O documento avalia a interferência de diferentes períodos de acúmulo de 1 a 70 dias sobre coliformes totais, termotolerantes e demanda química de oxigênio (DQO) em dejetos de poedeiras. A DQO reduziu durante o acúmulo, mas os coliformes totais e termotolerantes permaneceram elevados em todo o período, indicando redução da carga orgânica mas manutenção da contaminação por microrganismos.
Avaliação da ingestão voluntária de 3 dietas sobre o aporte energético e nutr...
Coliformes totais e termotolerantes e demanda química de oxigênio em dejetos de poedeiras acumulados por diferentes períodos
1. Rafael Gauchinho Rodrigues1; Gislaine Paganucci Alves1; João Paulo Rodrigues3; Alice Watte
Schwingel3; Daisa Fagundes de Stéfano3; Stanley Ribeiro Centurion3; Laura Costa Alves de
Araújo3; Ana Carolina Amorim Orrico2.
1 Aluno do Curso de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD;
2 Professora Adjunta do Curso de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD;
3 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias da UFGD;
Na Tabela 1 estão apresentados os resultados de coliformes totais,
termotolerantes e DQO dos dejetos de poedeiras estocados por diferentes
períodos entre 1 e 70 dias. Na Figura 1, se encontram os
valores de DQO.
Em relação aos resultados de DQO (Tabela 1 e Figura 1), verificou-
se redução dos valores apresentados durante acúmulo dos dejetos,
indicando assim a diminuição de material orgânico, considerado poluente.
Estes valores de referência reforçam que mesmo os dejetos acumulados
por 1 dia já apresentavam valores inferiores ao limite considerado por
Kiehl(1985), sendo que os estocados por 70 dias apresentaram em torno
de 30% deste valor de segurança (700 g/kg de material). No entanto, em
conjunto com os valores de DQO é importante se avaliar os NMP de
coliformes totais e termotolerantes (Tabela 1) nos dejetos de poedeiras ao
longo de até 70 dias de acúmulo, que se apresentaram elevados e,
consequentemente preocupantes, em todo o período de avaliação. Desta
forma os dejetos acumulados poderiam ser utilizados em qualquer período
do acúmulo para adubação, conforme as considerações de Kiehl(1985),
no entanto, em virtude dos organismos patogênicos, deveriam ser
direcionados para áreas de produção vegetal que não fossem de consumo
direto humano ou animal, como por exemplo, na produção de grãos.
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION - APHA. Standard methods for examination of
water and wastewater. 21. ed. Washington: American Water Works Association, 2005. 1368p.
KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. São Paulo: Agronômica Ceres, 1985. 492p.
MORENG, R. E., AVENS, J. S. Ciência e produção de aves - Aquecimento, criação,
alojamento, equipamentos e produção de aves. 1 ed., 143-178, 1990.
OLIVEIRA, M. D. L. Avaliação das fezes de galinhas poedeiras e de sua associação com o
bagaço de cana-de-açúcar hidrolisado na alimentação de bovinos. Jaboticabal, 1991. 108p.,
Tese (Doutorado em Produção Animal) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista.
RIBEIRO, G.M.; SAMPAIO, A.A.M.; FERNANDES, A.R.M.; HENRIQUE, W.; SUGOHARA, A.;
AMORIM, A.C. Efeito da fonte protéica e do processamento físico do concentrado sobre a
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STEIL L. Avaliação do uso de inóculos na biodigestão anaeróbia de resíduos de aves de
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Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2001.
Tabela 1. Concentração de coliformes
totais, termotolerantes e DQO nos dejetos
de poedeiras acumulados por diferentes
períodos, compreendidos entre 1 e 70 dias
LITERATURA CITADA
Em se tratando de avicultura, graças à melhoria genética e a
introdução de tecnologias modernas, uso de instalações apropriadas,
alimentação racional e a integração produtor-indústria, o país atingiu
altos níveis de produção e produtividade.
A intensificação dos sistemas de produção animal levou ao
questionamento de qual deve ser o destino dos rejeitos da atividade,
tornando-se ponto central de discussões de praticamente toda a cadeia
produtiva, tanto em âmbito nacional como internacional (Ribeiro et al.,
2007).
Os dejetos de galinhas poedeiras são oriundos da criação das
aves em gaiolas suspensas e assim não existe a presença da cama.
Nesses dejetos, além das dejeções, são encontrados penas, ovos
quebrados, restos de ração, larvas de moscas; além de corpos
estranhos tais como, pregos, pedaços de arame, madeira dentre outros
(Oliveira, 1991).
De acordo com Steil (2001) os dejetos de poedeiras são
constituídos por substratos complexos contendo matéria orgânica
particulada e dissolvida como polissacarídeos, lipídios, proteínas,
ácidos graxos voláteis, elevado número de componentes inorgânicos,
bem como alta concentração de microorganismos patogênicos, todos
de interesse na questão ambiental.
Para Moreng e Evans (1990) os dejetos de galinhas poedeiras
são tão valiosos do ponto de vista biológico que devem ser usados
com inúmeras vantagens e não simplesmente como resíduo a ser
descartado. Em concordância, Kiehl (1985) destacou que os dejetos de
galinhas são mais ricos em nutrientes que os de outros animais
domésticos, verificando-se que possuem concentrações de N, P e K de
duas a três vezes maiores do que os mamíferos empregados na
produção animal. E ainda, o avanço da idade das aves pode
implicar em menor aproveitamento do alimento ingerido e
consequentemente em maior concentração de nutrientes nas
excretas.
Dessa forma o objetivo do trabalho foi avaliar a interferência
de diferentes períodos acumulados de 1, 2, 7, 14, 21, 28, 35, 42,
49, 56, 63 e 70 dias, sobre os números mais prováveis de
coliformes totais e termotolerantes, e da demanda química de
oxigênio (DQO) de dejetos de galinhas poedeiras.
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Manejo de
Resíduos Agropecuários, a partir dos dejetos coletados no Setor de
Aves de Postura, sendo ambos pertencentes à Faculdade de Ciências
Agrárias- FCA da Universidade Federal da Grande Dourados-MS.
Para a produção de dejetos foram alojadas 600 aves de
linhagem Isa Brown em uma área de 40m² e produção média de 540
ovos/dia, se estimando assim um percentual de produção de 90%. A
dieta ofertada foi balanceada para atender as exigências das aves e
apresentou na composição: farelo de soja, farelo de carne, calcário,
núcleo e sal. O dejeto acumulado de acordo com os períodos descritos
foi coletado manualmente, sendo utilizado para amostragem todo o
perfil contido na altura de empilhamento de material. Depois da coleta,
o material foi homogeneizado e encaminhado ao Laboratório para
execução das determinações químicas e microbiológicas.
O número mais provável (NMP) de coliformes totais e
termotolerantes foram avaliados por meio da técnica de tubos
múltiplos, a partir de metodologia descrita pela APHA (2005). Os
valores da Demanda Química de Oxigênio (DQO) foram obtidos por
método colorimétrico, empregando-se espectrofotômetro e bloco
digestor conforme metodologia descrita no APHA (2005).
MATERIAL E MÉTODOS
INTRODUÇÃO RESULTADOS E DISCUSSÃO
Coliformes totais e termotolerantes e demanda química de oxigênio
em dejetos de poedeiras acumulados por diferentes períodos
CONCLUSÕES
O período de estocagem foi benéfico para redução da DQO nos
dejetos de poedeiras, no entanto não alterou os NMP de coliformes
totais e termotolerantes, mostrando que apesar da redução da carga
orgânica dos dejetos permanece a preocupação com a contaminação
do meio ambiente por parte do microorganismos presentes.
NMP
Coliformes
totais
Termotolerantes DQO
(g O2/kg)
5,5E+ 10 1,6E+10 672
5,5E+10 1,6E+10 320
5,5E+12 3,7E+12 302
1,1E+13 1,2E+12 314
2,2E+11 2,0E+9 290
2,2E+11 2,0E+9 280
6,0E+12 7,4E+11 260
7,0E+10 7,0E+10 288
2,7E+11 2,7E+12 282
1,4E+13 7,2E+12 258
2,3E+11 1,7E+7 233
8,7E+10 3,0E+10 246
Não se observou alterações nos NMP de
coliformes totais e termotolerantes (Tabela
1) durante o período de estocagem dos
dejetos de poedeiras, sendo que os
coliformes totais oscilaram entre 5,5x1010
e 1,4 x1013, enquanto que os
termotolerantes variaram entre 2,0 x109 e
7,2 x1012
Figura 1. Demanda química de oxigênio nos dejetos
de poedeiras segundo os diferentes períodos de
acúmulo.