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NIGÉRIA – A MÃE DE TODAS AS OPORTUNIDADES
A África Subsariana é ainda relativamente desconhecida a muitos dos empresários portugueses. Com a
naturalidade de procurar mercados culturalmente ligados a Portugal, como Angola e Moçambique, a
África Subsariana sai quase sempre do raio de investimento das grandes empresas portuguesas assim
como das nossas PME`s. Seja por motivo de desconhecimento dos mercados em questão, seja pelo
receio de investir em mercados culturalmente afastados das nossas tradições históricas, países como o
Ghana, Costa do Marfim, Camarões ou Nigéria tem uma presença de empresas e empresários
portugueses verdadeiramente residual.
É intenção deste artigo, combater este desconhecimento e medo dos empresários portugueses por estes
mercados emergentes, começando pelo futuro HUB africano que dá pelo nome de Nigéria. Com uma
população de 170 milhões de habitantes, a Nigéria será em 2050 o quarto país mais populoso do mundo,
ultrapassando mesmo os EUA. Com taxas de crescimento anuais na ordem dos 7%, a Nigéria será em
2025 a 20ª economia mais forte do mundo e em 2020 ultrapassará a África do Sul como maior economia
africana.
A Nigéria é hoje em dia o maior produtor de petróleo africano (poderá perder este posto para Angola em
2020,) assentando a sua economia numa excessiva dependência desta produção (assim como gás
natural), que desequilibra estruturalmente a sua economia.
É precisamente este desequilíbrio que o atual governo federal liderado desde 2011 pelo Presidente
Goodluck Ebele Jonathan pretende combater. Com a abertura massiva a Investimento Direto
Estrangeiro (sobretudo chinês e norte-Americano), a Nigéria dos nossos dias dispõe de oportunidades
em setores tão díspares como as Telecomunicações, Industria Farmacêutica, Gestão Portuária, Retalho
Formal, Setor Energético, Agricultura e Infraestruturas de grande e pequena dimensão.
Nestes 3 últimos anos, a dependência excessiva das exportações de petróleo e gás natural tem
paulatinamente dado lugar ao crescimento do sector não-petrolífero, com o natural reflexo no
crescimento de emprego e formação de novos quadros técnicos num país tão populoso. Com a capital
financeira africana a mudar-se de Joanesburgo para Lagos, a Nigéria dos nosso dias está em condições
de atrair as atenções de investidores internacionais (institucionais e não institucionais), que vêm no
médio-prazo um emergente capaz de entrar nos BRIC e posicionar-se como o novo Brasil Africano.
Deste modo, poderíamos ser levados a pensar que Portugal e os empresários portugueses apontam
também a Nigéria como destino de investimento na procura de novos mercados emergentes. Nada mais
errado. A nossa presença na Nigéria é francamente residual, seja ao nível empresarial seja ao nível
institucional, onde a nossa embaixada em Abuja (capital da Nigéria) está quase encerrada e sem
atividade digna de registo.
Portugal e Nigéria têm sobretudo nas trocas comerciais ligados ao setor petrolífero e gás natural o seu
grande elo de ligação, sendo que, todos os outros setores de atividade comerciais têm muito pouca
expressão ou dimensão. Ao nível de exportações e como apanágio africano, a Nigéria importa sobretudo
de Portugal produtos petrolíferos refinados (a Nigéria não possui refinadora de petróleo) e em menor
escala máquinas industriais.
Existe neste vazio de exportações para a Nigéria, uma enorme oportunidade para as empresas e
empresários portugueses que não tenham receio de arriscar num novo emergente.
Seja na exportação de vinho tinto engarrafado ou empacotado, seja nos medicamentos genéricos, seja na
reparação e construção naval, seja em produtos agrícolas, seja na aposta energética ao nível das
renováveis, ou em outros sectores comerciais de atividade, a Nigéria é hoje em dia na África subsariana
a Mãe de Todas as Oportunidades.
Permitindo a repatriação de todos os lucros gerados de uma forma fácil e acessível, a Nigéria ao
contrário de outros países africanos facilita e promove o investimento privado. No entanto, as
exportações para a Nigéria têm quase sempre de estar relacionadas com parceiros locais, o que leva a
que a análise in loco à economia nigeriana seja uma necessidade. Ao contrário do que se possa pensar na
Europa, o investimento em África não pode ser baseado no lucro imediato.
Na primeira reunião que tive com empresários nigerianos, o conselho que mais ouvi foi, na Nigéria e em
África tem que se crescer com o país. A relação de investimento nestes novos emergentes africanos tem
que ser feita sempre numa visão de médio-prazo. A nova geração nigeriana é hoje em dia altamente
preparada em competências e uso de novas tecnologias, e portanto, percebe que o desenvolvimento do
seu país só pode estar ligado ao investimento direto estrangeiro que aconteça no país. Mas percebe de
igual modo, que este investimento tem de passar obrigatoriamente pelo crescimento e desenvolvimento
do país.
Para Portugal as oportunidades estão aí. Com o know-how português em setores estratégicos como
aqueles procurados pela economia nigeriana, terá apenas de haver vontade política e económica
(sobretudo portuguesa) numa aposta na diversificação de mercados ao nível dos emergentes africanos.
Como qualquer país africano, a Nigéria é um enorme desafio com riscos inerentes a qualquer economia
e sociedade em crescimento e solidificação. Mas estes riscos são uma gota no oceano perante as
oportunidades que este gigante africano oferece no momento. A China, os EUA e outros países europeus
já perceberam que a Nigéria será o motor africano nos próximos 20 anos. Está na altura dos empresários
e empresas portuguesas perceberem o mesmo.
A SIBS é uma referência de como as empresas portuguesas podem ser bem-sucedidas no mercado
nigeriano. Através de uma aposta sólida e estruturada, a rede multibanco e pagamentos on-line que
proliferam na Nigéria têm a assinatura da SIBS através de um investimento pensado e estruturado a
médio/longo-prazo, Isto origina toda a tecnologia produzida em Portugal ao nível da fileira da rede
multibanco e pagamentos on-line seja exportada e implementada com enorme sucesso na Nigéria.
Faltam agora novas apostas para que a relação comercial Portugal – Nigéria tenha a dimensão que
merece.
Paulo Daniel Ferreira
Gestor de Mercados Internacionais (África Subsariana)

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  • 1. NIGÉRIA – A MÃE DE TODAS AS OPORTUNIDADES A África Subsariana é ainda relativamente desconhecida a muitos dos empresários portugueses. Com a naturalidade de procurar mercados culturalmente ligados a Portugal, como Angola e Moçambique, a África Subsariana sai quase sempre do raio de investimento das grandes empresas portuguesas assim como das nossas PME`s. Seja por motivo de desconhecimento dos mercados em questão, seja pelo receio de investir em mercados culturalmente afastados das nossas tradições históricas, países como o Ghana, Costa do Marfim, Camarões ou Nigéria tem uma presença de empresas e empresários portugueses verdadeiramente residual. É intenção deste artigo, combater este desconhecimento e medo dos empresários portugueses por estes mercados emergentes, começando pelo futuro HUB africano que dá pelo nome de Nigéria. Com uma população de 170 milhões de habitantes, a Nigéria será em 2050 o quarto país mais populoso do mundo, ultrapassando mesmo os EUA. Com taxas de crescimento anuais na ordem dos 7%, a Nigéria será em 2025 a 20ª economia mais forte do mundo e em 2020 ultrapassará a África do Sul como maior economia africana. A Nigéria é hoje em dia o maior produtor de petróleo africano (poderá perder este posto para Angola em 2020,) assentando a sua economia numa excessiva dependência desta produção (assim como gás natural), que desequilibra estruturalmente a sua economia. É precisamente este desequilíbrio que o atual governo federal liderado desde 2011 pelo Presidente Goodluck Ebele Jonathan pretende combater. Com a abertura massiva a Investimento Direto Estrangeiro (sobretudo chinês e norte-Americano), a Nigéria dos nossos dias dispõe de oportunidades em setores tão díspares como as Telecomunicações, Industria Farmacêutica, Gestão Portuária, Retalho Formal, Setor Energético, Agricultura e Infraestruturas de grande e pequena dimensão. Nestes 3 últimos anos, a dependência excessiva das exportações de petróleo e gás natural tem paulatinamente dado lugar ao crescimento do sector não-petrolífero, com o natural reflexo no crescimento de emprego e formação de novos quadros técnicos num país tão populoso. Com a capital financeira africana a mudar-se de Joanesburgo para Lagos, a Nigéria dos nosso dias está em condições de atrair as atenções de investidores internacionais (institucionais e não institucionais), que vêm no médio-prazo um emergente capaz de entrar nos BRIC e posicionar-se como o novo Brasil Africano. Deste modo, poderíamos ser levados a pensar que Portugal e os empresários portugueses apontam também a Nigéria como destino de investimento na procura de novos mercados emergentes. Nada mais errado. A nossa presença na Nigéria é francamente residual, seja ao nível empresarial seja ao nível institucional, onde a nossa embaixada em Abuja (capital da Nigéria) está quase encerrada e sem atividade digna de registo. Portugal e Nigéria têm sobretudo nas trocas comerciais ligados ao setor petrolífero e gás natural o seu grande elo de ligação, sendo que, todos os outros setores de atividade comerciais têm muito pouca expressão ou dimensão. Ao nível de exportações e como apanágio africano, a Nigéria importa sobretudo de Portugal produtos petrolíferos refinados (a Nigéria não possui refinadora de petróleo) e em menor escala máquinas industriais.
  • 2. Existe neste vazio de exportações para a Nigéria, uma enorme oportunidade para as empresas e empresários portugueses que não tenham receio de arriscar num novo emergente. Seja na exportação de vinho tinto engarrafado ou empacotado, seja nos medicamentos genéricos, seja na reparação e construção naval, seja em produtos agrícolas, seja na aposta energética ao nível das renováveis, ou em outros sectores comerciais de atividade, a Nigéria é hoje em dia na África subsariana a Mãe de Todas as Oportunidades. Permitindo a repatriação de todos os lucros gerados de uma forma fácil e acessível, a Nigéria ao contrário de outros países africanos facilita e promove o investimento privado. No entanto, as exportações para a Nigéria têm quase sempre de estar relacionadas com parceiros locais, o que leva a que a análise in loco à economia nigeriana seja uma necessidade. Ao contrário do que se possa pensar na Europa, o investimento em África não pode ser baseado no lucro imediato. Na primeira reunião que tive com empresários nigerianos, o conselho que mais ouvi foi, na Nigéria e em África tem que se crescer com o país. A relação de investimento nestes novos emergentes africanos tem que ser feita sempre numa visão de médio-prazo. A nova geração nigeriana é hoje em dia altamente preparada em competências e uso de novas tecnologias, e portanto, percebe que o desenvolvimento do seu país só pode estar ligado ao investimento direto estrangeiro que aconteça no país. Mas percebe de igual modo, que este investimento tem de passar obrigatoriamente pelo crescimento e desenvolvimento do país. Para Portugal as oportunidades estão aí. Com o know-how português em setores estratégicos como aqueles procurados pela economia nigeriana, terá apenas de haver vontade política e económica (sobretudo portuguesa) numa aposta na diversificação de mercados ao nível dos emergentes africanos. Como qualquer país africano, a Nigéria é um enorme desafio com riscos inerentes a qualquer economia e sociedade em crescimento e solidificação. Mas estes riscos são uma gota no oceano perante as oportunidades que este gigante africano oferece no momento. A China, os EUA e outros países europeus já perceberam que a Nigéria será o motor africano nos próximos 20 anos. Está na altura dos empresários e empresas portuguesas perceberem o mesmo. A SIBS é uma referência de como as empresas portuguesas podem ser bem-sucedidas no mercado nigeriano. Através de uma aposta sólida e estruturada, a rede multibanco e pagamentos on-line que proliferam na Nigéria têm a assinatura da SIBS através de um investimento pensado e estruturado a médio/longo-prazo, Isto origina toda a tecnologia produzida em Portugal ao nível da fileira da rede multibanco e pagamentos on-line seja exportada e implementada com enorme sucesso na Nigéria. Faltam agora novas apostas para que a relação comercial Portugal – Nigéria tenha a dimensão que merece. Paulo Daniel Ferreira Gestor de Mercados Internacionais (África Subsariana)