Orfeu era um grande músico da mitologia grega que se apaixonou por Eurídice. Quando ela morreu, Orfeu desceu ao mundo dos mortos com sua música para trazê-la de volta. Hades e Perséfone permitiram que Orfeu levasse Eurídice de volta, mas com a condição de que ele não olhasse para trás até saírem do submundo. Infelizmente, Orfeu olhou para trás para verificar se ela o seguia e perdeu Eurídice para sempre.
Orfeu e Eurídice - A trágica história do músico que desceu ao Hades
1. Orfeu e Eurídice
Grande herói da Trácia, Orfeu era conhecido não pelas suas
qualidades de guerreiro, mas pelas suas qualidades musicais.
Filho de Apolo e da musa Calíope, recebeu do pai uma lira como
presente e aprendeu a tocar com tanta dedicação e beleza, que
ninguém conseguia ficar indiferente ao encanto da sua música.
Tanto os seres humanos como os animais, e diz-se que até as
árvores e os rochedos se rendiam ao seu fascínio.
Orfeu amava apaixonadamente a ninfa Eurídice. No dia do
casamento de ambos, esteve presente Himeneu para abençoar a
união, mas o fumo da sua tocha fez lacrimejar os noivos, o que
não trouxe augúrios favoráveis. Pouco tempo depois, Eurídice
passeava com as ninfas, quando foi surpreendida pelo pastor
Aristeu, que, ao vê-la, se apaixonou perdidamente e tentou conquistá-la. Na sua fuga, Eurídice pisou
uma cobra e morreu da mordedura que esta lhe fez no pé.
Orfeu, inconsolável, tocou e cantou aos homens e aos deuses, mas nada conseguiu. Decidiu, então,
descer ao reino dos mortos para conseguir recuperar Eurídice. Perante o trono de Hades e Perséfone,
Orfeu cantou o seu desgosto e o seu amor dizendo que, se não lhe devolvessem Eurídice, ele próprio
ficaria ali com ela, no reino dos mortos. Todos os fantasmas que o ouviam choravam e Hades e Perséfone
ficaram tão comovidos que lhe devolveram Eurídice. Mas com uma condição: Orfeu poderia levar
Eurídice, mas não poderia olhá-la antes de terem alcançado o mundo superior.
Caminhando na frente, Orfeu, que estava quase a chegar aos portões de Hades, com receio de ter sido
enganado por Hades, virou-se para trás para confirmar se Eurídice o seguia. Esta, com os olhos cheios
de lágrimas, foi levada para o mundo dos mortos, por uma força irreversível. Orfeu tentou alcançá-la,
mas sem êxito.
Profundamente triste, Orfeu ficou na margem do rio, durante sete dias, sem comer nem dormir,
suplicando a volta de Eurídice. Depois, vagueou triste e solitário pelo mundo, sem nunca mais querer
saber de mulher alguma e repelindo todas aquelas que o tentavam seduzir, até que um dia, as mulheres
da Trácia, enfurecidas pelo seu desprezo, o mataram.
O seu corpo foi atirado ao rio Ebro e levado até à ilha de Lesbos, onde, durante muito tempo, a cabeça
de Orfeu, presa numa rocha, proferia oráculos. A sua lira foi colocada num templo de Lesbos.
Outra lenda diz que as musas enterraram Orfeu, em Limetra, num túmulo onde o rouxinol canta mais
suavemente do que em qualquer outra parte da Grécia e a lira do jovem apaixonado foi colocada por
Zeus entre as estrelas. Orfeu encontrou por fim Eurídice e, abraçando-a, nunca mais deixou de a
contemplar.
Curiosidade
Mais recentemente, a palavra orfismo, que já fora usada com relação aos simbolistas, foi aplicada a um
movimento artístico por Guillaume Apollinaire, em 1912; a referência a Orfeu, o poeta-cantor da mitologia
grega, refletia o desejo dos artistas envolvidos de acrescentar um novo elemento de lirismo e cor ao austero
cubismo intelectual de Picasso, Braque e Gris.