O documento descreve a história da vida na Terra desde a Era Pré-Câmbrica até à atualidade, destacando os principais períodos geológicos e eventos de extinção em massa. Apresenta as cinco principais extinções reconhecidas, suas possíveis causas e impactos, com foco na extinção no limite Pérmico-Triássico e no limite Cretácico-Paleogénico. Por fim, discute se estamos vivendo atualmente a sexta extinção em massa e a importância da conservação da
2. Conceito de
Extinção
• De forma muito simplificada
podemos definir extinção como o
desaparecimento do último
representante de um taxon. Para
um paleontólogo corresponde à
mais recente ocorrência de um
determinado fóssil.
• Extinções de fundo e as extinções
de massa. Adaptado de University of California Museum of Paleontology (2005)
Tornaram-se um dos critérios utilizados para definir o quadro geocronológico.
4. Os Primórdios da Vida –
A Era Pré-Câmbrica
A Terra formou-se há cerca de 4600
milhões de anos data que marca o início
da Era Pré-Câmbrica. Cerca de 300
milhões de anos mais tarde formou-se o
oceano e só depois os continentes. A vida
terá surgido há cerca de 3800 milhões de
anos.
In Gore, P. (1999) In Darling, D.
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
5. Explosão Câmbrica
Há cerca de 570 milhões de anos o planeta possuía
características atmosféricas semelhantes às actuais.
As placas continentais formavam uma massa
continental – Gonduana. No final do período
Câmbrico ocorre a primeira extinção em massa.
In Purves et al (2002)
Autor: Miller, D. W. In página web do Smithsonian
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
6. Ordovícico
Caracteriza-se por uma irradiação de organismos
marinhos, especialmente os filtradores
(braquiópodes e moluscos).
As licopodiáceas e as cavalinhas colonizaram
ambientes terrestres húmidos.
No final, extinção de 75% das espécies marinhas.
Fóssil de cavalinha
In Palmer, D. (2000)
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
7. Silúrico
A vida marinha aparenta uma recuperação, mas não surgiu nenhum novo grupo de
animais marinhos.
Nos continentes surgem os primeiros animais terrestres – artrópodes.
Verificou-se um aumento das zonas de recife, o que juntamente com a presença de
evaporitos, é um forte indicador de que o clima deste período deve ter sido quente.
Zosterophyllum e equivalente actual
In página web UCDavis, (2004)
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
8. Devónico
Forte irradiação de corais e cefalópodes de concha. No final deste período todos os grupos de
peixes estavam representados. Surgem as primeiras gimnospérmicas. Os primeiros fósseis de
aranhas e outros insectos, assim como de anfíbios semelhantes a peixes, datam desta altura. O
clima era quente e árido. Deslocação do Gonduana para norte.
Novamente uma extinção de cerca de 75% das espécies marinhas marcou o final do período.
Peixe dipnóico, género Dipterus.
In Purves et al, (2002)
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
9. Carbónico
Formação de grandes florestas pantanosas que deram
origem às bacias sedimentares ricas em carvão existentes
na Europa central.
As mudanças climáticas do fim deste período aumentaram
a humidade e conduziram a um arrefecimento dos mares.
Ocorre a grande glaciação gonduaniana.
Os insectos desenvolveram asas, os anfíbios evoluíram
tendo um dos ramos originado os répteis.
In Palmer, D. (2000)
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
10. Pérmico
Grande desenvolvimento ao nível dos insectos. Surgem três grandes grupos de répteis,
que constituem a base evolutiva dos dinossáurios, os répteis actuais, as aves e os
mamíferos.
As erupções vulcânicas
são intensas e as cinzas
daí resultantes taparam
a luz solar arrefecendo
o clima, dando origem
ao maior período
glacial da história da
Terra.
Termina a Era
Paleozóica.
In Purves et al, (2002)
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
11. Triásico
A Pangeia divide-se em vários continentes e o nível médio das águas do mar sobe. A
vida diversifica-se surgindo novas linhagens, nomeadamente de plantas com semente
(predomínio das coníferas), anfíbios (tartarugas e rãs), répteis e mamíferos. O fim do
período foi marcado por uma extinção em massa que eliminou 65% das espécies
vivas.
In Palmer, D. (2000)
Dois fósseis de dinossáurio do género Coelophysis.
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
12. Jurássico
Ocorre uma grande diversificação evolutiva. O clima é quente e húmido o que
propicia um grande desenvolvimento de foraminíferos, esponjas e algas. Os peixes
ósseos dominam os oceanos e surgem as primeiras salamandras e lagartos.
Domínio dos répteis terrestres, destacando-se os dinossáurios .
Aparecimento das primeiras aves a partir de répteis voadores e vários grupos de
mamíferos aparecem também pela primeira vez.
Fóssil de dinossáurio
herbívoro -
estegossauro.
In Palmer, D. (2000)
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
13. Cretácico
O nível médio das águas do mar subiu e a Terra ficou com um clima mais quente e
húmido. Os invertebrados marinhos aumentaram de número e em diversidade de
espécies. Os dinossáurios continuaram a dominar os ecossistemas terrestres.
Surgem as angiospérmicas.
Amonite
Fóssil de
angiospérmica - Os dinossáurios, entre muitos outros seres
Archaefructus.
vivos, extinguem-se no final deste período .
In Palmer, D. (2000)
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
14. Cenozóico
Com uma duração de 65 milhões de anos, esta é a mais curta das eras geológicas.
Subdivide-se nos períodos Terciário e Quaternário.
A posição dos continentes é semelhante à actual.
Grande irradiação dos mamíferos e um domínio das angiospérmicas.
Pegada de
hominídeo bípede
Laetoli, Tanzânia,
cerca de 3,6 m.a.
In Palmer, D. (2000)
O ser humano assume um papel preponderante em todos os ecossistemas, muitas vezes
com impacto negativo.
Pré - Câmbrico Câmbrico Ordovicico Silurico Devónico Carbónico Pérmico Triásico Jurássico Cretácico Terciário Quaternário
15. As Grandes Extinções
Em termos clássicos são reconhecidas cinco principais extinções em massa:
• Na Era Paleozóica, na passagem do Ordovícico para o Silúrico;
• Na Era Paleozóica na passagem do Devónico para o Carbónico;
• Na passagem da Era Paleozóica para a Era Mesozóica, conhecida
como a extinção P-T (Pérmico-Triásico);
• Na Era Mesozóica na passagem do Triásico para o Jurássico;
• Na passagem da Era Mesozóica para a Cenozóica, conhecida como
extinção K-T (Cretácico-Terciário).
16. As Grandes Extinções e
Biodiversidade
• As extinções em massa têm um papel ambivalente. Por um lado são destruidoras,
mas revelam também uma face inesperada: capacidade de criação. Através das
extinções em massa, as alterações ecológicas influenciam as dinâmicas que
permitem a evolução das espécies e até um aumento da biodiversidade.
Wikipedia (2006)
17. As Causas
• Alterações no nível das águas do mar;
• Actividade vulcânica intensa;
• Impacto de corpos extraterrestres. adaptado de Palmer, D. (2000)
18. Extinção P-T
– A mãe de todas as extinções
Ter-se-ão extinguido 57% de todas as famílias de seres vivos, 95% de
todas as espécies marinhas. A fauna paleozóica foi muito atingida,
perdendo-se essencialmente carnívoros e animais recifais.
A extinção P-T coincide com o evento de maior actividade vulcânica
da história da Terra, provavelmente associada a alterações ocorridas
na interface manto-núcleo.
As erupções originaram extensas planícies basálticas, como é o caso
da que pode ser encontrada na Sibéria.
Encontrou-se uma grande abundância de fósseis de fungos em
sedimentos terrestres no limite P-T, o que parece indicar elevada
actividade de decomposição de matéria orgânica.
Em 2003, surgiram evidências que parecem ser conclusivas, sobre a
ocorrência de um impacto de um meteorito.
19. Extinção K-T
A extinção K-T foi global, afectando todos os continentes e oceanos.
Várias teorias duvidosas surgiram.
No entanto, as hipóteses mais aceites são:
- o impacto de um asteróide
- Alvarez et al (1980) existência de grandes quantidade de um metal raro -
o irídio- no limite K-T
- Descoberta da cratera de Chicxulub, na península do Iucatão, no México
- intensa actividade vulcânica
- a pluma poderá ter atingido a superfície na mesma altura, nomeadamente
a existência das vastas planícies basálticas do Decão, na Índia.
Cratera de Chicxulub In Palmer, D (2000) In Cowen, R (2005) In Purves et al (2002)
20. A 6ª Extinção
Encontramo-nos a viver uma extinção em massa?
Duas fases:
a) fase um – iniciou-se quando os primeiros hominídeos se dispersaram pelo mundo há cerca
de 100 mil anos atrás.
b) fase dois – teve início há 10 mil anos com a introdução das práticas agrícolas.
In Palmer, D. (2000)
21. A 6ª Extinção
Encontramo-nos a viver uma extinção em massa?
A explosão demográfica pós-industrialização em conjunto com a desigual distribuição e
consumo de bens no planeta, é a grande causa da Sexta Extinção.
Principais factores:
- esflorestação
D
- rosão dos solos
E
- oluição
P
- so de combustíveis fósseis
U
- obreexploração de recursos naturais
S
- ntrodução de espécies exóticas…
I
In WWF, 2005
22. Conservação
Por um lado, a extinção é o destino normal de todas as espécies.
Após cada extinção em massa, ocorre uma eventual recuperação dos efeitos no sentido de a
vida reconstituir ou até mesmo ultrapassar a sua diversidade inicial após uma grande
mortandade.
A extinção em massa dispersa faunas estáveis e, pode mesmo acolher inovações evolutivas.
Mas por outro lado, Gould (1993) questiona: “Que importância concebível tem para nós a
perspectiva de recuperação de uma extinção em massa milhões de anos depois, se toda a
nossa espécie, para não falar da nossa linhagem, não espera viver tanto tempo?” (200 mil
anos).
23. Conservação
“Se todos tratássemos os outros como gostamos de ser
tratados, então, a decência e a estabilidade acabariam
por prevalecer. Sugiro que efectuemos um tal pacto com
o nosso planeta. Ele detém todas as cartas e um imenso
poder sobre nós – por isso, semelhante acordo, de que
necessitamos desesperadamente, mas não ao nível da
sua própria escala de tempo, seria para nós uma bênção
e para ele uma indulgência. Seria melhor assinarmos os
documentos enquanto ele está disposto a negociar”.
(Gould, 1993)
in Solarviews. (2005)
24. Discussão em aberto
1) Alguns autores referem a existência de ciclos de extinção com uma duração de 26 a 30
milhões de anos (Sepkoski e Raup, 1986) e 62 a 63 milhões de anos (Rhoder e Muller).
Se estiverem correctos apontam uma nova extinção em massa para os próximos 10
milhões de anos.
2) As extinções em massa representam uma taxa muito elevada de selecção natural, em que
os seres vivos menos bem adaptados são extintos ou serão o resultado de alterações
catastróficas que eliminam, ao acaso, independentemente do seu grau de adaptação
(Brenchley, 2002).
Survival of the fittest vs. Survival of the luckiest
25. Bibliografia
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Cowen, R. (2005). History of Life. Blackwell Publishing. 4ª ed. United Kingdom.
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Palmer, D. (2000). Atlas do Mundo Pré-Histórico. Círculo de Leitores.
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