Separamos um ótimo artigo e postamos no blog, é de autoria de Elisa de Campos Borges, e aborda a participação da classe operária no governo de Salvador Allende, Chile.
O documento discute a proposta do governo brasileiro de criar Organizações Sociais (OS) para gerir equipamentos públicos de saúde como parte da reforma administrativa inspirada pelo neoliberalismo. As OS são entidades privadas sem fins lucrativos que podem assumir a gestão de hospitais públicos, aumentando o envolvimento do setor privado no SUS. A proposta esbarra na legislação do SUS que defende princípios como universalidade e integralidade da saúde pública.
O documento discute a Reforma Gerencial na administração pública brasileira e suas principais mudanças, o contexto político da década de 80 e como influenciava o desenvolvimento de políticas públicas, as vantagens e desvantagens da Reforma Burocrática.
4.5 o trabalho_do_assistente_social_nas_fundações_empresariaisRosane Domingues
CURTA no Facebook- Serviço Social-Guia do Estudante (estágio curso concurso palestra livros
link https://www.facebook.com/guiaadoestudante.br?fref=photo
O documento discute três aspectos para contextualizar o trabalho do serviço social em empresas: 1) as novas configurações do mundo do trabalho na contemporaneidade e seus impactos no Brasil; 2) o trabalho do serviço social em empresas; 3) como o projeto ético-político do serviço social é configurado nesse contexto.
O documento descreve a evolução da administração pública brasileira desde o período oligárquico até a consolidação do estado gerencial. Inicialmente, havia um estado patrimonial e aristocrático. Nos anos 1930 surgiu um estado burocrático profissional. Nas décadas seguintes, estabeleceu-se um estado de bem-estar social. Reformas nas décadas de 1960 e 1990 tentaram modernizar a gestão pública, porém enfrentaram crises. Nos anos 1990-2000, consolidou-se um modelo gerencial.
1) O documento descreve o desenvolvimento econômico do estado de Goiás no século XX, desde a economia agrária inicial até a industrialização. 2) No início do século, a economia de Goiás era baseada na agricultura e pecuária de subsistência. 3) Após a Revolução de 1930, iniciou-se um processo de modernização e industrialização em Goiás sob a liderança de Pedro Ludovico, incluindo a construção da nova capital Goiânia.
O documento discute o surgimento do neoliberalismo como uma nova forma de compreender o papel do Estado na economia e nas questões sociais. Inicialmente, apresenta o contexto keynesiano que antecedeu o neoliberalismo, no qual o Estado intervinha na economia para estimular o crescimento e garantia proteção social. Posteriormente, descreve como a crise capitalista da década de 1970 levou ao surgimento do neoliberalismo, que passou a defender um Estado com menos intervenção e regulação na economia.
A FDC vem desenvolvendo soluções educacionais para o setor público, das esferas federal, estaduais e municipais, que vão desde a gestão por competência até soluções customizadas, atendendo às necessidades específicas de cada setor e tendo como premissa a agregração de valor para a sociedade.
Este artigo é uma contribuição a essa reflexão.
O documento discute a proposta do governo brasileiro de criar Organizações Sociais (OS) para gerir equipamentos públicos de saúde como parte da reforma administrativa inspirada pelo neoliberalismo. As OS são entidades privadas sem fins lucrativos que podem assumir a gestão de hospitais públicos, aumentando o envolvimento do setor privado no SUS. A proposta esbarra na legislação do SUS que defende princípios como universalidade e integralidade da saúde pública.
O documento discute a Reforma Gerencial na administração pública brasileira e suas principais mudanças, o contexto político da década de 80 e como influenciava o desenvolvimento de políticas públicas, as vantagens e desvantagens da Reforma Burocrática.
4.5 o trabalho_do_assistente_social_nas_fundações_empresariaisRosane Domingues
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O documento discute três aspectos para contextualizar o trabalho do serviço social em empresas: 1) as novas configurações do mundo do trabalho na contemporaneidade e seus impactos no Brasil; 2) o trabalho do serviço social em empresas; 3) como o projeto ético-político do serviço social é configurado nesse contexto.
O documento descreve a evolução da administração pública brasileira desde o período oligárquico até a consolidação do estado gerencial. Inicialmente, havia um estado patrimonial e aristocrático. Nos anos 1930 surgiu um estado burocrático profissional. Nas décadas seguintes, estabeleceu-se um estado de bem-estar social. Reformas nas décadas de 1960 e 1990 tentaram modernizar a gestão pública, porém enfrentaram crises. Nos anos 1990-2000, consolidou-se um modelo gerencial.
1) O documento descreve o desenvolvimento econômico do estado de Goiás no século XX, desde a economia agrária inicial até a industrialização. 2) No início do século, a economia de Goiás era baseada na agricultura e pecuária de subsistência. 3) Após a Revolução de 1930, iniciou-se um processo de modernização e industrialização em Goiás sob a liderança de Pedro Ludovico, incluindo a construção da nova capital Goiânia.
O documento discute o surgimento do neoliberalismo como uma nova forma de compreender o papel do Estado na economia e nas questões sociais. Inicialmente, apresenta o contexto keynesiano que antecedeu o neoliberalismo, no qual o Estado intervinha na economia para estimular o crescimento e garantia proteção social. Posteriormente, descreve como a crise capitalista da década de 1970 levou ao surgimento do neoliberalismo, que passou a defender um Estado com menos intervenção e regulação na economia.
A FDC vem desenvolvendo soluções educacionais para o setor público, das esferas federal, estaduais e municipais, que vão desde a gestão por competência até soluções customizadas, atendendo às necessidades específicas de cada setor e tendo como premissa a agregração de valor para a sociedade.
Este artigo é uma contribuição a essa reflexão.
O documento apresenta uma visão panorâmica da história do capitalismo desde sua longa gestação antes da Revolução Industrial até a crise contemporânea, dividindo-a em 7 seções que descrevem os principais momentos de sua evolução, focando nas rupturas e continuidades ao longo do tempo. A primeira seção descreve a longa transição para o capitalismo na Europa desde a desagregação do feudalismo. A segunda seção aborda os elementos característicos da Revolução Industrial na Inglaterra. A terceira seção explica como esse novo modo de produção
O documento discute o papel do Estado na economia brasileira ao longo do tempo, desde a República até os dias atuais. O Estado teve um papel importante no desenvolvimento, principalmente através de empresas estatais em setores estratégicos. Recentemente, há um debate sobre privatizar e redefinir o papel do Estado, embora ainda haja discordância sobre isso.
A Constituição de 1988 trouxe muitos avanços nos direitos trabalhistas no Brasil, incluindo a igualdade de direitos entre trabalhadores urbanos e rurais, o direito à greve, e a criação de um sistema público de emprego e seguro-desemprego. Ela também promoveu a igualdade de gênero no trabalho ao ampliar direitos como licença maternidade.
Os caminhos do desenvolvimento em países capitalistas periféricos como o brasilFernando Alcoforado
A história econômica de inúmeros países demonstra que o capitalismo de Estado tem sido a solução para vencer o atraso econômico. Foi o caso da União Soviética, da China, de Taiwan, do Japão e da Coreia do Sul no Século XX. O progresso econômico alcançado por esses países se deveu fundamentalmente ao papel desempenhado pelo Estado na promoção do desenvolvimento. Muito provavelmente o desempenho econômico desses países seria inferior se suas economias ficassem sob o livre jogo do mercado. O papel do Estado é decisivo para que se desenvolvam as condições para incrementar o progresso técnico e viabilizar o processo de acumulação do capital em países periféricos.
[1] O documento discute a reforma do Estado e da administração pública no Brasil.
[2] Ele aborda os conceitos de Estado e administração pública, a história das reformas inspiradas na Nova Gestão Pública, e as pendências das reformas no Brasil, como mudanças institucionais e culturais.
[3] O objetivo das reformas é redefinir o papel do Estado para ser mais regulador e provedor de políticas sociais, enquanto aumenta a eficiência e satisfação do cidadão.
1) O documento discute as origens da crise da representação empresarial na década de 1980 no Brasil e o surgimento do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) nesse contexto.
2) O PNBE surgiu em 1987 de uma insatisfação com as respostas à crise articuladas pela estrutura tradicional de representação do empresariado.
3) O PNBE propunha um projeto hegemônico para superar as propostas econômico-corporativas do empresariado, mas este projeto nunca assumi
Este documento discute a administração estratégica como forma de promover excelência organizacional em órgãos públicos. Apresenta que a administração estratégica envolve análise interna e externa, estabelecimento de missão e objetivos, formulação e implementação de estratégias e controle estratégico. Também discute a necessidade de adaptação dos modelos de gestão privada para o setor público, considerando as diferenças na natureza e objetivos das organizações.
Aula 18 o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...petecoslides
O documento analisa a economia brasileira sob os governos Collor a Lula, destacando a dominância do capital financeiro e a adoção de políticas neoliberais. O governo Lula deu continuidade a essas políticas para agradar credores, apesar de tentar construir uma nova base de apoio entre os mais pobres por meio de programas sociais.
ExpansãO Agrocomercial E ModernizaçãO Do Campoecsette
1) O documento discute a expansão da agropecuária no Centro-Oeste brasileiro, notadamente em Dourados, MS, associada à modernização agrícola promovida pelo governo federal nas décadas de 1950-1970 através da SUDECO.
2) A modernização visava aumentar a produção para abastecer o mercado interno e externo dentro de um projeto nacional de desenvolvimento econômico.
3) Isso levou à consolidação da agricultura moderna em Dourados e ao crescimento do setor de agrocomé
Material introdução a economia 11º ano ii ciclo ensino geral angolaJanísio Salomao
1. O documento discute diferentes concepções do papel do Estado na economia, como o Estado liberal e o Estado intervencionista.
2. No Estado liberal do século XIX, o Estado tinha um papel mínimo e a economia era regulada pelo mercado.
3. No século XX, com as mudanças econômicas e a Grande Depressão, Keynes defendeu um Estado intervencionista que estimula a economia através de gastos públicos e políticas fiscais e monetárias.
A RELAÇÃO ENTRE A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E A GESTÃO DA EDUCAÇÃOPaulafran2019
“Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons CC BY-NC"
<a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/"><img alt="Licença Creative Commons" style="border-width:0" src="https://i.creativecommons.org/l/by-nc-sa/4.0/88x31.png" /></a><br />Este trabalho está licenciado com uma Licença <a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/">Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional</a>.
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...Filipe Rubim de Castro
(1) O documento discute a teoria do regime de acumulação financeirizado ou com dominação financeira, descrevendo suas características principais e questionando sua viabilidade e estabilidade a longo prazo.
(2) Defende que desde os anos 1980 o capital financeiro conquistou posições dominantes sobre a economia real, influenciando os níveis de investimento e distribuição de renda.
(3) No entanto, argumenta que ainda não está claro se esse conjunto de elementos pode constituir um regime de acumulação viável e estável, dado que até agora só os
O documento discute a crise econômica de 1929 nos EUA, suas causas e consequências, incluindo o crack da Bolsa de Valores de Nova York e o aumento do desemprego e da miséria. Também aborda as respostas do New Deal e o surgimento de blocos econômicos e regionais após a Segunda Guerra Mundial.
Burocracia, eficiência e modelos de gestao publicavsalasroldan
Este documento discute a relação entre burocracia e eficiência na gestão pública. Apresenta visões sobre eficiência segundo Weber, Pareto e outros teóricos. Também caracteriza a burocracia de acordo com Weber e Marx, e discute modelos de gestão pública como o tradicional, liberal e empreendedorismo estatal. Finalmente, aborda questões sobre reformas administrativas visando maior eficiência no setor público.
Liberalismo, Welfare State, Neoliberalismo e Globalizaçãoiaraandradeb
O documento discute vários conceitos relacionados ao liberalismo, estado de bem-estar social, neoliberalismo, globalização. Resume que o liberalismo defende o capitalismo e a não intervenção estatal, enquanto o estado de bem-estar surgiu após a 2a Guerra para melhorar qualidade de vida. O neoliberalismo defende a livre economia de mercado e a globalização conecta pessoas e economias em todo o mundo, ainda que de forma desigual.
1) O neoliberalismo surgiu na década de 1970 com base nas ideias de Milton Friedman e defende a não intervenção do Estado na economia e livre mercado.
2) Os princípios do neoliberalismo incluem abertura para o comércio global, privatizações, desregulamentação e redução do tamanho do Estado.
3) Críticos argumentam que só beneficia grandes empresas e pode causar desemprego, enquanto defensores acreditam que torna a economia mais competitiva.
Este documento discute o orçamento do estado, incluindo suas origens, definição, elementos, funções, regime e estrutura. Aborda como o orçamento surgiu ligado ao liberalismo político e como se desenvolveu em Portugal. Define o orçamento como um documento anual que prevê receitas e despesas do estado para autorização legislativa. Explora os princípios orçamentais como equilíbrio e regras, além da preparação e aprovação do orçamento.
O documento discute o liberalismo, neoliberalismo e suas críticas. Explica que o liberalismo defende a liberdade política e econômica, enquanto o neoliberalismo aplica princípios liberais na era da globalização, promovendo privatizações. Apesar de alguns benefícios, é criticado por aumentar desigualdades e beneficiar grandes corporações em detrimento dos mais pobres.
Polo es un deporte de equipo jugado a caballo. Los jugadores anotan goles llevando una pelota blanca a la portería contraria usando un mazo largo. Cada equipo consiste en cuatro jinetes y sus monturas que juegan a alta velocidad en un gran campo de césped.
YouTube es un sitio web de videos con más de 350 millones de usuarios que permite a los usuarios subir, ver y compartir videos. Fue creado en 2005 por tres ex empleados de PayPal como un sitio para compartir videos entre amigos y ahora es uno de los sitios más visitados en Internet, con cientos de horas de contenido subido por usuarios cada semana sobre una amplia variedad de temas.
IJERA (International journal of Engineering Research and Applications) is International online, ... peer reviewed journal. For more detail or submit your article, please visit www.ijera.com
O documento apresenta uma visão panorâmica da história do capitalismo desde sua longa gestação antes da Revolução Industrial até a crise contemporânea, dividindo-a em 7 seções que descrevem os principais momentos de sua evolução, focando nas rupturas e continuidades ao longo do tempo. A primeira seção descreve a longa transição para o capitalismo na Europa desde a desagregação do feudalismo. A segunda seção aborda os elementos característicos da Revolução Industrial na Inglaterra. A terceira seção explica como esse novo modo de produção
O documento discute o papel do Estado na economia brasileira ao longo do tempo, desde a República até os dias atuais. O Estado teve um papel importante no desenvolvimento, principalmente através de empresas estatais em setores estratégicos. Recentemente, há um debate sobre privatizar e redefinir o papel do Estado, embora ainda haja discordância sobre isso.
A Constituição de 1988 trouxe muitos avanços nos direitos trabalhistas no Brasil, incluindo a igualdade de direitos entre trabalhadores urbanos e rurais, o direito à greve, e a criação de um sistema público de emprego e seguro-desemprego. Ela também promoveu a igualdade de gênero no trabalho ao ampliar direitos como licença maternidade.
Os caminhos do desenvolvimento em países capitalistas periféricos como o brasilFernando Alcoforado
A história econômica de inúmeros países demonstra que o capitalismo de Estado tem sido a solução para vencer o atraso econômico. Foi o caso da União Soviética, da China, de Taiwan, do Japão e da Coreia do Sul no Século XX. O progresso econômico alcançado por esses países se deveu fundamentalmente ao papel desempenhado pelo Estado na promoção do desenvolvimento. Muito provavelmente o desempenho econômico desses países seria inferior se suas economias ficassem sob o livre jogo do mercado. O papel do Estado é decisivo para que se desenvolvam as condições para incrementar o progresso técnico e viabilizar o processo de acumulação do capital em países periféricos.
[1] O documento discute a reforma do Estado e da administração pública no Brasil.
[2] Ele aborda os conceitos de Estado e administração pública, a história das reformas inspiradas na Nova Gestão Pública, e as pendências das reformas no Brasil, como mudanças institucionais e culturais.
[3] O objetivo das reformas é redefinir o papel do Estado para ser mais regulador e provedor de políticas sociais, enquanto aumenta a eficiência e satisfação do cidadão.
1) O documento discute as origens da crise da representação empresarial na década de 1980 no Brasil e o surgimento do Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE) nesse contexto.
2) O PNBE surgiu em 1987 de uma insatisfação com as respostas à crise articuladas pela estrutura tradicional de representação do empresariado.
3) O PNBE propunha um projeto hegemônico para superar as propostas econômico-corporativas do empresariado, mas este projeto nunca assumi
Este documento discute a administração estratégica como forma de promover excelência organizacional em órgãos públicos. Apresenta que a administração estratégica envolve análise interna e externa, estabelecimento de missão e objetivos, formulação e implementação de estratégias e controle estratégico. Também discute a necessidade de adaptação dos modelos de gestão privada para o setor público, considerando as diferenças na natureza e objetivos das organizações.
Aula 18 o regime de acumulação sob a dominância financeira e a nova ordem (...petecoslides
O documento analisa a economia brasileira sob os governos Collor a Lula, destacando a dominância do capital financeiro e a adoção de políticas neoliberais. O governo Lula deu continuidade a essas políticas para agradar credores, apesar de tentar construir uma nova base de apoio entre os mais pobres por meio de programas sociais.
ExpansãO Agrocomercial E ModernizaçãO Do Campoecsette
1) O documento discute a expansão da agropecuária no Centro-Oeste brasileiro, notadamente em Dourados, MS, associada à modernização agrícola promovida pelo governo federal nas décadas de 1950-1970 através da SUDECO.
2) A modernização visava aumentar a produção para abastecer o mercado interno e externo dentro de um projeto nacional de desenvolvimento econômico.
3) Isso levou à consolidação da agricultura moderna em Dourados e ao crescimento do setor de agrocomé
Material introdução a economia 11º ano ii ciclo ensino geral angolaJanísio Salomao
1. O documento discute diferentes concepções do papel do Estado na economia, como o Estado liberal e o Estado intervencionista.
2. No Estado liberal do século XIX, o Estado tinha um papel mínimo e a economia era regulada pelo mercado.
3. No século XX, com as mudanças econômicas e a Grande Depressão, Keynes defendeu um Estado intervencionista que estimula a economia através de gastos públicos e políticas fiscais e monetárias.
A RELAÇÃO ENTRE A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E A GESTÃO DA EDUCAÇÃOPaulafran2019
“Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons CC BY-NC"
<a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/"><img alt="Licença Creative Commons" style="border-width:0" src="https://i.creativecommons.org/l/by-nc-sa/4.0/88x31.png" /></a><br />Este trabalho está licenciado com uma Licença <a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/">Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional</a>.
A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrog...Filipe Rubim de Castro
(1) O documento discute a teoria do regime de acumulação financeirizado ou com dominação financeira, descrevendo suas características principais e questionando sua viabilidade e estabilidade a longo prazo.
(2) Defende que desde os anos 1980 o capital financeiro conquistou posições dominantes sobre a economia real, influenciando os níveis de investimento e distribuição de renda.
(3) No entanto, argumenta que ainda não está claro se esse conjunto de elementos pode constituir um regime de acumulação viável e estável, dado que até agora só os
O documento discute a crise econômica de 1929 nos EUA, suas causas e consequências, incluindo o crack da Bolsa de Valores de Nova York e o aumento do desemprego e da miséria. Também aborda as respostas do New Deal e o surgimento de blocos econômicos e regionais após a Segunda Guerra Mundial.
Burocracia, eficiência e modelos de gestao publicavsalasroldan
Este documento discute a relação entre burocracia e eficiência na gestão pública. Apresenta visões sobre eficiência segundo Weber, Pareto e outros teóricos. Também caracteriza a burocracia de acordo com Weber e Marx, e discute modelos de gestão pública como o tradicional, liberal e empreendedorismo estatal. Finalmente, aborda questões sobre reformas administrativas visando maior eficiência no setor público.
Liberalismo, Welfare State, Neoliberalismo e Globalizaçãoiaraandradeb
O documento discute vários conceitos relacionados ao liberalismo, estado de bem-estar social, neoliberalismo, globalização. Resume que o liberalismo defende o capitalismo e a não intervenção estatal, enquanto o estado de bem-estar surgiu após a 2a Guerra para melhorar qualidade de vida. O neoliberalismo defende a livre economia de mercado e a globalização conecta pessoas e economias em todo o mundo, ainda que de forma desigual.
1) O neoliberalismo surgiu na década de 1970 com base nas ideias de Milton Friedman e defende a não intervenção do Estado na economia e livre mercado.
2) Os princípios do neoliberalismo incluem abertura para o comércio global, privatizações, desregulamentação e redução do tamanho do Estado.
3) Críticos argumentam que só beneficia grandes empresas e pode causar desemprego, enquanto defensores acreditam que torna a economia mais competitiva.
Este documento discute o orçamento do estado, incluindo suas origens, definição, elementos, funções, regime e estrutura. Aborda como o orçamento surgiu ligado ao liberalismo político e como se desenvolveu em Portugal. Define o orçamento como um documento anual que prevê receitas e despesas do estado para autorização legislativa. Explora os princípios orçamentais como equilíbrio e regras, além da preparação e aprovação do orçamento.
O documento discute o liberalismo, neoliberalismo e suas críticas. Explica que o liberalismo defende a liberdade política e econômica, enquanto o neoliberalismo aplica princípios liberais na era da globalização, promovendo privatizações. Apesar de alguns benefícios, é criticado por aumentar desigualdades e beneficiar grandes corporações em detrimento dos mais pobres.
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IJERA (International journal of Engineering Research and Applications) is International online, ... peer reviewed journal. For more detail or submit your article, please visit www.ijera.com
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Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)maditabalnco
This document contains 20 photos from news events around the world between January and November 2016. The photos show international events like the US presidential election, the conflict in Ukraine, the migrant crisis in Europe, the Rio Olympics, and more. They also depict human interest stories and natural phenomena from various countries.
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Este documento descreve a história do sindicalismo no Brasil, com foco na greve dos metalúrgicos da região do ABC Paulista entre 1978-1980. A greve desafiou a ditadura militar e impulsionou um novo sindicalismo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, marcando um momento importante na luta dos trabalhadores brasileiros por seus direitos.
Negociação Coletiva de Trabalho no Serviço PúblicoCharlesMoura
1) O documento discute as relações de trabalho no serviço público brasileiro e a negociação coletiva.
2) Historicamente, as relações foram autoritárias, mas a Constituição de 1988 reconheceu direitos como sindicalização e greve.
3) Nos governos Lula, houve democratização com negociação coletiva, mas o Supremo Tribunal Federal se opôs inicialmente.
O documento discute a ideologia do trabalho no Estado Novo brasileiro entre 1930-1945. Resume que neste período o governo desenvolveu uma legislação trabalhista e estruturou uma ideologia de valorização do trabalho e do papel do trabalhador. Esta ideologia via o trabalho como meio de superar problemas socioeconômicos e garantir dignidade, tornando o homem em cidadão/trabalhador responsável pela riqueza individual e coletiva.
1) O documento descreve a evolução das relações sindicais no Brasil desde o século XIX, quando os trabalhadores sofriam exploração sem direitos.
2) Nos anos 1930, Getúlio Vargas criou uma estrutura sindical corporativista atrelada ao Estado, mas também conquistas como a CLT.
3) A ditadura militar de 1964 reprimiu violentamente os sindicatos, mas nos anos 1970 surgiu um novo sindicalismo liderado por Lula.
Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...Fabiana Adaice
Este documento analisa as formas de participação da sociedade civil em esferas públicas no Brasil, destacando o papel dos conselhos. Aborda também as Organizações Sociais (OSs) e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) no contexto da reforma do Estado. Uma conclusão é que a participação da sociedade civil via conselhos e outras formas busca garantir que o Estado cumpra seu papel de fornecer educação, saúde e serviços sociais de qualidade para todos, e não substit
O documento discute o marco regulatório das organizações da sociedade civil no Brasil. Apresenta a história do terceiro setor no país desde o período colonial até a atualidade, destacando a evolução da legislação aplicada às parcerias entre o estado e organizações da sociedade civil. Explica que a Lei no 13.019/2014 criou um novo marco regulatório para normatizar essas relações e definir regras claras para planejamento, execução, monitoramento e avaliação de parcerias.
O documento discute a democracia no Brasil, analisando sua evolução desde a proclamação da República em 1889 até os dias atuais. Aponta que o direito ao voto foi ampliado gradualmente, mas práticas clientelistas ainda persistem. Também examina a representação política por meio dos partidos, que se tornaram máquinas empresariais em busca de votos, com pouca capacidade de politizar a sociedade.
As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...Luis Antonio Araujo
1) O documento apresenta um debate entre duas abordagens analíticas dos movimentos sociais no Brasil - uma que vê a participação estatal como conquista e outra que enfatiza a luta de classes e conflito social.
2) Uma vertente defende a ampliação de reformas sociais através da participação estatal, enquanto outra critica a ideia de conquista definitiva via participação governamental.
3) As abordagens diferem em suas perspectivas teóricas e na caracterização dos movimentos sociais.
O ESTADO BRASILEIRO EM DEBATE: ENTRE AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS E AS ELEIÇÕES 2014UFPB
O debate sobre “Qual o Estado que queremos?” e “Estado para quê e para quem?” percebe-se que é evitado por muitos setores e grupos políticos tanto de oposição, como alguns grupos partidários que compõem a situação no atual governo. Além de ser um debate considerado “complicado” do ponto de vista teórico, técnico e político, é considerado pouco viável do ponto de vista eleitoral. Claro, que, além disso, propor o debate sobre um Estado promotor de igualdade social tenderia a desestabilizar zonas de conforto, desconcentrar poder e recursos públicos direcionados para corporações e grupos mercantis privados. Esse debate sobre Estado no Brasil junto com a sociedade talvez seja adiado por muito tempo ainda, por mais que não faltem evidências de que precisa ser feito.
1. O documento discute os processos de planejamento na construção das políticas sociais no Brasil desde a década de 1920.
2. Inicialmente, as questões sociais eram tratadas como caso de polícia pelo Estado, sem políticas sociais adequadas. A partir da década de 1930, o Estado passou a propor políticas para regular os conflitos decorrentes do desenvolvimento econômico.
3. Ao longo do tempo, houve avanços e retrocessos na legislação social e no reconhecimento de direitos, com conquistas significativas a
1) A Revolução de 1930 pôs fim à Política do Café com Leite e trouxe Getúlio Vargas ao poder, apesar de cada grupo que o apoiou ter razões próprias;
2) Há debate sobre se a revolução foi uma verdadeira mudança ou apenas troca de elites no governo;
3) Ao longo de 19 anos no poder, Vargas cultivou imagens contraditórias de "pai dos pobres" e "mãe dos ricos".
Este documento discute os novos movimentos sociais no Brasil, incluindo exemplos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e movimentos urbanos que reivindicam melhorias nos serviços públicos. Ele explica que os novos movimentos sociais surgiram a partir das contradições do capitalismo monopolista e da crise do Estado de bem-estar social, e lutam por uma visão mais ampla das questões humanas e ambientais.
O documento discute o Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil, que surgiu durante o regime militar (1964-1985) em resposta às limitações do modelo tradicional importado dos EUA. O movimento buscava adequar a profissão à realidade brasileira e estabelecer uma identidade própria através da renovação dos conceitos e métodos. Isso resultou em reformas curriculares e na defesa dos direitos dos trabalhadores no Código de Ética, rompendo com a neutralidade e estabelecendo vínc
1. O documento discute a convergência entre capitalismo e socialismo em um novo sistema chamado sociocapitalismo.
2. Este sistema será baseado em e-democracia direta, estatização estratégica e um fundo de capital social dos trabalhadores.
3. Defensores acreditam que o sociocapitalismo trará mais igualdade e prosperidade compartilhada através da participação dos trabalhadores nos lucros.
O documento analisa as principais mudanças políticas no Estado brasileiro nas últimas décadas do século XX, focando na democratização política e na liberalização econômica. Esses processos transformaram o Estado autoritário e desenvolvimentista vigente desde os anos 1930 em um Estado moderadamente liberal economicamente e identificado com a democracia representativa.
O documento discute movimentos sociais no Brasil e em outros países. Apresenta os principais movimentos sociais no Brasil como o MST e o MSTS. Explora como os movimentos sociais usam ações coletivas e mídias sociais para promover mudanças sociais e como protestos recentes no Brasil compartilham características com movimentos em outros lugares.
5ª Aula - PRZEWORSKI, Adam. Capitalismo e Social Democracia.pdfEscolaPsnoChoBH
1) O documento discute a decisão inicial dos socialistas em participar ou não do processo político eleitoral burguês.
2) Os anarquistas se opunham firmemente à participação, enquanto os socialistas decidiram utilizar os direitos políticos dos trabalhadores.
3) No entanto, a atitude dos partidos socialistas em relação às eleições foi ambivalente, devido às dúvidas sobre se a burguesia respeitaria os resultados democráticos.
As Perspectivas das Politicas Públicas para a Educação Dra. Angela LaraJorge Purgly
O documento discute as perspectivas das políticas públicas para a educação, abordando conceitos como Estado, governo e políticas educacionais. Também analisa temas como globalização, neoliberalismo, políticas neoliberais e suas consequências, além de relações de trabalho no contexto das mudanças do fordismo para o toyotismo.
O ocaso dos partidos, das lideranças políticas tradicionais e do poder políti...Fernando Alcoforado
1) Os movimentos de massa no Brasil continuam apesar da redução das tarifas de transporte e querem avançar em reivindicações econômicas, políticas e sociais. 2) O Brasil vive uma situação pré-revolucionária com o povo não aceitando mais ser governado como antes. 3) Os movimentos de massa podem se dissipar sem vitórias maiores devido à falta de objetivos claros e à repressão, enquanto o governo fica enfraquecido.
Semelhante a Participação dos operários chilenos no governo de Salvador Allende (20)
E book: E book: Tipos de inteligências e a gestão da emoção nas atividades pe...Fernanda Eduardo Mattos
O documento discute tipos de inteligências e a gestão da emoção nas atividades pedagógicas. Aborda nove tipos de inteligências descritas por Howard Gardner e como usar cada uma nas aulas. Também discute como as emoções afetam a aprendizagem e estratégias para trabalhar com emoções positivas.
1) O documento discute as relações entre marxismo e geografia, analisando as semelhanças e diferenças entre as ontologias de cada um.
2) Marxismo e geografia compartilham categorias como natureza, trabalho e homem, porém têm visões diferentes, especialmente no que se refere ao trabalho e ao homem.
3) Há possibilidade de diálogo entre marxismo e geografia ao se considerar como cada um enxerga os conceitos de valor de uso e valor de troca em relação à natureza, riqueza e espaço.
A revolução Russa em quadrinhos- André Diniz e Laudo é um documento que não fornece informações de alto nível ou essenciais, já que consiste apenas em um cabeçalho e números de página sem nenhum conteúdo descritivo.
Texto na íntegra- ''O trabalho da mulher na fábrica'' V. I. Lenin 1899 -Edit...Fernanda Eduardo Mattos
Este documento discute como o trabalho das mulheres nas fábricas, embora coloque-as em uma situação difícil, é um fenômeno progressivo. Ao atraí-las para a produção social, a indústria acelera seu desenvolvimento e amplia sua independência em relação às relações familiares e domésticas pré-capitalistas. A fábrica cria condições para que as mulheres se tornem produtoras independentes e igualadas aos homens.
O documento apresenta um resumo das ideias de Lenin sobre o Estado em seu trabalho de 1919. Lenin argumenta que o Estado surge com a divisão da sociedade em classes e que seu objetivo é reprimir a classe oprimida. Ao longo da história, existiram três formas de Estado: escravista, feudal e capitalista. No Estado capitalista, o poder real permanece nas mãos do capital, mesmo em repúblicas democráticas.
Participação dos operários chilenos no governo de Salvador Allende
1. Participação
dos operários chilenos
no governo de salvador allende
Elisa de Campos Borges1
O presente artigo versa sobre a participação dos traba-lhadores
nos chamados Cordones Industriales. Estes foram as-sim
denominados devido à concentração em determinadas
regiões chilenas, em especial na capital Santiago, de uma
série de indústrias de distintas atividades produtivas, for-mando
territorialmente um cordão industrial. Entretanto,
sua novidade estava relacionada à territorialização e à inte-gração
das demandas dos trabalhadores das indústrias que
participavam do Cordón, por meio da atuação dos sindicatos
e dos partidos políticos.
Neste sentido, os Cordones Industriales inauguraram
um novo processo no país em relação à organização dos
sindicatos que, até então, coordenavam suas lutas políticas
e principalmente econômicas, unindo indústrias da mesma
Cartaz de Vanguardia, defendendo a política de nacionalização do cobre
durante o governo Allende. (Acervo pessoal de Dainis Karepovs)
2. atividade produtiva. Na nova experiência, as ações eram organizadas por uma
coordenação composta por sindicalistas e militantes políticos pertencentes a
indústrias de distintas atividades produtivas, mas que se localizavam terri-torialmente
próximas. Em outras palavras, ocorreu uma mudança na forma
de atuação do sindicato, que passou a priorizar a organização territorial em
vez da especialidade produtiva. No entanto, o sindicalismo tradicional não
deixou de existir, pelo contrário, também se fortaleceu durante o governo da
Unidade Popular (UP), organizado principalmente, sob a condução da Cen-tral
Única dos Trabalhadores.
A organização dos Cordones Industriales ocorreu durante um período
de grandes mudanças políticas e sociais no Chile. Em 1970, foi eleito democrati-camente
o primeiro presidente socialista do continente sul-americano, Salvador
Allende, a partir de uma coalizão de esquerda, a Unidade Popular, que apresen-tava
um projeto único: abrir caminho ao socialismo por meio de mudanças pro-fundas
no sistema econômico, político e social do país, sem revolução armada2.
Era a chamada “via chilena para o socialismo” que apostava na conquista do
poder executivo e legislativo, na participação popular e no desenvolvimento da
economia por meio da nacionalização das áreas econômicas estratégicas para,
então, iniciar o processo de transição para o novo sistema3.
O programa político da UP apresentava dois pontos fundamentais que
acabaram por estimular a participação dos trabalhadores chilenos no proces-so:
o desenvolvimento da chamada Área de Propriedade Social (APS – área
nacionalizada da economia) e a transferência do poder político do Estado
para o “povo”, denominado, então, como Poder Popular. O programa defen-dia
que a organização de uma nova base econômica só seria possível com o
deslocamento do poder político para a classe trabalhadora, em conjunto com
camponeses e setores progressistas das classes médias. Assim, segundo o pro-grama,
“as transformações revolucionárias que o país necessita só poderão se
realizar se o povo toma para si o poder e o exerce real e efetivamente”4.
Entretanto, a prioridade estabelecida pelo governo foi o processo de na-cionalização
de setores estratégicos da economia chilena, como forma de en-fraquecer
o poder político das oligarquias e, também, para diminuir a depen-dência
externa no setor de minérios, setor tido como a maior riqueza do país.
Assim, se as experiências históricas internacionais de transição ao socialismo
foram iniciadas a partir da conquista do poder político, no caso específico do
Chile considerava-se que, sem controlar o poder econômico, seria impossível
almejar o poder político.
Deste modo, a APS, que seria a grande área modernizadora da econo-mia,
tornou-se um dos consensos gerais programáticos entre os partidos que
compunham a UP. As divergências aconteceram, principalmente, em relação
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3. à escolha das empresas e ao ritmo do processo de nacionalização. Portan-to,
43
a APS transformou-se no eixo sustentador da “via chilena” e, segundo a
UP, possibilitaria: a) criar novas bases para um novo modelo de desenvolvi-mento
orientado para o interesse da grande maioria do país, isolando seto-res
corporativistas estrangeiros e nacionais; b) examinar o desempenho dos
trabalhadores enquanto protagonistas no processo produtivo, possibilitando
uma espécie de experimento para a implantação da “nova democracia”; c) ter
maior controle social da produção de bens essenciais para o país; d) reduzir
a dependência externa; e) reorganizar a estratégia de desenvolvimento econô-mico,
uma vez que o Estado teria controle do excedente produtivo, fato que
possibilitaria adotar medidas de redistribuição social.
Na prática, essa estratégia transformou os meios de produção e a ação dos
trabalhadores nos dois núcleos centrais de atuação da UP. Assim, para que a APS
se tornasse essa grande área impulsora das políticas do Estado, Allende necessi-tava
do amplo apoio dos trabalhadores para desenvolver a “batalha da produção”,
ou seja, aumentar e aperfeiçoar substancialmente a produção de todos os produtos
chilenos. E, para isso, Salvador Allende defendia a necessidade de organizar os
trabalhadores em torno de entidades dos movimentos populares, no caso, os sin-dicatos
e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), conduzida historicamente por
militantes dos partidos comunista e socialista.
Assim, desde o início do governo, uma das principais discussões rea-lizadas
entre os partidos políticos que participavam da UP e do movimento
popular era como instituir formas de participação direta, que envolvessem os
sindicatos e os trabalhadores nas responsabilidades do processo produtivo.
O próprio presidente Allende reafirmava que o futuro da revolução chi-lena
estava nas mãos dos trabalhadores, razão pela qual era requerida maior
consciência no cotidiano de trabalho5. Os tempos haviam mudado. Se, no pas-sado,
paralisavam a produção para reivindicar melhorias principalmente por
meio de greves, neste governo, para Allende, os trabalhadores eram governo e,
portanto, teriam de assumir as responsabilidades de ser governo. Em outras pa-lavras,
os trabalhadores precisavam ter a consciência de que do resultado do
seu trabalho dependeria parte do êxito do processo, e, portanto, todos deveriam
assumir a postura de lealdade, adotando as orientações governamentais para o
setor produtivo. Nota-se, claramente, a importância da sintonia entre governo-trabalhador-
sindicato-empresa.
Essa postura de Allende, de identificar governo-trabalhador, também res-paldou
a decisão de envolver a CUT, desde o início do governo, nas discussões
sobre a inclusão do operariado nas questões políticas. Isso significava dar à enti-dade
classista, historicamente reconhecida pelos trabalhadores e partidos políti-cos,
a coordenação de um dos principais processos políticos já vistos no país.
4. Por outro lado, modificava uma das principais características da tradi-ção
sindical chilena: o discurso da autonomia sindical frente aos governos.
Nas comemorações do Dia do Trabalho, Allende afirmou: “Uma parte do go-verno
está nas mãos dos trabalhadores através dos partidos populares e da
Central Única, que representa a todos os níveis da organização sindical...”6.
Iniciava-se uma parceria entre governo e Central justificada pela im-plantação
das reivindicações históricas dos trabalhadores chilenos. Em feve-reiro
de 1971, a CUT aprovou em sua Conferência o apoio explícito ao gover-no:
“A missão desta potente força da sociedade chilena é empurrar, fortalecer
e consolidar o processo revolucionário que foi iniciado pelo povo do Chile”7.
Houve, então, uma adesão da CUT às ações governamentais em detrimento
das ações reivindicativas.
O primeiro grande resultado dessa parceria CUT-governo foi a assinatura
de “Las normas básicas de Participación de los Trabajadores en las Empresas del
Area Social y Mixta”, em maio de 1971. Esse documento estabelecia as normas
gerais para a organização do sistema de participação e deveria ser adaptado à
realidade de cada indústria. Tal acontecimento significou a vitória de uma das
principais bandeiras políticas da CUT desde sua fundação em 1953.
Em linhas gerais, em cada empresa estatizada ou de capital misto de-veria
haver um interventor indicado pelo governo, responsável por gerir a
empresa, um conselho administrativo (principal espaço do sistema partici-pativo),
no qual o governo era maioria e um comitê de produção com repre-sentação
paritária. Assim, o governo discordava da tese do controle operário
da produção, uma das principais bandeiras dos Cordones Industriales, por
defender que as indústrias deveriam cumprir o plano geral de metas produ-tivas
estabelecidas pelo governo para área nacionalizada e mista. Ao mesmo
tempo, havia a preocupação, principalmente dos sindicatos, que o sistema de
representação não se limitasse a um processo formal, sem autonomia e auto-ridade
para tomadas de decisão.
O sistema de participação proposto pelo governo e pela CUT tentava,
pelo menos em tese, preservar a autonomia do movimento sindical tanto em
relação à atuação dos trabalhadores nesses organismos, como em relação à
administração da fábrica. Entretanto, a realidade demonstrou que partidos
políticos e militantes do movimento sindical se envolveram diretamente na
eleição dos representantes para atuarem no sistema de representação, acentu-ando
as disputas políticas internas que, geralmente, refletiam a correlação de
forças do movimento sindical local.
De fato, a implantação desse sistema de participação nas indústrias
nacionalizadas e mistas possibilitou aos trabalhadores influenciar em algu-mas
decisões tomadas pela direção da empresa em todos os âmbitos. Esse
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5. processo também favoreceu a adoção de melhorias imediatas na estrutura
fabril, como, por exemplo, a construção de refeitórios, berçários, clínicas
médicas e dentárias, além de desenvolver atividades culturais, desportivas,
dentre outras. Conforme relata um trabalhador da empresa Muebles Histon,
os avanços possibilitados pela nacionalização das empresas e pelo sistema
de participação na direção das mesmas transformaram o cotidiano dos tra-balhadores,
45
uma vez que suas reivindicações tornaram-se prioridade:
[...] em pouco tempo se estabeleceu um restaurante self-service, com boa comi-da.
Depois instalamos no interior da indústria um consultório médico e uma
biblioteca. Desenvolvemos e aprofundamos a cultura dos trabalhadores em
todos os âmbitos, tínhamos grupo de teatro, grupo de folclore, enfim, todas as
expressões culturais começaram a se desenvolver. Tivemos um salto quanti-tativo
e qualitativo em termos de melhorias nas condições dos trabalhadores,
não só na escolaridade, mas em todos os âmbitos. Logicamente, os salários
também melhoraram.8
A primeira grande dificuldade do governo foi estabelecer o ritmo para
as mudanças econômicas e, em especial, para o processo de estatização. A
melhoria substancial das relações de trabalho nas indústrias que compunham
a APS gerou uma expectativa imensa por parte dos trabalhadores que, por sua
vez, passaram a multiplicar as ocupações para pressionar o governo a estati-zar
todas as empresas que ainda não fizessem parte da APS. Essa prática foi
muito estimulada por setores do Partido Socialista (PS), pelo Movimiento de
Acción Popular Unificado (MAPU) e pelo Movimiento de Izquierda Revolu-cionária
(MIR) por meio dos Cordones Industriales, que argumentavam que
o processo chileno deveria romper rapidamente com as antigas estruturas do
Estado capitalista.
Segundo Patrício Palma, diretor do Departamento de Indústria e Comér-cio
do governo Allende, uma das maiores dificuldades enfrentadas no processo
foi saber medir as expectativas dos trabalhadores e os limites do processo:
[...] esse foi um dos grandes problemas, precisamente, colocar limites aos pro-cessos
de ocupação de indústrias. Então, claro, aí se produz uma tensão, uma
contradição porque o processo não podia ir tão rápido, sem resolver alguns
problemas políticos. Então, tinha de ir explicando aos trabalhadores; às vezes,
claro, havia uma discussão com eles que diziam: “Por que os do lado sim e
nós não”. E tinham toda razão, mas também tínhamos razão, nós do governo,
para afirmar a eles: “É que não se pode ir mais rápido que aquilo que as forças
disponíveis no país permitem, porque isso significa criar uma fronteira de
6. inimigos e adversários, que colocam em risco isso e aquilo outro também”.
Então, esse era um problema muito difícil de resolver, o interesse particular
com o interesse coletivo; às vezes, se produzia esse conflito, nem sempre era
possível resolvê-lo bem.9
Para o governo era imprescindível constituir uma base política na qual
deveria se apoiar. Esse debate acabou por expressar a discussão sobre as dife-renças
políticas entre os partidos em relação à “via chilena para o socialismo”.
Não era, portanto, apenas um debate sobre a organização dos trabalhadores no
sistema produtivo, ou da própria estrutura do movimento sindical, mas como
novas práticas sociais poderiam impulsionar a transição para o socialismo.
Portanto, além de lidar com a expectativa pessoal do trabalhador, o
presidente Salvador Allende precisava buscar apoio entre os próprios parti-dos
da coalizão. Não havia unidade política sobre a “via chilena para o so-cialismo”.
Resumidamente, a UP se dividia em dois blocos principais. Um,
formado por Allende e pelos comunistas, que apesar de suas diferenças,
defendiam um processo de transição gradual, negociada e discutida com os
partidos de centro, uma vez que o governo não tinha maioria no parlamento
nem o apoio do sistema judiciário do país. Outro, formado principalmente
por setores do Partido Socialista que defendiam uma ruptura com o sis-tema
político, econômico e jurídico chileno vigente, iniciando, portanto,
a transição para o socialismo sem qualquer tipo de negociação e apoiada
no movimento popular. Essas duas posições provocaram tensões no movi-mento
popular hegemonizado por comunistas e socialistas, inclusive os que
atuavam na CUT e nos Cordones Industriales.
No final do ano de 1971, a política econômica do governo Allende já de-monstrava
sinais de esgotamento. Ao mesmo tempo, crescia a prática do mer-cado
negro perpetrado pelos principais comerciantes varejistas, a qual atingia
amplamente o consumo das classes mais baixas, que passaram a enfrentar
dificuldades para encontrar diferentes mercadorias, já em julho de 197110.
Os bairros populares foram os mais afetados pelo desabastecimento
que cresceu vertiginosamente durante o ano de 1972. As longas filas em
supermercados e armazéns eram uma realidade cotidiana. O governo orga-nizou,
com apoio massivo dos movimentos populares, por meio de trabalho
voluntário e da atuação de órgãos governamentais, um sistema de fiscali-zação
e de distribuição de mercadorias para garantir o abastecimento dos
armazéns nos bairros mais afetados. As longas filas para comprar gêneros
de primeira necessidade passaram a integrar o ritmo da vida cotidiana dos
chilenos, sobretudo das mulheres, e tornaram-se novos espaços de sociabi-lidade11.
O tempo que elas permaneciam nas filas era utilizado para discutir
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7. política, comentar sobre as dificuldades, os êxitos e o futuro do governo
popular, o que contribuiu para a politização das donas de casa.
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Assim como essa experiência específica, todos os espaços públicos do
país tornaram-se lugares para fazer e experimentar a política, bem como para
reivindicar e unir movimentos e organizações em defesa dos seus interesses
cotidianos. E, à medida que a oposição ao governo se tornava mais intensa, a
mobilização social e popular se multiplicava12.
A formação do primeiro Cordón Industrial
Diante dessa difícil conjuntura, no mês de abril de 1972, ocorreu a pri-meira
tentativa concreta de constituir uma colaboração política organizada en-tre
os diversos movimentos populares da região industrial de Cerrillos-Maipú.
Essa região destacava-se pela grande concentração de indústrias e acampamen-tos
populacionais, além de apresentar graves problemas, como a falta de infra-estrutura
mínima (transporte, escolas, posto de saúde etc.) e de abastecimento.
A região de Cerrillos-Maipú apresentava uma população de 117 mil habitantes,
segundo o censo de 1970, concentrava cerca de 46 mil operários que trabalha-vam
nas 250 indústrias responsáveis pela maior parte da produção nacional
de pneus, vidros, linha branca, manufatura de cobre, fibras têxteis, alumínios
e ainda era sede de um grande centro de distribuição de combustível para a
capital. Do total de greves ocorridas no primeiro semestre de 1972, 9% ocor-reram
em Maipú e 40% no setor industrial. Era, portanto, um local de grande
concentração operária. A população rural constituía 5% do total dos habitantes
da comuna. Havia ainda três sindicatos camponeses com mais de 400 membros
cada um e 22 acampamentos populacionais estabelecidos por meio de ocupa-ção
de terrenos, onde viviam 3.178 famílias13.
Em tese, era uma região com grande potencial de participação, pois
unificava as três bases de movimentos populares de maior tradição no país:
sindicatos industriais, sindicatos camponeses e movimento de moradores de
bairros populares.
Segundo Eder Sader, no mês de abril de 1972, a região de Maipú foi ce-nário
de frequentes mobilizações da população local que exigia melhorias no
serviço de transporte público. O Partido Socialista (PS) local convocou uma
concentração pública para debater uma plataforma política com as reivindica-ções
do setor e para organizar um Conselho Comunitário de Trabalhadores,
que reuniria representantes da região. Para dar impulso à mobilização fo-ram
criadas três comissões de trabalho com temas relacionados a transporte,
saúde e moradia. Essas comissões preparariam um documento contendo as
reivindicações a serem discutidas e aprovadas em um Cabildo Abierto, que foi
8. convocado para o mês de maio, sob o lema “La comuna en poder del pueblo”,
mas também teriam a função de articular a unidade programática de operá-rios,
moradores da região e camponeses da comuna14. Participaram desta ex-periência
todos os partidos de esquerda, com exceção do Partido Comunista
(PC). A mobilização e organização do Cabildo estiveram sob responsabilidade
dos movimentos populares, com destaque para os operários que viviam e tra-balhavam
na comuna. Participaram em média 400 pessoas e, como principal
deliberação, aprovaram a necessidade de “substituir ambos – a Municipali-dade
e o prefeito – por um organismo paralelo próprio dos trabalhadores, o
Conselho Comunitário”15. O conceito trabalhadores foi utilizado como fator
de unidade entre operários, moradores locais e camponeses e tentava romper
com a “atomização” das frentes de luta do operariado.
Apesar do êxito inicial da reunião, as reivindicações não foram atendi-das
nem a mobilização da população se manteve. As reivindicações de consu-mo
coletivo deixaram de ser fator mobilizador, o que repercutiu na mudança
de eixo político para construção do Conselho Comunitário, agora mais res-trito
às demandas sindicais e mobilizadas pelo “grupo politicamente mais
consciente”: o operariado16. Uma das razões apontadas pelo estudo do Centro
Interdisciplinar de Desenvolvimento Urbano e Regional (Cidu), para o refluxo
da mobilização ocorrida durante reunião do Cabildo Aberto, está justamente
relacionada à característica industrial da comuna conjugada à conjuntura que
colocou no centro da política nacional as questões relativas à área industrial e
à sua gestão interna. Assim, em função da importância da tradição do movi-mento
sindical chileno, era instintivo que os trabalhadores industriais quises-sem
tornar sua pauta política prioritária, além de atuarem preferencialmente
nas indústrias, e não no bairro. O estudo também aponta a falta de uma
organização que congregasse os moradores do bairro e pudesse dar direção e
continuidade ao movimento17.
Foi somente em junho de 1972, com o processo de greve e de ocupação
das indústrias Perlak (conservas de alimento), Polycron (química industrial
e fibras sintéticas) e El Mono (alumínio), organizada por sindicatos locais e
apoiada por militantes socialistas e miristas, que a população da comuna de
Maipú voltou a se mobilizar. Trabalhadores apresentaram denúncias contra
os proprietários das empresas de promoverem boicote da produção, prati-car
vendas no mercado negro, reduzirem a compra de matérias-primas e,
ainda, de ocultarem produtos, aumentando o desabastecimento. A principal
exigência era a intervenção do governo nas indústrias e a sua incorporação
na APS. A proximidade geográfica das empresas, o apoio fundamental da
população local e a crise nas negociações com o governo contribuíram para
a organização de um Comando de Coordenação de Lutas dos Trabalhadores
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9. do Cordón Industrial Cerrillos-Maipú, durante uma reunião em que partici-param,
49
em média, 30 empresas e militantes do PS, Frente de Trabalhadores
Revolucionários – Movimiento de Izquierda Revolucionária (FTR-MIR), Iz-quierda
Cristiana (IC), Movimiento de Acción Popular Unificado (MAPU),
Partido Comunista Bandera Roja (PCBR).
Os trabalhadores de diversas indústrias da região, apoiados por mora-dores,
ocuparam a Avenida Pajaritos, que dava acesso a Maipú e a Cerrillos,
no dia 30 de junho de 1972, em um ato solidário à reivindicação do movimen-to.
Aproveitando o momento de grande mobilização, solicitaram novamente a
melhoria dos serviços públicos no bairro: transporte, habitação e saúde. Nessa
ocasião, todo o território ficou sob controle dos trabalhadores e as barricadas
permaneceram montadas, até que funcionários do governo levaram o decreto
de requisição da empresa Perlak e asseguraram dar continuidade ao processo
de intervenção em todas as outras.
Salvador Allende condenou energicamente esse tipo de manifestação,
de obstrução de vias públicas e ocupação de indústrias, por ser empregada
contra um governo popular, definindo a mobilização como uma provocação
estimulada por setores contrários ao governo, por agentes ultrarrevolucioná-rios
que ajudavam os conspiradores internacionais e por parte de uma esquer-da
equivocada18. Para o governo, esse tipo de atuação só ajudava a fortalecer o
discurso da direita política que tentava a todo custo desestabilizar o processo.
Ainda afirmava que os trabalhadores precisavam ter tranquilidade, porque a
via chilena para o socialismo era um processo que requereria tempo para as
transformações, além de uma política de alianças sólidas, entre trabalhadores
e setores da burguesia.
Apesar de algumas exceções pontuais e de conjuntura, a articulação do
movimento de moradores dos bairros populares com as lutas operárias até
então praticamente inexistia. Enquanto o primeiro movimento era bastante
setorializado e com reivindicações vinculadas, principalmente, à questão da
moradia, à reorganização urbana e à necessidade de implantação de serviços
sociais, o movimento sindical chileno preocupava-se, sobretudo, com os ob-jetivos
econômicos e as melhorias trabalhistas.
O Comando de Coordenação de Lutas dos Trabalhadores do Cordón
Industrial Cerrillos-Maipú19 divulgou uma plataforma política contendo 12
pontos, que buscava articular pautas comuns entre camponeses, comunidade
e operários, já pensando na organização de um futuro conselho comunitário
(Consejo Comunal): apoiavam o governo e o presidente na medida em que ele
representasse as lutas e mobilizações dos trabalhadores; exigiam uma série de
itens, tais como, a expropriação das empresas monopólicas, assim como da-quelas
que não efetivassem os compromissos trabalhistas; o controle operário
10. da produção por meio da constituição de conselhos de representantes eleitos
pela base; o aumento dos salários; a dissolução do Parlamento; a instalação da
Assembleia Popular; a criação da Empresa Estatal da Construção com controle
da comunidade e de operários; a ocupação de todos os fundos expropriados e
controle camponês por meio do conselho de delegados (representantes); e, por
fim, a solução imediata da situação das famílias que viviam em acampamentos20.
Os pontos da plataforma também demonstravam a influência determinante de
setores do PS e do MIR na articulação das demandas que ultrapassavam as po-líticas
do governo e os canais tradicionais do movimento sindical.
Apesar de a plataforma política incorporar alguns pontos que extrapo-lavam
as demandas relacionadas diretamente à produção, ao longo do tempo
elas se transformaram mais em retórica que propriamente em reivindicações
centrais para o Cordón Industrial. Como reafirma Sader, “a luta pela Área
de Propriedade Social tem sido a causa por onde tem passado a energia do
proletariado”21. Assim, o processo de estatização das indústrias mudou par-cialmente
o perfil de mobilização social. Mais que reivindicar aumentos sa-lariais
ou outros benefícios econômicos, a estatização dos meios de produção
tornou-se a principal pauta do movimento, e as ocupações das indústrias
eram utilizadas para pressionar o governo a estatizá-las, mesmo que não esti-vessem
dentre as prioridades da UP.
Apesar da aparente mobilização do Comando de Trabalhadores de Cer-rillos-
Maipú, o afastamento do Partido Socialista do centro das ações, no final
de julho de 1972, acabou por debilitá-lo, uma vez que o PS era o partido mais
representativo e organizado no movimento operário depois do PC, que não
participou organizadamente, até julho de 1973, desses movimentos22.
Porém, a mobilização permaneceu em cada indústria, principalmente
naquelas que não obtiveram êxito nas negociações com o governo no processo
de intervenção. Apesar do potencial político, o Comando se mostrou limitado
em relação à sua capacidade de unificar as demandas e as formas de atuação
dos trabalhadores industriais com as comunidades. Como afirma Sader, “no
entanto, as perspectivas apontadas no Cabildo não haviam amadurecido”23. O Co-mando
de Trabalhadores acabou por se tornar, na prática, uma articulação
entre os sindicatos; contudo, significou o rompimento da confiança absoluta
do operariado na ação do governo. o qual primava pelo respeito aos limites
do Estado de direito. Os trabalhadores passaram a pressionar ativamente o
governo, a partir da ocupação de indústrias, para que as mudanças fossem
feitas em função exclusivamente das suas necessidades.
Somente com a greve patronal de outubro de 1972, o Comando de Tra-balhadores
se rearticulou entre os sindicatos industriais de Cerrillos-Maipú,
passando a ser denominado de Cordón Industrial Cerrillos.
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11. 51
A greve de outubro de 1972 e a organização
de novos Cordones Industriales
Em outubro de 1972, a greve deflagrada por sindicatos patronais pa-ralisou
o sistema de transporte, produção e distribuição de diversos produ-tos
no país24. Estava claro que a burguesia chilena tentava criar uma grande
desestabilização nacional, que afetasse todas as classes sociais, para gerar as
condições necessárias para a destituição do presidente Allende. A melhor es-tratégia
encontrada foi justamente utilizar os dois pontos centrais da política
do governo da UP na contraofensiva: a economia e a mobilização social. Para
a direita política e setores da Democracia Cristã (DC), bloquear a distribuição
de todo o tipo de matéria-prima e de bens de primeira necessidade resultaria
no aprofundamento da crise econômica, forçando setores das próprias Forças
Armadas a tomar uma posição mais dura diante do governo. O intuito era
afetar de uma só vez a produção, a distribuição e o consumo de toda a popu-lação.
Seria, portanto, uma das maiores crises que o país vivenciaria. O pla-no
ainda se completava com a organização de uma base social antiallendista
ativa, que deveria ocupar as ruas do país, contra o governo. Pela primeira vez
a pequena burguesia experimentou sua força de massas, com mobilizações,
passeatas e pressão social25. As manifestações callejeras (de rua) já não eram
mais ações exclusivas da esquerda.
A primeira reação dos trabalhadores nas empresas privadas e públicas
foi permanecer em seus postos de trabalho para dar continuidade à produ-ção.
Por meio do trabalho voluntário, se juntaram a eles estudantes, donas de
casa, desempregados etc., para organizar um sistema de produção, transporte
e distribuição das mercadorias para os bairros populares. As empresas e dis-tribuidoras
que estavam sob o controle do Estado intensificaram a produção,
dentro dos limites da matéria-prima disponível.
Nas indústrias privadas, em que os proprietários aderiram à paralisa-ção,
os operários, além de continuar trabalhando, nomearam seus próprios
administradores, desenvolvendo inclusive um processo particular de partici-pação
interna. Foram organizados em todas as indústrias Comitês de Vigilân-cia
permanentes para impedir sabotagens e boicotes por parte de empresários
e de trabalhadores antiallendistas. Destacamos também ações como: troca de
produtos, de matérias-primas e de mão de obra especializada entre as indús-trias;
organização de uma rede de comércio nos bairros populares; sistema de
transporte alternativo e instalação dos Comitês de Vigilância.
O impulso imediato de solidariedade no setor produtivo chileno, em
outubro de 1972, teve traços espontâneos, no sentido de os trabalhadores se
disporem a continuar trabalhando prontamente em defesa do governo, por
12. meio de iniciativas locais, sem prévia articulação nacional organizada pela
Central Única de Trabalhadores, UP, sindicatos ou associações. No entanto,
logo após a reação popular, CUT e partidos políticos se juntaram a eles para
coordenar as ações de forma mais organizada e, também, para obter o contro-le
político dessas áreas.
Foi uma mobilização que impressionou a todos, inclusive aos partidos
da UP. Os trabalhadores se uniram em defesa de interesses comuns e ime-diatos
representados pela necessidade do retorno à normalidade do abasteci-mento,
do transporte e restabelecimento dos serviços de saúde26. Ao mesmo
tempo, foi uma demonstração de apoio ao governo Allende.
Essa experiência, de algum modo, também possibilitou maior envol-vimento
entre os próprios trabalhadores na medida em que precisaram se
unir, mesmo diante das diferenças políticas, para assumir diretamente os ser-viços
paralisados. Deste modo, a mobilização popular demonstrou um salto
qualitativo em termos de unidade, consciência, capacidade de organização e
aprendizado político das massas populares. Segundo a revista Mayoría (1972),
a resposta popular não só significou a solidariedade entre diversos setores da
sociedade, mas representou atitudes concretas por parte dos trabalhadores
das indústrias para estabelecer canais alternativos de organização, distribui-ção
e venda dos produtos.
Segundo Tomás Moulian, durante o governo da UP e, sobretudo, nos
períodos de maior crise, o Chile viveu uma “paixão cívica”27. O fenômeno
do povo militante tinha a ver com a experiência da democracia de massas
impulsionadas pela UP, de estimular a discussão e as decisões em espaços de
convivência coletiva, fazendo com que os trabalhadores se sentissem como
sujeitos ativos e participantes dos processos de decisão. A política havia dei-xado
o campo dos dirigentes para envolver todos os trabalhadores.
A imprensa da época relatava os diversos casos existentes de protago-nismo
da classe trabalhadora para defender o “seu governo”. Exemplificare-mos
com um trecho do relato de um trabalhador da empresa Madeco:
Aqui está todo mundo na luta contra a paralisação da burguesia. Temos re-dobrado
a produção, assegurando o abastecimento de matérias-primas. A as-sembleia
geral dos trabalhadores resolveu criar três turnos de vigilância e se
encontra permanentemente informada do curso da situação para atuar pron-tamente.
Organizaram-se grupos de 30 companheiros para as tarefas de carga
e descarga em qualquer indústria que estiver precisando, além de grupos para
a proteção industrial. Fizemos uma lista interna de 75 motoristas, mecânicos
e carpinteiros que estavam à disposição do governo para trabalhar onde esti-vesse
faltando mão de obra [...].28
Nº 6, Ano 5, 2011 52
13. 53
O nível da mobilização popular foi tão alto que, sem dúvida, ultrapas-sou
as medidas legais tomadas pelo governo que enfrentava o problema do
ponto de vista legal, mas não resolvia as questões referentes à regularização
dos serviços para a população. O governo, então, parabenizou e reafirmou
a importância do trabalho “militante” de técnicos, profissionais, trabalha-dores
de transporte e trabalhadores partidários da UP e solicitou que conti-nuassem
desempenhando as tarefas mais importantes não cumpridas pelos
grevistas, recorrendo, portanto, à iniciativa de massas e à disciplina militan-te
para superar o problema. Entretanto, as felicitações aos setores populares
por Allende, num primeiro momento, não incluíram o reconhecimento dos
Cordones Industriales.
Esse período de crise, simbolizado pela greve patronal, provocou a re-organização
do Cordón Cerrillos e estimulou a formação de tantos outros ao
longo do governo popular, como, por exemplo, o Cordón Vicuña Mackenna,
Cordón San Joaquín, Cordón Vivaceta, Cordón Centro, O´Higgins, Macul e
Mapocho-Cordillera, dentre outros. Os Cordones se caracterizaram, naquele
momento, pela articulação e coordenação de sindicatos de uma mesma zona
territorial que assumiram a ocupação de indústrias e o controle operário des-de
a produção até a distribuição de mercadorias.
Também, em outubro, se desenvolveram os Coordenadores Comunales ou
Comitês de Base, que, após a greve patronal, seriam denominados Comandos
Comunales. Esses organismos tinham como base a articulação dos “pobres da
cidade e do campo”, ampliando a articulação do extrato social para além do
operariado. Entretanto, sua atuação não teve tão grande repercussão e capa-cidade
de mobilização quanto os Cordones Industriales. Dos partidos que in-tegravam
a UP, somente o PC não participou desses Comandos por entender
que as entidades já existentes (CUT, Juntas de Abastecimento e Preços (JAPs),
Juntas de Vecinos, Centros de Madres etc.29) deveriam ser reforçadas.
Os Cordones passaram a integrar uma rede de resistência à paralisação
formada pelos Comandos Comunales, JAPs, Juntas de Vizinhos, entidades
estudantis, dentre outras organizações, que procuraram desenvolver ativida-des
como abastecimento (entrega de alimentos e produtos de primeira neces-sidade),
defesa (sistema de vigilância nos bairros e nas indústrias), transporte
(organizavam locomoção coletiva a partir de carros e caminhões das próprias
empresas para transportar, prioritariamente, os trabalhadores e para realizar
o escoamento da produção), gerando expressões de poder popular local.
Emergiu, nesse período, uma nova vanguarda operário-militante cons-tituída
principalmente por jovens trabalhadores, especialmente, das empresas
da área social e mista que desafiaram os antigos sindicalistas já acostumados
com a forma tradicional de militância política.
14. Hernán Ortega, presidente do Cordón Cerrillos e interventor na indús-tria
Aluminios y Enlozados Fantuzzi, afirma que a organização dos Cordones
foi favorecida pela criação das três áreas da economia: nacionalizada, mista e
privada. A área social acabou exigindo dos trabalhadores, dos sindicalistas e
dos partidos políticos um nível distinto de organização em função dos novos
desafios que a classe trabalhadora deveria assumir na gestão das empresas.
Esse processo elevou os níveis de discussão, de participação e de elaboração
política no interior das indústrias. Era necessário criar novos conceitos de
administração, organizar os comitês de participação e ampliar as bases de
sustentação dessa nova política30.
Esse processo, segundo Ortega, também influenciou na atuação do
Cordón Cerrillos, uma vez que “la gente” pressionava para que as ações da via
chilena fossem mais rápidas e, por isso, passara a adotar a estratégia de ocu-par
todo o tipo de indústrias para pressionar o governo a estatizá-las. Em ou-tras
palavras, o próprio governo, ao instituir a APS, possibilitou ao operariado
reorganizar sua atuação e suas reivindicações políticas, as quais, ao longo do
período, assumiram um caráter distinto dos marcos propostos pelo governo,
o qual, por sua vez, pressupunha respeito às leis vigentes.
Duas formas se destacaram como estímulos à organização dos Cordo-nes:
a) um primeiro se desenvolveu a partir da interlocução entre sindicalis-tas
para dividirem experiências e desenvolverem ações de solidariedade às
ocupações, para troca de produto, matéria-prima e, inclusive, intercâmbio
de trabalhadores mais especializados. Nesse sentido, a participação dos sin-dicatos
e da sua tradição política foi fundamental para articular os Cordones
Industriales; b) um segundo, foi o papel desempenhado por partidos políti-cos,
sobretudo pelo PS e, em menor escala, pelo MIR, na constituição dessa
nova articulação popular. O PS tinha uma grande influência no movimento
sindical e representava a segunda maior força política na CUT, perdendo so-mente
para o PC, que, até meados de junho de 1973, se recusou a orientar
oficialmente a militância a participar desses organismos, por entender que
representavam paralelismo à CUT.
Os relatos a seguir demonstram algumas experiências de como se orga-nizaram
alguns Cordones Industriales, ressaltando a importância da atuação
dos sindicatos e dos partidos políticos no processo:
Nós entendíamos que os Cordones Industriales eram a expressão política dos
sindicatos, das federações, das confederações; que eram a instância reivindi-cativa
dos trabalhadores, mas na situação em que se estava vivendo, tínhamos
de passar para a parte política. Então, o Cordón era a parte política, a repre-sentação
política do sindicato.31
Nº 6, Ano 5, 2011 54
15. 55
Em Vicuña Mackenna havia muitas empresas. E começaram a ver a necessida-de
de estarem unidos, de estabelecerem uma relação de solidariedade entre os
sindicatos, em todas as partes e, assim, fomos criando os Cordones Industria-les.
Os mesmos sindicatos se juntavam, nomeavam uma direção do Cordón,
que era composta por sindicalistas e aí, sucessivamente, foram criando mais
e mais Cordones [...].32
A posição desses trabalhadores reforça a ideia de que os Cordones re-presentaram
um hibridismo entre organizações sindicais e representantes po-líticos.
Nesse sentido, a partir de novembro, houve uma mudança sistemática
de perfil do Cordón se comparado com a primeira formação do Comando de
Cerrillos. A prioridade nesse momento deixou de ser a interlocução privilegiada
com os bairros próximos. A unidade entre os sindicatos e a definição de uma
pauta comum entre eles tornou-se a essência dos Cordones Industriales.
Mas parece ter havido certo consenso que a atuação política dos Cor-dones
iria além daquela tradicional dos sindicatos. As ações mobilizadoras
relacionadas aos benefícios econômicos da classe ficariam sob responsabili-dade
do sindicato, enquanto os Cordones fariam a mobilização “política”. Os
Cordones significaram sem dúvida uma novidade em termos de organização
social de base, uma vez que inovaram na metodologia organizativa: a organi-zação
por espaço territorial havia superado a organização por atividade pro-dutiva,
conforme se consolidou a atuação de todas as centrais sindicais chile-nas,
gerando uma interlocução privilegiada entre sindicatos e trabalhadores.
A forma como estavam organizados os Cordones e a maneira como se
relacionavam com as empresas vizinhas demonstravam também uma alterna-tiva
e um complemento necessários à política da UP. De fato, a coordenação
entre setores produtivos de uma mesma região e de bairros populares era um
desafio fundamental que nem a CUT nem o governo haviam alcançado. Ha-via,
portanto, um fértil terreno de mobilização social a ser explorado que só
se consagrou em outubro de 1972.
Assim, os Cordones Industriales demonstravam que, a partir da luta pela
estatização das indústrias e do controle operário da produção, os trabalhado-res
poderiam exercer maior poder de decisão local, conjugado com a política
geral do governo. A proposta era unir, a partir de uma coordenação política, as
organizações de bairro de uma região, como ocorreu na paralisação patronal
em outubro. Em outras palavras, a proposta era reorganizar as tarefas dos mo-vimentos
populares, com vista à construção do poder popular.
Os militantes sindicalistas do PS intensificam sua participação organizada
nos sindicatos, escolhendo os Cordones como meio para aplicar a sua política de
enfrentamento de classes. Foram, portanto, os sindicatos industriais com maior
16. participação socialista que se dedicaram a construir os Cordones Industriales e
que, até o golpe militar, dirigiram a maioria desses novos mecanismos.
Logo após a greve patronal, o governo, com apoio da CUT, solicitou a de-socupação
das empresas privadas não prioritárias ao governo, o que repercutiu
negativamente entre os trabalhadores. Estes realizaram uma série de protestos
contra a decisão do governo, estimulados por setores políticos rupturistas, den-tre
eles o PS e o MIR. As direções dos Cordones criticavam Allende por conti-nuar
preso à linha gradualista, mesmo após a paralisação de outubro de 1972 e
as provocações da direita política para desestabilizar o governo.
Existia, portanto, uma contradição latente entre as posições dos Cordo-nes
Industriales. Por um lado, apoiavam Allende publicamente nos momentos
mais difíceis, sem qualquer tentativa de ultrapassar o processo. Por outro, or-ganizavam
canais próprios de mobilização, alternativos àqueles organizados
pelo governo, chamando para uma radicalização popular e mudança da linha
gradualista do governo para a linha rupturista. Aqui se encontra um limi-te
dos Cordones Industriales. Apesar do discurso radicalizado, continuaram
respeitando a institucionalidade e o governo como elementos necessários para
superar o Estado capitalista.
Sem dúvida, a principal discussão pós-outubro esteve relacionada a
como construir o poder popular e conquistar de fato o poder político. Esse foi
um legado instigado pelo processo de organização dos Cordones Industriales
e provocou mudanças de postura do governo popular. Se, até novembro de
1972, a discussão da implantação da Assembleia do Povo e mesmo da edifica-ção
do poder popular estavam relegadas às últimas prioridades governamen-tais,
a partir desse momento, passaram a fazer parte da pauta pública da UP.
O problema era que cada partido da base política da coalizão apresen-tava
posições distintas sobre o conceito de poder popular e a forma como
deveria ser instituído.
No entendimento de Salvador Allende, em hipótese alguma outro tipo
de poder poderia se sobrepor àquelas representações reconhecidas por seu
governo. Para ele, consolidar e ampliar o poder popular supunha vitalizar os
partidos populares sobre uma base de unidade política, assim como fortalecer
as entidades populares. No entanto, ressaltava a importância do papel dos
sindicatos, que tinham a característica de dar unidade à classe trabalhadora,
e, portanto, deveriam ser um dos pilares fundamentais do governo.
Para o PC e sua linha política gradualista, o poder popular expressava
a participação das massas em organizações já constituídas historicamente,
com o objetivo de defender e colaborar com o governo Allende. Segundo o
presidente do PC, Luis Corvalán, o poder popular deveria ser “formado por
representantes de todas as organizações de massas que querem aderir a ele
Nº 6, Ano 5, 2011 56
17. (...) em colaboração com as autoridades do governo com vistas à solução de
problemas que interessam a toda a população”33. Apesar do seu caráter de
massa, o poder popular estava diretamente ligado à representatividade das or-ganizações
57
existentes e à sua adesão ao governo. O PC se afastava de qualquer
discurso ou prática de utilizar tais organizações para se sobrepor ao governo
ou criar outras instâncias, como nova forma de poder.
Para o MIR, de modo geral, o processo revolucionário chileno passava
pela teoria da dualidade de poderes, sendo o processo vivenciado conceituado,
inclusive, como um estágio pré-revolucionário. O poder popular representava
a organização “autônoma” das massas populares a partir de novos órgãos de
poder, como os Comandos Comunales, que uniam os “pobres do campo e da
cidade”. Assim, o poder popular deveria ser concebido como uma via alternati-va
ao governo da UP para impor um “verdadeiro” governo dos trabalhadores34.
Para setores do PS ligados a Carlos Altamirano, o poder popular seria
uma espécie de “gérmen” de poder emanado do povo e teria sua origem a
partir da criação ou articulação de organismos de apoio ao Governo Popular,
que deveriam ganhar autonomia, ampliar objetivos e tomar consciência das
suas possibilidades até se tornar um poder real. Assim, segundo o próprio do-cumento
aprovado internamente em fevereiro de 1972, o poder popular não
seria instituído por um ato supremo do governo, mas a partir da atuação das
massas no decorrer da luta de classes35. As reformas que resultassem da ação
das massas teriam potencialidade revolucionária, enquanto as superestrutu-rais
tendiam a deformar o processo, transformando o governo em reformista,
burocrático e paternalista. Portanto, rompiam com todos os preceitos da pro-posta
da UP para o processo.
Essas diferenças de conceituação do poder popular refletem também as
diferenças políticas entre os dois principais partidos da UP. Fato que Allende de-clarava
como gravíssimo, uma vez que explicitava as divergências entre a condu-ção
dos movimentos populares e a base do governo. A ausência de uma relação
política entre Cordones e CUT até junho de 1973 representava um exemplo das
divergências dos partidos políticos da coalizão no movimento popular.
Forma de organização e principais reivindicações
A diversidade interna entre os Cordones Industriales produziu uma
dificuldade de estabelecer uma mesma metodologia organizativa. Não havia,
portanto, uma forma padronizada para a eleição da direção do Cordón e dos
representantes das indústrias que compunham cada um deles. As reuniões
aconteciam de acordo com a demanda conjuntural e, geralmente, não havia
uma pauta política pré-definida.
18. No entanto, no primeiro semestre de 1973, os Cordones tentaram
adotar um modelo orgânico comum, com variáveis locais, que englobava: a)
Assembleia de Trabalhadores de cada indústria ou empresa por Cordón; b)
Conselho de delegados do Cordón; c) Direção do Cordón Industrial, escolhi-da
por eleição no Conselho de Delegados. A Direção englobava o presiden-te
e as secretarias de organização, agitação e propaganda, defesa, cultura e
imprensa36. Cada fábrica que pertencia a um Cordón elegia, de acordo com
os critérios estipulados internamente, representantes que participariam das
assembleias de delegados. Estes não precisavam ser necessariamente sindica-listas
ou militantes políticos. Em alguns casos, os representantes eram eleitos
em assembleias nas próprias indústrias e, em outros, eram indicados pelos
sindicatos ou partidos políticos. Geralmente, respeitava-se a correlação de
forças partidárias dentro da indústria, ou seja, o partido que tivesse maioria
de representantes no sindicato teria maioria de delegados. E, como afirmou
um trabalhador do Cordón San Joaquín, os representantes eram “militantes,
quadros políticos experientes”37.
A assembleia do Cordón era um fórum deliberativo e de discussão das
principais pautas políticas que, posteriormente, deveriam ser informadas
pelos representantes dos sindicatos às suas respectivas bases. Não havia,
portanto, uma assembleia única entre a direção e todos os trabalhadores
das empresas.
Alguns participantes da época afirmavam que a relação entre o conjun-to
dos trabalhadores e a direção do Cordón praticamente inexistia, já que a
base nas empresas não participava diretamente das decisões tomadas. Havia,
segundo relatos, uma posição de confiança entre base e líderes, por isso não
havia maiores conflitos. As assembleias também eram abertas a qualquer par-ticipante,
mesmo àqueles trabalhadores que não eram delegados das indús-trias.
Com o desenvolvimento dos Cordones e a polarização da conjuntura
política, os representantes das comunidades próximas começaram a partici-par
das assembleias de delegados para atuarem conjuntamente.
As discussões faziam referência principalmente à conjuntura política
e aos processos de ocupação de indústrias. O Cordón não discutia questões
sobre o processo produtivo, relações de trabalho, nem questões salariais, as
quais, historicamente, eram as pautas que mais mobilizavam os trabalhado-res.
Essas discussões ficavam a cargo do sindicato, até porque os novos or-ganismos
tinham como principal característica sua diversidade, em função
da sua opção de organizar-se territorialmente. Em vez de apresentarem uma
série de reivindicações comuns entre indústrias do mesmo ramo produtivo,
agora a plataforma demonstrava apenas os consensos entre as pautas políticas
dos representantes das indústrias.
Nº 6, Ano 5, 2011 58
19. 59
As principais reivindicações comuns entre os Cordones Industriales
eram: estatização das empresas ocupadas desde a greve patronal de outubro
de 1972; representação direta e democrática dos trabalhadores nas empresas;
organização de abastecimento direto; construção de mecanismos de defesa à
produção e ao governo popular; cooperação e articulação entre as lutas das
diversas indústrias de um mesmo setor e, posteriormente, entre os próprios
Cordones Industriales; e, finalmente, constituir os Comandos Comunales e
Cordones Industriales como germens do poder popular alternativo.
Inicialmente, Salvador Allende criticou em comunicado público a pos-tura
dos Cordones Industriales e Comandos Comunales de se colocarem
como um poder popular alternativo ao governo. Reafirmou que eles deveriam
se organizar em conjunto com as entidades historicamente constituídas no
movimento social e em conjunto com os instrumentos criados pelo governo.
Entretanto, pela crescente mobilização e polarização política, o governo pro-curou
dialogar com os Cordones e, no dia 30 de janeiro de 1973, o próprio
presidente Allende se reuniu com alguns dirigentes de Cerrillos para buscar
um entendimento, principalmente relacionado à política de ocupação de in-dústrias.
Allende afirmou sua admiração pelas novas organizações, mas criti-cou
algumas de suas ações, declarando que seu governo estava “a serviço do
país e de todo o povo e não de um setor determinado”38.
Apesar das pautas radicalizadas, os Cordones não desenvolveram, na
prática, nenhuma política em oposição ao programa de governo, tanto que, na
carta escrita pelos Cordones Industriales a Allende no dia 5 de setembro de
1973, às vésperas do golpe militar, reafirmavam que esperavam do governo a
aplicação total do programa da UP. As principais reivindicações estavam rela-cionadas
com a necessidade de acelerar o processo e não de criar mecanismos
distintos dos previstos pela UP.
Nesse sentido corroboramos a tese do sociólogo Julio Faúndez39, para
o qual os Cordones não significaram uma alternativa ou poder paralelo ao
governo, mas se constituíam em elementos fundamentais de mobilização po-pular,
o que era absolutamente compatível com suas propostas e declarações.
Portanto, antes utilizavam os marcos do programa da UP e do governo para
exigir maior agilidade e radicalidade em sua aplicação, do que propor rompi-mentos
com os parâmetros estabelecidos pelo programa.
Em 1º de fevereiro de 1973 foi divulgada no jornal Tarea Urgente a pri-meira
plataforma de luta conjunta dos Cordones Industriales do período, com
as principais bandeiras e orientações para os trabalhadores das diversas in-dústrias
que compunham o movimento. Algumas delas eram contraditórias
às orientações do governo, o que aumentou a tensão existente com o presi-dente
Allende e os setores gradualistas:
20. 1. Lutar pela estatização de todas as empresas que fabriquem produtos de
primeira necessidade, alimento e indústrias de construção; 2. lutar pela ex-propriação
imediata das grandes distribuidoras privadas; 3. construir o con-trole
operário da produção no setor privado e controle popular no sistema de
distribuição; 4. constituição dos Comitês de Vigilância em todas as empresas
privadas; 5. não devolução de nenhuma indústria que esteja ocupada por
trabalhadores e retirada imediata do projeto Millas;40 6. distribuição direta
por meio de Armazéns Populares; 7. formação de uma comissão bipartite,
governo-povo, que tenha o controle do sistema de planificação, execução e
controle de abastecimento; 8. poder de sanção para as JAP e para os Coman-dos
Comunales para que se controlem e castiguem os comerciantes envol-vidos
no mercado negro e na especulação dos preços; 9. trabalho estável e
seguro para os trabalhadores da construção; 10. criação da empresa estatal
para a construção que leve a um sistema único de planificação; 11. defesa dos
meios de comunicação que apoiam a luta revolucionária dos organismos de
poder dos operários, pobladores [moradores de bairros populares] e campone-ses;
12. chamamento a todos os trabalhadores para constituir os Comandos
Industriales e Comandos Comunales.41
Dentre todas as propostas apresentadas nessa plataforma conjunta de
alguns Cordones Industriales, destacamos as questões relacionadas ao con-trole
popular da distribuição direta e da comercialização de mercadorias à
população. Essas, de fato, foram as pautas que mais unificaram os diversos
movimentos e organizações políticas presentes nos bairros e nas indústrias.
Na prática, o sistema de distribuição direta funcionava principalmente
por meio das Canastras Populares, que recebiam determinadas cotas de bens
de consumo entregues pelo Departamento Nacional de Abastecimento (Dinac)
ou pelas Agências Graham42. Os bairros possuíam representantes por quadra
que retiravam os alimentos que correspondiam à sua área de representação
para, então, entregarem aos seus representados. Outra forma de abastecimen-to
“direto” eram os Armazéns do Povo, organizados em uma espécie de coo-perativas
para venderem mercadorias diretamente à população. Os Cordones
Industriales, geralmente, realizavam aos domingos uma feira popular para
vender produtos com preços referentes ao custo da produção.
Esses tipos de ação esbarravam na oposição do governo, que era favorá-vel
à criação de armazéns populares somente em lugares onde não houvesse
comércio local estabelecido, para privilegiar os pequenos comerciantes que
continuavam apoiando o governo.
Segundo o depoimento de Marcel Carrasco43, o governo se preocu-pou
muito com as políticas de estímulo à produção, por meio da campanha
Nº 6, Ano 5, 2011 60
21. “batalha pela produção”, dando pouca atenção ao sistema de distribuição,
um dos maiores problemas para o conjunto da população nos bairros da
classe baixa. Com exceção das JAPs, o governo pouco inovou em relação
a essa área. Segundo Marcel, nos Cordones Industriales, os trabalhadores,
por iniciativa própria, passaram a boicotar as vendas em grande quantida-de
61
para poucos comerciantes, porque sabiam que esses produtos estavam
destinados ao mercado negro. Ele pontua que a preocupação dos Cordones
Industriales era organizar efetivamente uma rede direta de distribuição po-pular
para diminuir a demanda da população mais necessitada:
A maioria das pessoas trabalhava voluntariamente nos Cordones Industriales
nos dias de sábado e domingo, descarregando os trens com os produtos que
chegavam de outras regiões. Chegava açúcar, farinha, cebola e uma série de
outros produtos que você via que existiam em grande quantidade e, depois,
ninguém os via no comércio. Isso foi provocando também uma frustração em
muita gente, uma vez que estava dando seu tempo, estava se dedicando e ao
mesmo tempo não estava vendo os frutos do seu trabalho voluntário que era
justamente ajudar a distribuir as mercadorias para o comércio local, para que
não faltasse nada para os chilenos.
Esse problema de abastecimento durou praticamente todo o governo
popular, desgastando-o diante da própria base política. As diversas ações rea-lizadas
nos bairros populares conjuntamente com as Agências de Distribuição
do governo, com alguns Cordones Industriales e com Conselhos Camponeses
amenizaram, mas não resolveram o problema.
Os meses que antecederam o golpe militar de setembro de 1973 foram
marcados por uma grande polarização política dentro da própria esquerda e
entre a esquerda e a direita política, assim como pelo fortalecimento da atua-ção
popular dos Cordones Industriales, que aumentaram as ações de ocupa-ção
de indústrias e mobilizações nas ruas do país. Em junho de 1973, os Cor-dones
radicalizaram o discurso e passaram a exigir do presidente a dissolução
do parlamento e dos tribunais de justiça do país, como condição fundamental
para continuidade do processo de abrir caminho ao socialismo. Mais uma vez
Allende negou tal possibilidade, reafirmando que a revolução chilena se faria
com pluralismo, democracia e liberdade.
O primeiro levante militar ocorrido no dia 29 de junho de 1973 de-monstrou
articulação e unidade política do operariado por meio dos Cordo-nes
Industriales e CUT. Assim que souberam do levante, os trabalhadores
imediatamente ocuparam fábricas, montaram brigadas de choque, organiza-ram
comitês de vigilância no interior da fábrica e nos bairros próximos. Nos
22. dias seguintes, os Cordones Industriales experimentaram um ciclo de mobili-zações,
agitação e de debates internos direcionados para a defesa do governo
frente a uma nova tentativa de golpe militar. O Cordón Vicuña Mackenna
divulgou uma declaração no dia 9 de julho de 1973, que explicita a dimen-são
dos fatos: “Os trabalhadores não devem perder nem um minuto. Vamos
nos preparar para repelir o próximo golpe”. Muitas indústrias permaneceram
ocupadas e administradas pelos próprios trabalhadores, apesar da pressão
de Allende e da CUT para a devolução das empresas, assim como ocorreu na
paralisação de outubro de 1972. Novamente essa atitude foi condenada pelos
trabalhadores e pelos Cordones Industriales, que, por intermédio de Hernán
Ortega, presidente do Cordón Cerrillos, declarou:
Nós temos sido leais à CUT e ao governo, e não podemos permitir que utili-zem
a classe trabalhadora e só se lembrem dela em algumas conjunturas. Nós
respeitamos a CUT como organismo máximo da classe, mas exigimos que ela
respeite as organizações que a própria classe está organizando.44
No entanto, no dia 11 de setembro de 1973, nenhuma organização po-pular
teve condições efetivas de enfrentar a força dos militares que, sorratei-ramente,
tramaram a ação para derrubar o presidente Allende.
Não há dúvida que o protagonismo popular vivenciado durante o go-verno
de Salvador Allende foi único na história do Chile. Refere-se não so-mente
aos organismos de participação criados pelo governo, como os comitês
dentro das fábricas e no campo, mas principalmente às novas formas de or-ganização
construídas durante o processo. Os Cordones Industriales repre-sentaram
uma dessas novas formas de atuação que se organizaram como uma
experiência de solidariedade de classe com a própria classe e com o governo
popular, em um momento radicalizado da política chilena. Como afirma o
trabalhador Joaquín Abarzua Leon, durante a experiência chilena foi possível
vivenciar ações políticas inovadoras, principalmente entre os trabalhadores
do país, já que pela primeira vez na história foi possível “passar de um operá-rio
explorado e submisso a um ator social que decidia o que fazer dentro da
indústria. Era algo notável”45.
A historiadora Maria Angélica Illanes valoriza a organização dos Cor-dones
Industriales pelo protagonismo dos trabalhadores que tomaram em
suas mãos a produção e articularam com a população dos bairros próximos
uma ação ampliada para sanar o problema de distribuição. Para a autora, essa
experiência dos Cordones permite demonstrar a capacidade protagonista da
classe trabalhadora e do povo chileno ao longo da história do país. Sem dúvi-da,
foram expressões da capacidade política da organização operária e de luta
Nº 6, Ano 5, 2011 62
23. por uma nação livre e democrática, além de demonstrarem sua capacidade
“de se organizar rapidamente, mesmo sob circunstâncias de pressão política
que desafiava o projeto político da época, assim como do progressivo e volun-tarioso
63
desenvolvimento do seu espírito de classe”46.
Se para alguns atores políticos o Cordón significava o desenvolvimento
de um processo revolucionário que poderia levar, por exemplo, à instituição
do poder popular ou da assembleia do povo, na prática, sua essência não se
desvinculou da defesa da trajetória do projeto chileno, por mais que seus líde-res
criticassem as posturas do governo e professassem uma revolução distinta
daquela proposta pela UP.
RESUMO
Em 1970, o Chile elegeu o socialista Salvador Allende por meio de uma coalizão
de partidos de esquerda, a Unidade Popular (UP), apresentando como proposta
a “via chilena para o socialismo”. O projeto da UP instituiu a nacionalização
dos meios de produção e a participação popular como os eixos estruturantes
da transformação socialista, instigando novas formas de atuação política, es-pecialmente
entre a classe trabalhadora. Este artigo tem como objetivo discutir
uma dessas experiências participativas, os Cordones Industriales, articulando-os
com a trajetória do movimento sindical chileno e com as disputas políticas da
esquerda da época.
PALAVRAS-CHAVE
Unidade Popular; Área de Propriedade Social; Cordones Industriales; Tradição
Sindical.
ABSTRACT
In 1970, Chile elected socialist Salvador Allende by a coalition of leftist par-ties,
the Popular Unity (UP) showing proposal as the “Chilean road to socia-lism.”
The design of the UP established the nationalization of the means of
production and popular participation as the main principles in the proces-sing
socialist, prompting new forms of political action, especially among the
working class. This article aims to discuss of these participatory experiments,
the Cordones Industriales linking them with the trajectory of the Chilean labor
movement and the political disputes on the left of the season.
KEYWORDS
Unidad Popular; Popular Power; Cordones Industriales; Tradition Association.
NOTAS
1 Doutoranda em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Contato da
autora: elisacborges@gmail.com.
24. 2 Participavam da Unidade Popular (UP) o Partido Socialista (PS), Partido Comunista
(PC), Partido Radical (PR), Partido Social Democrata (PSD), Movimiento de Acción Po-pular
Unificado (MAPU), e Acción Popular Independiente (API). A Izquierda Cristiana
incorporou-se em 1971. A pouquíssima diferença entre os candidatos que disputaram a
eleição confirmava a profunda polarização da sociedade chilena demonstrada na cam-panha
eleitoral: Salvador Allende (UP) obteve 36,2% dos votos, Jorge Alessandri (Partido
Nacional), 34,9% e Radomiro Tomic (Democracia Cristiana), 27,8%.
3 Segundo o Programa Básico do governo, a nacionalização das riquezas básicas deveria
englobar: setor de minérios (cobre, ferro, salitre, carbono mineral e iodo), sistema finan-ceiro,
comércio exterior, monopólios industriais, monopólios de distribuição, grandes
empresas, e outras atividades em geral, como, distribuição de energia elétrica, transporte
ferroviário, aéreo e marítimo, comunicação, produção, área petrolífera, siderurgia, ci-mento,
petroquímica, química pesada, celulose, papel etc. Cf. Programa de governo da
Unidade Popular, 1969, p. 21.
4 Programa da Unidade Popular, 1969, p. 13.
5 QUIROGA, Patrício (Org.). Salvador Allende: Obras Escogidas 1970-1973. Santiago: Crí-tica,
1989, p. 61.
6 Discurso pronunciado no dia 1º de maio de 1971 apud QUIROGA, 1989, p. 66.
7 CUT, Memoria del Consejo Directivo al 6° Congreso Nacional de la CUT – 8 a 12 de
diciembre de 1971: Los trabajadores Construyen el Chile Nuevo.
8 Mario Olivares Rios, mirista, trabalhador no Cordón Vicuña-Mackenna. Entrevista re-alizada
pela autora em 10 nov. 2009.
9 Patrício Palma, comunista e diretor do Departamento de Indústria e Comércio do Mi-nistério
da Economia. Entrevista realizada pela autora dia 11 nov. 2009.
10 A prática do mercado negro existiu durante todo o governo Allende. Comerciantes
passaram a adquirir mercadorias em grandes quantidades para estocá-las em locais clan-destinos
e provocar desabastecimento. Geralmente, esses comerciantes vendiam os pro-dutos
para as classes sociais contrárias ao governo com preços mais altos.
11 SEGUEL-BOCCARA, Ingrid. Les passions politiques au Chili durant l´Unité Populaire. Pa-ris:
L´Harmattan, 1997, p. 298.
12 RIQUELME, Hélia Henriquez. El movimiento de Trabajadores. In: BAÑO, Rodrigo
(Org.). Unidad Popular 30 años despues. Santiago: LOM, 2003, p. 206.
13 TRANCOSO, Hugo Cancino. Chile: La problemática del Poder Popular en el proceso de
la via chilena al socialismo – 1970-1973. Dinamarca: AARHUS University Press, 1988,
p. 299.
14 Cabildo Abierto é uma expressão popular que designa a reunião do povo de determi-nada
localidade para decidir sobre os assuntos pertinentes à comunidade. O Cabildo é
realizado publicamente e o povo vota diretamente nas propostas ali debatidas.
15 PESTRANA, Ernesto e THEREFALL, Mônica. Pan, techo y poder: El Movimiento de Po-bladores
de Chile (1970-1973). Buenos Aires: Siap-Planteos, 1974, p. 110-111.
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25. 16 Ibidem, p. 113.
17 SADER, Eder et al. Consejo Comunal de Trabajadores y Cordón Cerrillos-Maipú: 1972,
Balance y perspectivas de un embrión de poder popular. Documento de Trabajo nº 67,
CDU/PI/DT, Ago. 1973, p. 52 e 53.
18 Salvador Allende: Los Trabajadores y el Gobierno Popular. Archivo Salvador Allende. Mé-xico:
65
Centro de Estudios latinoamericanos, p. 55.
19 A partir da greve de outubro de 1972, a Coordenação passou a ser denominada de
Cordón Cerrillos.
20 TRANCOSO. Op. cit., p. 302.
21 SADER, Eder et al. Op. cit., p. 53.
22 Ibidem, p. 14.
23 Ibidem, p. 36. Grifos nossos.
24 A greve patronal iniciou a partir da paralisação de caminhoneiros, com apoio do Partido
Nacional, da Democracia Cristã e do governo norte-americano, e se transformou em uma
grande mobilização dos setores descontentes com o governo popular. A greve afetou, num
primeiro momento, a distribuição dos produtos à população e, posteriormente, atingiu as
atividades produtivas nas indústrias, por falta de matérias-primas e reposição de peças
para as máquinas. Depois de finalizada a greve, uma nova mobilização seria organizada
contra a devolução das empresas ocupadas por trabalhadores aos proprietários.
25 KERHUEL, Yves. L´insurrection de la bourgeoisie. Revue Les Temps Modernes, nº 323,
Paris: Jun, 1973, p. 1953.
26 Ibidem, p. 1968.
27 MOULIAN, Tomás. Fracturas: De Pedro Aguirre Cerda a Salvador Allende 1938-1973.
Santiago: Lom, 2006, p. 267.
28 Mayoría, ano 1, n° 56, 27 out. 1972.
29 Juntas de Vecinos (Juntas de Vizinhos) são organizações comunitárias de caráter ter-ritorial
com objetivo de promover o desenvolvimento da comunidade, defender seus
interesses e velar pelos seus direitos, colaborando com as autoridades locais Os Centros
de Madres (Centros de Mães) são organizações funcionais constituídas por mulheres que
têm interesses comuns com o objetivo principal de superação pessoal de suas associadas
e de solucionar os problemas inerentes a seu estado e sexo dentro do bairro. As duas or-ganizações
foram criadas no governo do presidente Eduardo Frei (1964-1970) por meio
da Lei 16.880 em 7 de agosto de 1968.
30 GAUDICHAUD, Franck. Poder Popular y Cordones Industriales. Testimonios sobre el movi-miento
popular urbano, 1970-1973. Santiago: LOM, 2004, p. 193.
31 Marcel Carrasco Valdívia, trabalhador da empresa Novic no Cordón Vivaceta. Entre-vista
realizada pela autora em 24 nov. 2009.
32 Antonio Bravo, trabalhador da empresa Madeco no Cordón Vicuña Mackenna. Entre-vista
realizada pela autora em 10 out. 2009.
26. 33 El Siglo, 8 fev.1973.
34 NARANJO, Pedro (Org.). Miguel Enriquez y el proyecto revolucionario en Chile: Discursos y
documentos del Movimiento de Izquierda Revolucionaria – MIR. Santiago: LOM, 2004, p. 215.
35 ALTAMIRANO, Carlos. Dialética de uma derrota, Chile 1970-1973. São Paulo: Brasilien-se,
1979, p. 101-102.
36 TRANCOSO, Op.cit., p. 336.
37 Hugo Valenzuela, socialista, trabalhador da indústria Sumar no Cordón San Joaquin.
Entrevista realizada pela autora em 24 set. 2009.
38 PRESIDENCIA DE LA REPÚBLICA. Declaración sobre el proyecto relativo al Área de
Propiedad Social ante dirigentes de los Cordones Industriales de Santiago, 31 de enero
de 1973. In: FRIAS, Victor. La Izquierda Chilena (1969 – 1973): Documentos para el Estudio
de su Línea Estratégica. Santiago: CEP, 2001.
39 FAÚNDEZ, Julio. Izquierdas y Democracia en Chile, 1932-1973. Santiago: BAT, 1992, p. 227.
40 O Plano Econômico do governo apresentado no início de 1973, em linhas gerais, pro-punha
ajustes na política macroeconômica do governo, aumento e controle substancial
da produção nas indústrias, maior disciplina no trabalho e maior controle do interventor
para atingir as metas produtivas estabelecidas pelo governo. O plano também reestru-turava
a Área Social e propunha a devolução das indústrias ocupadas por trabalhadores
que não estavam entre as prioridades estratégicas do governo.
41 Tarea Urgente, 1º fev. 1973.
42 Para se ter um exemplo dos gêneros entregues às famílias pelas Canastras Populares,
citamos o exemplo da Canastra da Población Lo Hermina: 1 pacote de fósforos, 2 kg
de açúcar, 1 pacote de sabonete Lux, 2 sopas Maggi, 1 pasta de dente, 1 kg de feijão, 1
pacote de Carozzina, 1 lata de leite em pó, 1 kg de farinha, ½ kg de sal fino, 1 pacote de
detergente, 1 maço de cochayuyo (algas), 1 jarra de Milo (achocolatado), 1 litro de azeite,
1 jarra de Nescafé, 1 lata de leite condensado, 1 kg de macarrão, ¼ de manteiga, 1 kg
de arroz, 2 pacotes de geleia. Não há informação da periodicidade com que cada família
poderia retirar os produtos. Cf. Trancoso, 1988, p. 407.
43 Marcel Carrasco Valdívia, Cordón Vivaceta. Entrevista realizada pela autora em 24
nov. 2009.
44 TRABAJADORES de Cerrillos repudiaron desalojos y devolución de empresas. In: Las
noticias de Última Hora Jueves. [S.l.], 19 jul. 1973.
45 Joaquin Abarzua Leon, socialista, Cordón San Joaquin. Entrevista realizada pela auto-ra
em 28 nov. 2009.
46 ILLANES, María Angélica. La batalla de la memoria. Santiago: Planeta Ariel, 2002, p.
179-180.
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