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1
01
Musa divina que inspira
Poetas do mundo inteiro,
Traz-me os fluidos do Parnaso
E o saber mais verdadeiro
Pra que eu decante à nação,
Alexandre de Gusmão,
Um grande herói brasileiro!
02
Mas não se trata de herói
De músculos, de espada e aço,
Nem dos quadrinhos que trazem
Superpoderes do espaço;
Não é filho de deus grego,
Cow-boy, nem homem-morcego,
Nem valentão do cangaço!
03
Mas como chamar de herói,
Que não brigou nem matou?
Quem não se impôs pela espada,
Quem canhão não disparou,
Quem a lança não brandiu,
Quem bombas nunca explodiu,
Quem País nunca atacou?
04
Tenha calma, meu leitor,
Vou lhe explicar, não se zangue,
A história desse herói,
Sem guerra, sem bangue-bangue.
Sem flecha, espada ou fuzil,
Que fez crescer o Brasil
Sem jamais derramar sangue!
2
05
Esse nome de Alexandre
Ele herdou do seu padrinho,
Um padre que lhe ensinou
Da justiça o bom caminho.
E o sobrenome Gusmão
Vem também do capelão
Como a Bíblia, a hóstia e o vinho.
06
Trouxe o destino de outro
Alexandre do passado,
O guerreiro macedônio,
De ser grande e preparado...
Só que o guerreiro iracundo
Que conquistou meio mundo
Fez com sangue derramado.
07
Alexandre de Gusmão
Nasceu no Porto de Santos
Em “Um, meia, nove, cinco”
Numa família de tantos
Irmãos e irmãs queridas;
Até então, oito vidas
Dadas às rezas e aos mantos.
08
Filho de Maria Álvares;
E Lourenço, cirurgião;
Dos doze filhos nascidos
Têm destaque, ele e o irmão,
Religioso e inventor,
Nosso “Padre-voador”
Bartolomeu de Gusmão!
3
09
Inventor do aeróstato,
Foi este padre exemplar
Que provou perante o rei
Que era possível voar;
Ao ver uma bolha quente
Fez um balão ascendente
Por ser mais leve que o ar!
10
Pois Bartolomeu levou
Alexandre pra Bahia,
No Colégio de Belém
Demonstrou sabedoria;
Foi pra o Colégio das Artes
Por ser de todas as partes
O melhor que existia!
11
Dali saiu preparado
Diplomado, competente,
Em Latim, Retórica e Ética,
E em Lógica, logicamente,
Em Metafísica, versado
E o título considerado
De “Filósofo excelente”.
12
Mil setecentos e dez
Com quinze anos de idade
O padre reconhecendo
Sua genialidade
Mandou-o pra Portugal,
Foi pra Corte Imperial
Fazer universidade.
4
13
Matriculou-se em Coimbra
Mostrando grande valor.
Ali estudou, formou-se,
Ganhou grau superior.
Com seu saber cientista
Se tornou iluminista
Ganhando anel de doutor.
14
Dali seguiu pra Paris.
Estudar mais era o plano;
Secretário da Embaixada
Logo assumiu sem engano...
Fez em Sorbonne, fantástico,
O Direito Eclesiástico,
O Civil e o Romano.
15
Na passagem pela Espanha,
Em Madrid passou semanas
Vendo o Tratado de Utrecht
Com falhas meridianas
E o limite natural
Entre Espanha e Portugal
Nas terras americanas.
16
Foi em Paris que Gusmão
Aprofundou seu saber
Na Ciência da Política
Mergulhou pra conhecer
Seu sentimento profundo
E o jogo eterno do mundo
Dos mistérios do poder!
5
17
Lá na Paris do Rei Sol
A nova luz se acendia
Na mente do brasileiro
Que trocou Teologia
Pela Razão e a Crítica,
Iluminismo e Política,
Direito e Diplomacia!
18
Desistiu do sacerdócio
Inquisidor antiquado.
Notou que o clericalismo
Da fogueira, era apagado;
E ao ler estratégia e tática
Conheceu a essência prática
Das duras razões de Estado.
19
E em 19 voltou
A residir em Lisboa.
O Rei Dom João acolheu-o
Como querida pessoa;
O nomeou secretário
E plenipotenciário
Pra defender a Coroa!
20
No ano 20 cumpriu
Missão muito especial
Negociando em Cambray,
Em plena França real;
Foi um bravo sem bravata
Que se sagrou diplomata
De nível internacional!
6
21
Bacharelou-se em Direito,
Tornou-se Doutor em Leis,
Foi destacado pra Roma
No ano de 23
Pra junto às cortes papais
Recuperar o cartaz
Do monarca português!
22
Até o ano de trinta
Atuou no Vaticano
Fazendo grandes acordos
Pra o bem do seu soberano,
Ganhou, por ser habilíssimo,
O título de “Fidelíssimo”
Pra o Monarca lusitano!
23
Com o título Dom João V
Compunha o trio de escol;
Pois o título equivalia
A “Rei Católico” espanhol
E o título invejadíssimo
Que era “Rei Cristianíssimo”
Da França, o próprio Rei Sol.
24
Sete anos e três papas
O viram nesta missão
De defender junto a Roma,
Sua querida nação.
Muitos litígios zerou,
E, de quebra, conquistou,
Dos papas o coração!
7
25
Benedito XIII, o Papa,
Chamou-lhe no Vaticano
Chegou a lhe oferecer
O título “Príncipe Romano”
Ele não quis aceitar
Só pra não contrariar
A Dom João, seu soberano!
26
No ano de 29
A Lisboa regressou
Logo Dom João pra o Brasil
Alexandre despachou
E a nossa realidade
Com muita profundidade
Gusmão de perto estudou.
27
Dois anos passou conosco,
Retornou a Portugal,
Lá transformou-se em Fidalgo
Da Nobre Casa Real;
Como Ciências, sabia,
Entrou para a Academia
Provando ser genial.
28
E logo foi nomeado
Pela própria Majestade,
Num cargo bem próximo ao Rei,
“Escrivão da Puridade”,
E por ter visão moderna
Cuidou da política externa
Com brio e capacidade!
8
29
Transformou-se em Conselheiro
Mostrando cultura e tino,
Escreveu livro de História
No idioma latino
E por ser hábil e ser sério
Assumiu um Ministério
No Conselho Ultramarino.
30
O cuidado com o Brasil
Foi um dos encargos seus;
Das relações com o Papa
Cuidava em nome de Deus
E cuidou mais, com denodos,
De ter relações com todos
Os países europeus.
31
No Conselho Ultramarino
Encontrou a solução
Pra poder qualificar
Nossa colonização
Trazendo família inteira
Dos Açores e Madeira,
Mas, sem escravização!
32
Trouxe quatro mil casais
Para a região sulina
Rio Grande e Paraná
Também Santa Catarina.
Cada família, uma área...
O que é reforma agrária,
É Gusmão quem nos ensina.
9
33
Recomendava a quem vinha
Para o Brasil trabalhar:
Estude rios e minas,
Flora, fauna, céus e mar,
O clima, a arte, a vertente
E os costumes dessa gente
Comer, vestir e rezar.
34
Dedicou-se a estudar
As produções cartográficas,
Missões, Entradas, Bandeiras,
As bacias hidrográficas,
Relevo, edificações...
Geopolítica por razões
Históricas e geográficas.
35
Concluiu que os países
Não podem ter suas áreas
Divididas ao sabor
De linhas imaginárias;
Que têm sempre as desvantagens
De deixar milhões de margens
Para interpretações várias.
36
Sua visão panorâmica
E a mente prodigiosa,
O seu saber filosófico,
Sua ação habilidosa
Deram-lhe mais competência
Para a área da Ciência,
Política e religiosa!
10
37
Foi quem criou três bispados
Pará, São Paulo e Gerais.
Criou mais as prelazias
De Cuiabá e Goiás
E como pensava em tudo
Fez o mais profundo estudo
Das questões industriais.
38
Naqueles tempos longínquos
Deixou um projeto exposto
Obrigando aos poderosos
A pagarem mais imposto
E rebaixando a quantia
Para o pobre que vivia
Do suor do próprio rosto!
39
E implantou o sistema
Chamado “capitação”
Pelo número de escravos
Que possuía o barão;
Fundiu o ouro e fez barras,
Pra ver se acabava as farras
De tanta sonegação.
40
Entre 29 e 30
No Brasil permanecia
Em São Paulo, Minas, Rio
Atuou com maestria
Em tudo que o rei mandou
E de quebra, inda aceitou,
Ensinar Filosofia.
11
41
Nesse período ele viu
Que as fronteiras da nação
Desenhada em Tordesilhas
Já não tinham mais razão
De usufruir validade
Pois, frente à realidade;
Era simples ficção!
42
Das Ilhas de cabo Verde
Trezentas, setenta léguas
Ninguém havia medido
E assim, sem metros e réguas
Bandeirantes desde cedo
Fora ocupando sem medo
Sem leis, limites ou tréguas.
43
Os espanhóis no Pacífico
Se entreteram próximo ao mar,
Destruindo Incas e Maias
E a prata a desenterrar
Se esquecendo de um mundão,
Um profundo De-Sertão
Que tinha pra conquistar!
44
Neste “vazio” ficava
Pará, Rondônia, Amapá,
Catarina e Mato Grosso
Rio Grande e Paraná,
Amazonas, chão goiano...
Tudo... do Meridiano
De Tordesilhas pra lá!!!
12
45
Se a linha era imaginária,
Quem iria imaginar
Se ela ficava mais perto,
Se mais longe ia ficar...
E haja procurar tesouro,
Haja sonhar prata e ouro,
Haja índio escravizar!!!
46
E assim foram furando
Pântanos, matas, rios, serras;
Fazendo arraiais e vilas
Se apossando em novas terras
Chantando marcos e crivos
E oferecendo aos nativos
Vida escrava ou morte em guerras!
47
Era a espada cortando,
E a batina benzendo,
O arcabuz trovejando
E a aguardente fervendo,
Miçanga aos índios comprando,
O mato abrindo e fechando
E o nosso Brasil crescendo!
48
Matas cedendo ao machado,
À foice, ao Rabo-de-galo,
O chifre do boi tangido
Pelo casco do cavalo,
O “hinterland” se ampliando
E Tordesilhas ficando
Sem mais ninguém respeitá-lo!
13
49
Além de não existir
Marco e fiscalização
Durante umas oito décadas
Existiu a união
Entre Portugal e Espanha...
Cada qual comeu na manha
Milhões de léguas do “irmão”!
50
Enquanto aqui, portugueses,
Rasgavam matas a eito,
Cortavam serras e rios
Levando o Brasil no peito,
Na região asiática,
Espanha com a mesma prática
Agia do mesmo jeito!
51
Mas quando se separaram
As duas nações ibéricas,
As invasões prosseguiram
Fossem calmas, fossem histéricas
Espanha tomou chão luso
Na Ásia e sofreu abuso
De Portugal nas Américas!
52
Além disso, Sacramento,
Aonde a prata aflorava,
Portugal se achava dono
Mas por dono não se achava
Espanha entrou, não saía...
Quanto mais acordo havia
Mais acordo se quebrava.
14
53
Assim como portugueses
Em terras americanas
Comiam terras d’Espanha,
Na Ásia, mãos castelhanas
Com chumbo, espadas, botinas
Engoliam Filipinas,
Molucas e Marianas.
54
Quanto mais as ambições
No chão se concretizavam
Mais guerras se sucediam,
Mais ódios se destilavam,
Mais corações se partiam
Mais sangue as terras bebiam
Mais vidas se consumavam!
55
Foi quando se viu que a hora
Não era mais do leão
Que era a hora da raposa
Entrar no campo da ação
Trocando a dor da violência
Pela luz da inteligência;
O chumbo pela razão!!!
56
E então saíram da cena
Jagunços e generais;
Em vez de brutos guerreiros,
Finos intelectuais
Mapas em vez de canhões...
Em vez do tiro, as razões;
No lugar da guerra, a paz!
15
57
E aí brilhou Alexandre
Com mapas e argumentos...
A fala mansa e os estudos
No lugar dos armamentos,
A paciência que ensina
No lugar da adrenalina
Dos músculos sanguinolentos!
58
Defendeu que o limite
Fosse o rastro do colono,
Com base em rios e serras,
Não em linhas do abandono
Feitas de sonho e confetes...
Era o “Uti possidetis”
Quem ocupa e cuida, é dono.
59
Foi assim que em quatro anos
Agigantou-se a nação
Alexandre costurou
As bordas de um Brasilzão,
Do Oiapoque ao Chuí,
Até quase Potosí
Com jeitão de coração!
60
O arco de Tordesilhas
De cara, cresceu três vezes;
No Norte, no Sul, no Centro,
Com chão pra nobres, burgueses,
Pra índios, padres, reinóis,
Com a prata pra os espanhóis,
O ouro pra os portugueses!
16
61
Gusmão inda amarrou mais
Que a paz beijaria a terra,
Do Brasil, mesmo que as sedes
Dos reinos chegassem à guerra.
Venceu sem canhão nem bota
Com “quengo”, na maciota,
Que “o bom cabrito não berra”.
62
Pois este gênio, este herói,
Avô da diplomacia
Brasileira, que deu glórias
E terras à monarquia,
Que a Portugal deu poder
Que fez o Brasil crescer,
Foi vítima da tirania!
63
Quando Dom José cobriu-se
Com a coroa portuguesa
Marquês de Pombal cobriu
Gusmão com ódio e vileza
O fogo apagou-lhe os brilhos
Da esposa e de dois filhos
E ele morreu na pobreza
64
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  • 1. 1 01 Musa divina que inspira Poetas do mundo inteiro, Traz-me os fluidos do Parnaso E o saber mais verdadeiro Pra que eu decante à nação, Alexandre de Gusmão, Um grande herói brasileiro! 02 Mas não se trata de herói De músculos, de espada e aço, Nem dos quadrinhos que trazem Superpoderes do espaço; Não é filho de deus grego, Cow-boy, nem homem-morcego, Nem valentão do cangaço! 03 Mas como chamar de herói, Que não brigou nem matou? Quem não se impôs pela espada, Quem canhão não disparou, Quem a lança não brandiu, Quem bombas nunca explodiu, Quem País nunca atacou? 04 Tenha calma, meu leitor, Vou lhe explicar, não se zangue, A história desse herói, Sem guerra, sem bangue-bangue. Sem flecha, espada ou fuzil, Que fez crescer o Brasil Sem jamais derramar sangue!
  • 2. 2 05 Esse nome de Alexandre Ele herdou do seu padrinho, Um padre que lhe ensinou Da justiça o bom caminho. E o sobrenome Gusmão Vem também do capelão Como a Bíblia, a hóstia e o vinho. 06 Trouxe o destino de outro Alexandre do passado, O guerreiro macedônio, De ser grande e preparado... Só que o guerreiro iracundo Que conquistou meio mundo Fez com sangue derramado. 07 Alexandre de Gusmão Nasceu no Porto de Santos Em “Um, meia, nove, cinco” Numa família de tantos Irmãos e irmãs queridas; Até então, oito vidas Dadas às rezas e aos mantos. 08 Filho de Maria Álvares; E Lourenço, cirurgião; Dos doze filhos nascidos Têm destaque, ele e o irmão, Religioso e inventor, Nosso “Padre-voador” Bartolomeu de Gusmão!
  • 3. 3 09 Inventor do aeróstato, Foi este padre exemplar Que provou perante o rei Que era possível voar; Ao ver uma bolha quente Fez um balão ascendente Por ser mais leve que o ar! 10 Pois Bartolomeu levou Alexandre pra Bahia, No Colégio de Belém Demonstrou sabedoria; Foi pra o Colégio das Artes Por ser de todas as partes O melhor que existia! 11 Dali saiu preparado Diplomado, competente, Em Latim, Retórica e Ética, E em Lógica, logicamente, Em Metafísica, versado E o título considerado De “Filósofo excelente”. 12 Mil setecentos e dez Com quinze anos de idade O padre reconhecendo Sua genialidade Mandou-o pra Portugal, Foi pra Corte Imperial Fazer universidade.
  • 4. 4 13 Matriculou-se em Coimbra Mostrando grande valor. Ali estudou, formou-se, Ganhou grau superior. Com seu saber cientista Se tornou iluminista Ganhando anel de doutor. 14 Dali seguiu pra Paris. Estudar mais era o plano; Secretário da Embaixada Logo assumiu sem engano... Fez em Sorbonne, fantástico, O Direito Eclesiástico, O Civil e o Romano. 15 Na passagem pela Espanha, Em Madrid passou semanas Vendo o Tratado de Utrecht Com falhas meridianas E o limite natural Entre Espanha e Portugal Nas terras americanas. 16 Foi em Paris que Gusmão Aprofundou seu saber Na Ciência da Política Mergulhou pra conhecer Seu sentimento profundo E o jogo eterno do mundo Dos mistérios do poder!
  • 5. 5 17 Lá na Paris do Rei Sol A nova luz se acendia Na mente do brasileiro Que trocou Teologia Pela Razão e a Crítica, Iluminismo e Política, Direito e Diplomacia! 18 Desistiu do sacerdócio Inquisidor antiquado. Notou que o clericalismo Da fogueira, era apagado; E ao ler estratégia e tática Conheceu a essência prática Das duras razões de Estado. 19 E em 19 voltou A residir em Lisboa. O Rei Dom João acolheu-o Como querida pessoa; O nomeou secretário E plenipotenciário Pra defender a Coroa! 20 No ano 20 cumpriu Missão muito especial Negociando em Cambray, Em plena França real; Foi um bravo sem bravata Que se sagrou diplomata De nível internacional!
  • 6. 6 21 Bacharelou-se em Direito, Tornou-se Doutor em Leis, Foi destacado pra Roma No ano de 23 Pra junto às cortes papais Recuperar o cartaz Do monarca português! 22 Até o ano de trinta Atuou no Vaticano Fazendo grandes acordos Pra o bem do seu soberano, Ganhou, por ser habilíssimo, O título de “Fidelíssimo” Pra o Monarca lusitano! 23 Com o título Dom João V Compunha o trio de escol; Pois o título equivalia A “Rei Católico” espanhol E o título invejadíssimo Que era “Rei Cristianíssimo” Da França, o próprio Rei Sol. 24 Sete anos e três papas O viram nesta missão De defender junto a Roma, Sua querida nação. Muitos litígios zerou, E, de quebra, conquistou, Dos papas o coração!
  • 7. 7 25 Benedito XIII, o Papa, Chamou-lhe no Vaticano Chegou a lhe oferecer O título “Príncipe Romano” Ele não quis aceitar Só pra não contrariar A Dom João, seu soberano! 26 No ano de 29 A Lisboa regressou Logo Dom João pra o Brasil Alexandre despachou E a nossa realidade Com muita profundidade Gusmão de perto estudou. 27 Dois anos passou conosco, Retornou a Portugal, Lá transformou-se em Fidalgo Da Nobre Casa Real; Como Ciências, sabia, Entrou para a Academia Provando ser genial. 28 E logo foi nomeado Pela própria Majestade, Num cargo bem próximo ao Rei, “Escrivão da Puridade”, E por ter visão moderna Cuidou da política externa Com brio e capacidade!
  • 8. 8 29 Transformou-se em Conselheiro Mostrando cultura e tino, Escreveu livro de História No idioma latino E por ser hábil e ser sério Assumiu um Ministério No Conselho Ultramarino. 30 O cuidado com o Brasil Foi um dos encargos seus; Das relações com o Papa Cuidava em nome de Deus E cuidou mais, com denodos, De ter relações com todos Os países europeus. 31 No Conselho Ultramarino Encontrou a solução Pra poder qualificar Nossa colonização Trazendo família inteira Dos Açores e Madeira, Mas, sem escravização! 32 Trouxe quatro mil casais Para a região sulina Rio Grande e Paraná Também Santa Catarina. Cada família, uma área... O que é reforma agrária, É Gusmão quem nos ensina.
  • 9. 9 33 Recomendava a quem vinha Para o Brasil trabalhar: Estude rios e minas, Flora, fauna, céus e mar, O clima, a arte, a vertente E os costumes dessa gente Comer, vestir e rezar. 34 Dedicou-se a estudar As produções cartográficas, Missões, Entradas, Bandeiras, As bacias hidrográficas, Relevo, edificações... Geopolítica por razões Históricas e geográficas. 35 Concluiu que os países Não podem ter suas áreas Divididas ao sabor De linhas imaginárias; Que têm sempre as desvantagens De deixar milhões de margens Para interpretações várias. 36 Sua visão panorâmica E a mente prodigiosa, O seu saber filosófico, Sua ação habilidosa Deram-lhe mais competência Para a área da Ciência, Política e religiosa!
  • 10. 10 37 Foi quem criou três bispados Pará, São Paulo e Gerais. Criou mais as prelazias De Cuiabá e Goiás E como pensava em tudo Fez o mais profundo estudo Das questões industriais. 38 Naqueles tempos longínquos Deixou um projeto exposto Obrigando aos poderosos A pagarem mais imposto E rebaixando a quantia Para o pobre que vivia Do suor do próprio rosto! 39 E implantou o sistema Chamado “capitação” Pelo número de escravos Que possuía o barão; Fundiu o ouro e fez barras, Pra ver se acabava as farras De tanta sonegação. 40 Entre 29 e 30 No Brasil permanecia Em São Paulo, Minas, Rio Atuou com maestria Em tudo que o rei mandou E de quebra, inda aceitou, Ensinar Filosofia.
  • 11. 11 41 Nesse período ele viu Que as fronteiras da nação Desenhada em Tordesilhas Já não tinham mais razão De usufruir validade Pois, frente à realidade; Era simples ficção! 42 Das Ilhas de cabo Verde Trezentas, setenta léguas Ninguém havia medido E assim, sem metros e réguas Bandeirantes desde cedo Fora ocupando sem medo Sem leis, limites ou tréguas. 43 Os espanhóis no Pacífico Se entreteram próximo ao mar, Destruindo Incas e Maias E a prata a desenterrar Se esquecendo de um mundão, Um profundo De-Sertão Que tinha pra conquistar! 44 Neste “vazio” ficava Pará, Rondônia, Amapá, Catarina e Mato Grosso Rio Grande e Paraná, Amazonas, chão goiano... Tudo... do Meridiano De Tordesilhas pra lá!!!
  • 12. 12 45 Se a linha era imaginária, Quem iria imaginar Se ela ficava mais perto, Se mais longe ia ficar... E haja procurar tesouro, Haja sonhar prata e ouro, Haja índio escravizar!!! 46 E assim foram furando Pântanos, matas, rios, serras; Fazendo arraiais e vilas Se apossando em novas terras Chantando marcos e crivos E oferecendo aos nativos Vida escrava ou morte em guerras! 47 Era a espada cortando, E a batina benzendo, O arcabuz trovejando E a aguardente fervendo, Miçanga aos índios comprando, O mato abrindo e fechando E o nosso Brasil crescendo! 48 Matas cedendo ao machado, À foice, ao Rabo-de-galo, O chifre do boi tangido Pelo casco do cavalo, O “hinterland” se ampliando E Tordesilhas ficando Sem mais ninguém respeitá-lo!
  • 13. 13 49 Além de não existir Marco e fiscalização Durante umas oito décadas Existiu a união Entre Portugal e Espanha... Cada qual comeu na manha Milhões de léguas do “irmão”! 50 Enquanto aqui, portugueses, Rasgavam matas a eito, Cortavam serras e rios Levando o Brasil no peito, Na região asiática, Espanha com a mesma prática Agia do mesmo jeito! 51 Mas quando se separaram As duas nações ibéricas, As invasões prosseguiram Fossem calmas, fossem histéricas Espanha tomou chão luso Na Ásia e sofreu abuso De Portugal nas Américas! 52 Além disso, Sacramento, Aonde a prata aflorava, Portugal se achava dono Mas por dono não se achava Espanha entrou, não saía... Quanto mais acordo havia Mais acordo se quebrava.
  • 14. 14 53 Assim como portugueses Em terras americanas Comiam terras d’Espanha, Na Ásia, mãos castelhanas Com chumbo, espadas, botinas Engoliam Filipinas, Molucas e Marianas. 54 Quanto mais as ambições No chão se concretizavam Mais guerras se sucediam, Mais ódios se destilavam, Mais corações se partiam Mais sangue as terras bebiam Mais vidas se consumavam! 55 Foi quando se viu que a hora Não era mais do leão Que era a hora da raposa Entrar no campo da ação Trocando a dor da violência Pela luz da inteligência; O chumbo pela razão!!! 56 E então saíram da cena Jagunços e generais; Em vez de brutos guerreiros, Finos intelectuais Mapas em vez de canhões... Em vez do tiro, as razões; No lugar da guerra, a paz!
  • 15. 15 57 E aí brilhou Alexandre Com mapas e argumentos... A fala mansa e os estudos No lugar dos armamentos, A paciência que ensina No lugar da adrenalina Dos músculos sanguinolentos! 58 Defendeu que o limite Fosse o rastro do colono, Com base em rios e serras, Não em linhas do abandono Feitas de sonho e confetes... Era o “Uti possidetis” Quem ocupa e cuida, é dono. 59 Foi assim que em quatro anos Agigantou-se a nação Alexandre costurou As bordas de um Brasilzão, Do Oiapoque ao Chuí, Até quase Potosí Com jeitão de coração! 60 O arco de Tordesilhas De cara, cresceu três vezes; No Norte, no Sul, no Centro, Com chão pra nobres, burgueses, Pra índios, padres, reinóis, Com a prata pra os espanhóis, O ouro pra os portugueses!
  • 16. 16 61 Gusmão inda amarrou mais Que a paz beijaria a terra, Do Brasil, mesmo que as sedes Dos reinos chegassem à guerra. Venceu sem canhão nem bota Com “quengo”, na maciota, Que “o bom cabrito não berra”. 62 Pois este gênio, este herói, Avô da diplomacia Brasileira, que deu glórias E terras à monarquia, Que a Portugal deu poder Que fez o Brasil crescer, Foi vítima da tirania! 63 Quando Dom José cobriu-se Com a coroa portuguesa Marquês de Pombal cobriu Gusmão com ódio e vileza O fogo apagou-lhe os brilhos Da esposa e de dois filhos E ele morreu na pobreza 64 A História lhe roubou As glórias que merecia Por isto, eu faço justiça Nesta humilde poesia A ALEXANDRE GUSMÃO, Gênio da paz, campeão Da luz da diplomacia!