Folha de Sala da exposição "40 ANOS DE ARTE E CRÍTICA. A Colecção de Maria João
Fernandes", patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Municipal de Coimbra
(Edifício Chiado), entre 14 de Fevereiro e 15 de Março de 2015.
40 ANOS DE ARTE E CRÍTICA. A Colecção de Maria João Fernandes
1. Jaime Isidoro
Alexandra Mesquita
Ana Hatherly
Bertino
Emerenciano
Ernesto Manuel Melo e Castro
Eurico Gonçalves
João Vieira
Manuel Malheiro
Rico Sequeira
Teresa Gonçalves Lobo
Cristina Valadas
Emília Nadal
Graça Moraes
Gracinda Candeias
Inês Wijnorst
Isabel Garcia
Matilde Marçal
Isabel Lhano
António Sampaio
Gil Teixeira Lopes
Moniz Pereira
Armanda Passos
Artur Cruzeiro Seixas
Carlos Carreiro
Carlos Calvet
Lima de Freitas
Autores representados na exposição
Raul Perez
Carmo Pólvora
Manuel Viana
Noronha da Costa
João Moniz
António Carmo
Boavida Amaro
Chichorro
Guilherme Parente
Júlio Resende
Mário Alegria
António Ramos Rosa
Joana Lapa
Júlio
Mário Dionísio
David de Almeida
José de Guimarães
Rodrigo e Isabel Cabral
2. 40 ANOS DE ARTE, CRÍTICA E POESIA
A COLEÇÃO DE MARIA JOÃO FERNANDES
A atual exposição de uma parte da colecção de Maria João Fernandes é o
reflexo de uma atividade crítica de cerca de quarenta anos que teve e tem
como objetivo a divulgação da cultura portuguesa no plano nacional e num
contexto internacional.
Na sua crítica de arte assumidamente poética cumpre-se a conhecida
formulação de Heidegger: “A essência da arte é a poesia”, tal como na obra
da filósofa espanhola, Maria Zambrano, discípula de Ortega e Gasset, com a
qual tem grande afinidade.
Crítica de arte e poeta, com o pseudónimo Joana Lapa, Maria João
Fernandes no seu diálogo com a arte segue a grande inspiração do arquétipo
e da poesia. Às obras desta mostra junta-se uma exposição de alguns dos
livros e catálogos mais representativos do seu percurso, onde tem destaque o
já histórico catálogo da exposição: Viera da Silva e Arpad Szènes nas
Colecções Portuguesas, que em 1988, deu origem à Fundação de Serralves.
A coleção de arte contemporânea de Maria João Fernandes acompanha os
principais capítulos da sua obra de crítica de arte, publicada e a publicar.
Os autores escolhidos entre um elenco muito mais vasto,
correspondem por um lado a um critério que valoriza a notoriedade e por
outro à qualidade das obras, independentemente dessa situação, sem
esquecer as tendências e os artistas mais jovens. Esta primeira apresentação
pública da sua colecção primeiro na Biblioteca Nacional de Portugal em
Lisboa e agora no Museu Municipal de Coimbra, Edifício Chiado, visa o
seu encaminhamento para um Museu ou um Centro de Arte, onde possa ser
preservada, dando um testemunho da palavra que está na sua origem.
“Tal como a crítica de arte de Maria Zambrano, a minha escrita visa o
reino da liberdade e do tempo, a conquista do mais profundo nível da
consciência, e no seu conjunto tem permitido a reflexão sobre temas de
fundo da cultura portuguesa e contemporânea, como aquele que em 2013 foi
apresentado com sucesso na Fundação Gulbenkian de Paris: Artistas Poetas
e Poetas Artistas, Poesia e Visualidade no Século XX em Portugal. A este
tema cuja originalidade e ineditismo foram saudados por Eduardo Lourenço,
juntam-se outros, um dos quais já reunido em livro editado pela Fundação
Portuguesa das Comunicações: Caligrafias a Nascente dos Nomes
equaciona a relação escrita/pintura no século XX, fundadora do imaginário
contemporâneo, em Portugal e no estrangeiro. Esta edição foi acompanhada
em 2008 de uma exposição com idêntico âmbito e que teve lugar na mesma
Fundação.
Outros temas estruturantes da minha crítica de arte e presentes na minha
coleção agora apresentada: Universos Femininos (arte protagonizada por
artistas mulheres), na origem de duas exposições que organizei com o
mesmo título, Sonhos do Dia e da Noite, Presença do Surrealismo, Os
Caminhos da Abstração, Presença do Lirismo, Variações sobre o Amor,
Diálogo com a Arte Primitiva e Artistas Poetas e Poetas Artistas.
Trata-se em suma, no conjunto, de reconhecer a existência de uma outra
realidade, a da arte, com as suas leis e a sua lógica próprias, para através
dela lançar luz sobre os grandes princípios do imaginário que a estruturam,
ajudando a torná-los “legíveis”, permitindo a sua apreensão e comunicação.
Comunicação entre a palavra e do silêncio, o dito e o interdito, da beleza
secreta, do há muito esquecido e nunca perdido Paraíso.”
Maria João Fernandes