O autor argumenta que políticas de austeridade excessivas podem prejudicar o crescimento econômico. Ele sugere que gastos públicos adicionais em infraestrutura podem estimular a economia e reduzir a dívida pública como proporção do PIB. A zona do euro como um todo tem margem para financiar esse tipo de políticas nos países mais endividados.
O absurdo da política de austeridade tal como tem sido encarada pela União Europeia
1. OPINIÃO Uma imensa margem
João Ferreira do Amaral
Economista
O absurdo da política de austeridade tal como tem de cerca de 75%. Assim o PIB, que é a soma de
sido encarada pela União Europeia - e tal como se todos os valores acrescentados gerados no País,
pretende fazer plasmar no tratado orçamental - aumentaria desde logo em 750 unidades, já muito
pode bem ser avaliado no caso português. próximo dos 885 mínimos necessários. Mas uma
A dívida pública portuguesa é actualmente de parte importante destes rendimentos gerados
cerca de 113 % do PIB. Isto significa que se o Esta- será consumida. Das despesas de consumo, cerca
do se endividar, gastando mais mil unidades mo- de 2/3 são valor acrescentado nacional ou seja,
netárias (sejam estas euros, milhões mais contribuição para o PIB. Este
de euros ou o que for), se com essa O absurdo da efeito junto ao anterior já permitirá
PÁG. despesa fizer aumentar o PIB em 885 política de quo PIB aumente o suficiente para fa-
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unidades ou mais, o rácio da dívida zer baixar o rácio da dívida. Mas te-
pública em relação ao PIB não au-
austeridade tal mos um bónus e que bónus! É que ao
menta e pode até diminuir significa- como tem sido impulsionar a actividade económica o
tivamente. Como este rácio é o prin- encarada pela Estado vai pagar menos subsídios de
cipal indicador de sustentabilidade União Europeia desemprego e cobrar mais impostos
das finanças públicas, uma forma de (...) pode bem e contribuições para a segurança so-
garantir essa sustentabilidade e ao cial. O défice em percentagem do PIB
mesmo tempo induzir o crescimento
ser avaliado no pouco aumentará e a dívida aumenta-
é realizar nova despesa pública que caso português rá menos, se, evidentemente, houver
tenha bons efeitos imediatos sobre a prudência no aumento da despesa.
actividade económica. Numa economia com grande endividamento ex-
Suponhamos, por exemplo, que o Estado portu- terno como é a portuguesa, esta receita é possí-
guês gastava agora mais mil unidades em reabi- vel, mas necessita de uma prudência adicional.
litação urbana ou em infra-estruturas semelhan- Mas já a nível da economia da Zona Euro que,
tes. O valor acrescentado nacional desta despesa considerada em conjunto, não tem problemas de
(ou seja, os rendimentos internos gerados na ac- endividamento externo, há uma imensa margem
tividade produtiva nacional necessária directa ou para se financiar este tipo de políticas nos esta-
indirectamente para realizar essa reabilitação) é dos mais endividados.
Recordo estas palavras a propósito deste fim-de-
Portugal aberto a Deus semana, em que milhares de portugueses se enca-
Faz hoje dois anos que Bento XVI disse, no aeropor- minham para Fátima. Por isso, também eu peço o
to de Lisboa, que Deus tem uma preferência por mesmo que o Papa: que Portugal permaneça para
Portugal. sempre um lugar de obediência e um espaço aberto
O Papa lembrou-nos - a propósito das aparições a Deus.
de Fátima - que, num contexto de adversidade,
Aura Miguel
enquanto os homens fechavam a porta a Deus,
se abria em Portugal uma janela de esperança
para a humanidade se reconciliar e converter; e
que este acontecimento não dependeu do Papa
nem da autoridade da Igreja, mas de um desígnio
amoroso de Deus para com o nosso país.
No dia seguinte, Bento XVI voltou ao assunto na
Capelinha das Aparições, com indicações precio-
sas para Portugal. Disse-nos que “mais do que
a simples posse dum pedaço de terreno ou dum
território nacional que cada povo tem o direi-
to de ter, (...) a terra é dada para que haja um
lugar de obediência, para que exista um espaço
aberto a Deus”.
r/com renascença comunicação multimédia, 2012