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BIOLOGIA 12º ANO
                                   FICHA DE TRABALHO - IMUNIDADE
                                                      Prof.: Reinaldo Piloto


                             A imunidade contra agentes patogénicos pode ser induzida
   O sistema imunitário pode ser manipulado para prevenir que um individuo contraia uma determinada doença ou para diminuir a
gravidade e o tempo de incidência da mesma. A imunização é o processo que confere imunidade contra uma doença. A imunidade
passiva confere imunidade temporária, enquanto a imunidade activa confere protecção continua. Em ambos os casos, a
protecção obtida denomina-se imunidade adquirida.
A imunidade activa visa estimular a produção de anticorpos pelo organismo
   Os mecanismos de imunização activa envolvem a entrada de um antigénio num dado organismo, de modo a estimular o seu
sistema imunitário, o que provoca uma resposta imunitária e o aparecimento de resistência ao mesmo. Normalmente, o antigénio é
administrado em forma de uma vacina, por um processo denominado de vacinação.
Descoberta das vacinas
As vacinas surgiram em meados do século XVIII. Nessa altura existia uma forte ocorrência de varíola, que provocava várias mortes.
Lady Mary Montagu, mulher de um embaixador inglês em Istambul, verificou que quando se introduzia líquido retirado de uma crosta
de uma pessoa com varíola, o indivíduo já não contraía a varíola. Este método, surgido na China, era designado por variolação e foi
importado para a Europa Ocidental. Foi então que Edward Jenner se debruçou esta doença, tendo dado os primeiros passos na
descoberta da vacinação. Foi em 14 de Maio de 1796 que Jenner, iniciou uma experiencia ousada. Extraiu pus de uma pústula do
braço de Sarah Nelmes, uma pastora que tinha apanhado as "bexigas de vaca" de uma vaca leiteira. Seguidamente, inoculou
James Phipps, uma criança saudável de oito anos, com uma dose do extracto purulento, mediante duas incisões na pele. Ao sétimo
dia, a pequena cobaia humana desenvolveu uma doença leve: nas zonas de inoculação apareceram umas bolhas que rapidamente
desapareceram.
  A segunda fase do teste teve lugar a 1 de Julho. Jenner injectou James com um preparado da temível varíola humana, a peste
do século XVIII. Todavia, este estava imunizado face ao vírus causador da varíola. Jenner inaugurava, assim, a era de ouro da
vacinação, a maior conquista da Medicina moderna e, segundo muitos responsáveis, a medida de saúde pública mais relevante da
actualidade, depois da distribuição das águas.
  Devido às campanhas de vacinação, em 1975 conseguiu-se erradicar a varíola. As vacinas também colocaram na rota da extinção
a poliomielite e o sarampo, e reduziram ou eliminaram em certas zonas geográficas infecções como o tétano, a difteria e a rubéola.
Actualmente, as crianças estão a receber mais vacinas do que nunca: hoje, há 19 vacinas para combater outras tantas doenças
potencialmente mortais.
   Ainda não há vacinas eficazes contra a SIDA, a hepatite C, o herpes, o dengue, entre outras doenças, continuando equipas de
investigadores a tentar encontrá-las.
                                                                                              In Revista Super Interessante, Julho de 2002 (n.º51)
1. Qual é a importância dos trabalhos de Jenner?
2. Explique, sinteticamente, os trabalhos de Jenner.
3. Como explica o facto de James não ter contraído varíola?
4. Discuta com os seus colegas, sob o ponto de vista ético, a utilização da "pequena cobaia" nestas experiencias.
5. Procure apresentar alguns motivos que justifiquem o facto de ainda não existirem vacinas eficazes contra muitas doenças.

Nas vacinas, as bactérias patogénicas e os vírus são previamente tratados de modo a perderem a sua virulência (capacidade para
causar doenças), mas mantendo as suas propriedades antigénicas, isto é, foram atenuados. A vacina da tuberculose é um exemplo
de uma vacina contendo patogenes atenuados. A tecnologia de recombinação do DNA está, actualmente, a ser usada para produzir
uma grande quantidade de proteínas antigénicas para serem incorporadas nas vacinas. Uma das vacinas desenvolvidas para a
hepatite B é do tipo recombinante.

Análise do boletim individual de saúde.
1. Justifique o motivo pelo qual, no caso da vacinação tríplice (difteria, tétano e tosse convulsa), são administradas varias doses ao
longo da vida?
2. Comente a expressão: "A eficácia da vacinação é temporária".
3. Discuta com os seus colegas a necessidade de um sistema médico que obrigue à vacinação.
  Monitorizar a taxa de anticorpos corresponde ao método de detectar um tipo específico de anticorpos presentes no soro, de
uma forma periódica, de modo a seguir o desenvolvimento da imunidade activa após a exposição ao antigénio (resposta
primária), presente na vacina.
   No caso de o antigénio ser introduzido novamente após o declínio da resposta primária, pode ocorrer uma resposta
secundária, na qual a taxa de anticorpos aumenta de uma forma mais intensa e para níveis superiores a resposta primária.
Geralmente, o declínio da resposta secundária é menos acentuado do que na resposta primária. Uma terceira dose de
vacinação durante o declínio da resposta secundária eleva a taxa de anticorpos para um nível superior ao da segunda dose e,
normalmente, confere, imunidade prolongada contra a doença provocada pelo antigénio em causa. Este facto explica a
necessidade de reforços (várias doses) de vacinas ao longo da vida para obter uma imunização efectiva.

A imunidade passiva é obtida pela administração de anticorpos para combater os agentes patogénicos.
   A imunidade passiva ocorre quando são administrados a um indivíduo anticorpos que o ajudem no combate a uma dada
doença. Tal confere um imediato, mas temporário estado de imunidade. É denominado passivo porque o sistema imunitário
do receptor não é o produtor dos anticorpos.
  A duração da imunidade passiva é determinada pela quantidade de anticorpos introduzidos, a frequência da administração e
o tempo necessário para que o receptor metabolize o anticorpo. Geralmente, para um adulto, uma única dose da fracção de
anticorpo do soro confere imunidade passiva por mais de três meses.
   Normalmente, a fonte de anticorpos usada para conferir imunidade passiva é outro ser humano que tem imunidade
activa quanto à doença em questão. Ocasionalmente, os cavalos são usados para produzir imunoglobulinas, que podem ser
recolhidas e administradas a humanos. Diversos anti-soros equinos são usados para tratar de pessoas expostas ao tétano e
ao botulismo. (Anti-soro: soro de origem humana ou animal, que é composto de anticorpos contra antigénio específico como os
soros monovalentes ou para diversos antigénios, que são os soros polivalentes).
1.      Jenner descobriu o mecanismo da vacinação, o que permitiu desenvolver uma serie de vacinas preciosas na
luta contra doenças frequentemente fatais.
2.      Retirou uma porção de pus, contendo o vírus da varíola (variante bovina), inoculou-o em James e deixou que
o organismo dele reagisse; de seguida, inoculou-o com vírus da variante humana da varíola.
3.      Ao ter estado anteriormente em contacto com a vírus causador da varíola, embora de variante bovina
(menos ofensiva), produzindo (anticorpos) suficientes para a imunizarem de modo a não contrair a varíola
        humana.
4.
5. Devido à grande diversidade estrutural e química dos agentes patogénicos, bem como às mutações que podem
sofrer.

Ver o boletim individual de saúde.
1. Para manter uma imunização activa permanente.
2. Porque ao longo do tempo a eficácia da imunização diminui, obrigando a novos reforços pela administração de
antigénios. Há, todavia, vacinas em que só é necessária uma dose.
3. É essencial que toda a população se encontre imunizada, evitando o aparecimento de doenças graves, em
indivíduos que funcionariam como focos e infecções e contaminação, pando em risco a saúde publica.

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  • 1. BIOLOGIA 12º ANO FICHA DE TRABALHO - IMUNIDADE Prof.: Reinaldo Piloto A imunidade contra agentes patogénicos pode ser induzida O sistema imunitário pode ser manipulado para prevenir que um individuo contraia uma determinada doença ou para diminuir a gravidade e o tempo de incidência da mesma. A imunização é o processo que confere imunidade contra uma doença. A imunidade passiva confere imunidade temporária, enquanto a imunidade activa confere protecção continua. Em ambos os casos, a protecção obtida denomina-se imunidade adquirida. A imunidade activa visa estimular a produção de anticorpos pelo organismo Os mecanismos de imunização activa envolvem a entrada de um antigénio num dado organismo, de modo a estimular o seu sistema imunitário, o que provoca uma resposta imunitária e o aparecimento de resistência ao mesmo. Normalmente, o antigénio é administrado em forma de uma vacina, por um processo denominado de vacinação. Descoberta das vacinas As vacinas surgiram em meados do século XVIII. Nessa altura existia uma forte ocorrência de varíola, que provocava várias mortes. Lady Mary Montagu, mulher de um embaixador inglês em Istambul, verificou que quando se introduzia líquido retirado de uma crosta de uma pessoa com varíola, o indivíduo já não contraía a varíola. Este método, surgido na China, era designado por variolação e foi importado para a Europa Ocidental. Foi então que Edward Jenner se debruçou esta doença, tendo dado os primeiros passos na descoberta da vacinação. Foi em 14 de Maio de 1796 que Jenner, iniciou uma experiencia ousada. Extraiu pus de uma pústula do braço de Sarah Nelmes, uma pastora que tinha apanhado as "bexigas de vaca" de uma vaca leiteira. Seguidamente, inoculou James Phipps, uma criança saudável de oito anos, com uma dose do extracto purulento, mediante duas incisões na pele. Ao sétimo dia, a pequena cobaia humana desenvolveu uma doença leve: nas zonas de inoculação apareceram umas bolhas que rapidamente desapareceram. A segunda fase do teste teve lugar a 1 de Julho. Jenner injectou James com um preparado da temível varíola humana, a peste do século XVIII. Todavia, este estava imunizado face ao vírus causador da varíola. Jenner inaugurava, assim, a era de ouro da vacinação, a maior conquista da Medicina moderna e, segundo muitos responsáveis, a medida de saúde pública mais relevante da actualidade, depois da distribuição das águas. Devido às campanhas de vacinação, em 1975 conseguiu-se erradicar a varíola. As vacinas também colocaram na rota da extinção a poliomielite e o sarampo, e reduziram ou eliminaram em certas zonas geográficas infecções como o tétano, a difteria e a rubéola. Actualmente, as crianças estão a receber mais vacinas do que nunca: hoje, há 19 vacinas para combater outras tantas doenças potencialmente mortais. Ainda não há vacinas eficazes contra a SIDA, a hepatite C, o herpes, o dengue, entre outras doenças, continuando equipas de investigadores a tentar encontrá-las. In Revista Super Interessante, Julho de 2002 (n.º51) 1. Qual é a importância dos trabalhos de Jenner? 2. Explique, sinteticamente, os trabalhos de Jenner. 3. Como explica o facto de James não ter contraído varíola? 4. Discuta com os seus colegas, sob o ponto de vista ético, a utilização da "pequena cobaia" nestas experiencias. 5. Procure apresentar alguns motivos que justifiquem o facto de ainda não existirem vacinas eficazes contra muitas doenças. Nas vacinas, as bactérias patogénicas e os vírus são previamente tratados de modo a perderem a sua virulência (capacidade para causar doenças), mas mantendo as suas propriedades antigénicas, isto é, foram atenuados. A vacina da tuberculose é um exemplo de uma vacina contendo patogenes atenuados. A tecnologia de recombinação do DNA está, actualmente, a ser usada para produzir uma grande quantidade de proteínas antigénicas para serem incorporadas nas vacinas. Uma das vacinas desenvolvidas para a hepatite B é do tipo recombinante. Análise do boletim individual de saúde. 1. Justifique o motivo pelo qual, no caso da vacinação tríplice (difteria, tétano e tosse convulsa), são administradas varias doses ao longo da vida? 2. Comente a expressão: "A eficácia da vacinação é temporária". 3. Discuta com os seus colegas a necessidade de um sistema médico que obrigue à vacinação. Monitorizar a taxa de anticorpos corresponde ao método de detectar um tipo específico de anticorpos presentes no soro, de uma forma periódica, de modo a seguir o desenvolvimento da imunidade activa após a exposição ao antigénio (resposta primária), presente na vacina. No caso de o antigénio ser introduzido novamente após o declínio da resposta primária, pode ocorrer uma resposta secundária, na qual a taxa de anticorpos aumenta de uma forma mais intensa e para níveis superiores a resposta primária. Geralmente, o declínio da resposta secundária é menos acentuado do que na resposta primária. Uma terceira dose de vacinação durante o declínio da resposta secundária eleva a taxa de anticorpos para um nível superior ao da segunda dose e, normalmente, confere, imunidade prolongada contra a doença provocada pelo antigénio em causa. Este facto explica a necessidade de reforços (várias doses) de vacinas ao longo da vida para obter uma imunização efectiva. A imunidade passiva é obtida pela administração de anticorpos para combater os agentes patogénicos. A imunidade passiva ocorre quando são administrados a um indivíduo anticorpos que o ajudem no combate a uma dada doença. Tal confere um imediato, mas temporário estado de imunidade. É denominado passivo porque o sistema imunitário do receptor não é o produtor dos anticorpos. A duração da imunidade passiva é determinada pela quantidade de anticorpos introduzidos, a frequência da administração e o tempo necessário para que o receptor metabolize o anticorpo. Geralmente, para um adulto, uma única dose da fracção de anticorpo do soro confere imunidade passiva por mais de três meses. Normalmente, a fonte de anticorpos usada para conferir imunidade passiva é outro ser humano que tem imunidade activa quanto à doença em questão. Ocasionalmente, os cavalos são usados para produzir imunoglobulinas, que podem ser recolhidas e administradas a humanos. Diversos anti-soros equinos são usados para tratar de pessoas expostas ao tétano e ao botulismo. (Anti-soro: soro de origem humana ou animal, que é composto de anticorpos contra antigénio específico como os soros monovalentes ou para diversos antigénios, que são os soros polivalentes).
  • 2. 1. Jenner descobriu o mecanismo da vacinação, o que permitiu desenvolver uma serie de vacinas preciosas na luta contra doenças frequentemente fatais. 2. Retirou uma porção de pus, contendo o vírus da varíola (variante bovina), inoculou-o em James e deixou que o organismo dele reagisse; de seguida, inoculou-o com vírus da variante humana da varíola. 3. Ao ter estado anteriormente em contacto com a vírus causador da varíola, embora de variante bovina (menos ofensiva), produzindo (anticorpos) suficientes para a imunizarem de modo a não contrair a varíola humana. 4. 5. Devido à grande diversidade estrutural e química dos agentes patogénicos, bem como às mutações que podem sofrer. Ver o boletim individual de saúde. 1. Para manter uma imunização activa permanente. 2. Porque ao longo do tempo a eficácia da imunização diminui, obrigando a novos reforços pela administração de antigénios. Há, todavia, vacinas em que só é necessária uma dose. 3. É essencial que toda a população se encontre imunizada, evitando o aparecimento de doenças graves, em indivíduos que funcionariam como focos e infecções e contaminação, pando em risco a saúde publica.