Este documento resume a evolução da fotografia de moda e do estilo de vida nos anos 1940-1967, destacando fotógrafos influentes como David Bailey, Diane Arbus e Lee Friedlander. Importantes marcos incluem o lançamento da primeira revista masculina britânica "Man About Town" em 1952 e a exposição "Novos Documentos" no MoMA em 1967, que apresentou os trabalhos desses três fotógrafos.
Fotografia de moda no pós-guerra: da era Dior à era espacial
1. FOTOGRAFIA DE MODA NO PÓS
GUERRA
BÁRBARA KRÜGER, CRISTINA PANICHI, GABRIELA CABREIRA, JHONAS
SOUZA, NAIR FERRARI E VANESSA JEANES
ILU2N – 2017/2 – FERNANDO PIRES
2. 1947
O estilista Christian Dior inaugura sua casa
de moda em 12 de fevereiro. Já em 1949,
os modelos de Dior correspondem a 5% da
receita de exportação da França.
•Christian Dior era filho de um
comerciante de fertilizantes que ainda
jovem começou a frequentar atelier de
pinturas e desenho quando foi
enviado a Paris para seguir a carreira
de relações internacionais como seu
pai desejava. Mas foi o seu talento
para desenhar roupas que garantiu
que sua carreira internacional
iniciasse.
• Após conhecer um empresário do ramo têxtil que colaborou com o investimento,
em 1947 Dior inaugurou a Mansão Dior, que era exatamente o que o mundo da
moda precisava no pós guerra. As peças além de trazer luxo e elegância
também eram extravagantes e exageradas, trazendo vestidos que
tradicionalmente usavam apenas cinco metros de tecido, agora utilizando até
quarenta metros.
6. 1948
•Hasselbland é uma empresa
fabricante de câmeras e material
fotográfico. Com sede em
Gotemburgo, na Suécia, fundada
por Victor Hasselblad em 1941.
•Erwin Blumenfeld foi o primeiro a
usar as câmeras fotográficas
Hasselbland em fotografia de moda.
•Trabalhava para a Harper’s Bazaar
e tinha parceria com a Vogue norte
americana.
•Foi um dos fotógrafos mais bem
pagos da história da moda.
7. 1952
•Man About Town , depois About Town e, finalmente, Town , era uma
importante revista masculina britânica dos anos 50 e 60. A Gazeta de
Imprensa o chamou de "progenitor de todas as revistas de estilo masculino
de hoje". Lançado em 1952 pelo jornalista John Taylor como spin-off do The
Tailor & Cutter, um jornal comercial, Man About Town, geralmente é descrito
como a primeira revista para homens publicada no Reino Unido, embora se
preocupasse principalmente com a moda, ao contrário das revistas
masculinas começando a aparecer nos EUA. Em 1960, foi assumido por
Clive Labovitch e Michael Heseltine (mais tarde um deputado) e publicado
inicialmente por uma subsidiária da Cornmarket Press, Fame Magazine Ltd..
A revista foi brilhante, bem desenhada e aproveitada na crescente cena dos
anos sessenta com fotografia de Terence Donovan e David Bailey.
•Passou por uma série de diferentes estilos característicos da época, e
continuou apresentando uma variedade de tópicos, mas no final de 1967
tornou-se muito mais sexualizado, de modo que a revista começou a se
parecer mais com as revistas pornográficas de que uma vez procurou se
8. Homem sobre a cidade
Homem Sobre Cidade – Verão - 1956
A capa inocente de Man About Town,
no verão de 1956, com a
personificação da mochila de carneiro
da revista.
Categorias: Estilo de vida dos
homens
Freqüência: Trimestral e
mensalmente
Ano fundado: 1952
Problema final: 1968
Empresa: Cornmarket
País: Reino Unido
Língua: Inglês
9. 1957
•Após a II Guerra Mundial, a
União Soviética lançou o
primeiro satélite, Sputnik I, à
órbita da Terra, iniciando uma
corrida espacial com os EUA,
que se seguiu ao longo dos
próximos anos. A missão do
satélite para a época era
transmitir pulsos por rádio e
acabou provocando a corrida
espacial como parte da
Guerra Fria.
Jornal Correio da Manhã, 1957
• Com a “era espacial”, as viagens espaciais povoaram o imaginário das
pessoas. A viagem espacial significava a libertação das leis da gravidade que
condenavam o homem a permanecer “preso” à Terra. Assim, o Sputnik
provocou uma onda de novidades na arquitetura, no design e na moda do
anos 60.
10. • No universo da moda, materiais que trazem em si uma sustentabilidade,
dando a impressão que não obedecem à gravidade, são eles metalizados,
vestidos tubo estruturados, tecidos encorpados, emborrachados, metais,
ilhoses, zíperes etc. elementos identificados como futurísticos, como
exemplo, os primeiros modelos da Pucci inspirados na aerodinâmica e
trajes esportivos. Dessa forma, a moda tornou-se definitivamente um
veículo de expressão dos pensamentos das pessoas.
Paco Rabanne
Coleção Cosmos, de Pierre Cardin
13. 1958
•Alexey Brodovich, diretor de arte influente, abandona a Revista Bazaar, após
trazer vários fotógrafos de ponta para a equipe e revigorar a publicação.
•Nascido na Rússia em 1898, Brodovich ingressou na Academia Militar de seu
país, apesar do seu desejo de estudar na Academia de Belas Artes da Rússia.
•Lutou na I Guerra Mundial e, após, foi morar em Paris, onde começou a ter
reconhecimento pelo seu trabalho gráfico.
•Teve fundamental importância na trajetória do moderno design europeu. Em
1934, foi convidado por Carmel Snow, editor da Harper’s Bazaar, a ser o diretor
de arte da revista.
•Com a contratação de Brodovich, a revista ganhou grande destaque no design
editorial, tendo mais êxito do que a Revista Vogue, sua principal concorrente,
através de seu trabalho na concepção de um design inovador.
14. • Ele não apresentava as roupas como meras
peças de fábrica, sem vida. Apresentava-as
como signos das pessoas. Brodovitch
trouxe para a concepção gráfica das
revistas a visualização de espaços como na
pintura de telas.
• No seu trabalho, ele determinava regras de
composição apoiadas em três elementos:
fotografia, texto e áreas vazias. Esses
elementos interagiam entre si apresentando
um intenso diálogo entre texto, imagem e
espaços.
• Tinha como marca registrada espaços em
branco. As modelos, assim como os textos,
flutuavam sobre a página.
• Fundos lisos, fotografias grandes e tipografia eram postos de forma que traziam
profundidade à página. As publicações da revista se tornaram, através dele, vivas
e imprevisíveis, fazendo com que a revista ganhasse o interesse de pessoas que
não possuíam interesse algum em moda.
15. Design de Alexey Brodovich, Revista Harper’s Bazaar
• Alexey revelou através da revista fotógrafos como Richard Avedon, Irving Penn,
Martin Muncaksi, Hoyningem-Huene, Lisette Model e Robert Frank. Além disso,
ainda trouxe outros artistas, entre designers e fotógrafos europeus. Porém, seu
grande parceiro foi Richard Avedon. Juntos, eles criaram uma das fases mais
interessantes da revista, trazendo à Bazaar expressividade fotográfica,
essência, e a ilusão da elegância traduzida em signos.
17. 1960
David Bailey ganha fama em Londres quando sua fotografia da modelo Paulene
Stone ajoelhando-separa falar com um esquilo é publicada no Daily Express.
18. • Em 1959, ele tornou-se
assistente de John French,
um conhecido fotógrafo
londrino, e passou a fazer
trabalhos próprios, ganhando
dinheiro também como free-
lancer.
• Em 1960, com apenas 22
anos, foi contratado pela
revista Vogue britânica para
fazer as fotos dos editoriais
de moda da publicação, o
que veio a transformá-lo em
uma celebridade
internacional.
• David Bailey é um dos ícones culturais da Swinging London. Os anos 60 na
cidade de Londres, marcaram sua carreira com trabalhos para algumas das
maiores revistas do mundo, inovando no estilo das fotografias de moda e nos
retratos de celebridades.
19. • Junto com Terence Donovan e
Brian Duffy, Bailey criou e
capturou as imagens que
ajudaram a criar o espírito
da Swinging London dos anos
60. Os três fotógrafos passaram
a conviver com atores, músicos
e com a nobreza britânica,
vendo-se eles próprios serem
elevados à categoria de
celebridades pela imprensa,
junto com as que fotografavam.
• Fotografou músicos como Mick
Jagger, The Rolling Stones, a
supermodelo Jean Shrimpton e
Catherine Deneuve, e outras
personalidades.
• Com um trabalho consistente, influente e reconhecido através das décadas,
Bailey foi condecorado como Membro do Império Britânico em 2001 pela
Rainha Elizabeth II.
20.
21. 1961
•Marvin Israel nasceu em 1924,
Siracusa, Nova York
•Foi um artista americano,
fotógrafo, pintor, professor e
diretor de arte da cidade de Nova
York. Deu inicio na fotografia em
1953, e começou a estudar
design com Alexey Brodovith. Em
1955 obteve seu mestrado em
Belas Artes em design gráfico.
• Em 1961 à 1963 foi diretor de arte da Harper’s Bazaar, uma revista americana
de moda feminina, onde empregou fotógrafos como Diane Arbus e Lee
Friedlander. Em seu breve mandato como diretor ele ajudou a atrair o interesse
pela boa fotografia pela publicação, no improvável contexto de uma revista de
moda, nas fotografias de metrô de Walker Evans, por exemplo, e na fotografia
arquitetônica e projetos poucos frequentes de Diane Arbus e Lee Friedelender.
22. 1962
•O suplemento colorido do jornal The Sunday Times é lançado no Reino Unido.
Antony Armstrong-Jones (1930) se torna seu consultor fotográfico.
•Em 4 de fevereiro de 1962 o Jornal The Sunday Times, lançou o primeiro
suplemento colorido, na Grã-Bretanha, Reino Unido, o que foi bem aceito no
mercado e economicamente promissor para os jornais.Suplemento colorido, são
tiras de jornal colorida e semanais, publicada sempre aos domingos, não podia
ser chamada de revista pois era proibido por lei publicar revista aos domingos.
Este lançamento foi uma revolução para época abrindo espaço para outros
jornais lançarem estes encartes , além de incentivar o fotojornalismo.
•No começo dos anos 60 Antony Armstrong-Jones se torna o editor de imagens
do The Sunday Times, ele já era conhecido por tirar fotos da realeza antes de
entrar para o jornal, Antony fez o retrato Oficial da rainha Elizabeth II e de seu
marido. Foi casado por anos com a princesa Margaret, irmã da Rainha Elizabeth
II, mas foi em 1970 que ele passou a ser um dos mais respeitados e
proeminentes fotógrafos do Reino Unido.
23. 1966
A esguia modelo Twiggy se torna um
fenômeno global, personificando os
jargões do mundo da moda “Youthquake”
e “Young Idea”.
•Lesley Lawson é uma modelo, atriz e
cantora britânica considerada uma das
primeiras supermodelos do mundo. Sua
aparência quase andrógena, magérrima,
pequena, com grandes olhos sempre
marcados com diversas camadas de rímel
e cabelos loiros curtos a tornaram um
ícone da moda nos anos 60.
• Os termos “Youthquake” e “Young Idea” se referem a juventude representada
na moda através da cultura pop e música, criando coleções com roupas
curtas e coloridas, e acessórios extravagantes, dando um ar jovial e inocente
as modelos, fazendo-as parecer vários anos mais novas.
27. 1967
A mostra “Novos Documentos” no Museum of Modern Arte de Nova York
exibe os trabalhos de Arbus, Friedlander e Garry Winogrand.
•A fotógrafa americana Diane Nemerov Arbus (1923 – 1971) começou a tirar
fotos para publicidade e moda nos anos 40. Seu marido, Allan Arbus, também
era um fotógrafo. Juntos, eles tiveram duas filhas e uma boa trajetória dentro
da fotografia de moda, trabalhando para a Russek’s Fur Store e para revistas
como Vogue e Glamour. Apesar de Diane trabalhar na parte de direção de
arte e stylist, e não necessariamente com a câmera, o casal dividia os créditos
das fotografias. Eles também criaram uma bela coleção e seus trabalhos
apareceram em diversas revistas.
•Arbus mudou o rumo de seu trabalho para o mundo da fotografia
independente no final dos anos 50. Esse novo estilo de fotografar teve um
reconhecimento imediato. Em 1967, juntamente com Lee Friedlander e Gary
Winogrand, seu trabalho foi exposto no MoMA, e, em 1970, ela fez um
portfolio que continha 10 fotografias. Nesse momento, ela havia alcançado
reputação internacional e era uma das pioneiras do new documentary style.
28.
29. • Lee Friedlander nasceu em Aberdeen, no
estado de Washington, EUA. No início
dos anos 1960, Friedlander tornou-se
famoso com suas fotografias urbanas,
onde se destaca a complexidade e o
cotidiano da American life. Através de
suas fotografias, Friedlander criou um
detalhado panorama da vida norte-
americana contemporânea. Suas
imagens são comunicativas, carregadas
de sendo de humor e peculiar habilidade
de unir diversas camadas de significados
em situações imagéticas.
• Na tentativa de comunicar sua visão do
que ele chama de “a paisagem social
americana”, o fotógrafo leva numa
jornada entre imagens urbanas, reflexos
de vitrines, enquadres através de cercas,
além dos pôsteres e símbolos
combinados afim de capturar o aspecto
da vida moderna. Seu trabalho também
inclui temas como retratos de músicos,
autorretratos, paisagens, nus e estudos
sobre trabalhadores que descrevem a
diversidade do urbano e o
contemporâneo dos Estados Unidos.
30. • Garry Winogrand (1928-1984)
nasceu em Nova York, onde viveu e
trabalhou durante a maior parte de
sua vida. Winogrand fotografou a
cacofonia visual das ruas da cidade,
pessoas, rodeios, aeroportos e
animais nos jardins zoológicos.Esses
assuntos estão entre seus trabalhos
mais exaltados e influentes. A
Winogrand recebeu vários subsídios,
incluindo várias Bolsas de
Guggenheim e uma Bolsa Nacional
de Doações para Artes.
• Seu trabalho tem sido objeto de
muitas exposições de museus e
galerias e foi incluído na exposição
de 1967 "Novos Documentos", com
curadoria de John Szarkowski no
Museu de Arte Moderna de Nova
York.
31. 1974
Beverly Johnson, nascida em 13 de outubro
de 1952 em Nova Iorque, marcou época por
ser a primeira negra a aparecer na capa
da “Vogue” América. Em 1974, mostrava a
cara e a cor aos seus 21 anos em uma
edição chamada “American-look issue” em
uma fotografia de Francesco Scavullo.
Começou a carreira fotografando para a
“Glamour”, incentivada por amigos, que
viram na profissão de modelo uma
forma da nova-iorquina pagar seus
estudos.Mas Eileen Ford deixava claro
que ela não conseguiria estampar uma
capa de “Vogue”.
“Todos me recusavam. Eileen Ford disse que era muito pesada. Mas me chamou
de volta três dias depois e disse: ‘Você perdeu muito peso’. Mas eu não tinha
perdido um quilo”. “Eu percebi que tinha feito algo grandioso quando as pessoas
começaram a dizer. Fui entrevistada por jornalistas da Europa e da África. Eles
falavam: “A América acordou”, disse Beverly à “BBC”.
32. 1975
O crítico Hilton Kramer ataca a fotografia de moda da época em seu artigo “The
Dubious Art of Fashion Photography” no New York Times
• Segundo Hilton, por uma série de
razões, este é um desenvolvimento
susceptível de ser perturbador, para
não dizer enfurecedor, para muitas
pessoas que tomam a fotografia muito
a sério. A fotografia de moda, embora
estabelecida há muito tempo como
legítima, ser um, pouco especial,
ramo do fotojornalismo, é comumente
considerada - e não sem razão - como
uma forma de arte publicitária, se as
imagens em questão aparecem na
coluna editorial ou no espaço
publicitário das revistas de moda. A
"conversão" de tal trabalho em um
objeto de interesse artístico não será
realizada sem uma resistência crítica
feroz.
33. • Enquanto as convenções da fotografia documental gozavam de uma
autoridade incomparável, havia pouca possibilidade de que a fotografia de
moda fosse admitida no cânone estético. A fidelidade à vida é o que conta,
ou é pensado para contar, na tradição documental, e todos os artifícios
deliberados - especialmente a iluminação encenada, o assunto posado e
embelezado, e a impressão manipulada que é fundamental para a fotografia
de moda, considera uma violação de sua fundamentação objetiva. A imagem
da moda, julgada pelos padrões da estética documental, é uma ficção
intolerável e mendaz.
• A partir desta perspectiva, que admite fantasia, simbolismo e uma espécie
de fetichismo criativo como constituintes legítimos da empresa fotográfica, a
fotografia de moda não pode mais ser categoricamente rejeitada. Nem, para
esse assunto, pode ser categoricamente abraçado. Aqui, como em outras
partes das artes, a necessidade é de discriminação e não de promoção por
atacado. É somente ao distinguir a realização do fracasso, a
verdadeiramente imaginativa do simples ativo e árduo adventícia, que
podemos começar a ver o que é de valor artístico nesta arte "aplicada".
34. 28 de dezembro de 1975,
Page 100
The
New York Times
Archives
36. 1957 e 1958
ALI, Fatima. A arte de editar revistas. Companhia Editorial Nacional, 2009.
BERTO, Vivian. O futuro está aqui – a era espacial. Disponível em:
http://www.tendere.com.br.
BRAGA, João. A alunissagem e a alucinação da moda. Disponível em: https://
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