2. O Nordeste atual
“No imaginário popular, o sertão nordestino é o lugar
da seca, da terra inóspita e da miséria. Datam do final do
século XIX os relatos do escritor Euclides da Cunha,
autor de Os Sertões, sobre a aridez e a pobreza dos
[recantos] do Nordeste”
STEFANO, Fabiane. O sertão agora é assim. Exame, 9 jul. 2009.
Disponível em: <http://portalexame.com.br>. Acesso em: 3 set. 2009.
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8. 1. Caracterização física das sub-
regiões do Nordeste
A Região Nordeste é formada por nove estados:
Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando
de Noronha), Alagoas, Sergipe e Bahia.
Área: 1.544.257 km² (18,25% do total do país)
População em 2007: 52.305.000 hab (27,55% da
população do país).
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10. Marcado por diferentes características físicas, o
Nordeste é comumente dividido em quatro sub-regiões:
Meio-Norte, Sertão, Agreste e Zona da mata.
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12. Zona da mata
Se estende do Rio Grande do Norte ao Sul da Bahia.
Situa-se em relevo de Planícies e Tabuleiros
Litorâneos, uma faixa que chega a atingir 200 km de
largura.
Em clima tropical úmido, desenvolvia-se a Mata
Atlântica, hoje quase que totalmente devastada por
séculos de ocupação.
É nessa área que aparece o massapé, um dos solos mais
férteis do Brasil – rico em matéria orgânica e oriundo
da decomposição do calcário.
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13. Agreste
Também se estende do Rio Grande do Norte até o Sul
da Bahia. É uma faixa de terra situada entre o litoral mais
úmido (Zona da Mata) e o Sertão semiárido,
correspondendo, em parte, ao espaço ocupado pelo
Planalto da Borborema.
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14. Sertão
Abrange o Ceará e parte dos estados do Rio Grande do
Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, e Bahia.
Estende-se pelos Planaltos e Chapadas da Bacia do
Parnaíba e pela Depressão Sertaneja do São Francisco.
O clima é semiárido (chuvas escassas); há solos
pedregosos, vegetação de caatinga e rios temporários.
Processos de intensa degradação fazem avançar o
processo de desertificação (Gilbués–PI; Seridó–RN;
Irauçuba –CE; Cabrobó –PE).
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16. Meio-Norte
Abrange o Maranhão e o Piauí.
No relevo, encontram-se Planície litorânea, Planaltos
e Chapadas da Bacia do Parnaíba e Depressão do
Tocantins.
O clima tropical predomina, mas também aparece o
clima equatorial úmido a oeste do Maranhão e o
semiárido, a leste do Piauí.
A Floresta Equatorial a oeste é substituída pela Mata
dos Cocais ao norte; a leste, predomina a caatinga e ao
sul o cerrado. No litoral aparecem os mangues.
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17. Regiões Geoeconômicas
Para formular estratégias de desenvolvimento
regional, a divisão geoeconômica é a mais utilizada, pois
considera, além dos aspectos geográficos, a situação
ecoambiental e antropocultural do Nordeste, dividindo-
o em nove regiões geoeconômicas: Litoral-Mata, Pré-
Amazônia, Parnaíba, Sertão Setentrional, Agreste
Oriental, São Francisco, Agreste Meridional e Cerrado.
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19. 2. Ocupação territorial
Durante os séculos XVI e XVII, a produção de cana-
de-açúcar para exportação desenvolveu-se em áreas
litorâneas do PE e BA, baseada no:
Latifúndio monocultor e no
Sistema escravocrata.
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20. Entre as atividades complementares estavam:
Cultivos de subsistência e a
Pecuária (inicialmente na Zona da Mata, foi
empurrada para o Sertão de Pernambuco e para o vale do
rio São Francisco, promovendo a ocupação efetiva dos
estados do PI, CE e MA).
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21. A economia nordestina entra em
declínio
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta de minerais
preciosos no interior do país e a transferência da capital
de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), entre outros
fatores, acentuaram o declínio da produção de açúcar e
aumentaram os problemas econômicos e sociais da
região, como o:
Coronelismo e a
Irregularidade das chuvas.
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23. 3. O Nordeste atual: economia e
recursos naturais
Nas últimas décadas do séc. XX houve um maior
dinamismo na economia nordestina, principalmente no
setor industrial, agrário e de serviços.
Com a criação da SUDENE, o setor secundário e
industrial recebeu a maior parte dos investimentos.
Como consequência, houve a montagem de importantes
e modernos centros industriais. Porém, de forma
concentrada (BA, PE e CE – principalmente nas capitais)
com destaque para as indústrias de transformação e de
confecções.
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24. Com a política de desconcentração industrial, a partir
da década de 1990, os governos estaduais têm investido
em infraestrutura e oferecido vantagens, como
incentivos fiscais para atrair indústrias. Entretanto, a
implantação de uma indústria, em geral bastante
automatizada, abre poucos postos de trabalho, quase
sempre mais qualificados, além de contribuir com
impostos reduzidos. Assim, apenas algumas empresas
transnacionais ou de capital nacional acabam sendo as
mais beneficiadas.
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25. Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas
importantes monoculturas cultivadas na Zona da Mata: a
cana-de-açúcar, especialmente em Alagoas e
Pernambuco, e o cacau, no Sul da Bahia.
No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana,
soja, mandioca, arroz) e do extrativismo vegetal (babaçu,
carnaúba), tem crescido as plantações de soja no sul dos
estados do MA e PI – cultivo que se estende até o sertão,
chegando ao oeste da Bahia.
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28. No Sertão, subsiste a agricultura tradicional, cultivada
nos vales mais úmidos e nas encostas e pés de serras.
Milho, arroz, feijão, mandioca, algodão e cana-de-açúcar
são as principais culturas.
Figura: Plantação de arroz em várzea, em Tufilândia
(MA, 2008)
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29. A fruticultura irrigada no NE adquire cada vez mais
importância não apenas no mercado interno, mas
também para a exportação. É desenvolvida no:
Vale do São Francisco: uvas e mangas
Vale do Açu no RN: melão e manga
Sertão do Ceará: acerola, melão, além de flores.
A maior região produtora de melão no país localiza-se
no polo Açu/Mossoró, no RN, e o polo Petrolina/Juazeiro
firmou-se como grande exportador de manga, banana,
coco, uva, goiaba, melão e pinha.
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31. Fatores que oferecem vantagens à fruticultura do NE:
Mão de obra barata e disponível
Preços atrativos das terras e
Localização do NE em relação à Europa e aos EUA
(reduzindo o tempo e o custo de transporte)
O desenvolvimento de tecnologias (criação de
variedades de frutas, produção integrada, produção de
mudas sadias, entre outras) e o aperfeiçoamento de
técnicas de irrigação foram essenciais para o crescimento
da atividade, que garante empregos no campo e na
cidade, reduzindo o êxodo rural.
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32. Na pecuária predomina a criação de animais de
pequeno porte como asininos (jumentos, mulas e
burros), caprinos (cabras), ovinos (ovelhas) e suínos
(porcos). A criação de bovinos (bois), tradicionalmente
desenvolvida no Sertão de forma extensiva, vem
crescendo também em áreas do Agreste próximas ao
Sertão, com solos de baixa fertilidade e pouca umidade, e
em áreas do Maranhão. A pecuária leiteira, na
modalidade extensiva e voltada para o abastecimento da
Zona da Mata, é praticada no Agreste.
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33. No agreste ainda se desenvolve a policultura comercial
para o abastecimento da Zona da Mata, em médias e
pequenas propriedades. É praticada em solos férteis com
boas condições de umidade, na fronteira com a Zona da
Mata.
O turismo é outra atividade econômica de grande
importância, desenvolvido a partir das
potencialidades naturais e dos atrativos culturais.
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36. O NE conta com diversos parques nacionais, entre
eles o da Serra da Capivara (PI), com grande
concentração de sítios arqueológicos e pinturas
rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha (distrito estadual de PE), e o Parque Nacional
da Chapada Diamantina (BA).
Entre os eventos culturais destacam-se:
Carnaval: Salvador, Olinda e Recife.
Festas juninas: Caruaru e Campina Grande.
Patrimônios Culturais da Humanidade: Olinda (PE),
São Luís (MA), Salvador (BA) e São Raimundo Nonato
no Parque Nacional da Capivara (PI).
Danças, comidas típicas e artesanato da região.
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37. 1. Casario na Ladeira
da Misericórdia, em
Olinda (PE).
2. Rua Humberto de
Campos, em São Luís
(MA).
3. Largo do
Pelourinho, em
Salvador (BA).
4. Pinturas rupestres
no sítio arqueológico
da Pedra Furada, em
São Raimundo Nonato
(PI).
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38. Em relação aos recursos naturais, destacam-se na
região o petróleo e o gás natural, extraídos no CE, SE, RN
e BA.
O Rio Grande do Norte ainda se sobressai como o
maior produtor de sal marinho do país.
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41. 4. Indicadores sociais, população e
urbanização
A Região Nordeste ainda responde pelos índices de
qualidade de vida mais baixos do país.
Problemas sociais como elevadas taxas de mortalidade
infantil e de analfabetismo, baixos salários, grande
concentração de renda e das terras também alcançam
números que superam os de outras regiões.
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