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1.
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 1 O DIREITO AO TRONO DAVÍDICO1 I. INTRODUÇÃO Missionários cristãos envolvidos na evangelização de judeus afirmam que Jesus tem o direito legal ao trono de Davi como rei/Messias. Essa alegação é baseada em relatos do Novo Testamento, erros de tradução e em más interpretações subsequentes de várias passagens da Bíblia Hebraica (o "Velho Testamento" nas Bíblias cristãs). Neste ensaio, a validade desta afirmação missionária será testada comparando-se vários argumentos usados para apoiá-la contra aquilo que a Bíblia Hebraica realmente ensina com relação às qualificações dos ocupantes legítimos do trono de Davi, incluindo o (maSHI'ah), o prometido rei Judeu Messias. II. ELEGIBILIDADE PARA O TRONO DO REI DAVI A Torá lista diversas descrições de tarefas a vários oficiais da comunidade judaica, bem como o processo de seleção, qualificações e deveres de um rei de Israel: Deuteronômio 17:14-20 - Quando vieres a terra que o Senhor, teu D’us, vos dá, e a possuíres, e nela viveres, e então dizer: “Porei sobre mim um rei, como as nações a minha volta”; Colocarás sobre ti como rei aquele que escolher o Senhor teu D’us; dentre teus irmãos porás como rei sobre ti; não apontarás um estrangeiro sobre ti, que não seja teu irmão. Porém ele não adquirirá para si muitos cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito a fim de juntar muitos cavalos; pois o Senhor vos disse: “Jamais voltareis por este caminho”. E ele tampouco pegará muitas mulheres para si mesmo, e seu coração não se desvie; nem ajunte muita prata nem ouro para si. E será também que quando se assentar sobre seu trono real, então escreverá para si mesmo num livro, uma cópia desta Torá, em um rolo [da Torá que está] diante dos sacerdotes levitas. E o terá consigo, e a lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu D’us, para manter todas as palavras desta Torá, e estes estatutos, para cumprí-los; e seu coração não fique arrogante sobre seus irmãos, e não se desvie do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; a fim de prolongar os [seus] dias no seu reino, ele e seus filhos no seio de Israel. 1 As transliterações da terminologia hebraica para o alfabeto latino seguirão as seguintes orientações: A terminologia transliterada será mostrada em itálico negrito A sílaba acentuada na terminologia transliterada será mostrada em MAIÚSCULAS Sons das vogais Latinas, A - E - I - O - U, serão utilizadas. Letras hebraicas distintas que têm sons ambíguos das letras latinas são transliteradas de acordo com a as seguintes regras: - A letra א vocalizada será transliterada como a vogal equivalente latina - A letra ע vocalizada será transliterada como a vogal equivalente latina com um agregado sublinhado - A letra ח será transliterada como "h" - A letra כ será transliterada como "ch" - A letra ּכ será transliterada como "k" - A letra ק será transliterada como "q" - Um SHVA vocalizado ( ) será transliterado como "e" expoente seguindo a consoante - Não existe "duplicação" de letras nas transliterações para refletir o daGESH (ênfase)
2.
Copyright © Uri
Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 2 Em essência, a Torá especifica que um candidato legítimo para ser o rei de Israel: Deve ser um israelita nativo (v. 15) Deve ser escolhido por D’us [através de um verdadeiro profeta da geração] (v. 15) Não ter uma cavalaria para manter seu povo submisso (v. 16) Não deve estabelecer um harém (v. 17) Deve possuir uma cópia da Torá, estudá-la, e obedecer seus mandamentos (vs. 18-19) Deve governar a monarquia de acordo com a Torá (v. 20) A primeira monarquia constitucional de Israel foi estabelecida quando Saul filho de Kish, da tribo de Benjamim, foi ungido rei de Israel pelo profeta Samuel (1Samuel 9:1- 10:27). Saul reinou por cerca de dois anos antes de ser tirado do trono por revogar suas responsabilidades e por não obedecer ao mandamento de erradicar Amaleque (1Samuel 15). Samuel foi instruído a encontrar Davi, filho de Jessé, da Tribo de Judá, e ungí-lo como rei de Israel enquanto Saul ainda era o monarca reinante (1Samuel 16:1-3). Samuel fez o que lhe foi instruído; ele encontrou Davi e o ungiu como rei de Israel (1Samuel 16:13). O rei Davi reinou em Hebron primeiro por 7 anos e meio, e depois mudou-se para Jerusalém, onde assumiu o trono e reinou por 33 anos. Por Davi ser um rei justo, recebeu a seguinte promessa de D’us através do profeta Natan: 2Samuel 7:12-16 - Quando teus dias forem completos, e dormir com teus antepassados, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, e sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Ele edificará uma casa em Meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens. Minha benignidade não se afastará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. E sua dinastia e o seu reino serão firmados para sempre diante de ti; seu trono permanecerá para sempre. Esta promessa inclui os seguintes elementos: Uma dinastia eterna, a dinastia davídica, estabelecida com Davi. Um herdeiro de Davi ao trono, através do qual esta dinastia deverá passar, deverá ser um dos seus filhos (biológicos). O filho que herdar o trono de Davi é o único que irá construir o Templo em Jerusalém. A dinastia davídica irá continuar através da semente de Davi, ou seja, através de seus descendentes diretos. Cada futuro rei que se assentar no trono de Davi será um homem mortal. Cada futuro rei que se assentar no trono de Davi terá um relacionamento especial com D’us (relação pai-filho), de modo que quando ele pecar será devidamente castigado. Ainda que os futuros reis (do trono de Davi) cometerem injustiça, D’us irá manter a Dinastia davídica intacta, e não a exterminará - como fez com o reinado de Saul. O estabelecimento da dinastia davídica eterna é significativa, pois espera-se que o descenda dela, como foi feita uma em alusão a bênção de Jacó a Judá: Gênesis 49:10: O cetro não se apartará de Judá, nem a vara de regência dentre seus pés, até que Shiló venha; e a ele se ajuntarão as nações.
3.
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 3 Os elementos da promessa a Davi estabelecem uma Exigência nominal que serve como "teste decisivo" a todo candidato que pretende legitimar o direito ao trono de Davi: Exigência: Um pretendente ao trono Davídico deve ser um ser humano mortal, descendente (biológico) direto do rei Davi e cuja linhagem (direito sanguíneo) deve passar pelo Rei Salomão. Após o reinado do Rei Salomão e o cisma posterior, cada rei de Judá que esteve sentado no trono de Davi atendeu esta Exigência. Claro, o também irá atender esta Exigência, como observado em diversas declarações proféticas, tais como: Jeremias 23:5 - Eis que dias estão chegando, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um renovo justo; e reinará como rei e prosperará, e ele praticará o juízo e a justiça na terra. Salmo 132:11 - O Eterno fez a Davi uma promessa da qual não voltará atrás: “Da sua descendência farei subir a seu trono”. Essas passagens, entre outras, de forma inequívoca refletem a Exigência estabelecida. Esta Exigência é uma condição necessária que deve ser satisfeita por qualquer reclamante ao trono Davídico2 . Isso significa também que, mesmo se o requerente atender ao requisito, não garante automaticamente que ele será rei. Isso é evidente pelo fato de que, enquanto havia normalmente vários indivíduos da descendência real que estavam vivos no Reino de Judá em determinado momento, se classificando pela a exigência, apenas um deles era escolhido para reinar como Rei de Judá. III. O QUE DIZ O NOVO TESTAMENTO? De acordo com a teologia cristã, Jesus era o Messias prometido. O Novo Testamento contém vários relatos trazidos em apoio a esta doutrina: Os autores dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas se referem a Jesus como o Filho de Davi: Mateus 1:1 - O livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. [Veja também Mateus 9:27, 12:23, 15:22, 20:30,31, 21:9,15, 22:42, Marcos 10:47,48; Lucas 18:38,39] Paulo e o autor do Evangelho de João se referem a Jesus como sendo da descendência de Davi: Romanos 1:3 - Relativamente ao seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, que foi feita da semente de Davi segundo a carne; [Veja também João 7:42; 2 Tiago 2:8] 2 Na linguagem matemática, uma expressão condicional, como X É UMA CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA Y, significando que sem o X não há Y. No entanto, ter X não garante automaticamente o Y! Por outro lado, uma declaração condicional, tais como X É UMA CONDIÇÃO SUFICIENTE PARA Y, significando que se houver X então há Y. Em outras palavras, tendo X garante automaticamente Y!
4.
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 4 Se estas declarações foram precisas, então Jesus teria cumprido a Exigência da Bíblia Hebraica. No entanto, como será demonstrado na análise que se segue, esses relatos criam graves problemas internos para a teologia cristã, o que lança dúvidas sobre sua validade. IV. RACIONALIZAÇÕES COMUNS DA ALEGAÇÃO CRISTÃ E COMO ELAS SÃO NEUTRALIZADAS Missionários cristãos tem aprimorado muitos cenários a fim de racionalizar sua alegação de que Jesus tem o direito legítimo ao trono de Davi. Esses argumentos sobrevivem depois de rigorosa análise? Muitos desses cenários utilizam as duas genealogias registradas no Novo Testamento. Estas duas genealogias e a genealogia registada em 1Crônicas 3 estão apresentadas na Tabela IV-1. Para sermos simples e suscintos, apenas as gerações que começam com o rei Davi em diante serão mostrados e os nomes mostrados na genealogia da Bíblia Hebraica serão traduzidos, ao invés de transliterarmos do idioma hebraico. Tabela IV-1 – Comparando genealogias: Bíblia Hebraica vs. Novo Testamento BÍBLIA HEBRAICA NOVO TESTAMENTO # 1Crônicas 3:5-24 Observações # Mateus 1:6-16 # Lucas 3:23-31 1. Davi 1. Davi 1. Davi 2. Salomão Também listado como filhos de Davi por Bate- Seba são: Natan, Siméia, Sobabe. 2. Salomão 2. Natã 3. Roboão 3. Roboão 3. Matatá 4. Abias 4. Abias 4. Mená 5. Asa 5. Asa 5. Meleá 6. Josafá 6. Josafá 6. Eliaquim 7. Jorão 7. Jorão 7. Jonã 8. Acazias 8. José 9. Joás 9. Judá 10. Amasias 10. Simeão 11. Azarias Também conhecido como Uzias 8. Uzias 11. Levi 12. Jotão 9. Jotão 12. Matã 13. Acaz 10. Acaz 13. Jorim 14. Ezequias 11. Ezequias 14. Eliézer 15. Manassés 12. Manassés 15. Josué 16. Amom 13. Amom 16. Er 17. Josias 14. Josias 17. Elmadã 18. Jeioaquim (mudado para Eliaquim pelo faraó Neco) Também listado como filhos de Josias são: Joanã (o primogênito), Matanias (também conhecido como Zedequias, o último rei de Judá), e Salum (também conhecido como Jeoacaz). 18. Cosã 19. Adi 20. Melqui 19. Jeconias Também listado como um filho de Joaquim é Zedequias. 15. Jeconias 21. Neri
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 5 20. Sealtiel Também listado como filho de Jeconias é Assir 16. Salatiel 22. Salatiel 21. Pedaías Também listado como filhos de Salatiel são: Malquirão, Senazar, Jecamias, Hosama e Nedabias. 22. Zorobabel Também listado como filho de Pedaías é Simei. 17. Zorobabel 23. Zorobabel 23. Hananias Também listado como filhos de Zorobabel são: Mesulão, Ohel, Berequias, e Hasadias- Jusab-Hesed. 18. Abiúde 24. Resá 24. Jesaías Também listado como um filho de Ananias é Pelatias. 19. Eliaquim 25. Joanã 25. Refaías 20. Azor 26. Jodá 26. Arnã 21. Sadoque 27. José 27. Obadias 22. Aquim 28. Semei 28. Secanias 23. Eliúde 29. Matatias 29. Semaías 24. Eleázar 30. Maáte 30. Nearias Também listado como filhos Semaías são: Hatus, Igal, Bariá, e Safate. 31. Nagai 31. Elioenai Também listado como filhos Nearias são: Ezequias e Azricão. 32. Esli Filhos de Elioenai listados são: Hodavias, Eliasibe, Pelaías, Acube, Joanã, Delaías, e Anani. 33. Naum 34. Amos 35. Matatias 36. José 37. Janai 38. Melqui 39. Levi 25. Matã 40. Matã 26. Jacó 41. Eli 27. José 42. José 28. Jesus 43. Jesus * Os nomes em negrito indicam nomes de especial interesse. Nomes sublinhados em negrito indicam pontos intermédios de convergência para as duas genealogias do Novo Testamento. A. Racionalização: A alegação é válida de acordo com a genealogia em Mateus Missionários cristãos apontam para a genealogia no Evangelho de Mateus, onde a linhagem de Jesus descende do rei Davi através do Rei Salomão.
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 6 Contra-Argumentos 1. No que diz respeito à credibilidade da genealogia de Mateus A genealogia de Mateus, de Davi a Zorobabel, não se adequa a genealogia correspondente registrada em 1Crônicas 3 da Bíblia Hebraica. Parece que, a fim de criar uma genealogia que serviria o seu propósito, o autor do Evangelho de Mateus teve que: Deixar de fora as gerações que correspondem os reis Acazias, Joás, Amazias, e Eliaquim/Jeoaquim. Deixar de fora a geração que corresponde a Pedaías, filho de Salatiel. Criar novos nomes para as gerações posteriores a Zorobabel, nenhum dos que correspondem aos nomes que aparecem para as gerações correspondentes na genealogia de 1Crônicas 3. Deixar de fora as gerações que correspondem a Nearias, filho de Semaías, Elioenai, filho de Nearias. Dada a escolha de fontes para essa genealogia - o Evangelho de Mateus no Novo Testamento ou 1Crônicas nas Escrituras Hebraicas - qual fonte você aceitaria como aquela de confiança por sua precisão? Uma refutação comum feita por missionários é que o autor do o Evangelho de Mateus usou fontes que não estão mais disponíveis hoje, uma vez que esses registros foram perdidos quando o Segundo Templo foi destruído por os romanos, no ano 70 da era comum. A Resposta Judaica a esta réplica é que, além do fato de os registros genealógicos Judaicos não serem mantidos no Templo, a Bíblia Hebraica é o "texto-prova" aqui3 . As genealogias registradas em 1Crônicas foram compiladas durante o século V antes da era Comum por Esdras e Neemias. Ambos os líderes, sem dúvida, tiveram acesso a dados precisos sobre gerações. 2. Com relação a “importantes observações” dentro da genealogia de Mateus Observação importante: a maldição sobre Jeconias - A genealogia de Mateus mostra a linhagem de Jesus descendendo do rei Jeconias. O Rei Jeoaquim de Judá [ (yehoyaCHIN) que também é conhecido pelos nomes, Jeconias, (yechan'YAH) e Conias, (con'YAhu)], um dos reis de Judá, sobre quem está escrito "ele fez o que era mal aos olhos do Senhor" (2 Crônicas 36:9). O capítulo 22 do Livro de Jeremias enumera uma série de juízos sobre vários desses reis de Judá, a última passagem é uma proclamação sobre Conias, vulgarmente conhecido como a Maldição sobre Jeconias (Jeremias 22:24-30). O último verso nessa passagem parece sinalizar o término do destino real que vinha de Davi a Jeconias: 3 Uma discussão detalhada sobre este assunto aparece na Seção IV.B do ensaio Genealogias, Fraudes e Decepções - http://thejewishhome.org/counter-pt/Genealogias.pdf
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 7 Jeremias 22:30 - Assim diz o Senhor: “Escrevei que este homem [Conias] será privado de filhos, homem que não prosperará nos seus dias; pois nenhum da sua descendência prosperará, assentando-se no trono de Davi, e reinar em Judá. Em outras palavras, ainda que Jeconias tivesse filhos antes dessa maldição, ele seria considerado como se estivesse sem filhos uma vez que nenhum de seus descendentes seria elegível para sentar-se no trono de Davi. A descendência real inteira que se originou de Jeconias, incluindo o próprio Jeconias, estava amaldiçoada. Portanto, mesmo se a genealogia de Mateus fosse aceita como válida, nem José nem qualquer um de seus filhos poderiam ser candidatos elegíveis para o trono de Davi, uma vez que a linhagem de José, o "pai" de Jesus, passa por Jeconias. A refutação comum feita por missionários cristãos é que, de acordo com o Talmud (a) Jeconias se arrependeu e foi perdoado, e (b) não obstante (a), exílio expia o pecado, e por isso a maldição foi relevada. A Resposta Judaica a esta refutação é que se fosse esse o caso, então isso provaria que, ao contrário de doutrina cristã, o derramamento de sangue não é necessário para a remissão dos pecados. Significaria que a morte de Jesus na cruz não serviria a nenhum propósito. Por que os missionários cristãos citam o Talmud quando o rejeitam como uma fonte de autoridade? Missionários muitas vezes citam passagens do Talmud quando estas parecem apoiar sua teologia. No entanto, é fato que não só as passagens são tiradas do seu verdadeiro contexto e muitas vezes mal utilizadas, os sábios do Talmud nunca apoiaram a teologia cristã - eles a rejeitavam sem rodeios. Os missionários não podem ter as duas coisas! Observação importante: José é o pai biológico de Jesus - Na genealogia de Mateus, José é listado como pai de Jesus. Todas as genealogias listadas nas Escrituras Hebraicas mostram os filhos naturais de pais naturais nas gerações, ou seja, de um pai para seu filho biológico. Aplicando este critério a genealogia de Mateus e deixando de lado por um momento a questão da maldição sobre Jeconias, isso significaria que José era o pai biológico de Jesus, contradizendo a doutrina cristã segundo a qual Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, através da "virgem" Maria. A refutação comum feita por missionários cristãos é que José, marido de Maria, não era o pai biológico de Jesus. Ao invés disso, José era o pai adotivo de Jesus cujo verdadeiro pai era o Espírito Santo. Portanto, em virtude dele ter sido adotado por José, supostamente um descendente do rei Davi, Jesus herdou um direito legítimo ao trono de Davi. A Resposta Judaica a esta refutação é que o argumento dado é batido em pelo menos, dois pontos seguintes. Primeiro, embora a adoção seja permitida no judaísmo, os únicos direitos de herança que se lega a uma criança adotada são referentes a ativos tangíveis, como propriedades. Por outro lado, os direitos de sangue, tais como a linhagem tribal e sacerdotal levítica, só podem ser transmitidos de pai para seus filhos biológicos, inclusive quaisquer bênçãos especiais e, sim, maldições. Se a adoção na linhagem real fosse possível, Atalia não teria que tomar medidas drásticas após a morte de seus filhos nas mãos de Jeú e seus homens (ver 2Reis 9:27, 10:13-14):
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 8 2 Reis 11:1 - E Atalia, mãe de Acazias, vendo que seu filho estava morto, levantou- se, e destruiu todos aqueles com descendência real. Se a adoção fosse uma solução viável para o problema de um herdeiro, Atalia teria sido capaz de buscar esse caminho para selecionar a próxima pessoa a sentar-se no trono de Davi. Segundo, se Jesus fosse capaz de herdar a linhagem real por adoção, a maldição de Jeconias, que se tornou parte das características desse ramo real particular, teria vindo junto com esse direito sanguíneo. A refutação comum feita por missionários cristãos a este problema da adoção é que Jesus tem sua linhagem real através de sua mãe, Maria, cuja genealogia, como afirma alguns missionários, aparece no Evangelho de Lucas e leva ao rei Davi. A Resposta Judaica a esta refutação é encontrada logo abaixo, na discussão sobre a genealogia de Lucas. B. Racionalização: A Alegação é válida de acordo com a genealogia de Lucas. Missionários cristãos apontam para a genealogia de Jesus listada no terceiro capítulo do Evangelho de Lucas como validação de seu direito ao trono de Davi. Contra-Argumentos 1. No que diz respeito à credibilidade da genealogia de Lucas A genealogia de Lucas, de Davi a Zorobabel, não se adequa a genealogia correspondente registrada em 1Crônicas 3 da Bíblia Hebraica. Parece que, a fim de criar uma genealogia que serviria o seu propósito, o autor do Evangelho de Lucas teve que: Inventar um conjunto de novos nomes, exceto Salatiel e Zorobabel. Diminuir o prazo médio de gerações de ~25 anos em relação a idade média de gerações de ~38 anos na genealogia de Mateus, uma redução de ~13 anos ou ~34%, o que é um número significativo. Dada a escolha de fontes para essa genealogia - o Evangelho de Lucas no Novo Testamento ou 1Crônicas na Bíblia Hebraica - qual fonte você aceitaria como aquela de confiança por sua precisão? Observação importante: Genealogias inconsistentes - cristãos concordam que a genealogia de Mateus é a de Jesus por intermédio de José. No entanto, os próprios cristãos não concordam de quem é a genealogia listada no Evangelho de Lucas. Alguns dizem que é a genealogia de Maria, apesar de seu nome não aparecer nela, enquanto outros dizem que é a genealogia de Jesus pela Lei e a genealogia de Mateus é a sua linhagem pela Natureza. Este problema é explicado em maior detalhe na próxima seção. Basta dizer aqui que, uma vez que os cristãos não concordam de
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 9 quem é a genealogia listada no Evangelho de Lucas, sua validade e utilidade no debate da alegação são incertas. Uma refutação comum feita por missionários é que o autor do o Evangelho de Lucas usou fontes que não estão mais disponíveis hoje, uma vez que esses registros foram perdidos quando o Segundo Templo foi destruído por os romanos, no ano 70 da era comum. A Resposta Judaica a esta refutação é a mesma dada em resposta a mesma alegação em relação às fontes da genealogia de Mateus. 2. Com relação a “importantes observações” dentro da genealogia de Lucas Observação importante: De quem é essa genealogia? - Como dito acima, alguns cristãos atribuem a genealogia de Lucas a linhagem de Maria, ainda que ela não seja nomeada na mesma, enquanto outros dizem que é a genealogia de Jesus pela Lei, e a genealogia de Mateus é a sua linhagem pela Natureza. Uma refutação comum feita por missionários é de que a genealogia de Lucas é a de Maria e, uma vez que leva ao rei Davi, concede a Jesus a linhagem necessária e valida seu direito ao trono Davídico. A Resposta Judaica a esta refutação é que ela sofre de dois problemas sérios e insuperáveis. Primeiro, a Exigência afirma que a linhagem até o rei Davi deve passar através do Rei Salomão. No entanto, de acordo com a genealogia de Lucas, a linhagem até o rei Davi passa por Natan, irmão do rei Salomão. Isso viola a Exigência. Segundo, e mais importante, é o fato de que esta alegação viola Torá que é parte da Bíblia Hebraica, as Escrituras em vigor no momento em que Jesus nasceu. De acordo com a Torá, a linhagem é determinada exclusivamente pelo pai (natural) biológico. Genealogias femininas são irrelevantes para a linhagem e em geral não são listadas nas Escrituras Hebraicas. Isto fica evidente a partir dos censos tomados entre os israelitas. Em todos os censos os homens eram contados, cada um "de acordo com a casa de seu pai" (por exemplo, Números 1:18). Outra refutação comum feita por missionários é que a genealogia de Lucas é a linhagem de Jesus pela Lei, enquanto que a de Mateus é sua genealogia por Natureza e, portanto, eles estão em harmonia validando sua alegação sobre o trono de Davi. A Resposta Judaica a esta refutação é que este argumento também sofre de problemas graves e insuperáveis. Primeiro; como foi observado anteriormente, se o pai biológico de Jesus era o Espírito Santo, então Jesus não poderia ser filho natural de José, uma vez que a linhagem tribal é um direito de sangue, a alegação ao trono Davídico não pode ser passado de José a Jesus por doção. Em segundo lugar, o Espírito Santo não pode passar para Jesus a linhagem tribal necessária uma vez que o Espírito Santo não tem nenhuma afiliação tribal, nem é o Espírito Santo um descendente natural do rei Davi. Em outras palavras, uma vez que o
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 10 próprio Espírito Santo não cumpre a Exigência, muito menos seu "filho unigênito" poderia cumprí-la. A possibilidade de José ter sido pai natural de Jesus também não é uma opção atraente para os missionários cristãos. Se José fosse o pai natural de Jesus então não só isso faria Jesus totalmente mortal, mas a maldição de Jeconias teria passado de José para ele, juntamente com a linhagem tribal e quaisquer outros direitos de sangue. Observação importante: O Casamento de levirato não é a resposta - Nas Escrituras Hebraicas as genealogias são sempre listadas de acordo com pai natural de seu filho em progressão geracional, dos quais 1Crônicas 3 é um bom exemplo disso. Exceto para o Rei Davi, Salatiel e Zorobabel, a genealogia de Lucas não tem nenhum nome em comum com a genealogia em 1Crônicas 3 e, começando com o rei Davi como um ponto comum, nem mesmo os outros dois nomes têm números de geração correspondentes. Ainda mais surpreendente é o fato de que as duas genealogias registradas no Novo Testamento compartilham apenas dois nomes adicionais em todas as gerações, desde o rei Davi a Jesus, ou seja, José e Jesus. Além disso, os números de geração mais uma vez, não se alinham as duas genealogias no Novo Testamento. Uma refutação comum feita por missionários como explicação para isso é bastante complicada, talvez até impossível, rezando que as duas novas genealogias Testamento convergem em Zorobabel, Salatiel, José e Jesus, utilizam da noção de um casamento de levirato ocorrendo em vários pontos ao longo do caminho. A Resposta Judaica a esta refutação é baseada na definição bíblica de um casamento levirato válido, na qual exige que os irmãos sejam irmãos paternos, ou seja, eles devem ter um pai em comum4 . Um exame das gerações na genealogia de Lucas revela que a última união marital possível, o que resultou no nascimento de José, não era um casamento levirato válido. Se Jacó se casou com a viúva de Heli sem filhos, então segue-se que, uma vez que Heli e Jacó não compartilhassem o mesmo pai biológico (vide a genealogia de Lucas), José era um filho ilegítimo, produto de uma união proibida entre um homem e uma mulher (Levítico 18:16). Isso desqualificaria José de ser um herdeiro legítimo de quaisquer direitos de sangue que teriam sido obtidos por ele. Consequentemente, este problema também se aplica a Jesus. Outro argumento comum feito por missionários cristãos é uma "variação sobre o tema" da idéia levirato. Aqui, um casamento de levirato teria tido lugar 4 A Lei do casamento de levirato é mencionada em Deuteronômio 25:5-10. Esta lei estabelece que quando um homem casado morre e não deixa herdeiros para continuar seu nome e se o falecido tem um irmão solteiro, então esse irmão deve se casar com a viúva e (tentar) ter filhos com ela. Na ausência de um irmão elegível um parente masculino do lado do pai pode se qualificar (como foi o caso de Boaz, um parente de Elimeleque, que se casou com Ruth [vide o Livro de Ruth]). O primeiro filho deste casamento é considerado como se fosse o filho do irmão falecido. É importante notar que, no caso dos dois irmãos, eles devem possuir pelo menos um pai comum, ou seja, devem ser irmãos paternos. A Lei de Levirato não se aplica a irmãos uterinos, ou seja, os irmãos que partilham apenas uma mãe, filhos nascidos dessa união são considerados ilegítimos. A lei do casamento levirato também contém disposições para a caso de o irmão sobrevivente elegível se recusar a cumprir a sua obrigação. [Nota: O termo "Levir" é uma palavra latina que significa irmão do marido, o termo não é utilizado na Bíblia Hebraica]
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Yosef, PhD, 2001-2010 for the Messiah Truth Project, Inc. Tradução: Renato Santos All rights reserved 11 na última fase da genealogia de Lucas, da qual José era o produto, é combinado com a alegação de que Zorobabel e Salatiel listados na genealogia de Mateus eram pessoas diferentes do Zorobabel e Salatiel da genealogia de Lucas. A Resposta Judaica a esta refutação é dupla. Primeiro, a noção de um casamento de levirato cujo fruto foi José já foi demonstrado ser falso. Em segundo lugar, considerando-se a raridade dos nomes Zorobabel e Salatiel na Bíblia Hebraica, os nomes que pertencem a apenas dois indivíduos é bastante improvável que eles representassem pessoas diferentes na genealogia de Lucas de pessoas com os mesmos nomes nas genealogias de Mateus e 1Crônicas 3. C. A "cereja do bolo": A visão de Paulo sobre genealogias e seu estudo A posição de Paulo sobre as genealogias como expresso no Novo Testamento é tão interessante quanto curioso. Talvez reconhecendo a gravidade dos problemas que atormentavam a linhagem de Jesus, Paulo escreveu: Timóteo 1:4 - Nem se dêem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora. 1 Tito 3:9 - Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs. Paulo ensina os cristãos que certas partes da Bíblia - as genealogias, incluindo as de Jesus - devem ser evitadas, uma vez que levantam questões e não tem nenhum valor5 . No entanto, apesar dessas advertências, os missionários cristãos persistiem com seus jogos mentais na tentativa de enganar com suas ‘respostas genealógicas’. V. SUMÁRIO Neste ensaio, ficou demonstrado que as alegações cristãs missionárias contradizem o que a Bínlia Hebraica ensina e que estas alegações estão em desacordo com o próprio Novo Testamento. Jesus tem uma alegação válida para o trono de Davi? A resposta à pergunta depende se a pessoa aceita o que a Bíblia Hebraica exige de um requerente para cumprir as Exigências desenvolvidas na Seção II. De acordo com a Bíblia Hebraica, as Escrituras da época, Jesus não possuía uma alegação válida para o trono de Davi. No entanto, apesar de os fatos demonstrados na análise acima, existem aqueles que optam por ignorar as Exigências derivadas da Bíblia Hebraica assim como os problemas das duas genealogias registradas no Novo Testamento. Eles preferem aceitar qualquer coisa que aparece para legitimar Jesus como um pretendente ao trono do rei Davi e, portanto, rejeitam aquilo que as Escrituras Hebraicas nos ensinam. 5 Em contraste, nunca houve na história judaica um sábio judeu sequer que ensinava que partes das Escrituras Hebraicas não deveriam ser ouvidas e deveriam ser evitadas e/ou ignoradas.
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