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Maio de 2023
Por Thais Bassinello, Gerente de Projetos do IDIS
A diferença de 'impacto'
no desenho e na avaliação
dos projetos sociais
NOTA TÉCNICA
Análise a partir dos princípios da Gestão Baseada
em Resultados (GBR)
Nunca se falou tanto sobre impacto de
projetos socioambientais. Organizações da
Sociedade Civil usam o termo ao
comunicarem suas intervenções. Investidores
Sociais usam o impacto como critério para
suas linhas de financiamento. No entanto,
nem sempre as pessoas têm mesma
compreensão sobre o termo. A confusão tem
uma explicação - há significados diferentes
atribuídos à palavra “impacto” no desenho de
projetos e na teoria/prática avaliativa.
Partindo dos princípios da Gestão Baseada
em Resultados (GBR)¹ , neste material,
buscamos esclarecer, uma dúvida recorrente:
do que se trata, afinal, o impacto de uma
intervenção?
A é uma ferramenta de apoio ao desenho e à gestão de projetos, que
busca articular a cadeia de resultados (entendidos aqui como mudanças nos
beneficiários; em inglês “results”) esperada a partir de uma intervenção (ou atividade do
projeto; em suma, o que o projeto faz). Os níveis da cadeia de resultados são produtos
(em inglês “outputs”), resultados (em inglês, “outcomes”; podemos chamar de
resultados intermediários para diferenciar do termo “results”), e impacto. A figura 1
abaixo define os elementos básicos de uma Teoria da Mudança e a ilustra com um
exemplo hipotético, elaborado de acordo com os princípios da
IMPACTO NO ÚLTIMO NÍVEL DE RESULTADO DA TEORIA DA MUDANÇA
A DIFERENÇA DE IMPACTO
DIAGRAMA 1: ESTRUTURA BÁSICA E EXEMPLO DE UMA TEORIA DA MUDANÇA,
DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA GESTÃO BASEADA EM RESULTADOS
Os resultados, em qualquer nível, devem ter a característica de indicarem clara e
especificamente qual a mudança esperada nos beneficiários da intervenção. O impacto
refere-se, então, ao terceiro nível de mudança, que pode ou não acontecer num
horizonte temporal mais expandido.
Teoria da Mudança
GBR.
um “objetivo de longo prazo”, ou seja, algo que necessariamente acontecerá
muitos anos após a intervenção, o que em geral inviabiliza avaliar se a mudança
veio a acontecer ou não dentro de um período de tempo relevante para a tomada
de decisão voltada à melhoria do projeto;
uma mudança em um grupo maior, do qual os beneficiários fazem parte, como, por
exemplo, “redução na taxa de pobreza de uma cidade”. Esse tipo de formulação de
impacto é, em geral, uma derivação positiva de problemas identificados no
diagnóstico que deu origem ao projeto. Se o problema identificado foi a “alta taxa
de pobreza no município”, faz sentido que o projeto seja elaborado com vistas a
“reduzir a taxa de pobreza”. Esse tipo de formulação permite, ainda, a vinculação
do projeto com outros arcabouços teóricos, por exemplo, o dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS)² ou de planos municipais de desenvolvimento.
Na prática, porém, ela impossibilita a avaliação do impacto de um projeto social,
em geral de pequena escala, na realidade local como um todo. Em outras palavras,
vamos de fato conseguir aferir o quanto o projeto efetivamente impactou na taxa
de pobreza de um município? A resposta é, via de regra, não;
Uma formulação guarda-chuva ou inspiracional, como “transformação da realidade
local”, “melhoria de vida”, “redução das desigualdades”, etc.;
Uma combinação de duas ou das três práticas descritas acima.
Diferentemente do preconizado pela GBR, ainda é comum a prática de descrever o
impacto pretendido por um projeto como:
A utilização das práticas descritas acima empiricamente torna o “impacto” do projeto
impossível de ser avaliado e, portanto, ou não na cadeia de
resultados. Talvez por este motivo, parte da literatura³ sugere que projetos sociais
sejam elaborados com apenas dois níveis de mudança, como por exemplo produto e
resultado” ou ainda o tradicional “objetivo geral e objetivos específicos⁴”. Porém,
conforme demonstrado no Diagrama 1, é possível trabalhar, em muitos casos, com três
níveis de mudança com foco no beneficiário, ou até mais de três. Acima de tudo, o
exercício de elaboração da Teoria da Mudança deve servir para apoiar as atividades de
gestão, inclusive o monitoramento e avaliação do projeto, ao longo do seu ciclo. Dois,
três ou mais níveis de resultados podem ser incluídos, desde que entendamos que o
primeiro nível de mudança deve estar diretamente vinculado à atividade do projeto e
que seus desdobramentos sejam incluídos na medida que possam ser acompanhados
ao longo do tempo pelos gestores do projeto e contribuam para a tomada de decisões
estratégicas.
A DIFERENÇA DE IMPACTO
irrelevante de ser incluído
O segundo uso da palavra impacto é a definição clássica usada por avaliadores, que se
refere à diferença entre a linha final (situação após uma intervenção) e o contrafactual
(situação hipotética de onde a linha final estaria caso a intervenção não tivesse
acontecido) para uma variável qualquer (Figura 1 abaixo). O raciocínio de fundo é
essencialmente atributivo, ou seja, buscamos saber o quanto da mudança total (i.e. linha
final menos linha de base) pode ser atribuído à intervenção.
FIGURA 1: IMPACTO DE UM PROJETO EM UMA VARIÁVEL AVALIATIVA
IMPACTO COMO A DIFERENÇA ENTRE LINHA FINAL E CONTRAFACTUAL DE UMA
VARIÁVEL AVALIATIVA
Vamos pensar numa confeiteira que ganha R$ 1.000,00 mensais vendendo bolos. Ela
faz uma formação de 6 meses em novas técnicas de confeitaria, e ao final desses 6
meses passa a ganhar R$ 2.000,00. Podemos afirmar que o impacto dela ter
participado na formação em sua renda foi de R$ 1.000,00 (ou seja, R$ 2.000,00 - R$
1.000,00)? A resposta é, a princípio, não – antes de fazermos tal afirmação, o
contrafactual deve ser analisado.
A DIFERENÇA DE IMPACTO
Variável
sendo
medida
Tempo
Linha de base (situação inicial antes da
implementação do projeto ou
"marco zero")
Linha final (situação final
após o projeto)
Impacto do projeto
(na variável em questão)
Condição hipotética de como
seria a situação caso o projeto
não existisse (CONTRAFACTUAL)
O IMPACTO EM UMA “AVALIAÇÃO DE IMPACTO”
É comum avaliadores indicarem que não é possível avaliar o impacto dessa ou daquela
intervenção, “porque ele só vai ser sentido daqui a alguns ou muitos anos”. Ou seja,
ainda que esses profissionais tenham conhecimento da definição clássica de impacto
usada em estudos avaliativos, usam a palavra no sentido de mudança de longo prazo. É
comum ainda alguns usarem o termo “avaliação de resultados”, ou ainda “avaliação de
eficácia”, para deixar claro que não estão avaliando o terceiro nível da mudança
pretendida pelo projeto.
Obviamente, algumas mudanças almejadas só serão, de fato, concretizadas no médio
ou longo prazo. Uma avaliação muito próxima do fim do projeto provavelmente não
conseguirá capturar os resultados intermediários da intervenção. Por exemplo, no caso
da formação profissional hipotética descrita no diagrama 1, não faz sentido buscar
avaliar quantos dos participantes passaram a trabalhar na área do curso logo após terem
concluído o mesmo; após um ano, porém, seria provavelmente possível avaliar não só
quantos dos participantes passaram a trabalhar na área de formação como também
quantos passaram a ter uma renda superior ao definido pelo projeto como meta. Caso o
terceiro nível da mudança desse projeto tivesse sido definido de outra forma, como,
por exemplo, “quebra do ciclo intergeracional da pobreza”, “redução da pobreza na
cidade X” ou ainda “transformação na vida das pessoas”, seria impossível avaliar o
impacto do terceiro nível de mudança do projeto, por um motivo ou outro.
Na prática, a maioria das avaliações de impacto aplicam o raciocínio de impacto
enquanto diferença entre a linha final e o contrafactual para qualquer tipo de mudança,
em particular para as que são tipicamente classificadas como produtos ou resultados
intermediários na Teoria da Mudança.
A DIFERENÇA DE IMPACTO
A confeiteira provavelmente teria chegado ao final desses 6 meses com uma renda
superior a R$ 1.000,00 mesmo se não tivesse participado da formação (vamos dizer,
porque já estava em processo anterior de ser mais reconhecida no bairro, e, portanto,
de já ser mais demandada pelos clientes). Se determinarmos que a confeiteira teria
chegado ao final desses 6 meses com uma renda de R$ 1.200,00 sem o curso de
formação, concluímos que o impacto da formação na renda da confeiteira foi de R$
800,00.
É importante notar que o raciocínio acima pode ser aplicado a qualquer nível de
mudança explicitado anteriormente na Teoria da Mudança. Vamos pensar num projeto
voltado ao desenvolvimento socioemocional (produto) para a redução dos conflitos
familiares (resultado intermediário). O raciocínio do impacto do projeto como diferença
entre linha final e contrafactual pode ser aplicado tanto para a aferir o impacto do
projeto no desenvolvimento socioemocionalquanto na redução dos conflitos familiares.
aferir o impacto do
projeto no desenvolvimento socioemocional redução dos conflitos familiares.
raciocínio de impacto
NOTAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Porém, conforme demonstrado, esse foco é consequência de como os resultados de
terceiro nível de um projeto são geralmente descritos em seu documento de
planejamento. Em suma, uma avaliação de impacto vai buscar responder quais, em que
grau e para quem foram as mudanças trazidas pelo projeto durante o período de
análise.
A reflexão acerca do impacto pretendido tem início na concepção do projeto. Ela
influencia na forma como ele é concebido, em como é implementado e monitorado.
São esses elementos que permitem uma avaliação adequada e útil. Se bem feita, é uma
ferramenta estratégica, no sentido que traz elementos para o aprimoramento da
intervenção, estimula o diálogo entre as partes interessadas e confere transparência.
1 - Os princípios da Gestão Baseada em Resultados, usada pela ONU há quase 25 anos
como guia para a elaboração de projetos, foram escolhidos como guia condutor para
este artigo por claramente elaborarem as diferenças entre produtos, resultados e
impacto de um projeto. Diferem de outros arcabouços teóricos que, na prática,
equacionam produto com atividade e resultados como o alcance desse
produto/atividade.
2 - Ainda que a ONU tenha sido o berço da GBR, é comum que suas as agências usem
essa formulação de impacto enquanto objetivo (de longo prazo) para o local,
exatamente por permitir a vinculação do projeto a objetivos estratégicos da
organização para o país no qual atua.
3 - Por exemplo, o Manual “Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais em
Organizações Sociais” (2014), de Maria Cecília Prates Rodrigues, disponível em
https://estrategiasocial.com.br/livros/manual-planejamento-e-avaliacao-de-projetos-
sociais-em-organizacoes-sociais/ , ou o “Guia Para Elaboração de Projetos Sociais”
(2003), de Luis Stephanou, Lúcia Helena Müller e Isabel Cristina de Moura Carvalho,
disponível em https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/guia-para-
elaboracao-de-projetos-sociais.pdf.
4 - A diferença típica entre objetivos de um projeto e resultados de um projeto de
acordo com a Gestão Baseada em Resultados é que, enquanto os primeiros tendem a
definir o que é pretendido pelo projeto do ponto de vista do próprio projeto (com
formulações do tipo “objetivo: formar professores no tópico X; meta: 500 professores
formados”), a Gestão Baseada em Resultados demanda que sejam explicitadas as
mudanças do ponto de vista do beneficiários (como, por exemplo, “resultado:
professores adquirem mais conhecimentos no tópico X; metas: 500 professores
formados; aumento médio de conhecimento dos participantes em X% em relação à
linha de base”).
A DIFERENÇA DE IMPACTO
1 -
2 -
3 -
4 -
A geração e disseminação de conhecimento é um dos
pilares para o atingimento de nossa missão. Por meio
de publicações, notas técnicas, artigos, cursos,
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ampliamos o investi- mento social privado e seu
impacto.
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A diferença de impacto no desenho e na avaliação dos projetos sociais_VF.pdf

  • 1. Maio de 2023 Por Thais Bassinello, Gerente de Projetos do IDIS A diferença de 'impacto' no desenho e na avaliação dos projetos sociais NOTA TÉCNICA Análise a partir dos princípios da Gestão Baseada em Resultados (GBR) Nunca se falou tanto sobre impacto de projetos socioambientais. Organizações da Sociedade Civil usam o termo ao comunicarem suas intervenções. Investidores Sociais usam o impacto como critério para suas linhas de financiamento. No entanto, nem sempre as pessoas têm mesma compreensão sobre o termo. A confusão tem uma explicação - há significados diferentes atribuídos à palavra “impacto” no desenho de projetos e na teoria/prática avaliativa. Partindo dos princípios da Gestão Baseada em Resultados (GBR)¹ , neste material, buscamos esclarecer, uma dúvida recorrente: do que se trata, afinal, o impacto de uma intervenção?
  • 2. A é uma ferramenta de apoio ao desenho e à gestão de projetos, que busca articular a cadeia de resultados (entendidos aqui como mudanças nos beneficiários; em inglês “results”) esperada a partir de uma intervenção (ou atividade do projeto; em suma, o que o projeto faz). Os níveis da cadeia de resultados são produtos (em inglês “outputs”), resultados (em inglês, “outcomes”; podemos chamar de resultados intermediários para diferenciar do termo “results”), e impacto. A figura 1 abaixo define os elementos básicos de uma Teoria da Mudança e a ilustra com um exemplo hipotético, elaborado de acordo com os princípios da IMPACTO NO ÚLTIMO NÍVEL DE RESULTADO DA TEORIA DA MUDANÇA A DIFERENÇA DE IMPACTO DIAGRAMA 1: ESTRUTURA BÁSICA E EXEMPLO DE UMA TEORIA DA MUDANÇA, DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA GESTÃO BASEADA EM RESULTADOS Os resultados, em qualquer nível, devem ter a característica de indicarem clara e especificamente qual a mudança esperada nos beneficiários da intervenção. O impacto refere-se, então, ao terceiro nível de mudança, que pode ou não acontecer num horizonte temporal mais expandido. Teoria da Mudança GBR.
  • 3. um “objetivo de longo prazo”, ou seja, algo que necessariamente acontecerá muitos anos após a intervenção, o que em geral inviabiliza avaliar se a mudança veio a acontecer ou não dentro de um período de tempo relevante para a tomada de decisão voltada à melhoria do projeto; uma mudança em um grupo maior, do qual os beneficiários fazem parte, como, por exemplo, “redução na taxa de pobreza de uma cidade”. Esse tipo de formulação de impacto é, em geral, uma derivação positiva de problemas identificados no diagnóstico que deu origem ao projeto. Se o problema identificado foi a “alta taxa de pobreza no município”, faz sentido que o projeto seja elaborado com vistas a “reduzir a taxa de pobreza”. Esse tipo de formulação permite, ainda, a vinculação do projeto com outros arcabouços teóricos, por exemplo, o dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)² ou de planos municipais de desenvolvimento. Na prática, porém, ela impossibilita a avaliação do impacto de um projeto social, em geral de pequena escala, na realidade local como um todo. Em outras palavras, vamos de fato conseguir aferir o quanto o projeto efetivamente impactou na taxa de pobreza de um município? A resposta é, via de regra, não; Uma formulação guarda-chuva ou inspiracional, como “transformação da realidade local”, “melhoria de vida”, “redução das desigualdades”, etc.; Uma combinação de duas ou das três práticas descritas acima. Diferentemente do preconizado pela GBR, ainda é comum a prática de descrever o impacto pretendido por um projeto como: A utilização das práticas descritas acima empiricamente torna o “impacto” do projeto impossível de ser avaliado e, portanto, ou não na cadeia de resultados. Talvez por este motivo, parte da literatura³ sugere que projetos sociais sejam elaborados com apenas dois níveis de mudança, como por exemplo produto e resultado” ou ainda o tradicional “objetivo geral e objetivos específicos⁴”. Porém, conforme demonstrado no Diagrama 1, é possível trabalhar, em muitos casos, com três níveis de mudança com foco no beneficiário, ou até mais de três. Acima de tudo, o exercício de elaboração da Teoria da Mudança deve servir para apoiar as atividades de gestão, inclusive o monitoramento e avaliação do projeto, ao longo do seu ciclo. Dois, três ou mais níveis de resultados podem ser incluídos, desde que entendamos que o primeiro nível de mudança deve estar diretamente vinculado à atividade do projeto e que seus desdobramentos sejam incluídos na medida que possam ser acompanhados ao longo do tempo pelos gestores do projeto e contribuam para a tomada de decisões estratégicas. A DIFERENÇA DE IMPACTO irrelevante de ser incluído
  • 4. O segundo uso da palavra impacto é a definição clássica usada por avaliadores, que se refere à diferença entre a linha final (situação após uma intervenção) e o contrafactual (situação hipotética de onde a linha final estaria caso a intervenção não tivesse acontecido) para uma variável qualquer (Figura 1 abaixo). O raciocínio de fundo é essencialmente atributivo, ou seja, buscamos saber o quanto da mudança total (i.e. linha final menos linha de base) pode ser atribuído à intervenção. FIGURA 1: IMPACTO DE UM PROJETO EM UMA VARIÁVEL AVALIATIVA IMPACTO COMO A DIFERENÇA ENTRE LINHA FINAL E CONTRAFACTUAL DE UMA VARIÁVEL AVALIATIVA Vamos pensar numa confeiteira que ganha R$ 1.000,00 mensais vendendo bolos. Ela faz uma formação de 6 meses em novas técnicas de confeitaria, e ao final desses 6 meses passa a ganhar R$ 2.000,00. Podemos afirmar que o impacto dela ter participado na formação em sua renda foi de R$ 1.000,00 (ou seja, R$ 2.000,00 - R$ 1.000,00)? A resposta é, a princípio, não – antes de fazermos tal afirmação, o contrafactual deve ser analisado. A DIFERENÇA DE IMPACTO Variável sendo medida Tempo Linha de base (situação inicial antes da implementação do projeto ou "marco zero") Linha final (situação final após o projeto) Impacto do projeto (na variável em questão) Condição hipotética de como seria a situação caso o projeto não existisse (CONTRAFACTUAL)
  • 5. O IMPACTO EM UMA “AVALIAÇÃO DE IMPACTO” É comum avaliadores indicarem que não é possível avaliar o impacto dessa ou daquela intervenção, “porque ele só vai ser sentido daqui a alguns ou muitos anos”. Ou seja, ainda que esses profissionais tenham conhecimento da definição clássica de impacto usada em estudos avaliativos, usam a palavra no sentido de mudança de longo prazo. É comum ainda alguns usarem o termo “avaliação de resultados”, ou ainda “avaliação de eficácia”, para deixar claro que não estão avaliando o terceiro nível da mudança pretendida pelo projeto. Obviamente, algumas mudanças almejadas só serão, de fato, concretizadas no médio ou longo prazo. Uma avaliação muito próxima do fim do projeto provavelmente não conseguirá capturar os resultados intermediários da intervenção. Por exemplo, no caso da formação profissional hipotética descrita no diagrama 1, não faz sentido buscar avaliar quantos dos participantes passaram a trabalhar na área do curso logo após terem concluído o mesmo; após um ano, porém, seria provavelmente possível avaliar não só quantos dos participantes passaram a trabalhar na área de formação como também quantos passaram a ter uma renda superior ao definido pelo projeto como meta. Caso o terceiro nível da mudança desse projeto tivesse sido definido de outra forma, como, por exemplo, “quebra do ciclo intergeracional da pobreza”, “redução da pobreza na cidade X” ou ainda “transformação na vida das pessoas”, seria impossível avaliar o impacto do terceiro nível de mudança do projeto, por um motivo ou outro. Na prática, a maioria das avaliações de impacto aplicam o raciocínio de impacto enquanto diferença entre a linha final e o contrafactual para qualquer tipo de mudança, em particular para as que são tipicamente classificadas como produtos ou resultados intermediários na Teoria da Mudança. A DIFERENÇA DE IMPACTO A confeiteira provavelmente teria chegado ao final desses 6 meses com uma renda superior a R$ 1.000,00 mesmo se não tivesse participado da formação (vamos dizer, porque já estava em processo anterior de ser mais reconhecida no bairro, e, portanto, de já ser mais demandada pelos clientes). Se determinarmos que a confeiteira teria chegado ao final desses 6 meses com uma renda de R$ 1.200,00 sem o curso de formação, concluímos que o impacto da formação na renda da confeiteira foi de R$ 800,00. É importante notar que o raciocínio acima pode ser aplicado a qualquer nível de mudança explicitado anteriormente na Teoria da Mudança. Vamos pensar num projeto voltado ao desenvolvimento socioemocional (produto) para a redução dos conflitos familiares (resultado intermediário). O raciocínio do impacto do projeto como diferença entre linha final e contrafactual pode ser aplicado tanto para a aferir o impacto do projeto no desenvolvimento socioemocionalquanto na redução dos conflitos familiares. aferir o impacto do projeto no desenvolvimento socioemocional redução dos conflitos familiares. raciocínio de impacto
  • 6. NOTAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Porém, conforme demonstrado, esse foco é consequência de como os resultados de terceiro nível de um projeto são geralmente descritos em seu documento de planejamento. Em suma, uma avaliação de impacto vai buscar responder quais, em que grau e para quem foram as mudanças trazidas pelo projeto durante o período de análise. A reflexão acerca do impacto pretendido tem início na concepção do projeto. Ela influencia na forma como ele é concebido, em como é implementado e monitorado. São esses elementos que permitem uma avaliação adequada e útil. Se bem feita, é uma ferramenta estratégica, no sentido que traz elementos para o aprimoramento da intervenção, estimula o diálogo entre as partes interessadas e confere transparência. 1 - Os princípios da Gestão Baseada em Resultados, usada pela ONU há quase 25 anos como guia para a elaboração de projetos, foram escolhidos como guia condutor para este artigo por claramente elaborarem as diferenças entre produtos, resultados e impacto de um projeto. Diferem de outros arcabouços teóricos que, na prática, equacionam produto com atividade e resultados como o alcance desse produto/atividade. 2 - Ainda que a ONU tenha sido o berço da GBR, é comum que suas as agências usem essa formulação de impacto enquanto objetivo (de longo prazo) para o local, exatamente por permitir a vinculação do projeto a objetivos estratégicos da organização para o país no qual atua. 3 - Por exemplo, o Manual “Planejamento e Avaliação de Projetos Sociais em Organizações Sociais” (2014), de Maria Cecília Prates Rodrigues, disponível em https://estrategiasocial.com.br/livros/manual-planejamento-e-avaliacao-de-projetos- sociais-em-organizacoes-sociais/ , ou o “Guia Para Elaboração de Projetos Sociais” (2003), de Luis Stephanou, Lúcia Helena Müller e Isabel Cristina de Moura Carvalho, disponível em https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/guia-para- elaboracao-de-projetos-sociais.pdf. 4 - A diferença típica entre objetivos de um projeto e resultados de um projeto de acordo com a Gestão Baseada em Resultados é que, enquanto os primeiros tendem a definir o que é pretendido pelo projeto do ponto de vista do próprio projeto (com formulações do tipo “objetivo: formar professores no tópico X; meta: 500 professores formados”), a Gestão Baseada em Resultados demanda que sejam explicitadas as mudanças do ponto de vista do beneficiários (como, por exemplo, “resultado: professores adquirem mais conhecimentos no tópico X; metas: 500 professores formados; aumento médio de conhecimento dos participantes em X% em relação à linha de base”). A DIFERENÇA DE IMPACTO 1 - 2 - 3 - 4 -
  • 7. A geração e disseminação de conhecimento é um dos pilares para o atingimento de nossa missão. Por meio de publicações, notas técnicas, artigos, cursos, capacitações e eventos, inspiramos, apoiamos e ampliamos o investi- mento social privado e seu impacto. Conheça nossa produção. A DIFERENÇA DE IMPACTO