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NOTA TÉCNICA
Cada vez mais dentro do contexto dos
investimentossocioambientais,osdoadores
e gestores de organizações buscam
mensurar os benefícios que suas ações
geram para a sociedade. O uso da lógica
da razão entre custo e benefício é válida
nestes casos, porém seu cálculo pode se
tornar complexo, uma vez que benefícios
sociais podem apresentar um alto grau de
subjetividade.
Nesta Nota Técnica, apresentamos uma
revisão das principais metodologias para
avaliar essa relação, com especial destaque
para a Análise Custo-Benefício (ACB) e
um comparativo entre uma ACB realizada
dentro e fora do protocolo SROI – Social
Return on Investment (Retorno Social do
Investimento)1
.
METODOLOGIAS DE
AVALIAÇÃO CUSTO
BENEFÍCIO
Fevereiro de 2021
Por Laís Faleiros, Gerente de Projetos do IDIS
1
Para saber mais sobre o protocolo SROI acesse nossas publicações.
A ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO (ACB) PARA INVESTIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS
A Análise Custo-Benefício (ACB) para investimentos socioambientais é uma forma de
analisar informações sistematicamente e emitir um juízo de valor sobre elas, de modo a
estabelecer uma base de evidências para a tomada de decisão de investidores e gestores.
Para realizar uma ACB é preciso levantar informações a respeito de três pontos-chave:
Conhecer o impacto social dos investimentos socioambientais é um grande desafio para
muitas organizações2
. Quando tratamos de impacto, nos referimos às mudanças que o
projeto causou em seus beneficiários ou território, ou seja, é sobre aquilo que mudou após
a intervenção, após determinado período de tempo.
IMPACTO
2
Sobre esse tema conheça também nosso artigo “Tendências e Desafios da Avaliação de Impacto no Brasil”.
Para avaliar os benefícios de uma intervenção socioambiental são utilizadas técnicas de
avaliação de impacto, que irão fornecer subsídios para compreender as transformações
causadas pelo projeto ou programa. Existem três grandes linhas metodológicas de men-
suração de impacto:
• Métodos experimentais: utiliza-se do artifício de constituir um grupo de pessoas
não-participantes da intervenção por meio de atribuição aleatória, denominado gru-
po de controle. A aleatoriedade deve buscar garantir que não existirão diferenças en-
tre as características, observáveis ou não, do grupo de pessoas participantes (grupo
de tratamento) e do grupo de pessoas não participantes (grupo de controle).
IMPACTO
Qual a transformação
social, econômica ou
ambiental provocada pelo
investimento?
RETORNO ECONÔMICO
Qual o valor econômico
(ou estimativa) das
transformações geradas?
DURAÇÃO
Por quanto tempo as
transformações serão
percebidas?
IMPACTO DO PROJETO
Situação final após o projeto
Condição hipotética de como seria a situação caso o projeto
não existisse (considerando outros fatores de influência)
Tempo
Situacão inicial antes da
implementação do projeto
ou "marco zero"
Variável
sendo
medida
• Métodos quase-experimentais: estes métodos também comparam um grupo de
participantes e não participantes do projeto, porém a seleção dos grupos não é feita
de forma aleatória como nos estudos experimentais, mas sim com seleção a partir de
técnicas de pareamento (aquelas utilizadas para definir grupos de comparação com
os grupos beneficiados), com base em características observadas tanto nos grupos
de controle quanto no de tratamento.
• Métodos não experimentais: definem grupos de controle hipotéticos, ou utilizam
estratégias não baseadas em grupos através da mensuração de indicadores auto re-
portáveis, ou seja, onde os próprios beneficiários reportam sobre a causalidade dos
impactos por ele percebidos.
A escolha do método deve ser coerente com a amplitude, duração e objetivos estraté-
gicos do investimento socioambiental. Os métodos experimentais e quase experimentais
permitem maior isolamento dos impactos, porém exigem maior disponibilidade de recur-
sos (financeiros, humanos, técnicos) e são recomendados para investimentos de grande
amplitude, como, por exemplo, em políticas públicas. Os métodos não experimentais, por
sua vez, são aplicáveis à diferentes magnitudes de investimento, desde programas de par-
cerias públicas privadas3
, à projetos financiados por investimento social privado4
.
3
Conheça a avaliação do Projeto Guri, executado tecnicamente pela Santa Marcelina Cultura
4
Conheça a avaliação do Programa Valorizando uma Infância Melhor, financiados e executados pela FLUPP (Fundação Lucia e Pelerson Penido)
Uma vez compreendidos quais são os impactos do investimento e em qual medida eles
ocorreram, é necessário estimar o seu valor social, transformando-os em valores monetá-
rios. Essa conversão é necessária para que o benefício seja comparável ao custo.
Para monetizar o retorno econômico dos impactos utilizamos combinações de proxies
(aproximações) financeiras. A pesquisa de proxies compatíveis com os impactos pode se
embasar em diferentes métodos. Conheça alguns deles.
1. Preço de mercado: o mais comum dos métodos, envolve pesquisar no mercado o
custo de um produto ou serviço que gera impactos similares àqueles avaliados.
2. Disposição para pagar (willingness to pay/accept): este método consiste em pes-
quisar, por meio de grupos focais ou enquetes, o quanto alguém estaria disposto a
pagar por um determinado benefício social, ou qual valor aceitaria receber como
compensação por um impacto negativo.
3. Value Game: consiste em realizar pesquisa qualitativa ou enquetes para entender
o valor que o indivíduo atribui à determinado impacto, ou seja, o quanto ele acha que
vale monetariamente aquele impacto.
4. Experimento de escolha (choice experiment): apresenta-se ao indivíduo diferentes
cenários (com valores monetários estipulados) para que ele escolha aquele que me-
lhor representa os impactos.
5. Custo evitado: calcula-se o quanto evitou-se de gastar devido aos benefícios gera-
dos pelo investimento socioambiental.
RETORNO ECONÔMICO
Compreender a duração do benefício é essencial para demonstrar por quanto tempo os
impactos permanecerão, de modo que seja possível calcular o impacto ao longo do tem-
po, com as devidas correções monetárias.
A duração pode ser estimada perguntando diretamente às pessoas impactadas sua percep-
ção. Como nem sempre isso é possível, pode-se utilizar-se estatísticas de outras pesquisas
aplicadas como, por exemplo, estimar a probabilidade de quando ex-infratores começarão a
transgredir novamente ou quando pessoas empregadas irão perder seus empregos.
Além de mensurar por quanto tempo os benefícios são percebidos é preciso também
compreender como esses benefícios declinam ao longo do tempo, o seu drop-off. Isso
significa compreender, por exemplo, se uma intervenção com um período de benefício de
10 anos tem o seu impacto reduzido de maneira linear, 10% ao ano, ou se a redução acon-
tece 80% no primeiro ano e os outros 20% são reduzidos ao longo dos 9 anos seguintes.
DURAÇÃO
O CÁLCULO CUSTO-BENEFÍCIO
A partir da disponibilidade da magnitude dos impactos, da monetização e do período de
benefício, o próximo passo é calcular o valor presente do impacto (valor no momento
presente dos benefícios estimados no período). Para tanto devemos utilizar uma taxa de
desconto no impacto ao longo dos anos do período de benefício.
“O desconto reconhece que as pessoas geralmente preferem
receber dinheiro hoje em vez de amanhã, porque existe um
risco (por exemplo, de que o dinheiro não seja pago) ou
porque há um custo de oportunidade (por exemplo, ganhos
potenciais por investir o dinheiro em outro lugar). Isso é
conhecido como o ‘valor temporal do dinheiro’. Um indivíduo
pode ter uma alta taxa de desconto - por exemplo, se você
aceitasse duas unidades de moeda no período de um ano,
em vez de uma unidade agora, que implicaria numa taxa de
desconto de 100%.”
IDIS, p.52, 2012.
Apresentamos abaixo uma ilustração do cálculo do Valor Presente do impacto:
Intensidade do
Impacto (X)
Proxies
Financeiras
Impacto
ano
1
Impacto
ano
2
Impacto
ano
3
Impacto
ano...
Período de benefício e Drop-off
Valor Presente do Impacto
Esta é uma simplificação do cálculo do valor presente do Impacto, que deve considerar
seu período de benefício e drop off (queda ao longo do tempo). A partir deste cálculo
conseguimos encontrar a razão do custo benefício, que consiste em comparar o valor
presente do impacto com o valor do investimento.
A razão da ACB pode ser traduzida da seguinte maneira: para cada 1 real investido foram
gerados x reais em benefícios. Esta maneira de representar a razão entre custo e benefício
de um projeto ou programa pode ser um facilitador em processos de captação de recur-
sos e no diálogo com investidores sociais privados e esferas governamentais.
O SROI E A SUA RELAÇÃO COM A ACB
Uma das formas de se realizar uma análise custo benefício de intervenções sociais e am-
bientais é aplicando o protocolo SROI- Social Return on Investment (ou Retorno Social
sobre Investimento), que se concentra em compreender não apenas questões monetá-
rias, mas também o seu valor na sociedade5
.
O diferencial do SROI está nos seus protocolos de mensuração do impacto, que são na
maioria de casos não-experimentais, integrando métodos mistos de coleta de dados, ou
seja, qualitativos e quantitativos, tornando a análise mais participativa, acessível e factível
para diferentes tipos de programas e projetos.
O protocolo SROI segue alguns princípios avaliativos durante sua aplicação, o que dá robustez
e qualidade ao processo de mensuração, tornando-o confiável, participativo e transparente.
5
Caso queira saber mais sobre o SROI consulte o Guia para o Retorno Social do Investimento
1. Envolvimento dos stakeholders
2. Compreensão das mudanças
causadas
3. Valorização das coisas que
importam aos beneficiários (ou ao
território)
4. Inclusão somente do que for
material (materialidade)
5. Não reivindicação em excesso
6. Transparência no processo e no
reporte de resultados
7. Verificação do resultado
De maneira prática, uma avaliação SROI
é também uma ACB, porém o protocolo,
a partir dos princípios 1 a 3, exige que os
stakeholders sejam sempre ouvidos no pro-
cesso avaliativo, realizando pesquisas quali-
tativas e quantitativas para compreender e
mensurar os impactos através da percep-
ção de valor dos beneficiários. Os princí-
pios 4 e 5 buscam assegurar o cuidado de
não incluir na avaliação aquilo que foi não
percebido como importante pelos benefi-
ciários e não clamar por impactos atribuí-
dos a outros agentes.
Outro ponto diferencial do SROI é que
ele prevê, nos princípios 6 e 7, a constante
transparência de seus processos de men-
suração, além da verificação dos resultados
por meio de análises de sensibilidade e do
reporte dos resultados aos stakeholders.
(=)
Análise Custo Benefício Valor Presente do Impacto Valor Investido
(/)
A análise custo benefício (ACB) é um instrumento possível de ser utilizado para qualquer
tipo de investimento, apresentando complexidades quando aplicado à área dos investi-
mentos socioambientais, já que calcular o valor social da intervenção exige maior capaci-
dade de pesquisa de proxies financeiras correspondentes.
Apesar da ACB não exigir a coleta de dados no campo, como o SROI, é uma análise inte-
ressante e que requer menos recursos para sua realização e pode ser realizada para esti-
mar previamente o impacto potencial de uma iniciativa.
Independente da forma de realização, a ACB é uma metodologia que contém um certo
nível de subjetividade, mas é suficientemente poderosa para provocar reflexões e apoiar o
processo de tomada de decisão, assim como facilitar o diálogo com investidores e forta-
lecer a mobilização de recursos para investimentos socioambientais.
CONCLUSÃO
A geração e disseminação de conhecimento é um dos
pilares para o atingimento de nossa missão. Por meio de
publicações, notas técnicas, artigos, cursos, capacitações
e eventos, inspiramos, apoiamos e ampliamos o investi-
mento social privado e seu impacto.
Conheça nossa produção em www.idis.org.br

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Análise de custo-benefício para mensurar impactos socioambientais

  • 1. NOTA TÉCNICA Cada vez mais dentro do contexto dos investimentossocioambientais,osdoadores e gestores de organizações buscam mensurar os benefícios que suas ações geram para a sociedade. O uso da lógica da razão entre custo e benefício é válida nestes casos, porém seu cálculo pode se tornar complexo, uma vez que benefícios sociais podem apresentar um alto grau de subjetividade. Nesta Nota Técnica, apresentamos uma revisão das principais metodologias para avaliar essa relação, com especial destaque para a Análise Custo-Benefício (ACB) e um comparativo entre uma ACB realizada dentro e fora do protocolo SROI – Social Return on Investment (Retorno Social do Investimento)1 . METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO CUSTO BENEFÍCIO Fevereiro de 2021 Por Laís Faleiros, Gerente de Projetos do IDIS 1 Para saber mais sobre o protocolo SROI acesse nossas publicações.
  • 2. A ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO (ACB) PARA INVESTIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS A Análise Custo-Benefício (ACB) para investimentos socioambientais é uma forma de analisar informações sistematicamente e emitir um juízo de valor sobre elas, de modo a estabelecer uma base de evidências para a tomada de decisão de investidores e gestores. Para realizar uma ACB é preciso levantar informações a respeito de três pontos-chave: Conhecer o impacto social dos investimentos socioambientais é um grande desafio para muitas organizações2 . Quando tratamos de impacto, nos referimos às mudanças que o projeto causou em seus beneficiários ou território, ou seja, é sobre aquilo que mudou após a intervenção, após determinado período de tempo. IMPACTO 2 Sobre esse tema conheça também nosso artigo “Tendências e Desafios da Avaliação de Impacto no Brasil”. Para avaliar os benefícios de uma intervenção socioambiental são utilizadas técnicas de avaliação de impacto, que irão fornecer subsídios para compreender as transformações causadas pelo projeto ou programa. Existem três grandes linhas metodológicas de men- suração de impacto: • Métodos experimentais: utiliza-se do artifício de constituir um grupo de pessoas não-participantes da intervenção por meio de atribuição aleatória, denominado gru- po de controle. A aleatoriedade deve buscar garantir que não existirão diferenças en- tre as características, observáveis ou não, do grupo de pessoas participantes (grupo de tratamento) e do grupo de pessoas não participantes (grupo de controle). IMPACTO Qual a transformação social, econômica ou ambiental provocada pelo investimento? RETORNO ECONÔMICO Qual o valor econômico (ou estimativa) das transformações geradas? DURAÇÃO Por quanto tempo as transformações serão percebidas? IMPACTO DO PROJETO Situação final após o projeto Condição hipotética de como seria a situação caso o projeto não existisse (considerando outros fatores de influência) Tempo Situacão inicial antes da implementação do projeto ou "marco zero" Variável sendo medida
  • 3. • Métodos quase-experimentais: estes métodos também comparam um grupo de participantes e não participantes do projeto, porém a seleção dos grupos não é feita de forma aleatória como nos estudos experimentais, mas sim com seleção a partir de técnicas de pareamento (aquelas utilizadas para definir grupos de comparação com os grupos beneficiados), com base em características observadas tanto nos grupos de controle quanto no de tratamento. • Métodos não experimentais: definem grupos de controle hipotéticos, ou utilizam estratégias não baseadas em grupos através da mensuração de indicadores auto re- portáveis, ou seja, onde os próprios beneficiários reportam sobre a causalidade dos impactos por ele percebidos. A escolha do método deve ser coerente com a amplitude, duração e objetivos estraté- gicos do investimento socioambiental. Os métodos experimentais e quase experimentais permitem maior isolamento dos impactos, porém exigem maior disponibilidade de recur- sos (financeiros, humanos, técnicos) e são recomendados para investimentos de grande amplitude, como, por exemplo, em políticas públicas. Os métodos não experimentais, por sua vez, são aplicáveis à diferentes magnitudes de investimento, desde programas de par- cerias públicas privadas3 , à projetos financiados por investimento social privado4 . 3 Conheça a avaliação do Projeto Guri, executado tecnicamente pela Santa Marcelina Cultura 4 Conheça a avaliação do Programa Valorizando uma Infância Melhor, financiados e executados pela FLUPP (Fundação Lucia e Pelerson Penido) Uma vez compreendidos quais são os impactos do investimento e em qual medida eles ocorreram, é necessário estimar o seu valor social, transformando-os em valores monetá- rios. Essa conversão é necessária para que o benefício seja comparável ao custo. Para monetizar o retorno econômico dos impactos utilizamos combinações de proxies (aproximações) financeiras. A pesquisa de proxies compatíveis com os impactos pode se embasar em diferentes métodos. Conheça alguns deles. 1. Preço de mercado: o mais comum dos métodos, envolve pesquisar no mercado o custo de um produto ou serviço que gera impactos similares àqueles avaliados. 2. Disposição para pagar (willingness to pay/accept): este método consiste em pes- quisar, por meio de grupos focais ou enquetes, o quanto alguém estaria disposto a pagar por um determinado benefício social, ou qual valor aceitaria receber como compensação por um impacto negativo. 3. Value Game: consiste em realizar pesquisa qualitativa ou enquetes para entender o valor que o indivíduo atribui à determinado impacto, ou seja, o quanto ele acha que vale monetariamente aquele impacto. 4. Experimento de escolha (choice experiment): apresenta-se ao indivíduo diferentes cenários (com valores monetários estipulados) para que ele escolha aquele que me- lhor representa os impactos. 5. Custo evitado: calcula-se o quanto evitou-se de gastar devido aos benefícios gera- dos pelo investimento socioambiental. RETORNO ECONÔMICO
  • 4. Compreender a duração do benefício é essencial para demonstrar por quanto tempo os impactos permanecerão, de modo que seja possível calcular o impacto ao longo do tem- po, com as devidas correções monetárias. A duração pode ser estimada perguntando diretamente às pessoas impactadas sua percep- ção. Como nem sempre isso é possível, pode-se utilizar-se estatísticas de outras pesquisas aplicadas como, por exemplo, estimar a probabilidade de quando ex-infratores começarão a transgredir novamente ou quando pessoas empregadas irão perder seus empregos. Além de mensurar por quanto tempo os benefícios são percebidos é preciso também compreender como esses benefícios declinam ao longo do tempo, o seu drop-off. Isso significa compreender, por exemplo, se uma intervenção com um período de benefício de 10 anos tem o seu impacto reduzido de maneira linear, 10% ao ano, ou se a redução acon- tece 80% no primeiro ano e os outros 20% são reduzidos ao longo dos 9 anos seguintes. DURAÇÃO O CÁLCULO CUSTO-BENEFÍCIO A partir da disponibilidade da magnitude dos impactos, da monetização e do período de benefício, o próximo passo é calcular o valor presente do impacto (valor no momento presente dos benefícios estimados no período). Para tanto devemos utilizar uma taxa de desconto no impacto ao longo dos anos do período de benefício. “O desconto reconhece que as pessoas geralmente preferem receber dinheiro hoje em vez de amanhã, porque existe um risco (por exemplo, de que o dinheiro não seja pago) ou porque há um custo de oportunidade (por exemplo, ganhos potenciais por investir o dinheiro em outro lugar). Isso é conhecido como o ‘valor temporal do dinheiro’. Um indivíduo pode ter uma alta taxa de desconto - por exemplo, se você aceitasse duas unidades de moeda no período de um ano, em vez de uma unidade agora, que implicaria numa taxa de desconto de 100%.” IDIS, p.52, 2012. Apresentamos abaixo uma ilustração do cálculo do Valor Presente do impacto: Intensidade do Impacto (X) Proxies Financeiras Impacto ano 1 Impacto ano 2 Impacto ano 3 Impacto ano... Período de benefício e Drop-off Valor Presente do Impacto
  • 5. Esta é uma simplificação do cálculo do valor presente do Impacto, que deve considerar seu período de benefício e drop off (queda ao longo do tempo). A partir deste cálculo conseguimos encontrar a razão do custo benefício, que consiste em comparar o valor presente do impacto com o valor do investimento. A razão da ACB pode ser traduzida da seguinte maneira: para cada 1 real investido foram gerados x reais em benefícios. Esta maneira de representar a razão entre custo e benefício de um projeto ou programa pode ser um facilitador em processos de captação de recur- sos e no diálogo com investidores sociais privados e esferas governamentais. O SROI E A SUA RELAÇÃO COM A ACB Uma das formas de se realizar uma análise custo benefício de intervenções sociais e am- bientais é aplicando o protocolo SROI- Social Return on Investment (ou Retorno Social sobre Investimento), que se concentra em compreender não apenas questões monetá- rias, mas também o seu valor na sociedade5 . O diferencial do SROI está nos seus protocolos de mensuração do impacto, que são na maioria de casos não-experimentais, integrando métodos mistos de coleta de dados, ou seja, qualitativos e quantitativos, tornando a análise mais participativa, acessível e factível para diferentes tipos de programas e projetos. O protocolo SROI segue alguns princípios avaliativos durante sua aplicação, o que dá robustez e qualidade ao processo de mensuração, tornando-o confiável, participativo e transparente. 5 Caso queira saber mais sobre o SROI consulte o Guia para o Retorno Social do Investimento 1. Envolvimento dos stakeholders 2. Compreensão das mudanças causadas 3. Valorização das coisas que importam aos beneficiários (ou ao território) 4. Inclusão somente do que for material (materialidade) 5. Não reivindicação em excesso 6. Transparência no processo e no reporte de resultados 7. Verificação do resultado De maneira prática, uma avaliação SROI é também uma ACB, porém o protocolo, a partir dos princípios 1 a 3, exige que os stakeholders sejam sempre ouvidos no pro- cesso avaliativo, realizando pesquisas quali- tativas e quantitativas para compreender e mensurar os impactos através da percep- ção de valor dos beneficiários. Os princí- pios 4 e 5 buscam assegurar o cuidado de não incluir na avaliação aquilo que foi não percebido como importante pelos benefi- ciários e não clamar por impactos atribuí- dos a outros agentes. Outro ponto diferencial do SROI é que ele prevê, nos princípios 6 e 7, a constante transparência de seus processos de men- suração, além da verificação dos resultados por meio de análises de sensibilidade e do reporte dos resultados aos stakeholders. (=) Análise Custo Benefício Valor Presente do Impacto Valor Investido (/)
  • 6. A análise custo benefício (ACB) é um instrumento possível de ser utilizado para qualquer tipo de investimento, apresentando complexidades quando aplicado à área dos investi- mentos socioambientais, já que calcular o valor social da intervenção exige maior capaci- dade de pesquisa de proxies financeiras correspondentes. Apesar da ACB não exigir a coleta de dados no campo, como o SROI, é uma análise inte- ressante e que requer menos recursos para sua realização e pode ser realizada para esti- mar previamente o impacto potencial de uma iniciativa. Independente da forma de realização, a ACB é uma metodologia que contém um certo nível de subjetividade, mas é suficientemente poderosa para provocar reflexões e apoiar o processo de tomada de decisão, assim como facilitar o diálogo com investidores e forta- lecer a mobilização de recursos para investimentos socioambientais. CONCLUSÃO A geração e disseminação de conhecimento é um dos pilares para o atingimento de nossa missão. Por meio de publicações, notas técnicas, artigos, cursos, capacitações e eventos, inspiramos, apoiamos e ampliamos o investi- mento social privado e seu impacto. Conheça nossa produção em www.idis.org.br