SlideShare uma empresa Scribd logo
13 - O TRABALHADOR FRACASSADO
Na paisagem de luz, antes da imersão nos fluidos terrestres, Efraim recebia as últimas
recomendações do Guia venerável:
- Vai, meu filho. Seja a próxima experiência na Terra, uma estação nova de trabalho
construtivo. Recorda que és portador de nobre mensagem. A tarefa a que te propões é das
mais edificantes. Distribuirás o pão do conforto espiritual, no esforço de amor em que te
inspiras. Não olvides que energias diversas se conjugarão no mundo, para distrair-te a
atenção dos objetivos traçados. É indispensável que te fortaleças na confiança em Deus, em
todos os momentos da vida humana. Cada homem permanece no Planeta com a lembrança
viva dos compromissos assumidos, revelando singularidades que a ciência das criaturas
considera vocações espontâneas. A luta começa na infância, porque raros pais, na Terra,
estão aptos a orientar conscientemente os filhos confiados à sua guarda. Resiste, porém, e
aprende a conservar tuas energias nos altiplanos da fé. Lembra a tarefa santificante,
cometida ao teu esforço, e não escutes vozes tentadoras, nem desfaleças ante os tropeços
naturais, que se amontoam nos caminhos da redenção. Há operários que, embora possuídos
de belas intenções, estacionam inadvertidamente, por darem ouvidos aos enigmas que o
mundo inferior lhes propõe em cada dia. Segue na estrada luminosa do bem, de olhar fixo no
trabalho conferido às tuas mãos. Não olvides que Deus ajuda sempre; mas, nem por isso,
poderás prescindir do próprio esforço em auxílio de ti mesmo.
O candidato à nobre missão, reconhecido e feliz, osculou as mãos do benfeitor e partiu. A
esperança lhe acariciava os sentimentos mais puros. Não cabia em si de contentamento,
pois recebera a formosa tarefa de repartir esclarecimentos e consolação entre os sofredores da
Terra. Com que enlevo e satisfação lhes falaria das verdades sublimes de Deus!
Mostraria a função aperfeiçoadora do sofrimento, enaltecendo o serviço construtivo da dor.
Enquanto fornecesse testemunhos de fé na redenção própria, exemplificando no esforço dos
homens de bem, reuniria materiais divinos para melhor atender ao imperativo do trabalho
conferido à sua responsabilidade individual.
Todavia, consoante as observações ministradas pelo mentor compassivo e sábio, o
trabalhador encontrou as primeiras dificuldades no próprio lar a que foi conduzido pelas teias de
carinhosa atração. Ao passo que os amigos da esfera invisível buscavam multiplicar-lhe as
noções de ordem superior na recapitulação do período infantil, os genitores inutilizavam
diariamente o serviço espiritual, com a ternura viciosa e imprudente. Na libertação parcial do
sono, Efraim era advertido pelos amigos do caminho eterno, a respeito da preparação
necessária, mas logo que regressava à vigília, no corpinho tenro, a mamãe o tratava como
bebê destinado às guirlandas de uma festa infantil; e o pai, voltando da repartição,
preocupava-se em aumentar entretenimentos e frioleiras. Assim, a criança aprendia os
nomes e gestos da gíria, acostumava-se a repetir as expressões menos dignas, a atacar com as
mãozinhas cerradas, a insultar por brinquedo.
Quase reduzido à condição de papagaio interessante e voluntarioso, foi instado pelos amigos
da esfera invisível a reconsiderar as obrigações assumidas. Entretanto, quando falava dos
50
sonhos que o visitavam durante a noite, a mãezinha ralhava descontente: - “É pura
imaginação, meu filho! Vives impressionado com as histórias da carochinha”. O pai ajuntava
de pronto: - “Esquece os sonhos, Efraim, lembra que o mundo sempre pediu homens
práticos”.
O rapazinho daí por diante começou a dispensar menos atenção ao plano intuitivo. No fundo,
porém, não conseguia trair as tendências próprias. Dedicava inexcedível carinho aos livros de
sabor individual, onde a elevação de sentimentos constituísse tema vitorioso. Exaltava-se
facilmente no exame dos problemas da Religião, como se quisesse, resistindo às
incompreensões domésticas, desferir os primeiros vôos. No íntimo, adivinhava a realidade
das obrigações que lhe competiam, mas a ternura excessiva dos pais contribuía a favor da
preguiça e da agressividade. Onde Deus atirava sementes divinas, os responsáveis
humanos cultivavam heras sufocantes.
No colégio, Efraim não era mau companheiro; os genitores, porém, desenvolviam tamanho
esforço por destacar-lhe a condição, que, em breve, a vaidade sobressaía como estranha
excrescência na sua personalidade.
E a experiência humana continuou, marcando o conflito entre a vocação do trabalhador e o
obstáculo incessante do mundo. O plano invisível buscava insistentemente conduzi-lo ao
clima espiritual adequado as realizações em perspectiva.
Enquanto na Igreja Católica Romana, o rapaz não encontrava senão motivos para acusações
e xingamentos; transportado ao ambiente do culto protestante, apenas fixava expressões
humanas, esquecido das substâncias divinas. Intimamente, Efraim experimentava aquela
necessidade de instruir e consolar as almas. Às vezes, não conseguia sopitar os impulsos e
desabafava em longas conversações com os amigos. Guardando, porém, os títulos
acadêmicos em vez de usá-los como forças ascensionais para um conhecimento superior,
convertia-os em entulhos lastimáveis, mantendo futilidades pouco dignas. Embalde a esfera
espiritual o convidava à luta enobrecedora, em profundos apelos do pensamento.
Agora, casado e fundamente modificado pelas circunstâncias, Efraim parecia impermeável aos
conselhos diretos e indiretos.
Enfim, depois de costear o continente infinito da Revelação divina em diversas modalidades,
foi dar às praias ricas do Espiritismo cristão. Estava deslumbrado. A fé lhe revelava perfumes
ignotos ao coração, semelhando-se a olorosa flor de mata virgem. Experimentou
imediatamente a certeza de haver encontrado o lugar próprio. Ali, certamente, desenvolveria
o plano construtivo de que lhe faltava a intuição nos recessos do espírito. Esqueceu, no
entanto, que o trabalho é fruto do esforço e que todo operário precisa improvisar ou manejar
ferramentas. Com dois anos de observação, ele, que se habituara à ociosidade, recolhia-se
ao desalento. Queixava-se de tudo e de todos. Tinha a convicção de que necessitava edificar
alguma coisa em beneficio dos semelhantes, mas não se conformava com os obstáculos.
Quando um dos velhos amigos vinha convidá-lo ao serviço espiritual, replicava
enfaticamente:
51
- Ora, “seu” Cunha, quem poderá destrinçar essa meada de médiuns charlatães e
exploradores sem consciência?! Francamente, sinto-me cansado...
Depois que o visitante encarecia as excelências da cooperação e a necessidade do
testemunho, Efraim exclamava desanimado:
- Não posso ocupar-me com ficções nem partilhar dessa batalha invencível.
Os amigos da vida real são, contudo, infatigáveis na esperança e no otimismo; para que o
trabalhador encontrasse concurso fraterno, formou-se repentinamente um grupo mais íntimo,
na vizinhança de sua residência, onde reduzido número de companheiros se propunham
estudar os problemas de auto-aperfeiçoamento, colimando elevados serviços no futuro.
Efraim prometia cooperar na tarefa, mas em vão o chamavam ao esforço diariamente.
Estava sempre solícito na indicação dos tropeços, mas nunca resoluto na execução da
própria tarefa. Cada dia apresentava uma desculpa aparentemente mais justa, a fim de
justificar a ausência no trabalho. Para ele a chuva estava sempre gelada e o calor sufocante;
os resfriados chamavam-se amidalites, bronquites, febres, dispnéias; os desarranjos do
estômago classificavam-se como hepatites, estreitamentos e gastralgias. A mente viciada
exagerava todos os sintomas. Quando assim não era, aludia às contrariedades com o chefe
de serviço no Instituto em que lecionava, referia-se às enxaquecas da esposa, dizia das
enfermidades naturais dos filhinhos em desenvolvimento. A hora, a situação ocasional, o
estado físico, a condição atmosférica, eram fatores a que recorria invariavelmente por fugir à
contribuição fraternal.
Por fim, embora experimentasse o desejo sagrado de realizar a tarefa, chegou ao
insulamento quase completo, num misto de tristeza e ociosidade.
Foi nessa estação de amargura que a morte do corpo o requisitou para experiências novas.
Durante anos dolorosos, Efraim errou sem destino, qual ave desesperada da sombra, até
que um dia, esgotado o cálice dos remorsos mais acerbos, conseguiu ouvir o antigo mentor,
após angustiosas súplicas:
- Meu filho, não te queixes senão de ti mesmo. O Dono da Vinha jamais esqueceu os
trabalhadores. Materiais, ferramentas, possibilidades, talentos, oportunidades, tudo foi
colocado pela bondade do Senhor, em teus caminhos. Preferiste, porém, fixar os obstáculos,
desatendendo a tarefa. Reparaste o mau tempo, a circunstância adversa, o tropeço material,
a perturbação física e, assim, nunca prestaste maior atenção ao serviço real que te levara ao
Planeta. Esqueceste que o trabalho da realização divina oferece compensações e tônicos
que lhe são peculiares, independentemente dos convencionalismos do mundo exterior. O
Senhor não precisa de operários que passem o tempo a relacionar óbices, pedras, espinhos,
dificuldades e confusões, e sim daqueles que cooperem fielmente na edificação eterna, sem
interpelações descabidas, desde as atividades mais simples às mais complexas. Enquanto
olhavas o chão duro, a enxada enferrujou-se e o dia passou. Choras? O arrependimento é
bendito, mas não remedeia a dilação. Continua retificando os desvios da atividade mental e
aguarda o futuro infinito. Deus não faltará, jamais, à boa-vontade sincera!
52
- E quando poderei voltar à Terra, a fim de renovar meus esforços? - perguntou Efraim
soluçando.
O benfeitor demorou a responder, esclarecendo finalmente:
- Por agora, meu filho, não posso precisar a ocasião exata. Todo trabalho edificante, em suas
expressões diferentes, tem órgãos orientadores, executivos e cooperativos. Ninguém pode
iludir a ordem na obra de Deus. Ante os novos caminhos tens largo tempo para amadurecer os
arrependimentos sinceros, porque, somente aqui, nesta zona de serviço a que te
subordinas presentemente, temos duzentos mil e quinhentos e vinte e sete candidatos ao
trabalho de consolação e esclarecimento, no qual fracassaste no mundo. Como vês, não
podes regressar à Terra antes deles.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Uniao em jesus (psicografia chico xavier espiritos diversos)
Uniao em jesus (psicografia chico xavier   espiritos diversos)Uniao em jesus (psicografia chico xavier   espiritos diversos)
Uniao em jesus (psicografia chico xavier espiritos diversos)
Francine Oliveira
 
Beume abril 14
Beume abril 14Beume abril 14
Beume abril 14
Ume Maria
 
A magia das formas pensamento dolores ashcroft nowicki e j. h. brennan
A magia das formas pensamento  dolores ashcroft nowicki e j. h. brennanA magia das formas pensamento  dolores ashcroft nowicki e j. h. brennan
A magia das formas pensamento dolores ashcroft nowicki e j. h. brennan
Tsara de Alta Magia
 
Livro quando deus sussurra o seu nome max lucado
Livro quando deus sussurra o seu nome   max lucadoLivro quando deus sussurra o seu nome   max lucado
Livro quando deus sussurra o seu nome max lucado
Patricia Machado
 
Estudo do Livro - Renuncia
Estudo do Livro - RenunciaEstudo do Livro - Renuncia
Estudo do Livro - Renuncia
Patricia Farias
 

Mais procurados (20)

Uniao em jesus (psicografia chico xavier espiritos diversos)
Uniao em jesus (psicografia chico xavier   espiritos diversos)Uniao em jesus (psicografia chico xavier   espiritos diversos)
Uniao em jesus (psicografia chico xavier espiritos diversos)
 
Chico xavier familia
Chico xavier   familiaChico xavier   familia
Chico xavier familia
 
35 proselitismo de arrastamento
35   proselitismo de arrastamento35   proselitismo de arrastamento
35 proselitismo de arrastamento
 
34 a conselheira invigilante
34   a conselheira invigilante34   a conselheira invigilante
34 a conselheira invigilante
 
Velhos e moços
Velhos e moçosVelhos e moços
Velhos e moços
 
Beume abril 14
Beume abril 14Beume abril 14
Beume abril 14
 
7 o transporte revelador
7   o transporte revelador7   o transporte revelador
7 o transporte revelador
 
14 invocações diretas
14   invocações diretas14   invocações diretas
14 invocações diretas
 
A petição de jesus
A petição de jesusA petição de jesus
A petição de jesus
 
Seminario Memórias de Um Suicida - Capítulo V - O Reconhecimento - 21-03-2016
Seminario Memórias de Um Suicida - Capítulo V - O Reconhecimento - 21-03-2016Seminario Memórias de Um Suicida - Capítulo V - O Reconhecimento - 21-03-2016
Seminario Memórias de Um Suicida - Capítulo V - O Reconhecimento - 21-03-2016
 
A magia das formas pensamento dolores ashcroft nowicki e j. h. brennan
A magia das formas pensamento  dolores ashcroft nowicki e j. h. brennanA magia das formas pensamento  dolores ashcroft nowicki e j. h. brennan
A magia das formas pensamento dolores ashcroft nowicki e j. h. brennan
 
Livro quando deus sussurra o seu nome max lucado
Livro quando deus sussurra o seu nome   max lucadoLivro quando deus sussurra o seu nome   max lucado
Livro quando deus sussurra o seu nome max lucado
 
John St. John - Crowley
John St. John - CrowleyJohn St. John - Crowley
John St. John - Crowley
 
Estudo do Livro - Renuncia
Estudo do Livro - RenunciaEstudo do Livro - Renuncia
Estudo do Livro - Renuncia
 
Seminário Memórias de Um Suicida - Segunda Parte - Capítulo VII - Os Primeiro...
Seminário Memórias de Um Suicida - Segunda Parte - Capítulo VII - Os Primeiro...Seminário Memórias de Um Suicida - Segunda Parte - Capítulo VII - Os Primeiro...
Seminário Memórias de Um Suicida - Segunda Parte - Capítulo VII - Os Primeiro...
 
Seminário Memórias de Um Suicida - Terceira Parte - Capítulo IV - O Homem Vel...
Seminário Memórias de Um Suicida - Terceira Parte - Capítulo IV - O Homem Vel...Seminário Memórias de Um Suicida - Terceira Parte - Capítulo IV - O Homem Vel...
Seminário Memórias de Um Suicida - Terceira Parte - Capítulo IV - O Homem Vel...
 
Todo Dia é Um Dia Especial - Max Lucado
Todo Dia é Um Dia Especial - Max LucadoTodo Dia é Um Dia Especial - Max Lucado
Todo Dia é Um Dia Especial - Max Lucado
 
5 o natal diferente
5   o natal diferente5   o natal diferente
5 o natal diferente
 
Construcao do amor
Construcao do amorConstrucao do amor
Construcao do amor
 
Ceu e inferno o castigo
Ceu e inferno o castigoCeu e inferno o castigo
Ceu e inferno o castigo
 

Semelhante a 13 o trabalhador fracassado

16 chico xavieremmanuel-renúncia
16 chico xavieremmanuel-renúncia16 chico xavieremmanuel-renúncia
16 chico xavieremmanuel-renúncia
centrodeestudos1987
 
Estrada de Luz
Estrada de LuzEstrada de Luz
Estrada de Luz
ield
 
2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia
2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia
2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia
Joao Minelli Neto
 
2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho
2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho
2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho
Joao Minelli Neto
 
2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho
2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho
2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho
Joao Minelli Neto
 
2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho
2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho
2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho
Joao Minelli Neto
 
Contos e apólogos irmão x
Contos e apólogos   irmão xContos e apólogos   irmão x
Contos e apólogos irmão x
Antonio SSantos
 

Semelhante a 13 o trabalhador fracassado (20)

20 o valor do trabalho
20   o valor do trabalho20   o valor do trabalho
20 o valor do trabalho
 
16 chico xavieremmanuel-renúncia
16 chico xavieremmanuel-renúncia16 chico xavieremmanuel-renúncia
16 chico xavieremmanuel-renúncia
 
Os Mensageiros - Capítulo 01
Os Mensageiros - Capítulo 01Os Mensageiros - Capítulo 01
Os Mensageiros - Capítulo 01
 
Joana de cuza
Joana de cuzaJoana de cuza
Joana de cuza
 
Estrada de Luz
Estrada de LuzEstrada de Luz
Estrada de Luz
 
Estudo André Luiz - Capítulos 1 e 2
Estudo André Luiz - Capítulos 1 e 2Estudo André Luiz - Capítulos 1 e 2
Estudo André Luiz - Capítulos 1 e 2
 
Joana de Cusa
Joana de CusaJoana de Cusa
Joana de Cusa
 
05_Maio_18
05_Maio_1805_Maio_18
05_Maio_18
 
4 espíritos protetores
4   espíritos protetores4   espíritos protetores
4 espíritos protetores
 
Livro dos Espiritos 549 e ESE cap 5
Livro dos Espiritos 549 e ESE cap 5Livro dos Espiritos 549 e ESE cap 5
Livro dos Espiritos 549 e ESE cap 5
 
A Exaltação da Cortesia.pps
A Exaltação da Cortesia.ppsA Exaltação da Cortesia.pps
A Exaltação da Cortesia.pps
 
2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia
2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia
2015 08-10 Palestra Centro Espírita Paz e Amor - A Exaltação da Cortesia
 
Ave maria professores diferentes
Ave maria   professores diferentesAve maria   professores diferentes
Ave maria professores diferentes
 
2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho
2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho
2015 08-21 - Palestra O Semeador - Lei do Trabalho
 
2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho
2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho
2015 08-13 - FEEGO quinta - Lei do Trabalho
 
2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho
2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho
2015 08-22 Palestra CERLUZ - Lei do Trabalho
 
Boletim 010613
Boletim   010613Boletim   010613
Boletim 010613
 
A lição da vigilância
A lição da vigilânciaA lição da vigilância
A lição da vigilância
 
3 a vidência esquecida
3   a vidência esquecida3   a vidência esquecida
3 a vidência esquecida
 
Contos e apólogos irmão x
Contos e apólogos   irmão xContos e apólogos   irmão x
Contos e apólogos irmão x
 

Mais de Fatoze

Mais de Fatoze (20)

Evangelho animais 95
Evangelho animais 95Evangelho animais 95
Evangelho animais 95
 
Evangelho animais 94
Evangelho animais 94Evangelho animais 94
Evangelho animais 94
 
Evangelho animais 93
Evangelho animais 93Evangelho animais 93
Evangelho animais 93
 
Evangelho animais 92
Evangelho animais 92Evangelho animais 92
Evangelho animais 92
 
Evangelho animais 91
Evangelho animais 91Evangelho animais 91
Evangelho animais 91
 
Evangelho no lar com crianças (69)
Evangelho no lar com crianças (69)Evangelho no lar com crianças (69)
Evangelho no lar com crianças (69)
 
Evangelho no lar com crianças (68)
Evangelho no lar com crianças (68)Evangelho no lar com crianças (68)
Evangelho no lar com crianças (68)
 
Evangelho no lar com crianças (67)
Evangelho no lar com crianças (67)Evangelho no lar com crianças (67)
Evangelho no lar com crianças (67)
 
Evangelho no lar com crianças (66)
Evangelho no lar com crianças (66)Evangelho no lar com crianças (66)
Evangelho no lar com crianças (66)
 
68 oitava categoria - caso 14
68   oitava categoria - caso 1468   oitava categoria - caso 14
68 oitava categoria - caso 14
 
67 oitava categoria - caso 12 e caso 13
67   oitava categoria - caso 12 e caso 1367   oitava categoria - caso 12 e caso 13
67 oitava categoria - caso 12 e caso 13
 
66 oitava categoria - caso 10 e caso 11
66   oitava categoria - caso 10 e caso 1166   oitava categoria - caso 10 e caso 11
66 oitava categoria - caso 10 e caso 11
 
65 oitava categoria - caso 08 e caso 09
65   oitava categoria - caso 08 e caso 0965   oitava categoria - caso 08 e caso 09
65 oitava categoria - caso 08 e caso 09
 
Evangelho no lar com crianças (65)
Evangelho no lar com crianças (65)Evangelho no lar com crianças (65)
Evangelho no lar com crianças (65)
 
Evangelho no lar com crianças (64)
Evangelho no lar com crianças (64)Evangelho no lar com crianças (64)
Evangelho no lar com crianças (64)
 
Evangelho no lar com crianças (63)
Evangelho no lar com crianças (63)Evangelho no lar com crianças (63)
Evangelho no lar com crianças (63)
 
Evangelho animais 90
Evangelho animais 90Evangelho animais 90
Evangelho animais 90
 
Evangelho animais 89
Evangelho animais 89Evangelho animais 89
Evangelho animais 89
 
Evangelho animais 88
Evangelho animais 88Evangelho animais 88
Evangelho animais 88
 
Aula 15 irmaos
Aula 15   irmaosAula 15   irmaos
Aula 15 irmaos
 

Último

Último (8)

João Calvino e o Cânticos dos Salmos: uma introdução ao pensamento de Calvino...
João Calvino e o Cânticos dos Salmos: uma introdução ao pensamento de Calvino...João Calvino e o Cânticos dos Salmos: uma introdução ao pensamento de Calvino...
João Calvino e o Cânticos dos Salmos: uma introdução ao pensamento de Calvino...
 
1- Chuvas de Graça - Hino da Harpa Cristã.ppt
1- Chuvas de Graça - Hino da Harpa Cristã.ppt1- Chuvas de Graça - Hino da Harpa Cristã.ppt
1- Chuvas de Graça - Hino da Harpa Cristã.ppt
 
Lição 8 - Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
Lição 8 - Confessando e Abandonando o Pecado.pptxLição 8 - Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
Lição 8 - Confessando e Abandonando o Pecado.pptx
 
GUIA DE ESTUDO BIBLICO [Teologia sistemática e Vida Cristã]
GUIA DE ESTUDO BIBLICO [Teologia sistemática e Vida Cristã]GUIA DE ESTUDO BIBLICO [Teologia sistemática e Vida Cristã]
GUIA DE ESTUDO BIBLICO [Teologia sistemática e Vida Cristã]
 
JUIZO FINAL [ DOUTRINA DA ESCATOLOGIA E FIM DOS TEMPOS]
JUIZO FINAL [ DOUTRINA DA ESCATOLOGIA E FIM DOS TEMPOS]JUIZO FINAL [ DOUTRINA DA ESCATOLOGIA E FIM DOS TEMPOS]
JUIZO FINAL [ DOUTRINA DA ESCATOLOGIA E FIM DOS TEMPOS]
 
Lição 9 - Resistindo à Tentação no Caminho.pptx
Lição 9 - Resistindo à Tentação no Caminho.pptxLição 9 - Resistindo à Tentação no Caminho.pptx
Lição 9 - Resistindo à Tentação no Caminho.pptx
 
Oração De Santa Rita De Cássia
Oração De Santa Rita De CássiaOração De Santa Rita De Cássia
Oração De Santa Rita De Cássia
 
Bíblia sagrada - JOel - slides powerpoint.pptx
Bíblia sagrada - JOel - slides powerpoint.pptxBíblia sagrada - JOel - slides powerpoint.pptx
Bíblia sagrada - JOel - slides powerpoint.pptx
 

13 o trabalhador fracassado

  • 1. 13 - O TRABALHADOR FRACASSADO Na paisagem de luz, antes da imersão nos fluidos terrestres, Efraim recebia as últimas recomendações do Guia venerável: - Vai, meu filho. Seja a próxima experiência na Terra, uma estação nova de trabalho construtivo. Recorda que és portador de nobre mensagem. A tarefa a que te propões é das mais edificantes. Distribuirás o pão do conforto espiritual, no esforço de amor em que te inspiras. Não olvides que energias diversas se conjugarão no mundo, para distrair-te a atenção dos objetivos traçados. É indispensável que te fortaleças na confiança em Deus, em todos os momentos da vida humana. Cada homem permanece no Planeta com a lembrança viva dos compromissos assumidos, revelando singularidades que a ciência das criaturas considera vocações espontâneas. A luta começa na infância, porque raros pais, na Terra, estão aptos a orientar conscientemente os filhos confiados à sua guarda. Resiste, porém, e aprende a conservar tuas energias nos altiplanos da fé. Lembra a tarefa santificante, cometida ao teu esforço, e não escutes vozes tentadoras, nem desfaleças ante os tropeços naturais, que se amontoam nos caminhos da redenção. Há operários que, embora possuídos de belas intenções, estacionam inadvertidamente, por darem ouvidos aos enigmas que o mundo inferior lhes propõe em cada dia. Segue na estrada luminosa do bem, de olhar fixo no trabalho conferido às tuas mãos. Não olvides que Deus ajuda sempre; mas, nem por isso, poderás prescindir do próprio esforço em auxílio de ti mesmo. O candidato à nobre missão, reconhecido e feliz, osculou as mãos do benfeitor e partiu. A esperança lhe acariciava os sentimentos mais puros. Não cabia em si de contentamento, pois recebera a formosa tarefa de repartir esclarecimentos e consolação entre os sofredores da Terra. Com que enlevo e satisfação lhes falaria das verdades sublimes de Deus! Mostraria a função aperfeiçoadora do sofrimento, enaltecendo o serviço construtivo da dor. Enquanto fornecesse testemunhos de fé na redenção própria, exemplificando no esforço dos homens de bem, reuniria materiais divinos para melhor atender ao imperativo do trabalho conferido à sua responsabilidade individual. Todavia, consoante as observações ministradas pelo mentor compassivo e sábio, o trabalhador encontrou as primeiras dificuldades no próprio lar a que foi conduzido pelas teias de carinhosa atração. Ao passo que os amigos da esfera invisível buscavam multiplicar-lhe as noções de ordem superior na recapitulação do período infantil, os genitores inutilizavam diariamente o serviço espiritual, com a ternura viciosa e imprudente. Na libertação parcial do sono, Efraim era advertido pelos amigos do caminho eterno, a respeito da preparação necessária, mas logo que regressava à vigília, no corpinho tenro, a mamãe o tratava como bebê destinado às guirlandas de uma festa infantil; e o pai, voltando da repartição, preocupava-se em aumentar entretenimentos e frioleiras. Assim, a criança aprendia os nomes e gestos da gíria, acostumava-se a repetir as expressões menos dignas, a atacar com as mãozinhas cerradas, a insultar por brinquedo. Quase reduzido à condição de papagaio interessante e voluntarioso, foi instado pelos amigos da esfera invisível a reconsiderar as obrigações assumidas. Entretanto, quando falava dos 50
  • 2. sonhos que o visitavam durante a noite, a mãezinha ralhava descontente: - “É pura imaginação, meu filho! Vives impressionado com as histórias da carochinha”. O pai ajuntava de pronto: - “Esquece os sonhos, Efraim, lembra que o mundo sempre pediu homens práticos”. O rapazinho daí por diante começou a dispensar menos atenção ao plano intuitivo. No fundo, porém, não conseguia trair as tendências próprias. Dedicava inexcedível carinho aos livros de sabor individual, onde a elevação de sentimentos constituísse tema vitorioso. Exaltava-se facilmente no exame dos problemas da Religião, como se quisesse, resistindo às incompreensões domésticas, desferir os primeiros vôos. No íntimo, adivinhava a realidade das obrigações que lhe competiam, mas a ternura excessiva dos pais contribuía a favor da preguiça e da agressividade. Onde Deus atirava sementes divinas, os responsáveis humanos cultivavam heras sufocantes. No colégio, Efraim não era mau companheiro; os genitores, porém, desenvolviam tamanho esforço por destacar-lhe a condição, que, em breve, a vaidade sobressaía como estranha excrescência na sua personalidade. E a experiência humana continuou, marcando o conflito entre a vocação do trabalhador e o obstáculo incessante do mundo. O plano invisível buscava insistentemente conduzi-lo ao clima espiritual adequado as realizações em perspectiva. Enquanto na Igreja Católica Romana, o rapaz não encontrava senão motivos para acusações e xingamentos; transportado ao ambiente do culto protestante, apenas fixava expressões humanas, esquecido das substâncias divinas. Intimamente, Efraim experimentava aquela necessidade de instruir e consolar as almas. Às vezes, não conseguia sopitar os impulsos e desabafava em longas conversações com os amigos. Guardando, porém, os títulos acadêmicos em vez de usá-los como forças ascensionais para um conhecimento superior, convertia-os em entulhos lastimáveis, mantendo futilidades pouco dignas. Embalde a esfera espiritual o convidava à luta enobrecedora, em profundos apelos do pensamento. Agora, casado e fundamente modificado pelas circunstâncias, Efraim parecia impermeável aos conselhos diretos e indiretos. Enfim, depois de costear o continente infinito da Revelação divina em diversas modalidades, foi dar às praias ricas do Espiritismo cristão. Estava deslumbrado. A fé lhe revelava perfumes ignotos ao coração, semelhando-se a olorosa flor de mata virgem. Experimentou imediatamente a certeza de haver encontrado o lugar próprio. Ali, certamente, desenvolveria o plano construtivo de que lhe faltava a intuição nos recessos do espírito. Esqueceu, no entanto, que o trabalho é fruto do esforço e que todo operário precisa improvisar ou manejar ferramentas. Com dois anos de observação, ele, que se habituara à ociosidade, recolhia-se ao desalento. Queixava-se de tudo e de todos. Tinha a convicção de que necessitava edificar alguma coisa em beneficio dos semelhantes, mas não se conformava com os obstáculos. Quando um dos velhos amigos vinha convidá-lo ao serviço espiritual, replicava enfaticamente: 51
  • 3. - Ora, “seu” Cunha, quem poderá destrinçar essa meada de médiuns charlatães e exploradores sem consciência?! Francamente, sinto-me cansado... Depois que o visitante encarecia as excelências da cooperação e a necessidade do testemunho, Efraim exclamava desanimado: - Não posso ocupar-me com ficções nem partilhar dessa batalha invencível. Os amigos da vida real são, contudo, infatigáveis na esperança e no otimismo; para que o trabalhador encontrasse concurso fraterno, formou-se repentinamente um grupo mais íntimo, na vizinhança de sua residência, onde reduzido número de companheiros se propunham estudar os problemas de auto-aperfeiçoamento, colimando elevados serviços no futuro. Efraim prometia cooperar na tarefa, mas em vão o chamavam ao esforço diariamente. Estava sempre solícito na indicação dos tropeços, mas nunca resoluto na execução da própria tarefa. Cada dia apresentava uma desculpa aparentemente mais justa, a fim de justificar a ausência no trabalho. Para ele a chuva estava sempre gelada e o calor sufocante; os resfriados chamavam-se amidalites, bronquites, febres, dispnéias; os desarranjos do estômago classificavam-se como hepatites, estreitamentos e gastralgias. A mente viciada exagerava todos os sintomas. Quando assim não era, aludia às contrariedades com o chefe de serviço no Instituto em que lecionava, referia-se às enxaquecas da esposa, dizia das enfermidades naturais dos filhinhos em desenvolvimento. A hora, a situação ocasional, o estado físico, a condição atmosférica, eram fatores a que recorria invariavelmente por fugir à contribuição fraternal. Por fim, embora experimentasse o desejo sagrado de realizar a tarefa, chegou ao insulamento quase completo, num misto de tristeza e ociosidade. Foi nessa estação de amargura que a morte do corpo o requisitou para experiências novas. Durante anos dolorosos, Efraim errou sem destino, qual ave desesperada da sombra, até que um dia, esgotado o cálice dos remorsos mais acerbos, conseguiu ouvir o antigo mentor, após angustiosas súplicas: - Meu filho, não te queixes senão de ti mesmo. O Dono da Vinha jamais esqueceu os trabalhadores. Materiais, ferramentas, possibilidades, talentos, oportunidades, tudo foi colocado pela bondade do Senhor, em teus caminhos. Preferiste, porém, fixar os obstáculos, desatendendo a tarefa. Reparaste o mau tempo, a circunstância adversa, o tropeço material, a perturbação física e, assim, nunca prestaste maior atenção ao serviço real que te levara ao Planeta. Esqueceste que o trabalho da realização divina oferece compensações e tônicos que lhe são peculiares, independentemente dos convencionalismos do mundo exterior. O Senhor não precisa de operários que passem o tempo a relacionar óbices, pedras, espinhos, dificuldades e confusões, e sim daqueles que cooperem fielmente na edificação eterna, sem interpelações descabidas, desde as atividades mais simples às mais complexas. Enquanto olhavas o chão duro, a enxada enferrujou-se e o dia passou. Choras? O arrependimento é bendito, mas não remedeia a dilação. Continua retificando os desvios da atividade mental e aguarda o futuro infinito. Deus não faltará, jamais, à boa-vontade sincera! 52
  • 4. - E quando poderei voltar à Terra, a fim de renovar meus esforços? - perguntou Efraim soluçando. O benfeitor demorou a responder, esclarecendo finalmente: - Por agora, meu filho, não posso precisar a ocasião exata. Todo trabalho edificante, em suas expressões diferentes, tem órgãos orientadores, executivos e cooperativos. Ninguém pode iludir a ordem na obra de Deus. Ante os novos caminhos tens largo tempo para amadurecer os arrependimentos sinceros, porque, somente aqui, nesta zona de serviço a que te subordinas presentemente, temos duzentos mil e quinhentos e vinte e sete candidatos ao trabalho de consolação e esclarecimento, no qual fracassaste no mundo. Como vês, não podes regressar à Terra antes deles.