Este documento analisa a criação e atuação da Escola Agrícola da Bahia entre 1877 e 1930. A escola formou os primeiros profissionais de nível superior em agricultura no Brasil e contribuiu para a institucionalização da agronomia. Sua criação esteve ligada aos esforços das elites do Recôncavo Baiano para promover o desenvolvimento da agricultura na região através do uso da ciência.
Agronomia, agrônomos e política no Brasil (1930-1961) Sonia regina de mendoncaBlanco agriCultura
de Sonia Regina de Mendonca,
Estudo comparativo dos projetos
para a agricultura brasileira veiculados
por duas entidades profissionais de
agrônomos no Brasil entre 1930 e 1961: a
Sociedade Brasileira de Agronomia e a Sociedade
Paulista de Agronomia. A pesquisa
nos periódicos das agremiações aponta suas
principais práticas e fornece seus quadros
dirigentes, dando inteligibilidade a ambos
os projetos. Se os dirigentes da SBA defendiam
o incentivo estatal à diversificação
agrícola para exportação, os agrônomos
da SPA, articulados à grande burguesia
industrial paulista, propunham, já nos anos
1940, a industrialização da agricultura mediante
a utilização de insumos industriais,
sobretudo tratores.
Estado e Ensino Rural no Brasil na Primeira Metade do Século XX: Balanço Hist...Blanco agriCultura
A questão das relações entre grupos dominantes agrários e Estado no Brasil tem sido
objeto de minhas reflexões, sobretudo no que se refere ao âmbito do mundo rural,
embora permanentemente redefinida e ampliada1 como no caso do presente artigo, cujo
objeto é a crítica à historiografia sobre as políticas de Ensino Rural - primário e médio -
no decorrer da primeira metade do século XX.
O documento descreve a criação do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura e da Escola Agrícola da Bahia no século XIX. A escola foi fundada para formar operários agrícolas e engenheiros agrônomos, visando modernizar a agricultura e resolver problemas da economia açucareira, como falta de mão-de-obra e tecnologia atrasada. No entanto, o curso para operários enfrentou dificuldades e teve pouca adesão, enquanto o curso superior formou várias turmas de engenhe
Brasil: paradoxos entre o crescimento econômico e a desigualdade social - [TC...Diógenes de Oliveira
1. O documento descreve a história da transição econômica do Brasil de país agroexportador para industrializado, analisando os principais momentos desde o início da exploração econômica até os avanços recentes.
2. Inicialmente, o Brasil se desenvolveu como país agroexportador de produtos primários, com ênfase na exportação de cana-de-açúcar. Sua industrialização foi tardia e limitada até meados do século XX.
3. A partir de 1930, com a crise mundial, o Brasil iniciou seu
O documento descreve os principais ciclos econômicos da história do Brasil, incluindo:
1) O primeiro ciclo da extração do pau-brasil;
2) O segundo ciclo da produção de cana-de-açúcar;
3) O ciclo da mineração de ouro no século 18.
Especial: É tudo um assunto só!
http://goo.gl/cpC8H3
A CONSTITUIÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA
BAHIA NO ESPAÇO REGIONAL
O presente artigo busca compreender os interes
ses e conflitos locais e regionais decorrentes da
criação e instalação da UFRB. Nessa perspectiva, uma análise sobre o papel das universidades
no desenvolvimento regional é uma questão central deste artigo, sobretudo nesse período em
que vem ocorrendo à ex
pansão das instituições de ensino superior no Brasil e na Bahia.
Especial: É tudo um assunto só!
http://goo.gl/cpC8H3
Este documento apresenta o plano de curso anual para a disciplina de História do 8o ano do Ensino Fundamental. O plano descreve os objetivos gerais do curso, a metodologia de ensino, os conteúdos programáticos divididos por bimestres e a avaliação dos alunos. Os conteúdos incluem temas como a independência do Brasil, a industrialização dos EUA, o Império Brasileiro e o período republicano.
Rômulo almeida mentor da modernização do brasil, do nordeste e da bahia2Fernando Alcoforado
Rômulo Almeida foi um importante mentor da modernização do Brasil, Nordeste e Bahia no século XX. Ele contribuiu para o planejamento econômico brasileiro e criação de instituições como Petrobras e BNB. Na Bahia, elaborou o PLANDEB, o maior plano de desenvolvimento já realizado, que impulsionou a industrialização e urbanização do estado.
Agronomia, agrônomos e política no Brasil (1930-1961) Sonia regina de mendoncaBlanco agriCultura
de Sonia Regina de Mendonca,
Estudo comparativo dos projetos
para a agricultura brasileira veiculados
por duas entidades profissionais de
agrônomos no Brasil entre 1930 e 1961: a
Sociedade Brasileira de Agronomia e a Sociedade
Paulista de Agronomia. A pesquisa
nos periódicos das agremiações aponta suas
principais práticas e fornece seus quadros
dirigentes, dando inteligibilidade a ambos
os projetos. Se os dirigentes da SBA defendiam
o incentivo estatal à diversificação
agrícola para exportação, os agrônomos
da SPA, articulados à grande burguesia
industrial paulista, propunham, já nos anos
1940, a industrialização da agricultura mediante
a utilização de insumos industriais,
sobretudo tratores.
Estado e Ensino Rural no Brasil na Primeira Metade do Século XX: Balanço Hist...Blanco agriCultura
A questão das relações entre grupos dominantes agrários e Estado no Brasil tem sido
objeto de minhas reflexões, sobretudo no que se refere ao âmbito do mundo rural,
embora permanentemente redefinida e ampliada1 como no caso do presente artigo, cujo
objeto é a crítica à historiografia sobre as políticas de Ensino Rural - primário e médio -
no decorrer da primeira metade do século XX.
O documento descreve a criação do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura e da Escola Agrícola da Bahia no século XIX. A escola foi fundada para formar operários agrícolas e engenheiros agrônomos, visando modernizar a agricultura e resolver problemas da economia açucareira, como falta de mão-de-obra e tecnologia atrasada. No entanto, o curso para operários enfrentou dificuldades e teve pouca adesão, enquanto o curso superior formou várias turmas de engenhe
Brasil: paradoxos entre o crescimento econômico e a desigualdade social - [TC...Diógenes de Oliveira
1. O documento descreve a história da transição econômica do Brasil de país agroexportador para industrializado, analisando os principais momentos desde o início da exploração econômica até os avanços recentes.
2. Inicialmente, o Brasil se desenvolveu como país agroexportador de produtos primários, com ênfase na exportação de cana-de-açúcar. Sua industrialização foi tardia e limitada até meados do século XX.
3. A partir de 1930, com a crise mundial, o Brasil iniciou seu
O documento descreve os principais ciclos econômicos da história do Brasil, incluindo:
1) O primeiro ciclo da extração do pau-brasil;
2) O segundo ciclo da produção de cana-de-açúcar;
3) O ciclo da mineração de ouro no século 18.
Especial: É tudo um assunto só!
http://goo.gl/cpC8H3
A CONSTITUIÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA
BAHIA NO ESPAÇO REGIONAL
O presente artigo busca compreender os interes
ses e conflitos locais e regionais decorrentes da
criação e instalação da UFRB. Nessa perspectiva, uma análise sobre o papel das universidades
no desenvolvimento regional é uma questão central deste artigo, sobretudo nesse período em
que vem ocorrendo à ex
pansão das instituições de ensino superior no Brasil e na Bahia.
Especial: É tudo um assunto só!
http://goo.gl/cpC8H3
Este documento apresenta o plano de curso anual para a disciplina de História do 8o ano do Ensino Fundamental. O plano descreve os objetivos gerais do curso, a metodologia de ensino, os conteúdos programáticos divididos por bimestres e a avaliação dos alunos. Os conteúdos incluem temas como a independência do Brasil, a industrialização dos EUA, o Império Brasileiro e o período republicano.
Rômulo almeida mentor da modernização do brasil, do nordeste e da bahia2Fernando Alcoforado
Rômulo Almeida foi um importante mentor da modernização do Brasil, Nordeste e Bahia no século XX. Ele contribuiu para o planejamento econômico brasileiro e criação de instituições como Petrobras e BNB. Na Bahia, elaborou o PLANDEB, o maior plano de desenvolvimento já realizado, que impulsionou a industrialização e urbanização do estado.
Este documento apresenta e analisa aspectos da formação e organização do espaço urbano como um contínuo do espaço rural na região de Campo Mourão no Paraná, Brasil. Aborda a história da região ligada a conflitos pela terra e como o "progresso" agrícola levou a transformações espaciais e sociais, como o êxodo rural e problemas socioambientais. Analisa também como a geografia pode estabelecer conhecimento sobre as relações espaciais construídas pelo homem.
O documento apresenta um manual para candidatos de um concurso vestibular que inclui: 1) conteúdos e habilidades a serem avaliadas nas áreas de Ciências Humanas, História, Geografia e Língua Portuguesa; 2) bibliografia de referência para cada área.
Este documento discute as diferenças entre agricultura camponesa e agricultura familiar. Apresenta a Via Campesina e a FETRAF-SUL como organizações que representam esses grupos e defendem a soberania alimentar e a reforma agrária. Critica a visão de que o camponês desaparecerá ao se integrar ao mercado, defendendo que a luta política, e não o mercado, permitiu a recriação do campesinato no Brasil.
O documento discute a juventude no campo brasileiro e como as ciências sociais abordam o tema. Apresenta a evolução histórica da estrutura fundiária e das políticas públicas voltadas para o campo, e como isso impacta os jovens. Também reflete sobre como superar a dicotomia campo-cidade para melhor entender a realidade atual.
No início do século XIX, as iniciativas de D. João VI marcaram o início da industrialização brasileira e da educação profissional no país. No entanto, este incentivo inicial não foi suficiente para uma expansão rápida, em parte devido à manutenção do trabalho escravo. Ao longo do século XIX, surgiram as primeiras instituições de ensino profissional, porém elas raramente preparavam para a indústria. Foi apenas no final do século XIX e início do XX, com o desenvolvimento econômico e
1) O documento apresenta um resumo de artigos sobre a Era Vargas no Brasil, abordando temas como a personalidade política de Vargas, o modelo institucional desenvolvido nos anos 1930, a relação de Vargas com os militares e intelectuais, e o nacionalismo de Vargas.
2) Os artigos analisam como Vargas liderou um processo de industrialização e modernização do Brasil, mas também imprimiu traços autoritários e populistas no sistema político brasileiro.
3) O legado de Vargas é visto como tendo promovido o crescimento econô
A divisão política e administrativa do Brasil mudou ao longo dos séculos desde as donatarias e capitanias hereditárias. Em 1942, o IBGE estabeleceu a primeira divisão regional do país em cinco regiões - Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. Em 1945, o Brasil foi dividido em zonas fisiográficas baseadas em critérios econômicos, que foram usadas até 1970.
[1] This thesis examines the institutionalization of agronomy as a scientific field in Bahia, Brazil between 1832-1911.
[2] It analyzes how agronomy was constructed as a project through institutions like the Society of Agriculture, Commerce and Industry of Bahia Province and the Imperial Bahian Institute of Agriculture.
[3] It also examines agronomy as an action through the Bahia Agricultural School, the Department of Agriculture of Bahia, and the Bahia Society of Agriculture, seeking to reconstruct the practices and representations of social groups involved, especially agronomists.
O documento analisa a história da Vila de Cabeças, Bahia de 1920 a 1962, quando se tornou a cidade de Governador Mangabeira. Discute o apogeu econômico da Vila com o beneficiamento de tabaco e a importância política do Coronel João Altino da Fonseca. Também explora a origem do nome "Cabeças" e o contexto histórico do Recôncavo Baiano como região produtora de tabaco.
1) O artigo descreve as primeiras instituições escolares criadas no Brasil colonial e imperial e como elas estavam ligadas à transformação da sociedade e aos interesses econômicos da época.
2) Durante o período colonial, os jesuítas estabeleceram as primeiras escolas para catequizar os indígenas e prepará-los para servir aos colonizadores portugueses e à Coroa.
3) No Império, as instituições escolares continuaram a servir aos interesses das elites dominantes, normalmente destinando-
1) O documento propõe analisar a história da alimentação na cidade de São Paulo entre 1920-1950, período de intensa urbanização da cidade.
2) Apesar da abundância de fontes, poucos estudos abordaram o tema, representando uma lacuna historiográfica.
3) O autor defende uma abordagem multidisciplinar da história da alimentação, incorporando perspectivas de história social, saúde pública e memória cultural.
Este documento traça um panorama histórico das políticas culturais na Bahia do século XX, dividindo-o em três momentos. O primeiro momento, no início do século até os anos 1940, foi marcado por uma cultura elitista e pouco participativa. O segundo momento, dos anos 1940 até 1964, foi a fase áurea quando iniciativas efetivas de políticas culturais foram implementadas, como o Departamento de Cultura criado no governo de Otávio Mangabeira. O terceiro momento, a partir de 1964, foi marcado pela inserção da indú
Este artigo analisa as diversas interpretações do Movimento Divisionista na historiografia, o surgimento do Movimento Cultural Guaicuru e sua importância na busca de uma identidade sul-mato-grossense. Discute-se como os índios Guaicurus influenciaram a construção dessa identidade e como o Movimento Guaicuru representou a primeira plataforma social, econômica e cultural do novo estado.
O documento descreve a economia brasileira no século XIX, quando o país passou por um processo de modernização e adaptação ao capitalismo. Nesse período, os principais produtos de exportação foram o café, cultivado em São Paulo e Minas Gerais, o açúcar, produzido no Nordeste, e o algodão, no Maranhão. A expansão da produção cafeeira para o interior paulista foi apoiada pelo desenvolvimento de ferrovias.
1) O documento discute a história da ocupação do território brasileiro desde o período colonial, marcado pela expansão dos grandes latifúndios e trabalho escravo.
2) Ao longo dos séculos, o Brasil foi marcado por ciclos econômicos ligados a commodities que influenciaram a dinâmica regional.
3) Apesar de avanços na reforma agrária nas últimas décadas, a estrutura fundiária concentrada e a pobreza no campo permanecem como desafios.
Fundamentos históricos sociológicos e filosóficos da educaçãoKáttia Gonçalves
Este documento descreve a história da educação no Brasil desde o período colonial até a República em 3 partes: (1) A educação jesuítica durante o período colonial, que foi fundamental para a evangelização e instrução dos indígenas e colonos. (2) O ensino régio no século 18, quando o Estado português passou a ter um papel mais ativo na educação após a expulsão dos jesuítas. (3) A educação durante a Monarquia e a República, quando o Brasil ganhou independência e novas
Juliana e Fernanda fazem uma análise cultural da Feira Livre de Irará, a partir dos conceitos de sociabilidade, identidade e cultura, observando como estes se aplicam ao contexto vivido por feirantes e fregueses.
As autoras pensam a Feira como Patrimônio Cultural Imaterial, a qual merece enquadramento no Livro de Registro dos Lugares, destinados a ambientes tradicionalmente reconhecidos como produtores de sentido cultural para a população do lugar.
O documento descreve a educação e filantropia na cidade de São Paulo no final do século XIX e início do século XX, com foco na obra do Conde José Vicente de Azevedo no bairro de Ipiranga. Analisa como a Igreja Católica e a elite paulista se uniram para lidar com a "questão social" por meio de instituições de caridade e educacionais em um período de crescimento urbano e industrialização impulsionados pela economia cafeeira.
O documento discute a formação territorial do Brasil sob a influência de fatores econômicos e populacionais ao longo dos séculos. Aborda temas como a chegada dos portugueses e o sistema de capitanias hereditárias, a economia baseada no extrativismo e na escravidão, a imigração em massa no século XIX impulsionada pelo ciclo do café, e o início da industrialização no século XX. Contém diversos mapas e imagens ilustrativas para apoiar a análise histórica.
1) Grupos caçadores-coletores estabeleceram-se na região Centro-Oeste do Brasil entre 12.000-10.000 anos atrás, quando o clima era mais seco do que hoje.
2) Desde o início do período Holoceno até 1.000 anos a.C., caçadores-coletores ocuparam quase toda a região, usando diferentes tecnologias e sistemas socioculturais complexos.
3) Por volta de 1.000 anos a.C., alguns grupos começaram a desenvolver técnic
O documento discute a produção de café no Vale do Paraíba durante os séculos XVIII e XIX. Apresenta três textos sobre o assunto, com foco na relação entre cafeicultores e conservadorismo, na expansão da produção de café em São Paulo, e na geografia da escravidão na região. Imagens e vídeos ilustram a arquitetura das fazendas de café e seu papel na economia da época. Questionamentos sobre o tema também são apresentados.
Este documento apresenta e analisa aspectos da formação e organização do espaço urbano como um contínuo do espaço rural na região de Campo Mourão no Paraná, Brasil. Aborda a história da região ligada a conflitos pela terra e como o "progresso" agrícola levou a transformações espaciais e sociais, como o êxodo rural e problemas socioambientais. Analisa também como a geografia pode estabelecer conhecimento sobre as relações espaciais construídas pelo homem.
O documento apresenta um manual para candidatos de um concurso vestibular que inclui: 1) conteúdos e habilidades a serem avaliadas nas áreas de Ciências Humanas, História, Geografia e Língua Portuguesa; 2) bibliografia de referência para cada área.
Este documento discute as diferenças entre agricultura camponesa e agricultura familiar. Apresenta a Via Campesina e a FETRAF-SUL como organizações que representam esses grupos e defendem a soberania alimentar e a reforma agrária. Critica a visão de que o camponês desaparecerá ao se integrar ao mercado, defendendo que a luta política, e não o mercado, permitiu a recriação do campesinato no Brasil.
O documento discute a juventude no campo brasileiro e como as ciências sociais abordam o tema. Apresenta a evolução histórica da estrutura fundiária e das políticas públicas voltadas para o campo, e como isso impacta os jovens. Também reflete sobre como superar a dicotomia campo-cidade para melhor entender a realidade atual.
No início do século XIX, as iniciativas de D. João VI marcaram o início da industrialização brasileira e da educação profissional no país. No entanto, este incentivo inicial não foi suficiente para uma expansão rápida, em parte devido à manutenção do trabalho escravo. Ao longo do século XIX, surgiram as primeiras instituições de ensino profissional, porém elas raramente preparavam para a indústria. Foi apenas no final do século XIX e início do XX, com o desenvolvimento econômico e
1) O documento apresenta um resumo de artigos sobre a Era Vargas no Brasil, abordando temas como a personalidade política de Vargas, o modelo institucional desenvolvido nos anos 1930, a relação de Vargas com os militares e intelectuais, e o nacionalismo de Vargas.
2) Os artigos analisam como Vargas liderou um processo de industrialização e modernização do Brasil, mas também imprimiu traços autoritários e populistas no sistema político brasileiro.
3) O legado de Vargas é visto como tendo promovido o crescimento econô
A divisão política e administrativa do Brasil mudou ao longo dos séculos desde as donatarias e capitanias hereditárias. Em 1942, o IBGE estabeleceu a primeira divisão regional do país em cinco regiões - Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. Em 1945, o Brasil foi dividido em zonas fisiográficas baseadas em critérios econômicos, que foram usadas até 1970.
[1] This thesis examines the institutionalization of agronomy as a scientific field in Bahia, Brazil between 1832-1911.
[2] It analyzes how agronomy was constructed as a project through institutions like the Society of Agriculture, Commerce and Industry of Bahia Province and the Imperial Bahian Institute of Agriculture.
[3] It also examines agronomy as an action through the Bahia Agricultural School, the Department of Agriculture of Bahia, and the Bahia Society of Agriculture, seeking to reconstruct the practices and representations of social groups involved, especially agronomists.
O documento analisa a história da Vila de Cabeças, Bahia de 1920 a 1962, quando se tornou a cidade de Governador Mangabeira. Discute o apogeu econômico da Vila com o beneficiamento de tabaco e a importância política do Coronel João Altino da Fonseca. Também explora a origem do nome "Cabeças" e o contexto histórico do Recôncavo Baiano como região produtora de tabaco.
1) O artigo descreve as primeiras instituições escolares criadas no Brasil colonial e imperial e como elas estavam ligadas à transformação da sociedade e aos interesses econômicos da época.
2) Durante o período colonial, os jesuítas estabeleceram as primeiras escolas para catequizar os indígenas e prepará-los para servir aos colonizadores portugueses e à Coroa.
3) No Império, as instituições escolares continuaram a servir aos interesses das elites dominantes, normalmente destinando-
1) O documento propõe analisar a história da alimentação na cidade de São Paulo entre 1920-1950, período de intensa urbanização da cidade.
2) Apesar da abundância de fontes, poucos estudos abordaram o tema, representando uma lacuna historiográfica.
3) O autor defende uma abordagem multidisciplinar da história da alimentação, incorporando perspectivas de história social, saúde pública e memória cultural.
Este documento traça um panorama histórico das políticas culturais na Bahia do século XX, dividindo-o em três momentos. O primeiro momento, no início do século até os anos 1940, foi marcado por uma cultura elitista e pouco participativa. O segundo momento, dos anos 1940 até 1964, foi a fase áurea quando iniciativas efetivas de políticas culturais foram implementadas, como o Departamento de Cultura criado no governo de Otávio Mangabeira. O terceiro momento, a partir de 1964, foi marcado pela inserção da indú
Este artigo analisa as diversas interpretações do Movimento Divisionista na historiografia, o surgimento do Movimento Cultural Guaicuru e sua importância na busca de uma identidade sul-mato-grossense. Discute-se como os índios Guaicurus influenciaram a construção dessa identidade e como o Movimento Guaicuru representou a primeira plataforma social, econômica e cultural do novo estado.
O documento descreve a economia brasileira no século XIX, quando o país passou por um processo de modernização e adaptação ao capitalismo. Nesse período, os principais produtos de exportação foram o café, cultivado em São Paulo e Minas Gerais, o açúcar, produzido no Nordeste, e o algodão, no Maranhão. A expansão da produção cafeeira para o interior paulista foi apoiada pelo desenvolvimento de ferrovias.
1) O documento discute a história da ocupação do território brasileiro desde o período colonial, marcado pela expansão dos grandes latifúndios e trabalho escravo.
2) Ao longo dos séculos, o Brasil foi marcado por ciclos econômicos ligados a commodities que influenciaram a dinâmica regional.
3) Apesar de avanços na reforma agrária nas últimas décadas, a estrutura fundiária concentrada e a pobreza no campo permanecem como desafios.
Fundamentos históricos sociológicos e filosóficos da educaçãoKáttia Gonçalves
Este documento descreve a história da educação no Brasil desde o período colonial até a República em 3 partes: (1) A educação jesuítica durante o período colonial, que foi fundamental para a evangelização e instrução dos indígenas e colonos. (2) O ensino régio no século 18, quando o Estado português passou a ter um papel mais ativo na educação após a expulsão dos jesuítas. (3) A educação durante a Monarquia e a República, quando o Brasil ganhou independência e novas
Juliana e Fernanda fazem uma análise cultural da Feira Livre de Irará, a partir dos conceitos de sociabilidade, identidade e cultura, observando como estes se aplicam ao contexto vivido por feirantes e fregueses.
As autoras pensam a Feira como Patrimônio Cultural Imaterial, a qual merece enquadramento no Livro de Registro dos Lugares, destinados a ambientes tradicionalmente reconhecidos como produtores de sentido cultural para a população do lugar.
O documento descreve a educação e filantropia na cidade de São Paulo no final do século XIX e início do século XX, com foco na obra do Conde José Vicente de Azevedo no bairro de Ipiranga. Analisa como a Igreja Católica e a elite paulista se uniram para lidar com a "questão social" por meio de instituições de caridade e educacionais em um período de crescimento urbano e industrialização impulsionados pela economia cafeeira.
O documento discute a formação territorial do Brasil sob a influência de fatores econômicos e populacionais ao longo dos séculos. Aborda temas como a chegada dos portugueses e o sistema de capitanias hereditárias, a economia baseada no extrativismo e na escravidão, a imigração em massa no século XIX impulsionada pelo ciclo do café, e o início da industrialização no século XX. Contém diversos mapas e imagens ilustrativas para apoiar a análise histórica.
1) Grupos caçadores-coletores estabeleceram-se na região Centro-Oeste do Brasil entre 12.000-10.000 anos atrás, quando o clima era mais seco do que hoje.
2) Desde o início do período Holoceno até 1.000 anos a.C., caçadores-coletores ocuparam quase toda a região, usando diferentes tecnologias e sistemas socioculturais complexos.
3) Por volta de 1.000 anos a.C., alguns grupos começaram a desenvolver técnic
O documento discute a produção de café no Vale do Paraíba durante os séculos XVIII e XIX. Apresenta três textos sobre o assunto, com foco na relação entre cafeicultores e conservadorismo, na expansão da produção de café em São Paulo, e na geografia da escravidão na região. Imagens e vídeos ilustram a arquitetura das fazendas de café e seu papel na economia da época. Questionamentos sobre o tema também são apresentados.
O documento descreve a produção de café no Vale do Paraíba nos séculos XIX e XX, com foco na fazenda Resgate em Bananal, SP. A fazenda prosperou com a produção em larga escala de café no século XIX, empregando centenas de escravos. Sua casa grande foi reconstruída e decorada com pinturas neoclássicas na década de 1850. A fazenda ilustra como o Vale do Paraíba se tornou uma importante região produtora de café no período, abastecendo metade da demanda mundial.
O documento descreve o processo de formação territorial do estado do Acre, resultado de uma série de acordos e conflitos internacionais entre países sul-americanos e potências econômicas no final do século XIX e início do XX. O Acre passou de território boliviano para território federal brasileiro até se tornar um estado da federação brasileira. Atualmente, há conflitos locais sobre as políticas do governo federal para o Acre, dando origem às reservas extrativistas.
Os três artigos e documentos analisam o desenvolvimento da indústria no Vale do Paraíba ao longo do século XX, desde a produção cafeeira até a urbanização da década de 1970. A região passou por um processo de industrialização inicial com fábricas têxteis e alimentícias, até se tornar um importante polo industrial com montadoras de veículos e empresas de tecnologia. As desigualdades regionais, no entanto, permaneceram como um desafio.
Este documento analisa as relações entre Estado, saber e poder no Brasil da primeira metade do século XX, com foco no ensino superior agronômico. A análise se baseia no estudo de duas importantes escolas de agronomia, a ESALQ em Piracicaba e a ENA no Rio de Janeiro. A pesquisa mostra a formação de dois habitus de classe distintos entre os agrônomos, de acordo com a instituição frequentada: um destinado à reprodução da classe agrária e outro voltado para a construção de uma "nobreza do Estado
Intolerancia religiosa em salvador da bahiaIgor Bulhões
Este documento discute a intolerância religiosa entre as igrejas neopentecostais e as religiões de matriz africana em Salvador da Bahia. As igrejas neopentecostais, principalmente a Igreja Universal do Reino de Deus, acusam as religiões africanas como Candomblé de bruxaria e demonolatria, atualizando uma "cruzada contra o diabo". Isso leva a atos de discriminação contra os adeptos das religiões africanas.
Este livro apresenta a experiência do Programa Residência Agrária, um programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário que oferece estágios para estudantes universitários em assentamentos rurais. O programa teve início em 2008 e busca promover o diálogo entre universidades, movimentos sociais e assentados rurais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável destas áreas.
O documento critica aqueles que negam o conhecimento à juventude e exploram o povo para benefício próprio. Defende que a juventude deve se unir e lutar contra a opressão por meio da revolução, a fim de construir uma sociedade justa e igualitária.
O poema descreve a vida como uma jaula na qual todos estão presos e da qual não podem escapar. Apesar das dificuldades e armadilhas do mundo, as pessoas precisam continuar vivendo e lutando para sobreviver e cuidar de suas famílias. O poema também aponta para as desigualdades sociais, com alguns tendo muito mais do que precisam enquanto outros mal conseguem se alimentar.
Na primeira noite, alguém roubou uma flor do jardim e nada foi dito. Na segunda noite, pisaram nas flores, mataram o cão e ainda assim nada foi dito. Até que um dia, o mais frágil entrou sozinho, roubou a luz e arrancou a voz da garganta, e nada continuou a ser dito.
Este documento discute agitação e propaganda no processo de transformação social. Explica que agitação e propaganda são táticas utilizadas para agitar as massas, denunciar e fomentar indignação, visando a politização e a luta de classes. Detalha origens históricas destas táticas na Rússia pré-revolucionária e em outros países, e discute objetivos, meios, instrumentos e formas utilizados, bem como sua relação com processos revolucionários.
1) O documento discute os desafios do desenvolvimento nos assentamentos de reforma agrária na Bahia, com base em uma pesquisa realizada pelo INCRA em 2010.
2) A pesquisa revelou grandes déficits de infraestrutura e acesso a crédito nos assentamentos brasileiros. Na Bahia, as famílias assentadas tinham baixa renda agropecuária e produção, apesar de situação relativamente melhor de infraestrutura.
3) Fatores como clima, IDH e idade dos assentamentos não explicam so
1) O documento discute a inserção da questão agrária nas estratégias de desenvolvimento do Brasil.
2) Analisa como o desenvolvimentismo histórico do país não abordou adequadamente a questão agrária e a necessidade de uma reforma crítica.
3) Reflete sobre debates recentes em torno da reforma agrária e sua importância para o tipo de desenvolvimento que o Brasil deseja alcançar.
O documento descreve como a agricultura na Região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul mudou com o uso intensivo de tratores, adubos e agrotóxicos, deixando os pequenos agricultores vulneráveis. Ele também discute técnicas para tornar a agricultura mais sustentável e independente de insumos, como plantio em curvas de nível e adubação verde.
La crisis del sistema de representación política en Ecuador, que degeneró en un representativismo político personalista, combinada con una concentración creciente del poder en el Ejecutivo, han dado lugar a una democracia caudillista. Los movimientos sociales que protagonizaron conflictos en las décadas de 1980 y 1990 se han desmovilizado parcialmente debido a su conversión en fuerzas políticas, su cooptación por los gobiernos o el agotamiento de sus reivindicaciones. Este fenómeno refleja la penetración del mercado en la política que ha privat
El documento critica la idea de que el libre comercio siempre beneficia a todos, señalando que esta idea es más cercana a una religión que a la ciencia. Argumenta que una liberalización comercial extrema entre economías con grandes diferencias en productividad probablemente destruirá la base productiva de los países menos desarrollados y aumentará el desempleo y la reprimarización de sus economías. Finalmente, sugiere que los países en desarrollo deben integrarse inteligentemente a la globalización buscando criterios de equidad que compensen sus menores n
Este documento apresenta um estudo sobre o impacto da cooperação ecumênica no apoio às comunidades quilombolas no Brasil de 1996 a 2009. O estudo analisa cinco casos de comunidades quilombolas e identifica os principais impactos da cooperação, incluindo a afirmação da identidade quilombola, o direito à terra e território, a organização do movimento quilombola, a incidência em políticas governamentais e o acesso a serviços. O estudo também reflete sobre as contribuições das organizações da Aliança ACT e a sust
O documento descreve o movimento estudantil na Escola Agronômica da Bahia entre as décadas de 1960 e 1970, com foco na trajetória de Eudaldo Gomes da Silva. O movimento estudantil passou por três fases: inicialmente liderado por membros da Frente Nacionalista, depois por estudantes como Eudaldo que se engajaram na política após 1964, e finalmente uma retomada na luta na década de 1970 com foco na anistia política. Eudaldo abandonou seus estudos para se juntar à luta armada e foi
Nota de solidariedade aos estudantes de cundinamarcaIgor Bulhões
A Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil declara solidariedade aos estudantes de engenharia agronômica da Universidade de Cundinamarca na Colômbia, cujo curso corre o risco de fechar devido ao Ministério da Educação colombiano impedir novas matrículas. A FEAB defende a educação pública, gratuita e de qualidade como um direito do povo e exige que o governo colombiano zele pela qualidade da educação pública e não penalize os estudantes de agronomia.
Tese a formacao de saberes profissionais da agronomia em contexto de atuacaoIgor Bulhões
O documento descreve uma tese de doutorado sobre a formação de saberes de profissionais da agronomia que atuam junto à agricultura familiar. O estudo identificou novos conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos pelos engenheiros agrônomos ao aplicarem seus conhecimentos universitários na realidade dos agricultores. As condições que levaram ao desenvolvimento desses saberes incluem a atuação em realidades complexas e imprevisíveis.
Este documento discute a formação do engenheiro agrônomo no Brasil. Analisa a evolução histórica da agricultura e do meio rural brasileiro, identificando as novas demandas deste setor. Questiona se a formação atual do engenheiro agrônomo está preparando-o para atender estas demandas. Defende que é necessário repensar a formação de forma pedagógica e política, incorporando os avanços das ciências da educação.
- A violência contra a mulher é um fenômeno social, histórico e multiforme, que viola os direitos humanos das mulheres.
- A violência é fruto do modelo patriarcal e capitalista que naturaliza a dominação masculina sobre as mulheres e seu corpo.
- Convenções internacionais tratam da violência contra a mulher, mas os países raramente cumprem seus compromissos, faltando políticas públicas efetivas.
Este documento discute as desigualdades de gênero na agricultura familiar brasileira e como as mulheres estão construindo a agroecologia no país. O texto apresenta exemplos de como organizações e movimentos vêm adotando métodos para analisar as dinâmicas locais de gênero e empoderar as mulheres. Além disso, artigos neste número mostram experiências de mulheres promovendo a agroecologia e a soberania alimentar.
Este documento discute a conferência Rio+20 que ocorrerá em junho de 2012 no Rio de Janeiro para avaliar os progressos desde a primeira Cúpula da Terra em 1992. Apesar de alguns avanços, os compromissos anteriores não foram totalmente cumpridos. A conferência se concentrará em "economia verde" mas há divergências sobre o significado deste termo. Algumas organizações defendem mudanças radicais nos sistemas econômicos enquanto governos e agências apoiam apenas pequenas mudanças. A conferência também deb
1. A ESCOLA AGRÍCOLA DA BAHIA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
AGRONOMIA NO BRASIL (1877-1930)
AUTOR: NILTON DE ALMEIDA ARAÚJO – BOLSISTA DA CAPES
ORIENTADOR : JOSÉ CARLOS BARRETO DE SANTANA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Esta pesquisa visa contribuir para a investigação da história das ciências em nosso estado,
analisando os profissionais envolvidos com a prática científica na Escola Agrícola da Bahia,
especialmente estudantes e professores, sua atuação e formas de organização, produção e
divulgação de seus trabalhos durante o período em que se localizou em São Bento das Lages, de
1877 a 1930.
Analisaremos as mudanças e permanências nas práticas, valores e métodos compartilhados e
socialmente reconhecidos pelos praticantes deste novo campo científico-profissional que é a
Agronomia, especialmente através da produção escrita de discentes e docentes da EAB a fim de
identificar as concepções teóricas e propostas pensadas e postuladas pelos mesmos, ou seja, através
desta crítica documental estabelecer quais as principais preocupações e propostas por eles
elaboradas, constituindo um retrato mais minucioso possível do funcionamento das práticas
científicas e da própria agronomia e sua relação com as macrodimensões da vida social. Estudando
a trajetória dos egressos e professores da EAB contextualizando os modelos e conceitos por eles
elaborados considerando os aspectos sociais, políticos, ideológicos, econômicos e epistemológicos,
consideramos que sua criação se inscreve no processo de institucionalização das ciências no Brasil,
transcorrido no século XIX. Ao mesmo tempo, a criação da EAB está também umbilicalmente
ligada ao engendramento da hegemonia (cf. Gramsci, 1984) de uma fração de classe dominante
baiana com base no Recôncavo Baiano.
A articulação entre os governos provincial, central e as elites açucareiras para superar a
estagnação da lavoura do Recôncavo, na segunda metade do século XIX, fundamentou-se também
num discurso que tinha seu leitmotiv na ciência1 como ordenadora da realidade e viabilizadora da
agricultura. É neste contexto histórico em que se constitui um novo sujeito no cenário científico
nacional. São formados no Recôncavo baiano, entre Santo Amaro e São Francisco do Conde, os
primeiros profissionais de nível superior voltados especialmente para a agricultura no Brasil: os
engenheiros agrônomos.
1
O consórcio entre ciência e agricultura não é novidade na província como sinalizam outras iniciativas institucionais como o Jardim
Botânico da Bahia e a proposta de criação de uma Escola de Agricultura em 1812. Documento manuscrito a respeito da criação da
Diretoria de Agricultura e Jardim Botânico da Cidade da Bahia, 1812, está no Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, cx.
764/pac.4/n.°168, segundo DENIS, Gilles. A Agronomia e a Naturalização de Vegetais Estrangeiros (Exóticos) na França do Fim do
Século XVIII. in: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria, MAIA, Carlos A. História da Ciência: o mapa do conhecimento – Rio de
Janeiro/São Paulo: Expressão e Cultura/EDUSP, 1995, p.653-692
2. Baiardi (2001) postula que o Imperial Instituto Bahiano de Agricultura (IIBA) teria
contribuído para o aumento das exportações de produtos agropecuários da Bahia, tanto quanto para
a diversificação e dinamização da agricultura de gêneros alimentícios para o mercado influindo, por
conseguinte, na reversão da crise da economia agrário-exportadora e da crise do abastecimento,
especialmente no período que tange à segunda metade do século XIX. O autor aborda as primeiras
atividades do IIBA, em especial dos profissionais estrangeiros envolvidos com a consolidação da
instituição e a articulação entre governo imperial, provincial e elite local na promoção da atividade
científica voltada para a agricultura. Considera a relevância da instituição não só no plano
econômico, mas também científico ao se constituir, neste lócus institucional, a gestação da
comunidade de ciências agrárias na Bahia. Destarte, sua análise busca rever o papel do IIBA na
história das ciências como fundamental para o início da pesquisa agropecuária na Bahia.
Diferentemente de Tourinho (1982), que afirma ter sido pouca a contribuição dos formados
pela EAB para a agricultura da província, para Baiardi “um balanço cobrindo o período que vai de
1875 a 1911, os 36 anos de maior atividade institucional, sugere que o IIBA produziu um acervo de
conhecimentos técnico-científicos, o qual contribuiu para a expansão e consolidação no Recôncavo
Baiano e adjacências das lavouras da cana-de-açúcar, fumo, café e algodão, tipicamente geradoras
de commodities, e de mandioca, outros tubérculos e raízes, fruteiras, legumes diversos, bem como
de atividades de produção animal, voltadas, majoritariamente, para o mercado interno” (p.82).
Entretanto, além do IIBA, são criados Imperiais Institutos em Pernambuco (dezembro de
1859), Sergipe (janeiro de 1860), Rio de Janeiro (junho de 1860) e Rio Grande do Sul (agosto de
1861) (Capdeville, 1991, p. 42). Esta e outras referências documentais nos fizeram considerar que a
criação dos Imperiais Institutos de Agricultura, e especialmente o IIBA se constituiu na base
política antecedente da elaboração de num movimento histórico particular da República, o
ruralismo brasileiro. O ruralismo foi, como o define Sônia Mendonça (1998), um movimento
ocorrido entre 1880 e 1930, reunindo oligarquias agrárias organizadas na Sociedade Nacional de
Agricultura (1901), e do MAIC - Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (1909), buscando
se contrapor à hegemonia que São Paulo galvanizara após a queda do Império. Ora, já em meados
do século XIX os mesmos estados que recriaram o MAIC - Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do
Sul (a exceção seria Minas Gerais) - no princípio do século XX, inserem-se no movimento de
criação dos Imperiais Institutos de Agricultura e a criação de um Ministério próprio para a
agricultura, o Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (MACOP), em 1860.
Propomos, destarte, que a criação do MAIC tem suas raízes no mesmo movimento de criação do
MACOP e dos Imperiais Institutos de Agricultura. Esta inter-relação não foi levantada por nenhum
autor até nossa investigação.
3. Nestas associações se faziam representar os grandes proprietários de terra, os comerciantes, a
cúpula do clero, a oficialidade das Forças Armadas e da Guarda Nacional e os políticos, e uma de
suas principais metas é a criação de escolas de agricultura (TOURINHO, 1982; CAPDEVILLE,
1991). A partir da listagem dos seus fundadores, e principalmente dos diplomados pela escola
baiana, é possível vislumbrar o IIBA e a EAB enquanto aparelhos privados de hegemonia de uma
fração da classe dominante baiana, as oligarquias do recôncavo2. Além de um perfil social comum,
e terem sido criados sucessivamente, os laços entre os Imperiais Institutos carioca e baiano
chegam, dentre vários exemplos, ao ponto de o primeiro presidente efetivo do IIBA, Antonio
Calmon du Pin e Almeida, ser irmão do primeiro presidente do Imperial Instituto Fluminense de
Agricultura, Miguel Calmon du Pin e Almeida, o Marquês de Abrantes (cf. Domingues, p.209-213).
Destarte, quando D. Pedro “fomentou, então, a instituição de associações de classe,
convocando os elementos mais representativos da lavoura, comércio, indústria e capitalismo, para,
entre outros assuntos, cuidarem da difusão do ensino agronômico” (BAHIA, 1934, p.9. Grifei), a
ação do monarca no que diz respeito à Bahia se direcionou a uma região com peculiaridades
históricas e econômicas: o recôncavo baiano3. Assim, acreditamos que a construção desta
hegemonia pelas elites do recôncavo também passou pela sua atenção à ciência, especialmente a
agronomia.
A EAB, como instituição pioneira na formação dos primeiros profissionais capacitados para
atuar especialmente na agricultura, se inscreve na busca de atualizar o Brasil ante os triunfos da
Ciência, que cada vez mais se especializava e inter-relacionava com a atividade econômica, num
processo, acreditamos, semelhante ao que Figueirôa aponta na institucionalização da geologia no
país (Figueirôa,1997). Temos, portanto, a confluência de demandas sociais, econômicas e políticas
de uma fração de classe dominante na Bahia, junto a um novo perfil para a prática científica no país,
marcada pela profissionalização. Entretanto, apesar das inovações teóricas e metodológicas pelas
quais a historiografia das ciências recentemente vem passando no Brasil, especialmente a partir da
década de 19804, registra-se o Instituto Agronômico de Campinas em 1887 (como em
2
O predomínio de Salvador e do recôncavo na vida política baiana pode ser detectada na composição da Assembléia Provincial da
Bahia. Entre 1835 e 1889, de 780 deputados estudados por Katia Mattoso, “550 eram de Salvador, 116 do Recôncavo e 114 do
interior” – MATTOSO, K. p.276. Acerca das demais regiões como o Sul da Bahia, e a zona do Alto e Médio São Francisco, afirma
que “só se integraram tardiamente à economia baiana, libertando-se do domínio de Salvador, intensificando o intercâmbio com outras
províncias”
3
Um outro exemplo da prevalência do recôncavo baiano no Império pode ser detectada através do roteiro das cidades visitadas por
D. Pedro II em sua visita à província em 1859: Cachoeira, Itaparica, Nazaré, Jaguaripe, Santo Amaro, Vila de S. Francisco, S.
Gonçalo dos Campos, S. Félix. Entrementes Najé, Coqueiro, Maragojipe, Muritiba e Ilha de Madre de Deus, e Feira de Santana. A
última se constituindo na exceção. (Bahia, Anais do APEB, vol.3 – 1918 & Tavares, Luís Henrique Dias, 1983).
4
A partir desta revisão teórico-metodológica é que foi possível superar uma visão há muito cristalizada em obras clássicas como a de
Fernando de Azevedo, As ciências no Brasil, segundo o qual Brasil o mundo intelectual se restringia às letras, sem o complemento e
o contrapeso das ciências (Azevedo, 1955). Em contraposição à visão de que a ciência brasileira começa apenas com as
universidades, na década de 1930, podemos contrapor, no século XIX, “a criação, durante a permanência da Corte portuguesa no Rio
de Janeiro, de diversas instituições, muitas das quais atuantes ainda hoje, tais como as escolas médico-cirúrgicas da Bahia e do Rio de
Janeiro, de 1808, que em 1832 se transformaram em faculdades de medicina; a Academia Real Militar, de 1810, que deu origem à
Escola Central de 1858 e à Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1874; um horto, em 1808, depois Jardim Botânico do Rio de
4. Schwartzmann, 2001) e ignora-se a Escola da Bahia, criada dez anos antes, ou no máximo, faz-se
breves referências (Malavolta In Ferri, Motoyama, 1979-1981; Capdeville, 1991) como a primeira
escola brasileira de agronomia de nível superior.
Na medida em que este estudo se inscreve num recorte regional, também deve ser inscrito em
totalidades mais amplas. Assim, em que contexto social, político econômico é criada a EAB?
Analisando os aspectos estruturais sociais e econômicos observamos uma convergência entre as
explicações de Fragoso (no âmbito da história econômica) e Capdeville (na seara da história das
ciências). Para o primeiro a fartura de braços e terras da primeira metade do século XIX reforçava o
caráter extensivo da agricultura (Fragoso in Linhares, 1993, p.138), não havendo urgência em
inovações técnicas ou tecnológicas. Para Capdeville, conforme escasseiam as terras e a mão de obra
escrava, e por conseguinte reflui a produtividade, começou-se a apelar à ciência (1991). É nesta
conjuntura que D. Pedro II criará os Imperiais Institutos de Agricultura e o MACOP.
Se vislumbramos o conceito de ciência “como uma prática de produção de conhecimento e
aplicação de resultados que se estabelece, através de indivíduos que o realizam, como sínteses de
suas tradições formadoras, com características locais, em determinados meios sociais” (Dantes,
1996), devemos, junto aos motivos apontados por Baiardi para a escolha da sede da instituição, no
dinamismo econômico e o potencial dos solos de massapê (p.79) os fatores políticos, sociais e
econômicos. O fomento do governo imperial e as teorias e técnicas elaboradas na França, Alemanha
e outros centros não se implantam num vazio, mas num contexto em que a articulação entre ciência
e agricultura já era uma demanda presente e articulada a partir de um grupo social definido, desde
pelo menos 1832, com a Sociedade de Agricultura, Comércio e Indústria da Província da Bahia
(SACIPBa), passando pelo IIBA e culminando na Sociedade Baiana de Agricultura (1903), entidade
associada justamente à Sociedade Nacional de Agricultura, entidade organizadora do ruralismo
brasileiro conforme Sônia Mendonça.
Analisando as origens sociais e geográficas não só da diretoria do IIBA, mas também, e
principalmente, dos estudantes da EAB, é possível vislumbrar estas instituições enquanto aparelhos
privados de hegemonia de uma fração das oligarquias rurais baianas. Compreendendo que a
hegemonia primeiramente pressupõe a direção intelectual de uma dada fração sobre o conjunto das
demais integrantes do bloco no poder e, em seguida, sobre os segmentos sociais dominados,,
constituir-se como classe dirigente, frente às demais frações dominantes, tem como elemento
estratégico a formação de seus quadros. Neste contexto histórico particular isto se desenrola sob o
discurso da luz da ciência, mas camuflando/dissimulando uma estrutura social eivada de interesses
de classe. Assim, nossa abordagem tenta seguir trilhas que os trabalhos de Sônia Mendonça,
Janeiro; em 1818, um museu de história natural, depois Museu Imperial e atual Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de
Janeiro” (Dantes, 2001, p.18).
5. redimensionando suas formulações na medida em que nosso recorte cronológico recua no período
imperial e especialmente por adotar a perspectiva da história social das ciências.
Tourinho e Baiardi enfatizam sobremaneira a importância dos profissionais estrangeiros nas
atividades de ensino e pesquisa. Mas um outro aspecto até então negligenciado diz respeito a EAB
apresentar, de 1877 a 1930 – logo, dentro do recorte temporal de Baiardi e Mendonça –, um grau
significativo de endogenia, com 33,3% de seus diretores e 36% de seu corpo docente composto por
seus diplomados. Estes dados foram obtidos coligindo uma lista de teses feita a partir de 96
amostras (donde constam não só dados sobre a filiação e origem geográfica dos estudantes5, como
também o currículo cursado e professores das respectivas disciplinas) com as listas de estudantes,
professores e diretores que constam nos anuários de 1934, 1936. Acrescentando-se a este dado a
constatação que, da nossa amostra de noventa e seis teses, compreendendo o período 1880-1930,
identificam-se 70% dos diplomados pela EAB como oriundos do Recôncavo Baiano. Daí nossa
proposição, a ser mais investigada, de que a criação do IIBA e especialmente da EAB envolve mais
do que a recuperação e consolidação da lavoura, mas a recuperação e consolidação de uma fração
de classe dominante que se reproduz a si mesma.
Muniz Barreto, Aragão, Bulcão, Calmon, Pires de Carvalho, Bittencourt, Costa Pinto são
sobrenomes que figuram na historiografia baiana no Império e mesmo no período colonial. Estas
famílias no decorrer do século XIX estão na direção da modernização da agricultura seja na
SACIPBa (1832), no IIBA (1859) ou na SBA (1903), tendo no coração do recôncavo baiano sua
base de articulação. Tal processo de modernização, com os mesmos agentes sociais à frente de sua
condução, inscreve esta investigação num movimento mais amplo aonde esta fração de classe
dominante se forja como classe dirigente formando parte de seus quadros pela EAB, engendrando-
se destarte a si mesma enquanto grupo que constrói sua hegemonia a nível local6 ao tempo em que
se articula com outras elites regionais na luta por uma pasta ministerial especialmente para a
agricultura, quer na década de 1860, quer mais adiante na primeira década do século XX.
Mas de que forma os egressos de São Bento das Lages contribuíram para a institucionalização
da agronomia na Bahia e no Brasil, conforme nossa hipótese? Os egressos da EAB estão
5
O frontispício da tese seguia sempre a seguinte estrutura:: "Tese apresentada à Escola Agrícola da Bahia para ser perante a mesma
publicamente sustentada por (nome do aluno). Natural de (Estado e cidade). Filho legítimo de (nome do pai) e (nome da mãe) afim
de obter o grau de Engenheiro Agrônomo", seguida do ano. Na página seguinte, uma lista com as disciplinas do currículo e
respectivos professores dos quatro anos de curso, encabeçada pelo diretor e encerrada pelo secretário. Abaixo deste, a inscrição "A
Escola não aprova nem reprova as opiniões emittidas nas teses que lhe são apresentadas". Outra página traz os "pontos desenvolvidos
na tese", com o tema da dissertação e proposições, que se constituiam em assertivas a respeito das disciplinas cursadas.
6
Miguel Calmon du Pin e Almeida sintetiza, por exemplo, este processo: titular do MAIC entre 1922-1926, BA. Eng.º pela
Politécnica (RJ); secretário de Agricultura da Bahia (1902-1904);deputado federal em 3 mandatos; fundador da Federação da
Associações Comerciais do Brasil; vice-presidente da Liga de Defesa Nacional; integrante da Campanha Civilista, Ministro de
Viação e Obras Públicas (1907-1910); Senador (1927-1930); presidente da SNA (1921-1922); proprietário e usineiro” –p.120. Era
sobrinho de um dos fundadores da Sociedade de Agricultura, Comércio e Indústria da Província da Bahia na década de 1830, e filho
de um dos fundadores do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura, Antonio Calmon du Pin e Almeida. Criaria o Boletim da
Secretaria da Agricultura em 1903 e ainda foi professor da Escola Politécnica da Bahia (Bahia, 1903; Poliano, 1945; Mendonça,
1998).
6. envolvidos na criação e consolidação de instituições como Escola Politécnica da Bahia (Arlindo
Fragoso), Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro e Instituto
Agronômico de Campinas (Gustavo Dutra). Mas além de instituições de ensino e pesquisa, os
personagens citados trabalharam também em instituições de poder, de definição de políticas
governamentais na área agrícola. Gustavo Dutra, por exemplo, Secretário da Agricultura do Estado
de São Paulo membro da Sociedade Nacional de Agricultura. Domingos Sérgio de Carvalho, além
de diretor da SNA, Secretário de Agricultura da Bahia, participou da formulação da lei de
regulamentação da profissão de engenheiro agrônomo, e como lente do Museu Nacional foi o
responsável pelo projeto de transferência do mesmo do âmbito do Ministério da Justiça e dos
Negócios Interiores para o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio (Lopes, 1997, p. 228).
A partir da trajetória destes diplomados, concluímos que a EAB contribui, através de seus
quadros, para a institucionalização da agronomia na Bahia e no país.
As investigações documentais até aqui apontam não apenas uma mesma fração da classe
dominante na condução do processo de implantação da ciência, como aponta para a formação de um
núcleo de personagens comuns que permanece em São Bento das Lages a despeito das mudanças de
regime político (da monarquia para a República) e de estatuto da EAB (escola imperial de nível
superior – 1877/1904; instituto agrícola – 1904/1910; escola média federal – 1911/1916; escola
superior estadual – 1920/1930) (BAHIA, 1934). A propósito da cronologia, esta pesquisa iniciada
na graduação como bolsista PIBIC/CNPq/UEFS permitiu o estabelecimento desta cronologia. O
artigo de Baiardi não estabelece uma cronologia precisa, e a cronologia do trabalho de Tourinho é a
seguinte: 1)1877-1904: Escola Agrícola da Bahia; 2)1904-1911 : bens revertidos ao Estado com o
nome de Instituto Agrícola da Bahia; 3)1911-1914: Escola Superior de Agricultura e Medicina
Veterinária [sic]; 4)1914-1916 – atividades paralisadas; 5)1916-1930 – ainda em São Bento das
Lages; 6)1930-1943 – Cruz das Almas, onde atualmente funciona a Faculdade [sic] de Agronomia
da UFBA (Tourinho, 1982, p.219).
Quando falamos em História Social das Ciências trata-se de uma abordagem analisa práticas e
tomo como objeto operações através das quais o sentido é localmente produzido. Destarte, a
exemplo de uma possibilidade já explorada pelos historiadores da cultura ou da religião, a história
social das ciências traz elementos de reflexão acerca da própria sociedade aonde esta ciência se faz,
desenvolvendo uma interlocução obrigatória com a História geral lhe propondo leituras e
repensando e enriquecendo suas categorias reciprocamente.
Se para Kuhn (1978), a aceitação de um paradigma pode ser verificada com o surgimento de
jornais, revistas especializadas, fundações de sociedades científicas, currículos de cursos
universitários, citações, livros didáticos etc., não seria talvez adequada a categoria comunidade
científica para um grupo que elaborou duas revistas – O AGRÔNOMO e CAMPOS E LAVRAS,
7. Revista Mensal Lítero-Agronômica – e um boletim especializado, o BOLETIM DA
SECRETARIA DE AGRICULTURA? Ante os diversos conflitos identificados na trajetória do
IIBA e da EAB, convergimos com Bourdieu (apud Ortiz, 1983) na sua crítica a Kuhn quanto a sua
concepção de ação da comunidade científica autônoma, insulada e auto-reprodutora, com cientistas
neutros e interessados somente no progresso da sua disciplina, haja vista que oculta, mais do que
elucida, a dinâmica das práticas científicas na sociedade moderna em geral, e no caso em recorte,
em particular.
E na medida em que o ensino da EAB é concebido em torno de dois pólos – o ensino superior
e o ensino elementar – e os egressos da EAB buscam demarcar seu espaço frente aos outros
profissionais, especialmente aos bacharéis, estudaremos a composição de um novo campo
científico, compreendido aqui como sistema de relações objetivas entre posições adquiridas no jogo
de uma luta concorrencial. O que está em disputa “o monopólio da autoridade científica definida, de
maneira inseparável, como capacidade técnica e poder social; ou, se quisermos, o monopólio da
competência científica, compreendida enquanto capacidade de falar e agir legitimamente (isto é, de
maneira autorizada e com autoridade) que é socialmente outorgada a um agente determinado”
(Bourdieu apud ORTIZ, 1983, p. 122-3).
Assim, através da análise das teses para colação de grau e de concurso para cadeira
podemos vislumbrar como os conceitos de e sobre ciência foram formulados/reformulados, as
escolhas temáticas feitas, as relações dos enunciados entre si, entre estes e os processos onde se
inserem, de modo que poderemos perceber o que singulariza, o que a diferencia os engenheiros
agrônomos, ou seja, qual o seu habitus.
Legitimando o seu espaço profissional sobre a agricultura, desautorizando outros, regulares
posturas como a de Genésio Sampaio Neves, em sua tese,
“É preciso que este mesmo governo volte as vistas atrás e note que neste Estado ainda existe uma
Escola Agrícola cujo fim é diplomar moços na ciência agronômica e não querer tirar barbaramente
os cargos a que estes devem ser confiados para servir unicamente a meia dúzia de exploradores e
especuladores políticos (NEVES, G. S.Adubos orgânicos e sua aplicação na agricultura. 1898. Grifei).
Esta postura, independentemente do tema, mostra-se generalizado nas monografias da EAB,
que evidenciam o embate dos agrônomos como profissionais que tem como questão central a
afirmação de um novo espaço de poder para eles, detentores de um novo saber, do qual detém o
monopólio do discurso autorizado, ou melhor dizendo, da competência para reabilitar a lavoura, E
se este é o lugar que os agrônomos diplomados pela EAB reservam para si, caberá à sua base de
legitimação e sustentação, a ciência, o estatuto mais privilegiado, afinal
8. “O agrônomo é rex naturae, que estudando os fenômenos da vegetação, dirige com suas leis, e as
mais preconizadas, a agricultura; esta fonte de riqueza de onde emana a civilização dos povos. Sem
ele a agricultura não é mais do que rotina” (Bahia, Manoel Francisco de Oliveira. Valor locativo do
solo. Tese de 1890).
A crítica aos políticos e à política em geral será uma das características que emergem das
dissertações. Segundo Mendonça discute sobre a agronomia em Ruralismo Brasileiro, “pretendia-se
estabelecer uma diferença que, legitimando certas falas sobre a agricultura, deslegitima-se outras
tantas, construindo-se uma oposição entre políticos e homens de ação, cabendo a estes o monopólio
do discurso autorizado posto que oriundo do conhecimento aplicado” (Mendonça, 1997), numa
tendência comum a outras profissões que se estabeleciam ao final do XIX como a medicina e a
engenharia, conforme assinala L. Schwarcz em O Espetáculo das Raças (1993). Julgamos, assim,
que a abordagem de Bourdieu é adequada a nosso objeto.
A partir das teses verificamos dados referentes ao nome dos estudantes, dos professores, e das
disciplinas ministradas coligidos com os anuários da EAB referentes aos anos de 1934 e 1936, e que
traz listas dos professores, técnicos e estudantes da Escola do período de 1875 a 1936. Além disto,
constituem outro sinal de sintonia da EAB com o que ia pelo Brasil, para além do cientificismo,
pois, como os cursos de medicina e engenharia, exigia-se aqui a apresentação de uma monografia
ou tese, quer para a obtenção de diploma de nível superior, quer a ocupação de cargos docentes
(Dantes, 1996, p.55). Encontramos cerca de noventa e seis teses de conclusão de curso e cinco para
concurso de cadeira da EAB.
Da análise deste acervo foi possível entrever a influência não de um, mas vários centros,
como observa-se na diversificada origem dos exemplares. Há predominância de obras francesas,
mas também um número significativo de produção alemã, inglesa, espanhola, portuguesa,
holandesa, italiana etc. Esta hipótese sobre as diversas influências/referências para a EAB se reflete
não apenas na biblioteca, mas também no conjunto de peças museológicas que sobreviveram na
Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia (EAGRUFBA).
Sobre o acervo da biblioteca da EAGRUFBA, cabe frisar que este contém obras originais de
autores clássicos no estabelecimento das ciências naturais no século XIX a exemplo de Georges
Cuvier7, Alexander von Humboldt8 e Louis Agassiz9, além da coleção de 1876 a 1930 dos Archivos
do Museu Nacional.
7
Recherches sur les Ossemens Fossiles – Tome Quatrième, Iconographie du Réne Animal.TomeIII-Texte Explicatif, Le Règne
Animal Distribué D’a Près Son Organisation, Pour Servir De Base A L’Histoire Naturelle Des Animaux Et D’Introduction A
L’Anatomie Comparée – Le Poissons, Leçons D’Anatomie Comparée – Tome Septième, Le Régne Animal Distribué D´Apres Son
Organisation-TomeIV-Crustacés, Arachnides et Partie des Insectes. De 1823, 1829-1844, 1840 e 1829 respectivamente. Todos
publicados em Paris.
8
Voyage de Humboldt et Bonpland. Premiéri Partie, Paris, 1807.
9
Recherches sur les Poissons Fossiles Tome I, Neuchatel,1833
9. No que diz respeito às fontes iconográficas, a EAGRUFBA possui até hoje quadros dos
professores e diretores da EAB e membros do IIBA no seu Salão Nobre, às quais devem ser
acrescentadas fotos das dependências da escola presentes no periódico produzido pelos estudantes
no período de gestão federal, a revista O AGRÔNOMO (1911-1912). Nos seis números (outubro de
1911 a março de 1912) que foram localizados é possível encontrar também fotos das plantações
(cacau, banana, cana etc.) dos instrumentos agrícolas, dos laboratórios, da biblioteca, da residência
do diretor, do museu de mineralogia e zoologia, do prédio da escola, plantações, etc.
No arquivo morto da EAGRUFBA, recentemente disponibilizado, há fontes que esclarecerão
aspectos para os quais as teses se configuram como insuficientes. O cotidiano das atividades da
EAB poderá ser mais eficazmente reconstituido a partir dos livros de atas da Congregação dos
Professores10 e os livros de exame11, serão de suma importância por nos permitirem analisar as
concepções e, principalmente, as compreensões e decisões dos docentes em suas mudanças
institucionais e permanências de profissionais.
Também no arquivo morto da EAGRUFBA, a correspondência externa e interna da diretoria
da EAB (desde pelo menos 1886 a 1930) se constitui em fonte privilegiada ao permitir recompor os
laços institucionais e o cotidiano da sua gestão, inclusive com alguns egressos à frente da diretoria.
A partir desta correspondência se identifica um contato constante e preponderante com órgãos
estatais como o MACOP (depois MAIC), a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (no que
tange ao período posterior a 1904) e outras instituições como a Escola Superior de Agricultura e
Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (depois Escola Nacional de Agricultura - ENA), a Escola
Superior Luís de Queiroz, o Museu Nacional, etc.
Especialmente no que tange ao cotidiano de atividades da Escola, cobrindo particularmente o
período em que funcionou a Escola Média Teórico-Prática, além de fontes supracitadas,
trabalharemos com as abordagens da História oral, em entrevistas com ex-estudantes e funcionários,
identificados a partir de matéria do jornal Correio da Bahia (Correio da Bahia, Repórter,
11/01/2002 – Domingo, p.03).
• Antonio Barreto dos Santos, 75 anos
• Humberto Sturaro, 73 anos (filho de Raimundo Sturaro, da turma de 1930)
• Francisco Inácio de Andrade
• Francisco Horácio de Oliveira, 71 anos, ex-funcionário
• Eduardo Júlio de Assis, 86 anos, “Seu Foboca”
• José Floriano de Almeida, 75 anos
• Orlando da Silva, “Orlando Alfaiate”, 84 anos, ex-funcionário
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Nos anos de1876-1883, 1887-1901, 1893-1895, 1895-1901, 1901-1907, 1907-1910, 1911-1912, 1920-1935
10. Outra fonte a que dedicaremos especial atenção são os números do Boletim da Secretaria da
Agricultura, Criado em 1904 por Miguel Calmon du Pin e Almeida, um ano após a criação da
Secretaria de Agricultura do Estado e da Sociedade Baiana de Agricultura (SBA), reunidos na
biblioteca da EAGRUFBA. Este Boletim congregaria nomes envolvidos com a EAB, respaldando a
comunidade que em torno dela gravitava a exemplo de Gustavo Dutra, Arlindo Fragoso, Gregor
Bondar, Leo Zehntner, entre outros nomes.
Diante dos elementos até aqui problematizados, consideramos a EAB não apenas como
primeiro núcleo de profissionais especialmente voltados para a agricultura do país, a despeito de
suas marchas e contramarchas. Esperamos contribuir com esforços historiográficos recentes não só
para a revisão de uma concepção ainda arraigada na academia brasileira, de que a ciência começa
na década de 1930 com as universidades. A EAB mostra a possibilidade da existência deste tipo de
empreendimento além do centro-sul do país com qualidade e inscrita numa sociedade de classes.
FONTES PRIMÁRIAS ESCRITAS
Acervo da Escola de Agronomia da UFBA (EAGRUFBA)
BAHIA, Livro para Registro dos Diversos Títulos de Nomeações Imperiais . 1859 a 1867
BAHIA, Livro de Atas do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura. 1859-1904
BAHIA, Livro da Inscrição dos Sócios que compõem o Imperial Instituto Bahiano. 1859
EAB. Livros de atas da Congregação dos Professores 1876-1935
EAB. Livros de exame. 1893-1936
EAB. Teses de conclusão de curso. 1881-1926
EAB. Teses de concurso. 1895
O AGRONOMO – ORGAM DO CENTRO DE ESTUDANTES DA ESCOLA AGRICOLA DA
BAHIA. (1911-1912)
CAMPOS E LAVRAS. Revista Mensal Lítero-Agronômica (1912)
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA
BAHIA, Correspondências da Escola Agrícola (1865-1881) – Seção Colonial e Provincial. Guia
do Império – 2.ª parte. Série Instrução Pública. Ensino Superior. Escola Agrícola – Maço 4044
BAHIA, Correspondências do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura (1859-1868) - Seção
Colonial e Provincial. Guia do Império – 2.ª parte. Agricultura. Instituto Bahiano de Agricultura –
Maço 4589
BAHIA, Documentação da Secretaria de Agricultura (1896-1931) – Arquivo Público do Estado da
Bahia, Seção Republicano. Secretaria de Agricultura.
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Nos seguintes períodos: 1893-1899, 1899-1905, 1907-1910, 1911-1914, 1927-1936
11. REFERÊNCIAS
BAIARDI, Amilcar. “O Papel do Imperial Instituto de Agricultura na Formação da Comunidade de
Ciências Agrárias da Bahia, 1859-1930”. In Seminário Nacional de História da Ciência e
Tecnologia (7.: 1999: São Paulo) VII Reunião de Intercâmbios para a História e a Epistemologia
das Ciências Químicas e Biológicas. Anais/José Luiz Goldfarb & Márcia H. M. Ferraz (orgs.). São
Paulo: EDUSP: EDUNESP: Imprensa Oficial do Estado: SBHC, 2001
CAPDAVILLE, Guy. O ensino superior agrícola no Brasil – Viçosa: UFV, Impr. Univ. 1991
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Editora Fiocruz, 2001
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Final do Século XIX” In: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria, MAIA, Carlos A. História da
Ciência: o mapa do conhecimento. Rio de Janeiro/São Paulo: Expressão e Cultura/EDUSP, 1995,
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