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Autores representados na exposição
Raul Perez
Carmo Pólvora
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Noronha da Costa
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António Carmo
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Guilherme Parente
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António Ramos Rosa
Joana Lapa
Júlio
Mário Dionísio
David de Almeida
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Rodrigo e Isabel Cabral
40 ANOS DE ARTE, CRÍTICA E POESIA
A COLEÇÃO DE MARIA JOÃO FERNANDES
A atual exposição de uma parte da colecção de Maria João Fernandes é o
reflexo de uma atividade crítica de cerca de quarenta anos que teve e tem
como objetivo a divulgação da cultura portuguesa no plano nacional e num
contexto internacional.
Na sua crítica de arte assumidamente poética cumpre-se a conhecida
formulação de Heidegger: “A essência da arte é a poesia”, tal como na obra
da filósofa espanhola, Maria Zambrano, discípula de Ortega e Gasset, com a
qual tem grande afinidade.
Crítica de arte e poeta, com o pseudónimo Joana Lapa, Maria João
Fernandes no seu diálogo com a arte segue a grande inspiração do arquétipo
e da poesia. Às obras desta mostra junta-se uma exposição de alguns dos
livros e catálogos mais representativos do seu percurso, onde tem destaque o
já histórico catálogo da exposição: Viera da Silva e Arpad Szènes nas
Colecções Portuguesas, que em 1988, deu origem à Fundação de Serralves.
A coleção de arte contemporânea de Maria João Fernandes acompanha os
principais capítulos da sua obra de crítica de arte, publicada e a publicar.
Os autores escolhidos entre um elenco muito mais vasto,
correspondem por um lado a um critério que valoriza a notoriedade e por
outro à qualidade das obras, independentemente dessa situação, sem
esquecer as tendências e os artistas mais jovens. Esta primeira apresentação
pública da sua colecção primeiro na Biblioteca Nacional de Portugal em
Lisboa e agora no Museu Municipal de Coimbra, Edifício Chiado, visa o
seu encaminhamento para um Museu ou um Centro de Arte, onde possa ser
preservada, dando um testemunho da palavra que está na sua origem.
“Tal como a crítica de arte de Maria Zambrano, a minha escrita visa o
reino da liberdade e do tempo, a conquista do mais profundo nível da
consciência, e no seu conjunto tem permitido a reflexão sobre temas de
fundo da cultura portuguesa e contemporânea, como aquele que em 2013 foi
apresentado com sucesso na Fundação Gulbenkian de Paris: Artistas Poetas
e Poetas Artistas, Poesia e Visualidade no Século XX em Portugal. A este
tema cuja originalidade e ineditismo foram saudados por Eduardo Lourenço,
juntam-se outros, um dos quais já reunido em livro editado pela Fundação
Portuguesa das Comunicações: Caligrafias a Nascente dos Nomes
equaciona a relação escrita/pintura no século XX, fundadora do imaginário
contemporâneo, em Portugal e no estrangeiro. Esta edição foi acompanhada
em 2008 de uma exposição com idêntico âmbito e que teve lugar na mesma
Fundação.
Outros temas estruturantes da minha crítica de arte e presentes na minha
coleção agora apresentada: Universos Femininos (arte protagonizada por
artistas mulheres), na origem de duas exposições que organizei com o
mesmo título, Sonhos do Dia e da Noite, Presença do Surrealismo, Os
Caminhos da Abstração, Presença do Lirismo, Variações sobre o Amor,
Diálogo com a Arte Primitiva e Artistas Poetas e Poetas Artistas.
Trata-se em suma, no conjunto, de reconhecer a existência de uma outra
realidade, a da arte, com as suas leis e a sua lógica próprias, para através
dela lançar luz sobre os grandes princípios do imaginário que a estruturam,
ajudando a torná-los “legíveis”, permitindo a sua apreensão e comunicação.
Comunicação entre a palavra e do silêncio, o dito e o interdito, da beleza
secreta, do há muito esquecido e nunca perdido Paraíso.”
Maria João Fernandes

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40 ANOS DE ARTE E CRÍTICA. A Colecção de Maria João Fernandes

  • 1. Jaime Isidoro Alexandra Mesquita Ana Hatherly Bertino Emerenciano Ernesto Manuel Melo e Castro Eurico Gonçalves João Vieira Manuel Malheiro Rico Sequeira Teresa Gonçalves Lobo Cristina Valadas Emília Nadal Graça Moraes Gracinda Candeias Inês Wijnorst Isabel Garcia Matilde Marçal Isabel Lhano António Sampaio Gil Teixeira Lopes Moniz Pereira Armanda Passos Artur Cruzeiro Seixas Carlos Carreiro Carlos Calvet Lima de Freitas Autores representados na exposição Raul Perez Carmo Pólvora Manuel Viana Noronha da Costa João Moniz António Carmo Boavida Amaro Chichorro Guilherme Parente Júlio Resende Mário Alegria António Ramos Rosa Joana Lapa Júlio Mário Dionísio David de Almeida José de Guimarães Rodrigo e Isabel Cabral
  • 2. 40 ANOS DE ARTE, CRÍTICA E POESIA A COLEÇÃO DE MARIA JOÃO FERNANDES A atual exposição de uma parte da colecção de Maria João Fernandes é o reflexo de uma atividade crítica de cerca de quarenta anos que teve e tem como objetivo a divulgação da cultura portuguesa no plano nacional e num contexto internacional. Na sua crítica de arte assumidamente poética cumpre-se a conhecida formulação de Heidegger: “A essência da arte é a poesia”, tal como na obra da filósofa espanhola, Maria Zambrano, discípula de Ortega e Gasset, com a qual tem grande afinidade. Crítica de arte e poeta, com o pseudónimo Joana Lapa, Maria João Fernandes no seu diálogo com a arte segue a grande inspiração do arquétipo e da poesia. Às obras desta mostra junta-se uma exposição de alguns dos livros e catálogos mais representativos do seu percurso, onde tem destaque o já histórico catálogo da exposição: Viera da Silva e Arpad Szènes nas Colecções Portuguesas, que em 1988, deu origem à Fundação de Serralves. A coleção de arte contemporânea de Maria João Fernandes acompanha os principais capítulos da sua obra de crítica de arte, publicada e a publicar. Os autores escolhidos entre um elenco muito mais vasto, correspondem por um lado a um critério que valoriza a notoriedade e por outro à qualidade das obras, independentemente dessa situação, sem esquecer as tendências e os artistas mais jovens. Esta primeira apresentação pública da sua colecção primeiro na Biblioteca Nacional de Portugal em Lisboa e agora no Museu Municipal de Coimbra, Edifício Chiado, visa o seu encaminhamento para um Museu ou um Centro de Arte, onde possa ser preservada, dando um testemunho da palavra que está na sua origem. “Tal como a crítica de arte de Maria Zambrano, a minha escrita visa o reino da liberdade e do tempo, a conquista do mais profundo nível da consciência, e no seu conjunto tem permitido a reflexão sobre temas de fundo da cultura portuguesa e contemporânea, como aquele que em 2013 foi apresentado com sucesso na Fundação Gulbenkian de Paris: Artistas Poetas e Poetas Artistas, Poesia e Visualidade no Século XX em Portugal. A este tema cuja originalidade e ineditismo foram saudados por Eduardo Lourenço, juntam-se outros, um dos quais já reunido em livro editado pela Fundação Portuguesa das Comunicações: Caligrafias a Nascente dos Nomes equaciona a relação escrita/pintura no século XX, fundadora do imaginário contemporâneo, em Portugal e no estrangeiro. Esta edição foi acompanhada em 2008 de uma exposição com idêntico âmbito e que teve lugar na mesma Fundação. Outros temas estruturantes da minha crítica de arte e presentes na minha coleção agora apresentada: Universos Femininos (arte protagonizada por artistas mulheres), na origem de duas exposições que organizei com o mesmo título, Sonhos do Dia e da Noite, Presença do Surrealismo, Os Caminhos da Abstração, Presença do Lirismo, Variações sobre o Amor, Diálogo com a Arte Primitiva e Artistas Poetas e Poetas Artistas. Trata-se em suma, no conjunto, de reconhecer a existência de uma outra realidade, a da arte, com as suas leis e a sua lógica próprias, para através dela lançar luz sobre os grandes princípios do imaginário que a estruturam, ajudando a torná-los “legíveis”, permitindo a sua apreensão e comunicação. Comunicação entre a palavra e do silêncio, o dito e o interdito, da beleza secreta, do há muito esquecido e nunca perdido Paraíso.” Maria João Fernandes