O artigo opina que o orçamento de estado para 2013 apresenta um alto risco de agravar a recessão e o desemprego em Portugal para níveis impensáveis, à medida que reduz a renda disponível das famílias e contrai a procura interna. Executar um orçamento tão restritivo durante uma recessão prolongada terá consequências imprevisíveis e provavelmente sem precedentes. A Comissão Europeia alerta para o risco de derrapagem orçamental e a possibilidade de novas medidas de austeridade.
1. OPINIÃO Alto risco
João Ferreira do Amaral
Economista
Aí está. Já temos em execução o Orçamento do estamos, pode fazer agravar a recessão e o de-
Estado para 2013. semprego para níveis que hoje nos parecem im-
É certo que ainda poderá vir a ser alterado, caso pensáveis
o Tribunal Constitucional venha a considerar in- A perda de rendimento disponível das famílias
constitucionais algumas das suas normas. Mas que o orçamento vai provocar levará a uma nova
mesmo que tal suceda e que decorram contracção da procura interna e daí a
daí algumas alterações, no essencial Executar um um agravamento da recessão e a novo
não haverá grandes mudanças. orçamento tão aumento do desemprego.
E o essencial diz-se muito simples- penalizador dos Estou convencido que o que se vai fa-
PÁG. mente: este orçamento é um orça-
rendimentos,
zer este ano em Portugal neste domí-
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mento de alto risco. De altíssimo ris- nio, ou seja, executar um orçamento
co, diria. como é o actual, fortemente restritivo, a incidir sobre
Faz-nos entrar numa situação muito na situação em uma economia que atravessa uma
perigosa e de certo modo imprevisível que estamos, recessão tão forte, não terá muitos
nas suas consequências, mas da qual pode fazer paralelos na história económica mun-
não se pode esperar nada de bom. dial contemporânea. Por isso, é acon-
Porquê toda esta visão negativa do
agravar a selhável estarmos preparados para
orçamento? recessão e o tudo.
Mais uma vez, é fácil de explicar. A desemprego para Face a este enquadramento o que diz
questão é que a nossa economia atra- níveis que hoje a Comissão Europeia, pela voz do co-
vessa, hoje, uma recessão que se pode nos parecem missário para a economia e finanças?
qualificar de forte e prolongada. Re- Diz esta pérola: é que há riscos de
cessão que inevitavelmente tem feito
impensáveis derrapagem orçamental e que por-
aumentar o desemprego e continuará tanto poderão vir a ser necessárias
a fazê-lo enquanto perdurar. mais medidas de austeridade. Esta visão do co-
Executar um orçamento tão penalizador dos ren- missário dá bem a medida do nível a que desceu
dimentos, como é o actual, na situação em que a Comissão.
Palavra do ano 2012
Estamos “entroikados” e a “democracia” está em baixo
“Entroikado” é a palavra do ano. O resultado da elei- vras “imposto” e “refundar” (ambas com 4%).
ção foi divulgado esta manhã na Biblioteca José Sara- “Democracia” não foi além da 9ª posição, com 3%.
mago, em Loures, pela Porto Editora, que organizou a A iniciativa da Porto Editora realizou-se, pela primeira
iniciativa. vez em 2009, ano em que a palavra eleita foi “esmiu-
A palavra recolheu 32% dos votos dos cibernautas, mais çar”. No ano seguinte, “vuvuzela” levou o título e, em
do dobro da palavra “desemprego”, que ficou em se- 2011, foi a vez de “austeridade”, que relegou a “espe-
gundo lugar com 14% das escolhas. O pódio deste ano rança” para segundo lugar.
completa-se com a palavra “solidariedade”, que obte-
ve 12% das preferências.
“Entroikado” integrava uma lista de dez palavras, es-
colhidas pela equipa de linguistas do Departamento de
Dicionários da editora, e esteve à votação online desde
o início do ano.
“A frequência de uso, a relevância assumida ou então,
simplesmente, porque se relaciona com algum tema
muito marcante”, foram os critérios, afirma a Porto
Editora.
Fora do pódio, com 11% dos votos aparece “bosão” (de
Higgs), “manifestação” (9%), “cortes” (8%) e as pala-
DR
r/com renascença comunicação multimédia, 2013