O documento descreve a história da Páscoa judaica e cristã em três parágrafos. Relata como Abraão levou o povo de Israel para a Terra Prometida e recebeu a incumbência de multiplicar suas sementes. Também conta que o povo Israelita era instruído a sacrificar um cordeiro pascal e pintar as portas com seu sangue para servir de sinal de libertação. Por fim, menciona que Jesus foi crucificado na Páscoa como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e liberta todos
1. Jornal
O Bandeirante
Ano XVII - no 198 - MAIO de 2009
Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP
Orgulho de Ser
Sobramista Helio Begliomini
Médico urologista
Presidente da SOBRAMES-SP
“Trabalho com consciência e aplicação. Se me cortarem as asas, irei a pé;
se me amputarem as pernas caminharei com as mãos; se, por sua vez,
as tirarem de mim rastejarei sobre o ventre: desde que possa ser útil.”
Istvan Széchényi (1791-1860), pensador húngaro.
Não podemos esquecer que a maio- fardo, somente amenizado e até prazero-
ria dos membros da presente diretoria so para aqueles que se identificam com
galgou sua legitimidade pelo voto de seus seus ideais e ame seus propósitos.
associados nas eleições de setembro de Assim, seus diretores, regra geral
2006 sob o lema de “Amor à Sobrames – altruístas, mas limitados, desempenham
SP” e que, por sua vez, foi ratificada no suas funções denodadamente, subtraindo
pleito de setembro de 2008 sob o lema horas de seu trabalho, de seu lazer ou do
de “Renovado Amor à Sobrames – SP”. seu convívio familiar. Contudo, a fim de
Não temos dúvidas de que estamos traba- que a entidade cresça, seja mais conhe-
lhando com afinco e dedicação à causa da cida e tenha um melhor papel social,
entidade, aliás, sem meias palavras, com torna-se premente aglutinar forças entre
verdadeiro amor, ou melhor, com amor todos os seus membros, tarefa essa que
redobrado. deve, necessariamente, ser catalisada
O amor não se contém... não se res- pelos seus dirigentes.
tringe... não se exclui..., mas transborda, artigos publicados em diversos periódicos Nesses vinte anos e meio de exis-
contagia e frutifica. Encarnamos as auspi- ou saber que numa palestra ou conferên- tência da Sobrames paulista, apesar das
ciosas palavras de Ralph Waldo Emerson cia ministrada por um de nossos confrades dificuldades encontradas e do reduzido
(1803-1882), poeta, ensaísta e filósofo ou confreiras foi mencionada sua pertença contingente de associados, e, particu-
norte-americano: “A sabedoria consiste à Sobrames paulista! larmente de adimplentes, as sucessivas
em compreender que o tempo dedicado Ter orgulho da Sobrames – SP não diretorias legaram a ela e aos seus mem-
ao trabalho nunca é perdido”. é somente procurar estar adimplente, bros um destacado patamar de serviços
Temos certeza de que todos os as- mas também ajudar a diretoria a manter e realizações pouco visto em entidades
sociados da Sociedade Brasileira de Mé- suas atividades, tentando trazer anuncia- similares dentro e fora da medicina. Tudo
dicos Escritores do Estado de São Paulo dores ao nosso belo boletim mensal, O isso nos envaidece e nos orgulha, pois
(Sobrames – SP) têm um carinho muito Bandeirante. todos somos seus membros e herdeiros
especial por ela e por seus membros, pois Ter orgulho da Sobrames – SP não de suas conquistas.
a relação de troca é surpreendentemente é somente procurar participar de suas Na Sobrames – SP sempre haverá
positiva e enriquecedora. reuniões mensais nas tradicionais Pizzas espaço para ideias, sugestões, críticas,
A atual diretoria sabe dos seus limi- Literárias; nos cinco Prêmios disponíveis; mas, sobretudo para obreiros, que quei-
tes de atuação. Muitas vezes o associado nas Antologias, nas Coletâneas e nas ram se dedicar graciosamente a uma cau-
com seus conhecimentos e sua influência Jornadas que são bienais, mas também sa nobilíssima, pois as frentes de trabalho
pode fazer muito mais pela entidade do divulgá-las a outros amigos afins, para que são quase que inesgotáveis. Faltam braços
que possa imaginar, alavancando assim nossa causa seja mais conhecida, e quiçá, hirtos e generosos que se encontram, por
nossa causa. Para tal, torna-se condição enriquecida, enxertada e renovada como vezes cruzados, para puxar os arados da
sine qua non que ele(a) tenha orgulho de novos membros e novas ideias. e pela Sobrames – SP, sobremodo aqueles
pertencer a tão singular instituição, pois Todos sabemos que nas entidades e pessoais, que somente cada qual pode ou
embora não acumule vultosas somas em associações, particularmente as culturais poderá fazê-lo. Em outras palavras reche-
espécie, reúne uma seleta plêiade de e filantrópicas que possuam um número adas de alegoria, torna-se premente que
intelectuais afeitos à cultura, ao belo, ao exíguo de participantes; que não reúnam não vejamos confortavelmente de nossa
vernáculo e à arte de escrever. expressivo lastro econômico; que não te- janela ou de nosso camarote a banda
Ter orgulho de participar da en- nham grande influência, permeabilidade passar, mas que nela toquemos nosso
tidade é não ter covardia, receio ou ou visibilidade midiática, não existem instrumento, por mais simples que seja,
acanhamento de se apresentar como seu contendas e grandes disputas pelo poder, pois a música de todo o conjunto será
membro, divulgando-a. Como é bom ler pois ele, de per si, torna-se um verdadeiro mais notória e encantadora.
2. 2 O BANDEIRANTE - Maio de 2009
Correndo Contra o Tempo
EXPEDIENTE O Bandeirante teve início em 1992, precisa-
mente no mês de novembro, apenas dois meses após
Jornal O Bandeirante
ANO XVII - no 198 - Maio 2009
a nossa primeira gestão à frente da Sobrames – SP.
Ao longo de 17 anos, O Bandeirante tem cres-
Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos
Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES- cido não somente em tamanho, número de páginas,
SP. Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 conteúdo e beleza, mas também se tem tornado um
- Pinheiros - São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887
/ 3062-3604 Editor: Helio Begliomini. Jornalista invejável órgão informativo-literário da entidade.
Responsável e revisora: Ligia Terezinha Pezzuto(MTb
17.671 - SP). Colaboradores desta edição: Alcione
Sua periodicidade mensal sempre foi ponto de
Alcântara Gonçalves, José Jukovsky, Michel Herbert, Ligia honra pelas diversas diretorias que se têm sucedido
Terezinha Pezzuto, Luiz Jorge Ferreira, Helio Begliomini,
Geovah Paulo da Cruz, Lucila Camargo e Rodolpho Civile.
no comando da Sobrames – SP.
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de Motivos alheios ao desejo da diretoria vigente
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.
fizeram com que O Bandeirante ficasse oito (!!!)
Diretoria - Gestão 2009/2010 - Presidente: Helio
Begliomini. Vice-Presidente: Josyanne Rita de Arruda meses sem circular. Esse atraso tem consternado a
Franco. Primeiro-Secretário: Ligia Terezinha Pezzuto.
Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã.
todos, membros e atuais dirigentes.
Primeiro-Tesoureiro: Marcos Gimenes Salun. Segundo- Como idealizador desse informativo da Sobrames – SP – sem jamais ter
Tesoureiro: Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal
Efetivos: Flerts Nebó, Carlos Augusto Ferreira Galvão, Luiz
sido seu editor –, e como presidente da entidade em exercício, peço, com
Jorge Ferreira. Conselho Fiscal Suplentes: Geovah Paulo muita tristeza, desculpas por este percalço.
da Cruz; Rodolpho Civile; Helmut Adolf Mataré.
A diretoria tem discutido a respeito desse delicado assunto, não somente
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus em todas as suas reuniões mensais, com também já foram propositadamente
autores e não representam, necessariamente, a
opinião da Sobrames-SP convocadas e realizadas duas reuniões extraordinárias nos dias 14 e 28 de
julho do corrente ano.
Editores de O Bandeirante A fim de tentar correr contra o tempo, os membros da diretoria da So-
Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992
brames – SP têm se dividido nas múltiplas tarefas empreendidas pela regio-
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994 nal. Competiu-me a editoração dos oito números faltantes deste ano (maio a
Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000
dezembro) de nosso querido boletim.
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009 A diretoria está ciente de que, no atual momento, o maior obstáculo a
Helio Begliomini – maio de 2009 -
ser vencido será colocar O Bandeirante com sua periodicidade em dia. Essa
será a minha principal meta e obsessão e, em decorrência dela, advirão erros
Editor: Helio Begliomini
Diagramação: Mateus Marins Cardoso
e omissões involuntários, particularmente para quem não dispõe das virtudes
Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica incontestáveis de meus predecessores, dentre eles, saliento de modo afetivo o
confrade e jornalista Marcos Gimenes Salun, que deu a O Bandeirante uma
notoriedade jamais atingida.
PUBLICIDADE Conto com a colaboração e compreensão de todos(as) os(as) queridos(as)
TABELA DE PREÇOS 2009 associados(as) da Sobrames – SP.
(valor do anúncio por edição) Helio Begliomini
1 módulo horizontal R$ 30,00
2 módulos horizontais R$ 60,00
3 módulos horizontais R$ 90,00 Walter Whitton Harris
2 módulos verticais R$ 60,00 Cirurgia do Pé e Tornozelo
4 módulos R$ 120,00 Ortopedia e Traumatologia Geral
6 módulos R$ 180,00 CRM 18317
Av. República do Líbano, 344
Outros tamanhos sob consulta Rua Luverci Pereira de Souza, 1797 - Sala 3
04502-000 - São Paulo - SP Cidade Universitária - Campinas (19) 3579-3833
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ligiapezzuto@terra.com.br Cel. 9932 5098
CUPOM DE ASSINATURAS* longevità
Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00 (11) 3531-6675
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Grátis: Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante Ginecologia
receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF) Obstetrícia
*Disponível para o público em geral e para não-sócios da SOBRAMES-SP
Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal a SOBRAMES-SP para REDAÇÃO
Mastologia
“O Bandeirante” R. Bias, 234 - Tremembé - CEP 02371-020 - São Paulo - SP
Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega (11) 2215-2951
3. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Maio de 2009 3
Era contada todos os anos na celebração
da páscoa.
A Páscoa! Jesus, aos doze anos de idade, foi com
seus pais
Celebrar a páscoa no templo sagrado de
Jerusalém.
A última ceia de que Jesus participou,
Com seus discípulos em Jerusalém,
Alcione Alcântara Gonçalves Pouco antes de sua crucificação,
Médico psiquiatra em Tupã Foi uma ceia de Páscoa.
O próprio Jesus foi crucificado na
Abraão saiu de Ur dos Caldeus, Na noite do dia 14 do mês de Abibe. Páscoa,
Para levar o seu povo a Canaan, O povo Israelita foi instruído para sa- Como o cordeiro pascal ou
A Terra Prometida por Deus crificar, O cordeiro de Deus que tira o pecado
E recebeu a incumbência junto a Sara, Um cordeiro macho, sem mácula e de do mundo
Para multiplicar suas sementes, um ano de idade, E liberta do pecado e da morte todos
Povoando a Terra onde mana o Mel E com o seu sangue, pintar as ombreiras aqueles
E formando as doze Tribos de Israel! e verga da porta, Que nele creem.
Da casa de cada família, para servir de
Páscoa! É a libertação do povo Israelita, sinal de libertação. A páscoa cristã é celebrada no domingo,
Do seu cativeiro de 430 anos no Egito; Os primogênitos destas casas seriam Três dias após a morte do Rabi da Ga-
É a passagem do Anjo destruidor, poupados da mortandade. lileia,
Sobre todas as casas daquele Reino, O Messias, cujo nascimento foi profeti-
Com a finalidade libertadora e fatídica! Assim, ocorreu a Libertação do povo zado por Isaías.
Judeu, A sua Ressurreição é a passagem da
Fatídica, porque deverá, naquela meia- E a primeira páscoa dos Israelitas no morte para a vida,
noite, Egito. É a demonstração inequívoca da Imor-
Sacrificar todos os primogênitos, Naquela noite, comeram cordeiro assado talidade da Alma.
Tanto dos homens como dos animais; no fogo O Cristo Ressuscitou! E mostrou aos
Representando assim, a décima praga, Com pães ázimos e ervas amargas. discípulos e Apóstolos,
Proposta a Moises e Arão, por Deus, A partir daquele momento da história, Que A Morte não vingou, mas o Amor
Para a Libertação do povo hebreu, O povo de Deus celebra a páscoa, prosperou!
Posteriormente chamado de Judeu. Em todas as primaveras, agradecendo Derramando o seu sangue, como um
As instruções, a graça e o favor de Deus! Cordeiro no holocausto,
Libertadora, porque permitiu a saída Teve o propósito de salvar da morte e da
dos Hebreus, A história do êxodo milagroso do Egito ira de Deus contra o pecado,
Durante a Primeira Páscoa, ocorrida E a Libertação dos hebreus da escravidão Não somente os primogênitos, mas,
no Egito, do Faraó desta vez, Toda a Humanidade!
Praia de Itacimirim José Jukovsky
Médico aposentado em São Paulo
Abre-se no céu o véu da madrugada Eis que o místico alvorecer tímido, fugidio,
Rebento de luz sôfrego acaricia Rasga a cortina do adormecido tempo
A erma noite da grama orvalhada... Ainda submerso no lusco-fusco sombrio
Silente num leve roçar, novo dia surgia! Explode em luzes ao sabor do brando
vento!
Transparente névoa do vasto mar
Sopro de lição e arte que a vida tem As forças vivas da natureza benfazeja
Mágicas brancas nuvens a despertar Trazem em rajadas sucessivas aragens
Afortunadas vidas que do mar vêm! Tropical amanhecer que o mundo almeja
Luminosas e multicoloridas paisagens!
Na maré alta sonoras lufadas Irrequietos pássaros no frutífero pomar,
Trazem plangentes vagas a se espraiar Voando de galho em galho buliçosos Reluzentes luzes sobressaem-se lentamente
Caudalosas águas em profusão orgulhosas Desafiam canoros trinados a piar, No alvorecer do verdejante jardim
Adentram terras num contínuo marulhar! Compondo gorjeios harmoniosos! E o coqueiral inclina-se levemente
Em reverência à Praia de Itacimirim!
Vegetações e grupos de pedras alagadas O Sol desfilando halos cintilantes
Berçário inundado de vida marinha Aquecem agradáveis sentimentos,
Banha a pequena baixa orla esverdeada Na casa da praia aconchegante
Persistente ecossistema da exuberante ria. Vagueiam preguiçosos pensamentos.
4. 4 O BANDEIRANTE - Maio de 2009
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Ponto de Partida
Vou partindo de um ponto
Michel Herbert preenchendo este vazio (de uma folha de
Membro da Sobrames-SP e papel)
presidente da Sobrames-MA como que buscando sentido e existência
de uma nuvem na imensidão do Céu.
Vou partindo de um ponto, Vou partindo de um ponto
sem saber aonde chegar destilando água e mel,
pois não sou onisciente na aridez dos corações, desta fonte de
por isso nem posso imaginar cordel.
o que eu quero é apenas esvair-me
nesta vida lentamente, Vou chegando enfim a um ponto
revelar-me o que ainda que muitos o chamam de Final
saberei de mim eternamente. mas a Sabedoria eterna nos diz
que nesta vida de encontros e
Vou partindo de um ponto desencontros
sem saber aonde chegar Só a alma e a poesia alcançam nesta vida,
fazendo de cada ponto novos o IMORTAL.
caminhos
que outros talvez irão trilhar
vou partindo de um ponto
sem pressa de chegar
deixando marcas pelo caminho
para que outros possam pisar.
Meu Bem-Querer
Homenagem ao meu irmão, José
Carlos Pezzuto - in memoriam
Ligia Terezinha Pezzuto
Jornalista e revisora
No ocaso tristonho Todavia Jesus,
de tua prece contida, com Seu amor sacrossanto,
vejo planos e sonhos transformou nosso pranto,
na estreita corrida. na cruz, em mais vida.
Passo lento de amores, E o jardim que ora miras
na estrada florida não se faz de pena inaudita,
dos longos anos vividos mas qual jovem animas
com alegria sentida. desejo pleno que fica.
Vejo-te na infância Teus amores e sonhos,
e em nossa adolescência, projetos melhores,
juntos na juventude, bem-quereres e cantos
quando trocávamos risos. nesta vida acolhes.
Em regalo de festa, Pois, qual mãe bendita,
fazíamos todos: transforma em seu ser
união e afeto, toda possível desdita
em constante euforia. nessa única via infinita.
Mas quis a estranha criatura,
para sempre, algoz,
terrível e sorrateira,
capturar-te, feroz.
5. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Maio de 2009 5
6:45
Luiz Jorge Ferreira
Médico em Osasco - SP
Chovia de cor pálida quando mamãe morreu.
Eu pintei seus dois cães poodle com lápis de cor.
E a cigana que leu sua mão em frente ao portão.
Aprisionei dentro de uma ostra pintada com a imagem do Cristo Redentor, de costas, que nos serve de cinzeiro.
Os jornais velhos e as revistas “Veja”, deixei no quintal para que o vento vespertino as lesse.
Aqueles anciões que compram pão às dezessete horas na Padaria “Três Corações”.
Eu os exilei na segunda esquina, a das sombras tristes, pixadas no muro.
Depois espalhei a boa nova pela Internet, pela Tam, pela Trompa do Eustáquio.
Usando a melodia gaga dos atabaques repletos de calos e suor.
6:45
Os sons taquicardíacos, os engasgos, os arrotos e os puns.
Espantei pela janela.
Hoje posso andar nu pela sala.
Mesmo quando o frio enche o saco, do ventilador de teto.
De manhã posso acordar cedo e dormir de cabeça para baixo.
De tarde posso imaginar sacanagens entre a Luluzinha e o Gasparzinho.
Faço isso sem dever explicações a uma lua grávida, mal depilada.
Que usa margarina antes de dormir.
De noite sou Senhor.
E quando o silêncio briga com o barulho das batidas do meu coração, é que começo a chorar.
Então engulo e me vomito.
Seguidamente entre soluços. Ninguém me cessa.
Para disfarçar estes dois olhos vermelhos acuados no espelho.
Extraio os dentes. Arranco a barba. Esfolo as unhas.
Espremo os testículos. Arranho as retinas. Torço a língua.
Exponho as entranhas.
Mordo-as.
Estão repletas de borboletas querendo voar.
- Tudo a sangue frio!
Transcurso
Helio Begliomini Lá vem... lá vem...
Médico urologista Motivando, ansiando, acreditando
Presidente da SOBRAMES-SP – persistente
Enrugado, encurvado, alquebrado
Lá vem... lá vem... – implacável
Engatinhando, cambaleando, farejando
– inconsciente Lá vem... lá vem...
Trançando, coxeando, tropeçando
Soerguendo, afirmando, tateando – involuntário
– inconsequente
Soerguido, amparado, obnubilado
Lá vem... lá vem... – incurável
Retificado, equilibrado, conformado
– promissor Lá vem... lá vem...
Idealizando, confiando, realizando Lá... lá... lá...
– altaneiro Lá... foi... lá... foi...
6. 6 O BANDEIRANTE - Maio de 2009
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Zé
Geovah Paulo da Cruz
Médico oftalmologista em São Paulo
Ele tinha um sonho, não importa se realista ou bisonho, era sua
pauta levar a vida na flauta. Do seu ponto de vista, tanto fazia ser
comunista ou capitalista, era seu anelo gozar o ócio da bermuda e
chinelo, porém tinha um desgosto, arrepiava-se só ao pensar de ter
de comer o pão amassado com o suor de seu rosto. Amava as artes,
filme pornô, música brega, forró e dança, boa ideia e encher a pança.
Queria todas as mulheres, copos cheios e talheres, mordomias de
alferes, e às vezes se perguntava: - O que mais queres? Praticava
toda sorte de esporte, pular muros, jogar sinuca, mas o seu forte Na sua inconsciência, fruto de tão longa abstinência, tinha visto
era a corrida maluca da polícia das zonas leste e norte. Cultivava nela uma miragem, uma bela donzela, delicada como uma gazela,
uma rixa antiga que acabou numa briga com seu irmão, por causa uma linda imagem. Desconsolado pela recusa da desejada virgem,
de uma herança, um terreninho na Vila Esperança com um pequeno teve uma vertigem e caiu desmaiado, na esquina da Ipiranga com
barracão. Na fúria da raiva espúria, num tropel correu atrás de Abel, a Avenida São João. Não se sabe se de fome ou de tesão. Rodopiou
sacou uma faca, gritou “no que é meu ninguém tasca”, deu-lhe várias e foi ao chão. Passou-lhe sobre a cabeça um caminhão, foi levado
estocadas: tripas vazadas, a mais mortal cortou a aorta abdominal, o de camburão com afundamento parietal, letal, mortal, final. E
grosso vaso interno do amado inimigo fraterno. então...
Preso e condenado, de pijama listrado e o peito numerado, agora Viu uma luz que descia num facho, subiu nela de cabeça para
não tinha mais preocupação com a vida financeira, levava uma vida baixo. Não queria ir para o além, nem ficar lá também. Mas já que
maneira, tinha ocupação, casa e comida, abrigo e dormida, não lhe isso não era possível, aceitaria uma volta sofrível, uma ressurreição.
faltava o pão, quase mais nada não, tinha fotos de mulheres nuas, agora No mínimo aceitaria uma reencarnação, de qualquer jeito, bom
elas eram todas suas, com a mão esquerda segurava revista, a outra ou com defeito, mutilado ou perfeito. Toparia qualquer trato, até
segurava o falo, tanto assim se exercitava, que aos quarenta cansava a mesmo voltar lá na Índia como vaca ou rato. Não queria ficar no
vista e na palma da direita quase tinha calo, de tanto atritar o talo. pó, mas voltar a este mundo, nem que fosse um pobre Raimundo,
Cumpriu a pena de forma metódica e serena, afora alguma lá no sertão do Seridó.
inconveniência pequena, servir de fêmea para o chefe do bando Os deuses estavam entretidos no boteco do Capeta. Muitos
carcerário, mas isso foi temporário, logo chegava carne nova, proclamavam absurdos, outros incongruências e todos contavam
jovens delinquentes para esta prova, alguns até bonitinhos, que se peta. Baco, o garçom, era o único honesto, santo e bom. Três estavam
acostumavam e gostavam, e se tornavam os menininhos queridos, num canto: o Espírito Santo, Jeová e seu filho ao lado, todo furado,
cupidos invertidos, flechados pelas costas por setas eretas, tortas ou bebendo vinho adoidado tal como estivera acostumado, muito
retas, mas sempre certas, penetrando por grutas abertas, à vista de chateado pelo tanto que era vendido nas igrejas e nos mercados,
todos ou debaixo de cobertas. por malandros e por fanáticos obcecados. Satã e Tupã, Ogum e
Num dia todo especial, ganhou liberdade condicional. Changô, dançavam frenéticos, ao som do bongô. Shiva e Buda, um
Desorientado vagou por ruas e avenidas, teve saudades das liberdades misterioso e o outro seboso e preguiçoso, miseráveis os dois, com
tolhidas, já não pensava mais em ser o Midas, aqui fora as lutas eram suas cuias de arroz. Alá, no pique, louvava a invenção de seu povo,
muito renhidas, menos ganhas do que perdidas. Era uma ilha, não o alambique, e todo feliz bebia licor de álcool puro e anis, fazendo
tinha família, nem mesmo o irmão para nova briga ou partilha, salamaleque pro Alan Kardec que fingia um transe, mas era pileque.
nem mulher, filho ou filha, nem ao menos uma vasilha para pedir A pista estava cheia de deus animista. Centenas de deusas e deuses
comida, fresca ou vencida, gelada ou aquecida. Não tinha uma cama gregos, junto com deuses de alhures e algures, brancos, amarelos
amanhecida. Nenhuma pessoa conhecida. Só uma nova vida, sofrida e negros. Machos, fêmeas, andróginos. Misóginos, certos deuses
e aborrecida, alguma ideia suicida. Vida perdida, fodida. machistas não permitiam que muitas deusas e divas, mesmo as mais
Mas uma coisa ainda alimentava o desejo, cultivado anos e libidinosas, oficiais ou oficiosas, frequentassem lá. Disseram: - Pra casa
anos em longas conversas sem pejo, encontrar mulheres gostosas, já !!! Limpar as nuvens, amassar maná! Elas foram para suas casas,
daquelas bem dadivosas, dar uma, duas, três, dez bem espetaculosas. cada uma no seu céu. Tiraram o véu e despiram a aura, assistiam
A primeira que ele viu foi na zona do meretrício, uma já velhota e novela e revoltadas torciam pela escrava Isaura. Os deuses farristas se
feia, gorduras e pneus nas ancas, dilatação em cada veia, rugas e embriagavam, tomavam homéricos porres de beberagens, lançavam
pelancas, acostumada ao ofício, locadora de orifício, já nem lhe era anátemas terroristas e cantavam dogmas selvagens. Para eles, a libação
sacrifício. Encostou-se na dama, delirou com uma cama, desceu-lhe era um delicioso coquetel: sangue, lágrimas, esperma, água benta do
uma chama, seu bastão se inflama, e a ama, ama e ama. Viu nela uma Jordão ou sagrada do Ganges, cachaça, vinho e mel. Pra temperar
vestal, uma deusa bacanal, uma nobreza social, uma fêmea animal. uma gota de fel. Comiam farofa e churrasquinhos de carne de porco,
Já não pensava normal, estava tomado pelo emocional. Propôs-lhe de vaca e de gente, de uma tenra virgem ou uma criancinha inocente,
um amor incondicional, total, até mesmo cartorial e legal. assados na grelha quente de seu comparsa Satanás. “Ah, como este
Mas ela, velha raposa, nem pensava em ser esposa. Todos os holocausto me apraz”, dizia um deus antigo, mas eloquente, de corpo
dias tinha vários maridos, uns limpos e fedidos, uns sarados e outros humano e cabeça de serpente. Naquele bacanal divino, cada deus
desmilinguidos, uns abonados e outros falidos, todos jamais amados mais ladino apregoava ser dono da verdade. Estavam todos à vontade:
e nunca queridos. Se ela estava entre as perdidas, ele estava entre os deuses, semi-deuses, divindades e demônios, martirizando a carne
perdidos. Quis amá-la primeiro, tê-la de alma e corpo inteiro e fazer e sorvendo a alma dos incautos urbanos e campônios, inventando
amor sem dinheiro. Perdeu a aposta. Em resposta dita na hora, cara boas, fazendo-se autoelogios e loas, contando piadas indecentes sobre
do freguês, em bom português, pouco erudito, muito menos escrito, o estupro, o aborto, a pedofilia, a concupiscência e a tara. Quase
mas muito dito, a gentil senhora, ruborizada e feminil, falou-lhe de nenhum deles notara que ele chegara... e quem notou logo disfarçou
modo delicado e sutil: - Cai fora, vai embora, seu safado!!! Se quer e maroto se fez de morto.
foda de graça, vai ali na praça e pega um viado! Pois é. E pra onde você vai, ô Zé?
7. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Maio de 2009 7
Berlinetas
Lucila Camargo
Médica
A polícia alemã merece um ca- É, eles são muito atenciosos
pítulo à parte. aqui. Sei que ele pegou uma cane-
Estava andando às margens do ta, abriu sua caderneta de anotar
Spree após ter visitado o monu- ocorrências e escreveu em letras
mental Treptower Park, quando garrafais “FUCK PARADE”.
avistei uma movimentação em uma Outro dia, por um amigo poli-
rua na outra margem do rio. É cla- cial, soube que houve uma manifes-
ro que eu precisava checar do que tação dos nazistas. Ele me disse que
se tratava, afinal Berlim é repleta havia mais policiais para defender
de demonstrações e festas. Foi os manifestantes que integrantes
desta maneira, sem saber, que eu do próprio movimento. Berlim é
já tinha ido parar na festa de São mesmo muito democrática.
Cristóvão (festa gay), movimento Esse amigo policial é guia
dos padeiros, comemoração da ter-
ceira idade, etc. Curiosa, atravessei
de uma cadela pastora alemã
chamada Buggie. Ela também é
REVISÃO
de textos em geral
a ponte. Acredito que no total eram policial cadastrada (com registro
umas 50 pessoas, todas vestidas on line de toda a sua ascendência, Ligia Pezzuto
Especialista em Língua Portuguesa
de preto, alguns punks, muitas aptidões e diplomas) e cheira à
(11) 3864-4494 ou 8546-1725
garrafas de cerveja, num cortejo procura de explosivos. Por conta
com cerca de 3 carros com grandes desse amigo já conheci uma meia
caixas de som, tocando um metal dúzia de policiais e seus cães
extremamente alto. Todos seguiam farejadores de mortos, CDs pi- ROBERTO CAETANO MIRAGLIA
ADVOGADO - OAB-SP 51.532
balançando a cabeça. Nossa! O que ratas, dinheiro, drogas. Descobri
será isso? Deve ser a parada dos também que esses treinados po- ADVOCACIA – ADMINISTRAÇÃO DE BENS
metaleiros, ponderei. Interessante. liciais portadores tantas vezes de NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS – LOCAÇÃO
COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS
Como toda manifestação pública tatuagens curiosas e piercings em ASSESSORIA E CONSULTORIA JURÍDICA
por aqui, havia muitos policiais na lugares inimagináveis para uma TELEFONES: (11) 3277-1192 – 3207-9224
região. Resolvi perguntar para um autoridade pública (não que eu
deles de que movimento se tratava. tenha algo contra ou que isso in-
Ele respondeu e eu não entendi terfira na eficiência profissional) Terminou de
direito. se comunicam em serviço através
– Como? Perguntei de novo. de um codinome. Cada grupo de
escrever seu
Ele balbuciou novamente qual- policial recebe uma denominação livro? Então
quer coisa que eu não decifrei. comum, seguida de um número publique!
– Ah! Não sei o que isso sig- próprio. Puxa! Olhei para meu
nifica... procurarei no dicionário amigo de 1,96m de altura e curio- Nesta hora importante, não deixe de
– respondi. Obrigada. sa perguntei: consultar a RUMO EDITORIAL.
– É como em inglês – ajuntou – Qual é o seu? Publicações com qualidade impecável,
dedicação, cuidado artesanal e preço
ele. – Bambi XX. justo. Você não tem mais desculpas
Acho que minha cara foi de Pois é, gente, a capital da para deixar seu talento na gaveta.
total interrogação pois eu ainda Bundesrepublik aqui é protegida rumoeditorial@uol.com.br
não tinha captado o que ele queria por vários “bambis”. Quem poderia (11) 9182-4815
me dizer. imaginar...
8. 8 O BANDEIRANTE - Maio de 2009
SUPLEMENTO LITERÁRIO
O Velho e o Cego
Rodolpho Civile
Médico aposentado em São José dos Campos
Estava eu no ônibus em São José – O senhor é um homem robusto, – Eu amo e sou amado!
dos Campos, quando numa parada disposto. Qual é a sua idade? – Beleza! Eu gosto de ouvir isso!
obrigatória subiu um cego. Cumpri- – Quarenta e seis anos. – Eu estou amigado com uma mu-
mentou o motorista e dirigiu-se ao – Não aparenta trinta. Qual é o lher bem mais jovem do que eu.
primeiro banco, empunhando na segredo? – Quantos anos ela tem?
mão direita a bengala e na esquerda – Alimentação saudável, sono – Sessenta e cinco anos.
uma maleta tipo colegial. tranquilo, exercícios logo de manhã, – De fato é jovem demais para o
Na lateral um aviso: ando bastante, bom humor, não es- senhor! – irônico.
“Reservado às mulheres gestan- quento com nada. A cegueira não me – Foi amor à primeira vista.
tes, velhos e deficiente físicos”. Sem atrapalha em nada. – Faço ideia! Os dois enxergam
mais sentou-se ao lado de um senhor – Extraordinário! Posso saber outra bem?
magro, de cabelos brancos, que gen- coisa? – Ela é muito atenciosa, carinhosa,
tilmente procurou ajudá-lo. – À vontade! Isto está me chei- fogosa...
– Obrigado, amigo, obrigado. rando à Inquisição ou à CPI dos – Fogosa... Cuidado meu amigo.
Bom dia! deputados... Cuidado! Não vai engravidar a me-
– Bom dia! O senhor está passe- – Não quero ser indiscreto. É pura nina!
ando? curiosidade...O senhor é comunista? – O senhor não leva nada a sério!
– Passeando? Eu vou é trabalhar! – Sou corinthiano! – O bom humor prolonga a vida.
O senhor pensa que cego não traba- – Ah, o senhor é brincalhão! Brincando a gente é mais feliz!
lha? Ser pedinte é uma profissão igual – Meu amigo, não se esqueça que – Ela quer viver comigo, mas de
a qualquer outra. Dá o seu serviço e o homem é o único animal que ri. papel passado. Quer casar. Os meus
recebe em troca o correspondente em Quando o Corinthians perde é aquela filhos não concordam, porque acham
dinheiro, nem sempre proporcional tristeza, mas, quando ganha, é aquela que ela está de olho no meu dinheiro.
ao seu esforço. Às vezes, a quantia alegria. Já os políticos só dão tristezas. Eu sou viúvo há 15 anos e tenho o
é tão irrisória que nem vale a pena, Comunismo, socialismo, capitalismo é direito de ser feliz...
mas isto são os ossos do ofício. Entre- tudo a mesma coisa. O homem con- – O senhor é rico?
tanto, não posso me queixar. Tenho tinua sempre o mesmo. O rico não se – Eu estou bem financeiramente!
montada uma boa casa e no Banco importa com o pobre. O forte domina – E ela é também rica?
uma poupança para o futuro. o fraco. O inteligente despreza o ig- – Não ! Ela é pobre, mas, o que
– O senhor tem filhos? norante. Resumindo: o que pode mais vale mesmo é o amor!
– Seis! Dois na faculdade. Um chora menos. – Quer dizer que ela gostou muito
cursando Direito e o outro Odon- – O senhor é católico? do senhor...
tologia. – Sou por tradição. Atualmente – É verdade! Ela sempre diz que eu
– Puxa! Seis filhos... O senhor é não frequento mais a Igreja desde sou muito bonito e inteligente.
valente! que o padre da minha paróquia in- – E, naturalmente rico!
– Mas, do que o senhor se admira? siste em dizer que nós nascemos com – O senhor vai dar licença. Vou
Não chega eu ser cego e ainda o se- o pecado original. Para mim é uma descer no próximo ponto. Muito
nhor queria que eu fosse impotente? “embromação”. prazer. O meu nome é Antonio.
– O senhor me desculpe, não falei – O padre repete as ordens de seus – E o meu, Severino. Um bom
com esse sentido... É que hoje com superiores... dia!
a vida tão difícil não é brincadeira – Então, ele é um simples capa- O velho desceu e o cego resmun-
sustentar uma família numerosa. cho? Para que serve a cabeça? Só para gou:
– Nisso eu concordo com o senhor. pentear os cabelos? Bem, terminado o – Ela é bem mais jovem do que
Trabalho muito, mas sem exagero. meu inquérito vamos ao seu: ele...Só tem 65 anos. Quer papel
Sou bem organizado. Às 17 horas, – Quantos anos o senhor tem? passado... Casar... É fogosa... Ele: 72
encerro o meu expediente e retorno – Setenta e dois anos! anos. Bonito , inteligente...Por acaso
à minha casa, ao convívio familiar. – Bem usado ! é rico.
Não trabalho sábado, domingo e – Mas eu me considero jovem! Ah!ah! – gargalhou-
feriados, pois ninguém é de ferro e – Maravilha! O que o senhor faz – Severino! Severino! Não é só
nem burro de carga. para conseguir essa transformação? você que é cego...