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ANO IV VOL.19 BIMESTRAL - JANEIRO DE 2010 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA




•	 ANO QUE VAI...             •	 ESPERANÇA                         •	 O HOMEM
   ANO QUE VEM..                                               ESSE DESCONHECIDO


              ESTAÇÃO ANA COSTA
Sumário
  EDITORIAL                         Edição 19 - Ano 4 - Janeiro 2010
                                   4 TROVAS
Olá, leitores:                     5 ANO QUE VAI... ANO QUE VEM...
Nessa primeira edi-                        Carolina Ramos
ção do ano renova-                6        CINCO PROVAS HISTÓRICAS DA PASSAGEM
mos nossa proposta                         DE JESUS POR ESTE MUNDO
de reunir e trazer                         Fernando Jorge
ao leitor um seleto e
conceituado      grupo            7        SEM ALARDE
de articulistas, assim                     Cláudio de Cápua
como, informações so-             8        PARADIGMA
bre eventos culturais                      Manuel Cambeses Júnior
e artísticos.
Na capa, continua-               9         A RELEVÂNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS
mos a destacar nosso                       Ives Gandra da Silva Martins
patrimônio     históri-          10        CLAUDEL E MILHAUD NO BRASIL
co, belas edificações                      Sonia Sales
e cenários santistas
que por vezes, pas-              11        O HOMEM - ESSE DESCONHECIDO
sam despercebidos na                       José Valdez de Castro Moura
rotina urbana, mas               12        FILOSOFIA CLÍNICA E FILOSOFIA DA MENTE
que marcam de for-                         Monica Aiub
ma indelével a vida
do santista. É o caso            13        MARIA ANTONIETA
da antiga e bela Esta-                     Raquel Naveira
ção Ferroviária Ana              14        GOVERNADORES GERAIS DO BRASIL
Costa, que restaura-                       DE 1549 A 1808
da pelo Grupo Pão
de Açúcar, funciona                        Douglas Michalany
hoje como o Fórum                15        ARMAZENAGEM DE MERCADORIA
da Cidadania, abri-                        NÃO É SERVIÇO PÚBLICO
gando eventos sociais                      Vadison Espinheira do Carmo
e culturais.
Com essa edição da-              16        ESPERANÇA
mos as boas-vindas a                       Edna Gallo
esse esperançoso 2010!           16        A MÁQUINA GENÉTICA
                                           José Alberto Neves Candeias
Boa leitura
                                 17        NOTAS CULTURAIS
O Editor.                        18        ESPAÇO DO LIVRO


     Expediente                                                   LEI ROUANET
    Editor - Cláudio de Cápua. MTB 80                     A Revista Santos Arte e Cultura é
 Jornalista Responsável - Liane Uechi. MTB 18.190.
                                                          aprovada pelo Ministério da Cultu-
 Editoração Gráfica - Liane Uechi
                                                          ra e beneficiada pela Lei Rouanet
 Designer Gráfico - Mariana Ramos Gadig
 Capa: Liane Uechi                                        de Incentivo à Cultura. Os patroci-
 End.: Rua Euclides da Cunha, 11 sala 211. Santos/SP.     nadores poderão abater 100% do
 E-mail: revistaartecultura@yahoo.com.br                  valor doado no imposto de renda.
 Participaram desta edição: Aldo José Alberto; Carolina   O benefício é válido para pessoas
 Ramos; Cláudio de Cápua; Douglas Michalany, Edna         jurídicas tributadas com base no
 Gallo, Fernando Jorge; Ives Gandra da Silva Martins,     lucro real, sendo o valor limitado a
 José Alberto Neves Candeias, José Valdez de Castro       4% do imposto de renda devido.
 Moura; Manuel Cambeses Júnior, Monica Aiub; Raquel       Pessoas físicas que fazem a decla-
 Naveira, Sonia Sales e Vadison Espinheira do Carmo.
                                                          ração completa do IR também po-
 Os autores têm responsabilidade integral pelo con-
                                                          dem abater suas doações. O limite
 teúdo dos artigos aqui publicados. Distribuição Gra-
                                                          neste caso, é de 6% do Imposto de
 tuita. 5000 exemplares.
                                                          Renda.


                                                                3
TROVAS
      TROVAS


Distância não é o espaço                                                    Abro a cortina do sonho
que separa almas amantes,                                                   e num gesto de quem vela,
é quando, num mesmo abraço,                                                 me deito a seu lado e ponho
as almas ficam distantes!...                                                meus sonhos nos sonhos dela...
Carolina Ramos                                                              Gilvan Carneiro da Silva




Olhaste... nada foi dito,                                                     Nem sempre a fronte grisalha
mas consegui decifrar                                                         todo respeito merece,
um conto de amor, escrito                                                     porque um jovem canalha
no apelo do teu olhar!                                                        também um dia envelhece.
Vanda Fagundes Queiroz                                                        Sebas Sundfeld




Não posso nunca na vida                                                       Anoitece... vejo a lua,
lamentar minha pobreza,                                                       e a saudade, do meu jeito,
pois tenho a família unida                                                    te enxerga na escura rua
e ainda o pão sobre a mesa!                                                   e soluça no meu peito...
José Antonio de Freitas                                                       Marisa Rodrigues Fontalva




Vai, Brasil, entra em ação                                                 Cansei de crer totalmente
e um novo tempo inaugura:                                                  nos meus sonhos de menino.
- não se agiganta a Nação                                                  Nem sempre o que agrada a gente
que não investe em Cultura!!!                                              também agrada ao Destino.
Darly O. Barros                                                            Arlindo Tadeu Hagen




         Gosta de Trovas?
        A “União Brasileira de Trovadores”, seção de Santos, reúne-se, na última terça-feira de cada mês, no IHGS, av. Conselheiro
        Nébias, 689, às 20h30. Compareça!




Janeiro - Santos Arte e Cultura
                                                                    4
ANO QUE VAI... ANO QUE VEM...
                                                   CAROLINA RAMOS

          Dois mil e nove escoou-se como água entre os de-           nhecido e nos empurra para frente. Assustados, poderemos
dos, sem deixar saudades, pelo menos para a grande maio-             fechar os olhos, por instantes, para fugir à visão dos desca-
ria. Será impressão pessoal ou o tempo está mesmo pas-               labros que rolam por aí, a ponto de fazerem chorar o próprio
sando mais depressa do que nunca?! No decorrer de janeiro,           céu, com as desastrosas conseqüências que apoquentam
apagaremos os vestígios do Natal passado e, após uma                 nossos irmãos de norte a sul do Brasil, com suas vidas qua-
gestação onírica de nove meses, lá pelo mês de outubro, já           se submersas pelas chuvas que outras regiões imploram!
o comércio se agilizará a engalanar-se novamente com rou-            Pobre Angra dos Reis! Pobre São Luiz do Paraitinga, tão
pagens natalinas, antecipando, cada vez mais cedo, os pre-           pacata e singela! Poderemos, sim, fechar os olhos para con-
parativos para o novo Natal! É fácil pintar mentalmente uma          versar com Deus e pedir-Lhe que nos livre de tais calamida-
cena, usando-se apenas imagens guardadas nas nossas                  des aqui chegadas através da mídia, quase nos levando a
emoções projetadas na tela da mente e que, por si só, criam          desistir da esperança! Esperança que recrudesce quando
um quadro sugestivo e bonito. É só tentar. Comecemos por             vemos aquele homem simples e cheio de determinação pro-
imaginar uma noite. Não uma noite qualquer, mas Aquela               meter a si mesmo, ante as ruínas da igrejinha secular: “Nós
Noite azul, transparente, cravejada de estrelas e, entre es-         vamos reconstruir tudo! Tjjolo por tijolo!” E temos certeza de
tas, uma de brilho muito especial predestinada a iluminar o          que assim será!
palco onde se há de realizar a redenção da humanidade.                         Mas os mesmos veios de comunicação, não nos
Uma gruta, onde instalada uma estrebaria. Nela, um Homem             trazem apenas notícia calamitosas. No ano passado, nos im-
simples a zelar por uma doce Mulher. Entre as palhas da              pactou aquela notícia surpreendente de que a arte vem res-
manjedoura, um lindo Menino, que embora semelhante aos               gatando valores insuspeitados, adormecidos na alma de
demais, guarda no olhar um brilho diferente, profundo, a pre-        gente jovem carente, gente que quer e que merece acreditar
nunciar a sublimidade da sua missão redentora! Carneiros,            na vida! A Orquestra de Meninos da favela do Recife é prova
pastores, um humilde jumento e uma vaquinha de olhos tris-           de que nem tudo está perdido! De que ainda há brasas sob
tes, a ruminar pensamentos também tristes, como se adivi-            as cinzas e o que falta é decisão, fôlego e vontade de soprá-
nhasse o martírio insinuado pelas sombras em cruz projeta-           las! Gente capaz e idealista ainda existe, graças a Deus! E
das pelo berço tosco, no qual o Menino sorri, acalentado             aí está o que essa gente boa consegue fazer, quando não
pela ternura materna. No céu, anjos e a auspiciosa mensa-            lhe tolhem os passos!
gem: “Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra aos homens                      E já que falamos em Orquestra, impossível deixar
de boa vontade”... Este, o inconfundível quadro que recebe-          de lembrar aquela que engrandece o meio cultural santista,
mos através de séculos de sagrada história e que alimenta a          formada por nossos jovens e dirigida pelo talentoso maestro
nossa fome de fé. Mensagem pura, transcendental, que pa-             Beto Lopes que faz brilhar a prata da casa, deixando aberto
rece ainda carecer de maior entendimento e de boa vontade            o caminho para o filho Pablo - aquinhoado com dotes gené-
para ser compreendida e seguida. A paz custa a encontrar o           ticos de pai, mãe, avós, e tios, felizes membros dessa po-
modo certo de abrandar o coração dos homens e a desper-              derosa fonte artística que é a família Peres – e que nasceu
tar neles a boa vontade de acolhê-la e repassa-la como he-           para esbanjar talento!
rança aos que virão depois! Brigamos pela paz! Matamos                         Uma admiração muito grande nos obriga a abrir os
pela paz! E morremos ingloriamente por uma paz utópica,              olhos e a unir as mãos num aplauso bastante comovido. E,
manipulada pelas paixões e ambições humanas, que resulta             quase sem sentir, passamos a temer um pouco menos esse
num bem, cobiçado, sim, mas, infelizmente, tão difícil de ser        amanhã que chega e, quem sabe, até a acreditar um pouqui-
alcançado!                                                           nho mais nele, porque, graças a Deus, a matéria ainda não
          E lá se foi mais um dos nossos Natais certinhos, ou        conseguiu abafar de todo a sensibilidade humana!
seja, dentro dos costumeiros moldes. Natal das compras
compulsórias, apesar dos medos. Natal dos Papais Noéis
gorduchos, de alegria postiça, a suar em bicas; dos presen-
tinhos aninhados sob o pinheiro de brilho falso e transitório;
das mesas repletas de quitutes, ou modestamente supridas
para a ceia tradicional. O nosso Natal, da família aconchega-
da sob um mesmo teto. Tempo em que as almas ficam mais
sensíveis, a ternura é mais ternura a saudade é mais sauda-
de, porque é no Natal que as ausências doem mais do que
nunca.
          E, aí, rapidinho, chega o Ano Novo! E, ao invés de                        Carolina Ramos é Secretária Geral do Instituto
                                                                               Histórico e Geográfico de Santos (IHGS) e Presidente
fecharmos os olhos para compor um cenário clássico de
                                                                              da União Brasileira de Trovadores UBT- Santos. Perten-
sublime encantamento, temos de mantê-los bem abertos                          ce à Academia Santista de Letras e à Academia Femini-
pois a diferença é gritante! É o momento da conscientização,                      na de Ciências, Letras e Artes de Santos (AFCLAS).
momento que pede cautela já que abre o portal do desco-
                                                                 5                                       Janeiro - Santos Arte e Cultura
CINCO PROVAS HISTÓRICAS DA PASSAGEM
                     DE JESUS POR ESTE MUNDO
                                                  FERNANDO JORGE

           Eu li, no número 450 da revista Época, as                    cados pela mais merecida das infâmias. O nome deles
 seguintes linhas de Hildeberto Aquino:                                      se originava de Cristo, que sob o reinado de Tibé-
           “Jesus é a maior ilusão da humani-                                    rio, havia sofrido a pena de morte por um de-
 dade, à custa da qual oportunistas se lo-                                          creto do procurador Pôncio Pilatos”.
 cupletam. De sua efetiva existência,                                                    Comentário do grande historiador inglês
 não há uma só prova cabal, científica,                                                 Edward Gibbon (1737-1794) sobre esta
 irrefutável. Tudo se resume a inten-                                                     evocação do autor de Dialogus de ora-
 cionais conjecturas com o propósi-                                                        toribus:
 to de iludir e oprimir os incautos e                                                              “A crítica mais cética deve res-
 deles sugar até a última gota de                                                            peitar a verdade desse fato extraor-
 consciência... e de dinheiro”.                                                              dinário e a integridade desse tão fa-
           Para o Hildeberto Aqui-                                                            moso texto de Tácito.”
 no, portanto, Jesus é uma cria-                                                                   Prova histórica número 4. A car-
 ção dos vigaristas. Um perso-                                                                  ta de procônsul Plínio, o Jovem
 nagem inventado por alguém                                                                     (62-114, após JC), enviada ao im-
 que apenas quis causar a alie-                                                                 perador Trajano. Eis dois trechos
 nação de todos nós e arrancar                                                                  da carta:
 dinheiro dos crédulos, dos ingê-                                                                  “...maldizer Cristo, um verdadei-
 nuos, dos trouxas... Hildeberto                                                               ro cristão não o fará jamais... can-
 pertence à família dos “Novos                                                                tam (os cristãos) hinos a Cristo,
 Ateus”, da qual fazem parte o fi-                                                           como a um Deus...”
 lósofo americano Daniel Dennet e                                                                  Prova histórica número 5. Um
 o zoólogo britânico Richard Da-                                                           trecho do capitulo XXV do livro quinto
 wkins. Ambos, em 2006, lançaram                                                          da obra Vitae duodecim Caesarum (Os
 manifestos dedicados a contestar a                                                      doze césares), escrita pelo historiador
 existência de Deus.                                                                   romano Suetônio (cerca de 70-130 d.C).
           Agora vamos revelar como de                                               Nesse trecho do capítulo no qual evoca o
 fato Jesus Cristo existiu (e ainda existe),                                      imperador Tibério, ele assim menciona o Na-
 desmentindo a afirmativa do materialista Hil-                                zareno:
 deberto Aquino.                                                              “Expulsou de Roma os judeus, que instigados por
           Prova histórica número 1. A bela Bíblia sagrada.         um tal Chrestus (Cristo), provocavam frequentes tumu-
 Ela não é apenas um livro religioso, é também um magnífi-          tos.”
 co livro histórico. Tudo que apresenta sobre Jesus Cristo, a                 Estas cinco provas históricas, citadas por nós,
 Palestina, o Egito, a Assíria, o Império Romano, as regiões        destroem totalmente a infeliz declaração de Hildeberto
 do Oriente, os seus reis, os seus profetas, os apóstolos,          Aquino, que garantiu que “não há uma só prova cabal,
 tudo tem o cunho da verdade.                                       científica, irrefutável”, da passagem de Jesus por este
           Prova histórica número 2. O texto do historiador         mundo. Hildeberto, você tem autoridade para invalidar as
 judeu Flávio Josefo, da época de Cristo. Ele evocou a in-          informações da Bíblia, os textos dos historiadores Flávio
 comparável figura deste no capítulo terceiro do volume             Josefo, Suetônio e Cornélio Tácito, do procônsul Plínio, o
 XVIII da obra Antiguidades judaicas. Reproduzo aqui o seu          Jovem? Você despreza a opinião do insigne historiador in-
 texto:                                                             glês Edward Gibbon sobre o escrito de Tácito, onde este
           “Entretanto existia, naquele tempo, um certo Je-         se refere a Jesus Cristo?
 sus, homem sábio... Era fazedor de milagres... ensinava de                   Por favor Hildeberto, leia mais, estude mais, ad-
 tal maneira que os homens o escutavam com prazer... Era            quira mais conhecimentos. Não desrespeite a nossa fé
 o Cristo, e quando Pilatos o condenou a ser crucificado,           com afirmativas absurdas, insensatas, nascidas de uma
 esses que o amavam não o abandonaram e ele lhes apa-               profunda carência de cultura.
 receu no terceiro dia...”
           Como estamos vendo, o historiador Flávio Josefo
 mencionou, inclusive, a ressurreição do Verbo Divino!
           Prova histórica número 3. O texto de Públio Cor-
 nélio Tácito, um dos maiores historiadores da Antiguidade
 (56-57 AC), embora fosse pagão, na parte XV dos seus                          Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor
 Anais:                                                                           do livro “O Aleijadinho”, cuja 7ª edição foi
           “Nero infligiu as torturas mais refinadas a esses                           lançada pela Editora Martins Fontes.
 homens que sob o nome comum de cristãos, eram já mar-



Janeiro - Santos Arte e Cultura                                 6
SEM ALARDE
                                 CLÁUDIO DE CÁPUA

          Na década de sessenta, ini-         grande cineasta Anselmo Duarte , ga-
ciei-me pelos caminhos da literatura e        nhador da cobiçada “Palma de Ouro”,
do jornalismo. Conheci muita gente im-        de Cannes, a quem, em 1979, asses-
portante, fiz muitas amizades, meus           sorei na divulgação do filme: “Sargento
amigos, quase sempre, tinham o dobro          Getúlio”, por ele dirigido.
da minha idade e isso não foi nada                 Todos já se foram e, como todos,
bom. Nestes quarenta anos de vida             qualquer dia destes, sem alarde, eu
profissional e social, quase todos aque-      também me vou.
les que privaram da minha amizade já
se foram.
   Sou paulistano, e a paulicéia do meu
tempo era diferente, o frio era frio pra
valer e havia a garoa, que, de tão fina,
antes de tocar o chão bailava no ar.
      Sinto saudades de tantos amigos
que já se foram, entre eles, Jorge Cos-
ta, autor de “Abre a Janela”; a estima-
da amiga Elza Larangeira, normalista e
cantora singela; Glauce Rocha, que fa-
leceu nos últimos capítulos da novela
“Hospital”, da saudosa TV Tupi, onde
ela era atriz principal e eu, ator coadju-
vante; José Mauro de Vasconcellos,
autor do livro “Best Seller”, “meu Pé de
Laranja Lima”, de cuja adaptação tive
a sorte de participar, por indicação de
Walther Avancini, grande diretor de no-
velas, os dois também já se foram;
Oswaldo de Barros, diretor artístico da
Rádio Record e artista do cinema na-
cional, com o qual mantive por alguns
anos sociedade na produtora “Fulgu-
rante”. Também, por alguns anos, esti-
ve ligado a grandes mestres do pincel,
entre eles: Frederighi; Darwin Pereira,
Reboco, Castelani, Helio, Bequerini,
Mário Beltrane, grande pirogravurista,
todos eles já se foram. Recentemente,
meu irmão de ideal, o poeta Ruy Alvin,
nascido em Santos e criado em Portu-
gal. O último do qual tenho notícia é o




                        Cláudio de Cápua é aviador, jornalista e escritor. Pertence ao Instituto
                       Histórico e Geográfico de Santos, à Academia Paulistana de História. É
                     sócio-fundador da União Brasileira de Trovadores - Seção de São Paulo.
                                                                           www.de-capua.com



                                                                    7
PARADIGMA
                                                 MANUEL CAMBESES JR.




            O termo Guerra Fria foi batizado por um conhecido        a este outro modelo. Já em seu livro “Confiança”, surgido em
 político e economista norte-americano de nome Bernard Ba-           1995, o autor reconsidera muitas de suas ideias e convic-
 ruch e popularizado pelo célebre jornalista Walter Lippman.         ções sobre a homogeneização dos valores para concluir que
 Entre 1945 e 1989, a ordem mundial encontrou-se regida              o mundo continua sendo um lugar marcado pela diversidade
 pelas normas definidas pela Guerra Fria. Nestas condições           de culturas e, portanto, de valores.
 o planeta ficou dividido em dois grandes blocos enfrentados             Entre os modelos emergentes encontramos o denominado
 em uma intensa competição pela supremacia.                          “Dois Mundos”. Este pretende explicar a orientação dos no-
            Quando acompanhávamos os acontecimentos em               vos tempos sob a ótica de “zonas de paz e prosperidade” e
 El Salvador ou na Nicarágua, nos anos oitenta do século             “zonas de conflito e regressão”. Baseado nele, cairiam todas
 passado, por exemplo, podíamos não estar entendendo,                aquelas teorias que visualizavam o mundo a partir de uma
 muitas vezes, as raízes desses conflitos mas, os situávamos         clara linha divisória entre países e regiões que marcham
 dentro de um marco de referência bastante conhecido. Sabí-          para cima e os que caminham para baixo. Entre aqueles que
 amos que se tratava de mais um capítulo da Guerra Fria.             sustentam este pensamento, encontram-se autores como:
 Neste sentido, a mesma constituía-se em modelo.                     Jacques Attali, Robert Gilpin e Jean Christophe Ruffin. O pri-
        O termo “paradigma” encontra-se na moda em nossos            meiro profetizou sobre um mundo formado por algumas pou-
 dias. Na essência, este pode definir-se como uma visão sim-         cas ilhas de riqueza em meio a um mar de pobreza global. O
 plificada do mundo e que busca proporcionar um sentido de           segundo referiu-se ao surgimento de um “Novo Muro de Ber-
 direção. É exatamente por isso que ao enquadrar-se qual-            lim” entre a prosperidade crescente do mundo industrializa-
 quer conflito regional, qualquer enfrentamento étnico ou cul-       do e a miséria irreversível do terceiro mundo. O último assi-
 tural, dentro do contexto de uma competição entre as super-         nala que, entre os hemisférios Norte e Sul, não existe
 potências, a Guerra Fria passou a assumir o caráter de              articulação possível e que são duas esferas totalmente di-
 “modelo”. Com a queda do Muro de Berlim sua preeminência            vorciadas que se movimentam em direção contrária.
 desapareceu. A partir desse momento, apareceram novos                   Outro dos novos paradigmas é o do “caos”. Segundo essa
 paradigmas disputando o lugar que durante quarenta e cinco          visão, o mundo está adentrando em uma era de quebra da
 anos correspondeu ao período da bipolaridade mundial.               autoridade governamental, de crises e secessão dos Esta-
       O primeiro dos modelos surgidos à luz do esfacelamento        dos; de intensificação dos conflitos étnicos, tribais e religio-
 da União Soviética e também o mais simplista deles foi o            sos; de consolidação das máfias criminais internacionais; de
 proclamado no livro de Francis Fukuyama: “O fim da Histó-           proliferação indiscriminada de armas de destruição em mas-
 ria”. De acordo com o autor, o mundo estava chegando a um           sa; de expansão do terrorismo e de generalização de migra-
 ponto definitivo em seu processo evolutivo, como resultado          ções massivas. Entre os que sustentam esta tese encon-
 da homogeneização de valores e crenças. O duplo triunfo da          tram-se autores como: Patrick Moynahan, Zbignew
 democracia e da economia de mercado passaria a unificar             Brzezinski, Walter Saqueur e Michael T. Klare. A diferença
 as diversas regiões do planeta, brindando-lhes com um claro         fundamental entre os apologistas desta linha e dos que es-
 denominador comum. Ainda que esse modelo tenha sido                 posam as ideias contidas no modelo dos “Dois Mundos” é
 questionado por seu excessivo otimismo, são muitos, ainda,          que para uns o caos é seletivo enquanto que, para outros, é
 os que crêem que, com a imposição dos valores da econo-             global.
 mia de mercado e da democracia, o mundo está se voltando                    Os diversos paradigmas, que se manejam nos dias
 para um lugar muito mais seguro e apto para a prosperidade          atuais, encontram-se em uma escala de graduação que
 ilimitada.                                                          abarca desde o acendrado otimismo do “Fim da História” até
         Outro dos paradigmas que surgiram com o ocaso da            o acentuado pessimismo dos cultores do caos. A verdade,
 Guerra Fria diz respeito ao aspecto cultural. Seu máximo ex-        como sempre ocorre, deve encontrar-se em algum ponto in-
 poente é Samuel Huntington, para quem “a cultura e as iden-         termediário entre os dois extremos e deve incluir boa parte
 tidades culturais estão dando forma aos padrões de coesão,          das ideias sustentadas por cada um dos modelos apresenta-
 desintegração e conflito no mundo pós Guerra Fria (...) e as        dos.
 políticas globalizadas estão sendo reconfiguradas ao redor
 de linhas culturais”. Com diversas variáveis e matizes, este             Manuel Cambeses Jr. é Coronel-Aviador; membro
 paradigma cultural é também esposado por autores como                    do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil,
 Lawrence Harrison, Thomas Sowel, Roger Peyreffite e Ben-
                                                                          conselheiro e vice-diretor do Instituto Histórico-Cul-
 jamin Barber. Muito curiosamente o próprio Fukuyama, após
                                                                          tural da Aeronáutica
 haver divulgado sua teoria, parece ter acolhido com simpatia

Janeiro - Santos Arte e Cultura                                  8
A RELEVÂNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS
                                               IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

          Quando      dos   trabalhos                                                               Haveria, se tal movimento pros-
constituintes de 87/88, propugnei,                                                            perasse, um fantástico retrocesso
no meu livro “Roteiro para uma                                                                constitucional, pois as críticas dos ad-
Constituição” (Ed. Forense, 1987),                                                            ministradores públicos até hoje contra
que os Tribunais de Contas deve-                                                              o modelo de fiscalização consagrado
riam fazer parte do Poder Judiciário,                                                         na lei maior, sobre serem infundadas,
como um verdadeiro poder respon-                                                              improcedentes e inconsistentes, de-
sabilizador da administração públi-                                                           correm apenas de interesses contra-
ca.                                                                                           riados.
          Justificava a proposta - di-                                                              É necessário que o povo tenha
versa da classificação como órgão                                                             conhecimento de que tais Tribunais
auxiliar do Legislativo, que hoje os-                                                         desempenham o relevante papel de
tentam essas Cortes, dedicadas a                                                              não permitir a malbaratação do dinhei-
examinar os orçamentos préviamen-                                                             ro público, dos nossos tributos, dos
te, durante sua execução ou após -                                                            esforços da sociedade em criar rique-
sustentando que poderia o Brasil                                                              zas, retirando, o governo, parcela des-
inovar, criando um Poder Judiciário                                                           te trabalho da comunidade para gas-
com uma tríplice vertente, ou seja:                                                           tar, algumas vezes bem, muitas vezes
um Tribunal Constitucional para pre-                                                          mal, aquilo que o cidadão duramente
servação da ordem e da lei maior,                                                             conseguiu ganhar.
podendo inclusive ter Cortes de derivação; um Tribunal de                       Os Tribunais de Contas são, portanto, os grandes
Administração da Justiça, com duplo ou tríplice graus de ju-          protetores das comunidades contra os “trens da alegria”, os
risdição e Tribunais de Contas para a União e Estados – ad-           desperdícios, os privilégios auto-concedidos, que, sem sua
mitia também Cortes Municipais -, transformado em poder               fiscalização, teriam um crescimento expressivo.
fiscalizador e responsabilizador da Administração Pública,                      Em livro que será veiculado pela Revista dos Tribu-
com a mesma autonomia e independência de que sempre                   nais, (“Uma breve teoria do poder”), lembro Montesquieu
usufruiu o Poder Judiciário.                                          que, ao formular a teoria moderna da tripartição dos pode-
          A proposta encontrou séria oposição entre consti-           res, fê-lo, como dizia, porque é necessário que o poder con-
tuintes para os quais preparara o roteiro, mas o resultado foi        trole o poder, pois o homem não é confiável no poder.
ter outorgado, a Constituição de 1988, poderes maiores aos                      Este controle, no Brasil, na União Européia, na
Tribunais de Contas do que tinham até a promulgação da-               grande maioria dos países democráticos, é feito pelos Tribu-
quela lei suprema.                                                    nais de Contas, instituições que devem ser preservadas,
          E seu papel relevante percebe-se na atuação alta-           como garantia da democracia e do bom funcionamento das
neira de controlar as contas públicas, denunciando todas as           demais instituições.
operações em que se vislumbra lesão ao Erário, ou por su-                       Deve-se fulminar, portanto, no nascedouro, o movi-
perfaturamento, ou por privilégios auto-outorgados, ou por            mento, que tem sido, algumas vezes, noticiado pela mídia. A
facilidades inadmissíveis nos regimes democráticos, em que            democracia
o dinheiro público é do povo.                                         brasileira de-
          Levanta-se, agora e todavia, por força de interes-          pende da atu-
ses contrariados em diversas administrações públicas, movi-           ação dos Tri-
mento para a extinção de tais Cortes, porque muitos dos que           bunais       de
tiveram projetos, licitações, contratações ou gerenciamento           Contas.
das obras públicas impugnadas sentem-se cerceados na li-
berdade, não poucas vezes irresponsável, de gastar, ines-
crupulosamente, os recursos da Fazenda.

       Dr. Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das Universidades Ma-
ckenzie, UNIFMU, UNIFIEO, UNIP, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
                           - ECEME; Presidente do Centro de Extensão Universitária.




                                                                                                         Janeiro - Santos Arte e Cultura
                                                                  9
CLAUDEL E MILHAUD NO BRASIL
                                                       SÔNIA SALES
           2009 foi o ano da França no Brasil, e ainda é
 tempo de relembrar Paul Claudel, o grande poeta e drama-
 turgo francês que, como pouca gente sabe, viveu durante
 um ano no Brasil em missão diplomática para aumentar o
 comércio Brasil e França, no que se saiu muito bem. Quan-
 do Claudel chegou ao Brasil, em 1º de fevereiro de 1917, já
 era uma celebridade, mas estranhamente quase não se
 tem referências acerca desta sua passagem pelo nosso
 país. Poderíamos dizer talvez que dele ficou alguma influ-
 ência nos largos versos da poesia de Augusto Frederico
 Schmidt.
           Em seu livro “Carlos Oswald – Pintor da Luz e dos
 Reflexos”, Maria Isabel Oswald Monteiro, conta-nos que                             Paul Claudel e Darius Milhaud
 Henrique Oswald, o grande compositor, promovia em sua
 casa constantes saraus, num dos quais seu filho, o pintor          dia 1º de maio de 1950, honrado pelo Papa numa cerimônia
 Carlos Oswald, conheceu Paul Claudel, então ministro da            pública sem precedentes.
 França no Brasil:                                                            Claudel, fortemente influenciado pela religião católi-
           “Tanto ele como o seu secretário Darius Milhaud,         ca e pela poesia de Rimbaud e dos simbolistas, como eles se
 eram fervorosos entusiastas do folklore brasileiro, que naque-     horrorizava com o materialismo da vida. Em seus poemas,
 le tempo começava a interessar os ambientes musicais do            rejeitava a métrica tradicional em favor de longos e exaltados
 Rio. Se não me engano, Milhaud foi um dos primeiros (pelo          versos livres, hoje chamados “versos claudelianos”, por sua
 menos entre os estrangeiros) a aproveitar-se das músicas           admiração aos “Salmos”, e voltados para sua devoção a
 populares da nossa gente e com Luciano Gallet e Villa–Lobos        Deus. De todos os seus trabalhos em poesia lírica podemos
 constitui ao meu ver, o primeiro grupo de pioneiros vulgariza-     destacar “Cinq Grandes Odes” de 1910, e “Le Soulier de Sa-
 dores do nosso folklore.”                                          tin” de 1929. Escrevia peças extraordinariamente longas que
           Carlos Oswald conhecia a obra de Claudel e logo se       duravam algumas vezes onze horas. A mais famosa delas foi
 tornaram amigos. Poeta moderno, Claudel amava principal-           “Le Partage du Midi”de 1906. Nos últimos anos escreveu tex-
 mente o barroco brasileiro e era um profundo conhecedor de         tos para serem musicados, como “Jeanne d’Arc au bücher”
 arte. Tão bem se relacionaram, que Claudel solicitou a Carlos      de 1939, uma ópera – oratório com música de Arthur Honeg-
 Oswald um cenário para um balé criado por ele e por Milhaud,       ger.
 que mais tarde também musicou vários dos seus textos.                        Sua aversão ao nazismo tornou-se notória quando
           Darius Milhaud (1892 – 1974) chegou ao Brasil mui-       escreveu uma carta aberta para a Conferência Mundial Ju-
 to jovem, como secretário particular de Claudel. Nascera em        daica de 1935, condenando as Leis de Nuremberg como
 Marselha, membro de família judaica, e foi um dos mais pro-        “abomináveis e estúpidas”. Uma de suas enteadas era casa-
 líficos compositores do século XX. No Rio entrou em contato        da com um judeu, Paul Louis Weiller, condenado pelo tribu-
 com músicos brasileiros, tanto eruditos como populares, mui-       nal de Vichy em outubro de 1940. Claudel foi a Vichy e inter-
 tos dos quais permaneceram seus amigos, e ao voltar para a         cedeu por ele; quando Weiller conseguiu escapar (com a
 França, influenciado pelo Brasil, dedicou duas composições         ajuda de Claudel, segundo as autoridades) e voou para Nova
 ao nosso país: Le boef sur le toit, op. 58, e Saudades do Bra-     York, Claudel fez saber ao governo de Vichy o seu repúdio às
 sil, op. 67b. Sabe-se que Carlos Oswald pintou o seu retrato       leis anti–semitas em vigor. Corajosamente escreveu e publi-
 à maneira cubista, e que ele o levou consigo para sua terra        cou uma carta ao Grão-Rabino Israel Schwartz, em 1941, na
 natal.                                                             qual expressava o desgosto, o horror e a indignação que to-
           Paul Claudel nasceu em Villeneuve-sur-Fére em 6          dos os franceses decentes, principalmente os católicos, sen-
 de agosto de 1868, era filho de fazendeiros da classe média        tiam a respeito das injustiças e violências que estavam sen-
 e irmão mais jovem da escultora Camille Claudel. Aos dezoito       do praticadas contra seus compatriotas de origem judaica.
 anos, inacreditavelmente para um jovem, experimentou uma           As autoridades de Vichy, em represália, responderam isolan-
 súbita conversão, no dia de Natal de 1886, em plena Catedral       do a sua casa e deixando-o em observação.
 de Notre Dame de Paris, tornando-se católico fervoroso e as-                 Paul Claudel morreu em Paris, em fevereiro de
 sim permaneceu pelo resto de sua vida.                             1955, e é considerado o expoente máximo da poesia católica
 Casou-se em 1906 com Sainte-Marie Perrin e passou longos           francesa.
 anos longe da França, em função diplomática: América, Chi-
 na, Brasil e Itália entre outros, e como Embaixador, em Tó-
 quio, Washington e Bruxelas. Em 1935, retirou-se para o seu               Sônia Sales é membro titular da Academia Carioca de
 castelo em Brangues.                                                   Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
           Foi eleito em 1944 para a Academia Francesa, e no

Janeiro - Santos Arte e Cultura                                    10
                                                                  10
O HOMEM
                  ESSE DESCONHECIDO
                             JOSÉ VALDEZ DE CASTRO MOURA

                    Muitos autores, sejam        deus. E, aí, Blaise Pascal, ao refletir so-
            religiosos ou não, têm feito         bre a fraqueza do caniço, explicitou o
           esta indagação: ”Que é o Ho-          quanto o Homem é original e singular.
               mem?”. E, essa pergunta                  Dessa opinião compartilhava um
                  tem uma enorme di-             amigo que foi para o Plano Maior, um
                    mensão:         biológica,   prelado, de quem guardava os seus ar-
                     sociológica, psicoló-       tigos publicados nas décadas de seten-
                     gica e cultural.            ta e oitenta no Jornal do Brasil, que per-
                         Homem! Ser com-         tenceu a Academia Brasileira de Letras,
                      plexo e difícil de ser     o Cardeal Primaz do Brasil: D.Lucas
                      desvendado como            Moreira Neves. Visitei-o em 1995, em
                      afirmou, certa vez,        Salvador, onde residia, e, em conversa
                      Edgar Morin, soció-        afável e cristã fez esta colocação: ”No
                      logo, antropólogo e        mundo conturbado em que vivemos,
                        filósofo      francês,   quando crescem o egoísmo e a arro-
                        autor de “ Os sete       gância, torna-se cada vez mais neces-
                          saberes neces-         sário que o homem pense na sua pe-
                           sários para a         quenez ante a grandeza de Deus-Pai”.
                           educação no fu-               Por outro lado, não podemos es-
                           turo”. Diferencia     quecer que Santo Agostinho e São To-
                            o homem dos          más de Aquino enxergaram o homem
                            outros       seres   como um princípio material intimamente
                             vários atribu-      unido a uma alma, para procurar a ver-
                             tos, sobretudo      dade e praticar o bem. Dessa maneira,
                              a sua capaci-      torna-se insustentável o argumento, a
                               dade de re-       resposta materialista de que o Homem é
                               fletir sobre si   ”um ser corporal o qual fenece com o
                                mesmo, o         advento da morte física”, que, de um
                                seu proces-      certo modo, surge nos escritos de Karl
so histórico e, em última análise, a sua         Marx e do antropólogo Levy Strauss.
autoconsciência.                                           Enfim, um Ser Especial que,
    O Rei Davi em seus Salmos pergun-            com sua linguagem carregada de sim-
tou: ”Que é o homem para dele Te lem-            bolismo, expressa um pensamento, tem
brar? Tu (referindo-se a Deus) o fizeste         consciência do viver, do sofrer, do amar
pouco menos do que um Deus, coroan-              e da sua finitude. Surgiu, portanto o Ho-
do-o de glórias e de beleza; sob os seus         mem, pela força criadora de Deus, ser
pés tudo colocaste para que domine as            pensante, diferente de todos os outros
obras com as suas mãos”.                         animais, que deve lutar pelo seu aper-
       Considero Blaise Pascal, grande           feiçoamento interior e do mundo que o
Filósofo Francês( 1623-1662) que criou           rodeia, cuidando, antes que seja tarde
uma doutrina filosófica baseada no ra-           demais, do planeta que habita, para ser
ciocínio lógico e na emoção, autor da            digno da bondade do Criador.
frase: ”O coração tem razão que a pró-
pria razão desconhece”, um grande in-
                                                         José Valdez de Castro Moura é
dagador sobre o Homem, divisando nele
                                                      Médico, Prof.Universitário,Mestre e
um confronto: o infinito de Deus e o fini-
                                                           Doutor pela U.S.P.Membro de
to humano. Afirmou: ”O Homem é um
                                                      várias Entidades Culturais do Brasil
caniço que pensa”. Caniço que conhece
                                                                            e do Exterior.
a sua fragilidade e que pode chegar a
                                                                     11
FILOSOFIA CLÍNICA E FILOSOFIA DA MENTE:
                ÁREAS NOVAS, INTERSEÇÕES MARCATES
                                                        MONICA AIUB


          Trabalhando no consultório de filosofia clínica e ob-        ônus ao Estado.
servando o quanto modificações nos estados e processos                           Embora tenhamos desenvolvido instrumentos im-
mentais (sentimentos, pensamentos, sonhos, desejos, do-                portantes para o mapeamento cerebral, conseguimos identi-
res, etc.) acabavam por provocar alterações em estados físi-           ficar áreas ativadas, tempestades elétricas, localizar tumo-
cos, coloquei-me a pesquisar como tais questões eram abor-             res, mas não conseguimos encontrar pensamentos,
dadas pela filosofia. Nisso, me deparei com a filosofia da             sentimentos, dores, desejos, sonhos, crenças... e o proble-
mente.                                                                 ma continua: como nossos estados mentais interferem em
          Disciplina surgida em 1949, com a publicação do              nossos estados físicos? E a relação inversa, como se dá?
livro de Gilbert Ryle, The Concept of Mind, no qual o autor            Este é o problema da causação mental, que verificando clini-
afirma que o problema mente-corpo não passa de um pseu-                camente, fui movida a pesquisar.
do problema, um problema de linguagem.Tal declaração pro-                        É interessante observar que, dependendo do fun-
vocou uma retomada do problema filosófico proposto inicial-            damento teórico do qual se parta, a orientação para o traba-
mente por Descartes, em 1641, quando publicou as                       lho terapêutico se define. Por exemplo, os materialistas, de-
Meditações da Filosofia Primeira, afirmando serem mente e              fensores da teoria da identidade acreditam que estados
corpo duas substâncias diferentes: a mente, res cogitans,              mentais são idênticos a estados cerebrais. Assim sendo, se
imaterial, inextensa; e o corpo, res extensa, material, ocu-           alterarmos os estados cerebrais por meio de medicamentos
pando lugar no espaço. Ao mesmo tempo em que formula o                 ou intervenções cirúrgicas, imediatamente alteraremos os
dualismo de substâncias, Descartes afirma existir uma rela-            estados mentais. A partir desta teoria, as psicoterapias não
ção causal entre mente e corpo, não explicando como é pos-             teriam lugar, sendo substituídas por tratamentos farmacoló-
sível que diferentes substâncias, material e imaterial, pos-           gicos ou cirúrgicos.
sam interagir causalmente.                                                       Já o materialismo não reducionista emergentista,
          Quando, em 1949, Ryle retoma o problema, rea-                que defende que a mente emerge do funcionamento cere-
cende a discussão, provocando o surgimento de várias e                 bral, mas não se reduz ao cérebro, podendo retroagir sobre
diferentes teorias sobre o assunto. Todas inconclusivas, mas           ele, derivaria um tratamento misto com medicamentos e psi-
tentando elucidar alguns aspectos sobre as relações exis-              coterapia, a fim de atingir tanto os estados mentais quantos
tentes entre nossos pensamentos e nosso corpo. A década                os físicos, uma vez que nos seria impossível, mesmo que
de 1990, declarada pelo governo americano como a década                acompanhássemos os processos de emergência do mental,
do cérebro, foi um período de investimento em pesquisas                identificar, após tais processos, quais desordens teriam ori-
sobre o funcionamento do cérebro, em tecnologia para o ma-             gem em estados físicos ou em estados mentais.
peamento e a compreensão de nosso cérebro. A aposta                              Você já pensou em qual é a teoria da mente que
americana contava com um objetivo básico: encontrar for-               conduz a terapêutica de seu médico? E qual a teoria da
mas para minimizar os transtornos mentais, que causavam                mente que conduz as escolhas em sua vida? São estas as
um grande número de afastamentos do trabalho, gerando                  relações que venho pesquisando e apresento os primeiros
                                                                       resultados no livro Filosofia da Mente e Psicoterapias (WAK,
                                                                       2009), obviamente, inconclusivo, pois a pesquisa continua, e
                                                                       cada vez mais me
                                                                       instiga às aproxi-
                                                                       mações com a fi-
                                                                       losofia clínica.




                                            Monica Aiub é filósofa clínica, presidente
                                            da ANFIC – Associação Nacional de Filó-
                                            sofos Clínicos, fundou e dirige o Interse-
                                            ção – Instituto de Filosofia Clínica de São
                                            Paulo. E-mail: monica_aiub@uol.com.br
                                            Site: www.institutointersecao.com



Janeiro - Santos Arte e Cultura                                   12
MARIA ANTONIETA                                           Pintura de 1775, de Jean-Baptiste Gautier-Dagoty


                                                    RAQUEL NAVEIRA
          Sempre fui apaixonada pela                                                               A atriz Kirsten Dunst é perfeita no
história trágica da rainha Maria                                                                    papel de Maria Antonieta: alva
Antonieta. Maria Antonieta nasceu                                                                   como um lírio, entediada, adoles-
em Viena, Áustria, em 1755, filha                                                                  cente, fútil, alienada, manipulada
do Imperador Francisco I e de Ma-                                                                 por forças superiores a ela, bus-
ria Teresa. Casou-se com o delfim                                                                 cando, com todas as forças, apren-
da França, mais tarde Luís XVI.                                                                   der a viver e a sobreviver. Envolvi-
Esse casamento tornou-a o centro                                                                  da em rígidas regras de etiqueta,
das intrigas relativas à aliança aus-                                                            ferrenhas disputas familiares, intri-
tríaca, criando-lhe muitos inimigos. A                                                          gas insuportáveis, exilada e sozinha,
jovem e inexperiente princesa pouco                                                            ela decide criar um universo à parte,
fez para pôr termo ao estado de coisas                                                        no qual pode se divertir e aproveitar a
que se criara, agindo, pelo contrário, de                                                   mocidade. Enquanto isso, fora das pare-
molde a agravá-lo, após a ascensão do                                                     des do palácio, sem que ela se dê conta, a
marido ao trono, imiscuindo-se em questões                                             revolução ferve como uma caldeira prestes a
políticas. Seis meses apenas depois de ter-se                                     explodir.
tornado soberana, os ataques contra ela se avoluma-                      Roupas, jóias, perucas, sapatos, carruagens, cavalos,
vam. O favoritismo que dispensava aos amigos, os gastos               louças, biscoitos (os famosos “brioches”), bolos, bebidas,
inúteis que fazia, a conduta escandalosa nos negócios públi-          bolhas de champanhe, tudo gira e espuma na tela. A trilha
cos, constituíam fatores que comprometiam sua reputação.              tecno do filme sugere que é, antes de tudo, um filme sobre
A situação financeira aflitiva do povo francês, provocada por         os perigos da adolescência, quando somos incapazes de
ministros corruptos escolhidos por ela, transformara-a no             avaliar o peso dos nossos atos, provocando efeitos e desdo-
símbolo do ódio popular pelo regime vigente. A revolução se           bramentos muitas vezes surpreendentes e desastrosos em
aproximava; em 14 de julho de 1789 houve a queda da Bas-              nossas vidas e nas vidas das pessoas que nos rodeiam.
tilha; quando o rei e a família foram removidos de Versalhes                     O filme dá aquela sensação de que termina na me-
para as Tulherias, Maria Antonieta compreendeu que esta-              lhor parte, que ficou inacabado, pois não conta o trágico e
vam condenados. Os membros da corte francesa fugiram de               conhecido fim da rainha. Parece que faltou alguma coisa,
Paris e as monarquias da Europa, alarmadas com o rumo                 mas é essa falta que gera a polêmica, o recorte particular, a
que os acontecimentos tomavam na França, consideraram a               obra aberta. É o olhar moderno e inteligente de Sophia Cop-
possibilidade de uma intervenção. A rainha, através de emis-          pola.
sários secretos, implorou ao irmão que enviasse um exército                      Um filme de alma feminina, de uma estética magne-
austríaco para salvar a família real. Dois anos se passaram           tizante, que conseguiu mostrar um ângulo novo para duas
e como os socorros não vinham, ela decidiu fugir da França.           antigas histórias: a da rainha e a da adolescência perdida de
Partiu numa noite com a família, sob disfarce, para Malmédy,          cada uma de nós.
na fronteira oriental, mas foram detidos e obrigados a voltar                    Pensando na infeliz Maria Antonieta, escrevi este
a Paris. Tal fato serviu para aumentar as suspeitas de traição        poema: “Sonhei que era Maria Antonieta,/ Tinha um castelo
que pesavam sobre Maria Antonieta e o marido. A hostilida-            perfumado/ Como uma flor na floresta;/ Tinha uma sala de
de do povo parisiense se intensificava, as Tulherias foram            espelhos/ E lagos para ver minha silhueta;/ Tinha um palco
invadidas e a rainha sujeitada a humilhações extremas. Nos            de seda/ Para representar uma opereta;/ Tinha um colar bri-
últimos meses de 1793, removida para a Conciergerie, ela              lhante/ Como a cauda de um cometa;/ Tinha bolos e licores/
demonstrou fortaleza de ânimo. Enquanto se encontrava na              Para os convivas de minha saleta;/ Tinha criados que me
prisão, fizeram-se duas tentativas de salvá-la. Todavia, foi          anunciavam,/ Inclinados ao som de uma trombeta;/ Tinha o
conduzida ao tribunal revolucionário e acusada de traição.            ar frio e distante/ De uma intrigante estatueta;/ Tinha um ves-
Morreu na guilhotina.                                                 tido branco/ Para dançar no bosque como uma ninfeta;/ Ti-
          Sophia Coppola, a cineasta, conheceu a biografia            nha um sonho de colombina/ Feito de vôo e pirueta;/ Tinha
de Maria Antonieta em 2000, através da historiadora france-           tanta fortuna/ O meu sonho de Maria Antonieta...// Terá sido
sa Evelyne Lever. Na época, Sophia adquiriu os direitos de            em hora importuna? Terá sido recordação funesta?/ Onde a
adaptação do livro para o cinema. Lever trabalhou como                festa?/ O fausto?/ Nada mais resta.../ Coube-me um canto
consultora técnica do filme, preparando um dossiê sobre a             de sarjeta/ E o ressoar estranho/ De uma risada do capeta.”
rainha, de forma a evitar erros sobre sua história.
          O governo francês concedeu à equipe de filmagens
uma permissão especial para que rodasse cenas no Palácio               Raquel Naveira é graduada em Direito e Letras, Mestre em Comu-
                                                                       nicação e Letras pelo Mackenzie e Doutoranda em Literatura Por-
de Versailles. No célebre Salão de Espelhos foi rodada a des-
                                                                        tuguesa, na USP. Professora das Pós-Graduação da UNINOVE,
lumbrante cena do baile de casamento entre Maria Antonieta e            poeta, escritora com diversos títulos publicados. Pertence a Aca-
Luís XVI. O filme foi vencedor do Oscar de Melhor Figurino.               demia Sul-Mato-Grossense de Letras e ao Pen Clube do Brasil

                                                                 13
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GOVERNADORES GERAIS DO BRASIL DE 1549 A 1808
                                                DOUGLAS MICHALANY

1549/1553 – Tomé de Sousa                                          1687/1688 – Matias da Cunha
1553/1557 – Duarte da Costa                                        1690/1694 – Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho
1557/1572 – Mem de Sá                                              1694/1702 – João de Lencastre
1573/1578 – Luís de Brito e Almeida (da capitania de Ilhéus        1702/1705 – Rodrigo da Costa
para o Norte)                                                      1705/1710 – Luís César de Meneses
1574/1577 – Antônio Salema (da capitania de Porto Seguro           1710/1711 – Lourenço de Almada
para o sul)                                                        1711/1714 – Pedro de Vasconcelos e Sousa
1578/1581 – Lourenço da Veiga                                      1714/1718 – Pedro Antônio de Noronha (Marquês de Angeja)
1581/1583 – Bispo da Bahia, Câmara Municipal de Salvador           – com o título pessoal de vice-rei
e Cosme Rangel de Macedo                                           1718/1719 – Sancho de Faro e Sousa (Conde de Vimieiro)
1583/1587 – Manuel Teles Barreto                                            A partir de 1720 todos os governadores foram
1587/1591 – Dom Antônio Barreiros, Cristóvão de Barros e           nomeados com o título oficial de vice-rei. Anteriormente a
Antônio Coelho de Aguiar                                           essa data, os que o fizeram foi por sua própria
1591/1602 – Dom Francisco de Sousa                                 determinação.
1602/1607 – Diogo Botelho                                          1720/1735 – Dom Vasco Fernandes César de Meneses
1608/1612 – Dom Diogo de Meneses e Siqueira                        (depois Conde de Sabugosa)
1612/1617 – Gaspar de Sousa                                        1735/1749 – André de Melo e Castro (2º Conde das
1617/1621 – Dom Luís de Sousa                                      Galveias)
1622/1624 – Diogo de Mendonça Furtado                              1749/1755 – Dom Luís Pedro Peregrino de Carvalho
1624/1625 – Dom Marcos Teixeira e Antão de Mesquita e              Meneses e Ataíde (10º Conde de Atouguia)
Oliveira                                                           1755/1760 – Dom Marcos de Noronha (6º Conde dos
1625/1626 - Dom Francisco de Moura Rolim                           Arcos)
1626/1635 – Diogo Luís de Oliveira                                 1760/1763 – Dom Antônio de Almeida Soares Portugal de
1635/1638 – Pedro da Silva                                         Alarcão d’Eça e Melo (1º Marquês de Lavradio)
1639/1640 – Dom Fernando de Mascarenhas (Conde da                  1763/1767 – Dom Antônio Álvares da Cunha (1º Conde da
Torre)                                                             Cunha), 1º vice-rei a servir na cidade do Rio de Janeiro
1640/1641 – Dom Jorge de Mascarenhas (Marquês de                   1767/1769 – Dom Antônio Rolim de Moura Tavares (1º Conde
Montalvão) – com o título pessoal de vice-rei                      de Azambuja)
1641/1642 – Dom Pedro da Silva, Luís Barbalho e Lourenço           1769/1779 – Dom Luís de Almeida Soares Portugal de
de Brito Correia                                                   Alarcão d’Eça e Melo e Silva Mascarenhas (2º Marquês de
1642/1647 – Antônio Teles da Silva                                 Lavradio e Conde de Avintes)
1647/1649 – Antônio Teles de Meneses                               1779/1790 – Luís de Vasconcelos e Sousa (futuro Conde de
1649/1653 – João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa                  Figueiró)
1654/1657 – Jerônimo de Ataíde                                     1790/1801 – Dom José Luís de Castro (2º Conde de
1657/1663 – Francisco Barreto de Meneses                           Resende)
1663/1667 – Vasco de Mascarenhas (Conde de Óbidos) –               1801/1806 – Dom Fernando José de Portugal e Castro (2º
com o título pessoal de vice-rei                                   Marquês de Aguiar)
1667/1671 – Alexandre de Sousa Freire                              1806/1808 – Dom Marcos de Noronha e Brito (8º Conde dos
1671/1675 – Afonso Furtado de Mendonça Castro do Rio e             Arcos)
Meneses (Visconde de Barbacena)                                             Dom Marcos de Noronha e Brito foi o último dos
1675/1678 – Álvaro de Azevedo, Antônio Guedes, Agostinho           vice-reis, pois com a chegada ao Brasil do Príncipe-Regente
de Azevedo Monteiro e Cristovão de Burgos de Contreiras            D. João, em 1808, iniciava-se uma nova fase político-
1678/1682- Roque da Costa Barreto                                  administrativa.
1682/1684 – Antônio de Sousa Meneses
1684/1687 – Antônio Luís de Sousa de Meneses (Marquês                                Douglas Michalany é Presidente Emérito da
das Minas)                                                                                       Academia Paulista de História.
Janeiro - Santos Arte e Cultura                               14
ARMAZENAGEM DE MERCADORIA
                            NÃO É SERVIÇO PÚBLICO
                                            VADISON ESPINHEIRA DO CARMO

          Diz o artigo 175 da Constitui-    coletividade ou
ção Federal: "Incumbe ao Poder Públi-       simples conveni-
co, na forma da lei, diretamente ou sob     ências do Esta-
o regime de concessão ou permissão,         do."
sempre através de licitação, a presta-                Os ser-
ção de serviços públicos."                  viços considera-
          E o que são serviços públi-       dos públicos de
cos?                                        competência da
          Lúcia Valle Figueiredo – Curso    União são aque-
de Direito Administrativo, Malheiros        les taxativamente
Editores, página 54, edição 03-1994,        mencionados na
diz que: "Serviço público é toda ativida-   Constituição Fe-
de material fornecida pelo Estado, ou       deral no artigo 21,
pôr quem esteja a agir, no exercício da     inciso X (serviço pos-
função administrativa, se houver per-       tal e o correio aéreo
missão constitucional e legal para isso,    nacional), XI (os serviços de teleco-
com o fim de implementação de deve-         municações), XII Serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, serviços
res consagrados constitucionalmente,        e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energéticos dos cursos de
relacionados à utilidade pública, que       água, navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária, serviços de
deve ser concretizada sob regime pre-       transportes ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais,
valente de Direito Público."                ou que transponham os limites de Estado ou Território, serviços de transporte ro-
          Maria Sylvia Di Pietro: "toda     doviário interestadual e internacional
atividade material que a lei atribui ao     de passageiros, os portos marítimos,
Estado para que a exerça diretamente        fluviais e lacustres), XV (os serviços
ou pôr meio de seus delegados, com o        oficiais de estatística, geografia, geolo-
objetivo de satisfazer concretamente        gia e cartografia de âmbito nacional), e
às necessidades coletivas, sob regime       ainda XXII (serviços de polícia maríti-
jurídico total ou parcialmente público."    ma, aeroportuária e de fronteiras),
          José Cretella Júnior: "Serviço    XXIII (serviços e instalações nucleares
público, em sentido amplo, é toda ativi-    de qualquer natureza).
dade que as pessoas jurídicas públicas                Como se vê, armazenagem
exercem, direta e indiretamente, para a     de mercadoria não consta como servi-
satisfação das necessidades públicas,       ço público a ser prestado pelo Poder
mediante procedimentos típicos do di-       Público. Logo, não está sujeito a licita-
reito público, fundamentados em prin-       ção, não se submetendo portanto ao
cípios publicisticos." (Manual de Direito   regime de concessão ou permissão.
Administrativo).                                      Dessa forma, os Portos Se-
          José Afonso da Silva – Curso      cos e os CLIA’s, cuja atividade princi-
de Direito Constitucional Positivo, Ma-     pal é de armazenagem de mercadoria,
lheiros Editores, 15ª Edição Revista,       não exercem serviços públicos delega-
página 767 : "O serviço público é, por      dos, quer por concessão, quer por per-
natureza, estatal."                         missão.
          Hely Lopes Meirelles – Direito
Administrativo Brasileiro, 35ª Edição,
                                              Vadison Espinheira do Carmo é audi-
página 332, Malheiros Editores: "é todo
                                              tor-Fiscal da Receita Federal do Bra-
aquele prestado pela Administração ou         sil aposentado, Professor-Mestre
por seus delegados, sob normas e con-         (Administração) Universitário, Conta-
                                              dor e Advogado.
troles estatais, para satisfazer necessi-
dades essenciais ou secundárias da
                                                               15                                   Janeiro - Santos Arte e Cultura
ESPERANÇA
                                                              EDNA GALLO
         O que seria da criatura humana sem a esperança?                 recida a todos nós. Ter esperança é saber perseverar, ter
Na certa, sem ela não haveria objetivos, sonhos, realiza-                confiança		no		bem,	no		positivo	e		até		mesmo	naquilo	que		nos	
                                                                                                                                        	
ções.                                                                                      parece impossível. Ela é uma energia que
         É ela que nos estimula a viver, lutar,                                              alimenta a alma, redobrando-nos o âni-
prosseguir e ainda nos dá a certeza de                                                         mo, a coragem, fazendo-nos permane-
que mais cedo ou mais tarde conseguire-                                                          cer	firmes	nos		propósitos	de	vitória.
mos alcançar nossas metas, concretizar os ide-                                                        Devemos cultiva-la sempre em
ais e aspirações. Mesmo que haja fracassos, insu-                                                  nossos corações, pois ela nos aju-
cessos, a chama da esperança reacende dentro de nós,                                      da a descortinar novos horizontes. Se nos-
impulsionando-nos a novas tentativas.                                    sos passos tropeçarem nas pedras do caminho ou surgirem
         Não devemos jamais esmorecer diante dos obstá-                  impedimentos aos nossos mais caros anseios, vamos con-
culos	que		surgem	nos		afligindo,		pois	ela		nos		mostra		que		os	
                                                                 	       tinuar de braços dados com a esperança e haveremos de
caminhos se renovam, as oportunidades se multiplicam, as                 remover as barreiras, continuar a jornada e vencer.
mudanças ocorrem e as soluções chegam trazidas pelo
tempo.
	        Se		hoje,		dificuldades	nos		aborrecem,	a		esperança	                   Edna Gallo é poetisa - Trovadora- Livros publicados:
novamente nos aponta o amanhã cheio de promessas. Cada                             “Alvoradas e Crepúsculos” e “Brisa de Outono”
alvorecer é sempre uma nova possibilidade de sucesso ofe-



                                           A MÁQUINA GENÉTICA
                                               JOSÉ ALBERTO NEVES CANDEIAS
           Nunca se falou tanto em genética como em nosso “dia a         cia de algo improvável, ou da mais necessária probabilidade de
dia”, o que pode e deve entusiasmar-nos como sendo um sinal da           sobrevivência. Hoje em dia, os seres humanos são máquinas gené-
boa iniciativa de popularizar os avanços da ciência, ou parte deles,     ticas sobreviventes.
dada a extensão da literatura biológica e melhor esclarecendo al-                   O DNA de um passado longínquo fazia parte dos genes?
guns aspectos teóricos desta junto a amadores interessados.              Com grande probabilidade, não tal como o conhecemos hoje, fa-
           Os genes são o elemento fundamental da vida humana e          zendo parte dos bilhões e bilhões de células do nosso organismo,
de outros animais e plantas, bactérias e vírus, o que justifica o dito   células estas que contêm um núcleo com dois pares de cromosso-
de Sagan: “afinal somos todos primos”. Todos os genes são iguais,        mos, um dos pares provenientes do pai e outro da mãe. O conjunto
mostrando as diferenças nos seus efeitos, em função da estrutura         de genes recessivos de ações ignoradas ou prejudiciais.
do seu corpo, que os vai transferindo para a descendência. Vez por                  Qualquer dos seres já mencionados, de animais, vege-
outra surgem genes perturbadores durante o processo biológico da         tais, bacterianos e virais, são máquinas de sobrevivência contra as
mutação, que podem causar desastrosas influências ou consequên-          múltiplas ações que podem prejudicá-los na constante atividade
cias adversas em outros genes dos seres humanos e outros seres,          favorável. Talvez não devamos esquecer que as tecnologias cientí-
fixando-nos nós nos seres humanos, para simplificar e nunca por          ficas de nossos dias poderão aprimorar os genes com vistas a ali-
snobismo (sine nobilitate).                                              mentar esperanças para os nossos descendentes, estimulando sua
           O termo “simplificar”, que usamos, não corresponde à re-      criatividade. Só assim será possível prevenir erros nascidos de in-
alidade que teremos de enfrentar analisando a estrutura formal           fluências sociais, com forte impacto no desenrolar de nossas ativi-
(corpo) e sua estrutura genética (gene).                                 dades. Que tipo de intervenção junto aos genes, mercê da ação de
           Nunca um fator, genético ou ambiental, pode considerar-       novas tecnologias, será possível vir a acontecer é, de momento, de
se como causa das diferenças formais entre os descendentes, ten-         interesse marginal, muito embora a emergência da Biologia Mole-
do estas um enorme contingente de antecedentes causais. São              cular possa ajudar-nos naquele exercício meramente especulativo.
estas diferenças que podem ser o elemento importante nas lutas da        Tal possibilidade técnica - que repetimos, não conhecemos - daria
sobrevivência e da competição, tanto no complexo processo evolu-         aos genes ainda maior saliência no seu papel para surgimento de
tivo, como no próprio dia-a-dia. O efeito da ação de cada gene de-       gerações mais bem amparadas socialmente. E se tal hipotética in-
pende da presença de outros genes, do ambiente genético, poden-          tervênção tecnológica levasse ao aumento das taxas de serotonina
do acontecer a presença de genes bons, de genes letais e genes           nos descendentes? Então, a realidade seria bem operante, como
semiletais.                                                              resultado da melhoria da autoestima, que sempre acompanha os
           Apesar da passividade, os genes humanos são obriga-           altos índices de serotonina.
dos a desempenhar suas ações de modo a que os problemas dos                         Esta informação, ainda, não nos permite levar muito lon-
descendentes, no futuro, sejam adequadamente previstos, num              ge nossa análise, uma vez que pouco sabemos das reações bio-
verdadeiro jogo de probabilidades.                                       químicas entre os genes, o cérebro e o comportamento. Sabemos
           Esta previsão dos genes sobre o que o futuro irá oferecer,    que pessoas portadoras de baixas taxas de serotonina são mais
parece usar aquilo que chamamos de simulação, tão frequente nos          inclinadas a atitudes impulsivas. E é só! Ou pelo menos, julgamos
seres humanos, mas difícil de imaginar nas atividades dos genes,         ser só!
que poderiam, então, criar uma decisiva intervenção no comporta-
mento da máquina genética, tendo em vista a sobrevivência. Sur-                   José Alberto Neves Candeias é Mestre, Doutor, professor
ge, por obrigação, a necessidade de especular sobre a enorme                  titular aposentado da USP, com especialização em Londres,
multiplicidade de tipos de genes habéis para comandar a ocorrên-                          Estados Unidos e Tóquio, em Biologia Molecular
Janeiro - Santos Arte e Cultura                                     16
NOTAS CULTURAIS
    NOTAS CULTURAIS


                                     “SANTOS DUMONT - DOMADOR DO ESPAÇO”
                                      Em noite concorrida, 9     contou com presenças ilustres, dentre as quais, autoridades,
                             de dezembro, foi lançado o livro    intelectuais e acadêmicos, bem como amigos e familiares,
                             “Santos Dumont - Domador do         que prestigiaram o evento.
                             Espaço”, de autoria do jornalis-             O livro narra a saga e a determinação do brasileiro
                             ta e aviador, Cláudio de Cápua.     Santos Dumont, que legou ao mundo a capacidade de ven-
                             O lançamento ocorrreu na            cer os ares, reduzindo distâncias e proporcionando avanços
                             Aliança Francesa, em Santos e       imensuráveis à humanidade.




              JOGOS FLORAIS DE CAXIAS DO SUL                                              AGITANDO O VERÃO
                                                                                              SANTISTA
         O talento santista será mais      xias do Sul) e Academia Caxiense de                   Os fins de semana do verão
uma vez reconhecido, durante entrega       Letras. A poetisa santista Carolina Ra-    santista continuarão a ser animados com
das premiações no “II Jogos Florais de     mos foi uma das vencedoras do concur-      as tendas instaladas na praia, com diver-
Caxias do Sul”, concurso nacional que      so cultural, com a crônica “Nos Trilhos    sas atrações culturais. Durante o dia, o
ocorre anualmente promovido pela UBT       da História”. A premiação acontecerá       espaço abriga uma vasta programação
(União Brasileira de Trovadores - Ca-      nos dias 27 e 28 de fevereiro.             semanal onde são oferecidas oficinas de
                                                                                      leitura, de dança de salão, roda de capo-
                      CHORINHO NO AQUÁRIO                                             eira, brincadeiras educativas, ginástica,
          Todos os sábados, a partir das 19h, os santistas e visitantes podem apre-   dentre outros. Já à noite, as Tendas re-
ciar, gratuitamente, o melhor do Chorinho. Em frente ao Aquário Municipal, na         cebem a população com as melhores
                                                            Praça Vereador Luiz La    bandas e variado repertório, para aque-
                                                            Scala, na Ponta da        les que gostam de dançar e curtir boa
                                                            Praia. A iniciativa é     música. A programação é gratuita e rea-
                                                            uma parceria entre a      lizada pela Prefeitura de Santos, por
                                                            Prefeitura Municipal e    meio da Secult (Secretaria de Cultura).
                                                            as empresas Tecondi e     Informações: 3226-8000.
                                                            Termares, que patroci-
                                                            nam o evento. No pró-
                                                            ximo sábado, dia 30 de
                                                            janeiro, está programa-
                                                            da a apresentação do
                                                            grupo Chorocabanos.

                                                                                                   Janeiro - Santos Arte e Cultura
                                                                17
Espaço do Livro
                  CLÁUDIO DE CÁPUA

                                                                                O SÍMBOLO PERDIDO
                                                                                        de DAN BROWN
                                                                         O segredo do texto de Dan Brown é entrelaçar fatos
                                                               verdadeiros, com conspirações, que misturam personagens da
                                                               história, com obras de grandes mestres da arte, envolvendo religiões
                                                               ou sociedades secretas e símbolos para serem decifrados.
                                                                         “O Símbolo Perdido” é seu quinto livro e o terceiro que lança
                                                               tendo Robert Landgon, professor universitário e simbologista, como
                                                               personagem central de uma trama, que se desenrola toda em
                                                               Washington.
                                                                         Neste romance, o professor Landgon tem que salvar seu
                                                               amigo, Peter Salomon, de um jovem gigante loiro, que ocupa alto
                                                               grau na maçonaria e traz o corpo todo tatuado por símbolos
                                                               esotéricos.
                                                                         Mal’akh é o gênio do mal, nesta história de Brown, ele quer
                                                               descobrir os segredos ocultos nos meandros do Capitólio, erguido
                                                               como templo maçônico para idolatrar a imagem do primeiro
                                                               presidente americano e gran mestre maçom, George Washington.
                                                                         Dan Brown, em entrevista à TV americana, afirma que 97%
                                                               de suas histórias são alicerçadas em fatos verdadeiros.
                                                                         Sem dúvida, Dan Brown descobriu um modo mágico de
                                                               prender a atenção do leitor.



                O ENIGMA DE BARTHOLOMEU                                          VINHO - medicamento para o coração e a alma
                                                                                              ÁUREO RODRIGUES
                   JOÃO INÁCIO DA SILVA FILHO

                                  O professor e pesquisador de histó-                                O renomado médico Santista Áu-
                                  ria, João Inácio relata a vida do pri-                             reo Rodrigues, aborda um dos
                                  meiro cientista experimental das                                   mais antigos prazeres da humani-
                                  Américas, Bartholomeu Lourenço                                     dade: o vinho. Além de relatar sua
                                  de Gusmão. Ao resgatar os misté-                                   origem, modo de escolha, de utili-
                                  rios desse incompreendido e fasci-                                 zação e de manutenção, faz um
                                  nante inventor, resgata a memória                                  interessante paralelo   medicinal,
                                  e a glória desse homem que dedi-                                   mostrando as virtudes terapêuticas
                                  cou sua vida à ciência.                                            da bebida.




Janeiro - Santos Arte e Cultura                                            18
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19 Baixa

  • 1. ANO IV VOL.19 BIMESTRAL - JANEIRO DE 2010 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA • ANO QUE VAI... • ESPERANÇA • O HOMEM ANO QUE VEM.. ESSE DESCONHECIDO ESTAÇÃO ANA COSTA
  • 2.
  • 3. Sumário EDITORIAL Edição 19 - Ano 4 - Janeiro 2010 4 TROVAS Olá, leitores: 5 ANO QUE VAI... ANO QUE VEM... Nessa primeira edi- Carolina Ramos ção do ano renova- 6 CINCO PROVAS HISTÓRICAS DA PASSAGEM mos nossa proposta DE JESUS POR ESTE MUNDO de reunir e trazer Fernando Jorge ao leitor um seleto e conceituado grupo 7 SEM ALARDE de articulistas, assim Cláudio de Cápua como, informações so- 8 PARADIGMA bre eventos culturais Manuel Cambeses Júnior e artísticos. Na capa, continua- 9 A RELEVÂNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS mos a destacar nosso Ives Gandra da Silva Martins patrimônio históri- 10 CLAUDEL E MILHAUD NO BRASIL co, belas edificações Sonia Sales e cenários santistas que por vezes, pas- 11 O HOMEM - ESSE DESCONHECIDO sam despercebidos na José Valdez de Castro Moura rotina urbana, mas 12 FILOSOFIA CLÍNICA E FILOSOFIA DA MENTE que marcam de for- Monica Aiub ma indelével a vida do santista. É o caso 13 MARIA ANTONIETA da antiga e bela Esta- Raquel Naveira ção Ferroviária Ana 14 GOVERNADORES GERAIS DO BRASIL Costa, que restaura- DE 1549 A 1808 da pelo Grupo Pão de Açúcar, funciona Douglas Michalany hoje como o Fórum 15 ARMAZENAGEM DE MERCADORIA da Cidadania, abri- NÃO É SERVIÇO PÚBLICO gando eventos sociais Vadison Espinheira do Carmo e culturais. Com essa edição da- 16 ESPERANÇA mos as boas-vindas a Edna Gallo esse esperançoso 2010! 16 A MÁQUINA GENÉTICA José Alberto Neves Candeias Boa leitura 17 NOTAS CULTURAIS O Editor. 18 ESPAÇO DO LIVRO Expediente LEI ROUANET Editor - Cláudio de Cápua. MTB 80 A Revista Santos Arte e Cultura é Jornalista Responsável - Liane Uechi. MTB 18.190. aprovada pelo Ministério da Cultu- Editoração Gráfica - Liane Uechi ra e beneficiada pela Lei Rouanet Designer Gráfico - Mariana Ramos Gadig Capa: Liane Uechi de Incentivo à Cultura. Os patroci- End.: Rua Euclides da Cunha, 11 sala 211. Santos/SP. nadores poderão abater 100% do E-mail: revistaartecultura@yahoo.com.br valor doado no imposto de renda. Participaram desta edição: Aldo José Alberto; Carolina O benefício é válido para pessoas Ramos; Cláudio de Cápua; Douglas Michalany, Edna jurídicas tributadas com base no Gallo, Fernando Jorge; Ives Gandra da Silva Martins, lucro real, sendo o valor limitado a José Alberto Neves Candeias, José Valdez de Castro 4% do imposto de renda devido. Moura; Manuel Cambeses Júnior, Monica Aiub; Raquel Pessoas físicas que fazem a decla- Naveira, Sonia Sales e Vadison Espinheira do Carmo. ração completa do IR também po- Os autores têm responsabilidade integral pelo con- dem abater suas doações. O limite teúdo dos artigos aqui publicados. Distribuição Gra- neste caso, é de 6% do Imposto de tuita. 5000 exemplares. Renda. 3
  • 4. TROVAS TROVAS Distância não é o espaço Abro a cortina do sonho que separa almas amantes, e num gesto de quem vela, é quando, num mesmo abraço, me deito a seu lado e ponho as almas ficam distantes!... meus sonhos nos sonhos dela... Carolina Ramos Gilvan Carneiro da Silva Olhaste... nada foi dito, Nem sempre a fronte grisalha mas consegui decifrar todo respeito merece, um conto de amor, escrito porque um jovem canalha no apelo do teu olhar! também um dia envelhece. Vanda Fagundes Queiroz Sebas Sundfeld Não posso nunca na vida Anoitece... vejo a lua, lamentar minha pobreza, e a saudade, do meu jeito, pois tenho a família unida te enxerga na escura rua e ainda o pão sobre a mesa! e soluça no meu peito... José Antonio de Freitas Marisa Rodrigues Fontalva Vai, Brasil, entra em ação Cansei de crer totalmente e um novo tempo inaugura: nos meus sonhos de menino. - não se agiganta a Nação Nem sempre o que agrada a gente que não investe em Cultura!!! também agrada ao Destino. Darly O. Barros Arlindo Tadeu Hagen Gosta de Trovas? A “União Brasileira de Trovadores”, seção de Santos, reúne-se, na última terça-feira de cada mês, no IHGS, av. Conselheiro Nébias, 689, às 20h30. Compareça! Janeiro - Santos Arte e Cultura 4
  • 5. ANO QUE VAI... ANO QUE VEM... CAROLINA RAMOS Dois mil e nove escoou-se como água entre os de- nhecido e nos empurra para frente. Assustados, poderemos dos, sem deixar saudades, pelo menos para a grande maio- fechar os olhos, por instantes, para fugir à visão dos desca- ria. Será impressão pessoal ou o tempo está mesmo pas- labros que rolam por aí, a ponto de fazerem chorar o próprio sando mais depressa do que nunca?! No decorrer de janeiro, céu, com as desastrosas conseqüências que apoquentam apagaremos os vestígios do Natal passado e, após uma nossos irmãos de norte a sul do Brasil, com suas vidas qua- gestação onírica de nove meses, lá pelo mês de outubro, já se submersas pelas chuvas que outras regiões imploram! o comércio se agilizará a engalanar-se novamente com rou- Pobre Angra dos Reis! Pobre São Luiz do Paraitinga, tão pagens natalinas, antecipando, cada vez mais cedo, os pre- pacata e singela! Poderemos, sim, fechar os olhos para con- parativos para o novo Natal! É fácil pintar mentalmente uma versar com Deus e pedir-Lhe que nos livre de tais calamida- cena, usando-se apenas imagens guardadas nas nossas des aqui chegadas através da mídia, quase nos levando a emoções projetadas na tela da mente e que, por si só, criam desistir da esperança! Esperança que recrudesce quando um quadro sugestivo e bonito. É só tentar. Comecemos por vemos aquele homem simples e cheio de determinação pro- imaginar uma noite. Não uma noite qualquer, mas Aquela meter a si mesmo, ante as ruínas da igrejinha secular: “Nós Noite azul, transparente, cravejada de estrelas e, entre es- vamos reconstruir tudo! Tjjolo por tijolo!” E temos certeza de tas, uma de brilho muito especial predestinada a iluminar o que assim será! palco onde se há de realizar a redenção da humanidade. Mas os mesmos veios de comunicação, não nos Uma gruta, onde instalada uma estrebaria. Nela, um Homem trazem apenas notícia calamitosas. No ano passado, nos im- simples a zelar por uma doce Mulher. Entre as palhas da pactou aquela notícia surpreendente de que a arte vem res- manjedoura, um lindo Menino, que embora semelhante aos gatando valores insuspeitados, adormecidos na alma de demais, guarda no olhar um brilho diferente, profundo, a pre- gente jovem carente, gente que quer e que merece acreditar nunciar a sublimidade da sua missão redentora! Carneiros, na vida! A Orquestra de Meninos da favela do Recife é prova pastores, um humilde jumento e uma vaquinha de olhos tris- de que nem tudo está perdido! De que ainda há brasas sob tes, a ruminar pensamentos também tristes, como se adivi- as cinzas e o que falta é decisão, fôlego e vontade de soprá- nhasse o martírio insinuado pelas sombras em cruz projeta- las! Gente capaz e idealista ainda existe, graças a Deus! E das pelo berço tosco, no qual o Menino sorri, acalentado aí está o que essa gente boa consegue fazer, quando não pela ternura materna. No céu, anjos e a auspiciosa mensa- lhe tolhem os passos! gem: “Glória a Deus nas alturas e Paz na Terra aos homens E já que falamos em Orquestra, impossível deixar de boa vontade”... Este, o inconfundível quadro que recebe- de lembrar aquela que engrandece o meio cultural santista, mos através de séculos de sagrada história e que alimenta a formada por nossos jovens e dirigida pelo talentoso maestro nossa fome de fé. Mensagem pura, transcendental, que pa- Beto Lopes que faz brilhar a prata da casa, deixando aberto rece ainda carecer de maior entendimento e de boa vontade o caminho para o filho Pablo - aquinhoado com dotes gené- para ser compreendida e seguida. A paz custa a encontrar o ticos de pai, mãe, avós, e tios, felizes membros dessa po- modo certo de abrandar o coração dos homens e a desper- derosa fonte artística que é a família Peres – e que nasceu tar neles a boa vontade de acolhê-la e repassa-la como he- para esbanjar talento! rança aos que virão depois! Brigamos pela paz! Matamos Uma admiração muito grande nos obriga a abrir os pela paz! E morremos ingloriamente por uma paz utópica, olhos e a unir as mãos num aplauso bastante comovido. E, manipulada pelas paixões e ambições humanas, que resulta quase sem sentir, passamos a temer um pouco menos esse num bem, cobiçado, sim, mas, infelizmente, tão difícil de ser amanhã que chega e, quem sabe, até a acreditar um pouqui- alcançado! nho mais nele, porque, graças a Deus, a matéria ainda não E lá se foi mais um dos nossos Natais certinhos, ou conseguiu abafar de todo a sensibilidade humana! seja, dentro dos costumeiros moldes. Natal das compras compulsórias, apesar dos medos. Natal dos Papais Noéis gorduchos, de alegria postiça, a suar em bicas; dos presen- tinhos aninhados sob o pinheiro de brilho falso e transitório; das mesas repletas de quitutes, ou modestamente supridas para a ceia tradicional. O nosso Natal, da família aconchega- da sob um mesmo teto. Tempo em que as almas ficam mais sensíveis, a ternura é mais ternura a saudade é mais sauda- de, porque é no Natal que as ausências doem mais do que nunca. E, aí, rapidinho, chega o Ano Novo! E, ao invés de Carolina Ramos é Secretária Geral do Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS) e Presidente fecharmos os olhos para compor um cenário clássico de da União Brasileira de Trovadores UBT- Santos. Perten- sublime encantamento, temos de mantê-los bem abertos ce à Academia Santista de Letras e à Academia Femini- pois a diferença é gritante! É o momento da conscientização, na de Ciências, Letras e Artes de Santos (AFCLAS). momento que pede cautela já que abre o portal do desco- 5 Janeiro - Santos Arte e Cultura
  • 6. CINCO PROVAS HISTÓRICAS DA PASSAGEM DE JESUS POR ESTE MUNDO FERNANDO JORGE Eu li, no número 450 da revista Época, as cados pela mais merecida das infâmias. O nome deles seguintes linhas de Hildeberto Aquino: se originava de Cristo, que sob o reinado de Tibé- “Jesus é a maior ilusão da humani- rio, havia sofrido a pena de morte por um de- dade, à custa da qual oportunistas se lo- creto do procurador Pôncio Pilatos”. cupletam. De sua efetiva existência, Comentário do grande historiador inglês não há uma só prova cabal, científica, Edward Gibbon (1737-1794) sobre esta irrefutável. Tudo se resume a inten- evocação do autor de Dialogus de ora- cionais conjecturas com o propósi- toribus: to de iludir e oprimir os incautos e “A crítica mais cética deve res- deles sugar até a última gota de peitar a verdade desse fato extraor- consciência... e de dinheiro”. dinário e a integridade desse tão fa- Para o Hildeberto Aqui- moso texto de Tácito.” no, portanto, Jesus é uma cria- Prova histórica número 4. A car- ção dos vigaristas. Um perso- ta de procônsul Plínio, o Jovem nagem inventado por alguém (62-114, após JC), enviada ao im- que apenas quis causar a alie- perador Trajano. Eis dois trechos nação de todos nós e arrancar da carta: dinheiro dos crédulos, dos ingê- “...maldizer Cristo, um verdadei- nuos, dos trouxas... Hildeberto ro cristão não o fará jamais... can- pertence à família dos “Novos tam (os cristãos) hinos a Cristo, Ateus”, da qual fazem parte o fi- como a um Deus...” lósofo americano Daniel Dennet e Prova histórica número 5. Um o zoólogo britânico Richard Da- trecho do capitulo XXV do livro quinto wkins. Ambos, em 2006, lançaram da obra Vitae duodecim Caesarum (Os manifestos dedicados a contestar a doze césares), escrita pelo historiador existência de Deus. romano Suetônio (cerca de 70-130 d.C). Agora vamos revelar como de Nesse trecho do capítulo no qual evoca o fato Jesus Cristo existiu (e ainda existe), imperador Tibério, ele assim menciona o Na- desmentindo a afirmativa do materialista Hil- zareno: deberto Aquino. “Expulsou de Roma os judeus, que instigados por Prova histórica número 1. A bela Bíblia sagrada. um tal Chrestus (Cristo), provocavam frequentes tumu- Ela não é apenas um livro religioso, é também um magnífi- tos.” co livro histórico. Tudo que apresenta sobre Jesus Cristo, a Estas cinco provas históricas, citadas por nós, Palestina, o Egito, a Assíria, o Império Romano, as regiões destroem totalmente a infeliz declaração de Hildeberto do Oriente, os seus reis, os seus profetas, os apóstolos, Aquino, que garantiu que “não há uma só prova cabal, tudo tem o cunho da verdade. científica, irrefutável”, da passagem de Jesus por este Prova histórica número 2. O texto do historiador mundo. Hildeberto, você tem autoridade para invalidar as judeu Flávio Josefo, da época de Cristo. Ele evocou a in- informações da Bíblia, os textos dos historiadores Flávio comparável figura deste no capítulo terceiro do volume Josefo, Suetônio e Cornélio Tácito, do procônsul Plínio, o XVIII da obra Antiguidades judaicas. Reproduzo aqui o seu Jovem? Você despreza a opinião do insigne historiador in- texto: glês Edward Gibbon sobre o escrito de Tácito, onde este “Entretanto existia, naquele tempo, um certo Je- se refere a Jesus Cristo? sus, homem sábio... Era fazedor de milagres... ensinava de Por favor Hildeberto, leia mais, estude mais, ad- tal maneira que os homens o escutavam com prazer... Era quira mais conhecimentos. Não desrespeite a nossa fé o Cristo, e quando Pilatos o condenou a ser crucificado, com afirmativas absurdas, insensatas, nascidas de uma esses que o amavam não o abandonaram e ele lhes apa- profunda carência de cultura. receu no terceiro dia...” Como estamos vendo, o historiador Flávio Josefo mencionou, inclusive, a ressurreição do Verbo Divino! Prova histórica número 3. O texto de Públio Cor- nélio Tácito, um dos maiores historiadores da Antiguidade (56-57 AC), embora fosse pagão, na parte XV dos seus Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor Anais: do livro “O Aleijadinho”, cuja 7ª edição foi “Nero infligiu as torturas mais refinadas a esses lançada pela Editora Martins Fontes. homens que sob o nome comum de cristãos, eram já mar- Janeiro - Santos Arte e Cultura 6
  • 7. SEM ALARDE CLÁUDIO DE CÁPUA Na década de sessenta, ini- grande cineasta Anselmo Duarte , ga- ciei-me pelos caminhos da literatura e nhador da cobiçada “Palma de Ouro”, do jornalismo. Conheci muita gente im- de Cannes, a quem, em 1979, asses- portante, fiz muitas amizades, meus sorei na divulgação do filme: “Sargento amigos, quase sempre, tinham o dobro Getúlio”, por ele dirigido. da minha idade e isso não foi nada Todos já se foram e, como todos, bom. Nestes quarenta anos de vida qualquer dia destes, sem alarde, eu profissional e social, quase todos aque- também me vou. les que privaram da minha amizade já se foram. Sou paulistano, e a paulicéia do meu tempo era diferente, o frio era frio pra valer e havia a garoa, que, de tão fina, antes de tocar o chão bailava no ar. Sinto saudades de tantos amigos que já se foram, entre eles, Jorge Cos- ta, autor de “Abre a Janela”; a estima- da amiga Elza Larangeira, normalista e cantora singela; Glauce Rocha, que fa- leceu nos últimos capítulos da novela “Hospital”, da saudosa TV Tupi, onde ela era atriz principal e eu, ator coadju- vante; José Mauro de Vasconcellos, autor do livro “Best Seller”, “meu Pé de Laranja Lima”, de cuja adaptação tive a sorte de participar, por indicação de Walther Avancini, grande diretor de no- velas, os dois também já se foram; Oswaldo de Barros, diretor artístico da Rádio Record e artista do cinema na- cional, com o qual mantive por alguns anos sociedade na produtora “Fulgu- rante”. Também, por alguns anos, esti- ve ligado a grandes mestres do pincel, entre eles: Frederighi; Darwin Pereira, Reboco, Castelani, Helio, Bequerini, Mário Beltrane, grande pirogravurista, todos eles já se foram. Recentemente, meu irmão de ideal, o poeta Ruy Alvin, nascido em Santos e criado em Portu- gal. O último do qual tenho notícia é o Cláudio de Cápua é aviador, jornalista e escritor. Pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos, à Academia Paulistana de História. É sócio-fundador da União Brasileira de Trovadores - Seção de São Paulo. www.de-capua.com 7
  • 8. PARADIGMA MANUEL CAMBESES JR. O termo Guerra Fria foi batizado por um conhecido a este outro modelo. Já em seu livro “Confiança”, surgido em político e economista norte-americano de nome Bernard Ba- 1995, o autor reconsidera muitas de suas ideias e convic- ruch e popularizado pelo célebre jornalista Walter Lippman. ções sobre a homogeneização dos valores para concluir que Entre 1945 e 1989, a ordem mundial encontrou-se regida o mundo continua sendo um lugar marcado pela diversidade pelas normas definidas pela Guerra Fria. Nestas condições de culturas e, portanto, de valores. o planeta ficou dividido em dois grandes blocos enfrentados Entre os modelos emergentes encontramos o denominado em uma intensa competição pela supremacia. “Dois Mundos”. Este pretende explicar a orientação dos no- Quando acompanhávamos os acontecimentos em vos tempos sob a ótica de “zonas de paz e prosperidade” e El Salvador ou na Nicarágua, nos anos oitenta do século “zonas de conflito e regressão”. Baseado nele, cairiam todas passado, por exemplo, podíamos não estar entendendo, aquelas teorias que visualizavam o mundo a partir de uma muitas vezes, as raízes desses conflitos mas, os situávamos clara linha divisória entre países e regiões que marcham dentro de um marco de referência bastante conhecido. Sabí- para cima e os que caminham para baixo. Entre aqueles que amos que se tratava de mais um capítulo da Guerra Fria. sustentam este pensamento, encontram-se autores como: Neste sentido, a mesma constituía-se em modelo. Jacques Attali, Robert Gilpin e Jean Christophe Ruffin. O pri- O termo “paradigma” encontra-se na moda em nossos meiro profetizou sobre um mundo formado por algumas pou- dias. Na essência, este pode definir-se como uma visão sim- cas ilhas de riqueza em meio a um mar de pobreza global. O plificada do mundo e que busca proporcionar um sentido de segundo referiu-se ao surgimento de um “Novo Muro de Ber- direção. É exatamente por isso que ao enquadrar-se qual- lim” entre a prosperidade crescente do mundo industrializa- quer conflito regional, qualquer enfrentamento étnico ou cul- do e a miséria irreversível do terceiro mundo. O último assi- tural, dentro do contexto de uma competição entre as super- nala que, entre os hemisférios Norte e Sul, não existe potências, a Guerra Fria passou a assumir o caráter de articulação possível e que são duas esferas totalmente di- “modelo”. Com a queda do Muro de Berlim sua preeminência vorciadas que se movimentam em direção contrária. desapareceu. A partir desse momento, apareceram novos Outro dos novos paradigmas é o do “caos”. Segundo essa paradigmas disputando o lugar que durante quarenta e cinco visão, o mundo está adentrando em uma era de quebra da anos correspondeu ao período da bipolaridade mundial. autoridade governamental, de crises e secessão dos Esta- O primeiro dos modelos surgidos à luz do esfacelamento dos; de intensificação dos conflitos étnicos, tribais e religio- da União Soviética e também o mais simplista deles foi o sos; de consolidação das máfias criminais internacionais; de proclamado no livro de Francis Fukuyama: “O fim da Histó- proliferação indiscriminada de armas de destruição em mas- ria”. De acordo com o autor, o mundo estava chegando a um sa; de expansão do terrorismo e de generalização de migra- ponto definitivo em seu processo evolutivo, como resultado ções massivas. Entre os que sustentam esta tese encon- da homogeneização de valores e crenças. O duplo triunfo da tram-se autores como: Patrick Moynahan, Zbignew democracia e da economia de mercado passaria a unificar Brzezinski, Walter Saqueur e Michael T. Klare. A diferença as diversas regiões do planeta, brindando-lhes com um claro fundamental entre os apologistas desta linha e dos que es- denominador comum. Ainda que esse modelo tenha sido posam as ideias contidas no modelo dos “Dois Mundos” é questionado por seu excessivo otimismo, são muitos, ainda, que para uns o caos é seletivo enquanto que, para outros, é os que crêem que, com a imposição dos valores da econo- global. mia de mercado e da democracia, o mundo está se voltando Os diversos paradigmas, que se manejam nos dias para um lugar muito mais seguro e apto para a prosperidade atuais, encontram-se em uma escala de graduação que ilimitada. abarca desde o acendrado otimismo do “Fim da História” até Outro dos paradigmas que surgiram com o ocaso da o acentuado pessimismo dos cultores do caos. A verdade, Guerra Fria diz respeito ao aspecto cultural. Seu máximo ex- como sempre ocorre, deve encontrar-se em algum ponto in- poente é Samuel Huntington, para quem “a cultura e as iden- termediário entre os dois extremos e deve incluir boa parte tidades culturais estão dando forma aos padrões de coesão, das ideias sustentadas por cada um dos modelos apresenta- desintegração e conflito no mundo pós Guerra Fria (...) e as dos. políticas globalizadas estão sendo reconfiguradas ao redor de linhas culturais”. Com diversas variáveis e matizes, este Manuel Cambeses Jr. é Coronel-Aviador; membro paradigma cultural é também esposado por autores como do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, Lawrence Harrison, Thomas Sowel, Roger Peyreffite e Ben- conselheiro e vice-diretor do Instituto Histórico-Cul- jamin Barber. Muito curiosamente o próprio Fukuyama, após tural da Aeronáutica haver divulgado sua teoria, parece ter acolhido com simpatia Janeiro - Santos Arte e Cultura 8
  • 9. A RELEVÂNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS IVES GANDRA DA SILVA MARTINS Quando dos trabalhos Haveria, se tal movimento pros- constituintes de 87/88, propugnei, perasse, um fantástico retrocesso no meu livro “Roteiro para uma constitucional, pois as críticas dos ad- Constituição” (Ed. Forense, 1987), ministradores públicos até hoje contra que os Tribunais de Contas deve- o modelo de fiscalização consagrado riam fazer parte do Poder Judiciário, na lei maior, sobre serem infundadas, como um verdadeiro poder respon- improcedentes e inconsistentes, de- sabilizador da administração públi- correm apenas de interesses contra- ca. riados. Justificava a proposta - di- É necessário que o povo tenha versa da classificação como órgão conhecimento de que tais Tribunais auxiliar do Legislativo, que hoje os- desempenham o relevante papel de tentam essas Cortes, dedicadas a não permitir a malbaratação do dinhei- examinar os orçamentos préviamen- ro público, dos nossos tributos, dos te, durante sua execução ou após - esforços da sociedade em criar rique- sustentando que poderia o Brasil zas, retirando, o governo, parcela des- inovar, criando um Poder Judiciário te trabalho da comunidade para gas- com uma tríplice vertente, ou seja: tar, algumas vezes bem, muitas vezes um Tribunal Constitucional para pre- mal, aquilo que o cidadão duramente servação da ordem e da lei maior, conseguiu ganhar. podendo inclusive ter Cortes de derivação; um Tribunal de Os Tribunais de Contas são, portanto, os grandes Administração da Justiça, com duplo ou tríplice graus de ju- protetores das comunidades contra os “trens da alegria”, os risdição e Tribunais de Contas para a União e Estados – ad- desperdícios, os privilégios auto-concedidos, que, sem sua mitia também Cortes Municipais -, transformado em poder fiscalização, teriam um crescimento expressivo. fiscalizador e responsabilizador da Administração Pública, Em livro que será veiculado pela Revista dos Tribu- com a mesma autonomia e independência de que sempre nais, (“Uma breve teoria do poder”), lembro Montesquieu usufruiu o Poder Judiciário. que, ao formular a teoria moderna da tripartição dos pode- A proposta encontrou séria oposição entre consti- res, fê-lo, como dizia, porque é necessário que o poder con- tuintes para os quais preparara o roteiro, mas o resultado foi trole o poder, pois o homem não é confiável no poder. ter outorgado, a Constituição de 1988, poderes maiores aos Este controle, no Brasil, na União Européia, na Tribunais de Contas do que tinham até a promulgação da- grande maioria dos países democráticos, é feito pelos Tribu- quela lei suprema. nais de Contas, instituições que devem ser preservadas, E seu papel relevante percebe-se na atuação alta- como garantia da democracia e do bom funcionamento das neira de controlar as contas públicas, denunciando todas as demais instituições. operações em que se vislumbra lesão ao Erário, ou por su- Deve-se fulminar, portanto, no nascedouro, o movi- perfaturamento, ou por privilégios auto-outorgados, ou por mento, que tem sido, algumas vezes, noticiado pela mídia. A facilidades inadmissíveis nos regimes democráticos, em que democracia o dinheiro público é do povo. brasileira de- Levanta-se, agora e todavia, por força de interes- pende da atu- ses contrariados em diversas administrações públicas, movi- ação dos Tri- mento para a extinção de tais Cortes, porque muitos dos que bunais de tiveram projetos, licitações, contratações ou gerenciamento Contas. das obras públicas impugnadas sentem-se cerceados na li- berdade, não poucas vezes irresponsável, de gastar, ines- crupulosamente, os recursos da Fazenda. Dr. Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das Universidades Ma- ckenzie, UNIFMU, UNIFIEO, UNIP, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército - ECEME; Presidente do Centro de Extensão Universitária. Janeiro - Santos Arte e Cultura 9
  • 10. CLAUDEL E MILHAUD NO BRASIL SÔNIA SALES 2009 foi o ano da França no Brasil, e ainda é tempo de relembrar Paul Claudel, o grande poeta e drama- turgo francês que, como pouca gente sabe, viveu durante um ano no Brasil em missão diplomática para aumentar o comércio Brasil e França, no que se saiu muito bem. Quan- do Claudel chegou ao Brasil, em 1º de fevereiro de 1917, já era uma celebridade, mas estranhamente quase não se tem referências acerca desta sua passagem pelo nosso país. Poderíamos dizer talvez que dele ficou alguma influ- ência nos largos versos da poesia de Augusto Frederico Schmidt. Em seu livro “Carlos Oswald – Pintor da Luz e dos Reflexos”, Maria Isabel Oswald Monteiro, conta-nos que Paul Claudel e Darius Milhaud Henrique Oswald, o grande compositor, promovia em sua casa constantes saraus, num dos quais seu filho, o pintor dia 1º de maio de 1950, honrado pelo Papa numa cerimônia Carlos Oswald, conheceu Paul Claudel, então ministro da pública sem precedentes. França no Brasil: Claudel, fortemente influenciado pela religião católi- “Tanto ele como o seu secretário Darius Milhaud, ca e pela poesia de Rimbaud e dos simbolistas, como eles se eram fervorosos entusiastas do folklore brasileiro, que naque- horrorizava com o materialismo da vida. Em seus poemas, le tempo começava a interessar os ambientes musicais do rejeitava a métrica tradicional em favor de longos e exaltados Rio. Se não me engano, Milhaud foi um dos primeiros (pelo versos livres, hoje chamados “versos claudelianos”, por sua menos entre os estrangeiros) a aproveitar-se das músicas admiração aos “Salmos”, e voltados para sua devoção a populares da nossa gente e com Luciano Gallet e Villa–Lobos Deus. De todos os seus trabalhos em poesia lírica podemos constitui ao meu ver, o primeiro grupo de pioneiros vulgariza- destacar “Cinq Grandes Odes” de 1910, e “Le Soulier de Sa- dores do nosso folklore.” tin” de 1929. Escrevia peças extraordinariamente longas que Carlos Oswald conhecia a obra de Claudel e logo se duravam algumas vezes onze horas. A mais famosa delas foi tornaram amigos. Poeta moderno, Claudel amava principal- “Le Partage du Midi”de 1906. Nos últimos anos escreveu tex- mente o barroco brasileiro e era um profundo conhecedor de tos para serem musicados, como “Jeanne d’Arc au bücher” arte. Tão bem se relacionaram, que Claudel solicitou a Carlos de 1939, uma ópera – oratório com música de Arthur Honeg- Oswald um cenário para um balé criado por ele e por Milhaud, ger. que mais tarde também musicou vários dos seus textos. Sua aversão ao nazismo tornou-se notória quando Darius Milhaud (1892 – 1974) chegou ao Brasil mui- escreveu uma carta aberta para a Conferência Mundial Ju- to jovem, como secretário particular de Claudel. Nascera em daica de 1935, condenando as Leis de Nuremberg como Marselha, membro de família judaica, e foi um dos mais pro- “abomináveis e estúpidas”. Uma de suas enteadas era casa- líficos compositores do século XX. No Rio entrou em contato da com um judeu, Paul Louis Weiller, condenado pelo tribu- com músicos brasileiros, tanto eruditos como populares, mui- nal de Vichy em outubro de 1940. Claudel foi a Vichy e inter- tos dos quais permaneceram seus amigos, e ao voltar para a cedeu por ele; quando Weiller conseguiu escapar (com a França, influenciado pelo Brasil, dedicou duas composições ajuda de Claudel, segundo as autoridades) e voou para Nova ao nosso país: Le boef sur le toit, op. 58, e Saudades do Bra- York, Claudel fez saber ao governo de Vichy o seu repúdio às sil, op. 67b. Sabe-se que Carlos Oswald pintou o seu retrato leis anti–semitas em vigor. Corajosamente escreveu e publi- à maneira cubista, e que ele o levou consigo para sua terra cou uma carta ao Grão-Rabino Israel Schwartz, em 1941, na natal. qual expressava o desgosto, o horror e a indignação que to- Paul Claudel nasceu em Villeneuve-sur-Fére em 6 dos os franceses decentes, principalmente os católicos, sen- de agosto de 1868, era filho de fazendeiros da classe média tiam a respeito das injustiças e violências que estavam sen- e irmão mais jovem da escultora Camille Claudel. Aos dezoito do praticadas contra seus compatriotas de origem judaica. anos, inacreditavelmente para um jovem, experimentou uma As autoridades de Vichy, em represália, responderam isolan- súbita conversão, no dia de Natal de 1886, em plena Catedral do a sua casa e deixando-o em observação. de Notre Dame de Paris, tornando-se católico fervoroso e as- Paul Claudel morreu em Paris, em fevereiro de sim permaneceu pelo resto de sua vida. 1955, e é considerado o expoente máximo da poesia católica Casou-se em 1906 com Sainte-Marie Perrin e passou longos francesa. anos longe da França, em função diplomática: América, Chi- na, Brasil e Itália entre outros, e como Embaixador, em Tó- quio, Washington e Bruxelas. Em 1935, retirou-se para o seu Sônia Sales é membro titular da Academia Carioca de castelo em Brangues. Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Foi eleito em 1944 para a Academia Francesa, e no Janeiro - Santos Arte e Cultura 10 10
  • 11. O HOMEM ESSE DESCONHECIDO JOSÉ VALDEZ DE CASTRO MOURA Muitos autores, sejam deus. E, aí, Blaise Pascal, ao refletir so- religiosos ou não, têm feito bre a fraqueza do caniço, explicitou o esta indagação: ”Que é o Ho- quanto o Homem é original e singular. mem?”. E, essa pergunta Dessa opinião compartilhava um tem uma enorme di- amigo que foi para o Plano Maior, um mensão: biológica, prelado, de quem guardava os seus ar- sociológica, psicoló- tigos publicados nas décadas de seten- gica e cultural. ta e oitenta no Jornal do Brasil, que per- Homem! Ser com- tenceu a Academia Brasileira de Letras, plexo e difícil de ser o Cardeal Primaz do Brasil: D.Lucas desvendado como Moreira Neves. Visitei-o em 1995, em afirmou, certa vez, Salvador, onde residia, e, em conversa Edgar Morin, soció- afável e cristã fez esta colocação: ”No logo, antropólogo e mundo conturbado em que vivemos, filósofo francês, quando crescem o egoísmo e a arro- autor de “ Os sete gância, torna-se cada vez mais neces- saberes neces- sário que o homem pense na sua pe- sários para a quenez ante a grandeza de Deus-Pai”. educação no fu- Por outro lado, não podemos es- turo”. Diferencia quecer que Santo Agostinho e São To- o homem dos más de Aquino enxergaram o homem outros seres como um princípio material intimamente vários atribu- unido a uma alma, para procurar a ver- tos, sobretudo dade e praticar o bem. Dessa maneira, a sua capaci- torna-se insustentável o argumento, a dade de re- resposta materialista de que o Homem é fletir sobre si ”um ser corporal o qual fenece com o mesmo, o advento da morte física”, que, de um seu proces- certo modo, surge nos escritos de Karl so histórico e, em última análise, a sua Marx e do antropólogo Levy Strauss. autoconsciência. Enfim, um Ser Especial que, O Rei Davi em seus Salmos pergun- com sua linguagem carregada de sim- tou: ”Que é o homem para dele Te lem- bolismo, expressa um pensamento, tem brar? Tu (referindo-se a Deus) o fizeste consciência do viver, do sofrer, do amar pouco menos do que um Deus, coroan- e da sua finitude. Surgiu, portanto o Ho- do-o de glórias e de beleza; sob os seus mem, pela força criadora de Deus, ser pés tudo colocaste para que domine as pensante, diferente de todos os outros obras com as suas mãos”. animais, que deve lutar pelo seu aper- Considero Blaise Pascal, grande feiçoamento interior e do mundo que o Filósofo Francês( 1623-1662) que criou rodeia, cuidando, antes que seja tarde uma doutrina filosófica baseada no ra- demais, do planeta que habita, para ser ciocínio lógico e na emoção, autor da digno da bondade do Criador. frase: ”O coração tem razão que a pró- pria razão desconhece”, um grande in- José Valdez de Castro Moura é dagador sobre o Homem, divisando nele Médico, Prof.Universitário,Mestre e um confronto: o infinito de Deus e o fini- Doutor pela U.S.P.Membro de to humano. Afirmou: ”O Homem é um várias Entidades Culturais do Brasil caniço que pensa”. Caniço que conhece e do Exterior. a sua fragilidade e que pode chegar a 11
  • 12. FILOSOFIA CLÍNICA E FILOSOFIA DA MENTE: ÁREAS NOVAS, INTERSEÇÕES MARCATES MONICA AIUB Trabalhando no consultório de filosofia clínica e ob- ônus ao Estado. servando o quanto modificações nos estados e processos Embora tenhamos desenvolvido instrumentos im- mentais (sentimentos, pensamentos, sonhos, desejos, do- portantes para o mapeamento cerebral, conseguimos identi- res, etc.) acabavam por provocar alterações em estados físi- ficar áreas ativadas, tempestades elétricas, localizar tumo- cos, coloquei-me a pesquisar como tais questões eram abor- res, mas não conseguimos encontrar pensamentos, dadas pela filosofia. Nisso, me deparei com a filosofia da sentimentos, dores, desejos, sonhos, crenças... e o proble- mente. ma continua: como nossos estados mentais interferem em Disciplina surgida em 1949, com a publicação do nossos estados físicos? E a relação inversa, como se dá? livro de Gilbert Ryle, The Concept of Mind, no qual o autor Este é o problema da causação mental, que verificando clini- afirma que o problema mente-corpo não passa de um pseu- camente, fui movida a pesquisar. do problema, um problema de linguagem.Tal declaração pro- É interessante observar que, dependendo do fun- vocou uma retomada do problema filosófico proposto inicial- damento teórico do qual se parta, a orientação para o traba- mente por Descartes, em 1641, quando publicou as lho terapêutico se define. Por exemplo, os materialistas, de- Meditações da Filosofia Primeira, afirmando serem mente e fensores da teoria da identidade acreditam que estados corpo duas substâncias diferentes: a mente, res cogitans, mentais são idênticos a estados cerebrais. Assim sendo, se imaterial, inextensa; e o corpo, res extensa, material, ocu- alterarmos os estados cerebrais por meio de medicamentos pando lugar no espaço. Ao mesmo tempo em que formula o ou intervenções cirúrgicas, imediatamente alteraremos os dualismo de substâncias, Descartes afirma existir uma rela- estados mentais. A partir desta teoria, as psicoterapias não ção causal entre mente e corpo, não explicando como é pos- teriam lugar, sendo substituídas por tratamentos farmacoló- sível que diferentes substâncias, material e imaterial, pos- gicos ou cirúrgicos. sam interagir causalmente. Já o materialismo não reducionista emergentista, Quando, em 1949, Ryle retoma o problema, rea- que defende que a mente emerge do funcionamento cere- cende a discussão, provocando o surgimento de várias e bral, mas não se reduz ao cérebro, podendo retroagir sobre diferentes teorias sobre o assunto. Todas inconclusivas, mas ele, derivaria um tratamento misto com medicamentos e psi- tentando elucidar alguns aspectos sobre as relações exis- coterapia, a fim de atingir tanto os estados mentais quantos tentes entre nossos pensamentos e nosso corpo. A década os físicos, uma vez que nos seria impossível, mesmo que de 1990, declarada pelo governo americano como a década acompanhássemos os processos de emergência do mental, do cérebro, foi um período de investimento em pesquisas identificar, após tais processos, quais desordens teriam ori- sobre o funcionamento do cérebro, em tecnologia para o ma- gem em estados físicos ou em estados mentais. peamento e a compreensão de nosso cérebro. A aposta Você já pensou em qual é a teoria da mente que americana contava com um objetivo básico: encontrar for- conduz a terapêutica de seu médico? E qual a teoria da mas para minimizar os transtornos mentais, que causavam mente que conduz as escolhas em sua vida? São estas as um grande número de afastamentos do trabalho, gerando relações que venho pesquisando e apresento os primeiros resultados no livro Filosofia da Mente e Psicoterapias (WAK, 2009), obviamente, inconclusivo, pois a pesquisa continua, e cada vez mais me instiga às aproxi- mações com a fi- losofia clínica. Monica Aiub é filósofa clínica, presidente da ANFIC – Associação Nacional de Filó- sofos Clínicos, fundou e dirige o Interse- ção – Instituto de Filosofia Clínica de São Paulo. E-mail: monica_aiub@uol.com.br Site: www.institutointersecao.com Janeiro - Santos Arte e Cultura 12
  • 13. MARIA ANTONIETA Pintura de 1775, de Jean-Baptiste Gautier-Dagoty RAQUEL NAVEIRA Sempre fui apaixonada pela A atriz Kirsten Dunst é perfeita no história trágica da rainha Maria papel de Maria Antonieta: alva Antonieta. Maria Antonieta nasceu como um lírio, entediada, adoles- em Viena, Áustria, em 1755, filha cente, fútil, alienada, manipulada do Imperador Francisco I e de Ma- por forças superiores a ela, bus- ria Teresa. Casou-se com o delfim cando, com todas as forças, apren- da França, mais tarde Luís XVI. der a viver e a sobreviver. Envolvi- Esse casamento tornou-a o centro da em rígidas regras de etiqueta, das intrigas relativas à aliança aus- ferrenhas disputas familiares, intri- tríaca, criando-lhe muitos inimigos. A gas insuportáveis, exilada e sozinha, jovem e inexperiente princesa pouco ela decide criar um universo à parte, fez para pôr termo ao estado de coisas no qual pode se divertir e aproveitar a que se criara, agindo, pelo contrário, de mocidade. Enquanto isso, fora das pare- molde a agravá-lo, após a ascensão do des do palácio, sem que ela se dê conta, a marido ao trono, imiscuindo-se em questões revolução ferve como uma caldeira prestes a políticas. Seis meses apenas depois de ter-se explodir. tornado soberana, os ataques contra ela se avoluma- Roupas, jóias, perucas, sapatos, carruagens, cavalos, vam. O favoritismo que dispensava aos amigos, os gastos louças, biscoitos (os famosos “brioches”), bolos, bebidas, inúteis que fazia, a conduta escandalosa nos negócios públi- bolhas de champanhe, tudo gira e espuma na tela. A trilha cos, constituíam fatores que comprometiam sua reputação. tecno do filme sugere que é, antes de tudo, um filme sobre A situação financeira aflitiva do povo francês, provocada por os perigos da adolescência, quando somos incapazes de ministros corruptos escolhidos por ela, transformara-a no avaliar o peso dos nossos atos, provocando efeitos e desdo- símbolo do ódio popular pelo regime vigente. A revolução se bramentos muitas vezes surpreendentes e desastrosos em aproximava; em 14 de julho de 1789 houve a queda da Bas- nossas vidas e nas vidas das pessoas que nos rodeiam. tilha; quando o rei e a família foram removidos de Versalhes O filme dá aquela sensação de que termina na me- para as Tulherias, Maria Antonieta compreendeu que esta- lhor parte, que ficou inacabado, pois não conta o trágico e vam condenados. Os membros da corte francesa fugiram de conhecido fim da rainha. Parece que faltou alguma coisa, Paris e as monarquias da Europa, alarmadas com o rumo mas é essa falta que gera a polêmica, o recorte particular, a que os acontecimentos tomavam na França, consideraram a obra aberta. É o olhar moderno e inteligente de Sophia Cop- possibilidade de uma intervenção. A rainha, através de emis- pola. sários secretos, implorou ao irmão que enviasse um exército Um filme de alma feminina, de uma estética magne- austríaco para salvar a família real. Dois anos se passaram tizante, que conseguiu mostrar um ângulo novo para duas e como os socorros não vinham, ela decidiu fugir da França. antigas histórias: a da rainha e a da adolescência perdida de Partiu numa noite com a família, sob disfarce, para Malmédy, cada uma de nós. na fronteira oriental, mas foram detidos e obrigados a voltar Pensando na infeliz Maria Antonieta, escrevi este a Paris. Tal fato serviu para aumentar as suspeitas de traição poema: “Sonhei que era Maria Antonieta,/ Tinha um castelo que pesavam sobre Maria Antonieta e o marido. A hostilida- perfumado/ Como uma flor na floresta;/ Tinha uma sala de de do povo parisiense se intensificava, as Tulherias foram espelhos/ E lagos para ver minha silhueta;/ Tinha um palco invadidas e a rainha sujeitada a humilhações extremas. Nos de seda/ Para representar uma opereta;/ Tinha um colar bri- últimos meses de 1793, removida para a Conciergerie, ela lhante/ Como a cauda de um cometa;/ Tinha bolos e licores/ demonstrou fortaleza de ânimo. Enquanto se encontrava na Para os convivas de minha saleta;/ Tinha criados que me prisão, fizeram-se duas tentativas de salvá-la. Todavia, foi anunciavam,/ Inclinados ao som de uma trombeta;/ Tinha o conduzida ao tribunal revolucionário e acusada de traição. ar frio e distante/ De uma intrigante estatueta;/ Tinha um ves- Morreu na guilhotina. tido branco/ Para dançar no bosque como uma ninfeta;/ Ti- Sophia Coppola, a cineasta, conheceu a biografia nha um sonho de colombina/ Feito de vôo e pirueta;/ Tinha de Maria Antonieta em 2000, através da historiadora france- tanta fortuna/ O meu sonho de Maria Antonieta...// Terá sido sa Evelyne Lever. Na época, Sophia adquiriu os direitos de em hora importuna? Terá sido recordação funesta?/ Onde a adaptação do livro para o cinema. Lever trabalhou como festa?/ O fausto?/ Nada mais resta.../ Coube-me um canto consultora técnica do filme, preparando um dossiê sobre a de sarjeta/ E o ressoar estranho/ De uma risada do capeta.” rainha, de forma a evitar erros sobre sua história. O governo francês concedeu à equipe de filmagens uma permissão especial para que rodasse cenas no Palácio Raquel Naveira é graduada em Direito e Letras, Mestre em Comu- nicação e Letras pelo Mackenzie e Doutoranda em Literatura Por- de Versailles. No célebre Salão de Espelhos foi rodada a des- tuguesa, na USP. Professora das Pós-Graduação da UNINOVE, lumbrante cena do baile de casamento entre Maria Antonieta e poeta, escritora com diversos títulos publicados. Pertence a Aca- Luís XVI. O filme foi vencedor do Oscar de Melhor Figurino. demia Sul-Mato-Grossense de Letras e ao Pen Clube do Brasil 13 13 Janeiro - Santos Arte e Cultura
  • 14. GOVERNADORES GERAIS DO BRASIL DE 1549 A 1808 DOUGLAS MICHALANY 1549/1553 – Tomé de Sousa 1687/1688 – Matias da Cunha 1553/1557 – Duarte da Costa 1690/1694 – Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho 1557/1572 – Mem de Sá 1694/1702 – João de Lencastre 1573/1578 – Luís de Brito e Almeida (da capitania de Ilhéus 1702/1705 – Rodrigo da Costa para o Norte) 1705/1710 – Luís César de Meneses 1574/1577 – Antônio Salema (da capitania de Porto Seguro 1710/1711 – Lourenço de Almada para o sul) 1711/1714 – Pedro de Vasconcelos e Sousa 1578/1581 – Lourenço da Veiga 1714/1718 – Pedro Antônio de Noronha (Marquês de Angeja) 1581/1583 – Bispo da Bahia, Câmara Municipal de Salvador – com o título pessoal de vice-rei e Cosme Rangel de Macedo 1718/1719 – Sancho de Faro e Sousa (Conde de Vimieiro) 1583/1587 – Manuel Teles Barreto A partir de 1720 todos os governadores foram 1587/1591 – Dom Antônio Barreiros, Cristóvão de Barros e nomeados com o título oficial de vice-rei. Anteriormente a Antônio Coelho de Aguiar essa data, os que o fizeram foi por sua própria 1591/1602 – Dom Francisco de Sousa determinação. 1602/1607 – Diogo Botelho 1720/1735 – Dom Vasco Fernandes César de Meneses 1608/1612 – Dom Diogo de Meneses e Siqueira (depois Conde de Sabugosa) 1612/1617 – Gaspar de Sousa 1735/1749 – André de Melo e Castro (2º Conde das 1617/1621 – Dom Luís de Sousa Galveias) 1622/1624 – Diogo de Mendonça Furtado 1749/1755 – Dom Luís Pedro Peregrino de Carvalho 1624/1625 – Dom Marcos Teixeira e Antão de Mesquita e Meneses e Ataíde (10º Conde de Atouguia) Oliveira 1755/1760 – Dom Marcos de Noronha (6º Conde dos 1625/1626 - Dom Francisco de Moura Rolim Arcos) 1626/1635 – Diogo Luís de Oliveira 1760/1763 – Dom Antônio de Almeida Soares Portugal de 1635/1638 – Pedro da Silva Alarcão d’Eça e Melo (1º Marquês de Lavradio) 1639/1640 – Dom Fernando de Mascarenhas (Conde da 1763/1767 – Dom Antônio Álvares da Cunha (1º Conde da Torre) Cunha), 1º vice-rei a servir na cidade do Rio de Janeiro 1640/1641 – Dom Jorge de Mascarenhas (Marquês de 1767/1769 – Dom Antônio Rolim de Moura Tavares (1º Conde Montalvão) – com o título pessoal de vice-rei de Azambuja) 1641/1642 – Dom Pedro da Silva, Luís Barbalho e Lourenço 1769/1779 – Dom Luís de Almeida Soares Portugal de de Brito Correia Alarcão d’Eça e Melo e Silva Mascarenhas (2º Marquês de 1642/1647 – Antônio Teles da Silva Lavradio e Conde de Avintes) 1647/1649 – Antônio Teles de Meneses 1779/1790 – Luís de Vasconcelos e Sousa (futuro Conde de 1649/1653 – João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa Figueiró) 1654/1657 – Jerônimo de Ataíde 1790/1801 – Dom José Luís de Castro (2º Conde de 1657/1663 – Francisco Barreto de Meneses Resende) 1663/1667 – Vasco de Mascarenhas (Conde de Óbidos) – 1801/1806 – Dom Fernando José de Portugal e Castro (2º com o título pessoal de vice-rei Marquês de Aguiar) 1667/1671 – Alexandre de Sousa Freire 1806/1808 – Dom Marcos de Noronha e Brito (8º Conde dos 1671/1675 – Afonso Furtado de Mendonça Castro do Rio e Arcos) Meneses (Visconde de Barbacena) Dom Marcos de Noronha e Brito foi o último dos 1675/1678 – Álvaro de Azevedo, Antônio Guedes, Agostinho vice-reis, pois com a chegada ao Brasil do Príncipe-Regente de Azevedo Monteiro e Cristovão de Burgos de Contreiras D. João, em 1808, iniciava-se uma nova fase político- 1678/1682- Roque da Costa Barreto administrativa. 1682/1684 – Antônio de Sousa Meneses 1684/1687 – Antônio Luís de Sousa de Meneses (Marquês Douglas Michalany é Presidente Emérito da das Minas) Academia Paulista de História. Janeiro - Santos Arte e Cultura 14
  • 15. ARMAZENAGEM DE MERCADORIA NÃO É SERVIÇO PÚBLICO VADISON ESPINHEIRA DO CARMO Diz o artigo 175 da Constitui- coletividade ou ção Federal: "Incumbe ao Poder Públi- simples conveni- co, na forma da lei, diretamente ou sob ências do Esta- o regime de concessão ou permissão, do." sempre através de licitação, a presta- Os ser- ção de serviços públicos." viços considera- E o que são serviços públi- dos públicos de cos? competência da Lúcia Valle Figueiredo – Curso União são aque- de Direito Administrativo, Malheiros les taxativamente Editores, página 54, edição 03-1994, mencionados na diz que: "Serviço público é toda ativida- Constituição Fe- de material fornecida pelo Estado, ou deral no artigo 21, pôr quem esteja a agir, no exercício da inciso X (serviço pos- função administrativa, se houver per- tal e o correio aéreo missão constitucional e legal para isso, nacional), XI (os serviços de teleco- com o fim de implementação de deve- municações), XII Serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, serviços res consagrados constitucionalmente, e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energéticos dos cursos de relacionados à utilidade pública, que água, navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária, serviços de deve ser concretizada sob regime pre- transportes ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, valente de Direito Público." ou que transponham os limites de Estado ou Território, serviços de transporte ro- Maria Sylvia Di Pietro: "toda doviário interestadual e internacional atividade material que a lei atribui ao de passageiros, os portos marítimos, Estado para que a exerça diretamente fluviais e lacustres), XV (os serviços ou pôr meio de seus delegados, com o oficiais de estatística, geografia, geolo- objetivo de satisfazer concretamente gia e cartografia de âmbito nacional), e às necessidades coletivas, sob regime ainda XXII (serviços de polícia maríti- jurídico total ou parcialmente público." ma, aeroportuária e de fronteiras), José Cretella Júnior: "Serviço XXIII (serviços e instalações nucleares público, em sentido amplo, é toda ativi- de qualquer natureza). dade que as pessoas jurídicas públicas Como se vê, armazenagem exercem, direta e indiretamente, para a de mercadoria não consta como servi- satisfação das necessidades públicas, ço público a ser prestado pelo Poder mediante procedimentos típicos do di- Público. Logo, não está sujeito a licita- reito público, fundamentados em prin- ção, não se submetendo portanto ao cípios publicisticos." (Manual de Direito regime de concessão ou permissão. Administrativo). Dessa forma, os Portos Se- José Afonso da Silva – Curso cos e os CLIA’s, cuja atividade princi- de Direito Constitucional Positivo, Ma- pal é de armazenagem de mercadoria, lheiros Editores, 15ª Edição Revista, não exercem serviços públicos delega- página 767 : "O serviço público é, por dos, quer por concessão, quer por per- natureza, estatal." missão. Hely Lopes Meirelles – Direito Administrativo Brasileiro, 35ª Edição, Vadison Espinheira do Carmo é audi- página 332, Malheiros Editores: "é todo tor-Fiscal da Receita Federal do Bra- aquele prestado pela Administração ou sil aposentado, Professor-Mestre por seus delegados, sob normas e con- (Administração) Universitário, Conta- dor e Advogado. troles estatais, para satisfazer necessi- dades essenciais ou secundárias da 15 Janeiro - Santos Arte e Cultura
  • 16. ESPERANÇA EDNA GALLO O que seria da criatura humana sem a esperança? recida a todos nós. Ter esperança é saber perseverar, ter Na certa, sem ela não haveria objetivos, sonhos, realiza- confiança no bem, no positivo e até mesmo naquilo que nos ções. parece impossível. Ela é uma energia que É ela que nos estimula a viver, lutar, alimenta a alma, redobrando-nos o âni- prosseguir e ainda nos dá a certeza de mo, a coragem, fazendo-nos permane- que mais cedo ou mais tarde conseguire- cer firmes nos propósitos de vitória. mos alcançar nossas metas, concretizar os ide- Devemos cultiva-la sempre em ais e aspirações. Mesmo que haja fracassos, insu- nossos corações, pois ela nos aju- cessos, a chama da esperança reacende dentro de nós, da a descortinar novos horizontes. Se nos- impulsionando-nos a novas tentativas. sos passos tropeçarem nas pedras do caminho ou surgirem Não devemos jamais esmorecer diante dos obstá- impedimentos aos nossos mais caros anseios, vamos con- culos que surgem nos afligindo, pois ela nos mostra que os tinuar de braços dados com a esperança e haveremos de caminhos se renovam, as oportunidades se multiplicam, as remover as barreiras, continuar a jornada e vencer. mudanças ocorrem e as soluções chegam trazidas pelo tempo. Se hoje, dificuldades nos aborrecem, a esperança Edna Gallo é poetisa - Trovadora- Livros publicados: novamente nos aponta o amanhã cheio de promessas. Cada “Alvoradas e Crepúsculos” e “Brisa de Outono” alvorecer é sempre uma nova possibilidade de sucesso ofe- A MÁQUINA GENÉTICA JOSÉ ALBERTO NEVES CANDEIAS Nunca se falou tanto em genética como em nosso “dia a cia de algo improvável, ou da mais necessária probabilidade de dia”, o que pode e deve entusiasmar-nos como sendo um sinal da sobrevivência. Hoje em dia, os seres humanos são máquinas gené- boa iniciativa de popularizar os avanços da ciência, ou parte deles, ticas sobreviventes. dada a extensão da literatura biológica e melhor esclarecendo al- O DNA de um passado longínquo fazia parte dos genes? guns aspectos teóricos desta junto a amadores interessados. Com grande probabilidade, não tal como o conhecemos hoje, fa- Os genes são o elemento fundamental da vida humana e zendo parte dos bilhões e bilhões de células do nosso organismo, de outros animais e plantas, bactérias e vírus, o que justifica o dito células estas que contêm um núcleo com dois pares de cromosso- de Sagan: “afinal somos todos primos”. Todos os genes são iguais, mos, um dos pares provenientes do pai e outro da mãe. O conjunto mostrando as diferenças nos seus efeitos, em função da estrutura de genes recessivos de ações ignoradas ou prejudiciais. do seu corpo, que os vai transferindo para a descendência. Vez por Qualquer dos seres já mencionados, de animais, vege- outra surgem genes perturbadores durante o processo biológico da tais, bacterianos e virais, são máquinas de sobrevivência contra as mutação, que podem causar desastrosas influências ou consequên- múltiplas ações que podem prejudicá-los na constante atividade cias adversas em outros genes dos seres humanos e outros seres, favorável. Talvez não devamos esquecer que as tecnologias cientí- fixando-nos nós nos seres humanos, para simplificar e nunca por ficas de nossos dias poderão aprimorar os genes com vistas a ali- snobismo (sine nobilitate). mentar esperanças para os nossos descendentes, estimulando sua O termo “simplificar”, que usamos, não corresponde à re- criatividade. Só assim será possível prevenir erros nascidos de in- alidade que teremos de enfrentar analisando a estrutura formal fluências sociais, com forte impacto no desenrolar de nossas ativi- (corpo) e sua estrutura genética (gene). dades. Que tipo de intervenção junto aos genes, mercê da ação de Nunca um fator, genético ou ambiental, pode considerar- novas tecnologias, será possível vir a acontecer é, de momento, de se como causa das diferenças formais entre os descendentes, ten- interesse marginal, muito embora a emergência da Biologia Mole- do estas um enorme contingente de antecedentes causais. São cular possa ajudar-nos naquele exercício meramente especulativo. estas diferenças que podem ser o elemento importante nas lutas da Tal possibilidade técnica - que repetimos, não conhecemos - daria sobrevivência e da competição, tanto no complexo processo evolu- aos genes ainda maior saliência no seu papel para surgimento de tivo, como no próprio dia-a-dia. O efeito da ação de cada gene de- gerações mais bem amparadas socialmente. E se tal hipotética in- pende da presença de outros genes, do ambiente genético, poden- tervênção tecnológica levasse ao aumento das taxas de serotonina do acontecer a presença de genes bons, de genes letais e genes nos descendentes? Então, a realidade seria bem operante, como semiletais. resultado da melhoria da autoestima, que sempre acompanha os Apesar da passividade, os genes humanos são obriga- altos índices de serotonina. dos a desempenhar suas ações de modo a que os problemas dos Esta informação, ainda, não nos permite levar muito lon- descendentes, no futuro, sejam adequadamente previstos, num ge nossa análise, uma vez que pouco sabemos das reações bio- verdadeiro jogo de probabilidades. químicas entre os genes, o cérebro e o comportamento. Sabemos Esta previsão dos genes sobre o que o futuro irá oferecer, que pessoas portadoras de baixas taxas de serotonina são mais parece usar aquilo que chamamos de simulação, tão frequente nos inclinadas a atitudes impulsivas. E é só! Ou pelo menos, julgamos seres humanos, mas difícil de imaginar nas atividades dos genes, ser só! que poderiam, então, criar uma decisiva intervenção no comporta- mento da máquina genética, tendo em vista a sobrevivência. Sur- José Alberto Neves Candeias é Mestre, Doutor, professor ge, por obrigação, a necessidade de especular sobre a enorme titular aposentado da USP, com especialização em Londres, multiplicidade de tipos de genes habéis para comandar a ocorrên- Estados Unidos e Tóquio, em Biologia Molecular Janeiro - Santos Arte e Cultura 16
  • 17. NOTAS CULTURAIS NOTAS CULTURAIS “SANTOS DUMONT - DOMADOR DO ESPAÇO” Em noite concorrida, 9 contou com presenças ilustres, dentre as quais, autoridades, de dezembro, foi lançado o livro intelectuais e acadêmicos, bem como amigos e familiares, “Santos Dumont - Domador do que prestigiaram o evento. Espaço”, de autoria do jornalis- O livro narra a saga e a determinação do brasileiro ta e aviador, Cláudio de Cápua. Santos Dumont, que legou ao mundo a capacidade de ven- O lançamento ocorrreu na cer os ares, reduzindo distâncias e proporcionando avanços Aliança Francesa, em Santos e imensuráveis à humanidade. JOGOS FLORAIS DE CAXIAS DO SUL AGITANDO O VERÃO SANTISTA O talento santista será mais xias do Sul) e Academia Caxiense de Os fins de semana do verão uma vez reconhecido, durante entrega Letras. A poetisa santista Carolina Ra- santista continuarão a ser animados com das premiações no “II Jogos Florais de mos foi uma das vencedoras do concur- as tendas instaladas na praia, com diver- Caxias do Sul”, concurso nacional que so cultural, com a crônica “Nos Trilhos sas atrações culturais. Durante o dia, o ocorre anualmente promovido pela UBT da História”. A premiação acontecerá espaço abriga uma vasta programação (União Brasileira de Trovadores - Ca- nos dias 27 e 28 de fevereiro. semanal onde são oferecidas oficinas de leitura, de dança de salão, roda de capo- CHORINHO NO AQUÁRIO eira, brincadeiras educativas, ginástica, Todos os sábados, a partir das 19h, os santistas e visitantes podem apre- dentre outros. Já à noite, as Tendas re- ciar, gratuitamente, o melhor do Chorinho. Em frente ao Aquário Municipal, na cebem a população com as melhores Praça Vereador Luiz La bandas e variado repertório, para aque- Scala, na Ponta da les que gostam de dançar e curtir boa Praia. A iniciativa é música. A programação é gratuita e rea- uma parceria entre a lizada pela Prefeitura de Santos, por Prefeitura Municipal e meio da Secult (Secretaria de Cultura). as empresas Tecondi e Informações: 3226-8000. Termares, que patroci- nam o evento. No pró- ximo sábado, dia 30 de janeiro, está programa- da a apresentação do grupo Chorocabanos. Janeiro - Santos Arte e Cultura 17
  • 18. Espaço do Livro CLÁUDIO DE CÁPUA O SÍMBOLO PERDIDO de DAN BROWN O segredo do texto de Dan Brown é entrelaçar fatos verdadeiros, com conspirações, que misturam personagens da história, com obras de grandes mestres da arte, envolvendo religiões ou sociedades secretas e símbolos para serem decifrados. “O Símbolo Perdido” é seu quinto livro e o terceiro que lança tendo Robert Landgon, professor universitário e simbologista, como personagem central de uma trama, que se desenrola toda em Washington. Neste romance, o professor Landgon tem que salvar seu amigo, Peter Salomon, de um jovem gigante loiro, que ocupa alto grau na maçonaria e traz o corpo todo tatuado por símbolos esotéricos. Mal’akh é o gênio do mal, nesta história de Brown, ele quer descobrir os segredos ocultos nos meandros do Capitólio, erguido como templo maçônico para idolatrar a imagem do primeiro presidente americano e gran mestre maçom, George Washington. Dan Brown, em entrevista à TV americana, afirma que 97% de suas histórias são alicerçadas em fatos verdadeiros. Sem dúvida, Dan Brown descobriu um modo mágico de prender a atenção do leitor. O ENIGMA DE BARTHOLOMEU VINHO - medicamento para o coração e a alma ÁUREO RODRIGUES JOÃO INÁCIO DA SILVA FILHO O professor e pesquisador de histó- O renomado médico Santista Áu- ria, João Inácio relata a vida do pri- reo Rodrigues, aborda um dos meiro cientista experimental das mais antigos prazeres da humani- Américas, Bartholomeu Lourenço dade: o vinho. Além de relatar sua de Gusmão. Ao resgatar os misté- origem, modo de escolha, de utili- rios desse incompreendido e fasci- zação e de manutenção, faz um nante inventor, resgata a memória interessante paralelo medicinal, e a glória desse homem que dedi- mostrando as virtudes terapêuticas cou sua vida à ciência. da bebida. Janeiro - Santos Arte e Cultura 18
  • 19. Janeiro Santos Arte e Cultura 19