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Era uma vez um macaco mariola, que andava de bata e sacola, como se fosse para a
escola. Mas não ia. Era tudo a fingir.
Os rapazes, quando o viam passar, troçavam dele e gritavam:
RAPAZES - Macaco escondido com o lobo de fora... Macaco escondido com o rabo de
fora...
Pois era. Realmente o rabo sobrava da bata e, muito comprido e retorcido, corria atrás do
macaco para onde quer que ele fosse.
Então o macaco entrou numa barbearia.
MACACO - Ó Sr. Barbeiro, corte-me aqui o meu rabo.
O barbeiro afiou a navalha e zut!- rabo para um lado, macaco para o outro.
M ACACO - Uiii!
BARBEIRO - Doeu muito?
MACACO (vaidoso e corajoso) - Não me importo! Vou ficar muito jeitoso!
E de sacola e bata, muito empertigado, veio para a rua mostrar-se nos seus novos preparados.
Estavam uns homens à conversa, numa esquina. Quando o viram passar, um deles comentou:
HOMENS - Macaco sem rabo é como um burro sem orelhas, fica mais feio e fica mais
minguado. Coitado!
MACACO - Vou ao barbeiro para que me devolva a meu rabo! Talvez ainda possa ser
cosido ou colado...
MACACO - Ó Sr. Barbeiro, dê-me outra vez o meu rabo!
BARBEIRO - Olha o macaco toleirão à procura do rabo. Que queria que eu lhe fizesse?
Deitei-o fora e a camioneta do lixo levou-o.
MACACO - (zangado e agarrando numa das navalhas do barbeiro) - Nesse caso, levo-lhe a
navalha com que me cortou o rabo!
E abalou.
Ia ele por uma rua quando passou perto de uma peixeira.
PEIXEIRA - Que linda navalha traz o menino na mão. - O meu carinha de anjo não me quer
dar a navalha, para eu amanhar o meu peixe?
MACACO (todo derretido com as falas da peixeira) - Claro que sim, Sra. dona peixeira!
Tome lá a navalha para amanhar o seu peixe!
MACACO (cantarolando) - De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado algum tempo...
MACACO (suspirando) Ai, que tenho tantas saudades da minha navalhinha! - Vou mas é à
procura da peixeira!
PEIXEIRA - Olha o macaco paspalhão a perguntar pela navalha! Fique sabendo que não
prestava para nada. Mal lhe peguei, para amanhar umas sardinhas, partiu-se.
MACACO (zangado e agarrando numa canastra de sardinhas) - Nesse caso, levo-lhe as
sardinhas com que me estragou a navalha.
E abalou.
Estava um padeiro encostado à porta da padaria quando o macaco passou com a canastra de
sardinhas à cabeça.
PADEIRO – Psst, ó cavalheiro! - Um senhor tão distinto com sardinhas à cabeça não
parece bem. Deixe-as cá ficar comigo, que tenho onde as guardar.
MACACO (todo vaidoso com as falas do padeiro) - Tem razão, Sr. Padeiro, a minha cabeça
não é para transportar sardinhas. Tome lá! (e deu-lhe as sardinhas).
MACACO (cantarolando.) – Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Passado um tempo...
MACACO (suspirando) - Ai que tenho tantas saudades das minhas sardinhas! Vou mas é à
procura do padeiro!
PADEIRO - Olha o macaco trapalhão a perguntar pelas sardinhas! Comi-as em cima do
pão e estavam bem gostosas, fique sabendo.
MACACO (zangado, agarrando num saco de farinha e atirando-o para os ombros) - Nesse
caso, levo-lhe um saco de farinha com que fabrica o pão para comer as sardinhas.
E fugiu.
Estava uma senhora professora à janela da escola, a ver quem passava, enquanto as alunas
brincavam no recreio. Passou o macaco com o saco às costas.
PROFESSORA - Como ele vai carregado, o pobrezinho!
MACACO (comovido com estas falas da professora) - Ó Sra. professora, tome lá o saco de
farinha!
MACACO (cantarolando) – Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear.
Mas, passado tempo...
MACACO (suspirando) Ai que tenho saudades da minha farinhinha! - Vou mas é à procura da
professora!
PROFESSORA – Olha o malcriadão a exigir o que ainda há bocado nos deu, sem que
ninguém lhe pedisse! Da farinha amassámos bolos e as minhas meninas comeram-nos todos!
MACACO (zangada, agarrando numa menina) - Nesse caso, levo-lhe uma menina que comeu
os bolos da minha farinha!
E fugiu com ela, mas a menina, ao colo do macaco, não parava de chorar.
MENINA - (chorando) UAAAÁ! Quero a minha mãe! UAAAÁ! Quero a minha mãe!
MACACO (comovido) - Está bem, está bem, eu levo-te a casa da tua mãe!
MÃE – Obrigada, Sr. Macaco, por meter ter trazido a minha menina!
MENINA (depois de se assoar e limpar os olhos) - Obrigada, macaquinho, agora que estou
em casa, deixa-me fazer-te uma festinha!
MACACO (cantarolando) – Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear...
Mas, passado tempo...
MACACO (suspirando) - Ai, que tenho tantas saudades da minha menina!
E voltou atrás, a saber dela.
MÃE - Querem lá ver o maganão do macaco que não pára de rondar-me a casa! - A minha
filha está a ajudar-me a lavar a roupa, que eu estou a estender, e se ainda quiser saber mais
vou chamar o meu marido, que anda na horta, e já lhe trata da saúde!
MACACO (zangado, agarrando numa camisa que estava estendida) - Nesse caso, levo-lhe
uma camisa fina lavada pela menina. E abalou com ela.
Estava um velho violeiro a trabalhar à porta da oficina, quando o macaco por ele passou, a
correr.
VIOLEIRO - Senhor camiseiro, ó senhor camiseiro, deixe-me ver a sua mercadoria!
O macaco passou e aproximou-se do velhote, que vestia uma camisa muito estafada e
cosipada. Mas, passado tempo...
MACACO - Já estou arrependido! Vou mas é para trás, à procura do violeiro!
VIOLEIRO - Olha o aldrabão do macaco que não me deixa em paz. A camisa não valia
nem o trabalho de vesti-la. Era tão fina, que se rasgou toda, quando a pus. E se continua aí
especado ainda lhe atiro com esta viola à cabeça.
O macaco, isto ouvindo, arrancou a viola das mãos do velho e disse:
MACACO - Nesse caso, antes que a estrague na minha cabeça, levo-a eu inteira que
melhor me serve inteira do que partida.
E fugiu com a viola ao ombro.
VIOLEIRO (correndo atrás dele) - Agarra que é ladrão! Agarra que é ladrão!
O macaco trepou a uma árvore, saltou para uma varanda, subiu a um telhado e lá de cima
espreitou cá para baixo.
Estava um grande ajuntamento na rua. Era o violeiro, o pai e a mãe da menina, a professora, o
padeiro, a peixeira, o barbeiro e muita rapaziada. TODOS apontavam para ele, cantando e
troçando.
TODOS - Olha o macaco mariola, que do rabo fez navalha, da navalha fez sardinha, da
sardinha fez farinha, da farinha fez menina, da menina fez camisa, da camisa fez viola e agora
deu à sola. E agora deu à sola.
O MACACO no telhado repimpado pegou na viola e respondeu-lhes:
Pois se agora dei à sola,
Pois se agora vos fugi
É que a mim ninguém me enrola.
E de mim ninguém se ri.
Tinglitim, tinglitim
Tinglitim, tinglitim
Cá em baixo, continua vá a surriada. Riam-se e cantavam para ele.
TODOS - Olha o macaco mariola, estarola e gabarola, com pancada no cachola,
Dá e tira,
Mata e esfola,
Ora parte, ora cola,
Ora mete pata a sacola...
Dá a esmola, tira a esmola, mariola, mariola,
Quem te meta na gaiola.
Mas o MACACO no telhado respondia ao desafio:
MACACO - Não me metem na gaiola
Que de mim ninguém se ri.
A tocar ar nesta viola,
Tinglitim, tinglitim
A dançar com castanholas,
Vou daqui para Madrid.
Sou macaco mariola
E rei do charivari,
Porque a mim ninguém me enrola,
E a tocar nesta viola,
Tinglitim, tinglitim
Não tenham pena de mim.
Tinglitim
Não tenham pena de mim
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  • 1.
  • 2. Era uma vez um macaco mariola, que andava de bata e sacola, como se fosse para a escola. Mas não ia. Era tudo a fingir. Os rapazes, quando o viam passar, troçavam dele e gritavam: RAPAZES - Macaco escondido com o lobo de fora... Macaco escondido com o rabo de fora... Pois era. Realmente o rabo sobrava da bata e, muito comprido e retorcido, corria atrás do macaco para onde quer que ele fosse. Então o macaco entrou numa barbearia. MACACO - Ó Sr. Barbeiro, corte-me aqui o meu rabo. O barbeiro afiou a navalha e zut!- rabo para um lado, macaco para o outro. M ACACO - Uiii! BARBEIRO - Doeu muito? MACACO (vaidoso e corajoso) - Não me importo! Vou ficar muito jeitoso!
  • 3. E de sacola e bata, muito empertigado, veio para a rua mostrar-se nos seus novos preparados. Estavam uns homens à conversa, numa esquina. Quando o viram passar, um deles comentou: HOMENS - Macaco sem rabo é como um burro sem orelhas, fica mais feio e fica mais minguado. Coitado! MACACO - Vou ao barbeiro para que me devolva a meu rabo! Talvez ainda possa ser cosido ou colado... MACACO - Ó Sr. Barbeiro, dê-me outra vez o meu rabo! BARBEIRO - Olha o macaco toleirão à procura do rabo. Que queria que eu lhe fizesse? Deitei-o fora e a camioneta do lixo levou-o. MACACO - (zangado e agarrando numa das navalhas do barbeiro) - Nesse caso, levo-lhe a navalha com que me cortou o rabo! E abalou. Ia ele por uma rua quando passou perto de uma peixeira.
  • 4. PEIXEIRA - Que linda navalha traz o menino na mão. - O meu carinha de anjo não me quer dar a navalha, para eu amanhar o meu peixe? MACACO (todo derretido com as falas da peixeira) - Claro que sim, Sra. dona peixeira! Tome lá a navalha para amanhar o seu peixe! MACACO (cantarolando) - De mãos a abanar é que sabe bem passear... Mas, passado algum tempo... MACACO (suspirando) Ai, que tenho tantas saudades da minha navalhinha! - Vou mas é à procura da peixeira! PEIXEIRA - Olha o macaco paspalhão a perguntar pela navalha! Fique sabendo que não prestava para nada. Mal lhe peguei, para amanhar umas sardinhas, partiu-se. MACACO (zangado e agarrando numa canastra de sardinhas) - Nesse caso, levo-lhe as sardinhas com que me estragou a navalha. E abalou. Estava um padeiro encostado à porta da padaria quando o macaco passou com a canastra de sardinhas à cabeça.
  • 5. PADEIRO – Psst, ó cavalheiro! - Um senhor tão distinto com sardinhas à cabeça não parece bem. Deixe-as cá ficar comigo, que tenho onde as guardar. MACACO (todo vaidoso com as falas do padeiro) - Tem razão, Sr. Padeiro, a minha cabeça não é para transportar sardinhas. Tome lá! (e deu-lhe as sardinhas). MACACO (cantarolando.) – Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear... Passado um tempo... MACACO (suspirando) - Ai que tenho tantas saudades das minhas sardinhas! Vou mas é à procura do padeiro! PADEIRO - Olha o macaco trapalhão a perguntar pelas sardinhas! Comi-as em cima do pão e estavam bem gostosas, fique sabendo. MACACO (zangado, agarrando num saco de farinha e atirando-o para os ombros) - Nesse caso, levo-lhe um saco de farinha com que fabrica o pão para comer as sardinhas. E fugiu.
  • 6. Estava uma senhora professora à janela da escola, a ver quem passava, enquanto as alunas brincavam no recreio. Passou o macaco com o saco às costas. PROFESSORA - Como ele vai carregado, o pobrezinho! MACACO (comovido com estas falas da professora) - Ó Sra. professora, tome lá o saco de farinha! MACACO (cantarolando) – Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear. Mas, passado tempo... MACACO (suspirando) Ai que tenho saudades da minha farinhinha! - Vou mas é à procura da professora! PROFESSORA – Olha o malcriadão a exigir o que ainda há bocado nos deu, sem que ninguém lhe pedisse! Da farinha amassámos bolos e as minhas meninas comeram-nos todos! MACACO (zangada, agarrando numa menina) - Nesse caso, levo-lhe uma menina que comeu os bolos da minha farinha! E fugiu com ela, mas a menina, ao colo do macaco, não parava de chorar. MENINA - (chorando) UAAAÁ! Quero a minha mãe! UAAAÁ! Quero a minha mãe!
  • 7. MACACO (comovido) - Está bem, está bem, eu levo-te a casa da tua mãe! MÃE – Obrigada, Sr. Macaco, por meter ter trazido a minha menina! MENINA (depois de se assoar e limpar os olhos) - Obrigada, macaquinho, agora que estou em casa, deixa-me fazer-te uma festinha! MACACO (cantarolando) – Pois é. De mãos a abanar é que sabe bem passear... Mas, passado tempo... MACACO (suspirando) - Ai, que tenho tantas saudades da minha menina! E voltou atrás, a saber dela. MÃE - Querem lá ver o maganão do macaco que não pára de rondar-me a casa! - A minha filha está a ajudar-me a lavar a roupa, que eu estou a estender, e se ainda quiser saber mais vou chamar o meu marido, que anda na horta, e já lhe trata da saúde! MACACO (zangado, agarrando numa camisa que estava estendida) - Nesse caso, levo-lhe uma camisa fina lavada pela menina. E abalou com ela. Estava um velho violeiro a trabalhar à porta da oficina, quando o macaco por ele passou, a correr.
  • 8. VIOLEIRO - Senhor camiseiro, ó senhor camiseiro, deixe-me ver a sua mercadoria! O macaco passou e aproximou-se do velhote, que vestia uma camisa muito estafada e cosipada. Mas, passado tempo... MACACO - Já estou arrependido! Vou mas é para trás, à procura do violeiro! VIOLEIRO - Olha o aldrabão do macaco que não me deixa em paz. A camisa não valia nem o trabalho de vesti-la. Era tão fina, que se rasgou toda, quando a pus. E se continua aí especado ainda lhe atiro com esta viola à cabeça. O macaco, isto ouvindo, arrancou a viola das mãos do velho e disse: MACACO - Nesse caso, antes que a estrague na minha cabeça, levo-a eu inteira que melhor me serve inteira do que partida. E fugiu com a viola ao ombro. VIOLEIRO (correndo atrás dele) - Agarra que é ladrão! Agarra que é ladrão!
  • 9. O macaco trepou a uma árvore, saltou para uma varanda, subiu a um telhado e lá de cima espreitou cá para baixo. Estava um grande ajuntamento na rua. Era o violeiro, o pai e a mãe da menina, a professora, o padeiro, a peixeira, o barbeiro e muita rapaziada. TODOS apontavam para ele, cantando e troçando. TODOS - Olha o macaco mariola, que do rabo fez navalha, da navalha fez sardinha, da sardinha fez farinha, da farinha fez menina, da menina fez camisa, da camisa fez viola e agora deu à sola. E agora deu à sola. O MACACO no telhado repimpado pegou na viola e respondeu-lhes: Pois se agora dei à sola, Pois se agora vos fugi É que a mim ninguém me enrola. E de mim ninguém se ri. Tinglitim, tinglitim Tinglitim, tinglitim Cá em baixo, continua vá a surriada. Riam-se e cantavam para ele.
  • 10. TODOS - Olha o macaco mariola, estarola e gabarola, com pancada no cachola, Dá e tira, Mata e esfola, Ora parte, ora cola, Ora mete pata a sacola... Dá a esmola, tira a esmola, mariola, mariola, Quem te meta na gaiola. Mas o MACACO no telhado respondia ao desafio:
  • 11. MACACO - Não me metem na gaiola Que de mim ninguém se ri. A tocar ar nesta viola, Tinglitim, tinglitim A dançar com castanholas, Vou daqui para Madrid. Sou macaco mariola E rei do charivari, Porque a mim ninguém me enrola, E a tocar nesta viola, Tinglitim, tinglitim Não tenham pena de mim. Tinglitim Não tenham pena de mim Não tenham pena de mim...