1. Curso de Extensão Cidade e Sociologia, CECIERJ, 2º sem. 2015
Novembro/2015
A questão da segregação e da exclusão das classes mais pobres é um fato que não
aconteceu recentemente. Se pararmos para analisar a problemática ao longo dos tempos é
possível notar que se trata de um problema diretamente ligado ao fator socioeconômico e a
questão de planejamento urbano. Ou seja, sempre haverá nessa divisão de classes aqueles que
não detêm seus direitos de viver com dignidade garantidos por quem deveria fazer sua parte
nesse processo.
A pobreza em muitos casos acaba sendo visto pela sociedade como um problema
gerador da própria violência. Generalizam-se todos dentro de um bairro tido como favela
como geradores da violência que assola bairros ditos como nobres. Isso acontece, nem sempre
pela pobreza, mas marca a questão da marginalização que se instala em comunidades que
muitas vezes são comandadas pelo tráfico de drogas. Pagamos um preço alto pela falta de
segurança que acontece nos centros das grandes cidades e atualmente até em cidades de
interior. Mas isso não quer dizer que todas aquelas pessoas que vivem em comunidades
carentes e favelas sejam parte do todo. Muitas delas buscam, mesmo diante das dificuldades
enfrentadas pela questão econômica que vivem oportunidades através de um grande esforço
alcançarem a ascensão social através dos estudos, almejando o que a classe rica tem e muitas
vezes levando-os a esquecer suas raízes.
Mas grande parte destes acabam sendo influenciados pelo dinheiro fácil oferecido pelo
tráfico, o que se transforma muitas vezes numa reprodução social de um sistema podre, onde
é possível ver crianças muito pequenas que as mães perdem para o tráfico. Isso é um
problema arraigado dentro da sociedade e a dificuldade em combater tal situação é uma
constante.
Mas ao ver o filme “Quem quer ser um milionário” vemos que nem todos dentro
daquele sistema sucumbem à criminalidade e a violência. Como é possível notar na história
dos dois irmãos na ficção. Os dois, diante da dificuldade da perda da mãe e em meio a
pobreza que vivam, tiveram que aprender a se virar muito cedo. Sem acesso a alimentação,
educação e segurança acabaram caindo nas mãos de pessoas cruéis que obtinham seu lucro
através da exploração de várias crianças que vivam em condições sub-humanas.
O cenário de pobreza e dificuldades criou nas crianças a necessidade da esperteza, pois
suas refeições dependiam diretamente dessa característica. A visão que temos do cenário onde
2. se passa o filme é um reflexo da realidade de muitos lugares no mundo a fora. A ideia de
favelização que é exposta no filme não se compara ao que conhecemos aqui no Brasil, em que
se entende como sendo normalmente habitações humanas em áreas de morro. Mas, na verdade,
favela designa áreas de ocupação de terrenos invadidos, geralmente pertencentes ao poder público, que
se caracterizam, de modo geral, pela ausência de infraestrutura, pelos altos índices de violência e pela
marginalização social de seus moradores.
No filme conseguimos notar que os excluídos socialmente sofrem por serem invisíveis frente a
sociedade. Se fizermos uma comparação, muitas vezes saímos de um banco e do lado de fora está uma
criança mal vestida e suja, ou até mesmo uma mulher com um bebê nos braços em alguns casos até
deficientes físicos, pedindo dinheiro. Algumas pessoas param e lhes dão alguns trocados, outras se
quer olham para o lado onde estão. Outro exemplo que podemos dar da nossa própria realidade,
quando passamos na rua e somos abordados por pessoas pedindo dinheiro ou comida. São pessoa que
representam uma classe de excluídos e são mal vistos pela “sociedade”e, muitas vezes interpretados
como feios e sujos para ficarem ali.
Villaça (2001 apud Saboya, 2009) argumenta que uma das características mais
marcantes das metrópoles brasileiras é a segregação espacial das classes sociais em áreas
distintas da cidade. Basta uma volta pela cidade – e nem precisa ser uma metrópole – para
constatar a diferenciação entre os bairros, tanto no que diz respeito ao perfil da população,
quanto às características urbanísticas, de infra-estrutura, de conservação dos espaços e
equipamentos públicos, etc. Como uma analogia ao que foi retratado no filme notasse essa
diferenciação no momento da transição da fase de quando eram crianças para a fase adulta. O
irmão mais velho seguiu o caminho da criminalidade e na busca pelo dinheiro fácil enquanto
seu irmão mesmo um simples servidor de chá que almejava que nutria como ambição
encontrar o amor da sua vida.
Enfim, a questão da exclusão social ainda é uma realidade fortemente presente nas
sociedades, e a busca para diminuir essas desigualdades ainda é um processo que caminha a
passos muito lentos, pois, o interesse dos que detém o poder ainda sufoca o grito daqueles que
mais necessitam.
Referências:
SABOYA, Renato. Segregação Espacial Urbana. Disponível: <
http://urbanidades.arq.br/2009/05/segregacao-espacial-urbana>. Acesso em: 20 de Nov. de
2015, as 22:17.