O documento discute a importância da teoria crítica de currículo para o desenvolvimento curricular das Ciências da Informação. A autora analisa conceitos de Bernstein, Bourdieu e Young para defender uma abordagem transdisciplinar, respeitando a identidade de cada área, mas sem separações rígidas. Os resultados preliminares apontam para a necessidade de superar a conformação tradicional dos currículos e adotar uma perspectiva mais crítica e flexível.
Teorias Críticas e Formação em Ciências da Informação
1. A IMPORTÂNCIA DA TEORIZAÇÃO CRÍTICA DE
CURRÍCULO PARA UMA NOVA CONSTRUÇÃO E
DESENVOLVIMENTO CURRICULAR NAS CIÊNCIAS
DA INFORMAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE
Msc. Marielle Barros de Moraes
Doutoranda em Ciência da Informação
Universidade de São Paulo
Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio de Almeida
2. Problema
• Qual a contribuição das teorias críticas de currículo ao se
pensar novos modelos curriculares para a formação dos
profissionais da informação?
• Como deve ser construído e desenvolvido o currículo das
Ciências da Informação, pautando-se na disciplinaridade do
egresso, ou abrindo-se à transdisciplinaridade?
4. Currículo, Teoria Crítica e Formação em CI
• Vários autores se opuseram às teorizações tradicionais de
currículo e todos eles, em algum grau, trazem conceitos e
proposições que podem nos auxiliar numa maior
compreensão para uma nova formação dos profissionais da
informação nos tempos contemporâneos, tais como Young,
Bernstein, Bourdieu, Apple, Giroux, Pinar e outros.
6. Currículo por
acatamento
Disciplinas como parte de um cânone
fixo definido pela tradição
Conteúdos e métodos imutáveis
Biblioteconomia, Arquivologia, e Museologia
possuem atualmente esta conformação curricular
Separações curriculares como se
fossem naturais e imutáveis
Currículo por
engajamento
Disciplinas possuem uma historicidade
Disciplinas conferem
identidade aos profissionais
Disciplinas podem se articular, mas
respeitando as diferentes histórias,
tradições e modos de trabalhar
Disciplinas possibilitam o acesso ao
conhecimento mais confiável
Young (2011)
7. BERNSTEIN
(1988)
1) Classificação fraca: há um baixo nível de
isolamento entre a Arquivologia, a
Biblioteconomia e a Museologia
2) As categorias que esclarecem onde
começa e termina as diferenças entre essas
disciplinas são bastante confusas
3) Conteúdos e métodos imutáveis
Biblioteconomia possui a voz da
Arquivologia e da Museologia, mas não
possui a mensagem de cada disciplina e este
fato é visível nos currículos.
4) Necessidade de alteração nos códigos de
organização curricular, visando alterar as
relações de poder e controle dos currículos.
8. Bourdieu
(2004, 2012)
Objeto legítimo, legitimável e indigno
As áreas possuem uma história, uma tradição e o seu
desenvolvimento se perpetua como uma espécie de
partenogênes
Surgimento de cursos com o nome de
Ciência da Informação, ou Gestão da
Informação como forma de a
Biblioteconomia deixar de ser
considerada objeto indigno para se
tornar legítimo.É necessário que as ciências saiam
desse purismo e deixe de lado a
servidão sujeita a todas as demandas
políticas e econômicas
A Arquivologia, a Biblioteconomia e a
Museologia são campos científicos, haja vista
possuir leis próprias, permanentes, duráveis e
se transformam com o tempo.
9. • Os resultados preliminares vêm apontando para uma
perspectiva curricular transdisciplinar, mas sem tornar esta
uma indeterminação total, uma vez que o pertencimento a
uma identidade ainda é importante como forma de dar
identidade ao sujeito, mas identidade esta aberta à
transdisciplinaridade.
Resultados Preliminares
10. Young Bernstein Bourdieu
Os conceitos de classificação forte e
classificação fraca nos faz perceber
que deixa cada vez mais de fazer
sentido um currículo separado para as
três áreas de conhecimentos, uma vez
que, onde começa e onde termina as
especificidades de cada uma das três
áreas analisadas, se torna cada vez
mais difícil.
Os conceitos de currículo por
engajamento e currículo por
acatamento nos faz refletir sobre a
tradição formativa na Arquivologia,
Biblioteconomia e Museologia.
A conformação dos currículos das
ciências da informação é por
acatamento- sua elaboração é vista
como uma verdade inquestionável.
Assim como Young, percebemos
também a importância das disciplinas
como forma de os sujeitos se
posicionarem num determinado
campo científico.
Há mediações entre os campos científicos
que os fazem tornarem-se legítimos,
legitimáveis e indignos, e que essas
classificações não são duradouras para os
campos científicos.
No campo da Biblioteconomia, por
exemplo, a qual era um objeto legítimo,
em seguida passou a ser objeto indigno, já
que os alunos passaram a ingressar nesse
curso devido à baixa concorrência do
vestibular. Neste momento, é um objeto
legitimável, principalmente, com o
advento da CI, onde estes dois campos de
conhecimentos, muitas vezes, se
confundem como práxis.
Considerações Parciais
Contribuições das Teorias Críticas para repensar o currículo