O documento descreve uma visita à Biblioteca Mário de Andrade em São Paulo, destacando suas características arquitetônicas clássicas e elegantes, como colunas monumentais, mármore, escadas e salas de leitura amplos. Apesar de seu estilo rígido, a biblioteca é vista como um local de liberdade intelectual. Algumas modificações recentes, como rampas para cadeirantes, são elogiadas, embora a cor vermelha usada seja questionada.
30. Sempre há uma moldura. Sem floreios, mas sempre há um friso.
31. Balcão parece ter nascido aqui! Simples, sóbrio, sem detalhes, mas com um friso na parte baixa e o beiral no tampo. Essa curva é de um charme discreto muito senhor de si, não?
32. Uma janela só não faz verão. Mas três são quase um vitral laico.
33. Esse painel amarelo está roubando o cenário. A área parece um banco ou uma sede de governo, não um lugar onde se vá descontraído ler um livro.
34. O charme de um beleza noir, de uma atriz alemã do pós guerra, ou de um cassino europeu...
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36. Há um orgulho, uma nobreza, uma formalidade que chega a nos desconcertar.
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40. Um valor que os modernistas jamais compreenderam: um guarda-corpo não é só um guarda-corpo.
41. O dourado mostra que o corrimão é uma jóia sobre o corpo de uma delicada escada.
42. Escada delicada apenas na sua luz diáfana e cor suave. O mármore garante que ela se impõem absolutamente segura, mas branda.
58. A voluta encerra o jogo quadrangular, com um arremate nítido e incontestável. De quebra, ela repousa sobre uma esfera de bronze, como a mulher bela e segura que finge ser frágil.
59. Não terminar a escada com arestas, mas num diálogo suave com o piso.
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61. Pense num autor que combina com esse espaço de leitura. Pensou em quem?
62. A sala de leitura tem vocação de voar, pode reparar.
63. A gigantesca sanca luminosa retém a sala e os móveis aqui, zelando pela estabilidade do ambiente.
64. A nova rampa para cadeirantes repete a elegância e curva do alpendre. Que bela alteração! Lamentamos a cor, de um contraste desnecessário.
65. Mas a sala, como criança presa em casa, olha para a praça e quer sair!
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68. Os frisos, quase imperceptíveis, dizem: veja, cuidamos de você, querido prédio, com carinho...
69. Um belo pé direito que respira forte. Que almeja luz!
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77. Uma dança hipnótica. Uma mulher completamente art-decó! Rígida, solene, simétrica, forte. Ela não lê, antes oferece um livro de páginas abertas a quem passa.
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80. Outra intervenção feliz: o corrimão também participa deste jogo sério. Podemos contestar a cor: vermelho? Fazer o quê? A vida não é perfeita...