mesmo. Os garotos pareciam adivinhar as coisas: foram retinho em frente e
numa clareira da floresta -- eis um milharal viçoso crescendo alto. As índias maravilhadas
disseram: toca a colher tanta espiga. Mas os garotinhos também colheram muitas e fugiram
das mães voltando à taba e pedindo à avó que lhes fizesse um bolo de milho. A avó assim fez
e os curumins se encheram de bolo que logo se acabou. Só então tiveram medo das mães
que reclamariam por eles comerem tanto. Podiam esconder numa caverna a avó e o
papagaio porque os dois contariam tudo. Mas, e se as mães dessem falta da avó e do
papagaio tagarela? Aí então chamaram os colibris para que amarrassem um cipó no topo do
céu. Quando as índias voltaram ficaram assustadas vendo os filhos subindo pelo ar.
Resolveram, essas mães nervosas, subir atrás dos meninos e cortar o cipó embaixo deles.
Aconteceu uma coisa que só acontece quando a gente acredita: as mães caíram no
chão, transformando-se em onças. Quanto aos curumins, como já não podiam voltar para a
terra, ficaram no céu até hoje, transformados em estrelas brilhantes.
Mas, quanto a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins.
Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como se
sabe, "sempre" não acaba nunca.
Clarice Lispector.
Existem palavras de origem tupi no texto acima?
Conclusão
 O tupi foi uma língua sistematizada (na gramática) pelos padres da Companhia de Jesus, na
época da colonização brasileira, que se estendeu até o século XVIII, por isso, padre José de
Anchieta, ao estudar o tupi, na verdade tinha como objetivo ensinar aos índios os preceitos
e os costumes religiosos da Igreja Católica.
 O professor pode trabalhar em suas aulas de leitura de textos e compreensão vocabular: as
lendas que têm um papel muito importante, pois podem ser usadas para mostrar a cultura
indígena, elas transmitem mensagens que estão ligadas a elementos da natureza, por
exemplo, a lenda da Iara.
 Também é considerável o número de palavras de origem do tupi que nomeiam animais
como: aves, peixes, espécies de cobra e outros. Além dos frutos, os vegetais também estão
ligados ao léxico tupi, por exemplo: babaçu, capim, butiá, ipê, carnaúba, cipó, jacarandá
etc.
 Outras línguas assim como o Tupi colaboram para a construção linguística no Brasil.
 Enfim, não dá para afirmar que o léxico de origem tupi tem influenciado pouco na língua
portuguesa, pois apesar de ter uma grande contribuição de vocabulário, ele também
permaneceu na língua portuguesa, ou seja, é possível encontrá-lo dicionarizado nos dias
atuais. É muito comum um individuo ouvir e dizer uma palavra em tupi, no entanto as
palavras de origem tupi não são ainda reconhecidas por muitos, embora elas venham sendo
utilizadas desde o século XVI até os dias atuais.
Referências
ANCHIETA, José de. Arte de gramática: da língua mais usada na Costa do Brasil.
Edições Loyola. São Paulo, 1990.
AYROSA, Plinio. Primeiras Noções do Tupi. São Paulo: Editora Sumaré, 1933.
BASILIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. 2. ed.
São Paulo: Contexto, 2006.
BRANDÃO, Helena Nagamine (org.). Gênero do discurso na escola: mito, conto,
cordel, discurso poético, divulgação científica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
CASCUDO, Luís da Câmara. Lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
CHIAPPINI, Ligia (org.). Aprender e ensinar com textos. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1998.
EDELWEISS, Frederico G. Tupis e Guaranis, Estudos de Etnonímia e Lingüística.
Salvador: Museu do Estado da Bahia, 1947.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini-aurélio: O minidicionário da língua
portuguesa; coordenação de edição Marina Baird Ferreira; equipe de lexicografia
Margarida dos Anjos 7. ed. Curitiba: Ed. Positivo, 2008.
HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário: Houaiss da língua
portuguesa, elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de dados
da língua portuguesa S/C ltda. 3. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
ILARI, Rodolfo. A lingüística e o ensino da língua portuguesa. 4. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1997.
LEMOS, Barbosa A. Pequeno Vocabulário Tupi-Português. Rio de Janeiro: Livraria
São José, 1951.
MARTINS, Nilce Sant’Anna. História da Língua Portuguesa V. século XIX. São
Paulo: Editora Fundamentos, 1988.
MELO Gladstone Chaves de. A língua do Brasil. 2. ed. melh. e aum. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, Serv. de publicaçõets, 1971.
MORAIS, Antonieta Dias de. Contos e Lendas de índios do Brasil: para crianças. 4.
ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1985.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno do Tupi Antigo: A língua do
Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.
NOLL, Volker. O português brasileiro: formação e contrastes; traduzido do alemão
Mario Eduardo Viano. São Paulo: Globo, 2008.

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  • 1. BRASIL: Origem e construção do vocabulário da Língua portuguesa Professor Mestre Luciano Gabriel Endalécio Martins
  • 2. APRESENTAÇÃO  Graduação em Letras – (Português e Espanhol);  Bacharelado em Editoração;  Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura;  Especialista em Psicopedagogia;  Doutorando em Letras.
  • 3. Brasil – Um país rico linguisticamente
  • 4. Objetivo geral da aula  Entender que o “nosso” Português atual tem a contribuição de outros países e de línguas indígenas como, por exemplo, o tupi-guarani.
  • 5. Construção do português  Línguas indígenas e  Outros países como: Angola, França, Arábia Saudita contribuíram com essa construção linguística.
  • 6. A relevância da Gramática do Padre José de Anchieta  A língua tupi foi sistematizada pelos padres da Companhia de Jesus, na época da colonização brasileira que se estendeu até o século XVIII. Padre José de Anchieta, ao estudar o tupi, teve com objetivo ensinar aos índios os preceitos e os costumes religiosos da Igreja Católica. Porém, com a chegada de Marquês de Pombal em 1758. A língua Tupi, que até aquele momento era quase oficial do Brasil, acaba sendo proibida.  O tupi além de ter um expressivo acervo de vocabulário era também uma língua cheia de preciosos conteúdos que tem a ver com nome de animais, vegetais e rios, tendo sido estudada, posteriormente, por diversos gramáticos, filólogos e linguistas.
  • 7. A Influência do léxico Tupi-Guarani no português atual  Este aula mostra as palavras em Tupi na Língua Portuguesa, que possuem: raízes, afixos e radicais de origem tupi.  É grande a importância do léxico tupi na língua portuguesa, que percorre diferentes campos de significação como: a geografia, culinária, rios, animais etc., classes gramaticais (substantivo, adjetivo, verbo, advérbio), além de possuir um acervo vocabular considerável, com cerca de 10.000 palavras.  Por exemplo, a palavra “peroba”, no dicionário Aurélio, é de origem tupi, é um substantivo feminino de acordo com a classe gramatical e é um tipo de madeira pertencente à botânica (a ciência que estuda os vegetais).  De acordo com Rodolfo Ilari em relação à prática para se aprender vocabulário: “[...] todo falante nativo de uma língua tem, e em propor algumas estratégias destinadas a explorar essa capacidade ampliando-as.” (1986, p.146),
  • 8. A importância do dicionário  Segundo Ligia Chiappini o vocabulário é importante para o bom andamento da leitura, pois: 54 “Na vida de todo leitor, mesmo o mais desenvolvido, é indispensável a presença do dicionário [...] é fundamental que os alunos percebam o poder de sedução que o dicionário possui, com suas várias possibilidades significativas [...] as habilidades para o uso do dicionário devem ser desenvolvidas através do próprio manuseio [...] o dicionário auxilia na ampliação das possibilidades expressivas de qualquer texto escrito.” (CHIAPPINI, 1998:37)
  • 9. Constatação do vocabulário tupi-guarani nos dicionários  O minidicionário Aurélio apresenta os principais grupos indígenas no Brasil com a: designação geral, o etnônimo (nome de povos e tribos) brasílico, a classificação linguística e a localidade, e o minidicionário Houaiss também apresenta os grupos indígenas, porém um pouco diferente: em localidade, povos, etnônimias, subgrupos e família/língua. Por exemplo, no dicionário Aurélio a classificação dos grupos indígenas é apresentada da seguinte forma: Designação geral: Cocama Etnônimo brasílico (nome de povos e tribos): Kokama Classificação linguística: Tupi Localidades: Amazonas, Caribe e Pernambuco. E no dicionário Houaiss é apresentado assim: Local: São Paulo Povo: Guarani Etnônimo: Guarani Subgrupos: Ñandeva, M’bya. Família/língua: Tupi-Guarani
  • 10. Vocabulário tupi-guarani no dicionário de Língua Portuguesa Houaiss Iara - Jurema – Lambari - Araponga Bacuri – Bagre - Caninana (espécie de cobra) – Capivara Açaí • Aipim • Babaçu • Bacaba • Butiá • Cajá • Cajarana Catapora - Caatinga - Cambuquira Pamonha • Patuá • Pipoca Caipora • Coivara • Curumim Ipanema • Ipiranga • Paraná • Paranapanema  Dentre outras.
  • 11. Vocabulário tupi-guarani no dicionário de Língua Portuguesa Aurélio Curumim • Jaçanã • Parati • Peroba Carapeba (peixe) • Carapicu (peixe) • Cupim • Cutia • Gambá Abacaxi • Araçá • Araruta • Araticum • Buriti - Macaxeira/macaxera • Maitaca • Mangaba • Maracujá Pororoca • Tijuco • Urupê Paçoca • Peteca • Pira • Pirão • Tapera • Tapioca Curupira • Cururu • Maracatu Maranhão, Marabá, Morumbi, Pará, Paraíba, Paraná, Pindamonhangaba, Piracicaba, Sergipe Dentre outras.
  • 12. Vocabulário tupi-guarani nos dicionários dividido em Classes Gramaticais Substantivos comuns: Açaí, aipim, anu, araponga, babaçu, bacaba, bacuri, bagre, beiju, butiá, caatinga, caipora, cajá, cajarana, caju, cambuquira, caninana, capim, capivara, cará, caracará... Adjetivos: Beijoqueiro, caiado, capinado, carajá, guarani, guajajara, jabuti, mútuo, pacato, pamonha, parintintim, pirado, piranha, sábio e tatuado... Verbos: Acaipirar, acocorar, bubuiar, caiar, capinar, entijucar, imbuir, jiboiar, paquerar, pererecar, petequear, pitar, pirar, maricar, saciar, tapear... Advérbio de modo: Eu estou Jururu. Substantivos derivados: Buritizeiro, caipirada, cambucazeiro, cambucizeiro, cupinzeiro, cutucada... Adjetivos pátrios: Amapaense, aracajuano, cearense, carioca, cuiabano, curitibano, goiano
  • 13. A importância do Tupi  “O tupi, com o qual os jesuítas travaram contato e que eles usavam no mirrão, servia como base à tardia língua geral.” (2008, p.135, grifo meu)  O tupi contribuiu com o léxico em várias áreas como em nomes de animais da fauna brasileira, em variedades de flores, em fenômenos da natureza, utensílios, alimentos, costumes, festas, antropônimos, topônimos, frutas.  O tupi também desenvolve prefixos (para, curu, cai, ara etc.), sufixos (aíba, pora, picu, jé etc.) e radicais (Embu, guaçu etc.). Além disso, existem expressões como: “chorar as pitangas”, “estar jururu”, “cabelo pixaim”, “ficar na pindaíba” que são tipicamente influência do tupi.  Hoje pode se perceber a quantidade significativa do léxico tupi na língua portuguesa, e ainda mais na influência cultural que envolve: costume, lendas, mitos e festas indígenas. Nos principais dicionários de língua portuguesa é possível encontrar palavras de origem tupi como: juriti, lambari, nhambu, saci, maracanã, tijuca, jacarandá, cajuzeiro, taquara, pororoca e muitas outras
  • 14. A importância do Tupi  Segundo Gladstone Chaves de Melo em A língua do Brasil: “Das línguas indígenas do Brasil, natural é que tenha sido o tupi, aquela que maior influxo exerceu no português, porque 42 era a mais importante, era a mais falada e funcionava mesmo como espécie de “língua segunda” de certos grupos aborígenes não tupis.” (1971, p.41).  Ainda Gladstone Chaves de Melo menciona que A língua do Brasil: “não deixa de ser muito significativo o alto número de vozes que o tupi legou ao português do Brasil. Esse vocabulário novo reflete o nosso meio com seus pertencentes e suas riquezas, os componentes da nossa paisagem, das nossas coisas, a nossa vida enfim.” (1971, p.45, grifo meu). Isto quer dizer que o vocabulário está tão presente da língua portuguesa que faz parte das principais coisas de nossa vida, ou seja, os animais, as frutas e até os nomes próprios (Juraci, Iara, Iracema etc.).
  • 15.  Plinio Ayrosa, na obra já citada, comenta, portanto, como o leitor deve se comportar diante da leitura de um texto com léxico tupi, por exemplo, contos, lendas e mitos, tentando buscar explicações plausíveis e compreensões para a origem da língua portuguesa, segundo ele: “O leitor curioso poderá agora, sem grandes dificuldades, aplicar em casos vários as regras gramaticais expostas, e verificar as profundas alterações que sofreram alguns vocábulos tupis.” (1933, p.101). Enfim, um bom leitor é aquele que analisa e percebe as mudanças e transformações das palavras, independente se a origem é do latim, do português de Portugal ou do português do Brasil, o importante é que a história da língua portuguesa tem como fonte principal o tupi.
  • 16. A contribuição vocabular de outros países  Ensinar vocabulário não se trata de uma simples tarefa de consulta a dicionários ou materiais pedagógicos. É preciso aprofundar mais a ideia do ensino que privilegia a leitura e os sentidos. Nesse sentido, trabalhar com o vocabulário auxiliar através de um vocabulário, pois para ensinar um tipo de vocabulário aos alunos precisa-se levar em consideração a língua que vai ser pesquisada, e se ela é ou não conhecida, estudada e usada pela sociedade. Segundo Rodolfo Ilari, na obra A Linguística e o Ensino da Língua Portuguesa, ensinar vocabulário “consiste em acostumar o aluno a indagar o sentido das palavras desconhecidas com que se depara, e a aceitar que os seus interlocutores lhe exijam esclarecimentos da mesma natureza.” (1986, p.58).
  • 17. Palavras de origem africana
  • 19.
  • 20. Palavras de origem francesa
  • 22. Textos com vocabulário Tupi A importância do vocabulário tupi é tão grande que influenciou até na linguagem poética do poeta barroco Gregório de Matos, nascido na Bahia (c.1633-96),no seguinte poema, publicado por volta de 1680, é possível encontrar o tupi: Aos principais da Bahia chamados os caramurus [...] Um calção de pindoba à meia zona, Camisa de urucu, mantiu de arara Em lugar de cotó arco, e taquara, Penacho de guará, em vez de gora. (MATOS, 1992: 640-1)
  • 23. Textos relacionados as palavras de origem africana
  • 24. Atividades 1) A idosa ficou banguela. 2) Pare de ser dengoso! 3) Eu só quero um xodó
  • 25. Dengo Segundo os dicionários, a palavra significa “lamentação infantil”, “manha”, “meiguice”. Contudo, a palavra de origem banta (atualmente Congo, Angola e Moçambique) e língua quicongo tem um sentido mais profundo e ancestral: dengo é um pedido de aconchego no outro em meio ao duro cotidiano. A origem da palavra é africana Há uns anos atrás surgiu uma reflexão na internet: Por que a gente adotou a palavra “crush” se no nosso idioma existe “xodó”? A reflexão é válida (e virou até camiseta na STQ!), mas deixa a gente contar para você: xodó não é uma palavra do português, e sim, africana!
  • 26. LENDA: COMO NASCERAM AS ESTRELAS - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO Lenda: Como nasceram as estrelas Clarice Lispector Pois é, todo mundo pensa que sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca. Mas é erro. Antes os índios olhavam de noite para o céu escuro ___ e bem escuro estava esse céu. Um negror. Vou contar a história singela do nascimento das estrelas. Era uma vez, no mês de janeiro, muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam, guerreavam. Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer. Uma vez elas notaram que faltava milho no cesto para moer. Que fizeram as valentes mulheres? O seguinte: sem medo enfurnaram-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca. Quando saíam de debaixo das copas encontravam o calor, bebiam no reino das águas dos riachos buliçosos. Mas sempre procurando milho porque a fome era daquelas que as faziam comer folhas de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça. __ Vamos voltar e trazer conosco uns curumins. (Assim chamavam os índios as crianças). Curumim dá sorte.
  • 27. E deu mesmo. Os garotos pareciam adivinhar as coisas: foram retinho em frente e numa clareira da floresta -- eis um milharal viçoso crescendo alto. As índias maravilhadas disseram: toca a colher tanta espiga. Mas os garotinhos também colheram muitas e fugiram das mães voltando à taba e pedindo à avó que lhes fizesse um bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que logo se acabou. Só então tiveram medo das mães que reclamariam por eles comerem tanto. Podiam esconder numa caverna a avó e o papagaio porque os dois contariam tudo. Mas, e se as mães dessem falta da avó e do papagaio tagarela? Aí então chamaram os colibris para que amarrassem um cipó no topo do céu. Quando as índias voltaram ficaram assustadas vendo os filhos subindo pelo ar. Resolveram, essas mães nervosas, subir atrás dos meninos e cortar o cipó embaixo deles. Aconteceu uma coisa que só acontece quando a gente acredita: as mães caíram no chão, transformando-se em onças. Quanto aos curumins, como já não podiam voltar para a terra, ficaram no céu até hoje, transformados em estrelas brilhantes. Mas, quanto a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como se sabe, "sempre" não acaba nunca. Clarice Lispector. Existem palavras de origem tupi no texto acima?
  • 28. Conclusão  O tupi foi uma língua sistematizada (na gramática) pelos padres da Companhia de Jesus, na época da colonização brasileira, que se estendeu até o século XVIII, por isso, padre José de Anchieta, ao estudar o tupi, na verdade tinha como objetivo ensinar aos índios os preceitos e os costumes religiosos da Igreja Católica.  O professor pode trabalhar em suas aulas de leitura de textos e compreensão vocabular: as lendas que têm um papel muito importante, pois podem ser usadas para mostrar a cultura indígena, elas transmitem mensagens que estão ligadas a elementos da natureza, por exemplo, a lenda da Iara.  Também é considerável o número de palavras de origem do tupi que nomeiam animais como: aves, peixes, espécies de cobra e outros. Além dos frutos, os vegetais também estão ligados ao léxico tupi, por exemplo: babaçu, capim, butiá, ipê, carnaúba, cipó, jacarandá etc.  Outras línguas assim como o Tupi colaboram para a construção linguística no Brasil.  Enfim, não dá para afirmar que o léxico de origem tupi tem influenciado pouco na língua portuguesa, pois apesar de ter uma grande contribuição de vocabulário, ele também permaneceu na língua portuguesa, ou seja, é possível encontrá-lo dicionarizado nos dias atuais. É muito comum um individuo ouvir e dizer uma palavra em tupi, no entanto as palavras de origem tupi não são ainda reconhecidas por muitos, embora elas venham sendo utilizadas desde o século XVI até os dias atuais.
  • 29. Referências ANCHIETA, José de. Arte de gramática: da língua mais usada na Costa do Brasil. Edições Loyola. São Paulo, 1990. AYROSA, Plinio. Primeiras Noções do Tupi. São Paulo: Editora Sumaré, 1933. BASILIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006. BRANDÃO, Helena Nagamine (org.). Gênero do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso poético, divulgação científica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. CASCUDO, Luís da Câmara. Lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. CHIAPPINI, Ligia (org.). Aprender e ensinar com textos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1998. EDELWEISS, Frederico G. Tupis e Guaranis, Estudos de Etnonímia e Lingüística. Salvador: Museu do Estado da Bahia, 1947. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini-aurélio: O minidicionário da língua portuguesa; coordenação de edição Marina Baird Ferreira; equipe de lexicografia Margarida dos Anjos 7. ed. Curitiba: Ed. Positivo, 2008.
  • 30. HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário: Houaiss da língua portuguesa, elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de dados da língua portuguesa S/C ltda. 3. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. ILARI, Rodolfo. A lingüística e o ensino da língua portuguesa. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. LEMOS, Barbosa A. Pequeno Vocabulário Tupi-Português. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1951. MARTINS, Nilce Sant’Anna. História da Língua Portuguesa V. século XIX. São Paulo: Editora Fundamentos, 1988. MELO Gladstone Chaves de. A língua do Brasil. 2. ed. melh. e aum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, Serv. de publicaçõets, 1971. MORAIS, Antonieta Dias de. Contos e Lendas de índios do Brasil: para crianças. 4. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1985. NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno do Tupi Antigo: A língua do Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. NOLL, Volker. O português brasileiro: formação e contrastes; traduzido do alemão Mario Eduardo Viano. São Paulo: Globo, 2008.