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APRESENTAÇÃO
DE APOIO
APRENDIZAGEM E INCLUSÃO:
A ESCOLA
Problematização dos modelos médicos e sociais de inclusão no contexto escolar.
Reflexão crítica sobre entendimentos de inclusão, integração, e exclusão. Implicação de
processos inclusivos para a aprendizagem.
Ementa da disciplina
Desde 2018, Joris Vlieghe é professor assistente de filosofia da
educação na unidade de pesquisa Educação, Cultura e Sociedade. Antes de
assumir esta posição, ele lecionou em várias universidades britânicas
(Edimburgo, Liverpool, Aberdeen). Como investigador, preocupa-se com o
impacto da digitalização no futuro da escolarização, na figura do professor, no
significado das práticas educativas e na educação para a sustentabilidade. Junto
com Naomi Hodgson e Piotr Zamojski, ele escreveu o Manifesto para uma
Pedagogia Pós-crítica (2018), e com este último Para uma Ontologia do Ensino.
Afirmação, centro das coisas e amor pelo mundo (2019).
JORIS VLIEGHE
Professor convidado
ELISANGELA MERCADO
Professora PUCRS
Professora Adjunta II da Universidade Federal de Alagoas. Graduada
em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia, Mestre em Linguística e Doutora em
Educação pela Universidade Federal de Alagoas. Formação em Tutoria Virtual pela
Organização dos Estados Americanos (OEA). Tem experiência na área de Educação.
Ministra disciplinas pedagógicas nos curso de graduação e pós-graduação na
Universidade Federal de Alagoas, voltados para a área de Gestão Educacional,
Estágio Supervisionado, Psicologia da Educação, Psicopedagogia, Processo Ensino e
Aprendizagem, Educação Especial, Educação Infantil, Alfabetização e Letramento e
Inspeção Escolar.
Professores
Encontros e resumo da disciplina
JORIS VLIEGHE
Professor convidado
ELISANGELA MERCADO
Professora PUCRS
O verdadeiro educador está sempre
envolvido com os seus alunos, convidando-
os a tentar de novo, mesmo contra todas as
probabilidades
Inclusão é definida como um ideal moral
específico de uma ideia específica do
que significa viver bem em conjunto.
JORIS VLIEGHE
Professor convidado
Deficiência é apenas a consequência do fato
de que a sociedade não está disposta a dar
maior atenção a pessoas que requerem
algum tratamento específico.
Segundo a perspectiva deontológica, a
grandeza da humanidade é conseguirmos
contrariar nossos desejos egoístas.
O negócio da educação foi reduzido a uma
questão de rastrear e inventariar
distúrbios.
É na interação do corpo com os
impedimentos, com as barreiras
sociais que se restringe a
participação plena das pessoas.
A educação inclusiva é um caminho que
vai melhorar a educação como um todo e
que também melhora nossa perspectiva de
educação especial.
É preciso investir em ações e programas
que tragam a família para a discussão da
educação.
AULA 1 AULA 3
AULA 2
1
Modelos de
Deficiência
2
Terminologia
3
Segregação,
Integração e
Inclusão
4
Educação
Especial e
Educação
Inclusiva
5
Processo
Inclusivo na
Aprendizagem
Percurso de
Aprendizagem
1
Modelos de
Deficiência
2
Terminologia
1ª Parte
Conhecer os fundamentos epistemológicos,
históricos e políticos dos modelos de deficiências,
analisando as terminologias referentes as pessoas
com deficiências e o ambiente escolar.
Com que lente eu
veja pessoa com
deficiência?
Criança em cadeira de rodas. Desenho utilizando bastão de carvão.
(Sondel / Creative Commons)
Abandono
Isolamento
Segregação
Integração
Inclusão
Breve história da pessoa com deficiência
Do assistencialismo
Direitosfundamentais
Igualdadeoportunidades
à Integração como direito
Filantropia
Modelos de
Deficiência
1
Deficiência - Estigma
“Ao longo dos séculos, as pessoas com deficiência
se envolveram em narrativas de abandono e
rejeição. Primeiro, por não ter o mesmo ritmo
quando éramos um povo nômade. Depois, por não
ter o corpo perfeito, belo e forte que os gregos
conceituaram. Em algum momento, as pessoas com
deficiência passam a ser vistas como aberrações,
castigos de Deus. E depois, rotuladas como
doentes e tratadas assim, como até hoje. Então,
vieram as guerras, e houve um número
considerável no aumento de pessoas com
deficiência por violência, e a Revolução Industrial,
que colocou o valor do homem em o quanto ele
consegue produzir em menos tempo. Uma
competição desleal, que, de novo, dá a pessoa com
deficiência o olhar de inválida”.
Escritora Lau Patrón, mãede umacriança com deficiência
Modelo Caritativo
• Do Império Romano à Idade Média os movimentos de
humanização e caridade à pessoa com deficiência foram
pregados a partir das passagens bíblicas que sugeriam o respeito
e a ajuda. A caridade passou a ser valorizada como forma de
redenção.
1 Enquanto caminhava, Jesus viu um homem
cego de nascença. 2 Seus discípulos
perguntaram: “Rabi, por que este homem
nasceu cego? Foi por causa de seus próprios
pecados ou dos pecados de seus pais?”. 3
Jesus respondeu: “Nem uma coisa nem outra.
Isso aconteceu para que o poder de Deus se
manifestasse nele”.
Modelo Caritativo
• A deficiência é vista como um infortúnio, um
castigo, uma aberração demoníaca ou fruto
do pecado insano do homem
• A pessoa com deficiência é vista como alguém
cometido por uma tragédia pessoal, por isso
merecedora de compaixão, pena, de ajuda e
caridade.
• Nesse período é que surgiram os primeiros
hospitais de caridade que abrigavam os
indigentes e as pessoas com deficiências.
• Está relacionado tanto ao Paradigma Religioso
(entende a deficiência como castigo divino,
quanto ao Paradigma Moral (associa a
deficiência à vergonha e à culpa).
Notre-Dame de Paris, também conhecido como O
Corcunda de Notre-Dame, é um romance do escritor
francês Victor Hugo, ambientado na Paris do século XV
(1482)
Modelo Médico
• Na Idade Moderna a base cientifica reformula a
visão de deficiência. Philippe Pinel (1745-1826)
explicou que pessoas com perturbações mentais
devem ser tratadas como doentes, ao contrário
do que acontecia na época quando eram trados
com violência e discriminação (HALOS, 2012) .
• A deficiência é vista como doença, lesão,
patologia, anormalidade, desvio, incapacidade,
limitação, um problema do indivíduo, que
necessita de cuidados médico.
• Esta abordagem consiste na normalização da
pessoa com deficiência. São pessoas que
precisam de tratamentos especiais em
instituições especializadas.
• O diagnóstico é realizado em busca da etiologia,
da anatomia, das causas externas das lesões, do
tratamento bioquímico e somático e, por meio
da reabilitação ou reparação.
Vídeo: O Menino Selvagem (1969)
Em 1797, o médico francês Jean Itard sistematizou um método de
ensino inspirado na experiência do “menino selvagem”, batizado de
Victor de Aveyron. Após ter sido capturado, o garoto foi encerrado
durante um mês no Asilo de Saint Afrique, destinado a doentes e
indigentes. Ficou sob os cuidados do professor Bonaterre na Escola
Central de Rodez e, posteriormente, foi transferido para o Instituto
Nacional de Surdos-Mudos. O médico Philipe Pinel concluiu que o
garoto selvagem teria sido abandonado justamente por apresentar
alto grau de demência, de modo a não sugerir qualquer
possibilidade de reabilitação e educação. Itard acreditava na
possibilidade de se estimar o grau de inteligência de um adolescente
privado da convivência humana, modificando o seu estado intelectual.
MODELO DE DÉFICT – os problemas comportamentais,
linguagem e o pensamento indicam a deficiência a ser corrigida
para se integrar na sociedade (Segregar para Educar).
Modelo Médico
• Modelo médico-psicológico, clínico-
terapêutico, biomédico – são diversas
nomenclaturas usadas para se referir ao
que aqui denominamos Modelo
Individual.
• A deficiência é uma condição individual,
da pessoa em si, que precisa ser
tratada, curada, amenizada e/ou
corrigida.
• O sistema proposto a partir do
diagnóstico da doença, avaliando a
incapacidade (situação física da pessoa),
estabelecendo a deficiência (limitação da
atividade) e a desvantagem (expressa as
limitações de desempenho social).
• O processo de categorização e
subcategorização ganha força com a
Psicologia, a partir da criação de testes
(GESSER, et al 2012)
• O modelo individual localiza o problema da
deficiência dentro do indivíduo e vê as causas deste
problema como decorrentes de limitações
funcionais, dano biológico ou prejuízos psicológicos
que são assumidos como decorrentes da deficiência
(PICCOLO, 2015).
• A grande teoria que guia essa estrutura orgânica é a
da deficiência como tragédia pessoal, que torna o
indivíduo carente de tratamento médico. Sob tal
ótica, o indivíduo é visto como alguém que precisa
ser tratado, reabilitado e capacitado para se adaptar
a sociedade.
• Se preocupa com o que a pessoa NÃO É CAPAZ de
fazer. As pesquisas e práticas desenvolvidas devem
estar voltadas à melhoria da vida das pessoas com
deficiência, gerando recursos para melhorar o
diagnóstico, o tratamento, bem como o uso de
tecnologia assistiva.
A Medicalização na
Sociedade Moderna
A culpabilização e a medicalização da deficiência se
assenta no modelo individual, no enfoque biologista, que
tem marcado decisivamente a interpretação sobre
aludido fenômeno nas sociedades modernas (PICCOLO,
2015)
Para Foucault (1998) o olhar médico faz parte da forma
de governar a população (BIOPOLITICA) e ordenar a
sociedade. “a medicalização se caracteriza pela
intervenção médica sobre o plano da vida dos sujeitos,
exercendo um controle sobre a população e o indivíduo”
(ZORZANELLI; CRUZ, 2018, p. 724-725)
Sem desconsiderar a importância do saber clínico ou
olhar médico questionamos: Por que a escola dá tanta
importância ao olhar médico (materializado no laudo)? O
que se faz com ele e a partir dele?
• A deficiência não é uma consequência natural do
corpo lesionado, e, sim, um fenômeno cultural,
social e politico imposto socialmente a um corpo
que foge a normalização exposta.
• O modelo social se antepõe radicalmente ao
modelo individual e desloca o problema da
deficiência para fora do indivíduo. É a estrutura
social que cria a deficiência devido à falta de
serviços e oportunidades adequadas para
assegurar de uma forma condigna as necessidades
das pessoas com deficiência (PICCOLO, 2015).
• A deficiência é um problema criado na sociedade, o
que exige uma resposta política e não tanto
individual. A sociedade que deve se adaptar e
acomodar para atender as necessidades de seus
membros e, não o contrário.
• O modelo social se caracteriza pela afirmação de
que a principal causa da exclusão social enfrentada
pelas pessoas com deficiência reside na forma
como a sociedade reage a suas diferenças.
Modelo
Social
Modelo
Social
• A pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo
prazo, os quais em interação com diversas barreiras pode obstruir a
sua participação plena e efetiva na sociedade (BRASIL, 2015). Elas
necessitam de suporte e adequações.
• A incapacidade é compreendida como desvantagem ou restrição da
atividade, causada pela sociedade capitalista que desconsidera as
pessoas com deficiências, excluindo-as da participação nas atividades
sociais comuns.
• Baseado no conceito de equiparação de oportunidades (como
eliminar as barreiras incapacitantes da sociedade, por meio de
políticas públicas que asseguram adequações razoáveis) que combate
a exclusão zero, ou seja, não recusa ninguém com base em atributos
pessoais.
Impedimentos
(atributos
pessoais)
Barreiras
(ambiente)
Deficiência
Modelo Social
de Direitos
Humanos
• Habitar um corpo com impedimentos físicos, intelectuais
ou sensoriais é uma das muitas formas de estar no mundo.
• Todas as pessoas com deficiência experimentam múltiplas
maneiras de restrições sociais, seja devido à
inacessibilidade de alguns ambientes ou de noções
questionáveis de inteligência e competência social, da
inabilidade da população em geral se comunicar mediante
uma linguagem gestual ou pelo uso do Braille, ou ainda
pelas atitudes de descrédito e preconceito desferidas
contra as pessoas com deficiência (OLIVER, 1998, p.44).
• A deficiência é vista como desvantagem social. Não se
resume ao catálogo de doenças e lesões de uma perícia
biomédica do corpo (DINIZ, 2007) é um conceito que
denuncia a relação de desigualdade imposta por
ambientes com barreiras a um corpo com impedimentos.
“Nenhum resultado a respeito das pessoas com deficiência haverá de ser
gerado sem a plena participação das próprias pessoas com deficiência“
Romeu Sassaki.
‘Coitadinha, tão novinha na cadeira de rodas,tão
bonita’.
“Nossa,mesmodeficienteele(a)conseguefazer
tudo”.
“Temgentequenãotempernae trabalha
evocêaindareclamadavida”
“Vocêé umheróiporconseguirir naescola sozinho”
“Quebomque,apesardetudo,vocêestá
semprefeliz!”
“Você é um anjo por estar passando por
isso!”
“Vocêtem um filho especial porque você é especial!”
“Foi coisa divina! Às vezes se fosse normal, estava dando
trabalho para os pais!”
• A desvantagem não é inerente aos contornos do corpo, mas resultado de valores, atitudes e práticas que
discriminam o corpo com impedimentos (DINIZ, 2007). As mudanças culturais, políticas, econômicas,
ambientais e sociais são apontadas como alternativas para melhora nas condições de vida das pessoas
em situação de deficiência.
ModeloSocialdeDireitosHumanos
• Fundamentado na defesa dos direitos civis e humanos das pessoas
em situação de deficiência, é também denominado Abordagem
Baseada nos Direitos.
• Deficiência não é apenas o que o olhar médico descreve, mas
principalmente a restrição à participação plena provocada pelas
barreiras sociais. Resulta da interação entre ter uma lesão e viver
em uma sociedade despreparada para acolher pessoas com lesões
(DINIZ, 2007).
• A deficiência não é matéria de vida privada ou de cuidados
familiares, mas uma questão de justiça. Por isso, a deficiência é
essencialmente uma questão de direitos humanos.
O documentário “História do
Movimento Político das Pessoas
com Deficiência no Brasil” (2010)
Filme Crip Camp: Revolução pela Inclusão (2020)
É um documentário da Netflix que mostra a vida de algumas
pessoas que foram fundamentais na criação da lei que
garante os direitos das pessoas com deficiência nos Estados
Unidos (1960)
“O filme mostra com muita força e propriedade pessoas
que nasceram em um mundo onde eles, e seus
semelhantes, foram por muito tempo, marginalizados e
isolados” Carla Douglass.
A luta para vencer a invisibilidade, a segregação, a exclusão passa
por derrubar o paradigma de que a pessoa com deficiência pode
ser considerada como um grupo cujos membros estão em uma
posição inferior aos demais membros da sociedade porque são
pessoas com deficiência (PICCOLO; MENDES, 2013)
Modelo Biopsicossocial da
Deficiência
• Em 1991, a OMS formou uma equipe de
pesquisadores para a reformulação da CIDID. O
novo documentos foi publicado em 2001, como
International Classification of Functioning,
Disability and Health – ICF e apresentado como
uma busca de integrar o Modelo Médico
(Individual) e o Modelo Social de Deficiência,
fundando o Modelo Biopsicossocial de
compreensão da deficiência.
• O documento estabelece critérios para mensurar
as barreiras e a restrição de participação social. A
deficiência assume aparentemente um corte
cultural, político e social.
““deficiência é o desfecho ou o resultado de
uma complexa relação entre o estado de saúde
do indivíduo e fatores pessoais e, fatores
externos que representam as circunstâncias
em que o indivíduo vive” (WHO, 2001, p.17)
Autoria: Rosimeri Franck Pichler
Modelo Biopsicossocial
da Deficiência
• A deficiência engloba um corpo com
limitações de atividades ou restrições de
participação e não se resume aos
impedimentos, pois é o resultado de uma
complexa relação entre a condição de
saúde do indivíduo e os fatores pessoais e
externos (ambientais) que representam as
circunstancias em que o indivíduo vive
• A Condição de Saúde se refere doença,
desordem ou trauma, a qual deve
considerar as Estruturas (parte anatômica)
e Funções (fisiológicas e psicológicas) do
corpo; a Atividade, que faz menção a
execução de uma tarefa, e a Participação,
que concerne ao envolvimento nas
situações de vida. Considerando também
os fatores pessoais (histórico completo de
vida e o estilo de vida) e os fatores
ambientais (físico e social) em que a
pessoa vive.
Modelo Biopsicossocial
da Deficiência
• O modelo da CIF substitui o enfoque
negativo da deficiência e da incapacidade
por uma perspectiva positiva, considerando
as atividades que um indivíduo, que
apresenta alterações de função e/ou ,
estrutura do corpo, pode desempenhar,
bem como a sua participação social, ainda
que a ênfase esteja nas lesões, e não no
ambiente em que vive.
• Para Barnes (2010), o problema da CIF é
justamente de que a deficiência segue
sendo um assunto da saúde, mas do um
assunto político. A tentativa de incorporar à
participação conceitos como: sexo, raça,
idade, condição física, estilo de vida,
escolaridade, profissão, experiencias
passada e presente, acaba não acontecendo
devido a variação social e cultural. (CIF
simplista - os conceitos estão vinculados
apenas as circunstancias individuais)
• A CIF está longe de responder aos anseios e problemáticas aventados pelo
modelo social. Seja pela falta de uma visão historiográfica do processo de
produção contextualizada da deficiência; seja pelo fato de que a
transformação material e revolucionária da sociedade ao menos é cogitada
como uma das possíveis soluções para a redução da opressão a que estão
submetidos as pessoas com deficiência. “Apesar da pretensão
biopsicossocial, a ICF mantém a preeminência da ciência médica como
discurso legítimo de definição da deficiência” (RODRÍGUES-DIAS; FERREIRA,
2010, p.159).
• A pessoa com deficiência não deve ser
encarada única e exclusivamente a partir da
visão de um corpo com lesões, mas, sim, um
corpo com lesões inserido em uma
sociedade que oprime e segrega a não
normalidade (DINIZ, 2007).
Retrato do Brasil
3,8% da população ou
7,8 milhões de pessoas
acima de dois anos,
apresentam deficiência
física nos membros
inferiores, enquanto
2,7% das pessoas têm
nos membros
superiores;
3,4% dos brasileiros
possuem deficiência
visual;
1,1%, deficiência
auditiva;
1,2% ou 2,5 milhões
têm deficiência
intelectual.
10,5 milhões
(9,9%)
6,7 milhões
(6,9%)
(9,7%) (8,2%)
9,7% pretas, 8,5% pardas e 8% brancas
28,3%
68% da população com deficiência não
tem instrução ou possui o ensino
fundamental incompleto
(IBGE/PNS, 2021)
Retrato do Brasil
A exclusão ainda é maior entre os de baixa renda. Dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), que constam no
relatório, mostram que em países de baixa renda apenas
entre 5% e 15% das pessoas que necessitam de tecnologia
assistiva conseguem obtê-la (UNICEF, 2013).
(IBGE/PNS, 2021)
A relação
entre
pobreza e
deficiência é
dialética. De
acordo com
o Banco
Mundial,
uma a cada
cinco
pessoas mais
pobres do
mundo tem
uma
deficiência.
Terminologias
2
VAMOS LEMBRAR QUE A ESCOLA...
• no Brasil, desde sua origem, é para poucos. Em 1824 na promulgação da
Constituição Imperial era reconhecido o direito à instrução primária gratuita aos
cidadãos brasileiros desde que estes fossem livres ou libertos. Sistema educacional
excludente, considerando que os escravos representavam um quinto da população e
os índios cerca de dois terços, ambos eram excluídos do direito à instrução, sob o
argumento de configurarem-se como “aptos a serem segregados em aldeamentos
para efeito de civilização e de catequese” (CURY, 2008, p. 211).
• Na década de 1920 o discurso de inclusão social da escola passou a figurar nos
discursos pedagógicos. O processo de luta dos movimentos sociais, culturais e
políticos que eclode o “entusiasmo pela educação” (MARQUES, 2007)
• Com o advento da Constituição Cidadã (CF/1988) a educação passa a ser
considerada direito social. A escola assume como função social assegurar o
desenvolvimento pleno , o exercício da cidadania e a preparação para o trabalho
(BRASIL, 1996).
A ESCOLA
Escola Regular Escola Especial
Espaço para
socialização
Lugar para conviver,
interagir e aprender
Instituição para
escolarização
A Escola é uma invenção recente
“O avanço da consciência dos direitos sociais e
humanos e o reconhecimento da educação como
direito nos obrigam a repensar o fracasso e suas
explicações e intervenções, tendo como
referentes ético-políticos esses mesmos direitos.
Avançamos na consciência de que o fracasso
escolar repõe formas de segregação e de negação
do direito de milhões de educandos a percursos
dignos de formação, socialização, apreensão da
herança cultural e do conhecimento.
Reconhecemos que a garantia desse direito está
atrelada ao avanço da garantia do direito a um
viver digno, justo e igualitário. Um avanço da
maior relevância” (ABRAMOWICZ; ARROYO,
2014, p.7-8).
Você já ouviu???
Especial
• Termo criado para atenuar
a condição da pessoa
tornando-a “especial”.
Remete também conforto a
família, desperta o
sentimento de zelo e a
natureza sacrifical para
superar os desafios, uma
vez que o nascimento de
uma criança com
deficiência era considerado
um acontecimento nefasto
Excepcional
• Termo utilizado nos anos
1950-1970 para designar
pessoas “deficientes
mentais”. Com o surgimento
de estudos e práticas
educacionais na área de altas
habilidades ou talentos nos
anos 1980-1990, o termo
passou a referir-se a pessoas
com inteligência lógica-
matemática abaixo da média
ou pessoas com inteligências
múltiplas acima da média.
Portador
• No Brasil, tornou-se
popular entre os anos
1980-1990, o uso do
termo portador de
deficiência na
constituição federal de
1988 e é relacionado a
algo que se "porta",
como algo temporário,
quando a deficiência,
na maioria das vezes, é
algo permanente.
Deficiente
• Defeituoso, aleijado e
inválido, são palavras muito
antigas, anos 1970, que
eram utilizadas com
frequência e hoje podem
ter em caráter pejorativo.
Além disso, pode se tornar
um estigma por meio do
qual a deficiência passa a
ser a característica principal
em detrimento da condição
humana.
“Longe de ser mero preciosismo, o cuidado com as palavras faz parte da busca por patamares mais
civilizados e inteligentes de convivência entre seres humanos”. (Rodrigo Hübner Mendes)
O Relatório Warnock introduz o conceito de Necessidades
Educativas Especiais, englobando as pessoas com deficiências e
todos aquelas que ao longo do seu percurso escolar possam
apresentar dificuldades específicas de aprendizagem. (WARNOCK,
1978,p.36).
A Declaração de Salamanca (1994) baseada no Relatório Warnock
Introduz o termo inclusão (uma nova atitude filosófica, científica,
política, social e econômica, que quer dizer que já não é o aluno que
deve adaptar-se à escola, mas é a escola que deve adaptar-se a cada
aluno na especificidade das diferenças de cada um).
No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades educacionais
especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas
necessidades educacionais especiais se originam em função de
deficiências ou dificuldades de aprendizagem
Convenção Sobre osDireitos das Pessoas com Deficiência
(DECRETO nº6.949/2009)
Pessoas com deficiência são
aquelas que têm impedimentos de
longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os
quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na
sociedade em igualdades de
condições com as demais pessoas
(Art. 2º).
BARREIRAS
qualquer entrave,
obstáculo, atitude ou
comportamento que limite
ou impeça a participação
social da pessoa, bem
como o gozo, a fruição e o
exercício de seus direitos à
acessibilidade, à liberdade
de movimento e de
expressão, à comunicação,
ao acesso à informação, à
compreensão, à circulação
com segurança, entre
outros.
(Art. 2º Lei nº 13.146/2015).
Atitudinal
Comunicação
Urbanística Arquitetônica
Pedagógica (Metodológica,
Instrumental e avaliativa)
Transporte
Programática
(legislação e
normas)
Tecnológica
E como eliminar as barreiras?
É importante saber como
pessoas autistas se sentem em
relação ao autismo, ou anãs
em relação ao nanismo. A
aceitação de si mesmo faz
parte do ideal, mas sem
aceitação familiar e social ela
não pode amenizar as
injustiças implacáveis a que
muitos grupos de identidade
horizontal estão sujeitos, e
não provocará uma reforma
adequada (SOLOMON, 2013,
p. 17)
ACESSIBILIDADE
possibilidade e condição de
alcance para utilização, com
segurança e autonomia, de
espaços, mobiliários,
equipamentos urbanos,
edificações, transportes,
informação e comunicação,
inclusive seus sistemas e
tecnologias, bem como de
outros serviços e instalações
abertos ao público, de uso
público ou privados de uso
coletivo, tanto na zona urbana
como na rural, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade
reduzida.
(Art. 2º Lei nº 13.146/2015).
Atitudinal
Comunicação
Urbanística Arquitetônica
Pedagógica
(Metodológica,
Instrumental e avaliativa)
Transporte
Programática
(legislação e
normas)
Tecnológica
Para refletir
• A deficiência não é apenas uma condição, é um fenômeno social
multifacetado, que abrange a situação econômica e social, os papeis
atribuídos as pessoas em situação de deficiência e as forças politicas,
contrapondo-se a perspectiva médica que culpabiliza as pessoas a partir das
lesões.
• A história da inclusão de pessoas com deficiência na escola comum é recente.
Somente em 2008, o número de matrículas nas escolas comuns superou o das
instituições de educação especial. E em 2020, mais de 90% de estudantes com
deficiência estão matriculados nas escolas comuns.
• Em 2016, a ADI nº 5357, que ao discutir à época a Lei Brasileira de Inclusão,
reconheceu que o sistema educacional de ensino deve ser inclusivo em todas
etapas e modalidades, especialmente pelo fato da Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência ter sido internalizada com o mesmo status da
Constituição Federal.
3
Segregação,
Integração e
Inclusão
4
Educação
Especial e
Educação
Inclusiva
2ª Parte
Refletir sobre os paradigmas da Segregação,
Integração e Inclusão, a partir da distinção entre
Educação Especial e Educação Inclusiva.
3
Segregação,
Integração e
Inclusão
Um levantamento do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) aponta que 8,4% da
população brasileira acima de 2 anos
– o que representa 17,3 milhões de
pessoas tem algum tipo de
deficiência. Quase metade dessa
parcela (49,4% ou 8,5 milhões) é de
idosos e cerca de 332 mil (1,9%) são
crianças de 2 a 9 anos (IBGE/PNS,
2021).
O número de
crianças com
deficiência em
todo o mundo
é estimado em
quase 240
milhões
(UNICEF, 2021)
Compreendendo
os conceitos
A integração refere-se mais especificamente à
inserção de alunos com deficiência nas escolas
comuns, mas seu emprego dá-se também para
designar alunos agrupados em escolas especiais para
pessoas com deficiência, ou mesmo em classes
especiais. O objetivo da integração é inserir um aluno
(MANTOAN, 2003).
a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional,
pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que
apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais. Na
perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão dos sistemas
escolares em modalidades de ensino especial e de ensino
regular. As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem
trabalhar à parte com alunos com deficiência ou com
necessidades educacionais especiais (MANTOAN, 2003).
de acordo com Amaral (2001), no final do século XIX e inicio do
século XX houve uma divisão do exercício educacional. Nasceu
uma pedagogia especializada e institucionalizada, que separava
indivíduos de acordo com diagnósticos em quociente
intelectual. Este primeiro momento ficou conhecido como fase
de segregação, tais escolas especiais cresciam e se
multiplicavam por diferentes etiologias: pessoas com cegueira,
surdez, com deficiência física, intelectual, etc.
No século XVII, pessoas com deficiência visual, auditiva ou
mental, eram totalmente segregados, internados em
orfanatos, manicômios e outros tipos de instituições. Esses
internatos acolhiam uma diversidade de sujeitos com
patologias distintas, alguns deficientes, outros doentes.
Essa fase ficou conhecida como fase da exclusão, porque
qualquer pessoa que não estivesse no padrão de
comportamento e de desenvolvimento instituído pela
sociedade era totalmente excluída da vida em sociedade
(AMARAL, 2001).
EXCLUSÃO
SEGREGAÇÃO
EXTERMÍNIO
INSTITUCIONALIZAÇÃO
INTEGRAÇÃO
NORMALIZAÇÃO
ENSINO DOMICILIAR
ESCOLA ESPECIAL
CLASSE ESPECIAL
CLASSE COMUM
ESCOLA INCLUSIVA
REDE DE APOIO
INCLUSÃO
SERVIÇOS
SUPORTES
Compreendendo
os conceitos
Reconhecer que
todas pessoas são
seres humanos e
trata-las da mesma
forma, garantindo
igualdade de
condições e
oportunidades.
IGUALDADE
é a garantia de
tratamento
diferenciado em
igualdade de
condições e
oportunidades
EQUIDADE
Qualidade do que é
diferente; diverso, O
que é capaz de
distinguir uma coisa
de outra.
DIFERENÇA
é a pluralidade de
culturas, identidades,
formas de pensar,
experiências e
trajetórias que
podem ser
encontradas em um
grupo de pessoas.
DIVERSIDADE
No mundo globalizado há a
tendência de uniformização
de valores e crenças
(CULTURA de MASSA)
levando os homens a
pensarem do mesmo modo
Inclusão
• A inclusão educacional expressa o
conceito de sociedade inclusiva,
aquela que não elege, classifica ou
segrega indivíduos, mas que modifica
seus ambientes, atitudes e estruturas
para tornar-se acessível atodos.
(UNESCO, 2007)
INCLUIR:não é apenas acesso e,sim compromisso com a garantia do direito a
educação
o simples acesso à escola é condição
necessária, mas não suficiente para tirar das
sombra do esquecimento social milhões
de pessoas, cuja a existência só é
reconhecida nos quadros de estatísticos e
que, o processo de exclusão educacional
não se dá mais, principalmente na
questão do acesso à escola, mas sim
dentro dela (SADER, 2005, p. 16).
Desenvolver
potencialidades
Acompanhar
desempenho
Possibilitar
aprendizagens
Vislumbrar
possibilidades
realizadas
Dilema Moral da Inclusão
• Utilarismo (decisão está baseada em uma ponderação cuidadosa das
consequências, na analise custo-benefício);
• Deontologia (decisão deve estar pautada no princípio). O ápice das
ciências deontológicas é a ética (doutrina da justiça).
Maria Emília em atividade com Octávio
durante o Atendimento Pedagógico Domiciliar
(FONTE: www.DIVERSA.ORG.BR
O artigo 5º, § 3º da Constituição Federal institui os direitos que o Brasil deve
garantir às pessoas com deficiência, por meio de políticas públicas
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais - DEC 6.949, de 2009
Artigo 24 - 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à
educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de
oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em
todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida,
• A educação inclusiva é um imperativo, algo que pressupõe e
se justifica por si mesmo (auto justificado) – a própria
verdade, imutável e imune as crises. Mundo isotrópico, um
espaço igual e homogêneo. Pensa-se que o natural é todos
ocuparem igualmente os espaços sociais, por isso incluir
significa voltar a ordem natural perdida. (na escola todos são
colocados sob o mesmo processo de inclusão, banalizando
os sentidos de inclusão para introdução de todos num
mesmo espaço físico).
• A utopia moderna da inclusão traz um principio de ordem
que não é necessariamente o oposto ao principio da
exclusão: inclusão e exclusão estão amarradas na mesma
ordem. Esses conceitos fundem-se e proclamam o medo da
diferença.
Problematização do discurso inclusivo
• Kupfer e Colli (2005, p. 17) localiza na defesa incondicional da inclusão escolar
de crianças pelo menos dois problemas. “O primeiro está na confusão que se
instala quando aparece, ao lado da defesa da igualdade, a igualmente vigorosa
defesa das diferenças entre as crianças. O segundo está no caráter absoluto com
que se defende a inclusão: ela precisa ser feita a qualquer custo”
• O direito à “educação para todos” em uma escola inclusiva está legalmente
garantido. No entanto, processos de exclusão continuam existindo mesmo quando
os estudantes são “incluídos” no sistema educacional. Faustino et al (2018) afirma
que os processos de exclusão têm sido realizados abertamente por escolas
brasileiras, alguns atrelados à recusa de vaga para estudantes com deficiência;
outros, relacionados a não oferta de profissionais, recursos e serviços de apoio à
inclusão.
In/exclusão
• Inclusão não é o inverso de exclusão, e
sim o processo de modificação do sistema
para torná-lo de todas e todos.
• Grafar in/exclusão aponta para o fato de
que as atuais formas de inclusão e de
exclusão caracterizam um modo
contemporâneo de operação que não opõe
a inclusão à exclusão, mas as articulam de
tal forma que uma só opera na relação com
a outra e por meio do sujeito, de sua
subjetividade.
VEIGA-NETO; LOPES (2011)
IN/EXCLUSÃO
• Construir uma escola onde caibam todos os mundos,
culturas, está na agenda do pensamento pedagógico
atual. A escola como ambiente de produção de culturas
rompe com a lógica de incluir para manter excluído.
• Igualdade e diferença não são antônimos Boa parte das
politicas oficiais distingue igualdade e diferenças, ao
mesmo tempo em que usam a diversidade para
designar algo desejável. Levar a população a confundir
diferenças com igualade, em termo práticos significa
trazer os surdos para ouvintes. Foucault (1998) mostra
como a modernidade construiu ao longo do tempo
mecanismos para contenção das diferenças.
• Para Lopes e Hattge (2009, p. 9) “Diferenças, sempre no
plural. Diferenças que não podem ser reduzidas ao
mesmo, ao uno; diferenças que não estão para ser
toleradas, aceitas, normalizadas. Diferenças pelas
diferenças, numa politica do diverso”.
In/exclusão
Como trabalhar um discurso inclusivo
numa sociedade que é ela mesma
excludente?
• Fomos convocados para tentar
modificar uma escola que se constitui
ao longo do tempo obedecendo a
lógica da exclusão. E tentamos fazer
isso num ambiente neoliberal, num
ambiente de império, num ambiente de
capitalismo avançado, num ambiente
de competição cega, cruel e
excludente.
• Portanto, muitas vezes estamos
incluindo alguém para ao fim e ao cabo,
mantê-lo excluído (inclusão excludente)
(VEIGA-NETO, 2005, p. 68; 69).
A Escola é...
Inclusiva em seus
princípios – todos têm
direito à escola (ricos e
pobres, alunos com bom
ou fraco desempenho,
pessoas com deficiências...)
Excludente em suas
práticas: nem todos
aprendem ou encontram
espaço para suas
especificidades. Há um
“modelo” de aluno para o
qual ensinamos.
3 pontos a considerar...
• A escola é um lugar de diferenças e não um lugar de
equalização (trata-se de igualdade, mas mantém-se
a diferença).
• Não basta tocarmos adiante boas e sérias politicas
de inclusão para que os fantasmas das
desigualdades sociais sejam exorcizados (versão de
educação inclusiva salvacionista e ingênua).
• Qualquer politica de inclusão é de ordem politica,
social, cultural e epistemológica (o problema é o
reducionismo a um destes aspectos).
VEIGA-NETO; LOPES (2011)
• Faustino et al (2018, p. 902) esclarece que as macro inclusões buscam
garantir o acesso de pessoas pertencentes a grupos marginalizados de
determinados contextos educacionais (documentos legais e
normativos). “As políticas de macro inclusão em relação à educação
inclusiva visa criar alternativas para superar dificuldades e limitações
do sistema educacional. Reconhece a necessidade de mudanças
estruturais e culturais no espaço escolar e permite, assim, o
atendimento das necessidades dos estudantes, bem como garante
sua participação nos mais variados processos de ensino”.
Para refletir...
• A transposição dos conceitos de Darwin e Mendel para ideais
genocidas e antissemitas levaram as propostas de eugenia,
permitidas pela cultura da segregação, desvelando a cultura de
opressão que viva os negros, pobres, mulheres, judeus,
ciganos e pessoas com deficiências . “Foram os deficientes que
sofreram na carne as primeiras agruras de ideias
posteriormente batizadas de eugênicas [...] o holocausto
nazista também teve nas pessoas com deficiência um dos
públicos diletos” (PICCOLO, 2015, p. 58)
• Engana-se quem considera que as ideias eugênicas morreram
com o fechamento dos campos de concentração , ao contrário,
em 1962 ressurgem com a descoberta do DNA e retoma o
ideal de que nenhum recém-nascido venha a nascer sem antes
passar com êxito nos testes de padrão genético. Novamente
pessoas com deficiência são objetos de opressão e extermínio
(PICCOLO, 2015). Será que o pensamento cientifico fundado
na mitologia naturalista não continua a justificar os atos de
discriminação, exclusão e segregação, desconsiderando a
premissa que a condição de deficiência é uma humana?
HOLOCAUSTO BRASILEIRO:
GENOCIDIO: 60 MIL MORTOS
NO MAIOR HOSPICIO DO
BRASIL
Educação Especial e
Educação Inclusiva
4
Educação Especial: da segregação à inclusão
Século
XIX
• Criação dos
institutos
imperiais
(surdos-
mudos e
cegos) noRJ
(Leinº
839/1857e
decretonº
1428/1854).
Século
XIX
• Criação da1
ª
instituição
para
pessoascom
DInaBA
• decretonº
1428/1854).
Século
XX
• Criação e
Proliferação
das escolas
filantrópicas
(APAEs e
Pestallozi)
Educação Especial: da exclusão à inclusão
Glate Ferreira(2003)
Processo de institucionalização da EE nos
sistemaspúblicosdeEnsino.
Crescimento de classes especiais junto às
escolas públicas – responsáveis pelo chamado
“tratamento especial” que alegislação previa
paraosalunosconsiderados excepcionais.
A Educação Especial foi incluída nos planos
setoriais do governo e desenvolveram-se os
setores especializados nas redes escolares;
Manutenção da hegemonia política e de
atendimentodasorganizaçõesfilantrópicas
Desenvolvimento de programas de
formação deprofessores
Herançaassistencialista
Ideiasdenormalização eintegração
Ganhos de um atendimento especializado e
interdisciplinar
Crescimento das escolas especiais privadas para
aquelesematrasoescolar significativo.
Anos
1970/1980
TIPOS DE APOIOS A ESCOLARIZAÇÃO
[...] a educação especial é uma modalidade de ensino que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o
atendimento educacional especializado, disponibiliza os
serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta
os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas
turmas comuns do ensinoregular
.
(BRASIL,2008,p.16).
Art.58.Entende-sepor educação especial, paraos efeitos destaLei, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rederegular deensino, paraeducandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
(RedaçãodadapelaLei nº12.796,de2013)
DEFINIÇÃO
DO
PÚBLICO-
ALVO DA
EDUCAÇÃO
ESPECIAL
Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais
especiais os que,
durante o processo educacional, apresentarem:
I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no
processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento
das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;
b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou
deficiências;
II - dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos
demais alunos,
demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;
III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de
aprendizagem que os leve a
dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.
Resolução CNE/CEB nº 02/2001
Estudantes atendidos pela Educação Especial/AEE – PNEE_EI/2008
▪Alunos com deficiência
▪Impedimentos de longo prazo, de natureza física, intelectual ou sensorial, que
em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena
e efetiva na escola e nasociedade.
▪Alunos com transtornos globais do desenvolvimento
▪1) Alterações qualitativas das interações sociaisrecíprocas,
▪ 2) Na comunicação,
▪ 3) Repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo.
▪Alunos com altas habilidades/superdotação
▪ Potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou
combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes.
▪ Elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de
tarefas em áreas de seu interesse.
(Brasil, 2008)
TRANSTORNO DO ESPECTROAUTISTA
(TEA)
TRANST.
DESINT. DA
INFÂNCIA
AUTISMO
SINDROME
DE
ASPERGER
DSM-V (2013)
• DEFICIÊNCIA VISUAL (BAIXA VISÃO, CEGUEIRA E VISÃO MONOCULAR)
• DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ
• DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
• DEFICIÊNCIA FÍSICA
• DEFICIÊNCIAS MULTIPLAS
• SURDOCEGUEIRA
• TRANSTORNOS GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO /TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
• ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
Inclusão Escolar: amparo legal
Lein°
14.126/2021
Lei nº 13.935/2019
É bom lembrar
que...
O Plano Nacional de Educação,
instituído pela Lei n. 13.005, de
25.06.2014, tem como meta 4
universalizar, para a população
de 4 a 17 anos com deficiência,
independentemente do tipo, o
acesso à educação básica e ao
atendimento educacional
especializado preferencialmente
na rede regular de ensino.
O que é Educação Inclusiva?
É um processo educacional em construção, de cunho mundial,
que implica no acesso e permanência de todos os alunos na
escola, conjugando igualdade e diferença como valores
indissociáveis com adoção de práticas pedagógicas que
valorize as potencialidades e a produção de conhecimentos,
segundo o ritmo e possibilidades de cada aluno
constitui um paradigma educacional fundamentado na
concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e
diferença como valores indissociáveis, e que avança em
relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as
circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro
e fora da escola (BRASIL, 2008, p. 1).
Envolve um processo de reforma e de reestruturação das
escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos
os alunos possam ter acesso a todas as gamas de
oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola
MITTLER, 2003, p. 25).
Objetivo é garantir o acesso e
a participação de todas as
crianças em todas aas
possiblidades de
oportunidades oferecidas
pela escola, impedir a
segregação e o isolamento
(MITTLER, 2003, p. 25).
EDUCAÇÃO INCLUSIVA como POLÍTICA DE ESTADO
•Constitui um paradigma
fundamentado nos direitos humanos;
•Conjuga igualdade e diferença como valores
indissociáveis;
•Convidaa escolae a sociedade a criar
alternativas para superação da exclusão;
•Implica em uma mudança estrutural e
cultural da escola comum para que esta
receba a todos os alunos.
Rede e Serviços à Inclusão Escolar
SRM
CAS
CAP
NAAHS
Tecnologia
Assistiva
CAA
NAPPB
Prof./
Intérp./Instr
. de Libras
EDUC.
Bilíngue
Prof.
Educação
Especial
Profis. de
Apoio Escolar
Guia-
interprete
Classe
Hospitalar
AEE
Flexibilização
Curricular
Planejamento
Adequado
Ensino
Colaborativo
Escola
Acessível
Beneficio
de
Prestação
Continua
da na
escola
Transport
e Escolar
Acessível
Implantaç
ão de
SRM
Educação
Inclusiva:
direito à
diversida
de
Livro
Acessível
Formação
continua
da de
professor
e na
educação
especial
Prolibras
Centros
de
formação
e
recursos
Comissão
Brasileira
do Braillle
Prêmio
experienc
ias
educacio
nais
inclusivas
Incluir:
acessibili
dade à
educação
superior
Para pensar...
“Penso que escolas só para pessoas com deficiência é
como fazer uma escola que não tenha ninguém diferente,
que não tenham pessoas de outras etnias, de outras
sexualidades, de outros gêneros. É bem excludente, é
como dizer que eu tenho que viver apenas com pessoas
deficientes só porque sou uma” Graziella Freitas, 16 anos.
5
Processo
Inclusivo na
Aprendizagem
3ª Parte
Discutir as implicações de processos
inclusivos para a aprendizagem.
Processo
Inclusivo na
Aprendizagem
5
Garantia do direito de todos à educação passa pela valorização das
diferenças culturais, étnico-raciais, sexuais, físicas, sensoriais,
intelectuais, emocionais, linguísticas e outras.
Princípios da Inclusão Escolar
• Todos têm o mesmo direito à educação
• A escola deve ser para todos
• A escola deve mudar continuamente para
responder aos diferentes estilos de aprendizagem
• Sempre que necessário a escola deve buscar meios
e recursos para responder às necessidades de
todos;
• Assegurar o acesso, permanência, participação e o
conhecimento
"Do acesso à educação à
leitura em casa, as
crianças com deficiência
têm menos probabilidade
de ser incluídas ou
ouvidas em quase todas
as medidas. Com muita
frequência, as crianças
com deficiência são
simplesmente sendo
deixadas para trás“
(UNICEF, 2021).
O ensino colaborativo pode ser entendido como um sistema de parceria entre profissionais da
educação que se envolvem na resolução de problemas de aprendizagem que os estudantes sem
e com deficiências, TGD e altas habilidades/superdotação enfrentam para se escolarizarem
(PUGACH; JOHNSON, 1989).
E O QUE É ENSINO COLABORATIVO?
ENSINO
COLABORATIVO
Para Capellini e Zerbato (2019) entre as diversas estratégias existentes para
remover as barreiras da aprendizagem na escola, a colaboração entre
educadores comuns e especialistas em Educação Especial, bem como
entre equipes de consultores especialistas, ou mesmo entre os alunos, tem
sido uma das ações mais significativas no processo de inclusão escolar.
Vigotski (1983) afirma que a
criança com deficiência
demanda o uso constante de
ferramentas culturais a fim de
expressarem os pensamentos,
desenvolverem linguagem. Em
muitas situações os
instrumentos culturais à
serem utilizados têm que ser
adaptados à estrutura
psicológica da criança com
deficiência, a fim de fazer com
que os mecanismos
fisiológicos e psicológicos
sejam trabalhados, colocando
essa criança em condições de
aprendizagem.
Filme "Le Cervau D'Hugo" / O cérebro de Hugo (2012)
É um filme francês que aborda o
TEA (Síndrome de Asperger).
Baseado em fatos reais que traz,
no formato de documentário,
depoimentos de pessoas com
autismo e nos ajuda a pensar em
quais práticas sociais,
educacionais e terapêuticas
podem vir a contribuir no
processos inclusivos para a
aprendizagem?
Planejamento Educacional
Individualizado (PEI) / Plano de
Atendimento Educacional
Especializado são construídos
de forma colaborativa,
planejada e sistematizada a
partir do currículo escolar.
precisamos de um planejamento que também seja
heterogêneo e comtemple as diferentes formas de aprender.
NA ESCOLA TODOS SÃO DIFERENTES...
Em uma escola que é de tod@s e para tod@s devemos
pensar possibilidades, a partir da singularidade de cada
pessoa em cada contexto, de planejamento e avaliação
voltados para o direito de aprender, a construção da
autonomia e a plena participação.
Desenho Universal para
a Aprendizagem (DUA)
Os fundadores do Desenho Universal para a
Aprendizagem (DUA) David Rose, Anne Meyer e
outros médicos pesquisadores do Centro de
Tecnologia Especial Aplicada (CAST) , o definem
como sendo uma prática pedagógica com a
finalidade de remover toda e qualquer barreira
que dificulte o processo de aprendizagem,
criando currículos flexíveis e dinâmicos,
propondo metodologias de ensino acessíveis,
contribuindo para o aprendizado de alunos com
ou sem deficiência.
É um conceito que orienta práticas
educacionais que oferecem acessibilidade,
reconhecendo que a diferença é uma
característica comum a todos.
Fundamentos para uma proposta com base no DUA
www.cast.org
A Neurociência aplicada
à aprendizagem nos diz
que este processo
envolve três grandes
redes:
•Rede do
reconhecimento (o
quê?): estratégias que
abordam, de maneira
diversificada, o
reconhecimento da
informação;
•Rede da estratégia (o
como?): estratégias
(formas) para expressar
a informação
aprendida;
•Rede afetiva (o por
quê?): estratégias para
promover o
envolvimento
dos estudantes (chamar
a atenção e favorecer a
participação)
Como estas redes funcionam...
Ao olharmos para essa imagem, as três redes
são imediatamente acionadas.
1. A rede do reconhecimento imediatamente
identifica objetos e analisa o contexto que
ele está inserido;
2. A rede da estratégia determina a forma
como analisar a imagem e as informações
que serão relevantes com esta atividade;
3. A rede afetiva determina o tempo e como
vamos analisá-la.
As três redes juntas determinam o que
realmente vemos.
O Desenho Universal para a Aprendizagem é um conjunto de
possibilidades – materiais, técnicas e estratégias flexíveis – que
busca ampliar a aprendizagem de estudantes com ou sem
deficiência.
https://www.unicef.org/eca/sites/unicef.org.eca/files/Booklet%2011%20-%20Portuguese.pdf
Engajamento
Representação
Ação e
Expressão
PRINCIPIOS DO DUA
Educação inclusiva é
pleonasmo.
A Educação é inclusiva por
definição.
As pessoas aprendem de
jeito diferentes, em ritmos
diferentes.
Quando o professor
entende isto,
ele educa melhor.
Rodrigo Hübner Mendes
Referências
ABRAMOWICZ, A.; ARROYO, M. A reconfiguração da escola. entre a negação e a afirmação de direitos. Campinas: Papirus, 2014
AMARALA, L. A. Diferenças, estigma e preconceito: o desafio da inclusão. In M. K. Oliveira, Psicologia, educação e temáticas da vida contemporânea São Paulo:
Moderna.2002, p. 233-248
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CAPELLINI, V. L. M. F.; ZERBATO, A. P. O que é o ensino colaborativo. São Paulo: Edicon, 2019.
CONDEMAN, BRESNAHAN E PEDERSEN, G.; BRESNAHAN, V.; PEDERSEN, T. Taking the plunge: what is coteaching all about? In: ______. Purposeful coteaching: real cases and
effectives strategies. Corwin Press: Thousand Oaks, California, p. 1- 18, 2009
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DINIZ, D. O que é deficiência? São Paulo: Brasiliense, 2007
FAUSTINO, A. C. et al. Macroinclusão e microexclusão no contexto educacionalRevista Eletrônica de Educação, v. 12, n. 3, p. 898-911, set./dez. 2018.
FOUCAULT M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense-Universitária; 1998.
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OLIVER, M. Una sociologia de la discapacid o unja sociologia discapacitada. Em Len
PICCOLO, G. M. Por um pensar sociológico sobre a deficiência Curitiba: Apris, 2015
PICCOLO, G. M; MENDES, E. Contribuições a um pensar sociológico sobre a deficiência. Revisão & Síntese • Educ. Soc. 34 (123) • Jun 2013
PUGACH, M. C.; JOHNSON, L. J. The challenge of implementing collaboration between general and special education. Exception Children, v. 56, n. 3, p. 232-235, 1989MITLER,
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ZORZANELLIS, R.; CRUZ, M. O conceito de medicalização em Michel Foucault na década de 1970. Interface: comunicação, saúde e educação, 2018; 22(66):721-31
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  • 2. Problematização dos modelos médicos e sociais de inclusão no contexto escolar. Reflexão crítica sobre entendimentos de inclusão, integração, e exclusão. Implicação de processos inclusivos para a aprendizagem. Ementa da disciplina
  • 3. Desde 2018, Joris Vlieghe é professor assistente de filosofia da educação na unidade de pesquisa Educação, Cultura e Sociedade. Antes de assumir esta posição, ele lecionou em várias universidades britânicas (Edimburgo, Liverpool, Aberdeen). Como investigador, preocupa-se com o impacto da digitalização no futuro da escolarização, na figura do professor, no significado das práticas educativas e na educação para a sustentabilidade. Junto com Naomi Hodgson e Piotr Zamojski, ele escreveu o Manifesto para uma Pedagogia Pós-crítica (2018), e com este último Para uma Ontologia do Ensino. Afirmação, centro das coisas e amor pelo mundo (2019). JORIS VLIEGHE Professor convidado ELISANGELA MERCADO Professora PUCRS Professora Adjunta II da Universidade Federal de Alagoas. Graduada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia, Mestre em Linguística e Doutora em Educação pela Universidade Federal de Alagoas. Formação em Tutoria Virtual pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Tem experiência na área de Educação. Ministra disciplinas pedagógicas nos curso de graduação e pós-graduação na Universidade Federal de Alagoas, voltados para a área de Gestão Educacional, Estágio Supervisionado, Psicologia da Educação, Psicopedagogia, Processo Ensino e Aprendizagem, Educação Especial, Educação Infantil, Alfabetização e Letramento e Inspeção Escolar. Professores
  • 4. Encontros e resumo da disciplina JORIS VLIEGHE Professor convidado ELISANGELA MERCADO Professora PUCRS O verdadeiro educador está sempre envolvido com os seus alunos, convidando- os a tentar de novo, mesmo contra todas as probabilidades Inclusão é definida como um ideal moral específico de uma ideia específica do que significa viver bem em conjunto. JORIS VLIEGHE Professor convidado Deficiência é apenas a consequência do fato de que a sociedade não está disposta a dar maior atenção a pessoas que requerem algum tratamento específico. Segundo a perspectiva deontológica, a grandeza da humanidade é conseguirmos contrariar nossos desejos egoístas. O negócio da educação foi reduzido a uma questão de rastrear e inventariar distúrbios. É na interação do corpo com os impedimentos, com as barreiras sociais que se restringe a participação plena das pessoas. A educação inclusiva é um caminho que vai melhorar a educação como um todo e que também melhora nossa perspectiva de educação especial. É preciso investir em ações e programas que tragam a família para a discussão da educação. AULA 1 AULA 3 AULA 2
  • 5. 1 Modelos de Deficiência 2 Terminologia 3 Segregação, Integração e Inclusão 4 Educação Especial e Educação Inclusiva 5 Processo Inclusivo na Aprendizagem Percurso de Aprendizagem
  • 6. 1 Modelos de Deficiência 2 Terminologia 1ª Parte Conhecer os fundamentos epistemológicos, históricos e políticos dos modelos de deficiências, analisando as terminologias referentes as pessoas com deficiências e o ambiente escolar.
  • 7. Com que lente eu veja pessoa com deficiência? Criança em cadeira de rodas. Desenho utilizando bastão de carvão. (Sondel / Creative Commons)
  • 8. Abandono Isolamento Segregação Integração Inclusão Breve história da pessoa com deficiência Do assistencialismo Direitosfundamentais Igualdadeoportunidades à Integração como direito Filantropia
  • 10. Deficiência - Estigma “Ao longo dos séculos, as pessoas com deficiência se envolveram em narrativas de abandono e rejeição. Primeiro, por não ter o mesmo ritmo quando éramos um povo nômade. Depois, por não ter o corpo perfeito, belo e forte que os gregos conceituaram. Em algum momento, as pessoas com deficiência passam a ser vistas como aberrações, castigos de Deus. E depois, rotuladas como doentes e tratadas assim, como até hoje. Então, vieram as guerras, e houve um número considerável no aumento de pessoas com deficiência por violência, e a Revolução Industrial, que colocou o valor do homem em o quanto ele consegue produzir em menos tempo. Uma competição desleal, que, de novo, dá a pessoa com deficiência o olhar de inválida”. Escritora Lau Patrón, mãede umacriança com deficiência
  • 11. Modelo Caritativo • Do Império Romano à Idade Média os movimentos de humanização e caridade à pessoa com deficiência foram pregados a partir das passagens bíblicas que sugeriam o respeito e a ajuda. A caridade passou a ser valorizada como forma de redenção. 1 Enquanto caminhava, Jesus viu um homem cego de nascença. 2 Seus discípulos perguntaram: “Rabi, por que este homem nasceu cego? Foi por causa de seus próprios pecados ou dos pecados de seus pais?”. 3 Jesus respondeu: “Nem uma coisa nem outra. Isso aconteceu para que o poder de Deus se manifestasse nele”.
  • 12. Modelo Caritativo • A deficiência é vista como um infortúnio, um castigo, uma aberração demoníaca ou fruto do pecado insano do homem • A pessoa com deficiência é vista como alguém cometido por uma tragédia pessoal, por isso merecedora de compaixão, pena, de ajuda e caridade. • Nesse período é que surgiram os primeiros hospitais de caridade que abrigavam os indigentes e as pessoas com deficiências. • Está relacionado tanto ao Paradigma Religioso (entende a deficiência como castigo divino, quanto ao Paradigma Moral (associa a deficiência à vergonha e à culpa). Notre-Dame de Paris, também conhecido como O Corcunda de Notre-Dame, é um romance do escritor francês Victor Hugo, ambientado na Paris do século XV (1482)
  • 13. Modelo Médico • Na Idade Moderna a base cientifica reformula a visão de deficiência. Philippe Pinel (1745-1826) explicou que pessoas com perturbações mentais devem ser tratadas como doentes, ao contrário do que acontecia na época quando eram trados com violência e discriminação (HALOS, 2012) . • A deficiência é vista como doença, lesão, patologia, anormalidade, desvio, incapacidade, limitação, um problema do indivíduo, que necessita de cuidados médico. • Esta abordagem consiste na normalização da pessoa com deficiência. São pessoas que precisam de tratamentos especiais em instituições especializadas. • O diagnóstico é realizado em busca da etiologia, da anatomia, das causas externas das lesões, do tratamento bioquímico e somático e, por meio da reabilitação ou reparação.
  • 14. Vídeo: O Menino Selvagem (1969) Em 1797, o médico francês Jean Itard sistematizou um método de ensino inspirado na experiência do “menino selvagem”, batizado de Victor de Aveyron. Após ter sido capturado, o garoto foi encerrado durante um mês no Asilo de Saint Afrique, destinado a doentes e indigentes. Ficou sob os cuidados do professor Bonaterre na Escola Central de Rodez e, posteriormente, foi transferido para o Instituto Nacional de Surdos-Mudos. O médico Philipe Pinel concluiu que o garoto selvagem teria sido abandonado justamente por apresentar alto grau de demência, de modo a não sugerir qualquer possibilidade de reabilitação e educação. Itard acreditava na possibilidade de se estimar o grau de inteligência de um adolescente privado da convivência humana, modificando o seu estado intelectual. MODELO DE DÉFICT – os problemas comportamentais, linguagem e o pensamento indicam a deficiência a ser corrigida para se integrar na sociedade (Segregar para Educar).
  • 15. Modelo Médico • Modelo médico-psicológico, clínico- terapêutico, biomédico – são diversas nomenclaturas usadas para se referir ao que aqui denominamos Modelo Individual. • A deficiência é uma condição individual, da pessoa em si, que precisa ser tratada, curada, amenizada e/ou corrigida. • O sistema proposto a partir do diagnóstico da doença, avaliando a incapacidade (situação física da pessoa), estabelecendo a deficiência (limitação da atividade) e a desvantagem (expressa as limitações de desempenho social). • O processo de categorização e subcategorização ganha força com a Psicologia, a partir da criação de testes (GESSER, et al 2012)
  • 16. • O modelo individual localiza o problema da deficiência dentro do indivíduo e vê as causas deste problema como decorrentes de limitações funcionais, dano biológico ou prejuízos psicológicos que são assumidos como decorrentes da deficiência (PICCOLO, 2015). • A grande teoria que guia essa estrutura orgânica é a da deficiência como tragédia pessoal, que torna o indivíduo carente de tratamento médico. Sob tal ótica, o indivíduo é visto como alguém que precisa ser tratado, reabilitado e capacitado para se adaptar a sociedade. • Se preocupa com o que a pessoa NÃO É CAPAZ de fazer. As pesquisas e práticas desenvolvidas devem estar voltadas à melhoria da vida das pessoas com deficiência, gerando recursos para melhorar o diagnóstico, o tratamento, bem como o uso de tecnologia assistiva.
  • 17.
  • 18. A Medicalização na Sociedade Moderna A culpabilização e a medicalização da deficiência se assenta no modelo individual, no enfoque biologista, que tem marcado decisivamente a interpretação sobre aludido fenômeno nas sociedades modernas (PICCOLO, 2015) Para Foucault (1998) o olhar médico faz parte da forma de governar a população (BIOPOLITICA) e ordenar a sociedade. “a medicalização se caracteriza pela intervenção médica sobre o plano da vida dos sujeitos, exercendo um controle sobre a população e o indivíduo” (ZORZANELLI; CRUZ, 2018, p. 724-725) Sem desconsiderar a importância do saber clínico ou olhar médico questionamos: Por que a escola dá tanta importância ao olhar médico (materializado no laudo)? O que se faz com ele e a partir dele?
  • 19.
  • 20. • A deficiência não é uma consequência natural do corpo lesionado, e, sim, um fenômeno cultural, social e politico imposto socialmente a um corpo que foge a normalização exposta. • O modelo social se antepõe radicalmente ao modelo individual e desloca o problema da deficiência para fora do indivíduo. É a estrutura social que cria a deficiência devido à falta de serviços e oportunidades adequadas para assegurar de uma forma condigna as necessidades das pessoas com deficiência (PICCOLO, 2015). • A deficiência é um problema criado na sociedade, o que exige uma resposta política e não tanto individual. A sociedade que deve se adaptar e acomodar para atender as necessidades de seus membros e, não o contrário. • O modelo social se caracteriza pela afirmação de que a principal causa da exclusão social enfrentada pelas pessoas com deficiência reside na forma como a sociedade reage a suas diferenças. Modelo Social
  • 21. Modelo Social • A pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo, os quais em interação com diversas barreiras pode obstruir a sua participação plena e efetiva na sociedade (BRASIL, 2015). Elas necessitam de suporte e adequações. • A incapacidade é compreendida como desvantagem ou restrição da atividade, causada pela sociedade capitalista que desconsidera as pessoas com deficiências, excluindo-as da participação nas atividades sociais comuns. • Baseado no conceito de equiparação de oportunidades (como eliminar as barreiras incapacitantes da sociedade, por meio de políticas públicas que asseguram adequações razoáveis) que combate a exclusão zero, ou seja, não recusa ninguém com base em atributos pessoais. Impedimentos (atributos pessoais) Barreiras (ambiente) Deficiência
  • 22.
  • 23. Modelo Social de Direitos Humanos • Habitar um corpo com impedimentos físicos, intelectuais ou sensoriais é uma das muitas formas de estar no mundo. • Todas as pessoas com deficiência experimentam múltiplas maneiras de restrições sociais, seja devido à inacessibilidade de alguns ambientes ou de noções questionáveis de inteligência e competência social, da inabilidade da população em geral se comunicar mediante uma linguagem gestual ou pelo uso do Braille, ou ainda pelas atitudes de descrédito e preconceito desferidas contra as pessoas com deficiência (OLIVER, 1998, p.44). • A deficiência é vista como desvantagem social. Não se resume ao catálogo de doenças e lesões de uma perícia biomédica do corpo (DINIZ, 2007) é um conceito que denuncia a relação de desigualdade imposta por ambientes com barreiras a um corpo com impedimentos. “Nenhum resultado a respeito das pessoas com deficiência haverá de ser gerado sem a plena participação das próprias pessoas com deficiência“ Romeu Sassaki.
  • 24. ‘Coitadinha, tão novinha na cadeira de rodas,tão bonita’. “Nossa,mesmodeficienteele(a)conseguefazer tudo”. “Temgentequenãotempernae trabalha evocêaindareclamadavida” “Vocêé umheróiporconseguirir naescola sozinho” “Quebomque,apesardetudo,vocêestá semprefeliz!” “Você é um anjo por estar passando por isso!” “Vocêtem um filho especial porque você é especial!” “Foi coisa divina! Às vezes se fosse normal, estava dando trabalho para os pais!”
  • 25. • A desvantagem não é inerente aos contornos do corpo, mas resultado de valores, atitudes e práticas que discriminam o corpo com impedimentos (DINIZ, 2007). As mudanças culturais, políticas, econômicas, ambientais e sociais são apontadas como alternativas para melhora nas condições de vida das pessoas em situação de deficiência. ModeloSocialdeDireitosHumanos • Fundamentado na defesa dos direitos civis e humanos das pessoas em situação de deficiência, é também denominado Abordagem Baseada nos Direitos. • Deficiência não é apenas o que o olhar médico descreve, mas principalmente a restrição à participação plena provocada pelas barreiras sociais. Resulta da interação entre ter uma lesão e viver em uma sociedade despreparada para acolher pessoas com lesões (DINIZ, 2007). • A deficiência não é matéria de vida privada ou de cuidados familiares, mas uma questão de justiça. Por isso, a deficiência é essencialmente uma questão de direitos humanos. O documentário “História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil” (2010)
  • 26. Filme Crip Camp: Revolução pela Inclusão (2020) É um documentário da Netflix que mostra a vida de algumas pessoas que foram fundamentais na criação da lei que garante os direitos das pessoas com deficiência nos Estados Unidos (1960) “O filme mostra com muita força e propriedade pessoas que nasceram em um mundo onde eles, e seus semelhantes, foram por muito tempo, marginalizados e isolados” Carla Douglass. A luta para vencer a invisibilidade, a segregação, a exclusão passa por derrubar o paradigma de que a pessoa com deficiência pode ser considerada como um grupo cujos membros estão em uma posição inferior aos demais membros da sociedade porque são pessoas com deficiência (PICCOLO; MENDES, 2013)
  • 27.
  • 28. Modelo Biopsicossocial da Deficiência • Em 1991, a OMS formou uma equipe de pesquisadores para a reformulação da CIDID. O novo documentos foi publicado em 2001, como International Classification of Functioning, Disability and Health – ICF e apresentado como uma busca de integrar o Modelo Médico (Individual) e o Modelo Social de Deficiência, fundando o Modelo Biopsicossocial de compreensão da deficiência. • O documento estabelece critérios para mensurar as barreiras e a restrição de participação social. A deficiência assume aparentemente um corte cultural, político e social. ““deficiência é o desfecho ou o resultado de uma complexa relação entre o estado de saúde do indivíduo e fatores pessoais e, fatores externos que representam as circunstâncias em que o indivíduo vive” (WHO, 2001, p.17) Autoria: Rosimeri Franck Pichler
  • 29. Modelo Biopsicossocial da Deficiência • A deficiência engloba um corpo com limitações de atividades ou restrições de participação e não se resume aos impedimentos, pois é o resultado de uma complexa relação entre a condição de saúde do indivíduo e os fatores pessoais e externos (ambientais) que representam as circunstancias em que o indivíduo vive • A Condição de Saúde se refere doença, desordem ou trauma, a qual deve considerar as Estruturas (parte anatômica) e Funções (fisiológicas e psicológicas) do corpo; a Atividade, que faz menção a execução de uma tarefa, e a Participação, que concerne ao envolvimento nas situações de vida. Considerando também os fatores pessoais (histórico completo de vida e o estilo de vida) e os fatores ambientais (físico e social) em que a pessoa vive.
  • 30. Modelo Biopsicossocial da Deficiência • O modelo da CIF substitui o enfoque negativo da deficiência e da incapacidade por uma perspectiva positiva, considerando as atividades que um indivíduo, que apresenta alterações de função e/ou , estrutura do corpo, pode desempenhar, bem como a sua participação social, ainda que a ênfase esteja nas lesões, e não no ambiente em que vive. • Para Barnes (2010), o problema da CIF é justamente de que a deficiência segue sendo um assunto da saúde, mas do um assunto político. A tentativa de incorporar à participação conceitos como: sexo, raça, idade, condição física, estilo de vida, escolaridade, profissão, experiencias passada e presente, acaba não acontecendo devido a variação social e cultural. (CIF simplista - os conceitos estão vinculados apenas as circunstancias individuais)
  • 31. • A CIF está longe de responder aos anseios e problemáticas aventados pelo modelo social. Seja pela falta de uma visão historiográfica do processo de produção contextualizada da deficiência; seja pelo fato de que a transformação material e revolucionária da sociedade ao menos é cogitada como uma das possíveis soluções para a redução da opressão a que estão submetidos as pessoas com deficiência. “Apesar da pretensão biopsicossocial, a ICF mantém a preeminência da ciência médica como discurso legítimo de definição da deficiência” (RODRÍGUES-DIAS; FERREIRA, 2010, p.159). • A pessoa com deficiência não deve ser encarada única e exclusivamente a partir da visão de um corpo com lesões, mas, sim, um corpo com lesões inserido em uma sociedade que oprime e segrega a não normalidade (DINIZ, 2007).
  • 32. Retrato do Brasil 3,8% da população ou 7,8 milhões de pessoas acima de dois anos, apresentam deficiência física nos membros inferiores, enquanto 2,7% das pessoas têm nos membros superiores; 3,4% dos brasileiros possuem deficiência visual; 1,1%, deficiência auditiva; 1,2% ou 2,5 milhões têm deficiência intelectual. 10,5 milhões (9,9%) 6,7 milhões (6,9%) (9,7%) (8,2%) 9,7% pretas, 8,5% pardas e 8% brancas 28,3% 68% da população com deficiência não tem instrução ou possui o ensino fundamental incompleto (IBGE/PNS, 2021)
  • 33. Retrato do Brasil A exclusão ainda é maior entre os de baixa renda. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que constam no relatório, mostram que em países de baixa renda apenas entre 5% e 15% das pessoas que necessitam de tecnologia assistiva conseguem obtê-la (UNICEF, 2013). (IBGE/PNS, 2021) A relação entre pobreza e deficiência é dialética. De acordo com o Banco Mundial, uma a cada cinco pessoas mais pobres do mundo tem uma deficiência.
  • 35. VAMOS LEMBRAR QUE A ESCOLA... • no Brasil, desde sua origem, é para poucos. Em 1824 na promulgação da Constituição Imperial era reconhecido o direito à instrução primária gratuita aos cidadãos brasileiros desde que estes fossem livres ou libertos. Sistema educacional excludente, considerando que os escravos representavam um quinto da população e os índios cerca de dois terços, ambos eram excluídos do direito à instrução, sob o argumento de configurarem-se como “aptos a serem segregados em aldeamentos para efeito de civilização e de catequese” (CURY, 2008, p. 211). • Na década de 1920 o discurso de inclusão social da escola passou a figurar nos discursos pedagógicos. O processo de luta dos movimentos sociais, culturais e políticos que eclode o “entusiasmo pela educação” (MARQUES, 2007) • Com o advento da Constituição Cidadã (CF/1988) a educação passa a ser considerada direito social. A escola assume como função social assegurar o desenvolvimento pleno , o exercício da cidadania e a preparação para o trabalho (BRASIL, 1996).
  • 36. A ESCOLA Escola Regular Escola Especial Espaço para socialização Lugar para conviver, interagir e aprender Instituição para escolarização A Escola é uma invenção recente “O avanço da consciência dos direitos sociais e humanos e o reconhecimento da educação como direito nos obrigam a repensar o fracasso e suas explicações e intervenções, tendo como referentes ético-políticos esses mesmos direitos. Avançamos na consciência de que o fracasso escolar repõe formas de segregação e de negação do direito de milhões de educandos a percursos dignos de formação, socialização, apreensão da herança cultural e do conhecimento. Reconhecemos que a garantia desse direito está atrelada ao avanço da garantia do direito a um viver digno, justo e igualitário. Um avanço da maior relevância” (ABRAMOWICZ; ARROYO, 2014, p.7-8).
  • 38. Especial • Termo criado para atenuar a condição da pessoa tornando-a “especial”. Remete também conforto a família, desperta o sentimento de zelo e a natureza sacrifical para superar os desafios, uma vez que o nascimento de uma criança com deficiência era considerado um acontecimento nefasto Excepcional • Termo utilizado nos anos 1950-1970 para designar pessoas “deficientes mentais”. Com o surgimento de estudos e práticas educacionais na área de altas habilidades ou talentos nos anos 1980-1990, o termo passou a referir-se a pessoas com inteligência lógica- matemática abaixo da média ou pessoas com inteligências múltiplas acima da média. Portador • No Brasil, tornou-se popular entre os anos 1980-1990, o uso do termo portador de deficiência na constituição federal de 1988 e é relacionado a algo que se "porta", como algo temporário, quando a deficiência, na maioria das vezes, é algo permanente. Deficiente • Defeituoso, aleijado e inválido, são palavras muito antigas, anos 1970, que eram utilizadas com frequência e hoje podem ter em caráter pejorativo. Além disso, pode se tornar um estigma por meio do qual a deficiência passa a ser a característica principal em detrimento da condição humana. “Longe de ser mero preciosismo, o cuidado com as palavras faz parte da busca por patamares mais civilizados e inteligentes de convivência entre seres humanos”. (Rodrigo Hübner Mendes)
  • 39. O Relatório Warnock introduz o conceito de Necessidades Educativas Especiais, englobando as pessoas com deficiências e todos aquelas que ao longo do seu percurso escolar possam apresentar dificuldades específicas de aprendizagem. (WARNOCK, 1978,p.36). A Declaração de Salamanca (1994) baseada no Relatório Warnock Introduz o termo inclusão (uma nova atitude filosófica, científica, política, social e econômica, que quer dizer que já não é o aluno que deve adaptar-se à escola, mas é a escola que deve adaptar-se a cada aluno na especificidade das diferenças de cada um). No contexto desta Estrutura, o termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem
  • 40. Convenção Sobre osDireitos das Pessoas com Deficiência (DECRETO nº6.949/2009) Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (Art. 2º).
  • 41. BARREIRAS qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros. (Art. 2º Lei nº 13.146/2015). Atitudinal Comunicação Urbanística Arquitetônica Pedagógica (Metodológica, Instrumental e avaliativa) Transporte Programática (legislação e normas) Tecnológica
  • 42. E como eliminar as barreiras? É importante saber como pessoas autistas se sentem em relação ao autismo, ou anãs em relação ao nanismo. A aceitação de si mesmo faz parte do ideal, mas sem aceitação familiar e social ela não pode amenizar as injustiças implacáveis a que muitos grupos de identidade horizontal estão sujeitos, e não provocará uma reforma adequada (SOLOMON, 2013, p. 17)
  • 43. ACESSIBILIDADE possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. (Art. 2º Lei nº 13.146/2015). Atitudinal Comunicação Urbanística Arquitetônica Pedagógica (Metodológica, Instrumental e avaliativa) Transporte Programática (legislação e normas) Tecnológica
  • 44.
  • 45. Para refletir • A deficiência não é apenas uma condição, é um fenômeno social multifacetado, que abrange a situação econômica e social, os papeis atribuídos as pessoas em situação de deficiência e as forças politicas, contrapondo-se a perspectiva médica que culpabiliza as pessoas a partir das lesões. • A história da inclusão de pessoas com deficiência na escola comum é recente. Somente em 2008, o número de matrículas nas escolas comuns superou o das instituições de educação especial. E em 2020, mais de 90% de estudantes com deficiência estão matriculados nas escolas comuns. • Em 2016, a ADI nº 5357, que ao discutir à época a Lei Brasileira de Inclusão, reconheceu que o sistema educacional de ensino deve ser inclusivo em todas etapas e modalidades, especialmente pelo fato da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência ter sido internalizada com o mesmo status da Constituição Federal.
  • 46. 3 Segregação, Integração e Inclusão 4 Educação Especial e Educação Inclusiva 2ª Parte Refletir sobre os paradigmas da Segregação, Integração e Inclusão, a partir da distinção entre Educação Especial e Educação Inclusiva.
  • 48. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 8,4% da população brasileira acima de 2 anos – o que representa 17,3 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência. Quase metade dessa parcela (49,4% ou 8,5 milhões) é de idosos e cerca de 332 mil (1,9%) são crianças de 2 a 9 anos (IBGE/PNS, 2021). O número de crianças com deficiência em todo o mundo é estimado em quase 240 milhões (UNICEF, 2021)
  • 50. A integração refere-se mais especificamente à inserção de alunos com deficiência nas escolas comuns, mas seu emprego dá-se também para designar alunos agrupados em escolas especiais para pessoas com deficiência, ou mesmo em classes especiais. O objetivo da integração é inserir um aluno (MANTOAN, 2003). a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais. Na perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão dos sistemas escolares em modalidades de ensino especial e de ensino regular. As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem trabalhar à parte com alunos com deficiência ou com necessidades educacionais especiais (MANTOAN, 2003). de acordo com Amaral (2001), no final do século XIX e inicio do século XX houve uma divisão do exercício educacional. Nasceu uma pedagogia especializada e institucionalizada, que separava indivíduos de acordo com diagnósticos em quociente intelectual. Este primeiro momento ficou conhecido como fase de segregação, tais escolas especiais cresciam e se multiplicavam por diferentes etiologias: pessoas com cegueira, surdez, com deficiência física, intelectual, etc. No século XVII, pessoas com deficiência visual, auditiva ou mental, eram totalmente segregados, internados em orfanatos, manicômios e outros tipos de instituições. Esses internatos acolhiam uma diversidade de sujeitos com patologias distintas, alguns deficientes, outros doentes. Essa fase ficou conhecida como fase da exclusão, porque qualquer pessoa que não estivesse no padrão de comportamento e de desenvolvimento instituído pela sociedade era totalmente excluída da vida em sociedade (AMARAL, 2001).
  • 51. EXCLUSÃO SEGREGAÇÃO EXTERMÍNIO INSTITUCIONALIZAÇÃO INTEGRAÇÃO NORMALIZAÇÃO ENSINO DOMICILIAR ESCOLA ESPECIAL CLASSE ESPECIAL CLASSE COMUM ESCOLA INCLUSIVA REDE DE APOIO INCLUSÃO SERVIÇOS SUPORTES
  • 52.
  • 53. Compreendendo os conceitos Reconhecer que todas pessoas são seres humanos e trata-las da mesma forma, garantindo igualdade de condições e oportunidades. IGUALDADE é a garantia de tratamento diferenciado em igualdade de condições e oportunidades EQUIDADE Qualidade do que é diferente; diverso, O que é capaz de distinguir uma coisa de outra. DIFERENÇA é a pluralidade de culturas, identidades, formas de pensar, experiências e trajetórias que podem ser encontradas em um grupo de pessoas. DIVERSIDADE No mundo globalizado há a tendência de uniformização de valores e crenças (CULTURA de MASSA) levando os homens a pensarem do mesmo modo
  • 54. Inclusão • A inclusão educacional expressa o conceito de sociedade inclusiva, aquela que não elege, classifica ou segrega indivíduos, mas que modifica seus ambientes, atitudes e estruturas para tornar-se acessível atodos. (UNESCO, 2007)
  • 55.
  • 56. INCLUIR:não é apenas acesso e,sim compromisso com a garantia do direito a educação o simples acesso à escola é condição necessária, mas não suficiente para tirar das sombra do esquecimento social milhões de pessoas, cuja a existência só é reconhecida nos quadros de estatísticos e que, o processo de exclusão educacional não se dá mais, principalmente na questão do acesso à escola, mas sim dentro dela (SADER, 2005, p. 16). Desenvolver potencialidades Acompanhar desempenho Possibilitar aprendizagens Vislumbrar possibilidades realizadas
  • 57. Dilema Moral da Inclusão • Utilarismo (decisão está baseada em uma ponderação cuidadosa das consequências, na analise custo-benefício); • Deontologia (decisão deve estar pautada no princípio). O ápice das ciências deontológicas é a ética (doutrina da justiça). Maria Emília em atividade com Octávio durante o Atendimento Pedagógico Domiciliar (FONTE: www.DIVERSA.ORG.BR O artigo 5º, § 3º da Constituição Federal institui os direitos que o Brasil deve garantir às pessoas com deficiência, por meio de políticas públicas Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais - DEC 6.949, de 2009 Artigo 24 - 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida,
  • 58. • A educação inclusiva é um imperativo, algo que pressupõe e se justifica por si mesmo (auto justificado) – a própria verdade, imutável e imune as crises. Mundo isotrópico, um espaço igual e homogêneo. Pensa-se que o natural é todos ocuparem igualmente os espaços sociais, por isso incluir significa voltar a ordem natural perdida. (na escola todos são colocados sob o mesmo processo de inclusão, banalizando os sentidos de inclusão para introdução de todos num mesmo espaço físico). • A utopia moderna da inclusão traz um principio de ordem que não é necessariamente o oposto ao principio da exclusão: inclusão e exclusão estão amarradas na mesma ordem. Esses conceitos fundem-se e proclamam o medo da diferença.
  • 59. Problematização do discurso inclusivo • Kupfer e Colli (2005, p. 17) localiza na defesa incondicional da inclusão escolar de crianças pelo menos dois problemas. “O primeiro está na confusão que se instala quando aparece, ao lado da defesa da igualdade, a igualmente vigorosa defesa das diferenças entre as crianças. O segundo está no caráter absoluto com que se defende a inclusão: ela precisa ser feita a qualquer custo” • O direito à “educação para todos” em uma escola inclusiva está legalmente garantido. No entanto, processos de exclusão continuam existindo mesmo quando os estudantes são “incluídos” no sistema educacional. Faustino et al (2018) afirma que os processos de exclusão têm sido realizados abertamente por escolas brasileiras, alguns atrelados à recusa de vaga para estudantes com deficiência; outros, relacionados a não oferta de profissionais, recursos e serviços de apoio à inclusão.
  • 60. In/exclusão • Inclusão não é o inverso de exclusão, e sim o processo de modificação do sistema para torná-lo de todas e todos. • Grafar in/exclusão aponta para o fato de que as atuais formas de inclusão e de exclusão caracterizam um modo contemporâneo de operação que não opõe a inclusão à exclusão, mas as articulam de tal forma que uma só opera na relação com a outra e por meio do sujeito, de sua subjetividade. VEIGA-NETO; LOPES (2011)
  • 61. IN/EXCLUSÃO • Construir uma escola onde caibam todos os mundos, culturas, está na agenda do pensamento pedagógico atual. A escola como ambiente de produção de culturas rompe com a lógica de incluir para manter excluído. • Igualdade e diferença não são antônimos Boa parte das politicas oficiais distingue igualdade e diferenças, ao mesmo tempo em que usam a diversidade para designar algo desejável. Levar a população a confundir diferenças com igualade, em termo práticos significa trazer os surdos para ouvintes. Foucault (1998) mostra como a modernidade construiu ao longo do tempo mecanismos para contenção das diferenças. • Para Lopes e Hattge (2009, p. 9) “Diferenças, sempre no plural. Diferenças que não podem ser reduzidas ao mesmo, ao uno; diferenças que não estão para ser toleradas, aceitas, normalizadas. Diferenças pelas diferenças, numa politica do diverso”.
  • 62. In/exclusão Como trabalhar um discurso inclusivo numa sociedade que é ela mesma excludente? • Fomos convocados para tentar modificar uma escola que se constitui ao longo do tempo obedecendo a lógica da exclusão. E tentamos fazer isso num ambiente neoliberal, num ambiente de império, num ambiente de capitalismo avançado, num ambiente de competição cega, cruel e excludente. • Portanto, muitas vezes estamos incluindo alguém para ao fim e ao cabo, mantê-lo excluído (inclusão excludente) (VEIGA-NETO, 2005, p. 68; 69). A Escola é... Inclusiva em seus princípios – todos têm direito à escola (ricos e pobres, alunos com bom ou fraco desempenho, pessoas com deficiências...) Excludente em suas práticas: nem todos aprendem ou encontram espaço para suas especificidades. Há um “modelo” de aluno para o qual ensinamos.
  • 63. 3 pontos a considerar... • A escola é um lugar de diferenças e não um lugar de equalização (trata-se de igualdade, mas mantém-se a diferença). • Não basta tocarmos adiante boas e sérias politicas de inclusão para que os fantasmas das desigualdades sociais sejam exorcizados (versão de educação inclusiva salvacionista e ingênua). • Qualquer politica de inclusão é de ordem politica, social, cultural e epistemológica (o problema é o reducionismo a um destes aspectos). VEIGA-NETO; LOPES (2011)
  • 64. • Faustino et al (2018, p. 902) esclarece que as macro inclusões buscam garantir o acesso de pessoas pertencentes a grupos marginalizados de determinados contextos educacionais (documentos legais e normativos). “As políticas de macro inclusão em relação à educação inclusiva visa criar alternativas para superar dificuldades e limitações do sistema educacional. Reconhece a necessidade de mudanças estruturais e culturais no espaço escolar e permite, assim, o atendimento das necessidades dos estudantes, bem como garante sua participação nos mais variados processos de ensino”.
  • 65. Para refletir... • A transposição dos conceitos de Darwin e Mendel para ideais genocidas e antissemitas levaram as propostas de eugenia, permitidas pela cultura da segregação, desvelando a cultura de opressão que viva os negros, pobres, mulheres, judeus, ciganos e pessoas com deficiências . “Foram os deficientes que sofreram na carne as primeiras agruras de ideias posteriormente batizadas de eugênicas [...] o holocausto nazista também teve nas pessoas com deficiência um dos públicos diletos” (PICCOLO, 2015, p. 58) • Engana-se quem considera que as ideias eugênicas morreram com o fechamento dos campos de concentração , ao contrário, em 1962 ressurgem com a descoberta do DNA e retoma o ideal de que nenhum recém-nascido venha a nascer sem antes passar com êxito nos testes de padrão genético. Novamente pessoas com deficiência são objetos de opressão e extermínio (PICCOLO, 2015). Será que o pensamento cientifico fundado na mitologia naturalista não continua a justificar os atos de discriminação, exclusão e segregação, desconsiderando a premissa que a condição de deficiência é uma humana? HOLOCAUSTO BRASILEIRO: GENOCIDIO: 60 MIL MORTOS NO MAIOR HOSPICIO DO BRASIL
  • 67. Educação Especial: da segregação à inclusão Século XIX • Criação dos institutos imperiais (surdos- mudos e cegos) noRJ (Leinº 839/1857e decretonº 1428/1854). Século XIX • Criação da1 ª instituição para pessoascom DInaBA • decretonº 1428/1854). Século XX • Criação e Proliferação das escolas filantrópicas (APAEs e Pestallozi)
  • 68. Educação Especial: da exclusão à inclusão Glate Ferreira(2003) Processo de institucionalização da EE nos sistemaspúblicosdeEnsino. Crescimento de classes especiais junto às escolas públicas – responsáveis pelo chamado “tratamento especial” que alegislação previa paraosalunosconsiderados excepcionais. A Educação Especial foi incluída nos planos setoriais do governo e desenvolveram-se os setores especializados nas redes escolares; Manutenção da hegemonia política e de atendimentodasorganizaçõesfilantrópicas Desenvolvimento de programas de formação deprofessores Herançaassistencialista Ideiasdenormalização eintegração Ganhos de um atendimento especializado e interdisciplinar Crescimento das escolas especiais privadas para aquelesematrasoescolar significativo. Anos 1970/1980
  • 69. TIPOS DE APOIOS A ESCOLARIZAÇÃO
  • 70.
  • 71. [...] a educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensinoregular . (BRASIL,2008,p.16). Art.58.Entende-sepor educação especial, paraos efeitos destaLei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rederegular deensino, paraeducandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (RedaçãodadapelaLei nº12.796,de2013)
  • 73. Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; II - dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; III - altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. Resolução CNE/CEB nº 02/2001
  • 74. Estudantes atendidos pela Educação Especial/AEE – PNEE_EI/2008 ▪Alunos com deficiência ▪Impedimentos de longo prazo, de natureza física, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e nasociedade. ▪Alunos com transtornos globais do desenvolvimento ▪1) Alterações qualitativas das interações sociaisrecíprocas, ▪ 2) Na comunicação, ▪ 3) Repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. ▪Alunos com altas habilidades/superdotação ▪ Potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. ▪ Elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. (Brasil, 2008) TRANSTORNO DO ESPECTROAUTISTA (TEA) TRANST. DESINT. DA INFÂNCIA AUTISMO SINDROME DE ASPERGER DSM-V (2013)
  • 75. • DEFICIÊNCIA VISUAL (BAIXA VISÃO, CEGUEIRA E VISÃO MONOCULAR) • DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ • DEFICIÊNCIA INTELECTUAL • DEFICIÊNCIA FÍSICA • DEFICIÊNCIAS MULTIPLAS • SURDOCEGUEIRA • TRANSTORNOS GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO /TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO • ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
  • 76. Inclusão Escolar: amparo legal Lein° 14.126/2021 Lei nº 13.935/2019
  • 77. É bom lembrar que... O Plano Nacional de Educação, instituído pela Lei n. 13.005, de 25.06.2014, tem como meta 4 universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, independentemente do tipo, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino.
  • 78.
  • 79. O que é Educação Inclusiva? É um processo educacional em construção, de cunho mundial, que implica no acesso e permanência de todos os alunos na escola, conjugando igualdade e diferença como valores indissociáveis com adoção de práticas pedagógicas que valorize as potencialidades e a produção de conhecimentos, segundo o ritmo e possibilidades de cada aluno constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola (BRASIL, 2008, p. 1). Envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola MITTLER, 2003, p. 25). Objetivo é garantir o acesso e a participação de todas as crianças em todas aas possiblidades de oportunidades oferecidas pela escola, impedir a segregação e o isolamento (MITTLER, 2003, p. 25).
  • 80. EDUCAÇÃO INCLUSIVA como POLÍTICA DE ESTADO •Constitui um paradigma fundamentado nos direitos humanos; •Conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis; •Convidaa escolae a sociedade a criar alternativas para superação da exclusão; •Implica em uma mudança estrutural e cultural da escola comum para que esta receba a todos os alunos.
  • 81. Rede e Serviços à Inclusão Escolar SRM CAS CAP NAAHS Tecnologia Assistiva CAA NAPPB Prof./ Intérp./Instr . de Libras EDUC. Bilíngue Prof. Educação Especial Profis. de Apoio Escolar Guia- interprete Classe Hospitalar AEE Flexibilização Curricular Planejamento Adequado Ensino Colaborativo Escola Acessível Beneficio de Prestação Continua da na escola Transport e Escolar Acessível Implantaç ão de SRM Educação Inclusiva: direito à diversida de Livro Acessível Formação continua da de professor e na educação especial Prolibras Centros de formação e recursos Comissão Brasileira do Braillle Prêmio experienc ias educacio nais inclusivas Incluir: acessibili dade à educação superior
  • 82.
  • 83. Para pensar... “Penso que escolas só para pessoas com deficiência é como fazer uma escola que não tenha ninguém diferente, que não tenham pessoas de outras etnias, de outras sexualidades, de outros gêneros. É bem excludente, é como dizer que eu tenho que viver apenas com pessoas deficientes só porque sou uma” Graziella Freitas, 16 anos.
  • 84. 5 Processo Inclusivo na Aprendizagem 3ª Parte Discutir as implicações de processos inclusivos para a aprendizagem.
  • 86. Garantia do direito de todos à educação passa pela valorização das diferenças culturais, étnico-raciais, sexuais, físicas, sensoriais, intelectuais, emocionais, linguísticas e outras. Princípios da Inclusão Escolar • Todos têm o mesmo direito à educação • A escola deve ser para todos • A escola deve mudar continuamente para responder aos diferentes estilos de aprendizagem • Sempre que necessário a escola deve buscar meios e recursos para responder às necessidades de todos; • Assegurar o acesso, permanência, participação e o conhecimento
  • 87. "Do acesso à educação à leitura em casa, as crianças com deficiência têm menos probabilidade de ser incluídas ou ouvidas em quase todas as medidas. Com muita frequência, as crianças com deficiência são simplesmente sendo deixadas para trás“ (UNICEF, 2021).
  • 88.
  • 89.
  • 90.
  • 91. O ensino colaborativo pode ser entendido como um sistema de parceria entre profissionais da educação que se envolvem na resolução de problemas de aprendizagem que os estudantes sem e com deficiências, TGD e altas habilidades/superdotação enfrentam para se escolarizarem (PUGACH; JOHNSON, 1989). E O QUE É ENSINO COLABORATIVO?
  • 92. ENSINO COLABORATIVO Para Capellini e Zerbato (2019) entre as diversas estratégias existentes para remover as barreiras da aprendizagem na escola, a colaboração entre educadores comuns e especialistas em Educação Especial, bem como entre equipes de consultores especialistas, ou mesmo entre os alunos, tem sido uma das ações mais significativas no processo de inclusão escolar.
  • 93. Vigotski (1983) afirma que a criança com deficiência demanda o uso constante de ferramentas culturais a fim de expressarem os pensamentos, desenvolverem linguagem. Em muitas situações os instrumentos culturais à serem utilizados têm que ser adaptados à estrutura psicológica da criança com deficiência, a fim de fazer com que os mecanismos fisiológicos e psicológicos sejam trabalhados, colocando essa criança em condições de aprendizagem.
  • 94. Filme "Le Cervau D'Hugo" / O cérebro de Hugo (2012) É um filme francês que aborda o TEA (Síndrome de Asperger). Baseado em fatos reais que traz, no formato de documentário, depoimentos de pessoas com autismo e nos ajuda a pensar em quais práticas sociais, educacionais e terapêuticas podem vir a contribuir no processos inclusivos para a aprendizagem?
  • 95. Planejamento Educacional Individualizado (PEI) / Plano de Atendimento Educacional Especializado são construídos de forma colaborativa, planejada e sistematizada a partir do currículo escolar. precisamos de um planejamento que também seja heterogêneo e comtemple as diferentes formas de aprender. NA ESCOLA TODOS SÃO DIFERENTES... Em uma escola que é de tod@s e para tod@s devemos pensar possibilidades, a partir da singularidade de cada pessoa em cada contexto, de planejamento e avaliação voltados para o direito de aprender, a construção da autonomia e a plena participação.
  • 96. Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) Os fundadores do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) David Rose, Anne Meyer e outros médicos pesquisadores do Centro de Tecnologia Especial Aplicada (CAST) , o definem como sendo uma prática pedagógica com a finalidade de remover toda e qualquer barreira que dificulte o processo de aprendizagem, criando currículos flexíveis e dinâmicos, propondo metodologias de ensino acessíveis, contribuindo para o aprendizado de alunos com ou sem deficiência. É um conceito que orienta práticas educacionais que oferecem acessibilidade, reconhecendo que a diferença é uma característica comum a todos.
  • 97. Fundamentos para uma proposta com base no DUA www.cast.org A Neurociência aplicada à aprendizagem nos diz que este processo envolve três grandes redes: •Rede do reconhecimento (o quê?): estratégias que abordam, de maneira diversificada, o reconhecimento da informação; •Rede da estratégia (o como?): estratégias (formas) para expressar a informação aprendida; •Rede afetiva (o por quê?): estratégias para promover o envolvimento dos estudantes (chamar a atenção e favorecer a participação)
  • 98. Como estas redes funcionam... Ao olharmos para essa imagem, as três redes são imediatamente acionadas. 1. A rede do reconhecimento imediatamente identifica objetos e analisa o contexto que ele está inserido; 2. A rede da estratégia determina a forma como analisar a imagem e as informações que serão relevantes com esta atividade; 3. A rede afetiva determina o tempo e como vamos analisá-la. As três redes juntas determinam o que realmente vemos.
  • 99. O Desenho Universal para a Aprendizagem é um conjunto de possibilidades – materiais, técnicas e estratégias flexíveis – que busca ampliar a aprendizagem de estudantes com ou sem deficiência. https://www.unicef.org/eca/sites/unicef.org.eca/files/Booklet%2011%20-%20Portuguese.pdf Engajamento Representação Ação e Expressão PRINCIPIOS DO DUA
  • 100.
  • 101. Educação inclusiva é pleonasmo. A Educação é inclusiva por definição. As pessoas aprendem de jeito diferentes, em ritmos diferentes. Quando o professor entende isto, ele educa melhor. Rodrigo Hübner Mendes
  • 102. Referências ABRAMOWICZ, A.; ARROYO, M. A reconfiguração da escola. entre a negação e a afirmação de direitos. Campinas: Papirus, 2014 AMARALA, L. A. Diferenças, estigma e preconceito: o desafio da inclusão. In M. K. Oliveira, Psicologia, educação e temáticas da vida contemporânea São Paulo: Moderna.2002, p. 233-248 BARNES, C. Discapacidad, politioca y pobreza em el contexto del mundo mayoritario. Rev. Politica y Sociedade, v. 47, n. 1, p. 11-25, 2010. CAPELLINI, V. L. M. F.; ZERBATO, A. P. O que é o ensino colaborativo. São Paulo: Edicon, 2019. CONDEMAN, BRESNAHAN E PEDERSEN, G.; BRESNAHAN, V.; PEDERSEN, T. Taking the plunge: what is coteaching all about? In: ______. Purposeful coteaching: real cases and effectives strategies. Corwin Press: Thousand Oaks, California, p. 1- 18, 2009 CURY,C. R. J. A educação escolar, a exclusão e seus destinatários. Educação em Revista. Belo Horizonte, n. 48, dez. 2008.MARQUES DINIZ, D. O que é deficiência? São Paulo: Brasiliense, 2007 FAUSTINO, A. C. et al. Macroinclusão e microexclusão no contexto educacionalRevista Eletrônica de Educação, v. 12, n. 3, p. 898-911, set./dez. 2018. FOUCAULT M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense-Universitária; 1998. GESSER, M. et. al. CONTRIBUIÇÃO DO MODELO SOCIAL DA DEFICIÊNCIA À PSICOLOGIA SOCIAL Psicologia & Sociedade; 24(3): 557-566, 2012. GLAT; R.; FERREIRA, J. Panorama Nacional da Educação Inclusiva no Brasil. Relatório de consultoria técnica, Banco Mundial, 2003 KUPFER, M. C. M.; COLLI, F. A. G. Travessias – inclusão escolar: a experiência do Grupo Ponte da Pré-escola Terapêutica Lugar de Vida. São Paulo: Casa do Psicólogo, 200 LOPES, M. C. ; HATTER, M. Inclusão escolar: conjunto de práticas que governam. Belo Horizonte, Autêntica, 2009; MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003 MITTLER, P. J. Educação inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003. OLIVER, M. Una sociologia de la discapacid o unja sociologia discapacitada. Em Len PICCOLO, G. M. Por um pensar sociológico sobre a deficiência Curitiba: Apris, 2015 PICCOLO, G. M; MENDES, E. Contribuições a um pensar sociológico sobre a deficiência. Revisão & Síntese • Educ. Soc. 34 (123) • Jun 2013 PUGACH, M. C.; JOHNSON, L. J. The challenge of implementing collaboration between general and special education. Exception Children, v. 56, n. 3, p. 232-235, 1989MITLER, P. Educação Inclusiva. RODRIGUES-DIAZ, S. V.; ; FERREIRA, M. A. Diversidad funcional:sobrew lo norma y lo patológico em torno a la condición social de la dis-capacidade. Relaciones Laborales, 2010. SADER, E. Prefácio. In: MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005. p. 15-18 SOLOMON, A. Longe da árvore. São Paulo: , Companhia das Letras , 2013 VEIGA-NETO;,A.; LOPES. M. Inclusão, exclusão, in/exclusão. verve, 20: 121-135, 2011 VIGOTSKI, L.S. Obras Escogidas – Tomo V: Fundamentos de defectología. Madrid: Visor, 1983. WHO. International Classification of Functioning, Disability and Health. Geneva: World Health Organization, 2001. ZORZANELLIS, R.; CRUZ, M. O conceito de medicalização em Michel Foucault na década de 1970. Interface: comunicação, saúde e educação, 2018; 22(66):721-31