O artigo discute a governação de Sócrates e Paulo Campos, questionando se mudanças na lei beneficiaram indevidamente a construtora Mota-Engil e se o Ministério Público deveria investigar. O autor também critica a presença de Paulo Campos no parlamento.
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A governação de Sócrates e de Paulo Campos foi
criminosa?
Henrique Raposo (www.expresso.pt)
8:00 | Quarta feira, 12
Dando largas a uma veia vingadora, Medina Carreira afirmou que os governantes dos últimos anos deviam ser julgados
em tribunal. Confesso que não gosto desta fruta populista. Criminalizar opções políticas que foram legitimadas
democraticamente não me parece boa opção. Até porque desresponsabiliza os eleitores. Em 2009, os eleitores
escolheram o caminho da dívida. Em 2009, Sócrates disse aquilo que Alberto João diz agora: ah, ah, eu tenho
orgulho nesta dívida, a dívida é fundamental para o crescimento do país, etc., etc. Em 2009, Manuela Ferreira Leite disse
a todos os portugueses que o caminho do endividamento era insustentável. Como se sabe, os eleitores escolheram a via
socrática. Portanto, o país inteiro é responsável pelo buraco em que se encontra. Esta lengalenga de levar a tribunal
todos os governantes é desculpa de mau pagador. No seu conjunto, os governos PS não foram vigaristas, foram apenas
socialistas.
Porém, importa perceber uma coisa: se a governação como um todo não pode ser investigada, um ato de governação
em concreto pode ser investigado (ex.: Freeport). E, depois de ver esta reportagem da TVI , a minha pergunta é só
uma: no meio desta embrulhada de estradas e estradinhas, o Ministério Público não encontra nada de estranho? De um
dia para o outro, concessões rodoviárias, que custavam nicles ao tesouro público, passaram a custar 600 milhões. Quem
saiu beneficiado? Uma empresa do universo Mota-Engil, essa entidade omnipresente. De um momento para o outro, o
governo do eng. Sócrates e do dr. Paulo Campos mudou a lei para beneficiar objectivamente uma construtora em
total prejuízo do nosso dinheiro público. Perante este facto objectivo (repito: objectivo), o Ministério Público não pode
actuar, não pode perguntar, não pode indagar, não pode levantar o rabo da cadeira?
Como se isto não fosse suficiente, como se não bastasse o saque organizado ao nosso dinheiro, como se não bastasse a
inacção do Ministério Público, ainda temos de aturar o dr. Paulo Campos. O autor moral desta governação-amiga-da-
construtora-amiga está no parlamento, aliás, está nas comissões que tratam directamente de obras públicas. Ora,
quando vejo este Paulinho do Alcatrão no meu parlamento soberano, confesso que sinto os vapores populistas a
subirem-me pelo corpo acima. Quando oiço este indivíduo a abrir a boca para pedir a "defesa da honra", confesso que
me sinto irmanado com o dr. Medina Carreira. Por breves momentos.
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=print&op=view&fokey=ex.stories/679794&sid=ex.... 15-10-2011