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c eJa lristória tìiìturíìl do sóculo XVii: e o corÌs-
trntivista,, cuio lnocleio de objetiviclade aclvdm
rJa rrJóiii rie razão coino çonhecinr*ntr; aproxi-
rnativ cl.
f n oonçepçao r1c-igglij.sg -_ qtre se_ estencle
cfffiptrffir5$=#fëËTïnãl do #çuio XVïf
-
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rne {ïïÌe a ciência é Hm conhecirnento racional
r"lseiutivo e dernonstrativo colno a maternáti-
câ, poïtaRto, capâa. de pn:v sr a ve,rrlade ne-
cessária e universal de seus enuuciatlr.ls e re-
sultacios, seïïl deirar qualquer clúvida possí-
vel. uma ciência é a r"uridacle sisternática de
ax"iomas, postulados e clefinições, que deter-
minam a natureza e as propriedades de sell
oÏ:jeto, e de demonstrações, qlre provaïïì âs re*
lações de c-lusalidacle que re gent o objeto in-
v'estigado. p
O objetd científico é uma representação in-
teiectual uníversal, necessária e vertladeira das
coisas representadas e corresponde à própria
realidade, porque esta é rarcionatr e infeligível
enr si nlesrna. As experiências científlcas são
r*alizacias'âpenas pariì verificar e confirmar
as demonstraçõcs teóricas e não para proclu-
zir o conhecimento do objeto, pois este é co-
rilrecido exclusivamente pelo pensarïento. O
aLr.jeto científico é matemático, pür{ìue a rea-
lidade possui urna estrutura nratenlírtica, ou
Çorïio riisse Gaiiieu, "o grande iivro da Natu-
rcza está escritc em câfacteres matemáticos".
5ç"'::qEtr*:nr-i{g- que
'ai
cia medi-
cina grega e .,il:,'ir.;{r;irs até o final clo sir:l.riri
XïX _.* af inna qìie a ciância é uma inferpreta-
ção dos f,atos bascacia e m cbse rvaçõ*s e expe-
rinrenfos rlue pcrnlifcnr cstabelecer induções
c que. ao serefir comï]treti:rdirs, oferecern a cle-
finição clo cbjeto, sufis propriedades e suas leis
cte Íunr:ianamento. A teoria eientífica resulta
cias observações c dos experirnentos. cle nrorÌo
quc a experiência não teni simplesrnente o pa-
pel cle r,'erificar e confinïar conceitils, iï[Ìs teill
a f'unção de produzi-los. Eis por que, ne sta con-
cepção, senlprf, houve grande cuitlado para
estabelecer métoclos experirlentals rigorosos,
pois deies depencÌia a {orr:rrl}ação da teoria e a
definição cla ob.jetividade investj gada.
[:ssas duas concepções iie cicntificiclade
possuíanl o nresnlo pressrìposto, en'lbora o re*
alizassem clc man*ir;rs diferente s. Arnbas coïl*
sid*ravam (IÌ"Ìe a tearia cientíÍica, eïa ïImËì ex*
plicação e urïÌâ representação vercladeirir da
própria realidaile, tel coffÌo esta é ern si mcs-
ma. A ciência era Llïïla espócie de raio X cïa
realidade. A corÌcepçãEr racionalista era hlpro-
tótico-tdeqlutiva, istc é, definia o objeto e snas
leis e clisso clecluzia propriedades, efeitos pos-
teriores, previsões. A cone-epção empirista era
hipotético-imdutivtr, isto ó, Íìpreserltava supo-
sições sobre o otÍ_eto, realizava observações e
experimentos e cheg;rva à definição dos fa-
ios, às suas leis, sLlâs propriedacies" seLìs efei-
tos posteriores e a previsões.
A1otT*pMÊte iniciacla ern
:.ff
noSso século
-
considera a ciência ulna cons-
trução cJe moclelos explicartivos para a re aii-
dacle e não umiÌ representação da própria rea-
lidade. O cientista cornbina dois procedinlen-
tos *_ uffi, '*'indo do racionaiismo, e outro,
vindo c1o empirismo --- e a eles acrescenta um
terceiro, vindo cla icléia de conheçimento apio-
.ximativo e corrigível.
Como o racionalista, o cientista construti-
vista exige que o mótodo lhe perrnita e lhe ga-
ranta estabelecer axiomas" postulados, defi*
nições e deduções sobre o objeto científico.
Como o empirìsta, o construtivista exige que
a experimentação guie e modifique axiomas.
?sã
253
posfuliir.ii;:', iÌi:finições e clemoilrìLl'*,1Õi::.. No
entanto, pcrque cortsidera o otljcto unìíì co]ìs-
trução Ìógico-inteleciual e unìa coiistrução
experilnental feita etn laboratório, o cientista
não espera Eue sett trabaiho apr"flstlnte a re ali-
dacle em si mesma, ïllas ofe reça esft"utt-ti'as c
rnorlelos de fttncionamento rJa realidade' ex-
plicando os Íenôlnenos cbservados. Ïn{ão es-
p*ra, portanto, âpresentilr uma verdacle abso-
truta e sim uffia verclacie ilproxilnacla que pocle
srï corrigicla, modific;tda, abanclottacla por
outra mais adequacla aos fenôrneilüs. São três
as exigências de seu ideal de cientitìcidacle :
l. qr-re haja coerência (isto é, {"lue não haja
coutraclições) entre os pri ncípios que orien-
tam a teoria;
2. que os rnodelos dos objetos (ou estri-tturas
dos fenôrnenos) sejarn construídos com base
na observação e na experirulentação;
3. que os rflsultaclas obtidos. pCIs$âr11 nã* só
alterar os modelos construídos, mas ttmlrém
alterar os próprios princípios da teoria, üor*
rigindo-a.
ffifr{ermnçffi$ erïtrffi
ffi ffii&nleifl flmtigm ffi ffi ffirffidffirsrffi
Quanclo aprcsentamos os icieais de cientifi-
cidade, dissemos que tanto o ideal racionalis-
ta quanto o elnpirista se iniciaram çotll os gre-
gos. ïsso, porém, não significa que a concep-
ção antiga e a moderna (sécuio XVIï) de ciên-
cia sejam idênticas.
Tomemos um exemplo que nos ajucle a per-
ceber algumas clas rJiferenças entre antigos e
Hrodernos.
Aristóteles escreveu unÌa Fí,sica. O ob.ieto
fïsico:ou natural, dtz Aristóteles, pt-rssrri duas
características principais: em primeiro lugar,
existe Ê opera independenternente cla presen-
ç4, da vontade e rJa ação humanas; em seguÍï-
Ü,API'ïULÜ 2 - Â
do lugar, é Ll;,. .,-'i i ïïì rÌÌCIvinrr:iitt. isto *. '.r:ïi
devir, sofreniJo aliL"raçoes qualiLlltir,iis, qlian-
titativns e lacais; ïlÍisce, vive e ínorre ou desa-
piìrcce. A F{sir.a esttrcla, porïento. ris sL-res net-
turais sulrnreticlos iì muclança.
O mundo. sscreve Aristóteies, clivirJe-se eïn
cÌuas qrancje s regiõcs natut'ais, ci-tjit cli{crença
é dada pelo tipc de sulrstância. cle nratériir e
ctre foi:nla drrs seres de cacla uffia delas. A re-
gião celeste, fonttada de Sets Cérts ou Sete
Ësferas oncle estão os astros, ttit-tt colï"lo suhs-
tância o róter. matéria slrtil e diáfal:a, forma
runiversai r{ue não sofre mttdanciis tlualitir''as
nf,ïïì quantitativats. mas apen;ìs a n:udança oil
moviruento locai. realizancJo eternaiïente ü
rnais pcrf,eito clos niol'ilncrÌtos. tl circrilar. A
segunda região e a sr-rblunar ou terre$tre, nos-
so ïTrurÌdo. cünstituícla por quiìtro substâncias
ou elementos *_- terra, água, ar e fogo
-'
de
cujas cornbitrações surgem tocl*s os seres. 5ão
substâncias f*rtemente. materiais e, p*rtantc
(crlrno vimos no estudo da rnetafísica aristo-
t6lica), fcrtemente potenciais ou virtuais,
tra:nsformando-se seÍn cessaï. A região
sublunar é o rnundo das mudanças de forma,
ou da passagem contínua de uma forma a ou-
lra, para atr,rali z.at a qÌ,le está em potência na
matéria
Os seres físicos não se Ínovem cta mesnìa
maneira {nãr: se transformatn nenl se deslo-
cam da mesnla Inaneira). Seus movimentos e
mudanças elependem da qualidade de sttas ma-
térias e da quantidade ern que cada um dos
quatro elementos materiais existe çombinado
cont os outros nunl ccrpo.
Deixemos de laclo todas as ruocl;rlidacies de
movintentos estudadas por Aristóteles e exa-
m.inemos apünas tlma: o ï'novimento local. Os
corpos, rJiz o filósoto, plocuram atuahzar suas
potências materiais, atualizattdo-se em formas
diferentes" Cacla modalidade de matdria reali-
za sua forma perfeita cle maneira diferente das
ouiras.
No caso do lnovimento trocal, a nlatéria de-
fipe lugares naturais, isto é, locais onde ela
se atualí"za ou se realiza melhor do que ern
OtltïOS. AsSirìtr, ,.i;: ürri"p0S pesAdos (nOs Qr_ì.ir.,
predomina o elenrento terra) têm coino Ìugar
naturai ü centro cla Terra e por isso a rnovi-
íÌlento local natural dos pesados é a queda.
Os corpos levrs {nos quais preriomina o ele-
ÌneÍlto Íogo) tcrn como lugar rìatural o céu e
por isso sen movinrento trocal naiural é subir.
Os corpos não inteiramente leve s {nos quais
predomina o elernento ar) buscanì seu lugar
naturaL no espaço rare fei[o e por isso seu
movimento local natulai é flutuar. Enfim, os
rorpos não totalmente pesados { nos quais pre-
cïomina o elemento ágria) buscam seu h-igar
natural no líquido e por isso seu rnovimento
local natural é boiar nas águas.
AIém dos rnovimenfos naturais, os corllos
podem ser submetidos a movinlentos violen-
tos, isto é, àqueles que contradizem sua natu-
rcza e os impedem de alcançar seu lugar natu-
ral" Por exernplo, quando o arqueiro lança urna
fïn:cha, imprime nela unì movimento violen-
i,r, pois força-a a permanecer no ar, enrbora
s*u lugar natural seja a terra e seu rnovimento
natural seja a queda.
Este pequeno resurno da Física aristotélica
nos mostra algumas características marcantes
da ciência antiga:
* é uma ciência baseada nas qualidades per-
çebidas nos corpos (leve, pesado, líquido, só-
Ìido. etc.);
w é uma ciência baseada ern distinções quali-
tativas do espaço (alto, baixo, longe, perto, ce*
leste, sublunar);
* é uma ciência baseada na rnetaïísica ila iden-
tidade e da rnudança (perfeição irnóvel, im-
perfeição mór'el);
ç é uma ciência que estabelece leis cliferentes
para os corpos segundo sua matéria e sua for-
flìa, ou segundo sua substância;
o cümo conseqüência das características ante-
riores. é uma ciência que concebe a rearidade
r;afural como um rnuriiiu l;i*rárquico no qual
os serss possuern um lugar natural de acordo
com sua perfeição, hierarquizanclo-se em graus
que r'ão dos inferiores aos superiores.
QLrando compilarnos a física de Aristóteles
çoin a morlerna, isto é, a que foi elaborada por
Gaiiieu e lr{ewton, podemos notar as grandes
diferenças:
c pârâ a física moderna, o espaço é aquele de-
finido pela geornetria, portanto, homogêneo,
senÌ distinções qualitativas entre alto, baixo,
fiente, a[rás, lcnge, perto. É um espaço oncle
toclos os pontos são reversíveis ou equivalen-
teso de modo que não há, "lugares naturais"
qualitativamente diferenciados ;
o os objetos físicos investigados pelo cienfista
começam por ser purifïcados de todas as quali-
dades sensoriais _* coq tamanho, odor, peso,
matéria, forma, Iíquido, sóliclo, leve, grancle,
pequeno, etc.
--, isto é, de todas as qualiclades
sensíveis, porque estas são meramente subjeti-
vas. O objeto é definido por propriedades ob-
jetivas gerais, válidas para toclos os seres físi-
cos : mas sa, v ol u me, fìg ura. "ilorna- se irrelevante
o tipo de matéria, de forma ou cle substância de
um corpo, pois todos se compoffarn fïsicamen-
te da mesma maneira. Torna-se inútil a distin-
ção entre unl rnundo celeste e LlÍn munclo
sublunar, pois astros e corpos temestres r:bede-
cern às mesrnas leis universais da física;
c a física estuda o lnovimento não corno alte-
ração qualitativa e quantitativa dos corpos,
mas coïÌìo cleslocamento espacial que altera a
massa, o volume e a velocidacle dos corpos. O
movimento e o rspouso são as propriedades
físicas objetivas de toclos os corpos da lntratu-
tez"a e {odos eles obedeçem às mesmas leis .-
aquelas que Galileu formulou com base no
princípio da inércia (um corpo se mantém em
movimento indefinidamente, a menos que en-
contre um outro que the faça obstácuto bu que
o desvie de seu trajeto); e aquelas formuladas
par Nelvtrli;, i-:r.]f ii J:ase no princípio tÌt.rr, :'ì',q.iìi
bu gtuuitação (a toda ação colTesponcÍe utnit
reação que lhe é igual e contrária). Não há di-
fercnça cntre movimenl"o natural e tnovimen-
to violento, pois todo e qualquer nlovimento
abedece às mesmas leis; .È
e a Natu reza é urn complcxo de corpos form;r-
dos por proporções diferentes de movimento e
de repouso, articulaclos por relações de causa e
eÍeitc, sem finali<Jacle, pois a idéia cle finalida-
de só existe para os seres hurnanos dotados de
razão e vontade. Os corpos não se lÌÌoveln, pot'-
tanto, enr busca de perfeição, nlas porque Íì call-
sa eÍ'iciente do movimento os faz movereir-se.
A física é uma mecânica utriversal.
A tísica ria Natu reza se torna geornétrica"
experimental, quantitativa, causal ou tnecâ-
nica (relações entre a causa eficiente e seus
efeitos) e suas leis têrn valor universal, inde-
pendentemente das qualidades sensíveis das
coisas. Terra, mar e ar obedecem às Íneslnas
Ieis naturais. A Natu reza é a me sma em toda
parte e para todos os seres, não existindo hie-
rarquias ou graus de imperfeição-perfeição,
i nferiori dacle- s up eriori dade.
Há,, ainda, uma outra diferença profunda
entre a ciência amtiga e a rnoderïa. A prirneira
era uïna ciência teorótica, isto é, apenas con-
templava os seres naturais, sem jamais irna-
Dois ciclista$ em ação. Para a física
rnodernã, um csmplexo sistema de forças
atuantes, clue resultam no movimento.
ginar intervir nei,--,'. :.:ii sç;hl e eles. A tÓcnlca
cra unì saber eïnpíricr;,, tigaiÍo a práticas ne-
ce ssárias à vida e nada tinha a oferecer à ciên-
cia nem a receber clela. Ìr{uma sociedade
escráìvista, que deixava tarefas, trabaihos e
serviços aos escravos, a técnica era vista çol11o
uma f,orma ÍÌtenor de conhecitrtento.
f)uas afirnraçÕes rnostrarn a difet'ença dos
nrodernos ern relação aos antigos: a afirma-
ç'ão eÍo f"ilósofo inglês Francis Bacoit" para
qucnl "saber é poder", c â afirnração cie Dcs-
cartes, para quenì "a ciência cle vc tornar-nos
senhores cla h{atureza". A ciência nroderlla
rìasce viucuiacla ir idéia de intcrvir tta Nature-
za, de conhecê-la para apropriar*se dela, para
controiá-la e clominá-tra. A ciência não é ape-
rlâs conternplação da verdade, nlas é sobretu-
do o exercício clo poderio hutnano sobre a
Natureza. Ì{uma sociedade erïì que o capita-
lismo está surgindo o, parâ acumular o capi-
tal, deve arnpliar a capacidacle do trabalho hu-
mano para modificar e explorar a NatutÕz&, a
nova ciência será inseparável da técnica.
Na verdade, é rnais correto falar em
tecnologia do que em técnica. De fato, a téc-
nica é um conhecimento empírico, que, gra-
ças à observação, elabora um conjuttto de re-
ceitas e práticas para agir sotrre as coisas- A
teçnologia, poróm, é um saber teórico que se
aplica praticamente.
Por exemplo, um relógio cle sol é um objeto
tócnico que serve para tnarcar lroras seguinclo
o movimento sotrar no cóu. Urn cronômetro,
porém, é trm objeto tecnológico: por um lado,
slla construção pressupõe contrecitnentos teó-
ricos sobre as leis do movimento {as leis do
pêndulo) e, por outro lado, seu uso altera a
percepçao enìpírica c comum clos objctos- pois
serve para medir aquilo que nossa percepção
não consegue perceber. uma lente de aurnen-
to é um objeto técnico, mas o telescópio e o
microscópic são objetos tecnológicos, pois sua
construção pressupõe o conhecimento clas leis
científicas definidas pela óptica" Em outras
palavras, um objeto é tecnológicc quando sua
construção pressupÕe um saber científicç e
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pesquisas cieniíficas" A ciência lii*derna toi"-
rÏou-se inscperár'eì cJa tecnologia.
&s mâãdmarçffi $ # terutí$Ëffi ffis
Virnos ató aqui rh.ras -erafides muclançrÌs Íìa
ciência. A prinre ira delas se refere à passíìge ili
rto r;rciclnalisiìlo e e rnpìrismo ao Çorlstrutivis-
Ìïiü. isto é, cle r,rm irJeal de ciurtiliciçlade base-
ad* na idéia cle que a ciênciil é unra reprflscll-
i;rção da realiciaiie tal comçr eia é em si nles-
ïïïa. a um ideal de cientifìçiCartre baseado na
ictdia de que o nbjeto científico ó um naclelo
construíclo e não uma r"epresentação cJo real.
ìjrïla airroximação sobre o nroclo cle fiinciona-
nrento cla realidade, ïnasi não o conhccimento
absolmto dela. A segunda muclança refere*se à
píì$sftgem da ciência antiga *- tenrétiça, qua-
litativa
-
à ciência nloderïlâ -' tecnoìó,{ica,
quilnfitativa. Por que hauve tais mudanças no
flerìsarnentr-r c lentífi co?
IJurante certo tempo, jirtgou-se que a ciôn-
cia {corno a sociedade) evoïui e progride. Evo-
lução e progresso são duas icÍóias niuito re-
centes --,clatarn dos séculos XVItrI e XtrX **-,
nìas rnuito aceitas pelas pessoas. Basta ver o
lema da bandeira brasileira pÍira perceber
conio âs pessüas acham natriral falar em 'oor-
clenr e Prcglesso".
As noções cie evoh-rção e de progresso par-
tem da suposição de qrie o ternpo d unur linha
reta contínua e homogônea (como a imagem
clo do, que virnos ao estudar a metrilïsica). O
ternpo seria urna sucessão conïínua de irrstan-
tes, nìonleiltos, Íascs, períodos. épocas. que iri-
am se sonl'anclo uÍìs aos outros, acLltrnulanclo-se
cle tal moclo que o que acontece depois é o re-
sultado rnelhorado do clue aconteceu antes,
Contínuo e cuïïlulativo, o tempo seria um aper-
feiçoamento r"le todos os serds (naturais e hu-
manos).
Evolução e progresso sãc a crença na superi-
oridade do presente em relação ao passado e
clo futuro em relação ao prc$ente. Assim, os eu-
ropoi;s civilizadcs s*iitiitì superiores aos airr-
canos e aos índios, r'r fïsica galilaico-nstt'toniana
seria supericr à nristoídlica, a física quântica
seria superior à de Üalileu e de hlewton.
Hvoluir significa: torn;tr-se superior e Ine
Ìhç:r do que se flra antes. Progredir significa:
ir num ruino cada vez ïïIelhbr na direção ci*
urïÌâ finaliclade superior.
Evolução e prügresso tambérn supõe m o
ternpo como Ltmiì sórie Jinear de tntlmentos Ìi-
gaclos por relações cle causa e efeito" eïtì que o
passado ó causa e o presente, efeito, vindo a
tornar-se cailsíÌ do futuro. Vemos essa idéia
aparecer quando, por exetnplo. os manuais cle
I{istória apresentam as "influências" tlue um
acontecinrento anterior teria ticlo sotlre LlïÌl
rllrtr"o, posterior.
Evoluir e plr:gredir pressupõern LrÍna colt-
cepção de F{isrória sernelhante à qiie a biolo-
gia apr"esenta quanrJo fala em germe, setnente
ou larva" O gernle, a seffìente au a larva são
entes que contêrn ncles mesmos turÍo o title
Ihes aconfecerá, isto é, o futirro já está conti-
clo no pontr: inicial cle um ser, cuja hristória ou
cujo tempo nada rnais é do que o desdobrar
ou o clesenvoiver pleno daquilo que ele já era
potencialmente. I
Essa idéia encontra-se presente, por exelïl-
plo, na distinç'ão entre países desenvolvidos e
sulrclesenvolviclos. Quanclo digo que um país
é ou está clesenvolviclo, digcl que sei que ail-
cançou a finaiidade à qual estava destinado
desrÌe que surgiu. Quando digo que uill país é
ou está subdesenvolvido, estou dizendo que a
finalidade -*- que é a rÌlesma para ele e para o-
desenvolvicio _- ainda não foi, mas dever"á ser
alcançacla em algurn monleïlto do tempo" l{ão
por acaso, as expressões desenvolvido e sub-
desenvolviclo forarn usadas para substituir
duas outras, tidas como ofeltsivas e agressi-
vas: países adiantaclos e países atrasados, isto
é, países evoluídos e não evoluídos, países
Çorn prCIgresso e seïïÌ progressü.
Em resumo, evolução e progresso presst:-
pÕem: continuidacle temporai, acurnulação
causal dos aconteçimentos, superioriCacle do
futuro e clo pr'*s*nte com relaçãc âü íiiiss;itio,
existência de ulna Íìnaliriade a ser alcançaria.
Supunha-se que as mudanças científ icas itr-
dicavam evclução ou prügresso das canheci-
rnentos hutnatros. r
ffimsm#nrüilrtdn ffi ffiwffi t rxç&m
# ffi prffiffirffissm mfrsr$Ëífffr#ffiffi
A Fiiasofia das Ciôncias, estudando as nìLr-
rtranças científÌcas, impôs um desmentido às i-
déias cle evolução e progresso. Isso não quer
dizer qlte a Filosofïa das ciôncias viesse a falar
ern atraso e regressão científica, pr:is essas duas
noções são idônticas às de evolução e progres-
so, epenas coïtt o sinal trccado {em vee de ca-
minhar causal e contitìuaffiflnte para frçnte, ca-
minhar-s*-ia causal e continuanteltte pam tr{);
O que a Fiiosofia das Ciências compreencteu fai
qunÀ ur elab*raÇões científiciïs e üs iileais cle ci-
entificirJade são elifersmÈss e des*omtimmos.
Quando, por exernplo, compararnos a geo-
metria clássiça ou geornetia euclideana (que
opera com o espaço plano) e a geometria con-
temporânea ou topológica (que opera com o
espaço tridimensional), vemos que não se tra-
ta de duas etapas ou cle duas fases sucessivas
cla mesma ciôncia georlrótrica, e sint de duas
geometrias cliferentes, cottt pr-incípios, concei*
[os, objetos, detnoqstrações cornpletamente
diferentes. Ìr{ão houve evolução e progresso
rJe uma para outra, pois são duas geülïtetrias
cliversas e não geometrias sucessivas.
Quando cotnparamos as fisicas de Aristóte-
les, Galileu-I{ewton e Einstein, não estamos
diante de uma lrestxa física, que teria evoluí-
do ou furogredido, mas diante de trôs Íïsicas
cliferentes, baseadas em princípios, conceitos,
demonstraçÕes, experimentações e tecnologias
completamente diferentes. Em cada uma de-
ias, a ìAeia de i{atuteza é diferente; ern cada
urna cielas os métodos empregadas são dife-
rentes; eín cada uína delas o qï]e se deseja co-
nhecer é diferente.
Quando L'üÌ-r-lríi{ii iri iii-is a biologia genéttíiâ r-it-
Mcndei e a genótica folmulacla por lrioquí-
rnica (baseadâ na descoberta de enziinas, dc
proteínas da ADN ou código genético), tanl-
bóm não encontrarnos evolução e progresso,
máìs dif'erença e clescontinuidacle' Assim, por
exemplo, o rnodelo explicativo que orienta-
va o trabalho de Mendel era o da relação se -
xual colrlo um encontro entre duas entidades
diferentes -- o esperma e o óvulo
-,
enquan-
tc o raacleio cluo orienta a genética coutem-
porâne a é, a cla cibernética e da teor"ia cJa in-
fonn aç ã4.
Quanclo comparamos a ciência da lingua-
geïn do século XIX (que *ra baseada nos es-
tudos c1e fitologia, isto é, ncs estudos da ori-
genl e da história das palavras) coÍn a lingüís-
tica çcntelnporânea (que, comü vinros no ca*
pítulo eledicado à ling$agetn, estuda estrutu
ras), vernüs duas ciências diferenfes. E o tnes-
mo pode sflr dito de torÍas as ciências.
rerificatl-ss, portanto, ulïlâ dss*onfinnida-
rie e uma diferença tenlporal entre as teorias
çientíficas çonlo cotlseqí-iência não de uma for-
ma mais evoit-tída, tnais progressiva ou me-
lhor cle fazer ciência, e sim Çoíno resultado de
tlïferentes riraneiras de conhecer e çonstruir
os *bjetos científicos, eie elaborar qs métodos
e inventar teçnologias. O filósofo GasÍan
Bachelarcl ciou a expressão ruptura episte-
motógica* para explicar f,ssa descontinuida-
de no conhecimento científico"
ffi rx p{ru rffi $ mp fr sfrmfrïr& ilmW fr çmm
# rffiwffi lwç&*m mfr wsaff6fËsmm
ïJrn cientista ou um grupo de cientistas co-
meçam a estudar uln tenôtrleno empregando te-
*Leml:reÍnos que a palavra epistemalogia é' conrposta de
clnis termos gregos : episteme, que significa ciência, e Jagirr'
vinda de logos, significandc conhecimento. Epistemoicgia
é o canhecimento filosófico sobre as ciênçias'
)
25fi
?$7
orias, rnétcclos e iecnulogias disponír'eis etn seu
cantpo de trabalho. Pouco a pouco, clescobrern
r-lue os conceitos, os procedimentos, os instru-
inentos existentes não explicarÌ o que estão
cbservando nent levam aos resultados que es-
tão buscando. Encontranr, diz Bachelard. unr
"ohstáculo epistemclógico".
Para slrpera' o obstáculo epister'ológico" o
cientista ou grupo de cientistas precisain ter a
coragem cle dizer: Não. Precisam clizer não à
teoria existente e aos rnétocÌos e tecnologias
existentes, realizanclo a ruptura episterlológi-
ca. Esta coirduz à eÌaboração de *ovas teori-
;ìs, novos mótodos e tecncllogias, que afetam
tocio o campo de conhecimentos existentes.
Uma nova concepção científica emerge, le-
vando tanto a incorporar nela os c.onhecimen-
tos anteriores, quanto a afastá-los inteiramen-
ïe. O filósofo da ciência Khun clesigna esses
tnornentos de ruptura epistemológica e de cri-
ação de novas teorias com a expressão revo-
lnção científica. conlo, por exemplo, a re,o-
lução copernicanÍÌ, que substituiu a explica-
ção geocêntrica pela heliocêntrica.
Segundo Khun, urïÌ campo científico é cria-
do quando métoclos, tecnologias, formas de
observaçâo e experinrentação, conceitos e de-
monstrações formam uïn todo sistemático,
urna teoria que perïnite o conhecimento de inú-
meros fenômenos. A teoria se torna Llüt mo-
cje lo de conhecinlerÌto ou urìl paracligrna cien-
tíÍ'ico. Em tempos nornrais" unl cientista, cli-
iÌnte de um fato ou de urn fenôrìeno ainda não
e studado. usa o modelo ou o paradigma cien-
tífico existente. urna revolução científica
acontece- quando o cientista clesc-obre que os
paraclignlas clisponíve is não conseguem expli-
car Lur fenômeno ou um fato novo, sendo ne-
cessário produzir um outro paradigffiâ, até
então. inexistente e cuja ïÌecessidade não era
sentida pelos investigadores.
A ciência, portanto, não carninha numa via
linear contínua e progressiva, mas por saltos
su revoluções.
Assim. quando a idéia de próton_elétron_nêu_
fron entra na física, a cle r,írus entra na biolo-
gia, a de enzima entra na química ou a de
fonerna entra na lingüística, os paracligmas exis-
tentes são incapazes de alcançar, compreender
e explicar esses objetos ou funôrrenos, exigin-
do a criação de novos modelos científicos.
Por que, então, tenros a ilusão cle progresso
e de evolução? Por dois motivos principais:
1. do lado do cientista, porque este sente que
sabe mais e melhor do que antes, já que o
paradigma anterior não ihe perrnitia conhecer
certos objetos ou fenômenos. Como trabalha-
va com uma tradição científic:a e a abando-
nou, tem o sentirnento de que o passado esta-
r,'a errado, era inferior ao presente aberto por
seu novo frabalho. Ì{ão é ele, mas o lilósofo
da ciência que percebe a ruptura e a clesconti-
nuidade e, portanto, a diferença temporal. Do
lado do cientista, o progresso é uma vivência
subjetiva;
2. do lado dos não-cientistas. porque vivemos
sob a ideologia clo progresso e cla evolução,
do "novo" e do "fantástico". Além disso, ve-
nìos os resultados tecnológicos das ciências:
naves espaciais, cornputador^es, satélites, for-
nos de microondas, telefones celulares, cura
de doenças julgadas incuráveis, objetos plás-
ticos descartáveis, e esses resultados tecnoló-
gicos são apresentaclos pelos governos, pelas
empresas'e pela propagáinda como ',signos clo
progresso" e não da cliferença temporal. Do
lado dos não-cientistas, o progresso é uma
crença ideológica.
Fíá, porérn, unta razão mais proÍuncl a para
nossa crençzì no progresso. Desde a Antigui-
dade, conhecer senìpre foi consideraclo o meio
nrais precioso e efic az para combater o medo,
a superstição e as crendices. Ora, no caso da
modernidade, o vínculo entre ciência e apli-
cação prática dos conhecimentos (tecnologias)
fez surgirem objetos que não só facilitaram a
vida humana (meios de transporte, de ilumi-
nação, de comunicação, de cultivo do solo,
etc.), rnas aumentaraín a esperança de vida
{remédios, cirurgias, etc.). Do ponto de vista
dos resultados práticos, sentimos que estamos
em melhores condições que os antigos e por
isso falamos em evolução e progresso.
Do ponto de vista das próprias teorias cien-
tíficas, porém, a noção de progresso'não pos-
sui fundamento, como explicamos acima.
Falsiflüaçãs K rev$lução
Vimos que a ciência contemporânea é cons*
trutivista, julgando que fatos e fenônteuos ttô-
vos podem exigir a elaboração de novos méto-
dos, Ilovas tecnologias e novas teorias.
Alguns filósofos da ciência, entre os quais
Karl Popper, afirmaraln que a reelaboração ci-
enrífica decorre do fato de ter havido uma
mudança no conceito filosófico-científico da
verdade. Esta, corno jd vimos, foi considera-
cla durante nauitos séculos como a cüÍïespon-
dência exata entre uma idéia ou um conceito
e a realidade. Vimos também que, em nosso
século, foi proposta uma teoria da verdade
como coerência interna entre conceitos. Na
concepção anterior, o falso acontecia quando
uma idéia não coÍïespondia à coisa que deve-
ria representar. Na novâ concepção, o falso é
a perda da coerência de uma teoria, a existên-
cia de cotttradições entre seus princípios ou
entre estes e alguns de seus cotrceitos.
Popper afirma que as mudanças científicas
são uma conseqüência da concepção da ver-
dade como coerência teórica. E propõe que
urna teoria científica seja avaliada pela possi-
bilidade de ser falsa ou falsificada.
Uma teoria científi ça é, boa, diz Popper,
quanto mais estiver aberta a fatos novos que
possam tornar falsos os princípios e os con-
ceitos em quÊ se baseava. Assim, o valor de
uma teoria não se mede por sua verdade, Ínas
pela pçssibilidade de ser falsa. A falseabili-
dade seria o critério de avaliação das terlrias
científicas e garantiria a idéia de progresso ci-
entífico, pois é a mesma teoria que vai sendo
corrigida por fatos novos que a falsificarn.
A rnaioria dos filósofos da ciência, entre os
quais Khun, demonstrou o absurcÍo da posi-
ção de Popper. De fato, dizern eles, ja:nais
houve *rn único caso eÍn que uma teoria pu-
desse ser falsificada por fatos científicos. Ja-
mais houve urn único caso em que um fato
ïlovo garantisse a coerência de unta teoria,
bastando irnpor a ela mudanças totais.
Cada vez que. fatos provocâraÍïì verdadeiras
e grandes mudanças teór"icas, essas mudanças
não foram feitas no sentielo de "melhorar" ou
"aprimorar" ulna teoria cxistente . nlas llo sen-
Karl Popper (1902- ) nasceu em Viena e
estudou matemática, físíca e Filosofia
nessa mesma cidade. Após a Primeira
Guerra Mundial interessou-se pelos
problemas sociais, tendo participado de
urn programa de assistência à criançã, ê
tambem pela música. Sua obra mais
impartante, A logíca da descaberta
cíentífíca, fai publicada origínalmente em
alemão em 1935, rnas ficou conhecida
internacianalmente apenãs em''l959,
quando foi traduzida para o inglês'
258 259
UNIDADF.'Ï ..',,:ì CIÊNCIA5
tido cic ab*ilii*;ná-la pür Lìïnã üutrã. Ü p;lp;*l
do fata científiço não é o de falscar ou falsifi-
car uma tecria, mas de provocar o surgimento
cle uma nova teoria verrJadeira. H o verdadei-
ro e não o falsa que guia o çientista, seja a
verdade entendida como corrf,sponclência en-
tre idéia e coisa, seja entendida como coerên-
cia interna das idéias.
ffi Ëmswfrfãwmç#m s$ms mã#sxmËms
Ciência, rlo singular', lef,ere-se a unr rnodo e
a um ideal de conhecimento que examinamos
até equi. Ciências, rto plural, refere*se às di-
f'ercnfes rnaneiras de realização do ideal de ci-
entificidade, segundo os diferentes fatos in-
vestigadns ç os diferentes métcclas e teçnolo-
gias empregados.
A prím*ira *lassificnç#c sistemátiça clas ci-
ên*ias d* r;ue lemss nctícia foi a de Ansfóte*
les, à qual já nos referimos nCI início tJeste li-
vrc. O fllósofo grego enní]reg$u três critérlos
para classifiçar íJ$ saberes:
o critério cla ausênçia ou presença da ação hu-
mana nos seres investigados, levando à dis-
tinção entre as ciências teoréticas (conheci-
mento dos seres que existem e rïgem indepen-
clentemente da ação humana) e ciências práti-
cas (conhecimento de fudo quanto existe coïÌlo
efeito das ações humanas);
* critério da imutabilidactre ou pennanência e
da rnutabilidade ou rnovimento clos seres in-
vestigados, levando à rJistinção entre rnetafï-
sica (estudo do Ser enqnanfo Ser, fora de qual-
quer mudança), física ou ciêneias da Nature-
za (esturJo dos $eres constituídos por ïnatéria
e forma e submetidos à muclança ou ao movi-
nrento) e rnaternâitiça (estudo dos seres dota-
dos apenas de forma, sem matéria, imutár'eis,
rnâs existindü nos seres natnrais e çonhecidos
por abstração);
s critério da modalidade prátiça, levando à dis-
tinção entie cif:nç:t;ts quf, estudarn a práxis 1a
ação étiça, política e ecCInômica, que tem o
próprio íàg*ntÊ cotno firn) e as técrliças (a fa-
bricação de objetos artitiçiais ou a ação que
fem como fim a pradução de um oLrjeto dife-
rente do agenxe).
Com ïrequenas variações, essa classifiçaçâo
foi mantida até o século XVÏI, quando, en[ão,
os conhecimentos se separaram em filosófi-
Ços, científicos e tácnicos. A partir <lessa épo-
ca, a Filosofia tende a desaparecer nas classi-
fìcações científicas (é um satrer cliferente do
ciçntífico), assim como delas desapareceill as
técnicas. tlas inúmeras classificações prerpos-
tas, as mais conhecidas e utilizadas foram fei-
tas por tilósofos franceses e alernães do sécu-
1o XïX, baseando*se em três critérios: tipo cle
obj*to estudado, tipo de métado empregado,
iipo de rnsultado obtidel" ï]esses critdrios * çJa
simplificaçã* teita sübre as várias ciassifica-
Ções anterít:r"es, re$ï.iltou aciuela qus se costu-
ma usar até hoje:
o ciências rnaternáticas on lógico-matemáticas
(aritmética, geornetria, álgebra, trigonornefi ia,
lógica, física pura, astronomia pura, etc.);
w ciências naturais (física, química, biologia,
geologia, astrortomia, geografia física, paleon-
tologia, etc.);
e ciências humanas ou sociais (psicologia, so*
ciologia, antropologia, geografia humana, eco-
nomia, lingüística, psicanálise, arqueol ogLã,
história, etc.);
o ciências aplicadas (todas as ciências qr-re con*
duzem à invenção cle tecnologias para intervir
na l{atutezlit, na vida humana e nas sociedades,
ooïno por exflmplo, direito, engenh ana, medi-
cina, arquitetura, infbrmática, etc.).
Cada urna das ciências subdivide-se çm ra-
rfios específicos, corn noyâ delimitação do ob-
jeto e do rnétodo cle investigação, Assirn, potr
ì: ;ilf.Ìi.d,l
i,1.1"1fi:'
.,i].).jrt Lr
. : 1),'rii i: .
":',i:...r:.::;..
:,4 l;. .. .
. ':r:1'' 111
.r . .4l r,
exempio,alisìc:asubdivide-seemrtt*cânica,tuais'seusobjetu'si'erdadeirossendocotitrt
ã",ntJ"",'Opri"a, etc.; a biologia em botânica, cidos por meio de princípios e çlemonstra-
"á"i"eiã,
lirr"logia, genétical etc.; a pflrcolo-
1eões
universais,e
i::-t-t-uáti:t
Também Des-
;i;;;ilirtd" ,e""m isi"ologia do coniqgrt yl "uttt,
no século XVII, afirmou que pode-
írento, do desenvolvimenloipsicologiaì'liní mos duvidar de todos os nossos conhecimen-
.o, pri.orogiu social, etc. E assim sucessiua- tos e idéias, menos da verdade dos conceitos
mente, para cada uma Ou, .iãn.iu'' Por,sua e-demonstrações matemáticos' os únicosque
u",'o,p,opl.iosramosdecadaciênciasubdi-sãoindubitáveis.Platãoe,Descartesenfati.
"id;-
; ern disciplinas cada vez mais espe- zararn o caráter puramente intelectual e c
cíficas, à medida qu. ,.u, oü1"* conciuzàm prìori das ciências matemáticas.
u p"rquiro, cadá uez,nai, d"tulhudus e Avalorizaçãodamatein-áticadecorrededois
"ri".ürir"o^
. ?Lspectos que a caracterizam:
1' a idealidade pura de seus objetos' que nào
A CiênCia eXemplaf: a matemátiCa se confundem com as coisas percebidas- sub-
jetivamenie por nós; os objetos matemáticos
A maternática nasce de necessidades práti- são universais e necessários;
cas: coniar coisas e mcdir tenenos' Os primei-
1.o* u si,t"*utizar modos de contar foram os 2. a precisão e o-rigor dos princípios e demons.
orierìtais e, particularmente, os lènícios, p0v9 trações matemáticos, que seguem regras unl-
ãJ;à.t;il;;ão"nuoru"u o*u.ontubiii' versais e necessárias, de tal modo q:-i
t:
dade' que posteriormente iria transÍbmar-se monstração de um teofema seja a mesma em
emaritmética.os'prüneirosasistematizarqualquer.épocaelugareasolpçãode'umpro.
modosdemedirforamosegípcios,quepreci-blemase.façapelosmesmosprocedimentos
savarn, após cacta cheia do rã i'iilo, redjstribuir em toda a época e lugar'
as terras, medindo os terrenos, Criararn a agri-
mensura, tle onde viria a geometria. A universalidade e a necessidade dos obje-
Foram os gregos que rransfomaÍam a arte tÚs e instrumentos teóricos matemálicos de-
de contar e de medir em ciências: a aritmética ram à ciência matemática um val0r de conhe-
;;;;*.t; são as duas primeiras ciências cimenro excepcional, fazendo com que se tor-
matemáticas,clefinindoo.u^pomatenáticonasseomodeloprincipaldetodososconhe-
como ciência da quantidade t ào t'poço, t"n- citnentos científicos' no ocidente; entìm' a
do por objetos uúmeros, figuras, reiáções e ciência exemplar e perfeita'
proporções.Apósosgregos'foranrospensa.osobjetosrnatemátic<lssãonúmerosere-
dores fuabes que deram o lápor* à màtemá- lações, figuras, volutnes e propnrções' Quan-
tica, descobrinclo, entre outras coisas, o zero' triade' espaço' relações e proporçÕes definem
desconhecido dos antigos. o campo da investigação matemática' cujos
Embora,noinício,asnratemáticasestives-instlumentossãoaxiomas'postulados,defi-
sem muito próximas oa expericncia lensorial nições, demonstrações e operações. objetos e
_ e5 111i111s1s5 referiam-seïs coisas contadas procedimentos matemáticos foram ,t*"1:^t:
easfigurasrepfesentavamobjetosexisterrtespelaprimeiravez,pelogregoEuclides,numa
-,
poí.o u pou.o afastararn'se do sensorial' obra chamada Elenrenlos'
. .
*r.f;;;;; "
atividade pura do pensamento' Um axioma é um princípio cuja verdade é
por esse morivo, piutfo *"igiu que a for- indubitável, necessiíria e evidente por
:T::-
mação filosófica fosse feita atiavéi das ma- ma, não precisando de demonstração e servln-
temáticas, por serem el". p"**""" intelec- do de fundamento às demonstraç-ões' Por
2üü
?s1
-
L, N l Dr: i:i f: AS CiË hlcu5
exerr:pi,;" r; i*Co é rnaior do que as pfiÌ ií.Ì*,
'ïuasgrandezas igirais a uma te'ceira são iguais en-
tre si; a menor distância entre dCIis pantos é
umâ reta. O axioma é urn prir:cípir: regulador
do raciocínio matemático fl, por ser universal
e evideirte, é a priori.
{Jrn postutrado é um princípio cuja evidên_
cia ilepcncle de ser aceito por torlos os que
realizam unla demonstração nratemática. É
uma proposição necessária para o encaclea-
rnento de demonstrações, enrbora ela uresma
não possa ser clemonstrada, nìrìs aceita romo
verdadeira. Por exe mplo: "por Llrìr pouto tr:-
mado em um plano, não se pode traçar senão
uma paralela a ulnff reta clada ïïessfi plano',.
os post*lados são convenções básicas, acei*
tas por todas os maternáricos.
{Jrna definição poele ser nofi}inal ou real.,A
,"Í1,Ë4nição nominal nos dá o *orne do otrjeto
t@mático, dizendo o quo ele ó. E nrumxíti-
qiãr" pois c predicado é a explicitaçac do su-
jeito" Por exemplo: o triângulo é umâ figura
çÌe três lados; o círc*ïo é uma fìgura cujos
pontos são eqüidistantes do cnntro. I-rma cle-
Íìnição real nos cliz o que é o objeto designa-
do pelo nofile, isto é, oferece a gômese ou o
modo de construção clo objeto. por e,xemplo:
o triângulo é uma figura cujos ângulos so-
rnados são iguais à soma de dois ângulos r-e-
tr:s; o círculo é uma figura formacla pelo
ïïlovirnento de rotação de um senri-eixo à
r,'nlta cle um centro fixo.
Demonstrações e operações são procecli_
rnentos submeticlos a urn conjunto cie regras
que garantem a verdade e a necessidade do
Quç está sendo demonstrado, ou do resultatlo
do cálculo realizado.
A maternática é, por excelência, a ciência
hipotótico-dedutiva. porque suas demonstra-
ções e cálculos se apóiam sobre um sisterna
de axioï'as e postulados, a partir dos quais se
constrói a dedr"rção coerente ou o resultaclo
necessário do cálculo.
[Jm tema muito disc*tido na Filosofia das
ciências refere-se à natu reza cos objetos e
princípios matemáticos.
São eles riínii ab:,i;'ação e uma purilìcaçãç
dos clados de nossa experiência sensível? ürj-
ginanr-se da percepção? Ou são realiclarles
ideais, alcançadas excÍr-rsivarnente pelas ope_
rações do pensainento puro? são inteirarnente
a priori? trxistem erìt si e.por si mesmos, cÍe
tal *rodo que nossCI pensâmento silnplesmen-
te os descobre? flu são construções perteitas
cCInseguicias pelo pensamento humano? Es_
sas perguntas tornaraüï-se necessárias p(}r
vários motivos.
Em prinreil o ìugar" llorq ue uma corrente
filosótìca, iniciada corn pitágoras e platão,
manticla por Calileu, Descartes. ir{er,vton e
Leibniz, afìrma que o mnnrio é em si mes_
mo nlatemático, isto é, a estrutura da reali-
dacle é de tipo rnatemático. Essa co*cepção
gararrtiu o surgimento cla.física maternática
moderna.
Ern s*gunclo lugar, porque o clesenvolvi_
mento da rílg*bra cantemporânea e clas cha-
rnadas geornetrias não euclicíeanas (ou geo_
nretrias imaginárias) deram à matemática
uma liberdacÍe de c'iação teórica sem prece-
dentes, justamente por haver abandonado a
idéia de que a e strutura cla realidade é rnate-
miítica. Nesse segunrJo caso, como já dizia
Kant, a rnatem á,tica é uma pura invenção clo
espír'ito humano, Lrrna construção irnaginária
rigorosa e perfeita, mas sem objetos corïes-
pondentes no muudo.
Em terceil'o lugar, porque, em nosso sécu*
lo, o áìva'ço da criação e cla construção rnate-
máticas foi decisivo para o surgimento cla teo-
ria da relatividacle, na física, cla teoria das va'
Iências, na quírnica, e da teoria sobre o ácicÍo
desoxirribonucléico, na biologia. Em outras
palavras, quanto mais avançou a invenção e a
criação matemática, tanto mais ela tornou-se
útil para as ciências da hlat'rez a, fãzendo com
QUe, agora, tenhamos que indagar: Os objetcls
matemáticos existem realrnente (corno queri-
am Flatão, Galileu e Descartes), formando a
estrutura do mundo, ou esta é tima pura cons-
trução teririca e por isso pode valer-se da cons-
trução rnaternática?
ffi mmnmpm dms fr[&firffifrffis dffi ffim{ssrffiãffi
As ciônçias da Natu riz'à estudatn cluas or-
dens de fenômenos: os Íísicos e os vitais, ou
as coisas e os organismos vivos. Constitllenl,
assirn, duas grandes ciências: a física, cle que
fazem pal"te a química, a mecânica, a óptica, a
acústica, a âstronotnia, o estudo clos sólidos,
líquidos e gasosos, etc., € â biologia, ramifi-
cada ern ïisiologia, botânica, zoclogia, paleon-
tologia, anatomia, genética, etc.
Hm qualquer das trôs concepções de ciêrl-
cia que virnos no capífulo anterior, considera*
s* que as ciôncias da Naïureza:
o estuclam fartos observáveis que poclerxÌ ser sub-
metidos aos procedimentos de experimentação;
CI estabelecem leis que exprirnetn relações ne-
cessárias e universais entre os faios investi-
gados e que são de tipo causal;
6 concebern a Natureza como um conjunto ar-
ticulado de seres e acontecimentos interdepen-
clentes, ligados ou por relaçõe s necessárias de
c;ìusa e efeito, subordinação e dependôncia,
ou por relações entre funções invariáveis e
ações variáveis;
o buscarn constâncias, reguiaridacles, freqüên-
cias e invariantes dos fenômenos, isto ó, seus
modos de funcionamento e cle relacionanlen*
to, bem como estabelecem os mcios teóricos
para a previsão cle novos fatos.
neícle Aristóteles, as ciências cla lrJatureza
cïesenvolveram-se graças ao papel conferido
ìrs observações e, mais tarde, à observação
controlada, isto é, à experimentação (* labo-
ratório coïn seus instrutnentos tecnológicos de
precisãa e meriir{a}. A experimentação é a dr-
cisão do çientista de intervir no curso de r-lm
fenôrneno, rnodificanclo as condições de scu
aparecimento e desenvolvimento, a fim de en-
contrar invariantes e constantcs que clefineill
o cbjeto camo tal.
A experimentação permite as cientista for-
mular hipóteses sobre o fenômeno. urna hipó-
tese é uma conjectura racional f'eita após um
grande nútnero cle observaçõcs e cxperirnen-
tos; é Lrfiìa tese que precisa ser confirmetda ou
verificada por meio de novas observações e
e xperimentos. A intervenção científ ica sobre os
funôlnerlos se torna çada vez mais açura,Jâ, gfíl-
ças à invenção dos objetos tecnológiccs de pes-
quisa (balanças, termômetros, fertnostatos, ba-
rômetros, aparelhos para proeluzir vár:uo, mi-
croscópios e telescópios, cronômetros, tubos e
curvetas, cârnaras escuras ou ilurniriadas com
raios especiais, cümputaclores, ete.)"
O rnétodo experitnental é hipotético-induti-
vo e h ipatétiç o - $e du f i vo. Ë{ipofdfËc'o-ixnd g*iv* :
o cientista observa inúrneros fatos variando as
condições da observaÇão; elabora urna hipóte-
se e realiza novos experirnentos ol"t irtduções
parâ confirmâr ou negal a hipótese; se esfa for
ccnfinnada, chega-se à lei do fenômeno estu-
clad.o. Ffipot-ófico-dedntivo: tendo chegado à
lei, o cientista pode formular novas hipóteses,
clecluzidas do conhecirnento já adquirido, e com
elas prever novos fatos, ou fonnular novas ex-
periências, qrie o levam a cotthecitnentos no-
vos. A lei científica obtida por via iridutiva au
dedutiva permite descrever, interpretar e com-
preencler um campo cle fenônìenos selnelhart-
tes e prever nüvos, a partir clos priine iros.
A previsão é tìrnáì das maneiras pelas quais
o icleal moderno da ciência
-
dominar e con*
trolar a Natur ez,a
-
se manifesta e Se realiza.
Uma teoria çientífica permite construir obje-
tos tecnológicos para novas pesquisas e a pre-
visão ou previsibilidade dos fenômenüs per-
mite empregar as tecnologias com fins práti-
cos, criando a ciência natural aplicada.
Os objetos técnicos que usamos em nossa
vida cotidiana --_ ônibus, automóvel, avião'
cnpírulo 3 - .r
2ü2 2S3

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A ciência na história

  • 1. UNID,A.DE 7 ,.Õ-:ì. I:IüNC[Â5 & mË#wxmüm Ãs Ër#s pnilracãpmüs tr#srffiffigxç#ms dm *l#n.cmËm F{istoricanrente. três tênl siclo as ;:rincipais tìüncepções de ciência cu rje irJeais cle cienti- {'icictacie: o racior:alista, cujo ruocielo de ctrje - tii'idade é a rnetemática; o enlpirista. ctrue torua o nlodeìo rÍe *l-*jr:tir,iclacie cia nreciicina grrgíÌ c eJa lristória tìiìturíìl do sóculo XVii: e o corÌs- trntivista,, cuio lnocleio de objetiviclade aclvdm rJa rrJóiii rie razão coino çonhecinr*ntr; aproxi- rnativ cl. f n oonçepçao r1c-igglij.sg -_ qtre se_ estencle cfffiptrffir5$=#fëËTïnãl do #çuio XVïf - afir- rne {ïïÌe a ciência é Hm conhecirnento racional r"lseiutivo e dernonstrativo colno a maternáti- câ, poïtaRto, capâa. de pn:v sr a ve,rrlade ne- cessária e universal de seus enuuciatlr.ls e re- sultacios, seïïl deirar qualquer clúvida possí- vel. uma ciência é a r"uridacle sisternática de ax"iomas, postulados e clefinições, que deter- minam a natureza e as propriedades de sell oÏ:jeto, e de demonstrações, qlre provaïïì âs re* lações de c-lusalidacle que re gent o objeto in- v'estigado. p O objetd científico é uma representação in- teiectual uníversal, necessária e vertladeira das coisas representadas e corresponde à própria realidade, porque esta é rarcionatr e infeligível enr si nlesrna. As experiências científlcas são r*alizacias'âpenas pariì verificar e confirmar as demonstraçõcs teóricas e não para proclu- zir o conhecimento do objeto, pois este é co- rilrecido exclusivamente pelo pensarïento. O aLr.jeto científico é matemático, pür{ìue a rea- lidade possui urna estrutura nratenlírtica, ou Çorïio riisse Gaiiieu, "o grande iivro da Natu- rcza está escritc em câfacteres matemáticos". 5ç"'::qEtr*:nr-i{g- que 'ai cia medi- cina grega e .,il:,'ir.;{r;irs até o final clo sir:l.riri XïX _.* af inna qìie a ciância é uma inferpreta- ção dos f,atos bascacia e m cbse rvaçõ*s e expe- rinrenfos rlue pcrnlifcnr cstabelecer induções c que. ao serefir comï]treti:rdirs, oferecern a cle- finição clo cbjeto, sufis propriedades e suas leis cte Íunr:ianamento. A teoria eientífica resulta cias observações c dos experirnentos. cle nrorÌo quc a experiência não teni simplesrnente o pa- pel cle r,'erificar e confinïar conceitils, iï[Ìs teill a f'unção de produzi-los. Eis por que, ne sta con- cepção, senlprf, houve grande cuitlado para estabelecer métoclos experirlentals rigorosos, pois deies depencÌia a {orr:rrl}ação da teoria e a definição cla ob.jetividade investj gada. [:ssas duas concepções iie cicntificiclade possuíanl o nresnlo pressrìposto, en'lbora o re* alizassem clc man*ir;rs diferente s. Arnbas coïl* sid*ravam (IÌ"Ìe a tearia cientíÍica, eïa ïImËì ex* plicação e urïÌâ representação vercladeirir da própria realidaile, tel coffÌo esta é ern si mcs- ma. A ciência era Llïïla espócie de raio X cïa realidade. A corÌcepçãEr racionalista era hlpro- tótico-tdeqlutiva, istc é, definia o objeto e snas leis e clisso clecluzia propriedades, efeitos pos- teriores, previsões. A cone-epção empirista era hipotético-imdutivtr, isto ó, Íìpreserltava supo- sições sobre o otÍ_eto, realizava observações e experimentos e cheg;rva à definição dos fa- ios, às suas leis, sLlâs propriedacies" seLìs efei- tos posteriores e a previsões. A1otT*pMÊte iniciacla ern :.ff noSso século - considera a ciência ulna cons- trução cJe moclelos explicartivos para a re aii- dacle e não umiÌ representação da própria rea- lidade. O cientista cornbina dois procedinlen- tos *_ uffi, '*'indo do racionaiismo, e outro, vindo c1o empirismo --- e a eles acrescenta um terceiro, vindo cla icléia de conheçimento apio- .ximativo e corrigível. Como o racionalista, o cientista construti- vista exige que o mótodo lhe perrnita e lhe ga- ranta estabelecer axiomas" postulados, defi* nições e deduções sobre o objeto científico. Como o empirìsta, o construtivista exige que a experimentação guie e modifique axiomas. ?sã 253 posfuliir.ii;:', iÌi:finições e clemoilrìLl'*,1Õi::.. No entanto, pcrque cortsidera o otljcto unìíì co]ìs- trução Ìógico-inteleciual e unìa coiistrução experilnental feita etn laboratório, o cientista não espera Eue sett trabaiho apr"flstlnte a re ali- dacle em si mesma, ïllas ofe reça esft"utt-ti'as c rnorlelos de fttncionamento rJa realidade' ex- plicando os Íenôlnenos cbservados. Ïn{ão es- p*ra, portanto, âpresentilr uma verdacle abso- truta e sim uffia verclacie ilproxilnacla que pocle srï corrigicla, modific;tda, abanclottacla por outra mais adequacla aos fenôrneilüs. São três as exigências de seu ideal de cientitìcidacle : l. qr-re haja coerência (isto é, {"lue não haja coutraclições) entre os pri ncípios que orien- tam a teoria; 2. que os rnodelos dos objetos (ou estri-tturas dos fenôrnenos) sejarn construídos com base na observação e na experirulentação; 3. que os rflsultaclas obtidos. pCIs$âr11 nã* só alterar os modelos construídos, mas ttmlrém alterar os próprios princípios da teoria, üor* rigindo-a. ffifr{ermnçffi$ erïtrffi ffi ffii&nleifl flmtigm ffi ffi ffirffidffirsrffi Quanclo aprcsentamos os icieais de cientifi- cidade, dissemos que tanto o ideal racionalis- ta quanto o elnpirista se iniciaram çotll os gre- gos. ïsso, porém, não significa que a concep- ção antiga e a moderna (sécuio XVIï) de ciên- cia sejam idênticas. Tomemos um exemplo que nos ajucle a per- ceber algumas clas rJiferenças entre antigos e Hrodernos. Aristóteles escreveu unÌa Fí,sica. O ob.ieto fïsico:ou natural, dtz Aristóteles, pt-rssrri duas características principais: em primeiro lugar, existe Ê opera independenternente cla presen- ç4, da vontade e rJa ação humanas; em seguÍï- Ü,API'ïULÜ 2 -  do lugar, é Ll;,. .,-'i i ïïì rÌÌCIvinrr:iitt. isto *. '.r:ïi devir, sofreniJo aliL"raçoes qualiLlltir,iis, qlian- titativns e lacais; ïlÍisce, vive e ínorre ou desa- piìrcce. A F{sir.a esttrcla, porïento. ris sL-res net- turais sulrnreticlos iì muclança. O mundo. sscreve Aristóteies, clivirJe-se eïn cÌuas qrancje s regiõcs natut'ais, ci-tjit cli{crença é dada pelo tipc de sulrstância. cle nratériir e ctre foi:nla drrs seres de cacla uffia delas. A re- gião celeste, fonttada de Sets Cérts ou Sete Ësferas oncle estão os astros, ttit-tt colï"lo suhs- tância o róter. matéria slrtil e diáfal:a, forma runiversai r{ue não sofre mttdanciis tlualitir''as nf,ïïì quantitativats. mas apen;ìs a n:udança oil moviruento locai. realizancJo eternaiïente ü rnais pcrf,eito clos niol'ilncrÌtos. tl circrilar. A segunda região e a sr-rblunar ou terre$tre, nos- so ïTrurÌdo. cünstituícla por quiìtro substâncias ou elementos *_- terra, água, ar e fogo -' de cujas cornbitrações surgem tocl*s os seres. 5ão substâncias f*rtemente. materiais e, p*rtantc (crlrno vimos no estudo da rnetafísica aristo- t6lica), fcrtemente potenciais ou virtuais, tra:nsformando-se seÍn cessaï. A região sublunar é o rnundo das mudanças de forma, ou da passagem contínua de uma forma a ou- lra, para atr,rali z.at a qÌ,le está em potência na matéria Os seres físicos não se Ínovem cta mesnìa maneira {nãr: se transformatn nenl se deslo- cam da mesnla Inaneira). Seus movimentos e mudanças elependem da qualidade de sttas ma- térias e da quantidade ern que cada um dos quatro elementos materiais existe çombinado cont os outros nunl ccrpo. Deixemos de laclo todas as ruocl;rlidacies de movintentos estudadas por Aristóteles e exa- m.inemos apünas tlma: o ï'novimento local. Os corpos, rJiz o filósoto, plocuram atuahzar suas potências materiais, atualizattdo-se em formas diferentes" Cacla modalidade de matdria reali- za sua forma perfeita cle maneira diferente das ouiras. No caso do lnovimento trocal, a nlatéria de- fipe lugares naturais, isto é, locais onde ela se atualí"za ou se realiza melhor do que ern
  • 2. OtltïOS. AsSirìtr, ,.i;: ürri"p0S pesAdos (nOs Qr_ì.ir., predomina o elenrento terra) têm coino Ìugar naturai ü centro cla Terra e por isso a rnovi- íÌlento local natural dos pesados é a queda. Os corpos levrs {nos quais preriomina o ele- ÌneÍlto Íogo) tcrn como lugar rìatural o céu e por isso sen movinrento trocal naiural é subir. Os corpos não inteiramente leve s {nos quais predomina o elernento ar) buscanì seu lugar naturaL no espaço rare fei[o e por isso seu movimento local natulai é flutuar. Enfim, os rorpos não totalmente pesados { nos quais pre- cïomina o elemento ágria) buscam seu h-igar natural no líquido e por isso seu rnovimento local natural é boiar nas águas. AIém dos rnovimenfos naturais, os corllos podem ser submetidos a movinlentos violen- tos, isto é, àqueles que contradizem sua natu- rcza e os impedem de alcançar seu lugar natu- ral" Por exernplo, quando o arqueiro lança urna fïn:cha, imprime nela unì movimento violen- i,r, pois força-a a permanecer no ar, enrbora s*u lugar natural seja a terra e seu rnovimento natural seja a queda. Este pequeno resurno da Física aristotélica nos mostra algumas características marcantes da ciência antiga: * é uma ciência baseada nas qualidades per- çebidas nos corpos (leve, pesado, líquido, só- Ìido. etc.); w é uma ciência baseada ern distinções quali- tativas do espaço (alto, baixo, longe, perto, ce* leste, sublunar); * é uma ciência baseada na rnetaïísica ila iden- tidade e da rnudança (perfeição irnóvel, im- perfeição mór'el); ç é uma ciência que estabelece leis cliferentes para os corpos segundo sua matéria e sua for- flìa, ou segundo sua substância; o cümo conseqüência das características ante- riores. é uma ciência que concebe a rearidade r;afural como um rnuriiiu l;i*rárquico no qual os serss possuern um lugar natural de acordo com sua perfeição, hierarquizanclo-se em graus que r'ão dos inferiores aos superiores. QLrando compilarnos a física de Aristóteles çoin a morlerna, isto é, a que foi elaborada por Gaiiieu e lr{ewton, podemos notar as grandes diferenças: c pârâ a física moderna, o espaço é aquele de- finido pela geornetria, portanto, homogêneo, senÌ distinções qualitativas entre alto, baixo, fiente, a[rás, lcnge, perto. É um espaço oncle toclos os pontos são reversíveis ou equivalen- teso de modo que não há, "lugares naturais" qualitativamente diferenciados ; o os objetos físicos investigados pelo cienfista começam por ser purifïcados de todas as quali- dades sensoriais _* coq tamanho, odor, peso, matéria, forma, Iíquido, sóliclo, leve, grancle, pequeno, etc. --, isto é, de todas as qualiclades sensíveis, porque estas são meramente subjeti- vas. O objeto é definido por propriedades ob- jetivas gerais, válidas para toclos os seres físi- cos : mas sa, v ol u me, fìg ura. "ilorna- se irrelevante o tipo de matéria, de forma ou cle substância de um corpo, pois todos se compoffarn fïsicamen- te da mesma maneira. Torna-se inútil a distin- ção entre unl rnundo celeste e LlÍn munclo sublunar, pois astros e corpos temestres r:bede- cern às mesrnas leis universais da física; c a física estuda o lnovimento não corno alte- ração qualitativa e quantitativa dos corpos, mas coïÌìo cleslocamento espacial que altera a massa, o volume e a velocidacle dos corpos. O movimento e o rspouso são as propriedades físicas objetivas de toclos os corpos da lntratu- tez"a e {odos eles obedeçem às mesmas leis .- aquelas que Galileu formulou com base no princípio da inércia (um corpo se mantém em movimento indefinidamente, a menos que en- contre um outro que the faça obstácuto bu que o desvie de seu trajeto); e aquelas formuladas par Nelvtrli;, i-:r.]f ii J:ase no princípio tÌt.rr, :'ì',q.iìi bu gtuuitação (a toda ação colTesponcÍe utnit reação que lhe é igual e contrária). Não há di- fercnça cntre movimenl"o natural e tnovimen- to violento, pois todo e qualquer nlovimento abedece às mesmas leis; .È e a Natu reza é urn complcxo de corpos form;r- dos por proporções diferentes de movimento e de repouso, articulaclos por relações de causa e eÍeitc, sem finali<Jacle, pois a idéia cle finalida- de só existe para os seres hurnanos dotados de razão e vontade. Os corpos não se lÌÌoveln, pot'- tanto, enr busca de perfeição, nlas porque Íì call- sa eÍ'iciente do movimento os faz movereir-se. A física é uma mecânica utriversal. A tísica ria Natu reza se torna geornétrica" experimental, quantitativa, causal ou tnecâ- nica (relações entre a causa eficiente e seus efeitos) e suas leis têrn valor universal, inde- pendentemente das qualidades sensíveis das coisas. Terra, mar e ar obedecem às Íneslnas Ieis naturais. A Natu reza é a me sma em toda parte e para todos os seres, não existindo hie- rarquias ou graus de imperfeição-perfeição, i nferiori dacle- s up eriori dade. Há,, ainda, uma outra diferença profunda entre a ciência amtiga e a rnoderïa. A prirneira era uïna ciência teorótica, isto é, apenas con- templava os seres naturais, sem jamais irna- Dois ciclista$ em ação. Para a física rnodernã, um csmplexo sistema de forças atuantes, clue resultam no movimento. ginar intervir nei,--,'. :.:ii sç;hl e eles. A tÓcnlca cra unì saber eïnpíricr;,, tigaiÍo a práticas ne- ce ssárias à vida e nada tinha a oferecer à ciên- cia nem a receber clela. Ìr{uma sociedade escráìvista, que deixava tarefas, trabaihos e serviços aos escravos, a técnica era vista çol11o uma f,orma ÍÌtenor de conhecitrtento. f)uas afirnraçÕes rnostrarn a difet'ença dos nrodernos ern relação aos antigos: a afirma- ç'ão eÍo f"ilósofo inglês Francis Bacoit" para qucnl "saber é poder", c â afirnração cie Dcs- cartes, para quenì "a ciência cle vc tornar-nos senhores cla h{atureza". A ciência nroderlla rìasce viucuiacla ir idéia de intcrvir tta Nature- za, de conhecê-la para apropriar*se dela, para controiá-la e clominá-tra. A ciência não é ape- rlâs conternplação da verdade, nlas é sobretu- do o exercício clo poderio hutnano sobre a Natureza. Ì{uma sociedade erïì que o capita- lismo está surgindo o, parâ acumular o capi- tal, deve arnpliar a capacidacle do trabalho hu- mano para modificar e explorar a NatutÕz&, a nova ciência será inseparável da técnica. Na verdade, é rnais correto falar em tecnologia do que em técnica. De fato, a téc- nica é um conhecimento empírico, que, gra- ças à observação, elabora um conjuttto de re- ceitas e práticas para agir sotrre as coisas- A teçnologia, poróm, é um saber teórico que se aplica praticamente. Por exemplo, um relógio cle sol é um objeto tócnico que serve para tnarcar lroras seguinclo o movimento sotrar no cóu. Urn cronômetro, porém, é trm objeto tecnológico: por um lado, slla construção pressupõe contrecitnentos teó- ricos sobre as leis do movimento {as leis do pêndulo) e, por outro lado, seu uso altera a percepçao enìpírica c comum clos objctos- pois serve para medir aquilo que nossa percepção não consegue perceber. uma lente de aurnen- to é um objeto técnico, mas o telescópio e o microscópic são objetos tecnológicos, pois sua construção pressupõe o conhecimento clas leis científicas definidas pela óptica" Em outras palavras, um objeto é tecnológicc quando sua construção pressupÕe um saber científicç e r',i;ltl t'rl": . ':il.:..:l,,'.i .,,;ri"rl 'r',1ri . iii:,; ,'1..'; l- T IJ F a tll 3 z. {o cÉ () ã zuJ ( ì 254 ?55
  • 3. quafido sflr-r u:i; iilter{f;re nos resLlliaiiis riiis pesquisas cieniíficas" A ciência lii*derna toi"- rÏou-se inscperár'eì cJa tecnologia. &s mâãdmarçffi $ # terutí$Ëffi ffis Virnos ató aqui rh.ras -erafides muclançrÌs Íìa ciência. A prinre ira delas se refere à passíìge ili rto r;rciclnalisiìlo e e rnpìrismo ao Çorlstrutivis- Ìïiü. isto é, cle r,rm irJeal de ciurtiliciçlade base- ad* na idéia cle que a ciênciil é unra reprflscll- i;rção da realiciaiie tal comçr eia é em si nles- ïïïa. a um ideal de cientifìçiCartre baseado na ictdia de que o nbjeto científico ó um naclelo construíclo e não uma r"epresentação cJo real. ìjrïla airroximação sobre o nroclo cle fiinciona- nrento cla realidade, ïnasi não o conhccimento absolmto dela. A segunda muclança refere*se à píì$sftgem da ciência antiga *- tenrétiça, qua- litativa - à ciência nloderïlâ -' tecnoìó,{ica, quilnfitativa. Por que hauve tais mudanças no flerìsarnentr-r c lentífi co? IJurante certo tempo, jirtgou-se que a ciôn- cia {corno a sociedade) evoïui e progride. Evo- lução e progresso são duas icÍóias niuito re- centes --,clatarn dos séculos XVItrI e XtrX **-, nìas rnuito aceitas pelas pessoas. Basta ver o lema da bandeira brasileira pÍira perceber conio âs pessüas acham natriral falar em 'oor- clenr e Prcglesso". As noções cie evoh-rção e de progresso par- tem da suposição de qrie o ternpo d unur linha reta contínua e homogônea (como a imagem clo do, que virnos ao estudar a metrilïsica). O ternpo seria urna sucessão conïínua de irrstan- tes, nìonleiltos, Íascs, períodos. épocas. que iri- am se sonl'anclo uÍìs aos outros, acLltrnulanclo-se cle tal moclo que o que acontece depois é o re- sultado rnelhorado do clue aconteceu antes, Contínuo e cuïïlulativo, o tempo seria um aper- feiçoamento r"le todos os serds (naturais e hu- manos). Evolução e progresso sãc a crença na superi- oridade do presente em relação ao passado e clo futuro em relação ao prc$ente. Assim, os eu- ropoi;s civilizadcs s*iitiitì superiores aos airr- canos e aos índios, r'r fïsica galilaico-nstt'toniana seria supericr à nristoídlica, a física quântica seria superior à de Üalileu e de hlewton. Hvoluir significa: torn;tr-se superior e Ine Ìhç:r do que se flra antes. Progredir significa: ir num ruino cada vez ïïIelhbr na direção ci* urïÌâ finaliclade superior. Evolução e prügresso tambérn supõe m o ternpo como Ltmiì sórie Jinear de tntlmentos Ìi- gaclos por relações cle causa e efeito" eïtì que o passado ó causa e o presente, efeito, vindo a tornar-se cailsíÌ do futuro. Vemos essa idéia aparecer quando, por exetnplo. os manuais cle I{istória apresentam as "influências" tlue um acontecinrento anterior teria ticlo sotlre LlïÌl rllrtr"o, posterior. Evoluir e plr:gredir pressupõern LrÍna colt- cepção de F{isrória sernelhante à qiie a biolo- gia apr"esenta quanrJo fala em germe, setnente ou larva" O gernle, a seffìente au a larva são entes que contêrn ncles mesmos turÍo o title Ihes aconfecerá, isto é, o futirro já está conti- clo no pontr: inicial cle um ser, cuja hristória ou cujo tempo nada rnais é do que o desdobrar ou o clesenvoiver pleno daquilo que ele já era potencialmente. I Essa idéia encontra-se presente, por exelïl- plo, na distinç'ão entre países desenvolvidos e sulrclesenvolviclos. Quanclo digo que um país é ou está clesenvolviclo, digcl que sei que ail- cançou a finaiidade à qual estava destinado desrÌe que surgiu. Quando digo que uill país é ou está subdesenvolvido, estou dizendo que a finalidade -*- que é a rÌlesma para ele e para o- desenvolvicio _- ainda não foi, mas dever"á ser alcançacla em algurn monleïlto do tempo" l{ão por acaso, as expressões desenvolvido e sub- desenvolviclo forarn usadas para substituir duas outras, tidas como ofeltsivas e agressi- vas: países adiantaclos e países atrasados, isto é, países evoluídos e não evoluídos, países Çorn prCIgresso e seïïÌ progressü. Em resumo, evolução e progresso presst:- pÕem: continuidacle temporai, acurnulação causal dos aconteçimentos, superioriCacle do futuro e clo pr'*s*nte com relaçãc âü íiiiss;itio, existência de ulna Íìnaliriade a ser alcançaria. Supunha-se que as mudanças científ icas itr- dicavam evclução ou prügresso das canheci- rnentos hutnatros. r ffimsm#nrüilrtdn ffi ffiwffi t rxç&m # ffi prffiffirffissm mfrsr$Ëífffr#ffiffi A Fiiasofia das Ciôncias, estudando as nìLr- rtranças científÌcas, impôs um desmentido às i- déias cle evolução e progresso. Isso não quer dizer qlte a Filosofïa das ciôncias viesse a falar ern atraso e regressão científica, pr:is essas duas noções são idônticas às de evolução e progres- so, epenas coïtt o sinal trccado {em vee de ca- minhar causal e contitìuaffiflnte para frçnte, ca- minhar-s*-ia causal e continuanteltte pam tr{); O que a Fiiosofia das Ciências compreencteu fai qunÀ ur elab*raÇões científiciïs e üs iileais cle ci- entificirJade são elifersmÈss e des*omtimmos. Quando, por exernplo, compararnos a geo- metria clássiça ou geornetia euclideana (que opera com o espaço plano) e a geometria con- temporânea ou topológica (que opera com o espaço tridimensional), vemos que não se tra- ta de duas etapas ou cle duas fases sucessivas cla mesma ciôncia georlrótrica, e sint de duas geometrias cliferentes, cottt pr-incípios, concei* [os, objetos, detnoqstrações cornpletamente diferentes. Ìr{ão houve evolução e progresso rJe uma para outra, pois são duas geülïtetrias cliversas e não geometrias sucessivas. Quando cotnparamos as fisicas de Aristóte- les, Galileu-I{ewton e Einstein, não estamos diante de uma lrestxa física, que teria evoluí- do ou furogredido, mas diante de trôs Íïsicas cliferentes, baseadas em princípios, conceitos, demonstraçÕes, experimentações e tecnologias completamente diferentes. Em cada uma de- ias, a ìAeia de i{atuteza é diferente; ern cada urna cielas os métodos empregadas são dife- rentes; eín cada uína delas o qï]e se deseja co- nhecer é diferente. Quando L'üÌ-r-lríi{ii iri iii-is a biologia genéttíiâ r-it- Mcndei e a genótica folmulacla por lrioquí- rnica (baseadâ na descoberta de enziinas, dc proteínas da ADN ou código genético), tanl- bóm não encontrarnos evolução e progresso, máìs dif'erença e clescontinuidacle' Assim, por exemplo, o rnodelo explicativo que orienta- va o trabalho de Mendel era o da relação se - xual colrlo um encontro entre duas entidades diferentes -- o esperma e o óvulo -, enquan- tc o raacleio cluo orienta a genética coutem- porâne a é, a cla cibernética e da teor"ia cJa in- fonn aç ã4. Quanclo comparamos a ciência da lingua- geïn do século XIX (que *ra baseada nos es- tudos c1e fitologia, isto é, ncs estudos da ori- genl e da história das palavras) coÍn a lingüís- tica çcntelnporânea (que, comü vinros no ca* pítulo eledicado à ling$agetn, estuda estrutu ras), vernüs duas ciências diferenfes. E o tnes- mo pode sflr dito de torÍas as ciências. rerificatl-ss, portanto, ulïlâ dss*onfinnida- rie e uma diferença tenlporal entre as teorias çientíficas çonlo cotlseqí-iência não de uma for- ma mais evoit-tída, tnais progressiva ou me- lhor cle fazer ciência, e sim Çoíno resultado de tlïferentes riraneiras de conhecer e çonstruir os *bjetos científicos, eie elaborar qs métodos e inventar teçnologias. O filósofo GasÍan Bachelarcl ciou a expressão ruptura episte- motógica* para explicar f,ssa descontinuida- de no conhecimento científico" ffi rx p{ru rffi $ mp fr sfrmfrïr& ilmW fr çmm # rffiwffi lwç&*m mfr wsaff6fËsmm ïJrn cientista ou um grupo de cientistas co- meçam a estudar uln tenôtrleno empregando te- *Leml:reÍnos que a palavra epistemalogia é' conrposta de clnis termos gregos : episteme, que significa ciência, e Jagirr' vinda de logos, significandc conhecimento. Epistemoicgia é o canhecimento filosófico sobre as ciênçias' ) 25fi ?$7
  • 4. orias, rnétcclos e iecnulogias disponír'eis etn seu cantpo de trabalho. Pouco a pouco, clescobrern r-lue os conceitos, os procedimentos, os instru- inentos existentes não explicarÌ o que estão cbservando nent levam aos resultados que es- tão buscando. Encontranr, diz Bachelard. unr "ohstáculo epistemclógico". Para slrpera' o obstáculo epister'ológico" o cientista ou grupo de cientistas precisain ter a coragem cle dizer: Não. Precisam clizer não à teoria existente e aos rnétocÌos e tecnologias existentes, realizanclo a ruptura episterlológi- ca. Esta coirduz à eÌaboração de *ovas teori- ;ìs, novos mótodos e tecncllogias, que afetam tocio o campo de conhecimentos existentes. Uma nova concepção científica emerge, le- vando tanto a incorporar nela os c.onhecimen- tos anteriores, quanto a afastá-los inteiramen- ïe. O filósofo da ciência Khun clesigna esses tnornentos de ruptura epistemológica e de cri- ação de novas teorias com a expressão revo- lnção científica. conlo, por exemplo, a re,o- lução copernicanÍÌ, que substituiu a explica- ção geocêntrica pela heliocêntrica. Segundo Khun, urïÌ campo científico é cria- do quando métoclos, tecnologias, formas de observaçâo e experinrentação, conceitos e de- monstrações formam uïn todo sistemático, urna teoria que perïnite o conhecimento de inú- meros fenômenos. A teoria se torna Llüt mo- cje lo de conhecinlerÌto ou urìl paracligrna cien- tíÍ'ico. Em tempos nornrais" unl cientista, cli- iÌnte de um fato ou de urn fenôrìeno ainda não e studado. usa o modelo ou o paradigma cien- tífico existente. urna revolução científica acontece- quando o cientista clesc-obre que os paraclignlas clisponíve is não conseguem expli- car Lur fenômeno ou um fato novo, sendo ne- cessário produzir um outro paradigffiâ, até então. inexistente e cuja ïÌecessidade não era sentida pelos investigadores. A ciência, portanto, não carninha numa via linear contínua e progressiva, mas por saltos su revoluções. Assim. quando a idéia de próton_elétron_nêu_ fron entra na física, a cle r,írus entra na biolo- gia, a de enzima entra na química ou a de fonerna entra na lingüística, os paracligmas exis- tentes são incapazes de alcançar, compreender e explicar esses objetos ou funôrrenos, exigin- do a criação de novos modelos científicos. Por que, então, tenros a ilusão cle progresso e de evolução? Por dois motivos principais: 1. do lado do cientista, porque este sente que sabe mais e melhor do que antes, já que o paradigma anterior não ihe perrnitia conhecer certos objetos ou fenômenos. Como trabalha- va com uma tradição científic:a e a abando- nou, tem o sentirnento de que o passado esta- r,'a errado, era inferior ao presente aberto por seu novo frabalho. Ì{ão é ele, mas o lilósofo da ciência que percebe a ruptura e a clesconti- nuidade e, portanto, a diferença temporal. Do lado do cientista, o progresso é uma vivência subjetiva; 2. do lado dos não-cientistas. porque vivemos sob a ideologia clo progresso e cla evolução, do "novo" e do "fantástico". Além disso, ve- nìos os resultados tecnológicos das ciências: naves espaciais, cornputador^es, satélites, for- nos de microondas, telefones celulares, cura de doenças julgadas incuráveis, objetos plás- ticos descartáveis, e esses resultados tecnoló- gicos são apresentaclos pelos governos, pelas empresas'e pela propagáinda como ',signos clo progresso" e não da cliferença temporal. Do lado dos não-cientistas, o progresso é uma crença ideológica. Fíá, porérn, unta razão mais proÍuncl a para nossa crençzì no progresso. Desde a Antigui- dade, conhecer senìpre foi consideraclo o meio nrais precioso e efic az para combater o medo, a superstição e as crendices. Ora, no caso da modernidade, o vínculo entre ciência e apli- cação prática dos conhecimentos (tecnologias) fez surgirem objetos que não só facilitaram a vida humana (meios de transporte, de ilumi- nação, de comunicação, de cultivo do solo, etc.), rnas aumentaraín a esperança de vida {remédios, cirurgias, etc.). Do ponto de vista dos resultados práticos, sentimos que estamos em melhores condições que os antigos e por isso falamos em evolução e progresso. Do ponto de vista das próprias teorias cien- tíficas, porém, a noção de progresso'não pos- sui fundamento, como explicamos acima. Falsiflüaçãs K rev$lução Vimos que a ciência contemporânea é cons* trutivista, julgando que fatos e fenônteuos ttô- vos podem exigir a elaboração de novos méto- dos, Ilovas tecnologias e novas teorias. Alguns filósofos da ciência, entre os quais Karl Popper, afirmaraln que a reelaboração ci- enrífica decorre do fato de ter havido uma mudança no conceito filosófico-científico da verdade. Esta, corno jd vimos, foi considera- cla durante nauitos séculos como a cüÍïespon- dência exata entre uma idéia ou um conceito e a realidade. Vimos também que, em nosso século, foi proposta uma teoria da verdade como coerência interna entre conceitos. Na concepção anterior, o falso acontecia quando uma idéia não coÍïespondia à coisa que deve- ria representar. Na novâ concepção, o falso é a perda da coerência de uma teoria, a existên- cia de cotttradições entre seus princípios ou entre estes e alguns de seus cotrceitos. Popper afirma que as mudanças científicas são uma conseqüência da concepção da ver- dade como coerência teórica. E propõe que urna teoria científica seja avaliada pela possi- bilidade de ser falsa ou falsificada. Uma teoria científi ça é, boa, diz Popper, quanto mais estiver aberta a fatos novos que possam tornar falsos os princípios e os con- ceitos em quÊ se baseava. Assim, o valor de uma teoria não se mede por sua verdade, Ínas pela pçssibilidade de ser falsa. A falseabili- dade seria o critério de avaliação das terlrias científicas e garantiria a idéia de progresso ci- entífico, pois é a mesma teoria que vai sendo corrigida por fatos novos que a falsificarn. A rnaioria dos filósofos da ciência, entre os quais Khun, demonstrou o absurcÍo da posi- ção de Popper. De fato, dizern eles, ja:nais houve *rn único caso eÍn que uma teoria pu- desse ser falsificada por fatos científicos. Ja- mais houve urn único caso em que um fato ïlovo garantisse a coerência de unta teoria, bastando irnpor a ela mudanças totais. Cada vez que. fatos provocâraÍïì verdadeiras e grandes mudanças teór"icas, essas mudanças não foram feitas no sentielo de "melhorar" ou "aprimorar" ulna teoria cxistente . nlas llo sen- Karl Popper (1902- ) nasceu em Viena e estudou matemática, físíca e Filosofia nessa mesma cidade. Após a Primeira Guerra Mundial interessou-se pelos problemas sociais, tendo participado de urn programa de assistência à criançã, ê tambem pela música. Sua obra mais impartante, A logíca da descaberta cíentífíca, fai publicada origínalmente em alemão em 1935, rnas ficou conhecida internacianalmente apenãs em''l959, quando foi traduzida para o inglês' 258 259
  • 5. UNIDADF.'Ï ..',,:ì CIÊNCIA5 tido cic ab*ilii*;ná-la pür Lìïnã üutrã. Ü p;lp;*l do fata científiço não é o de falscar ou falsifi- car uma tecria, mas de provocar o surgimento cle uma nova teoria verrJadeira. H o verdadei- ro e não o falsa que guia o çientista, seja a verdade entendida como corrf,sponclência en- tre idéia e coisa, seja entendida como coerên- cia interna das idéias. ffi Ëmswfrfãwmç#m s$ms mã#sxmËms Ciência, rlo singular', lef,ere-se a unr rnodo e a um ideal de conhecimento que examinamos até equi. Ciências, rto plural, refere*se às di- f'ercnfes rnaneiras de realização do ideal de ci- entificidade, segundo os diferentes fatos in- vestigadns ç os diferentes métcclas e teçnolo- gias empregados. A prím*ira *lassificnç#c sistemátiça clas ci- ên*ias d* r;ue lemss nctícia foi a de Ansfóte* les, à qual já nos referimos nCI início tJeste li- vrc. O fllósofo grego enní]reg$u três critérlos para classifiçar íJ$ saberes: o critério cla ausênçia ou presença da ação hu- mana nos seres investigados, levando à dis- tinção entre as ciências teoréticas (conheci- mento dos seres que existem e rïgem indepen- clentemente da ação humana) e ciências práti- cas (conhecimento de fudo quanto existe coïÌlo efeito das ações humanas); * critério da imutabilidactre ou pennanência e da rnutabilidade ou rnovimento clos seres in- vestigados, levando à rJistinção entre rnetafï- sica (estudo do Ser enqnanfo Ser, fora de qual- quer mudança), física ou ciêneias da Nature- za (esturJo dos $eres constituídos por ïnatéria e forma e submetidos à muclança ou ao movi- nrento) e rnaternâitiça (estudo dos seres dota- dos apenas de forma, sem matéria, imutár'eis, rnâs existindü nos seres natnrais e çonhecidos por abstração); s critério da modalidade prátiça, levando à dis- tinção entie cif:nç:t;ts quf, estudarn a práxis 1a ação étiça, política e ecCInômica, que tem o próprio íàg*ntÊ cotno firn) e as técrliças (a fa- bricação de objetos artitiçiais ou a ação que fem como fim a pradução de um oLrjeto dife- rente do agenxe). Com ïrequenas variações, essa classifiçaçâo foi mantida até o século XVÏI, quando, en[ão, os conhecimentos se separaram em filosófi- Ços, científicos e tácnicos. A partir <lessa épo- ca, a Filosofia tende a desaparecer nas classi- fìcações científicas (é um satrer cliferente do ciçntífico), assim como delas desapareceill as técnicas. tlas inúmeras classificações prerpos- tas, as mais conhecidas e utilizadas foram fei- tas por tilósofos franceses e alernães do sécu- 1o XïX, baseando*se em três critérios: tipo cle obj*to estudado, tipo de métado empregado, iipo de rnsultado obtidel" ï]esses critdrios * çJa simplificaçã* teita sübre as várias ciassifica- Ções anterít:r"es, re$ï.iltou aciuela qus se costu- ma usar até hoje: o ciências rnaternáticas on lógico-matemáticas (aritmética, geornetria, álgebra, trigonornefi ia, lógica, física pura, astronomia pura, etc.); w ciências naturais (física, química, biologia, geologia, astrortomia, geografia física, paleon- tologia, etc.); e ciências humanas ou sociais (psicologia, so* ciologia, antropologia, geografia humana, eco- nomia, lingüística, psicanálise, arqueol ogLã, história, etc.); o ciências aplicadas (todas as ciências qr-re con* duzem à invenção cle tecnologias para intervir na l{atutezlit, na vida humana e nas sociedades, ooïno por exflmplo, direito, engenh ana, medi- cina, arquitetura, infbrmática, etc.). Cada urna das ciências subdivide-se çm ra- rfios específicos, corn noyâ delimitação do ob- jeto e do rnétodo cle investigação, Assirn, potr ì: ;ilf.Ìi.d,l i,1.1"1fi:' .,i].).jrt Lr . : 1),'rii i: . ":',i:...r:.::;.. :,4 l;. .. . . ':r:1'' 111 .r . .4l r, exempio,alisìc:asubdivide-seemrtt*cânica,tuais'seusobjetu'si'erdadeirossendocotitrt ã",ntJ"",'Opri"a, etc.; a biologia em botânica, cidos por meio de princípios e çlemonstra- "á"i"eiã, lirr"logia, genétical etc.; a pflrcolo- 1eões universais,e i::-t-t-uáti:t Também Des- ;i;;;ilirtd" ,e""m isi"ologia do coniqgrt yl "uttt, no século XVII, afirmou que pode- írento, do desenvolvimenloipsicologiaì'liní mos duvidar de todos os nossos conhecimen- .o, pri.orogiu social, etc. E assim sucessiua- tos e idéias, menos da verdade dos conceitos mente, para cada uma Ou, .iãn.iu'' Por,sua e-demonstrações matemáticos' os únicosque u",'o,p,opl.iosramosdecadaciênciasubdi-sãoindubitáveis.Platãoe,Descartesenfati. "id;- ; ern disciplinas cada vez mais espe- zararn o caráter puramente intelectual e c cíficas, à medida qu. ,.u, oü1"* conciuzàm prìori das ciências matemáticas. u p"rquiro, cadá uez,nai, d"tulhudus e Avalorizaçãodamatein-áticadecorrededois "ri".ürir"o^ . ?Lspectos que a caracterizam: 1' a idealidade pura de seus objetos' que nào A CiênCia eXemplaf: a matemátiCa se confundem com as coisas percebidas- sub- jetivamenie por nós; os objetos matemáticos A maternática nasce de necessidades práti- são universais e necessários; cas: coniar coisas e mcdir tenenos' Os primei- 1.o* u si,t"*utizar modos de contar foram os 2. a precisão e o-rigor dos princípios e demons. orierìtais e, particularmente, os lènícios, p0v9 trações matemáticos, que seguem regras unl- ãJ;à.t;il;;ão"nuoru"u o*u.ontubiii' versais e necessárias, de tal modo q:-i t: dade' que posteriormente iria transÍbmar-se monstração de um teofema seja a mesma em emaritmética.os'prüneirosasistematizarqualquer.épocaelugareasolpçãode'umpro. modosdemedirforamosegípcios,quepreci-blemase.façapelosmesmosprocedimentos savarn, após cacta cheia do rã i'iilo, redjstribuir em toda a época e lugar' as terras, medindo os terrenos, Criararn a agri- mensura, tle onde viria a geometria. A universalidade e a necessidade dos obje- Foram os gregos que rransfomaÍam a arte tÚs e instrumentos teóricos matemálicos de- de contar e de medir em ciências: a aritmética ram à ciência matemática um val0r de conhe- ;;;;*.t; são as duas primeiras ciências cimenro excepcional, fazendo com que se tor- matemáticas,clefinindoo.u^pomatenáticonasseomodeloprincipaldetodososconhe- como ciência da quantidade t ào t'poço, t"n- citnentos científicos' no ocidente; entìm' a do por objetos uúmeros, figuras, reiáções e ciência exemplar e perfeita' proporções.Apósosgregos'foranrospensa.osobjetosrnatemátic<lssãonúmerosere- dores fuabes que deram o lápor* à màtemá- lações, figuras, volutnes e propnrções' Quan- tica, descobrinclo, entre outras coisas, o zero' triade' espaço' relações e proporçÕes definem desconhecido dos antigos. o campo da investigação matemática' cujos Embora,noinício,asnratemáticasestives-instlumentossãoaxiomas'postulados,defi- sem muito próximas oa expericncia lensorial nições, demonstrações e operações. objetos e _ e5 111i111s1s5 referiam-seïs coisas contadas procedimentos matemáticos foram ,t*"1:^t: easfigurasrepfesentavamobjetosexisterrtespelaprimeiravez,pelogregoEuclides,numa -, poí.o u pou.o afastararn'se do sensorial' obra chamada Elenrenlos' . . *r.f;;;;; " atividade pura do pensamento' Um axioma é um princípio cuja verdade é por esse morivo, piutfo *"igiu que a for- indubitável, necessiíria e evidente por :T::- mação filosófica fosse feita atiavéi das ma- ma, não precisando de demonstração e servln- temáticas, por serem el". p"**""" intelec- do de fundamento às demonstraç-ões' Por 2üü ?s1
  • 6. - L, N l Dr: i:i f: AS CiË hlcu5 exerr:pi,;" r; i*Co é rnaior do que as pfiÌ ií.Ì*, 'ïuasgrandezas igirais a uma te'ceira são iguais en- tre si; a menor distância entre dCIis pantos é umâ reta. O axioma é urn prir:cípir: regulador do raciocínio matemático fl, por ser universal e evideirte, é a priori. {Jrn postutrado é um princípio cuja evidên_ cia ilepcncle de ser aceito por torlos os que realizam unla demonstração nratemática. É uma proposição necessária para o encaclea- rnento de demonstrações, enrbora ela uresma não possa ser clemonstrada, nìrìs aceita romo verdadeira. Por exe mplo: "por Llrìr pouto tr:- mado em um plano, não se pode traçar senão uma paralela a ulnff reta clada ïïessfi plano',. os post*lados são convenções básicas, acei* tas por todas os maternáricos. {Jrna definição poele ser nofi}inal ou real.,A ,"Í1,Ë4nição nominal nos dá o *orne do otrjeto t@mático, dizendo o quo ele ó. E nrumxíti- qiãr" pois c predicado é a explicitaçac do su- jeito" Por exemplo: o triângulo é umâ figura çÌe três lados; o círc*ïo é uma fìgura cujos pontos são eqüidistantes do cnntro. I-rma cle- Íìnição real nos cliz o que é o objeto designa- do pelo nofile, isto é, oferece a gômese ou o modo de construção clo objeto. por e,xemplo: o triângulo é uma figura cujos ângulos so- rnados são iguais à soma de dois ângulos r-e- tr:s; o círculo é uma figura formacla pelo ïïlovirnento de rotação de um senri-eixo à r,'nlta cle um centro fixo. Demonstrações e operações são procecli_ rnentos submeticlos a urn conjunto cie regras que garantem a verdade e a necessidade do Quç está sendo demonstrado, ou do resultatlo do cálculo realizado. A maternática é, por excelência, a ciência hipotótico-dedutiva. porque suas demonstra- ções e cálculos se apóiam sobre um sisterna de axioï'as e postulados, a partir dos quais se constrói a dedr"rção coerente ou o resultaclo necessário do cálculo. [Jm tema muito disc*tido na Filosofia das ciências refere-se à natu reza cos objetos e princípios matemáticos. São eles riínii ab:,i;'ação e uma purilìcaçãç dos clados de nossa experiência sensível? ürj- ginanr-se da percepção? Ou são realiclarles ideais, alcançadas excÍr-rsivarnente pelas ope_ rações do pensainento puro? são inteirarnente a priori? trxistem erìt si e.por si mesmos, cÍe tal *rodo que nossCI pensâmento silnplesmen- te os descobre? flu são construções perteitas cCInseguicias pelo pensamento humano? Es_ sas perguntas tornaraüï-se necessárias p(}r vários motivos. Em prinreil o ìugar" llorq ue uma corrente filosótìca, iniciada corn pitágoras e platão, manticla por Calileu, Descartes. ir{er,vton e Leibniz, afìrma que o mnnrio é em si mes_ mo nlatemático, isto é, a estrutura da reali- dacle é de tipo rnatemático. Essa co*cepção gararrtiu o surgimento cla.física maternática moderna. Ern s*gunclo lugar, porque o clesenvolvi_ mento da rílg*bra cantemporânea e clas cha- rnadas geornetrias não euclicíeanas (ou geo_ nretrias imaginárias) deram à matemática uma liberdacÍe de c'iação teórica sem prece- dentes, justamente por haver abandonado a idéia de que a e strutura cla realidade é rnate- miítica. Nesse segunrJo caso, como já dizia Kant, a rnatem á,tica é uma pura invenção clo espír'ito humano, Lrrna construção irnaginária rigorosa e perfeita, mas sem objetos corïes- pondentes no muudo. Em terceil'o lugar, porque, em nosso sécu* lo, o áìva'ço da criação e cla construção rnate- máticas foi decisivo para o surgimento cla teo- ria da relatividacle, na física, cla teoria das va' Iências, na quírnica, e da teoria sobre o ácicÍo desoxirribonucléico, na biologia. Em outras palavras, quanto mais avançou a invenção e a criação matemática, tanto mais ela tornou-se útil para as ciências da hlat'rez a, fãzendo com QUe, agora, tenhamos que indagar: Os objetcls matemáticos existem realrnente (corno queri- am Flatão, Galileu e Descartes), formando a estrutura do mundo, ou esta é tima pura cons- trução teririca e por isso pode valer-se da cons- trução rnaternática? ffi mmnmpm dms fr[&firffifrffis dffi ffim{ssrffiãffi As ciônçias da Natu riz'à estudatn cluas or- dens de fenômenos: os Íísicos e os vitais, ou as coisas e os organismos vivos. Constitllenl, assirn, duas grandes ciências: a física, cle que fazem pal"te a química, a mecânica, a óptica, a acústica, a âstronotnia, o estudo clos sólidos, líquidos e gasosos, etc., € â biologia, ramifi- cada ern ïisiologia, botânica, zoclogia, paleon- tologia, anatomia, genética, etc. Hm qualquer das trôs concepções de ciêrl- cia que virnos no capífulo anterior, considera* s* que as ciôncias da Naïureza: o estuclam fartos observáveis que poclerxÌ ser sub- metidos aos procedimentos de experimentação; CI estabelecem leis que exprirnetn relações ne- cessárias e universais entre os faios investi- gados e que são de tipo causal; 6 concebern a Natureza como um conjunto ar- ticulado de seres e acontecimentos interdepen- clentes, ligados ou por relaçõe s necessárias de c;ìusa e efeito, subordinação e dependôncia, ou por relações entre funções invariáveis e ações variáveis; o buscarn constâncias, reguiaridacles, freqüên- cias e invariantes dos fenômenos, isto ó, seus modos de funcionamento e cle relacionanlen* to, bem como estabelecem os mcios teóricos para a previsão cle novos fatos. neícle Aristóteles, as ciências cla lrJatureza cïesenvolveram-se graças ao papel conferido ìrs observações e, mais tarde, à observação controlada, isto é, à experimentação (* labo- ratório coïn seus instrutnentos tecnológicos de precisãa e meriir{a}. A experimentação é a dr- cisão do çientista de intervir no curso de r-lm fenôrneno, rnodificanclo as condições de scu aparecimento e desenvolvimento, a fim de en- contrar invariantes e constantcs que clefineill o cbjeto camo tal. A experimentação permite as cientista for- mular hipóteses sobre o fenômeno. urna hipó- tese é uma conjectura racional f'eita após um grande nútnero cle observaçõcs e cxperirnen- tos; é Lrfiìa tese que precisa ser confirmetda ou verificada por meio de novas observações e e xperimentos. A intervenção científ ica sobre os funôlnerlos se torna çada vez mais açura,Jâ, gfíl- ças à invenção dos objetos tecnológiccs de pes- quisa (balanças, termômetros, fertnostatos, ba- rômetros, aparelhos para proeluzir vár:uo, mi- croscópios e telescópios, cronômetros, tubos e curvetas, cârnaras escuras ou ilurniriadas com raios especiais, cümputaclores, ete.)" O rnétodo experitnental é hipotético-induti- vo e h ipatétiç o - $e du f i vo. Ë{ipofdfËc'o-ixnd g*iv* : o cientista observa inúrneros fatos variando as condições da observaÇão; elabora urna hipóte- se e realiza novos experirnentos ol"t irtduções parâ confirmâr ou negal a hipótese; se esfa for ccnfinnada, chega-se à lei do fenômeno estu- clad.o. Ffipot-ófico-dedntivo: tendo chegado à lei, o cientista pode formular novas hipóteses, clecluzidas do conhecirnento já adquirido, e com elas prever novos fatos, ou fonnular novas ex- periências, qrie o levam a cotthecitnentos no- vos. A lei científica obtida por via iridutiva au dedutiva permite descrever, interpretar e com- preencler um campo cle fenônìenos selnelhart- tes e prever nüvos, a partir clos priine iros. A previsão é tìrnáì das maneiras pelas quais o icleal moderno da ciência - dominar e con* trolar a Natur ez,a - se manifesta e Se realiza. Uma teoria çientífica permite construir obje- tos tecnológicos para novas pesquisas e a pre- visão ou previsibilidade dos fenômenüs per- mite empregar as tecnologias com fins práti- cos, criando a ciência natural aplicada. Os objetos técnicos que usamos em nossa vida cotidiana --_ ônibus, automóvel, avião' cnpírulo 3 - .r 2ü2 2S3